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sábado, 11 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14865: Os nossos seres, saberes e lazeres (105): Sou reformado a tempo inteiro, mas... nas horas vagas escrevo, pinto, aperfeiçoo o Inglês e sou secretário geral da Anetta – Associação Nacional das Empresas e Técnicos de Trabalhos em Altura (José Melo)

1. Conforme ficou dito no poste de apresentação(1) do nosso camarada José Melo (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, Có, Jolmete, Ponate, Bula e Binar, 1966/67), publicamos hoje a parte referente à sua faceta de escritor e artista plástico.

O que faço hoje?

Sou reformado a tempo inteiro, mas... nas horas vagas escrevo, pinto, aperfeiçoo o Inglês e sou secretário geral da Anetta – Associação Nacional das Empresas e Técnicos de Trabalhos em Altura.

Como escritor publiquei seis livros cuja leitura recomendo.
São eles:


Título - Um País de Floreanos 
Volume I - Sonhos de Emerenciana

Comentário:
Em Ponta Delgada, nos princípios dos anos 30, Guilherme trabalha afincadamente para ter uma vida desafogada e para conservar a sua liberdade de expressão. Num ambiente de miséria social e de forte contestação contra a repressão de um governo ditatorial, Guilherme, entre a amizade de um fantástico grupo de amigos e as preocupações com os familiares, encontra o seu verdadeiro e grande amor. Porém a inveja, a soberba e o orgulho rapidamente tecem a teia de intriga que os separará...

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Título - Um País de Floreanos 
Volume II (Romance) - Ver Santa Maria por um Canudo

Comentário:
Um convite para uma viagem aos Açores dos Princípios dos anos 30 do Séc. XX: as paisagens, a cultura, as festas, as ruas, os interiores e o exterior de uma arquitectura que se anima, as modas e a vida social, a electricidade no ar que precede a Guerra, numa trama amorosa invulgar. 

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Título - Um País de Floreanos 
Volume III (Romance) - As Bocas do Mundo

Comentário:
A escrita é mordaz, mas o autor consegue a proeza de a fazer oscilar entre o sério e o burlesco, numa história que é, toda ela, perpassada por pródigas e minuciosas descrições que, a par do enredo central, enriquecem este III Volume...

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Título - Registo de Viagem : Rota Moçambique e África do Sul (Relato de viagem, romance e crónica)

Comentário:
Este livro é um misto de relato de viagem, de romance e de crónica.
O relato de viagem mostra um ritmo alucinante numa sede de percorrer em poucos dias o maior número possível de lugares e de viver situações exóticas. O romance é bom. É a parte com mais brilho e que tempera os relatos de viagem.
As crónicas relatam factos perecíveis, verdades do dia que amanhã serão mentiras. Tais como os acontecimentos políticos vivem das aparências, são verdades temporárias que se desfazem porque o que parecia ser já não é.
Registo de Viagem: Rota de Moçambique e África do Sul, é um livro controverso tanto no campo político, económico, financeiro, banca, médias, etc., como no campo do seu valor literário intrínseco.

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Título - Sem Rumo e Sem Rima

Comentário:
Um hino à existência. Não aquela que, por vezes, parece ser colorida, quente, ensolarada...
Sem nada pedir em troca, o poeta doa a alma ao leitor.
É uma alma doida, que sofre. Mas que deseja ser entendida e acarinhada.
E poderá, assim, Rimar e encontrar o seu Rumo...

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Título - Antes que me esqueça

