Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 > Galomaro > CSS/BCAÇ 3872 (1972/74) > "O mestre-escola [, o Joaquim Guimarães, ] mais o burro [, o Augusto, ] e o Mamadu Djaló, em 1972, em Galomaro, sede do batalhão. (*)...Burro, asno, jumento, jerico, cujo berço foi a nossa África Mãe, Equus africanus asinus, segundo a nomencolatura trinomial de Lineu (1758)... Mas também "besta de carga", desde há pelo menos 5 mil anos a.C. quando o seu ancestral selvagem foi domesticado, tal como o cavalo... Mas na escolinha do nosso tempo punham-se "orelhas de burro" aos mais atrasados da classe... Pobre bicho, hoje em perigo de extinção...
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 (Galomaro) > Saltinho > CCAÇ 3490 (1972/74) > "Os professores dos Postos Escolares do Saltinho". [O Joaquim Guimarães é o terceiro a contar da esquerda; de seu nome completo, Joaquim Fernando da Silva Guimarães. ex-soldado nº 108261-7, pertenceu ao BCAÇ 3872 e vive hoje nos EUA; já há muito que não temos notícias dele].
Fotos (e legendas): © Joaquim Guimarães (2007). Todos os direitos reservados.
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (1972/74) Posto Escolar Militar (PEM) nº 14 (***) > 1972 > Alunos da Escola Primária. (**)
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, aldeia (tabamca) em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Um improvisado Posto Escolar Militar ?. Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil Torcato Mendonça > Fotos Falantes IV. (***)
Foto: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; LG]
Foto: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; LG]
Guiné > Zona leste > região de Bafatá > Fajonquito > "O meu irmão Carlos (2 anos mais velho, hoje farmacêutico, formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade Técnica de Lisboa), durante a alocução por ocasião do dia 10 de Junho de 1971, Dia de Portugal e de Camões, na escola primária de Fajonquito. Na imagem estão dois oficiais da companhia do Cap Figueiredo (CART 2742), um dos quais, o Alferes Félix encontrou a morte no mesmo dia que o seu Capitão". Foto do álbum do Cherno Baldé.(****)
[Meu caro Cherno: durante o Estado Novo, e até ao 25 de abril, era o feriado nacional do 10 de junho, o "Dia de Portugal, de Camões e da Raça"... Depois substituímos o politica e cientificamente incorreto termo "Raça" por "Comunidades Portuguesas"...Hoje é o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas"... LG]
Foto: © Cherno Baldé (2012). Todos os direitos reservados [Edição; LG]
Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Posto Escolar Militar n.º 23 (PEM nº 23, Gadamael) > Frequentaram as aulas da instrução primária algumas dezenas de jovens alunos (também alguns adultos da população). Não era fácil dar aulas a muitos que não falavam português (nem em crioulo se exprimiam), mas registaram-se muitos casos de bom aproveitamento, com conclusão da 4.ª classe . Foto do álbum do nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011) que foi fur mil, CCaç 3518, Gadamael, 1971/74). (*****)
Foto (e legenda): © Daniel Matos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição ; LG]
1. Vamos iniciar uma nova série ("Postos Escolares Militares"), com a publicação de cinco comentários ao poste P13812, subscrito pelo Jorge Araújo (*). Esperamos os contributos de todos os camaradas que foram professores ou monitores nas PEM... Afinal, mais do que a espada e a cruz, preocupamo-nos com a transmissão da língua portuguesa, veículo de identidade nacional da Guiné-Bissau...
A língua do Padre António Vieira, de Fernando Pessoa, de Amílcar Cabral, de Carlos Lopes, de Siza Vieira, de Paula Rego, de Mia Couto, de Paulina Chiziane, de Ondjaki, de Ana Paula Tavares, de António Houaiss, de Cecília Meireles, de Xanana Gusmão, de Cesária Évora e de mais 255 milhões de homens e mulheres lusófonos espalhados pelo mundo, incluindo a malta da Tabanca Grande, o Hélder, o Jorge, o Cherno, o Zé Carlos, o Luís, o José Câmara, o Torcato, o Daniel, o Guimarães... Temos em comum um "poilão" sob o qual nos abrigamos, e à volta do qual comunicamos, e que é a língua... portuguesa. (LG)
Helder Sousa |
Caro Jorge Araújo
Já estou habituado ao rigor e seriedade com que costumas pautar os teus trabalhos. Sejam eles os mais dramáticos como os que relataste das emboscadas sofridas, sejam alguns aspectos mais ligeiros.
Desta vez a 'pancada' deu-te forte ao descobrires uma ponta de ligação ao teu passado. Sim, porque isso é história, faz parte de ti, do todo que és e foste.
Esta dupla homenagem que fazes, ao José Carlos [Mussá Biai] e ao Carvalhido da Ponte, é fruto dessa tua sensibilidade para perceberes o que é verdadeiramente importante, a amizade, o reconhecimento, a vitória daquilo que dizes que te aconteceu quando percebeste que mais do que o "EU" o que era realmente duradouro seria a partilha com o "OUTRO".
