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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Guiné 63/74 - P10769: Tabanca Grande (371): João Carvalho Meneses, ex-2º TEN FZE RN, DFE 21, 1972, grã-tabanqueiro nº 591



Notícia do juramento de bandeira do 19º CFORN, na Escola Naval, em 14 de abril de 1972... Foto: Revista da Armada, junho de 1972, p. 24 (Com a devida vénia...)


1. No passado mês de novembro, "assinou" o nosso livro de visitas o camarada João Meneses, na sua qualidade de 2º Ten FZE RA, antigo oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, na Guiné, no ano de 1972, e DFA - Deficiente das Forças Armadas, ferido em combate na provincia do Cubisseco [, a sudoeste de Empada, vd.carta de Catió,] em 27 de Setembro desse ano (*).

Hoje mandou-nos a seguinte mensagem:

Caro Luís:

Já vi publicados os meus últimos mails, que muito agradeço. Junto agora algumas fotografias, duas em que é o meu juramento de Bandeira, outra a Imposição das Boinas, e outra em Homenagem ao Rebordão de Brito, com quem servi na Guiné, na data da sua medalha de Torre e Espada. Foram tiradas da Revista da Armada, exemplares que tenho em meu poder. Junto também uma fotografia "actual", cópia da que tenho no meu cartão DFA.

Com um grande abraço
2ºTen FZE Carvalho Meneses


 O João Meneses, ou Carvalho Meneses, como era conhecido na Guiné,  pediu formalmente o ingresso na nossa Tabanca Grande, tendo para o efeito entregue uma foto atual [ vd. acima, à direita,] e fotos de grupo do seu  tempo de tropa.

De seu nome completo João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, nasceu a 5/1/1948, fez parte do 19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval, tendo sido alistado a 19/9/71, e jurado bandeira e promovido a aspirante em 12/4/1972.



Notícia da imposição das boinas a 130 novos fuzileiros especiais, do 27º Curso de FZE, em cerimónia que decorreu a 16 de março de 1972. Notícia dada pela Revista da Armada, maio de 1972, p,. 24.


19.º CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval


Segundo elementos informativos que recolhemos da página Reserva Naval, do nosso camarada Manuel Lema Santos, o 19º CFORN incorporou 115 cadetes assim distribuídos pelas várias classes: (i) 23 cadetes na classe de Marinha, (ii) 1 cadete da classe de Médicos Navais, (iii) 6 cadetes da classe de Engenheiros Maquinistas Navais, (iv) 32 cadetes da classe de Administração Naval, (v) 28 cadetes na classe de Fuzileiros e (vi) 25 cadetes na classe de Técnicos Especialistas.

Vinte 20 oficiais deste curso serviram no TO da Guiné, incluindo o João Menezes. Aqui vai a lista completa (Fonte: Reserva Naval)

2TEN RN Alfredo Augusto Cunhal Gonçalves Ferreira e 2TEN RN José Manuel Soares Dionísio na LFG “Sagitário”,

2TEN RN Emídio Branco Xavier na LFP “Alvor”,

2TEN RN Virgílio Manuel da Cunha Folhadela Moreira na LFP “Aldebaran”,

2TEN RN José Aparício dos Reis na LFG “Cassiopeia”,

2TEN RN José Alfredo Queiroga de Abreu Alpoim na LFG “Argos”,

2TEN RN Luís Alberto Moreira Pires e Pato na LDG “Alfange”,

2TEN AN RN José Manuel do Nascimento e Oliveira Covas,

2TEN AN RN Miguel Ângelo da Cunha Teixeira e Melo,

2TEN FZ RN António Patrício de Sousa Betâmio de Almeida e 2TEN FZ RN José Manuel Correia Pinto no Comando de Defesa Marítima da Guiné,

2TEN FZ RN Celestino Augusto Froes David na CF 12,

2TEN FZ RN João Pedro Tavares Carreiro e 2TEN FZ RN Manuel Maria Romãozinho Alves Ferreira na CF 2,

2TEN FZE RN João Carlos Cansado da Costa Corvo e 2TEN FZE RN José Manuel de Carvalho Passeira no DFE 22,

2TEN FZE RN João Frederico de Saldanha de Carvalho e Meneses e 2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno no DFE 21,

2TEN FZE RN José Manuel da Silva Morgado e 2TEN FZE RN Luís Pereira Coutinho Sanches de Baena no DFE 12.


Destacamento de Fuzileiros Especiais nº 21 (DFE 21)


O nosso novo grã-tabanqueiro Carvalho Meneses serviu no prestigiado DFE 21, mas por pouco tempo, dado ter sido ferido gravemente em combate e evacuado para o Hospital Principal, em setembro de 1972 (*).

Veja-se, entretanto,  o interessante apontamento sobre a história do DFE 21, escrito pelo Manuel Lema Santos. Aqui vão alguns pontos:

(i) Para ingressar nos quadros de Fuzileiros Especiais Africanos do Comando de Defesa Marítima da Guiné foram seleccionados 150 de um total de 900 voluntários (!);

(ii) Foi dada preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, dos Serviços de Marinha, guias das Unidades de Fuzileiros, impedidos das câmaras dos navios e das messes de oficiais, pessoal na generalidade familiarizado com a vida na Marinha; também foram admitidos estivadores e pessoal que já cumprira o serviço militar em companhias de milícias ou caçadores nativos;

(iii) Na formação do DFE 22 (inicialmente comandado por 1º TEN FZE Rebordão Brito, foto à esquerda,  cortesia da Revista da Armada) já teve em linha o critério étnico ou o chão, o que não aconteceu com o DFE 21 (, o que terá sido um erro, segundo Manuel Lema Santos);

(iv) O centro de instrução situava-se em Bolama; os oficiais e sargentos bem como alguns cabos e marinheiros eram metropolitanos, de rendição individual;

(v) O recrutamento inicial de elementos guineenses para integrar o DFE 21 ocorre em Setembro de 1969;

(vi) Depois de activado, em 21 de Abril de 1970, participou, até Maio, em diversas operações no sul da Guiné,  tendo sofrido pesadas baixas entre mortos e feridos, entre os quais se incluíram alguns oficiais e sargentos;

(vii) Juntamente com o DFE8, passou a estar sedeado na vila de Cacheu;

 (viii) Em Agosto de 1970, depois de uma curta passagem por Buba, o DFE 21 foi transferido para Brá, para se juntar aos preparativos que antecederam a organização da Op Mar Verde, já em curso na ilha de Soga e na qual viria a participar.