Comentário:
Os vinte e dois contos que a obra abarca, convidam à eterna descoberta com que José Jorge de Melo já habituou os leitores. Mesmo os mais incautos não poderão ficar indiferentes à escrita que (atrevidamente, apelidarei de pictórica), brota da pena, hoje já caída em desuso... Algumas das histórias, apesar de, naturalmente, menos longas do que outras, contêm pormenores que lembram minúcias de um estudo etnográfico. Revelam vantagens e contradições. A qualidade de vida de que se pode desfrutar numa terra pequena, choca com o problema de todos conhecerem tudo de todos, manancial soberbo para as coscuvilheiras. Há relatos de uma tal riqueza que só o ato de ouvir e de não preservar no cofre da escrita, equivalerá, por certo, não ao olho por olho, dente por dente como plasmado no conto Terreiro da Forca, mas a uma espécie de outro crime não menos grave: o da perda e o do esquecimento das tradições, dos usos, dos costumes, enfim, da vida noutras eras. Outros contos fazem refletir sobre a bondade, a mentira, o engano, o julgamento dos homens, de tal sorte que provocarão, em cada leitor, as mais variadas emoções. Quantos de nós não vivenciámos já situações análogas a uma das passagens do conto Bem Fazer mal haver? “Eu que te alimentei quando eras pequena e estavas adoentada. Isso é uma enorme ingratidão! Tu não tens coração”. Ler Antes que me esqueça é mergulhar num mundo de peripécias, onde se entrecruzam a memória e a voz de quem relata e a perícia e a elegância de quem escreve.

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No respeitante a Pintura

Tenho um “blog” denominado Atelier José Melo ou Atelier José Jorge de Melo (http://atelierjosejorgemelo.blogspot.pt/), que por falta de tempo está desatualizado, mas se estiver interessado no campo da pintura, poderá observar no “blog” alguns dos meus quadros. Para ficar ciente do meu tipo de pintura, envio duas fotos de quadros da minha autoria.


Presunção

Lago Lemont

José Melo
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Notas do editor

(1) Vd. poste de 4 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14834: Tabanca Grande (468): José Jorge de Melo, ex-Alf Mil da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Ponate, Bula e Minar, 1966/67)

Último poste da série de 8 de julho de 2015 > Guiné 63/74 - P14849: Os nossos seres, saberes e lazeres (104): Tomar à la minuta (7) (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14506: Agenda cultural (390): Na apresentação da obra “O Outro Lado da Guerra Colonial”, da jornalista Dora Alexandre (José Saúde)


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.
Na apresentação da obra “O Outro Lado da Guerra Colonial”, da jornalista Dora Alexandre

Realidades de gerações que cruzaram o palco da guerra 


Joaquim Furtado, um jornalista que honradamente tem trazido à estampa comentários sobre a guerra do antigo Ultramar, foi a pessoa que Dora Alexandre elegeu para a apresentação do seu livro “O Outro Lado da Guerra Colonial”, um evento que ocorreu no pretérito 21 de abril na loja FNAC no Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

A sua narrativa, simples e efusiva, prendeu uma plateia muito bem composta que, momentaneamente, se desfez das peripécias do presente e recuou aos tempos em que nós jovens fomos enviados para as frentes de combate com a etiqueta onde se lia: “carne para canhão”.

De Angola, passando por Moçambique e a Guiné, a Dora teve a sensibilidade em cruzar os palcos de uma peleja onde conhecemos as mais díspares situações. Tempos de guerra, de lazer e de uma encruzilhada de manifestações coletivas e individuais que nós próprios abordávamos não obstante a nossa tenra idade.

O livro chama também ao seu contexto um rol de artistas que, à época, se deslocavam às antigas colónias para alegrar os soldados portugueses que tinham sido então atirados, à força, para uma guerra que nada lhes dizia. A Pátria, aquela que pela qual combatemos, é a mesma Pátria que hoje não nos reconhece e renega.

Aliás, os homens de agora, aqueles que comandam os destinos deste nosso país, não se revêem nos escabrosos momentos sofridos pelos quais passámos num território que para nós era completamente desconhecido. Muitos destes cavalheiros não eram nascidos, outros tinham ainda fraldas.

Mas, a nossa dignidade como antigos combatentes permanece incólume apesar das adversidades permanentemente deparadas. A Dora teve a sensibilidade de não entrar pelos enviesados campos de batalhas, mas pelo outro lado da guerra.

“O Outro Lado da Guerra Colonial”, como frisava, e bem, Joaquim Furtado, é abrangente, mas sobretudo seguro no seu argumento. A autora conseguiu, numa opinião generalizada, elevar ao púlpito uma lista de emoções, contadas na primeira pessoa pelos seus 58 entrevistados, que se difundirão para as gerações vindouras.