Está aqui um bom trabalho. Oxalá, e acredito que sim, que se atinja o objectivo.
Abraço, Hélder S.
(ii) Luís Graça
Luís Graça, em Candoz, 2011 |
Aqueles de nós que foram professores primários, nos postos militares escolares, como o Carvalhido da Ponte (Xime), o Manuel Amaro (Aldeia Formosa) ou o Manuel Joaquim (Bissorã), podem falar, com propriedade e autoridade, sobre as dificuldades, perplexidades mas também sobre o prazer de ensinar, com o eventual apoio dos nossos velhos manuais escolares ou de outros textos (que eu desconheço se havia outros manuais na Guiné), a língua, a cultura e a história portuguesa aos putos das tabancas guineenses... É que nos nossos manuais bem sequer havia uma simples imagem com a cara do "pretinho da Guiné"...
Imagino que não fosse fácil ao Carvalhido da Ponte explicar ao José Carlos Mussá Biai, mandinga e muçulmano, do Xime, que nunca tinha sido da sua tabanca, o que era a pátria, ou significado da bandeira nacional, ou letra do nosso hino, ou a diferença entre um minhoto e um algarvio...
Ou ainda explicar as lendas das mouras encantadas do nosso romanceiro popular. Ou a conquista de Lisboa aos mouros. Ou ainda a lenda do Infante Santo... Muito menos as guerras de religião, no passado, entre cristãos e mouros...
Em todo o caso, o mais importante é que o José Carlos Mussá tenha aprendido a ler escrever, graças ao posta escolar militar do Xime, e a tenha chegado à universidade, sendo engenheiro florestal, se não erro. E trabalhando e vivendo em Portugal, como português e sem nunca esquecer as sua raízes guineenses.
Xime, PEM 14, 1972 |
Olá. Luís,
Ao contrário que possa imaginar, quando andava na primária, sabiamos mais da metrópole, Angola e Moçambique do que da Guiné.
Os nomes dos rios, linhas de caminho de ferro, regiões e conquistas portuguesas, não havia nada que não era ensinado. O hino e a bandeira que era hasteada todos os dias não podiam faltar.
Quanto aos manuais, não me recordo bem, mas acho que nos de 1973 já vinham, como disse com o "pretinho da Guiné" (risos...).
Tenho uma vaga ideia de ter visto o Capitão João Bacar Djaló bem fardado. Mas o curioso é que nunca esqueci as letras do hino da metrópole sem nunca ter aprendido o hino da Guiné "independente".
Mas, são coisas de mininos. Quando acabou a guerra, eu já tinha a 4ª classe feita e no preparatório não se ensinava o hino...
Um abraço, José C. Mussá Biai
Saltinho , 1970/72)... [Afinal, em português nos entende(re)mos,,, LG].
Cherno Baldé, estudante
Kichinev, Moldavia,
dezembro de 1985
|
Caro Luís Graça e amigos,
O Carlos Mussa diz "...Hino da Metropole...", errado.
O Hino a que se refere não era da metrópole, mas sim de Portugal e, na altura, éramos todos portugueses, de facto ou de jure.
Ainda em 1972 o meu irmão mais velho que veio a Bissau para prosseguir os seus estudos, já tinha o seu Bilhete de Identidade de cidadão português.
Acho que os manuais do ensino primário, na altura, eram iguais para as Provincias ultramarinas e não me recordo de ter visto a cara de nenhum "pretinho da Guiné".
Tal como o Carlos Mussá refere, tambem sabia entoar o Hino de Portugal da mesma forma que a partir de Setembro 1974 já entoava o novo Hino da Guiné-Bissau, cada qual o mais aguerrido e heróico que o outro, umas tretas.
Com abraço, amigos, Cherno Baldé
José Câmara (,hoje, nos EUA) |
(v) José Câmara:
Meus amigos,
Nós, os meninos açorianos e madeirenses, aprendemos por cartilhas iguais aqui referenciadas pelo Luís Graça. Até deu para não nos perdermos durante a nossa descoberta do caminho marítimo para a Guiné. Bem bom!
O que importa é que o José Carlos aprendeu connosco e depois, por si, conseguiu ir mais longe nos seus estudos. Hoje põe o que aprendeu ao serviço das populações em que está inserido. E nós fazemos parte dessa comunidade.
Cumprimentos, José Câmara,
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Notas do editor:
(**) Vd, poste e 27 de outubro de 2014 > Guiné 63/734 - P13812: Memória dos lugares (277): Os meninos do Xime do tempo da CART 3494 - O caso de José Carlos Mussá Biai (Jorge Araújo)
(***) Vd poste de 6 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9451: Nós da memória (Torcato Mendonça) (9): Os Putos de Candamã - Fotos falantes IV
(****) Vd. poste de 15 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13500: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (47): Retrato de uma família - A guerra, a pobreza e a presença dos soldados portugueses
(*****) Vd. poste de 16 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6407: Álbum fotográfico de Daniel Matos - I