O comando do DFE 21 integrou maioritariamente oficiais da Reserva Naval. Na sua estrutura inicial, teve como Comandante o 1º TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva que tinha ingressado nos Quadros Permanentes, na classe de Fuzileiros, depois de ter efetuado uma primeira comissão de serviço na Guiné, como terceiro oficial do DFE 4, de 1965 a 1967. Pertenceu originalmente à Reserva Naval onde integrou o 7.º CEORN.

Em 21 Junho de 1971 o comando do DFE 21, foi sendo parcial e progressivamente rendido, ainda que alguns dos elementos que o constituíam continuassem voluntariamente até 1 de Abril de 1973. Passou a ser Comandante o 1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, também ele originário da Reserva Naval (8º  CEORN) e, no final do curso foi integrado no DFE 1 (Moçambique, 1967/69), depois do que concorreu aos Quadros Permanentes na classe de Fuzileiros.

Composição do DFE 21:

Comandantes:

1TEN FZE Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva, 7.º CEORN, ingressou nos QP's

1TEN FZE José Manuel de Matos Moniz, 8.º CEORN, ingressou nos QP's

Oficiais Imediatos:

1TEN José Maria da Silva Horta, QP's

2TEN Luis António Proença Maia, QP's

2TEN FZE RN António José Rodrigues da Hora, 11.º CFORN, ingressou nos QP’s

2TEN FZE RN Manuel Maria Peralta de Castro Centeno, 19.º CFORN, ingressou nos QP’s

Oficiais:

2TEN FZE José Carlos Freire Falcão Lucas, 13.º CFORN

2TEN FZE RN Eduardo Madureira da Veiga Rica, 14.º CFORN [, ferido em serviço em evacuado]

2TEN FZE Manuel José Fernandes Guerra, 15.º CFORN

2TEN FZE RN Jaime Manuel Gamboa de Melo Cabral, 16.º CFORN

2TEN FZE RN Francisco Luis Saraiva de Vasconcelos, 16.º CFORN

2TEN FZE RN João Frederico Saldanha Carvalho e Meneses, 19.º CFORN [, ferido em combate e evacuado; João Meneses passa a ser hoje membro da nossa Tabanca Grande]

2TEN FZE RN Cândido Alexandre Lucas, 20.º CFORN

2TEN FZE RN José Joaquim Caldeira Marques Monteiro de Macedo, 21.º CFORN [Zeca Macedo: nasceu na Praia, Santiago, Cabo Verde, em 1951; vive nos Estados Unidos, onde é advogado; é membro da nossa Tabanca Grande,foto à direita, quando jovem cadete da Escola Naval].


O João tem um grande orgulho de ter servido o país como fuzileiro, e uma especial preocupação pela sorte dos seus camaradas guineenses do DFE 21. Eis um excerto do seu último mail:

(...) Não deixarei de procurar saber se ainda tenho homens vivos e se ainda poderei fazer qualquer coisa por eles, pois aquela terra está ainda muito longe da calma e estabilidade, com sucessivos golpes. Infelizmente está-lhes na massa do sangue, tanto pela guerras étnicas, como pelo dinheiro fácil - a droga, como também por ganâncias pessoais. Mas isso são problemas que eles têm que resolver e amadurecer (infelizmente à custa de sangue), mas há histórias giras para contar. Vivências, pura e simplesmente.E é sobre isso que gostaria de contar mais.

Quanto ao nome que prefiro, a malta dos Fuzos conhecem-me por Meneses.  Mais acima era o Tenente Meneses, Gostaria no entanto de ter antes do nome próprio o FZE do DFE21, que me honra, dá peneiras, Eh Eh Eh!,  e tenho muito orgulho. Foi assim que servi Portugal quando era activo nas Forças Armadas. Meu Bisavô, meu Avô também morreu em Angola, etc. Família,  sabes. (...)


2. Comentário dos editores:

João, já te desejámos as boas vindas, esperamos que se te sintas confortável entre esta maltosa toda, filha das mais diversas mães (e pais), a grande maioria da qual serviu na Guiné, como tu.  Temos uma representação da Marinha, pequena, discreta mas condigna. (Vocês, embora bons, também não eram assim tantos...).

Agora é preciso que contes as histórias do teu tempo. E que tragas também mais camaradas, nomeadamente fuzileiros (**). O nosso blogue é  um como um animal  carnívoro que precisa de muitos milhares de calorias por dia para se alimentar... Não, não somos predadores: somos apenas um espaço de partilha de memórias e de afetos, e estamos todos aqui, numa boa, sem querer fazer ajustes contas com ninguém, nem sequer com o passado. Achamos, por outro lado, que blogar faz bem à saúde (mental). Também podes aparecer no Facebook, na nossa página Tabanca Grande...


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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10632: Questões politicamente (in)correctas (42): As trocas de comissões, por dinheiro, durante as guerras coloniais (Zeca Macedo, EUA, ex-2º ten, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

1. Do nosso camarada Zeca Macedo, que vive nos EUA, e que foi 2º tenente fuzileiro especial, DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74)

Luís:

Aquando das minhas últimas férias em Portugal [, em outubro passado,]  tive a oportunidade de falar com um ex-soldado que esteve em Cacine durante a guerra. Disse-me ele que "fui parar à Guiné por troca." 

Explicou-me que por ser de famílias pobres aceitou ir para a Guiné, por troca com um soldado que tinha sido para lá mobilizado. Disse-me que na altura era uma quantia boa, mas não me quis dizer quanto.

Passados mais de 40 anos "continua cheio de raiva" por tal ter sido permitido e que a chance de ser morto poderia ser  vendida. 

Embora tivesse ouvido falar de tal "sistema",  nunca conheci nenhum dos "trocados", pois na Marinha tal prática não existia. 

Procurei no nosso blogue, mas não encontrei nenhuma referência às trocas por dinheiro. Será que algum tabanqueiro passou por tal situação e gostaria de o abordar aqui no blogue?