Camaradas, eu, como antigo furriel miliciano de Operações Especiais/Ranger, sinto-me feliz por pertencer a essa lista. Assim sendo, cumpre-me ajuizar que o nosso blogue – Luís Graça & Camaradas da Guiné – tem feito um trabalho mui digno no que concerne a ideias expostas para a opinião pública.

Neste âmbito, tal como muitos outros camaradas que pisaram o solo guineense, é lógico que nos sintamos lisonjeados por este “miminho” que a Dora nos proporcionou. Sou, há muito, um homem da escrita, porém, existem oportunidades em que “uma lágrima ao canto do olho” nos remete a um premeditado silêncio e na passada segunda-feira foi matéria onde literalmente me revi.

Fica o repto: camaradas adquiram o livro “O Outro Lado da Guerra Colonial”, da autora Dora Alexandre, e fiquem com a certeza que as histórias contadas são transversais a gerações de camaradas que pisaram os palcos de uma guerrilha que jamais deu descanso a um turbilhão de soldados sem medo.

Obrigado Dora, pela escolha, e obrigado amigo e camarada Luís Graça pela disponibilidade que me proporcionaste, e proporcionas, em narrar as minhas histórias por terras da Guiné neste nosso blogue. 



Um abraço camaradas,
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 

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Nota de M.R.:

Vd. poste relacionado do mesmo autor:

7 DE ABRIL DE 2015 > Guiné 63/74 - P14442: Agenda cultural (390): Dora Alexandre, jornalista, apresenta “O Outro Lado da Guerra Colonial” (José Saúde)


Vd. último poste desta série em: 

15 DE ABRIL DE 2015 > Guiné 63/74 - P14474: Agenda cultural (392): documentário sobre memórias de combatentes guineenses, de um lado e de outro ("Pabia di Aos", de Catarina Laranjeiro), na Cinemateca, Ciclo Panorama, 5ª feira, 16 de abril, 15h30

terça-feira, 7 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14442: Agenda cultural (386): Dora Alexandre, jornalista, apresenta “O Outro Lado da Guerra Colonial” (José Saúde)


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

Dora Alexandre, jornalista, apresenta “O Outro Lado da Guerra Colonial”

No próximo dia 21 de abril, terça-feira, 18h30, loja FNAC do Colombo, Dora Alexandre, jornalista, apresentará a sua obra “O Outro Lado da Guerra Colonial”.

O livro tem o prefácio do Prof. Adriano Moreira e a apresentação ficará a cargo de Joaquim Furtado, jornalista, e autor da série televisiva “A Guerra”. José Arruda, presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), estará também na mesa onde debitará a sua versão sobre o conflito nas antigas províncias ultramarinas.

A obra conta histórias da guerra em África e a Dora sublinha que “o lançamento deste livro é uma obra coletiva de 58 pessoas – 57 entrevistados e eu. As histórias são vossas, eu apenas as alinhavei”.

Sendo o momento, mais um, acarinhado pelos antigos camaradas que pisaram o palco da guerrilha de além-mar, atrevo lançar o repto para a vossa presença profícua no lançamento de uma obra que relata instantes que cada um de nós, antigos combatentes, palmilhámos num palanque deveras severo.

Reconheço que o tempo, sempre inacabado, é substancialmente propício a memórias antigas que jamais esqueceremos. O sentir os alaridos de uma peleja com a qual convivemos, lança odores que, naturalmente, partilharemos para um infinito sem retorno.

E é justamente com este eficaz propósito, e como um dos camaradas entrevistados, que deixo o meu alerto para que ninguém falte a um lançamento onde se cruzarão memórias bem como relatos deveras interessantes dos nossos tempos de antigos combatentes em solo africano.

A Guiné, obviamente, estará presente e eu como RANGER lá debito a minha opinião sobre uma especialidade que muito me ensinou. 

