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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7846: Em busca de... (156): Paula Simões, filha do Sold da CCAV 1482 (1965/67), César J. Simões, procura notícias de seu pai e dos seus camaradas (V. Briote / J. Martins)


1. Os nossos camaradas Virgínio Briote (ex-Alf Mil Comando – Brá -, 1965/67) e José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos - Canjadude -, 1968/70), têm vindo a recolher e complementar informação sobre o nosso falecido Camarada César Joaquim Simões, que foi Soldado da CCAV 1482, a pedido de sua filha - Paula Simões Viola -, tendo nos últimos dias trocado as seguintes de mensagens.


2. Em 18 de Fevereiro de 2011 o Virgínio Briote, enviou à Paula Simões Viola o seguinte e-mail:Assunto: Locais por onde o César andou

Paula,

O seu Pai pelos vistos passou por aqui (há registos de um militar da Companhia  do seu Pai sepultado no cemitério de Bambadinca):

Guiné 63/74 - P3418: Álbum fotográfico de Manuel Bastos Soares (1): Bambadinca, a festa da comunhão solene, Dona Violete e a malta da CCAV 678 (1965/66) [ A CCAV 1482 esteve na zona leste, em Bambadinca,  entre Novembro de 1965 e Abril de 1966, depois no Xime até Julho de 1967 e por fim em Ingoré, a norte, junto à fronteira como Senegal).




Agora fico a aguardar informações de Camaradas do seu Pai.

v briote

3. Por sua vez Paula Simões Viola, em 19 de Fevereiro de 2011, retorquiu assim ao Virgínio Briote, também por e-mail:Subject: Locais por onde o César andou

Boa tarde Sr. Briote,

O meu Pai faleceu cá num acidente em 1976, tinha eu seis anos de idade. Só tenho uma Cruz! Não é igual à que me enviou, tem 2 espadas cruzadas, o escudo da bandeira e uma cruz por cima do escudo.

Quando consegui juntar as coisas do meu Pai muita coisa tinha desaparecido.

Tenho muitas fotografias da Guiné com alguns camaradas que ele identificou, outros não.  A saber: Raimundo, Monteiro, um camarada da Portela da Ajuda que não diz o nome e um camarada Madeirense - Jorge Arlindo da Silva.

Aparecem muitos mais mas, como disse, não se encontram identificados.

Se fosse possível gostaria de saber se há algum encontro agendado dos seus antigos camaradas e se eu poderia comparecer.

Os meus contactos são: telef. 210 883 239 e telem. 964 216 337.

Mais uma vez agradeço a sua disponibilidade.
Cumprimentos,
Paula Simões Viola

4. Mais tarde, ainda em 19 de Fevereiro de 2011, o Virgínio Briote enviava-nos o seguinte e-mail:

Assunto: César Joaquim Simões: Alguém da CCav 1482?

Paula Simões, filha do ex-Sold da CCav 1482, procura história da CCav 1482 e quer entrar em contacto com Camaradas do Pai.

Caros Luís, Carlos e Eduardo,

Transcrevo abaixo msg da filha do César Simões,  da CCav 1482.

v b

Nota: César Joaquim Simões, Sold da CCav1482, mobilizada pelo RC7, comissão na Guiné entre Out 65 e Jul 1967, condecorado com duas Cruzes de Guerra (ou é lapso ou foram mesmo duas). A primeira foi publicada na Ordem do Exército (OE 12/IIIª/67, pag. 281) e a segunda na OE 12/IIIª/67, pag.348.5. 


No dia seguinte, 20 de Fevereiro de 2011, recebemos do nosso habitual colaborador – o José Marcelino Martins -, para assuntos relacionados com informações sobre as diversas Unidades e Militares Falecidos, a quem mais uma vez agradecemos a sua preciosa disponibilidade, a seguinte comunicação:

Assunto: César Joaquim Simões: Alguém da CCav 1482?

Caros Camaradas
Segue o texto solicitado, mesmo ao findar o fim-de-semana.
Boa semana de trabalho, para quem o faz.
Semana produtiva, para aqueles "que nada fazem, mas já fizeram
José Martins



Emblemas da Companhia de Cavalaria nº 1482
© Colecção de Carlos Coutinho

A Companhia de Cavalaria nº 1482 é mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 7, em Lisboa (criado em 1755 sob a designação de Regimento de Cavalaria do Cais), embarcando para o território da Guiné em 20 de Outubro de 1965, desembarcando em Bissau a 27 desse mês.

Sob o comando do Capitão de Cavalaria João Ramiro Alves Ribeiro, é colocada em Bambadinca para substituir a Companhia de Caçadores nº 556 e assumindo funções de intervenção e reserva às ordens do Batalhão de Caçadores nº 697. Nestas funções realizou operações nas regiões de Darsalame Baio, Ponta Varela – Poindom, além de escoltas, patrulhamentos e batidas na sua área de intervenção.