Um abraço amigo,
José J. Macedo, DFE 21

Guine 73-74 
_____________

Jose J. Macedo, Esquire
Law Offices of Jose J. Macedo
392 Cambridge Street
Cambridge, MA 02141
Tel. (617) 354-1115
Fax (617) 354-9955
__________________

Nota do editor:

Último poste da série > 5 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10620: Questões politicamente (in)correctas (41): A origem da palavra Turra (António Rosinha)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7711: Facebook...ando (10): Zeca Macedo, ex-Tenente Fuzileiro Especial, RN (DFE 21, Cacheu, 1973/74)




Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Porta de armas das instalações do DFE 21 > Brasão da unidade, cujo lema era "A Pátria Honrai que a Pátria Vos Contempla"



Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > Tomando banho do Rio Cacheu com o Ten Manuel de Castro Centeno, imediato, de barbas

~
Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > O Ten Fuzileiro Especial, Zeca Macedo, de moto, no cais da vila de Cacheu



O nosso camarada Zeca Macedo, hoje, nos EUA. para onde imigou em 1977, onde criou uma empresa de advocacia.

Fotos: Zeca Macedo (Facebook, 2 de Novembro de 2010) (Com a devida vénia...)



Vive nos Estados Unidos desde 1977.

Trabalhou, como advogado, na empresa Law Offices of Jose J. Macedo (Principal). 

Estudou Immigration em New England Law (Turma de 1989). Juris Doctor [JD]. 

Vive em Medford, MA.

É casado, católico, liberal, sportinguista.  Adora cachupa  [, foto à esquerda,]  e tem manga de amigos.

Sabe inglês, português, crioulo cabo-verdiano, castelhano e e francês,

Nasceu em Curral Grande, Ilha do Fogo, Cabo Verde.

Foi tenente fuzileiro especial (
DFE 21, Cacheu, 1973/74). (*)


Recorde-se que o DFE 21 foi o primeiro destacamento de Fuzileiros Africanos criado na Guiné, sendo etnicamente heterogéneo (contrariamente ao seguinte, a ser formado, o DFE 22). De acordo com o sítio Reserva Naval, criado e mantido pelo nosso amigo Manuel Lema Santos (ex-1º Ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, LFG Orion, Guiné, 1966-1972) "para ingressar nos quadros de Fuzileiros Especiais Africanos do Comando de Defesa Marítima da Guiné foram seleccionados 150 dos 900 voluntários que se apresentaram para servir nas forças especiais na Marinha".


Ainda segundo a mesma fonte, "foi ocupado um barracão em Bolama que, com umas apressadas adaptações passou a servir simultaneamente de coberta, sala de aula, refeitório, etc. Baseada nos planos de curso em vigor na Escola de Fuzileiros foi ministrada uma instrução acelerada e, de certo modo, improvisada.

"Os oficiais e sargentos bem como alguns cabos e marinheiros eram metropolitanos, rendendo-se individualmente no final de cada comissão. A Escola de Formação de Fuzileiros então instalada passou a ser designada por 'Centro de Instrução'. Para comandar a nova Unidade foi nomeado o 1Ten Raul Eugénio Dias da Cunha e Silva…

Este Destacamentos de Fuzileiros Especiais, o DFE 21, viria a tornar-se uma das Unidades de maior protagonismo na Guiné, entre 1970 e 1974. De especial relevo e importância para a estratégia de guerra então prosseguida, assumiu projecção histórica com a participação na Operação Mar Verde " (...).


O Zeca Macedo, ex-2º Ten Reserva Naval,  é membro da nossa Tabanca Grande e está também na lista dos nossos amigos no Facebook. Desejamos-lhe, a ele e à família, muita saúde e longa vida. (**)

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA


(**) Último poste da série Facebook...ando > 29 de Janeiro de 2011Guiné 63/74 - P7693: Facebook...ando (9): Notícias do pessoal da CCAÇ 6, Bedanda, dos camaradas António Teixeira, Mário Bravo, Pires, Luís Nicolau, José Vermelho, Bastos, Pinto de Carvalho, Vasco Santos, Ayala Botto (1971/73), mas também do Hugo Moura Ferreira (1966/68), nosso camarigo da primeira hora

sábado, 21 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6878: Memória dos lugares (94): No DFE 21, em Cacheu, nunca existiu num posto da PIDE nem nunca nenhum agente da PIDE lá pôs os pés, pelo menos no meu tempo (Zeca Macedo)

1. Mensagem do nosso camarada Zeca Macedo, que foi segundo tenente  Fuzileiro Especial no DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), e que hoje é advogado nos EUA, para onde imigrou em 1977.

Data: 21 de Agosto de 2010 16:51
Assunto: Artigo do Inverno-Episódio insólito em São Domingos (*)

Luís: Tentei enviar esta mensagem usando os comentários no fim do artigo; infelizmente, não o consegui fazer. Aqui vai.
Acabei de ler a estória do António Inverno sobre o indivíduo que tinha algo para contar ao agente da Pide. A determinda altura o Inverno diz que "o posto da PIDE mais próximo funcionava no destacamento de fuzileiros do Cacheu, situado na margem sul do rio com o mesmo nome, ou seja do lado oposto onde nos encontrávamos."

O destacamento de fuzileiro que se encontrava estacionado no Cacheu era o meu DFE 21 e lá não "funcionava" nenhum posto da PIDE. Havia sim, em Vila Cacheu, um posto da Pide, com sede próxima, perto dos Correios e da casa do Administrador. E mais, o agente nunca pôs os pés nas instalações do DFE 21 enquanto lá estive.

Um abraço amigo

Jose J. Macedo,
Segundo Tenente FZ
DFE21
_______________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 21 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6877: Estórias avulsas (92): Episódio insólito (António Inverno)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5397: Blogues da nossa blogosfera (28): Guerra do Ultramar, um site com informação útil (José Macedo, EUA)

1.  Do nosso camarada Zeca Macedo, que foi 2.º Ten do  Destacamento de Fuzileiros Especiais, DFE 21 (Cacheu, Bolama e Cacine, 1973/74) e vive hoje nos EUA, desde 1977. É advogado (**).

Luis:

Recebi o e-mail que te envio. Faz dele o que bem entenderes. Alguns dos sites pode ter interesse para os camaradas da tabanca.


