terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7705: Agenda cultural (104): 50 Anos do Início da Guerra Colonial. ANGOLA61. Guerra Colonial: Causas e Consequências (Beja Santos)


1. O nosso Camarada Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), enviou-nos em 31 de Janeiro de 2011 a seguinte mensagem:
Assunto: Guerra Colonial/Livros: 03 FEV.18h30Lisboa - Livro «ANGOLA 61», de Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, é apresentado esta quinta-feira por Fernando Rosas.
50 Anos do Início da Guerra Colonial Guiné 63/74 - P7679: Agenda cultural (103): Programa na SIC com o Cor. Sentieiro - o Capitão da "Ostra Amarga" – 6 Fevereiro 2011 (Virgínio Briote)


ANGOLA61
Guerra Colonial: Causas e Consequências
O 4 de Fevereiro e o 15 de Março

Páginas: 280 PVP: 17,90€
de DALILA CABRITA MATEUS e ÁLVARO MATEUS

Por ocasião dos 50 anos do início da Guerra Colonial (04 de Fevereiro de 1961), realiza-se esta quinta-feira, dia 03 de Fevereiro de 2011, às 18h30, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, a sessão de lançamento do livro ANGOLA 61 - Guerra Colonial: Causas e Consequências.

Da autoria dos investigadores Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, a obra será apresentada por Fernando Rosas.
Confrontados com os novos dados que constam dos arquivos de Salazar e da PIDE depositados na Torre do Tombo, Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus reconstituíram, 50 anos depois, o levantamento de 4 de Fevereiro de 1961 (o primeiro acto de rebelião contra o colonialismo português) e a sublevação de 15 de Março de 1961 (o bárbaro massacre de populações brancas e trabalhadores negros no Norte de Angola), dando a conhecer em ANGOLA 61 os dois acontecimentos que marcaram, em 1961, o início da Guerra Colonial.
A par da análise dos factos ocorridos nesse ano em Angola, documentada com imagens chocantes, relatos da grande barbárie causada pelo terror negro e pelo terror branco, e testemunhos das várias versões dos acontecimentos, os autores de Purga em Angola e Nacionalistas de Moçambique dão a conhecer, nesta nova obra editada pela Texto, os antecedentes, as causas e as consequências da Guerra Colonial, agora que se cumprem os 50 anos do início do conflito.
Partindo de um olhar geral pela África colonial de 1960, passando pela caracterização do colonialismo português e culminando na resposta repressiva dada às tentativas de organização e expressão política dos africanos, Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus retratam em ANGOLA 61 o conflito que ao longo de 13 anos ceifou 9 mil vidas, feriu e estropiou outras 30 mil e se saldou num número indefinido de desaparecidos em combate nos três teatros de guerra – Angola, Guiné e Moçambique.
Apurado o «custo» humano e económico da Guerra Colonial, ANGOLA 61 desafia ainda o leitor a questionar-se sobre como teria sido a descolonização se, em vez da guerra, se tivesse apostado num caminho progressivo para a independência, e como estaria hoje Portugal se se não tivessem delapidado tantos recursos humanos e materiais.
O LIVRO INCLUI:
• Imagens e relatos, na primeira pessoa, da barbárie de 15 de Março de 1961;
• Dados sobre o caso do General Venâncio Deslandes (Governador-Geral e Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola, exonerado por ter defendido a criação da Universidade em Angola e a constituição de uma Federação da Metrópole com Angola e Moçambique);
• Imagens do manifesto do MPLA e da edição n.º 1 do Jornal Anti-Colonial (e.o.);

OS AUTORES
DALILA CABRITA MATEUS Nasceu em Viana do Castelo. É licenciada em História, Diplomada de Estudos Superiores em Administração Escolar, mestra em História Social Contemporânea e doutora em História Moderna e Contemporânea. Investigadora do Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa (ISCTE), é também consultora do Projecto «ALUKA» (EUA). Tem participado em conferências e colóquios, nacionais e internacionais, sobre a problemática das lutas de libertação nacional. É autora e co-autora de vários livros ligados à temática da Guerra Colonial.