Eis a lista de entrevistados:

Ilustrino Alexandre Júnior, Marinha, Guiné 1971-73 / Angola 1974-75 (PAI); Domingos Machado, Exército, Angola 1973-74; Octávio de Matos, Artista; Belmiro Tavares, Exército, Guiné 1964-66; Francisco Nicholson, Artista; Carlos Miguel, Exército (Psico), Guiné 1967-69; Carlos Pereira, Exército, Angola 1964-65; Mário Gualter Pinto, Exército, Guiné 1969-71; Carlos Rios, Exército, Guiné 1965-67; João Paulo Diniz, Exército, Guiné, 1970-72; Manuel Valente Fernandes (Médico) Guiné 1973-74; Farinho Lopes, Exército, Moçambique 1970-72; José Santos, Exército (Enfermeiro) Guiné 1971-73; Fernando Costa, Exército, Guiné 1972-74; José Manuel Lopes, Exército Guiné 1972-74; Rui Neves, Força Aérea, Angola 1970-72; Amílcar Mendes, Comandos, Guiné 1972-74; José António Pereira, Comandos, Guiné 1972-74; Romão Durão, Marinha, Angola 1968-70 / Angola 1971-75; João Maria Pinto, Exército, Moçambique 1969-71; Armando Carvalhêda, Exército, Guiné 1972-73; António Almeida, Exército, Moçambique 1972-74; Alfredo Brás, Marinha, Moçambique 1970-1974; João Mota, Exército, Angola 1965-66; Vítor Oliveira, Força Aérea, Guiné 1967-69; José Pedro Reis Borges, Força Aérea, Angola 1972-74; Hugo Borges, Paraquedistas, Guiné 1972-74; José Avelino Almeida, Exército, Guiné 1970-72; Luís Rolo, Exército (Enfermeiro) Angola 1970-72; António Prates da Silva, Polícia Aérea, Angola 1974-75; Vítor Norte, Exército (Enfermeiro) Guiné 1973-74; Luís Pinhão, Paraquedistas, 1973-74; Carlos Vinagre, Comandos, Angola, 1971-73; Rosa Serra, Paraquedistas (Enfermeira) Guiné 1969-70 / Angola 1970-71 / Moçambique 1973; António Godinho Luís, Comandos, Angola, 1961-63; António Leal, Comandos, Angola, 1961-63; Rui Mendes, Exército, Angola, 1962-64; Raul Patrício Leitão, Fuzileiros, Moçambique 1966-68 / Missão Hidrográfica N.H. «Carvalho Araújo», Angola e S. Tomé, 1970-75; José Paracana, Exército, Guiné, 1971-73; João Dória, Exército (Médico) Guiné, 1968-70; Io Apolloni, Artista; António Vasconcelos Raposo, Fuzileiros, Angola, 1973-75; Nuno Mira Vaz, Paraquedistas, Angola 1963-65 / Guiné 1966-68 / Guiné 1970-72 / Moçambique 1973-74; Rodrigo, Artista; Mário Henriques Manso, Fuzileiros, Angola 1963-65, Angola 1966-68; Nazário de Carvalho, Exército (Capelão) Moçambique 1961-64 / Guiné 1964-66 / Angola 1970-72; José Romeiro Saúde, Ranger, Guiné 1973-74; Joaquim Santos, Exército, Guiné 1967-69; Agostinho Rocha, Exército, Angola 1965-67; Manuel Roque dos Reis, Fuzileiros, Moçambique 1968-70; José Manuel Parreira, Fuzileiros, Guiné 1964-66 / Angola 1966-69; Otelo Saraiva de Carvalho, Exército, Angola 1961-62 / Guiné 1971-73; Manuel Lopes Dias, Exército, Moçambique 1970-71; António Carreiro e Silva, Fuzileiros, Angola 1967-69 / Angola 1972-74 / Guiné 1974; Francisco Guerreiro Soares, Fuzileiros, Angola 1964-66 / Guiné 1969-71 / Guiné 1972-74; Carlos Alberto Acabado, Força Aérea, Angola 1963-65 / Angola 1965-70 / Angola 1971-75; Norberto Cardoso, Exército, Angola 1974-75 e Manuela Maria, Atriz, Angola e Moçambique 1962, Guiné 1967. 