Um abraço amigo
José Macedo
Segundo tenente DFE 21
Guine 73-74


2. De interesse para os Veteranos do Ultramar e Famílias

[ Fonte:  Portal Guerra do Ultramar: Angola, Guiné e Moçambique, que é uma verdadeira enciclopédia sobre a guerra colonial, criado em 30/3/2006, e  mantido com enorme entusiasmo pelo nosso camarada António Pires, naturald e Vendas Novas, ex-Fur Mil Mec Auto, CSM/QG, Moçambique, 1971/73. O portal já ultrapassou o meio milhão de páginas visitadas. Grato ao Zeca Macedo pela lembrança. Votos de boa saúde e bom Natal. L.G.] (**) (***)

Clicando em cada uma das frases sublinhadas, acede-se directamente aos respectivos temas:

> Listagens de Militares que Morreram ao Serviço de Portugal 1954-1975 http://ultramar.terraweb.biz/index_MortosGuerraUltramar.htm

> O 10 de Junho dos Combatentes http://ultramar.terraweb.biz/Celebracoesdo10JUN/Celebracoes_EncontrosNacionais_LX.htm

> Memoriais Concelhios
http://ultramar.terraweb.biz/Memoriais.htm

> Memorial Nacional, no Forte do Bom Sucesso (Santa Maria de Belém, Lisboa) http://ultramar.terraweb.biz/MonumentoNacionalCombatentesUltramar_Lapides.htm

> Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar http://ultramar.terraweb.biz/MonumentoNacionalCombatentesUltramar.htm
> Condecorações atribuídas por Feitos em Campanha (1961-75) http://ultramar.terraweb.biz/condecoracoes.htm

> Contagem do Tempo de Serviço Militar
http://ultramar.terraweb.biz/ContagemdoTempo_SM.htm 

> Stress ou Deficiência Física Adquirida em Campanha http://ultramar.terraweb.biz/Stress_ou_DeficienciaFisica_adq_Campanha.htm

> Veteranos ex-Prisioneiros de Guerra
http://ultramar.terraweb.biz/AntigosCombatentes_PGuerra.htm

> Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) http://ultramar.terraweb.biz/06livros_estadomaiordoexercito_publicacoes_livros.htm

> Bibliografia relacionada com a Guerra do Ultramar
http://ultramar.terraweb.biz/06livros.htm

> Mapas de todas as ex-Províncias Ultramarinas
 http://ultramar.terraweb.biz/index_mapas_ultramar.htm
 ___________
 
Nota de L.G.:
 
(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA
 
(**)  Vd. poste de 28 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3535: Blogues da Nossa Blogosfera (8): Portal Guerra do Ultramar, do António Pires, de novo em velocidade de cruzeiro

(***) Último poste desta série > 14 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5268: Blogues da Nossa Blogosfera (27): Andorinha em Canchungo (António Nababo)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4974: Agenda Cultural (27): "A Marinha em África - Angola, Guiné e Moçambique - Campanhas Fluviais 1961/74", John P. Cann (José Macedo)


O nosso Camarada José Macedo, ex-Tenente Fuzileiro Especial, vive nos Estados Unidos desde 1977 e enviou-nos o seguinte convite em 17 de Setembro de 2009:


Camaradas,


Infelizmente, por estar nos E.U., não poderei atender ao lançamento do livro, contudo vou tentar obter uma cópia que deve ter muito interesse, para os membros da tabanca, onde infelizmente temos poucos marinheiros.


Talvez o Pedro Lauret possa ir ao lançamento.

Um abraço amigo,
José J. Macedo
2º Ten FZE DFE 21

CONVITE



A Academia de Marinha e a Editora Prefácio têm a honra de convidar V. Exa. a assistir ao lançamento da obra "A Marinha em África - Angola, Guiné e Moçambique - Campanhas Fluviais 1961-1974", da autoria do Professor John P. Cann.

O evento realiza-se no próximo dia 22 de Setembro de 2009 (terça-feira), pelas1730 horas, na Academia de Marinha, na Rua do Arsenal, em Lisboa.
A sessão será presidida pelo Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada.

Com os meus cumprimentos,
O SECRETÁRIO-GERAL
José H. F. Cyrne de Castro, CMG

ACADEMIA DE MARINHA
Edifício da Marinha
Rua do Arsenal
1100-038 Lisboa
Tels.: 213 255 493/ 213 255 496
Fax: 213 427 783


___________

Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

17 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4967: Agenda Cultural (26): Museu Militar do Porto (Jorge Teixeira/Portojo)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4577: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (13): Encontro de dois atabancados em terras da América (José da Câmara)

José Macedo, natural de Cabo Verde, ex-2.º Ten FZE do DFE 21, Guiné, 1973/74 (*)

José da Câmara, natural das Lajes das Flores, Açores, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73 (**)


1. Mensagem de José da Câmara que vive nos Estados Unidos da América, com data de 16 de Junho de 2009:

Assunto: Uma surpresa do tamanho da Tabanca

Caro Carlos,

Junto encontrarás uma pequena surpresa. Mesmo que ela possa não ter interesse para o blogue, não quero deixar de partilhá-la contigo. Conheci no José Macedo um homem amável e de trato fino, acérrimo defensor de uma cultura que foi assimilando, a americana, e sem perder as suas raízes luso-cabo-verdeanas. Foi um encontro agradável aquele que tive com o José Macedo e a esposa.

Com um grande abraço e votos de muita saúde,
José Câmara


2. Mensagem de resposta enviada no mesmo dia ao nosso camarada:

Caro José Câmara
O que o nosso Blogue pode fazer!!! Juntar compatriotas na diáspora!!! Muito bonito.

Claro que vamos publicar. Muito, mas mesmo muito obrigado por nos teres dado nota do vosso encontro.

Um abraço
Vinhal


3. Numa manhã de domingo

- José, tens uma chamada telefónica. Não sei quem é. Foi assim que a minha esposa me alertou...

Raios, quem seria que, naquela manhã de domingo, precisava de falar comigo. Logo o saberia.

- Estou, quem fala?

- Olá José Câmara. Eu sou o José Macedo. Vi o teu nome no blogue do Luís Graça. Depois procurei pelo teu número de telefone e aqui estou.

Se uma bomba - que não explodisse - me tivesse caído aos pés, o efeito surpresa não teria sido maior.

Aqui, em terras da estranja, se confirmava que a Tabanca Grande é, afinal, uma grande tabanca. É tão grande como o mundo por onde nos encontramos espalhados.

Como não podia deixar ser, falamos sobre os assuntos do blogue, das nossas experiências, dos sítios por onde andámos em terras da Guiné. E, claro, um pouco sobre a nossa vida enquanto emigrantes. Ficamo-nos de encontrar aqui, em Stoughton, até porque o José Macedo tem familiares nesta área.

Mas surpresa não ficaria por aqui.