ÁLVARO MATEUS Nasceu em Moçambique. Estudante universitário em Lisboa, foi dirigente da Casa dos Estudantes do Império. Nos primeiros anos de guerra colonial, promoveu e coordenou um jornal clandestino contra o colonialismo e a Guerra Colonial. No início da década de 80, participou na formação de professores na Escola Central da FRELIMO e na formação de quadros na Faculdade de Antigos Combatentes e Trabalhadores de Vanguarda da Universidade Eduardo Mondlane. Ao longo da vida foi quadro político, jornalista, locutor, publicista e tradutor, advogado e professor.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:

26 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7679: Agenda cultural (103): Programa na SIC com o Cor. Sentieiro - o Capitão da "Ostra Amarga" – 6 Fevereiro 2011 (Virgínio Briote)

Guiné 63/74 - P7704: Notas de leitura (197): Ordem Para Matar, de Queba Sambu (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Janeiro de 2011:

Queridos amigos,
Não é fácil ler uma obra que está polvilhada de erros, gralhas e frases incompreensíveis, o livro deve ter sido feito à pressa e publicado sem revisão.
A ser tudo verdade o que aqui se diz, não restam dúvidas que o povo guineense é de um paciência ilimitada com os ditadores e os seus carrascos que não param de nos surpreender com toda a classe de barbaridades. Não se pode estudar a história da Guiné-Bissau desviando o olhar do tenebroso processo contra Paulo Correia, não é possível compreender Nino Vieira e os seus cortesãos sem inserir esta tentativa de actos bombistas em Lisboa, numa época em que o regime prometia alguma abertura.

Um abraço do
Mário


Episódios de terror e despotismo nos tempos de Luís Cabral e Nino Vieira*

Beja Santos

O tenente-coronel Queba Sambu, especialista em contra-informação, militante do PAIGC com provas dadas durante o período da luta, na região de Catió, responsável pelos serviços secretos nos tempos de Luís Cabral e sobretudo de Nino Vieira, deixa-nos um testemunho brutal sobre as arbitrariedades e os actos torcionários inenarráveis perpetrados ao tempo destes dois ditadores: “Dos Fuzilamentos ao caso das bombas da Embaixada da Guiné”, por Queba Sambu, Edições Referendo, 1989. No primeiro texto, referiu-se a participação do autor durante a guerra da libertação, a sua formação em segurança, na União Soviética, o clima político, económico e social na Guiné-Bissau entre a independência e o golpe de 14 de Novembro de 1980 e a sua actividade na chefia dos serviços de contra-informação das Forças Armadas. É nessa funções que ele se apercebe da existência de sucessivas maquinações, boatos orquestrados de sedições e intrigas de palácio contra os quadros políticos e militares da etnia balanta. O alvo principal era o coronel Paulo Correia, uma das principais figuras do vértice da pirâmide, do poder de então. Tem interesse acompanhar a desmontagem destes falsos golpes de Estado que será uma constante durante os anos 80: desde difamações baratas sobre um major que tinha em casa granadas de mão e que tencionava matar o Presidente; passando por uma pretensa rebelião da Brigada Mecanizada 14 de Novembro e a invenção da denúncia de que andava um civil com uma Kalachnikov perto desta Brigada Motorizada; até insurreições montadas por Paulo Correia e Viriato Pã, todas demonstradamente inexistentes. Paulo Correia era odiado pelos marxistas do PAIGC por ter discordado da instalação de uma base naval soviética em Bissau, a partir daí montou-se uma conspiração (com aspectos burlescos) de que na órbita destes políticos e de alguns apoiantes militares estava a ser preparada uma conjura para matar o Presidente. Mas outras invenções de rebelião existiram, vindo-se sempre apurar que eram acusações falsas embora, estranhamente, nunca houvesse consequências para os caluniadores. Em 1984 inventou-se um golpe de Estado atribuído ao primeiro-ministro Victor Saúde Maria, arquitectado pelo Ministro da Defesa; montou-se uma cabala incriminando oficiais balantas da Marinha. Segundo diz Queba Sambu, ele pediu reiteradamente para abandonar as suas funções, não tinha dúvidas de que se vivia o tribalismo e a ameaça de degeneração de lutas entre etnias.