Um abraço camaradas, 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12467: Memórias da minha comissão em Fulacunda (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, 1972/74) (Parte VII): Como é que a malta pssava os 'tempos livres'...


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) >  Capa do jornal de caserna, mensal,  "O Serrote", edição nº 1, 1973, editado pela 3ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74). Diretor: alf ml [Jorge] Pinto. 









Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > Jornal de caserna "O Serrote", mensal, edição nº 1, 1973, editado pela 3ª CART / BART 6520 (Fulacunda, 1972/74). Diretor: alf ml [Jorge] Pinto. Páginas do meio: 12/13. Total de páginas: 24.



Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª C/BART 6520/72 (1972/74) > Um jogo de bridge entre oficiais. Em 2º plano, do lado esquerdo, o alf mil Jorge Pinto.


Fotos (e legendas): © Jorge Pinto (2013). Todos os direitos reservados. [Edição; L.G.]



1. Mensagem do Jorge Pinto [ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74) , com data de 14 do corrente,  em resposta a um comentário anterior do nosso editor [ " Toda a Guiné era concentracionária e claustrofóbica... Mas quem estava em Bambadinca, como eu, tinha - nas horas vagas, fora da intensa atividade operacional - a doce ilusão da liberdade de pôr viajar 30 km em estrada alcatroada, e ter em Bafatá um 'cheirinho' da civilização... O mesmo se pode dizer da malta que estava em Bafatá e em Lamego...E talvez em Mansoa e Teixeira Pinto... Ou não ? Bissau não conta, para nós não era mato"]...


Vejo que voltaste a caprichar, obrigado.  Enviei estas fotos (*) com o objectivo de revelar um aspecto do modo como se passava algum do tempo, naquele "ambiente concentracionário", como tu bem dizes. Contudo, por incrível que pareça, grande parte do nosso tempo era passado fora do arame farpado: patrulhamentos, emboscadas, operações, reabastecimentos, idas à lenha... Devo salientar que fora do arame farpado as deslocações eram sempre feitas, no mínimo, ao nível de bigrupo, mais uma ou duas secções de milícias.

Dentro do aquartelamento havia sempre assuntos que nos envolviam.  Muita leitura, lembro-me, por exemplo, da chegada do primeiro exemplar do jornal Expresso. Sebentas de Direito e de História também eram companheiras inseparáveis de alguns oficiais.

Ouvíamos a BBC,  de Jorge Letria. Da Argélia vinha a voz do Manuel Alegre e o pensamento de Piteira Santos [Rádio Voz da Liberdade]. O próprio PIFAS, e o amigo [Armando] Carvalheda nas rubricas radiofónicas também muito ajudaram tal como a "Maria Turra" [Rádio Libertação, emitindo de Conacri].. 

Muita conversa, sobretudo após ouvirmos a BBC. Claro que também havia conversas filosóficas, sobretudo com o régulo Malã, que após ter estado em Meca, S. Francisco da Califórnia, Macau, Lisboa, Londres e outras urbes europeias,  afirmava com grande veemência que Fulacunda é que era BOM. 

Muitos jogos, não só de futebol e voleibol mas também jogos de sala: longas noites de bridge (foto acima)), King, sueca, ramin, poker de dados, ping-pong...


Atividades culturais, como por exemplo a feitura de um jornal mensal, O Serrote (capa reproduzida acima ) aberto à colaboração de todos. Ali se escreveram:  (i)  piadas de caserna relacionadas com episódios rocambolescos da comunidade residente; (ii)  resumos de livros lidos por alguns; (iii)  poemas que fazem lembrar as medievais cantigas de amigo e amor; (iv) assuntos de atualidade interna (anexo) e externa; além de (v) anedotas, concursos de cultura geral, contos.

Como vês,  Luís, o tempo lá se ia passando. Cada dia era religiosamente riscado um a um nos calendários pendurados nas grossas paredes dos abrigos.

Bom fim de semana para toda família. Forte abraço.

Jorge Pinto [, foto da época, à esquerda]

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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12465: O que é que a malta lia, nas horas vagas (19): Tínhamos uma biblioteca de 80/100 livros, herança da CART 2340 (Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71)


Guiné > Região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > "O Luís Nascimento, municiador e apontador do morteiro 81, a meias com o Borges,  cantineiro, prontos para o combate que acabava na cantina com umas bazucadas"...