A convite de um casal amigo, fomos, eu e a minha esposa, jantar ao Sport Club Faialense, com sede em Cambridge, MA. Foi na sexta-feira dia 22 de Maio. Nessa noite o ex-Tenente do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21, apareceu naquela colectividade acompanhado da sua, muito simpática, esposa e um casal amigo.

Um encontro de tertulianos em terras da América

Os nossos amigos acabaram por se interessar pela nossa história e pela forma como o encontro se proporcionou. Para nós, ilhéus de arquipélagos diferentes, Açores e Cabo Verde, foi um encontro diferente de tertulianos. À nossa maneira: simples e simpático.

Na despedida ficou um abraço que só nós, aqueles que combateram na Guiné, são capazes de compreender.

Um abraço para todos,
José Câmara


4. Comentário de CV:

Caros camaradas José Câmara e José Macedo, não posso avaliar a sensação que tiveram quando se encontraram. Felizmente (?) nunca tive necessidade de sair do meu cantinho, excepção do tempo de tropa, pelo que só pessoas nas vossas condições poderão avaliar a situação.

No entanto, ao ler o relato do José da Câmara, quase saltava uma lagrimazita traiçoeira, daquelas que deixam um homem mal.

Se para vós dois foi um momento mágico, para nós, editores/tertulianos, com alguma responsabilidade no blogue, foi um bálsamo para contunuarmos o nosso trabalho de retaguarda, visível só no que aos leitores se depara, os vossos e nossos escritos. Que orgulho sentimos por chegarmos aos portugueses e amigos lusófonos que se encontram em todas as partes do mundo.

Pode-se dizer com orgulho que o Mundo é pequeno, mas o nosso Blogue é... enorme.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

(**) Vd. poste de 15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4350: Tabanca Grande (141): José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Guiné, 1971/73)

Vd. último poste da série de 12 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4514: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (12): O embaixador Manuel Amante, com saudades do Geba, fala da onça e do irã-cego

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4341: Questões politicamente (in)correctas (38): Abuso e abuso do termo 'nharro' (Zeca Macedo / Henrique Matos)

1. Mensagem do nosso camarada Zeca Macedo (ou Zeca Macedo, para os amigos), um cabo verdiano da diáspora, que foi Fuzileiro Especial no DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), e que hoje é advogado nos EUA, para onde imigrou em 1977 (*).

Virgínio:

Li num Post de hoje, 12 de Maio, e não quis acreditar.: "Estando Mato Cão na berra com a última estória do Jorge (sempre surpeendente) e do Mexia Alves sobre o Bu...rako onde esteve com os nharros do 52 que eu ensinei" (...) (**)

Nharros do 52? Estará ele a referir-se aos Caçadores Nativos, chamando-os de Nharros, 43 anos depois? Ser+a que chamará de Nharro, na cara dele, ao Marcelino da Mata?

Quando alguém critica o Cor Coutinho e Lima ou chama de Bandos os soldados (não foi bem assim), cai o Carmo e a Trindade; contudo, quando se chama de Nharro (pior dos piores pejorativos) aos soldados nativos, ninguém (a não ser eu?) protesta.

Foi só um desabafo de um Fuzileiro que esteve num destacamento de Fuzileiros Especiais Africanos.

José J. Macedo, Segundo Tenente
DFE 21-Guiné

Jose J. Macedo, Esquire
Law Offices of Jose J. Macedo
392 Cambridge Street
Cambridge, MA 02141
Tel. (617) 354-1115
Fax (617) 354-9955


Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio, de Mário Beja Santos > O primeiro comandante do Pel Caç Nat 52 (Porto Gole e Enxalé, 1966/68), Henrique Matos, com o Queta Baldé, seu antigo soldado. O Henrique, açoriano, vive em Olhão e é, como se costuma dizer entre nós, um verdadeiro camarigo. Não apenas camarada, não apenas amigo, um camarigo, um tabanqueiro de cinco estrelas. (Atenção que tabanqueiro quer dizer "membro da nossa Tabanca Grande", do nosso blogue; em Bissau, pode ter hoje um conotação pejorativa, quando o termo é utilizado pela comunicação social ou pela elite política: habitante de uma tabanca, rural, campónio, saloio)...

Foto: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados.


2. Resposta na volta do correio, por parte do editor L.G.:

Meu caro Zeca Macedo:

Eu conheço bem o Henrique Matos, comandou o 1º Pel Caç Nat 52, composto por gente valorosa, guineenses, fulas e outros (na zona de Porto Gole, Enxalé, a norte do Rio Geba)... Ele usa a expressão nharros, sem qualquer conotação racista, antes pelo contrário, com carinho... Tal como eu a uso, queridos nharros, referindo-me a homens que foram/são meus camaradas e amigos... Repara: tal como usamos o termo tugas (que também é/era depreciativo)... Sem complexos!

Admito que possa haver leituras como a tua... Em termos do processo de comunicação, temos aqui a dupla questão da denotação/conotação... Para mim e para o Henrique Matos, o termo tem outra conotação: usamos a palavra com afecto, por muito estranho que te pareça...

Eu sei que vives no States, no país do politicamente correcto, e que este termo (nharro) aí seria um insulto... No nosso blogue, num contexto descomplexado, pós-pós-colonial, parece-nos inofensivo.... Repara que temos para os antigos soldados guineenses que lutaram contra o PAIGC, ao nosso lado, uma série que se chama Os Nossos Camaradas Guineenses... Acho que isto diz tudo...

Resumindo: Seria bom que o termo viesse em itálico, ou com aspas, ou que não fosse sequer usado... Obrigado por estares atento. É por estas e por outras que estamos a precisar de um provedor do leitor do blogue... Best regards. Luís


3. Novo comentário do José Macedo:

Obrigado pela resposta. Sei que quando dizes Nharro não é racismo, contudo, o importante não é o que pensa quem o diz, mas sim que o recebe. Acho que nos EU não é que sejamos politicamente corretos (sem o "c" devido a politicamente correta reforma ortográfica).

Penso sim que se trata de um processo evolutivo. Chegou-se a esse ponto de sensibilidade depois de uma longa luta pelos direitos civis dos negros. É o que está a contecer agora com os casamentos entre gays e entre lesbians. Não aconteceu de repente. Existe todo um passado de luta. Em Portugal, infelizmente, tal (ainda) não aconteceu.Continua a ser um pais de brandos costumes.