Guarnece o destacamento de Sonaco entre 17 de Novembro de 1965 e 17 de Janeiro seguinte, às ordens do Batalhão de Cavalaria nº 757.

A 6 de Abril de 1966 envia um pelotão para o destacamento de Quirafo, onde se mantém até Dezembro desse mesmo ano, e a 8 envia outro pelotão para Ponta do Inglês, iniciando, desta forma, a rotação com a Companhia de Cavalaria nº 678, vindo a assumir a responsabilidade do subsector do Xime em 14 de Abril de 1966, mantendo os destacamentos referidos, ficando no dispositivo de manobra do Batalhão de Caçadores nº 697, rendido, mais tarde pelo Batalhão de Caçadores nº 1888.

A Companhia de Caçadores nº 1550 rende a Companhia de Cavalaria nº 1482, em 11 de Janeiro de 1967, sendo deslocada para o subsector de Ingoré, rendendo a Companhia de Cavalaria nº 788, assumindo em 15 de Janeiro de 1967 a responsabilidade do subsector, destacando um pelotão para o destacamento de Sedengal. Com esta alteração a unidade fica integrada na área e dispositivo do Batalhão de Caçadores nº 1894.

Por estar a terminar a sua comissão de serviço, é rendida em Ingoré pela Companhia de Caçadores nº 1590, deslocando-se em 15 desse mês para Bissau para efectuar o regresso á metrópole, o que acontece em 27 de Julho de 1967.

[Não tem história da Unidade. No Arquivo Histórico Militar, em Lisboa, tem um resumo de Factos e feitos. Cota Caixa nº 124 - 2ª Divisão / 4ª Secção).









3ª Classe..............................................................4ª Classe
Medalha da Cruz de Guerra

É criada em 30 de Novembro de 1916 pelo Decreto nº 2870, destinada a premiar actos de coragem e bravura praticados em campanha.
Tem a forma de uma cruz templária, tendo sobreposto, ao centro o Emblema Nacional e teve, desde a sua criação, teve três desenhos diferentes, devidamente legislados em 1916, 1946 e 1971. É suspensa por uma fita de seda ondeada, com fundo vermelho, cortado longitudinalmente por cinco filetes verdes tendo, ao centro, uma miniatura da cruz de guerra.
Divide-se em 1ª classe (Ouro, cercadas de duas vergônteas de louro), 2ª classe (ouro), 3ª classe (prata) e 4ª classe (cobre), por ordem decrescente de importância, e pode ser atribuída individual e colectivamente.
Durante as Campanhas de África 1961-1974 foram atribuídas 2.634 medalhas a militares do Exército, 68 medalhas a militares da Armada e 273 medalhas a militares da Força Aérea.

Condecorados com a Cruz de Guerra
Resenha Histórico Militar das Campanhas de África (1961-1974)
5º Volume - Condecorações Militares Atribuídas - Tomo IV - Cruz de Guerra 1967:

AMILCAR TEIXEIRA
2º Sargento de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 344).
ANSU SANHA
Chefe de Caçadores Nativos e Guia por acção em combate no dia 1 de Dezembro de 1966 (5ª feira), condecorado a título póstumo com a Cruz de Guerra – 3ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 007).

CESAR JOAQUIM SIMÕES
Soldado de Cavalaria, condecorado com duas medalhas da Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 7 e Ordem do Exército 22/III/67 - página 328).

CRISTOVÃO RODRIGUES LEBRES
Soldado de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 347).

FERNANDO GONÇALVES MENDES
Soldado de Cavalaria Apontador de Lança Granadas Foguete, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 350).

HIGINO DOMINGUES FERNANDES DA SILVA
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 080).

JOSÉ ORLANDO SILVA
2º Sargento de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 346).

JUSTO DOS SANTOS MORCELA GAITA
1º Cabo de Cavalaria Apontador de Morteiro, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 348).

MANUEL ANTONIO DOS SANTOS PEIXE
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 22/III/67 - página 345).

MÁRIO DE JESUS MANATA
Furriel Miliciano de Cavalaria, condecorado com a Cruz de Guerra – 4ª Classe.
(Ordem do Exército 12/III/67 - página 268).

Tombados em Campanha

AMÉRICO MATEUS JORGE, Soldado Atirador de Cavalaria número 709/65, solteiro, filho de Henrique Jorge e Maria Venança, natural da freguesia de Sobral da Lagoa, concelho de Óbidos, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério de Bambadinca na Guiné, campa nº 8.