Queba Sambu foi transferido das Forças Armadas para o Ministério do Interior e destes para os Negócios Estrangeiros. É aqui que irá ser nomeado secretário para a Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa. É nesta fase que é montada a farsa do processo contra Paulo Correia e outros quadros políticos e militares balantas, que ele descreve minuciosamente. Este processo culminou com uma vaga de fuzilamentos, sem que, antes, com todo o aparato do terror, os presos tenham sido sujeitos aos tratamentos mais bárbaros, foi sob a maior violência física que muitos deles confessaram o seu envolvimento em actos que inteiramente desconheciam.

Em Novembro de 1986, o autor passa a estar em missão de serviço em Lisboa. O Embaixador Leonel Vieira informa-o que tem uma encomenda que lhe é destinada, só falta a segunda parte. É-lhe apresentada uma rapariga guineense que tinha tirado um curso em Cuba sobre montagens de bombas. A encomenda que Queba Sambu recebe são 10 bombas-relógio. Segundo o embaixador Leonel Vieira, os Ministros da Defesa e do Interior tinham elaborado um plano bombista para a eliminação dos dirigentes da Resistência da Guiné-Bissau/Movimento Bafatá. A justificação para esta eliminação física é de que estes políticos praticavam a contra-revolução e eram potencialmente perigosos. De acordo com o embaixador, as bombas destinavam-se a ser utilizadas aos pares em cada operação terrorista, ou seja cada uma explodiria separadamente mas numa acção simultânea. A bombista treinada em Cuba iria ensinar-lhe o manejo de bombas-relógio e o comportamento do agente no terreno da acção. Queba Sambu mostra relutância, chama a atenção para as consequências que tais actos iriam trazer nas relações luso-guineenses e o sem número de vítimas inocentes. Procura impedir a execução do plano e pede para ir a Bissau. A bombista, de nome Maria do Rosário, explicou-lhe que seriam recrutados dois estudantes guineenses para dar apoio a esta missão. Em Janeiro de 1987, Sambu procura falar com os dirigentes políticos, para seu espanto estes confessam-lhe que o próprio presidente está indeciso quanto à necessidade desta operação. Regressado a Lisboa, Sambu toma uma decisão importante, pedir asilo político e escrever um livro a denunciar esta maquinação.

Consegue retirar as bombas de um cofre da Embaixada e entrega-as às autoridades portuguesas. Não se sabe como, os órgãos de comunicação social badalam o acontecimento, as autoridades de Bissau retaliam apresando barcos portugueses.

O acontecimento está hoje esquecido mas na verdade denota, em todas as suas peripécias, a fragilidade do poder de Nino Vieira, forçado, com a cumplicidade dos seus apaniguados, a permanentes espasmos de terror, artificialmente preparados para dissuadir a contestação em torno do afundamento económico e financeiro do país.

É um livro útil para se perceber a esquizofrenia do poder que fabricou intentonas atrás de intentonas, que se lançou numa demência de perseguições e suspeitas com amplo sabor estalinista. É um dever de memória procurar compreender este Nino Vieira que virá a ser reeleito depois de fugir do país e que acabou nas mãos de novos algozes, completamente abandonado pelos seus apaniguados.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7689: Notas de leitura (194): Ordem Para Matar, de Queba Sambu (1) (Mário Beja Santos)

Vd. poste de 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7699: Notas de leitura (196): Lobo... dos Mares, de Joaquim Cortes (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P7703: Ex-combatentes da Guerra Colonial lançam uma Petição Pública On Line (4): "Eu servi a minha Pátria. É justo que a minha Pátria reconheça isso" (Cândido J. R. Pimenta)

O autor da petição, o nosso camarigo Inácio Silva (, foto à esquerda, ex-1.º Cabo da CART 2732, Mansabá, 1970/72)

1. Nós já subscrevemos a Petição Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios, para Assembleia da República e Governo. 2178 pessoas (ex-combatentes, seus familiares, seus amigos, seus concidadãos) já subscreveram.  Faltam mais de 1800 assinaturas. Aqui ficam alguns comentários (selecção dos editores)...