Um abraço amigo,

Zeca Macedo

4. Comentário, politicamente correcto (***), do nosso querido Henrique Matos:

Caro Luís:

Fiquei como se costuma dizer de boca aberta com o comentário ao meu poste. Para quem me conhece só faltava mesmo poder pensar-se que usei o termo nharros com qualquer intuito racista. Enfim... mas a tua defesa foi óptima.

Abraço
Henrique Matos
________

Notas de L.G.

(*) Vd. último poste deste nosso camarada > 10 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4009: Blogoterapia (96): Não chorarei a morte do Nino (Zeca Macedo, ex - 2º Ten DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

Vd. também:

13 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

2 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3014: Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre (José Macedo, EUA)

(**) Vd. poste de 12 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4328: Recordações do 1º Comandante do Pel Caç Nat 52 (Henrique Matos) (6): Atolado no Mato Cão, com a CCAÇ 1439, a madeirense do Enxalé

(***) Vd. último poste desta série que, ultimamente, não tem sido muito usada... > 4 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2237: Questões politicamente (in)correctas (37): RTP: As baixas da guerra (Paulo Raposo)

terça-feira, 10 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4009: Blogoterapia (96): Não chorarei a morte do Nino (Zeca Macedo, ex - 2º Ten DFE 21, Cacine, 1973/74)

1. Mensagem do nosso camarada José Macedo (ou Zeca Macedo), um cabo verdiano da diáspora, que foi FZE [Fuzileiro Especial] no DFE 21 na Guiné em 1973/74, e que hoje é advodado nos EUA, para onde imigrou em 1977 (*). 

Caro Luis: 
Como sabes, servi no DFE 21-Fuzileiros Africanos- na Guiné e muitos dos "meus" fuzileiros foram assassinados por ordem do Nino Vieira. 

Como deves calcular, não chorarei pelo Nino. Mando-te um link de um artigo publicado no diário on line caboverdeano, A Semana, com entrevistas a dois históricos da luta de libertação nacional [, Osvaldo Lopes da Silva e Júlio Carvalho ou Julinho]. (**) 

Um abraço amigo, 
José J. Macedo 
(Ex) Segundo Tenente FZE DFE 21

- Jose J. Macedo, Esquire 
Law Offices of Jose J. Macedo 
392 Cambridge Street 
Cambridge, MA 02141 
Tel. (617) 354-1115 
Fax (617) 354-9955 
_____________ 

Nota de L.G.: 




O falecido presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, que hoje vai a enterrar, não deixa muitas saudades entre os seus antigos companheiros de armas de Cabo Verde. “Era uma figura sinistra, embora um grande combatente”, diz dele o comandante Osvaldo (...). 


Silvino da Luz, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde e mais recentemente ex-embaixador da Cidade da Praia em Luanda, é uma das raras personalidades cabo-verdianas e estrangeiras a fazer-se representar no funeral de João Bernardo Vieira que hoje tem (...)

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3014: Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre (José Macedo, EUA)


1. Mensagem de 13 de Fevereiro último, do nosso camarada José Macedo (ou Zeca Macedo), um cabo-verdiano da diáspora, que foi FZE [Fuzileiro Especial] no DFE 21 na Guiné em 1973/74, e que hoje é advodado nos States, para onde imigrou em 1977 (1). Pelo atraso na divulgação da mensagem - devida a falha técnica (2)... - pedimos desculpa ao nosso camarada e ao restante pessoal da Tabanca Grande.

Luis:

Obrigado por me teres apresentado oficialmente na Tabanca Grande (1). Só tenho um reparo a fazer: chamaste-me, Ex-Segundo Tenente Fuzileiro. Não há Ex-Fuzileiros. Como deves saber, Fuzileiro Uma Vez, Fuzileiro Para Sempre.

Falei hoje com o Coronel Raul Folques, que conheci na Guiné e que foi comandante de uma Companhia de Comandos Africanos, em Brá. Matámos as saudades sobre os tempos passados na Guiné e algumas operacões que fizeram na Cobiana, que ficava na área de Cacheu, Frente Cantchungo-Biambe, que era onde estive estacionado com o DFE 21.

Um abraço amigo

Zeca Macedo (2)

2. Mensagem anterior, de 25 de Janeiro

Luis:

Graças à Tabanca Grande, descobri o e-mail dele, através de uma correspondência com o Comandante Pedro Lauret, falei com o Comandante Alves de Jesus (GNR) que comandou o DFE 4 na Guiné (na altura primeiro tenente) e que esteve em Guidaje em 73, na mesma altura que estive no DFE 21 (Fuzileiros Africanos).

Acho que mencionei ter estado na Guiné de 72-74. Puro engano; estive lá de 73-74. Depois de ter lido o artigo sobre o MNF e a Cilinha Supico Pinto, desenterrei uma foto tirada aquando da visita dela ao DFE21, em Vila Cacheu. Assim que tiver uma oportunidade elá sera enviada para que lhe dês o encaminhamento que julgares apropriado.

Um abraço amigo

José J. Macedo
DFE 21, Guiné
73-74
__________

Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 13 de Fevereiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

(2) O Zeca mandou-nos também uma foto de um "Cabo FZE do DFE21, expert no manejo da MG 42 e mecânico extraordinário dos motores Mercury que usávamos nos Zebros em que fazíamos os patrulhamentos do Rio Cacheu e seus afluentes"...

Por razões que ainda não descortinámos, essa foto desapareceu dos nossos ficheiros. Ficamos a aguardar um 2º envio, se o Zeca Macedo achar que vale a pena...

Há dias publicámos a foto de antigo FZE, guineense, do DFE 21, hoje régulo de Cananima (que fica frente a Cacine): vd poste de 29 de Junho de 2008 >
Guiné 63/74 - P2994: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (17): Cacine, a voz dos abandonados (I)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Guiné 63/74 - P2532: Tabanca Grande (56): José J. Macedo, ex-2º tenente fuzileiro especial, natural de Cabo Verde, imigrante nos EUA

José J. Macedo, quando era cadete da Escola Naval, em Portugal... Foi FZE (fuzileiro especial na Guiné, 1973/74, DFE 21)
  O José Macedo, natural de Cabo Verde, ex-tenente fuzileiro especial, vive nos Estados Unidos desde 1977. É advogado, segundo informação telefónica que deu ao nosso co-editor Virgínio Briote. 