FORE SOQUÉ, Soldado Atirador número 321/64, mobilizado do CTIG, solteiro, filho de Imbunhe Soque e Britch Quebi, natural da freguesia de são José, concelho de Bissorã, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério de Bambadinca na Guiné, campa nº 6.

JOSÉ LUCIANO MARTINS HORTA RODRIGUES, Soldado Atirador de Cavalaria número 1027/65, solteiro, filho de João José de Araújo Rodrigues e Maria Amélia Martins, natural da freguesia de Baçal, concelho de Bragança, faleceu em 16 de Janeiro de 1966, vitima de ferimentos em combate, em resultado da explosão de uma mina anticarro na estrada de Amedalai – Taibata, junto do cruzamento para Chacali. Foi inumado no Cemitério Paroquial de Baçal.

CESAR AUGUSTO MORAIS, Soldado Atirador de Cavalaria número 1031/65, solteiro, filho de César Augusto Morais e Beatriz do Nascimento Alves, natural da freguesia de Vinhas, concelho de Macedo de Cavaleiros, faleceu em 12 de Março de 1966, vitima de ferimentos em combate, entre Ponte Verela e Poindom. Foi inumado no Cemitério de Vinhas.

Mensagem retirada da página de ultramar.terraweb-biz, com a devida vénia

2010/12/08
Mensagem de António Vaz, da Companhia de Polícia Militar 1754

Procuro os ex-militares, que ainda não contactaram com os respectivos organizadores dos Convívios Anuais, das seguintes Companhias, Pelotões ou em Rendição Individual:
ENG 1447 e 1448, Angola 1965/1967CENG 1665, Angola 1967/1969CPM 1750, Angola 1967/1969CPM 1751, Guiné 1967/1969CPM 1752 e 1753,
Moçambique 1967/1969CCAV 1482, 1483, 1484 e 1485, Guiné 1965/1967
Todas as Companhias, Pelotões e de Rendições Individuais que estiveram em S. Tomé e Príncipe desde 1961.
espondam antes que seja demasiado tardeUm abraço para todos do companheiro de armas da CPM 1754
António N. Vaz
Contacto: Telefone: 966 444 449
E-mail: kontokontigo@gmail.com

14JAN2010 - Está online o "Fórum da Companhia de Cavalaria 1482 Guiné 1965/1967" criado pela Vanda, filha de um veterano da Companhia de Cavalaria 1482

José Marcelino Martins
20 de Fevereiro de 2011
_________
Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:

22 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7838: Em busca de... (155): Camaradas da CART 2477/BART 2865, Cufar, 1969/70 (Ex-Alf Mil Art Francisco Valdemiro Santos)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7557: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (10): O dia no Enxalé, em Madina e Belel

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Dezembro de 2010:

Malta,

É um tempo de dias excepcionais, boa colheita para o coração disponível.
Deixo aqui muito trabalho para a malta que viveu no Enxalé, segui depois para Madina e Belel, confirmei que tudo é áspero, penoso e até pobre. Mas o povo recebeu o Tangomau com calor, quis perceber o sentido da viagem, manda cumprimentos para quem ali combateu.

Um abraço do
Mário



Operação Tangomau (10)

Beja Santos

O dia no Enxalé, em Madina e Belel

1. Tudo quanto se vai ver, até a própria comunicação bem-sucedida com o recurso ao crioulo, deve-se ao infatigável desempenho do prestador de serviços Lânsana Sori. Sem ele, o Tangomau ficaria apeado, impossibilitado de visitar pontos ermos, inacessíveis a viaturas. Lânsana aparece na vida do Tangomau graças a Calilo Dahaba, condutor de ligeiros, que detectou a expectativa e encontrou uma resposta. Durante três dias, até ao termo da digressão em terras de Bambadinca e arredores, Lânsana será omnipresente, prestável, sorridente e compreensivo. 

Nesse dia 26, começou-se por ir ao mercado, depositaram-se as vitualhas no Bairro Joli, passou-se pela Bantajã Mandinga, inflectiu-se à esquerda, em direcção a Finete. Manga de cumprimentos na encruzilhada entre Finete e Canturé. O Sr. Biloche mostra casa, sabe-se lá até para dar um sinal da sua competência como construtor civil, ele andou com o Tangomau por Finete e discutiram com o chefe de tabanca a cedência de terreno para o anarca Jorge Cabral se transferir de Miami para ali. Há orçamentos, agora o anarca que tome decisões. 