Nome
 Comentário

2162
Carlos de Jesus Gouveia Rodrigues
Estive na Guiné 69/70, não tenho Pensão,    mas estou convosco. 
2137
Vitor Hugo Rodrigues Figueiredo
Apoio 100%. Nação que não protege os seus veteranos, não merece qualquer sacrifício de parte os seus cidadãos.
2104
Ana Maria Delgado Martins
Sou filha de um ex-combatente na Guiné - Bissau,   Comp de Caçadores 1589, Fá  e Madina de Boé.
2117
Aurélio Neves de Sousa
A todos os camaradas que serviram a Pátria além fronteiras,  sou solidário no reconhecimento que o Estado Portugês deve aos ex-combatente uma vez que no cumprimento de suas missões revelaram um elevado sentido de Patriotismo e como tal deve ser reconhecido o seu mérito.
2090
Amaro de Oliveira Antonio
Comando de Agrupamento 1980 - Guine, Bafatá 67/68
2047
José Joaquim das Estevas
Combati na Guiné em nome de Portugal. Mereço respeito.

1864
Francisco Martins Moris
O dever de gratidão também deveria fazer parte do código de ética do Estado Português.
1821
Joao Luis dos Reis Moniz
Guiné, 1970-1971-1972...
1728
Candido José Rodrigues Pimenta
Eu servi a minha Pátria. É justo que a minha Pátria reconheça isso.
1686
Manuel gonçalves
Começo a entender que fomos os "mainatos" da pátria.
1638
Francisco Manuel Branco Frutuoso
Guiné.  Guidage, 1969 a 1971.
1611
Carlos Gil Correia Veloso da Veiga
Há sobretudo que dar uma atenção muito especial aos ex-combatentes naturais da ex-colónias e que por lá ficaram, perdendo a nacionalidade portuguesa.
1556
Jorge Morais de Araújo Ribeiro
Consultar legislação similar dos EUA sobre veteranos da Guerra do Vietname.
1509
António Manuel de Lemos Viana Boavida
Cmdte do Pelotão de Morteiros 4581/72 . Entrada em Mafra em 24 Abril de 1972. Guiné desde 1973 a 1974.
1480
Vítor Manuel Sampaio e Melo dos Santos
Sou ex-combatente miliciano e saliento que o País não trata devidamente os seus ex-combatentes como nos países desenvolvidos e até nos países mais pobres como os PALOP, em que existe um Ministério dos Ex-Combatentes.
1447
Pedro Gonçalo Coelho Nunes de Melo
Um povo que não honra quem o serviu, não merece esse nome.
1324
Renato Manuel Laia Epifânio
Presidente do MIL - Movimento Internacional Lusófono.
1320
Manuel Augusto Gordo Correia
"Honrai a Pátria que ela vos Comtempla" era o lema que nos massacrou durante todo o tempo de serviço. Nós honrámos a Pátria e ela não nos comtemplou. É mais que tempo para que se faça justiça. Tenho dito.
1240
António Monteiro Marques
Bendita Pátria que tais filhos tem.
1160
Honorata Jesus Soares Pequeno
Eu,  como mulher do ex-combatente,  é que sei o que as mulheres sofrem com o stress de guerra,  eu tenho um cá em casa.
1034
Filipe Vilhena Lemos Gonçalves
Lembrar ao Estado que os ex-combatentes não foram como voluntários para a guerra do ultramar.

943
Verónica leal
O meu pai quase morreu em 1966 na Guiné, hoje com 66 anos tem muitas mazelas fisicas e psicológicas e nunca recebeu nem recebe nada nem um obrigado...
926
João Alves Gomes
A Pátria deve honrar os seus soldados, a quem lhes pediu todos os sacrifícios incluindo o da vida. Quando isso não acontce, essa Pátria está doente.
919
Carlos Alberto Candido Ferra
Só neste País é que não reconhecem os ex- combatentes. Nos Estados Unidos são tratados como heróis, e com assistência total e boas reformas.
723
Carlos Manuel Alves Coutinho
Peca pelo tardio.
586
Terry Chagas Lino
O meu pai sofreu, e ainda sofre,  por causa da guerra na qual participou.
388
José Alexandre da Silveira Câmara
Fur Mil,  CCaç 3327/BII17, Guiné
305
Manuel Fernando Dias Oliveira
O Carácter de Uma Nação Vê-se Pela Forma Como Trata os Seus Veteranos (Winston Churchill).
137
João Maria Pereira da Costa
Muitos há anos que já mereciam os seus problemas resolvidos. Não esqueço os africanos que tombaram e vivem em condições sub-humanas. No livro «A Última Missão» do ex- Major Pára Calheiros vem a vergonha que assinámos e nos comprometemos. Leiam.