Fotos: José Macedo (2008). Direitos reservados 


1. Em 19 de Janeiro de 2008, recebemos uma mensagem de José J. Macedo, natural de Cabo Verde, e que vive nos Estados Unidos, desde 1977. Esteve na Guiné, em 1973/74 "como oficial do Destacamento de Fuzileiros Especiais 21 (DFE21) (...), o primeiro Destacamento de Fuzileiros Especiais africano e que tomou parte, entre outras, na célebre Operação Mar Verde de que muito se fala no blogue". 

O José J. Macedo esteve , com o seu destacamento, em Vila Cacheu, Bolama e em Cacine "para as evacuações que foram feitas aos aquartelamentos do Sul". Faz questão de dizer que , "como Cabo-verdiano, nado e criado, tive e continuo a ter uma perspectiva diferente dos bloguistas do seu blogue sobre o que se passou na Guiné durante a Guerra Colonial". 

Define-se como "um leitor diário do blogue e muitas das crónicas me fazem viajar no tempo a Susana, São Domingos, Canchungo e outros locais da Guiné". Tem, no entanto, reservas em participar no blogue devido ao tipo de linguagem que muitas vezes usaríamos. O Macedo acha-a, por vezes, "racista", com uso e abuso de "expressões de caserna" que ele não aprecia nem aprova. "Parece que há membros da tertuúlia que têm prazer especial em usar nharro, preto pu** e outros termos pejorativos quando se referem aos Guineenses , inclusive aqueles que estiveram ao lado de Portugal". 

Em contrapartida, das "poucas vezes que li intervenções que Guineenses e/ou Cabo-verdianos que participaram na luta de libertação nacional pelo PAIGC, nunca vi nenhuma referência pejorativa em relação aos soldados Portugueses que lutaram na Guiné". 

Em suma, para o nosso visitante José Macedo e antigo camarada de armas não se trata de ser politicamente correcto , como está na moda dizer, mas tão apenas de "não chamar aos outros o que não gostaramos que nos chamassem a nós". Manda-nos "um abraço amigo". 


2. Em 21 de Janeiro, voltou a mandar-me um mail, que passo a transcrever (em parte): 

Luis: 
Espero que ja tenha recebido o meu e-mail com a minha apreciação do blogue. Estive a ler as normas de conduta e apenas gostaria de fazer um reparo: a norma (ix) garante a todos os tertulianos a "liberdade de expressão", razão porque, na minha opinião, aparecem expressões como as que mencionei no meu e-mail anterior. Contudo, parece-me que o Artigo (ix) está em colisão com o (iv), "Carinho e Amizade Pelos Nossos Dois Povos" e o (v), "Respeito Pelo Inimigo de Ontem." Acho que quando a Liberdade de Expressão serve para negar "Carinho, Amizade e Respeito", a mesma deveria ser cerceada. O exemplo típico para os constitucionalistas é que ninguém tem a liberdade de gritar FOGO num cinema cheio de espectadores (...). 


3. Na qualidade de fundador e editor do blogue, mandei-lhe a seguinte mensagem, em 22 de Janeiro: 

Meu caro José Macedo: 
Antes de mais, obrigado pela sua crítica ao nosso blogue. Vou, naturalmente, publicá-la. O seu ponto de vista merece-me todo o apreço e consideração que é devida a um antigo camarada de armas, e para mais cabo-verdiano, terra que amo desde pequenino, e onde tenho bons amigos. Tenho pena que não queira entrar para esta Tabanca Grande, e partilhar connosco as suas memórias dos fuzileiros e das suas emoções da Guiné... 

Farei, eu ou os meus co-editores, algumas apreciações às suas críticas, naquilo em que elas nos parecem injustas: por exemplo, nunca fizemos aqui a apologia do racismo ou publicámos relatos de violação de crianças ou adolescentes... São questões factuais: se achar que sim, diga-me onde e quando... Isto tem que ser dito, e com veemência. Somos gente com valores, aliás basta ver a nossa preocupação com as questões éticas... 

O seu reparo sobre eventuais contradições entre as nossas normas de conduta e a nossa prática editorial tem razão de ser... Mas isso acontece com tudo na vida... Como sabe, há várias questões fracturantes entre nós, amigos e camaradas da Guiné: por exemplo, os desertores, os fuzilamentos dos nossos camaradas guineenses, o 25 de Abril... Mas até agora temos sabido viver com as nossas diferenças... 

Quanto à linguagem de caserna, bom... O que é que eu posso dizer-lhe ? Não somos um blogue de meninos de coro... Mas prometo estar vigilante ao uso e abuso de expressões que eventualmente possam ter conotações racistas e sexistas... Felizmente não tenho nem formação nem mentalidade de censor...Naturalmente que tenho que assumir a minha responsabilidade como fundador e editor deste blogue (que é colectivo e onde coexistem muitas sensibilidades e idiossincrasias)...Irei procurar manter a coerência com as nossas normas de conduta... 

Obrigado por nos ler e criticar. Mas apareça mais vezes, que hoje já não temos o Atlântico a separar-nos. E, claro, fica sempre de pé o nosso convite para franquear o pórtico da nossa Tabanca Grande. 

Um Alfa Bravo. 
Luís Graça 


4. O nosso co-editor Virgínio Briote, que foi Alferes Comando da 1ª geração (Guiné, Brá, 1965/66), superior hierárquico do Justo e do Marcelino da Mata, entre outros, mandou-me a seguinte apreciação: 

Estou surpreendido com a leitura que o José Macedo faz. Não me lembro de ler as expressões com sentido pejorativo. A preocupação com o políticamente correcto, a nós, não se aplica porque não sentimos necessidade de pensar nesses termos. Falo por mim, mas não só, falo pelo que tenho lido até à data. (...) 

Puta é conversa de caserna e fora da caserna, é uma expressão menos corrente aqui que nos USA. É fuck para aqui fuck para acolá, presidentes americanos incluídos. Nharros? Só se for. 

E para uma observação isenta, é necessário não excluir os conhecimentos da língua de quem lê, os hábitos de leitura e tantas outras coisas. É assim que obras louvadas por muitos são apelidadas de pastelões por muitos outros também. 

Mas, esta não esperava. 

Um abraço, 
vb 


5. Resposta do José Macedo, com data de 21 de Janero: 

Luis: 
Obrigado pela sua resposta. Tenho seguido as vossas iniciativas e a divulgação da história de todos nos que passámos pela Guiné-Bissau. Através do blogue recordo os momentos (bons e maus) que por lá passei. Como falo o crioulo de Cabo Verde, muito semelhante ao da Guiné-Bissau, tive a sorte de poder compartilhar do dia a dia dos fuzileiros do meu destacamento, nas minhas viagens a São Domingos e São José no Chão Felupe e com os Manjagos de Canchungo. 