O Tangomau não esquece a luminosidade do dia, o ar cheio de odores da floresta e os sons de Novembro. Não se vêem macacos mas há borboletas, os pássaros multicolores atravessam o Geba nos dois sentidos. O ronrom da máquina trepidante embala os viajantes. É uma sensação única ir falando para o ouvido do condutor e depois apontar com o nosso próprio ouvido para os lábios de quem fala. E assim se seguiu por Mato de Cão, Saliquinhé, São Belchior, sempre a avistar Samba Silate, na outra margem do Geba. Depois a curva para o Enxalé, é um dos trajectos mais gostosos para quem vê sem precisar de estar atento às rugosidades do estradão traiçoeiro. Feitas as apresentações, o Tangomau é conduzido por Suleimane Sanhá, chefe de tabanca, e dois antigos combatentes, Malã Tchamo e Sadjo Tchamo.


2. Em primeiro lugar, o Tangomau pediu esclarecimentos sobre o Enxalé de ontem e o de hoje. No passado, o Enxalé da guerra era abastecido por dois caminhos: o chamado porto novo, mais curto, na margem do Geba, em frente a Samba Silate; e o porto do Xime, um caminho de alguns quilómetros entre o Enxalé e o Geba. Hoje, estes dois portos estão desactivados. O que se está a mostrar era o início da estrada para o Porto Novo. 

O Tangomau não esconde a sua atracção pelos vestígios, pensa sempre nos sacrifícios, nas escoltas, nos cuidados, em aprovisionar em condições tão difíceis. A natureza ainda não mudou tudo. Certamente que quem viveu e combateu no Enxalé terá recordações deste caminho, um ponto de partida ou um ponto de chegada, consoante a situação, quem desembarcava não era só a comida nem as munições, eram também os homens que faziam a guerra.


3. Um plinto com história, alguém ali gravou nomes, talvez mortos em combate, sabe-se lá. O importante é que temos uma memória, os habitantes do Enxalé e cultores deste blogue terão histórias para contar. Tivesse havido tempo e tomava-se nota de tudo, até se teria fotografado em melhores condições. Agora, quem esteve no Enxalé conte a sua versão da história. Um esclarecimento: o Enxalé expandiu-se mas as edificações, disseram os acompanhantes do Tangomau, estão ali praticamente todas, à excepção dos abrigos e das vedações. 

Depois do Xitole, o Enxalé é um verdadeiro alfobre de vestígios. Oxalá que alguém os queira preservar.


4. Alto lá, aqui temos um sinal de uma companhia, a 556 (**), parece, está lá dentro um crocodilo e a legenda diz "Os Sem Pavor". Eles que se apresentem e que se orgulhem de que o tempo inclemente poupou a lembrança da sua passagem. O Tangomau ia cogitando: quem viveu e combateu no Enxalé tem razões de sobra para aqui vir em romagem de saudade.


5. Aqui está a prova provada da presença da Companhia dos madeirenses [, a CCAÇ 1439,]  os mesmos que habitaram em Missirá, que percorreram as mesmas estradas, que viram o sangue derramado no Cuor. O Tangomau foi convidado para o último convívio, que se realizou em Coruche e gostou muito. Agora pede-se a todos que escrevam sobre este monumento, certamente que lembranças não faltam.


6. Aqui temos um armazém, ou oficina, ou até caserna, a caminho da destruição total. Houve várias versões sobre a função do edifício, nem tem sentido andarmos a especular. Isto porque alguém avançou que se tratava de instalação comercial, anterior à guerra, mostrou os restos do telhado, dizendo que pertencia às instalações usadas por um comerciante. Compete à malta do blogue ler e identificar. Até teria mesmo sentido, caso seja possível, mostrar todas as fotografias de décadas atrás, de múltiplas presenças, e juntar agora estas imagens, para clarificar a memória.


7. Este edifício cheira a instalação do comando, seja para tratar do expediente ou local de convívio. Aqui também se ouviram opiniões díspares, houve quem argumentasse que era a casa de um antigo comerciante, nada da Casa Gouveia ou Ultramarina, um comerciante que ali viveu. Seja como for, tem função e está preservada. Agora, os antigos habitantes do Enxalé que se pronunciem.


8. Os guias foram peremptórios: aqui era refeitório, talvez dos oficiais ou dos sargentos, ou de ambos. Mais material para descodificar. Felizmente, que lhe puseram cobertura: será escola? Terá funções de mesquita? Era tal o afã do Tangomau em tudo registar que nem se pôs com conversa fiada, e bem gostaria. 

Não é preciso ser antropólogo para se saber que isto de conversar não é atar e pôr ao fumeiro, é preciso estar, criar atmosfera, deixar as mentes confiarem nas suas memórias; é preciso tempo para ganhar confiança. Talvez mais um motivo para voltar, assim pensa o Tangomau, este Enxalé está cheio de preciosidades, apetece andar por estes caminhos até ao rio, beleza natural não falta.