 
Brazão da  madeirense CART 2732 (Mansabá, 1970/72), a que pertenceram, entre outros os nossos camarigos Inácio Silva, Carlos Vinhal e Jorge Picado


2. Texto da petição

Bellum dulce inexpertis
(Bem parece a guerra a quem não vai nela)

Os ex-combatentes solicitam ao Estado Português o reconhecimento cabal dos seus serviços e sacrifícios.

1. Com a publicação da Lei 9/2002, de 11 de Fevereiro, foi regulado o regime jurídico dos períodos de prestação de serviço militar dos ex-combatentes, para efeitos de aposentação e reforma;

2. A regulamentação a que aquela Lei foi sujeita (Dec.-Lei nº 160/2004, de 2 de Julho), desvirtuou, em absoluto, os seus princípios, designadamente, a fórmula de cálculo do CEP (Complemento Especial de Pensão);

3. O Governo, perante inúmeras reclamações, submeteu à Assembleia da República, a Lei nº 3/2009, de 13 de Janeiro, que regula os benefícios previstos nas Leis n.os 9/2002, de 11 de Fevereiro, e 21/2004, de 5 de Junho e revogou o Dec.-Lei nº 160/2004, de 2 de Julho;

4. Porém, a injustiça manteve-se, não sendo acautelados, como deveriam ter sido, os interesses dos ex-combatentes.

Assim, propõem, à Assembleia da República e ao Governo, o seguinte:

a) Que os complementos especiais de pensão, agora convertidos no suplemento especial de pensão, sejam substituídos pela antecipação da idade da reforma, tendo em conta o tempo de serviço militar prestado em condições especiais de dificuldade ou perigo, até ao máximo de 5 anos;

b) Esta medida é extensiva a todos os ex-combatentes que efectuaram descontos para os subsistemas de Segurança Social, independetemente de estarem ou não reformados;

c) Aos ex-combatentes que recorreram à antecipação da sua reforma, deverá ser feito o recálculo da sua pensão, aplicando-se o regime previsto na alínea a), após a sua aprovação;

d) Aos ex-combatentes já reformados, tendo cumprido o período máximo de descontos para a Segurança Social, será atribuído um complemento adicional à sua pensão, correspondente ao tempo referido na alínea a);

e) Aos ex-combatentes que não se enquadram na al. b) mas que passaram a usufruir do “suplemento especial de pensão”, ser-lhes-á garantido o valor já atribuído;

f) Aos ex-combatentes que optaram por passar à disponibilidade numa das ex-províncias ultramarinas, considerar, para efeitos de reforma, o tempo de serviço aí prestado, ainda que o tenha sido numa empresa privada, a exemplo do que foi considerado para os bancários, advogados, solicitadores e Rádio Marconi.

Quae sunt Caesaris, Caesari
(A César o que é de César)

Os signatários


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Nota de L.G.:

Guiné 63/74 - P7702: Memória dos lugares (130): Banjara, destacamento a 45 km de Geba, CART 1690 / BART 1914, subunidade com um dos mais trágicos historiais do CTIG (1967/69) (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)



Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > Ao centro, em segundo plano, o nosso camarigo Alberto Branquinho, All Mil Op Esp da CART 1689 / BART 1914 que foi encontrar, em Banajara, o seu amigo e condiscípulo do liceu de Santarém, Alf Mil Alfredo Reis, da CART 1690 / BART 1913.




Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O Alf Mil Alfredo Reis, com uma mauser... O Reis foi colega do Alberto Branquinho, dos tempos de Liceu em Santarém...









Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 (1967/69) > Destacamento de Banjara > 1968 > O destacamento não tinha população civil e era defendido por um pelotão da CART 1690. Distava 45 km de Geba. O ataque a 24 de Julho de 1968, às 18h00, já foi descrito por A. Marques Lopes, membro da nossa Tabanca Grande, na I Série do nosso blogue. As fotos são do ex-Alf Mil Alfredo Reis, também da CART 1690, embora tenham chegado à nossa mão através do A. Marques Lopes. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande.