Também convivi com os Comandos de Brá, nomeadamente o Justo, o Folques, o Sicri Vieira e muitos outros. Com o Zicky Saiegh convivi de perto, pois era afilhado do meu tio Agnelo Macedo, que foi chefe de posto em Catió e esteve preso na Ilha das Galinhas, por alegadamente ter tido uma reunião em casa com o Aristides Pereira e outros quadros do PAIGC. 

Quando vou de férias a Portugal, um dos highlights da minha visita é encontrar-me nos Restauradores com o Sino Uie Cambe e o Saco Sano, fuzileiros do DFE 21, especialistas no MG-42 e na bazuca respectivamente, que se deliciam em contar e recontar as peripécias da Operacao Mar Verde e a veneração que têm pelo Comandante Rebordão de Brito. Também me contam o destino triste (fuzilamento) de alguns elementos do 21. 

Um abraço amigo 
Jose J. Macedo 


6. Novo mail do José Macedo: 

Luís: 
Obrigado pela sua resposta. Deve ter havido um mal entendido sobre ser apologista de atitudes racistas ou sexistas. Houve sim, não me lembro bem a data, em que um dos camaradas escreveu um texto a rondar o racismo e o o Luís disse que "sabia que ele não era racista" ou algo parecido. 

Se calhar por ser imigrante e viver numa sociedade multicultural, sou mais sensível a certas abordagens do blogue. Tambem eu sofri perdas de amigos e camaradas africanos do meu destacamento que foram fuzilados na Guiné. Sei que o blogue não faz , ou pelo menos tenta não fazer, juízo de valores; contudo, idolatrar (como alguns o fazem) o Marcelino da Mata... Please

Um abraço amigo, 
José J. Macedo. 


7. Zé Macedo: 

Estamos de acordo em relação ao Marcelino da Mata (...). Não o conheço sequer pessoalmente. Mas não posso impedir que haja pessoas, no nosso blogue, que com ele conviveram na Guiné e que escrevam sobre ele (...). 

Peço-lhe que, ao analisar o nosso blogue, veja a floresta e não apenas a árvore (centenas de pessoas que já cá escreveram, cerca de 2500 postes, meio milhão de visionamentos, vários milhares de fotos e outros documentos publicados, etc.), e sobretudo o reforço da amizade entre os nossos povos, o exorcismos dos nossos fantasmas, o direito à memória, etc....Você não tem muitos blogues deste tipo no mundo: infelizmente, os nossos amigos guineenses que combateram, tanto do nosso lado como do lado do PAIGC, não têm os mesmos meios (tecnológicos e outros) que nós temos... 

Mas, deixe-me que lhe diga, que temos incentivado e apoiado, através do nosso amigo Pepito e do seu/nosso Projecto Guileje, a preservação da memória dos antigos combatentes do PAIGC... Muito provavelmente, sem a nossa existência (colectiva, como blogue e como grupo) não seria possível a realização, no próximo mês de Março de 2008, do Simpósio Internacional: Guileje na Rota da Independência da Guiné-Bissau... (...) 

Gostaria de publicar, no nosso livro de visitas, alguns das suas observações e críticas em relação ao nosso blogue...Mas parte da nossa correspondência é privada... Já limámos algumas arestas, desfizemos alguns equívocos... Enfim, gostaria de o receber na nossa Tabanca Grande como um ex-camarada da Guiné e, porque não, como um amigo... Em suma, o que quer que eu publique (ou não) das suas mensagens anteriores ?... Não me interessa criar polémica (com os meus co-editores e com outros camaradas...) por questões de lana caprina... E quero que você entre pela porta grande... Pode ser ? Estou a fazer-lhe um convite. 

Um Alfa Bravo. 
Luís 


8. A resposta do nosso camarada não podia ser mais clara: 

Podes publicar a nossa comunicação. Acho que não será tão polémica como pensamos, pois como disse, ja limámos as arestas dos possíveis conflitos. (...) Publicar no blogue a nossa correspondência pode ser que ajude algum camarada a não usar a chamada conversa de caserna quando se refere a outros camaradas. 

Um abraco amigo, 
 Jose Macedo 


9. Nova mensagem a 5 de Fevereiro: 

Luis: (...) 
Depois de ter viajado ultimamente pelo blogue e com a próxima realização do Simposio de Guiledge, recordo-me que o meu destacamento, o DFE 21 de Fuzileiros Africanos, esteve em Cacine a montar segurança e a ajudar com a evacuação o para uma LDG de uma companhia do exército, na sua maioria soldados Açoreanos. 

Até me lembro de um triste episódio que aconteceu durante o transbordo em que um soldado, com armas e bagagens caiu ao rio e desapareceu. Como era noite, nada se pode fazer. Ele, que de certeza tinha sobrevivido ao infernos de Guiledge ou talvez do de Gadamael, para vir morrer nas margens do rio Cacine. 

Tambem gostaria de contactar alguém que tivesse estado na Companhia do Exército em Cacheu de 73-74. Se não me engano, o comandante era Capitão Rodrigues, de Aveiro. Também me lembro de ir a São Domingos, onde havia uma Companhia do Exército, a Suzana e São José, no Chão Felupe. Tinha formado uma equipe de futebol com miúdos do Cacheu e jogávamos contra os soldados. 

Gostaria que alguém que tivesse estado em Vila Cacheu, São Domingos ou Cantchungo (Teixeira Pinto), nessa altura, aparecesse no blogue

Um abraco amigo. 
José Macedo 
Tenente FZE DFE21-Guine 

PS - Mandei-lhe uma foto recente. Junto lhe envio uma dos meus tempos de cadete da Escola Naval. Se encontrar uma do meu tempo de fuzileiro, vou-lha enviar. 


10. Mensagem do editor do blogue, com data de 6 de Fevereiro: 

Obrigado, Zeca: 
Isto quer dizer que passarás a ser membro de pleno direito da nossa Tabanca Grande... E já agora, manda-nos uma estória (ou mais, as que quiseres) sobre o teu tempo de Guiné e sobre os teus fuzileiros... A actividade dos fuzileiros tem sido muito pouco abordada no nosso blogue... 
Fica bem. 

Aquele abraço. 
Luís