9. Quem terá vivido aqui? Mais discordância: para uns, aqui trabalhava o capitão e aqui vivia; para outros, era sala de convívio; houve reticentes, disseram que a construção era anterior à guerra. O Tangomau mantinha-se indiferente a tantas razões inconclusivas, o que ele queria era captar todos os vestígios, todas as marcas, ninguém o incumbiu da missão, foi ele que inventou esta obra asseada. Vamos a ver o que dizem os bloguers que lá viveram.


10. Armazém? Caserna? Escola? Edificação da tropa ou de comerciante? Que é de estrutura impressionante, não restam dúvidas. Quando se percorre o Enxalé fica-se com a noção de que a povoação já tinha história e um certo passado de residência e estadão comercial. Na reunião de Coruche compareceu uma senhora que ali viveu na infância, salvo erro filha de um comerciante. (**) O que se espera é que alguém lhe faça chegar estas imagens e a convoque para rememorar, mais não seja com base no seu acervo fotográfico.


11. Do Enxalé partiu-se à procura de Madina. Saiu-se de um território amplo, com vistas largas e com história. Entra-se num espaço hermético, árido e até inóspito. Não é difícil perceber como o PAIGC aqui estava aninhado e bem protegido. Este caminho fala de secura, de pouca fertilidade, de distâncias longínquas. Como se irá comprovar, deu que fazer os primeiros quatro quilómetros até Cabuca, passou-se ao largo, mas deu para ver que ali havia tabanca, e não pequena. 

É tudo aspereza à volta de Madina. O chefe de tabanca não estava, andava na faina. Foi o Sr. Sebastião Mendes quem nos acolheu, já Lânsana Sori dava sinais de esgotamento, graças àquele maldito pneu furado, que vê na primeira imagem. O que o Tangomau quis captar foi o futuro, as crianças à sombra, pois cá fora temos a ameaçadora fornalha do sol. E pensarmos nós que aqui houve combates terríveis, que morreram homens, mulheres e crianças, aqui se sinistraram Quebá Soncó e Fodé Dahaba. A cabeça do Tangomau não pára de girar. Sente-se apaziguado mas reserva para si este dever de memória.


12. Seguiu-se para Belel. Esta é uma enternecedora memória, a escola de Belel. Curiosamente, o professor, vemo-lo na primeira fila de pé, também se chama Sori, recebeu-nos efusivamente, propôs fotografia. O Tangoamu gosta a valer desta imagem, mais do que futuro temos aqui a hospitalidade guineense. Aqui se interrompe a viagem, a motocicleta está cada vez pior e o narrador quer ter mais história para contar, amanhã. Vamos continuar, está prometido.


(Continua)

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Todos os direitos reservados.
__________

Notas de CV/LG:

Vd. último poste da série de 30 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7528: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (9): O dia no Xitole e o regresso a Finete

(*)  CCAÇ 556 foi mobilizada pelo RI 6, partiu para a Guiné em 4/11/1963 e regressou a 28/10/1965. Esteve em Bissau, Enxalé e Bambadinca. Comandantes: Cap Inf José Abílio Lomba M;artins, Cap Inf Carlos Alberto Gonçalves, Ten Inf Fernando Gonçalves Foitinho.

(**) Vd. poste de 6 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6116: O Nosso Livro de Visitas (85): Maria Helena Carvalho, filha do Pereira do Enxalé, localidade onde nasceu há 60 anos, hoje residente nas Caldas da Rainha (Luís Graça)

(...) Na sequência do encontro da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) , em Coruche, contactou-me, por telefone,  a Maria Helena Carvalho, nascida no Enxalé, e actualmente casada, residente nas Caldas da Rainha (...) (Telef. 262 842 990). 

Seu pai, Amadeu Abrantes Pereira, natural de Seia, era um conhecido comerciante, o Pereira do Enxalé. Era dono um importante destilaria de aguardente cana, bem como de outras instalações e casas, que ainda hoje estão de pé. A família era muito estimada pela população local. 

A Maria Helena nasceu no Enxalé em 1950, se não erro. Saiu cedo de lá, creio que com sete ou oito anos, por volta de 1958, para ir estudar em Bissau e depois na Metrópole. Mas regressava nas férias grandes. As suas memórias de infância (e os seus amigos de infância) estão indelevelmente ligados a esse tempo e a esse lugar. Os pais acabaram por sair do Enxalé, fixando-se em Bissau, em 1962. Já havia nuvens negras que prenunciavam a chegada da borrasca da guerra. A matéria-prima (a cana de açúcar) que abastecia a destilaria começou a escassear. Os caminhos tornavam-se perigosos. O PAIGC fazia o seu trabalho de sapa. Entretanto, a mãe morreu e a Maria Helena ficou definitivamente entregue aos cuidados dos padrinhos, das Caldas da Rainha.