Fotos: © Alfredo Reis / A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro gloriosos alferes da CART 1690 > Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o António Marques Lopes, à direita. Pela colaboração com o nosso blogue, o Alfredo Reis e o António Moreira passam, a partir de agora, a figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande. E a CART 1690 faz o "pleno" em matéria de alferes milicianos...

Recorde-se o que o A. Marques escreveu sobre estes quatro grandes camarigos: "Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa . O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968"...A. Marques Lopes (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

Foto: © A. Marques Lopes  (2007). Todos os direitos reservados




O Geba Estreito (Rio), ligando o Xime-Bambadinca-Bafatá-Contuboel e, na margem norte, a povoação de Geba, mais ou menos a 12 km, a oeste de Bafatá. Em 1953/55, na altura em que foi foi feito o levantamento cartográfico da Guiné, Geba era um centro ou entreposto comercial e uma "povoação de tipo indígena, cerrada". Em 1968, Geba era a sede da CART 1690. A noroeste de Geba ficava o destacamento de Banjara.

Fonte: Excerto da Carta da Guiné Portuguesa (1961) 1/500.000.




Guiné > Zona Leste > Sector L2 > Geba > CART 1690 > Destacamentos e aquartelamentos > 1968 > A CART 1690, com sede em Geba, tinha vários destacamentos: Banjara, Cantacunda, Sare Banda, Sare Ganá... Os destacamentos não tinham luz eléctrica e as condições de segurança eram precárias. O IN tinha uma importante base em Sinchã Jobel.



Matosinhos > Tabanca de Matosinhos > Restaurante Milho Rei > Almoço-convívio das 4ªas feiras > 26 de Janeiro de 2011 > O regresso do nosso camarigo A. Marques Lopes... Ex-Alf Mil At Inf CART 1690 (Geba) e CCAÇ 3 (Barro) (1967/69), hoje Cor DFA, reformado.

Foto: © Tabanca de Matosinhos (2011) (Com a devida vénia...)



1. Há tempos, depois do Natal de 2010, falámos por telefone e eu perguntei-te:

- O que é feito de ti, camarigo António Marques Lopes, tertuliano da primeira hora, pioneiro do nosso blogue, co-fundador e co-editor do blogue Tabanca de Matosinhos ?... 

Acabei por saber que estavas com um problema de saúde por resolver... Pois, muito folgo de ver-te agora de regresso ao convívio dos camarigos, das 4ªas feiras, na Tabanca de Matosinhos (foto acima), neste caso no passado dia 26, no restaurante Milho Rei... 

Em tua homenagem, fui desencantar velhas fotos de Banjara, destacamento onde esteve um Grupo de Combate da tua primeira companhia na Guiné, a CART 1690... Em tua homenagem e dos camaradas, como tu, que por lá passaram, e de quem não temos falado nestes últimos tempos... Aqui ficam, editadas por mim, e reproduzidas em formato extra-largo... São "fotos falantes", com rostos expressivos, que por isso mesmo dispensam legenda... Banjara foi um dos muitos Bu...rakos por onde andávamos naquela terra onde Cristo nunca parou....

A CART 1690 foi mobilizada pelo RAL 1, fazendo parte do BART 1914 (Tite, 1967/1969). Partiu para a Guiné em 8/4/1967 e regressou à Metrópole em 3/3/1969. Esteve em Geba e em Bissau. Comandantes: Cap Art Manuel Carlos da Conceição Guimarães, e Cap Mil Art Carlos Manuel Morais Sarmento Ferreira.

Esta subunidade tem um dos mais trágicos historiais da guerra da Guiné: 10 mortos em combate, incluindo o Cap Art Guimarães, 2 alferes milicianos e um furriel miliciano; 12 militares "retidos pelo IN" (e levados para Conacri), dos quais 2 morreram no cativeiro; 5 militares, feridos em combate, e evacuados para o Hospital Militar Principal, da Estrela, em Lisboa, incluindo dois alferes milicianos, o A. Marques Lopes e o Domingos Maçarico (meu parente afastado). (LG)

2. O ataque ao destacamento de Banjara em 24 de Julho de 1968

por A. Marques Lopes

Vou-vos falar sobre Banjara. Não havia população civil e estava cercado por mata. Estava só um pelotão, 30 efectivos. A um quilómetro havia uma fonte onde, alternadamente, os nossos e o PAIGC se iam fornecer de água. Às vezes, encontravam-se… Mas havia uma fuga concertada dos dois lados, sem tiroteio. Ficava a 45 kms da sede da companhia (a CART 1690, em Geba).