Guiné > Região do Oio > Canjambari > CCAÇ 2533 (1969/71) > "O cripto treinando vólei com uma equipa da companhia do Carlos Silva, de Jumbembem".


Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Questões postas pelo nosso editor Luís Graça ao Luís Nascimento [ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71], em comentário ao poste P12385 (*):


Já agora vou pôr ao camarada Luís Nascimento, na sua qualidade de "bibliotecário" de Canjambari, algumas questões:

(i) quantos livros tinha a biblioteca ?

(ii) onde é que estava instalada ?

(iii) quem fornecia os livros ? Movimento Nacional Feminino ?

(iv) que tipo de livros ? ficção, história, poesia, viagens, policial, divulgação científica, filosofia, religião, etc. ?

(iv) era muito procurada ? por quem ?

(v) havia "empréstimo domiciliário" ? a malta podia levar para a caserna, o abrigo, o destacamento, o mato ?

... Abraço grande. Beijinho para a tua neta. LG

2. Resposta do nosso camaradada, através da sua neta, Jéssica Nascimento, em  5/12/2013:



Boa noite,  caro amigo Luis Graça,

Quanto à resposta,  a biblioteca já existia em Canjambari, foi herança da companhia de artilharia, a CART  2340, que fomos render.

Tinha cerca de 80 a 100 livros e revistas e estava instalada na cantina que servia de messe de oficiais e sargentos nas horas das refeições. Era mais praças que procuravam, tanto para o abrigo como para o mato.

O Sr. Capitão Sidónio deu logo que fazer aos sornas,  ou seja aos dois criptos: ao João Ferreira Duarte incumbiu-o de dar aulas aos miúdos para isso mandou-o para Bissau reciclar-se durante um mês;  ao boémio [, Luís Nascimento,]  deu-lhe a responsabilidade da biblioteca, municiador do morteiro 81 (a meias com o Borges cantineiro), desmanchar as vacas que tinham mais osso do que carne, que se iam buscar ali para os lados de Cuntima e, vejam lá, treinador da equipa de vólei da 33, por ter sido jogador da modalidade na Escola Técnica Nuno Gonçalves, na Alves Roçadas e na Escola Industrial Marquês de Pombal, em Belém, antigo campo das Saléssias (Belenenses) .

Abraço Camarada,

Sir Assassan

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12385: O que é que a malta lia, nas horas vagas (4): a revista "Flama", o jornal "A Bola"... e o livro de contos e narrativas do Armor Pires Mota, "Guiné, Sol e Sangue" (Braga, Pax ed., 1968) que havia na biblioteca... (Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12422: O que é que a malta lia, nas horas vagas (14): a 2ª CART/BART 6523, atirada para Cabuca, nas profundezas da mata do Leste, teve de facto uma Bibliioteca (com 400 livros), um jornal (O Abutre) e uma Rádio!... (Ricardo Figuiredo)

1. Mensagem de Ricardo Figueiredo (ex-fur mil, 2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74), membro da nossa Tabanca Grande desde 19/1/2011


Data: 5 de Dezembro de 2013 às 20:04

Assunto: Biblioteca. O que se lia durante a Comissão


Meu Caro Camarada e Amigo Luís Graça,

Não pude deixar de responder ao teu desafio e,  recorrendo ao meu arquivo, posso afirmar com orgulho que a 2ª CART/BART 6523, atirada para Cabuca, nas profundezas da mata do Leste, teve de facto uma BIBLIOTECA, um JORNAL e uma RÁDIO.

Publicado no primeiro número do nosso jornal "O ABUTRE", passo a transcrever ipsis verbis ( por impossibilidade de o digitalizar com alguma qualidade) um artigo por mim assinado e então com o título "A NOSSA BIBLIOTECA":

"Desde que cheguei a Cabuca logo pensei em criar uma biblioteca para assim,nas horas vagas, nos podermos dedicar um pouquinho à leitura e, consequentemente,  aumentar a nossa cultura geral. Sim, porque isto de estarmos destacados no mato tem por vezes certos inconvenientes e um deles é o nosso apaixonamento gradual pela literatura destrutiva ou ainda pelas célebres histórias aos quadradinhos. Efectivamente assim tem vindo a acontecer.