O património da família ainda lá está, no Enxalé, arruinado. Também tinham prédios em Bissau. Em 1989, a Maria Helena voltou aos lugares da sua infância. Ainda encontrou, no Enxalé, gente que trabalhava para o seu pai e amigos de infância.

Ela ainda fala do Enxalé e da Guiné com emoção. (...)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3287: Controvérsias (2): Repor a realidade vivida, CCAÇ 557, Cachil, Como, Janeiro-Novembro de 1964 (José Colaço)


1. Mensagem do nosso camarada José Colaço, ex-Sold de Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65, com data de 7 de Setembro de 2008 (1):

Assunto: Repor a realidade vivida

Camarada Luís Graça, muito agradeço a publicação no blogue do texto que envio em anexo.

Não tem a beleza da prosa do autor dos postes em referência (2), mas tem o valor da verdade vivida pelo próprio narrador.

Um abraço.
Colaço


Repor a realidade vivida

Ao ler certos postes pergunto a mim mesmo a que fonte é que teria ido o autor beber, para publicar comentários, em que a bota não liga com a perdigota.

Transcrevo parágrafo do P1330: Em certo dia de Outubro [de 1964], a companhia 728 fez as malas e teve de avançar para o sul da Guiné. (2).

Não sei por onde andou a [CCAÇ] 728 que, mesmo com a tal pernoita em Bolama, a viagem seria de dois dias, mas a 728 só chegou ao Cachil, na Ilha do Como, ou Komo, no dia 27 de Novembro de 1964!

Transcrevo outro parágrafo do mesmo poste 1330: A distribuição dos pelotões no espaço do Quartel ficou a mesma que a companhia 556 tinha fixado e bem.

Resposta: lamentável trocar a identidade da companhia que era a 557 a que me prezo de ter pertencido; a [CCAÇ] 556 nunca esteve na zona de Catió.

Posso te afirmar, camarada J. L. Mendes Gomes, que a 556 passou a maior parte do seu tempo em Enxalé, cerca de 19 meses; esteve também em Porto Gole, Missirá e Bula com um pelotão. Esta água fui bebê-la à fonte, um dos vários elementos da 556 que todos os anos nos dão a honra de conviver connosco no almoço da 557.

Ainda do P1330, transcrevo de novo, dois parágrafos.

(i) "A companhia que saía, esvaída, já não tinha élan vital. Estava acomodada àquele desconforto total e ninguém conseguiria exigir à tropa cansada qualquer esforço que pudesse significar permanência. Se não chegássemos naquela altura, eles teriam debandado… pela floresta, com o desespero".

(ii) "O aspecto geral era verdadeiramente dantesco. Na tropa, já não se reconhecia a cor original dos farrapos que ainda restavam a tapar o corpo. Cabelos e barbas compridas, troncos nus, calções esfarrapados, ninguém se atrevia a identificar as tão cultuadas classes da tropa originária: soldados, sargentos e oficiais. Uma centena e meia de homens e ano e meio de encarceramento, dentro do arame farpado".

Resposta ao 1º parágrafo: de certeza que erraste a vocação, devias era ter optado pela psicologia por naquelas poucas horas que estiveste connosco chegares a tão sinistra conclusão. (É perspicácia).

A LDG que transportou a 728 ao Cachil, foi a mesma em que a 557 regressou a Bissau. Foi só aproveitar as marés.

Mostrei isto ao ex-comandante da 557, capitão Ares, hoje coronel reformado. Surpresa total, para não dizer outros termos, mais surpreendentes. Resposta instantânea.
- Mas como é que alguém pode dizer e publicar isto?

Segundo parágrafo, o aspecto dantesco. Aí tens alguma razão, porque há sempre no meio quem só cumpre as ordens com a tal disciplina militar.

O capitão tinha emitido uma ordem, que nós íamos-nos apresentar em Bissau e aí a ética militar tinha que ser respeitada, o Cachil tinha acabado. Por esse motivo a quase totalidade dos elementos tinha feito ou aparado a barba, cortado o cabelo, porque é muito raro não haver nas companhias um elemento que não tenha aprendido na vida civil a profissão de barbeiro (na 557 também lá tínhamos um barbeiro).

Os troncos nus. É verdade, mas deves de te lembrar do teu comandante, (o tal bravo capitão de Évora)... Citação tua P1359, ele ter autorizado os elementos da 728 despir as camisas, copiando um pouco a liberdade da 557.

Uma centena e meia de homens e ano e meio de encarceramento dentro do arame farpado.

Também não é verdade, o seu a seu dono, não foi ano e meio, mas sim dez meses e uma semana. Mas, atenção, nos primeiros dois, três meses nem arame farpado existia, era simples acampamento.