Como podem ver pelo mapa [do sector de] Geba que já vos enviei, tinha do lado esquerdo a base de Samba Culo, do PAIGC, e do lado direito a base de Sinchã Jobel. Os abastecimentos eram feitos por terra, com grandes dificuldades. Às vezes demoravam muito tempo, pelo que era necessário recorrer aos "produtos" da natureza, isto é, apanhar algum bicho para comer (javalis, pássaros, macacos e até cobras). Neste ataque de que vos dou o relatório, tentaram fazer o mesmo que em Cantacunda [, apanhar a malta à unha], mas sem sucesso.

Ataque a Banjara (excertos do relatório):

24 de Julho de 1968.

"Desenrolar da acção: No passado dia 24, pelas 18H00, o destacamento de Banjara foi atacado por numeroso grupo IN, estimado em cerca de 80 elementos (Bigrupo reforçado) com o seguinte armamento:

-Morteiro 82

-Morteiro 60

-Bazuca

-Lança-Rocketes

-Metralhadoras pesadas

-Armas ligeiras


"O ataque terminou às 19H15. Verificou-se que, durante o ataque, as NT sofreram 1 morto e 2 feridos, tendo sido atingido por uma granada de morteiro a caserna e por uma granada do lança-rocketes o depósito de géneros.

"O ataque foi efectuado no sentido Norte-Sul tendo o IN instalado alguns elementos do lado Sul. Verificou-se que, mal o IN abriu fogo com os morteiros 82 e 60, alguns elementos correram imediatamente para a rede de arame farpado, cortando o arame nalguns sítios, procurando penetrar no aquartelamento. No entanto, devido à pronta reacção das NT, não o conseguiram, tendo sido obrigados a retirar, após o que continuaram a flagelar o aquartelamento sem, contudo, causarem mais baixas às NT.

"Diversos: A hora a que o ataque se realizou quase que coincidiu com a hora da terceira refeição. Verificou-se que a maioria dos soldados se encontravam a tomar banho, pois tinham acabado de jogar uma partida de futebol.

"O impacto inicial do ataque foi sustido principalmente pelo soldado Manuel da Costa que, mal se iniciou o ataque, correu para a metralhadora pesada Breda [, vd. foto acima,]e, sem ser apontador da mesma, pô-la imediatamente [em acção] e manteve-se sempre nesse posto, e pelo soldado José Manuel Moreira da Sila Marques que, sozinho, em virtude dos outros dois camaradas que constituíam a esquadra do morteiro 81, terem sido feridos, funcionou com o mesmo, tendo a presença de espírito para, a certa altura, e após ter verificado que algumas das granadas estavam sujas de terra, despir os calções para limpar as mesmas e poder assim continuar a bater o IN com um fogo bastante certeiro.

"A coluna de socorro, constituída por 1 PEL REC do EREC [Esquadrão de Reconhecimento] 2350, 1 Gr Comb da CART 1690 e pelo PEL CAÇ NAT 64, saiu de Saré Banda às 07H30 do dia 25 (e tal deveu-se a ter sido necessário recolher as forças que executavam a Operação Iluminado) e atingiu Banjara às 15H00, pois foi necessário picar toda a estrada até ao destacamento de Banjara.

"Quando a coluna lá chegou ordenei que um Gr Comb batesse toda a região, tendo o mesmo detectado várias manchas de sangue e pedaços de camuflado IN, e munições de armas ligeiras.

"Devido às baixas, deixei uma secção a reforçar o destacamento de Banjara, tendo em seguida regressado a Geba.

"Resultados obtidos:

"Baixas sofridas pelo IN: dois mortos confirmados; várias baixas prováveis; material capturado: munições de armas ligeiras e uma granada de morteiro 82".

[Revisão / fixação de texto / edição e selecção de fotos: L.G.]

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Nota de L.G.:

Último poste desta série > 31 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7700: Memória dos lugares (129): Ponta do Inglês no tempo da CART 1746 (Manuel Moreira)