Quanto ao encarceramento também não é verdade, pois durante estes dez meses e uma semana, além da Operação Tridente, das explorações à mata do Cachil, também parte da companhia foi chamada para as operações a Cufar, mata do Cantanhez, onde dizes que tiveste o baptismo de fogo... Pois lá também ficou sangue da 557: O 2.º Sargento Conde uma vez, outra o soldado n.º 839 António Belo, ambos evacuados para a Metrópole, e por último o soldado de transmissões n.º 1160 António Alexandre, este com menos gravidade.

Uma nota: Na nossa estada no Cachil, certo dia de Abril de 1964, o helicóptero aterrou e com ele o Brigadeiro Comandante Operacional da Guiné, de que não me lembra o nome, de estatura média (baixinho ou pequeno, esse sim deve ter ficado totalmente estupefacto ao perguntar para ele próprio:
- Isto é tropa portuguesa… ou um bando de maltrapilhas ?

Quase quatro meses de mato, água para lavar a roupa nem pensar, não havia, cabelos e barbas com os quase 4 meses!

Bem, abreviando: na companhia havia um soldado conhecido pelo nome Porto, por ele dizer que era do Porto. Então o Porto dá uma grande palada ao Brigadeiro, pede licença e diz mais palavra, menos palavra, o seguinte:
- Meu Brigadeiro, como o nosso Brigadeiro pode confirmar, nós estamos aqui nesta situação, os camuflados todos rotos, ou descosidos, as botas na mesma, - e mostrou-lhe as botas - as meias, as que a minha mãe me deu e é assim que temos que enfrentar o inimigo, no meio da mata ou da bolonha.

O Brigadeiro responde praticamente com as seguintes palavras:
- Nosso capitão, estes homens não podem andar assim, mande vir camuflados, botas e meias para estes homens.

O capitão ainda fez a observação:
- E a duração?

Palavras secas e duras do Brigadeiro:
- Não há, nós estamos em guerra.

Foi o que o capitão quis ouvir, nunca mais faltou na companhia camuflados, botas e meias.

Ainda do P1330, transcrevo o final de parágrafo: a companhia 556 tinha conseguido implantar uma pista tosca para a festa da avioneta, do correio e dos mantimentos frescos, durante a época seca.

Resposta, mais uma que não é verdade.

E mais uma vez a chamada 556. Dá ensejo de dizer, aquele provérbio popular:
- Mais vale f… que trocar-lhe o nome, neste caso o número.

Havia, de facto, na parte nascente do quartel uma zona onde era possível, sem recorrer a máquinas, implantar uma tosca pista para avionetas, se a 728 a fez tudo bem, a 557 não.

Nessa zona só o que estava alterado eram os abrigos que tínhamos cavado na tarde em que chegamos à Ilha, 23 de Janeiro de 196, e o poço que, em vez de água, dava o tal líquido que parecia petróleo.

Ler anónimo: Continuando o comentário em: Guine 63/74-ccxxvi:Antologia (25): Depoimento sobre a Ilha do Como

No Cachil entre 23/01/64 e 27/11/64 os únicos meios aéreos que aterraram lá foram o helicópteros durante a Operação Tridente e a tal visita do Brigadeiro.

Camarada, participar na Operação Tridente, fazer o quartel, participações nas operações a Cufar e ainda fazer uma pista para meios aéreos, lembra-me a frase do saudoso Zeca Afonso, Arre porra que é demais.

P1359, transcrevo novamente parágrafo:

A companhia que íamos render [a CCAV 488?] já tivera o grande trabalho de construir, de raiz, as instalações mínimas que havia e, segundo disseram, limitava-se a marcar presença no terreno. Nunca fora atacada, depois de terminar a grande operação que a deixou lá [, a Op Tridente]” (…).

Resposta: A companhia que íamos render [a CCAV 488?]. Mas qual 488!!!!????...

A 488 esteve, sim, na Ilha do Como, mas na zona de Caiar, Caunane, e só durante a Op Tridente; saiu com o batalhão 490 no dia 23 ou 24 de Março de 1964, quando foi dado como terminada a Op Tridente.

Segundo disseram, limitava-se a marcar presença no terreno. Nunca fora atacada, depois de terminar a Op Tridente. Sim, a 488 é verdade, nunca esteve acampada, ou aquartelada no Cachil.

Mas a 557 suportou, após a Op Tridente, entre finais de Março de 1964 e Novembro do mesmo ano, oito ataques, para ser mais preciso aí vão as datas e as horas de início: Dia 01/04/64 às 18 horas, 18/04/64 às 18 horas, 20/04/64 à 1 hora da manhã, 09/06/64 às 22 horas, 08/08/64 às 23 horas, 06/09/64 às 18 horas, 04/11/64 às 18 horas e finalmente 16/11/64 às 19 horas e 30 minutos.

Referente a este ultimo ataque, ler P2352 do camarada, 2.º sargento, Joaquim Fernando Santos Oliveira. Ele com pouco tempo de Cachil faz um comentário verdadeiro da situação vivida no terreno.

Os finais dos ataques não estão registados, mas era normal durarem entre 40 minutos a 1 hora.

Espero ter contribuído, com a verdade vivida no terreno, para o esclarecimento de alguma ficção, dos referidos postes.

Um alfa bravo
Colaço
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Notas de CV:

(1) Vd. poste de 2 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2912: Tabanca Grande (73): José Botelho Colaço, ex-Soldado de Trms da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)

(...) Nome: José Botelho Colaço
Morador no Bairro da Castelhana - São João da Talha
Posto militar: ex-Soldado de Transmissões
Unidade: CCAÇ 557 (1963/65)

(i) Embarcou para a Guiné em 27 de Novembro de 1963 e chegou a Bissau a 3 de Dezembro;

(ii) Em 15 de Janeiro de 1964, embarcou, à tarde, num batelão rumo a Catió;

(iii) No dia 23 de Janeiro desembarcou numa LDM, com quase toda a Companhia, na mata do Cachil, Ilha do Como, para participar na Operação Tridente;

(iv) a CCAÇ 557 saíu do Cachil no dia 27 de Novembro de 1964, rumo a Bissau, onde permaneceu cerca 3 meses;

(v) O resto da comissão foi passado em Bafatá, de onde saíram em 27 de Outubro de 1965.

(vi) Desembarcou em Lisboa a 3 de Novembro de 1965 (3).

(vi) Foi Técnico Metalúrgico, está actualmente reformado.

(...)


(2) Vd. poste de 1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1330: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (4): Bissau-Bolama-Como, dois dias de viagem em LDG

(...) O Palmeirim de Catió é o nosso muito estimado amigo e camarada Joaquim Luís Mendes Gomes, jurista, reformado da banca, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins (Catió, 1964/66).

Nesta quarte parte das suas crónicas, ela relatou a viagem da sua unidade, colocada na Ilha do Como, em Outubro de 1964, sete meses despois da Op Tridente, operação mítica (tanto paras as NT como para o PAIGC) em que participou o nosso camarada Mário Dias, cujo testemunho, inédito, já tivemos o privilégio de inserir no nosso blogue, na I Série.

Ao nosso camarada José Colaço, membro mais recente (mas não menos estimado) da nossa Tabanca Grande, apresentamos as nossas desculpas pela demora, de um mês, na publicação desta sua mensagem. Decidimos inseri-la na nova série Controvérsias, não por que haja o intuito de abrir mais uma polémica, mas tão só a de contribuir para clarificar, corrigir, esclarecer alguns detalhes e pormenores factuais. (É uma série, não para o confronto de ideias e de opiniões, e da divergência na interpretação dos factos, mas para a organização dos factos, a reposição da verdade dos factos) (4).

Passadas mais de 4 décadas sobre os acontecimentos aqui relatados, é natural, é humano, que haja erros de pormenor, contradições factuais, traições da memória, diferenças de percepção, etc. Como é timbre do nosso blogue, procuramos sempre garantir a verdade dos factos, no que diz respeito a datas, lugares, acontecimentos, nomes, etc. Temos limitações, a começar pelas fontes: privilegiamos as memórias, os depoimentos, as vivências, os escritos pessoais, os nossos diários, os nossos aerogramas, os relatórios das nossas unidades... Pedimos a compreensão de todos para essas limitações, e pedimos que na análise de eventuais divergências sejamos sempre serenos, objectivos, tolerantes e sobretudo generosos, como devem ser os camaradas que lutaram lado a lado, sob uma mesma bandeira... Ninguém está aqui para "pintar à pistyola", para aldrabar, para rebaixar o outro ou a engrandecer-se a si próprio... Até por que é difícil mentir: há demasiados protagonistas e testemunhas, e só na Tabanca Grande já somos quase duas companhias...

Ao J. L. Mendes Gomes e ao José Colaço agradecemos os seus contributos para o melhor conhecimento da nossa actividade operacional no sul da Guiné nos já idos anos de 1964...

(3) Vd. último poste de José Colaço de 29 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3099: Os Nossos Regressos (13): Fundeámos ao largo, com as luzes de Cascais...(José Colaço, Cachil, Bissau, Bafatá, 1963/65))

(4) Vd. primeiro poste da série Controvérsias de 3 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3267: Controvérsias (1): Sedengal, 21 de Dezembro de 1970 (Carlos Matos Gomes / J. M. Félix Dias / Carlos Silva / José Martins)