"Assim, um dia falei com o Comandante da Companhia e expus-lhe o meu plano respeitante àfundação de uma biblioteca. Ele aceitou-o com a melhor das boas vontades e logo se prontificou a apoiar-me dentro das suas possibilidades.

"Mas logo um problema surgiu: onde instalar a biblioteca ? Claro que tivemos de ponderar bem sobre o assunto,uma vez que não dispunhamos de instalações apropriadas nem possibilidades de construção.

"Mas pensando bem, se uma criança em qualquer lugar se faz, uma  biblioteca em qualquer lugar se há-de instalar! Vai daí não estivemos com meias aquelas. À sala do soldado,  como era enorme, facilmente se poderia roubar um bocadinho. E assim foi! Arranjou-se um entreleado de canas e aqui se faz jus aos habilidosos africanos pela maneira simples e funcional como as fazem,e vai de fazer a divisão da sala. Arranjaram-se umas prateleiras com os caixotes dos géneros, pintaram-se e colocaram-se na parede. Arranjaram-se quatro mesinhas e outras tantas cadeiras, pintou-se o distintivo da Companhia numa parede, decorou-se a outra com peças africanas, desde o colar à celebre catana e...agora será melhor ir mais devagar: arranjaram-se alguns livros, poucos, mas bons. Verdade! Uns gentilmente oferecidos pela FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN a uma Companhia que já por aqui passara, outros da RTP e também generosamente oferecidos pela EDITORIAL VERBO por intermédio do MOVIMENTO NACIONAL FEMININO a uma outra Companhia que por aqui igualmente passou e alguns conseguidos pelo FUR MIL MARQUES.

"Mas para que a biblioteca possa atingir aquele nível satisfatório será necessário que mais alguns livros cheguem até nós e que todos procurem dar a sua colaboração,não só na indicação desta ou daquela obra, como também procurar mandar vir de lá de casa, do canto do sótão ou da cave, debaixo daquele ferro velho, aquele livro que lá está esquecido e que tanta falta aqui nos faz.

"A biblioteca é nossa! Ela é para nós! A ela vamos buscar nos nossos momentos de ócio, um bocadinho de cultura e distracção.

"Aqui vos deixo pois este apelo, certo de que convosco continuarei a poder contar e que assim o meu sonho,que afinal é o vosso se tornará uma realidade. "

Este artigo, como já referi,  fazia parte do primeiro número do jornal "O ABUTRE", também por mim coordenado,  teve uma edição de 120 exemplares ( O 1º Sargento AZÓIA, é que não gostou muito do número de exemplares, pois dei-lhe cabo do papel e do stencil) e para além da distribuição nos abrigos e messe, foi enviado para as Escolas Práticas,  MNF, Editorial Verbo, FCG e outras entidades, para além de alguns dos nossos familiares. E de retorno chegaram-nos alguns livros, chegando a nossa biblioteca a ter cerca de quatrocentas obras,de quase todos os Autores Portugueses: Eça, Garret, Castelo Branco, Júlio Dinis, Aquilino e até Nemésio, entre outros.

E porque referi o 1º Sargento Azóia, não posso deixar de
. transcrever parte de um artigo por ele assinado e publicado
no nosso jornal "O ABUTRE" , para que possam ver que após algum tempo também ele comungou com os Milicianos o dinamismo que discretamente lhe "impusemos":

"Parece-me mentira mas é pura verdade.

"Eu que já ando nestas andanças desde 1961 e tendo já cumprido duas Comissões em Moçambique e uma em Angola e sempre estive no mato integrado em Companhias Operacionais,  nunca encontrei um punhado de bons rapazes que,  em vez de pensarem em si próprios, pensam antes de mais nada nos outros, que por motivos vários não tiveram a felicidade de poderem ir mais além na sua cultura. Pois graças a esse punhado de rapazes, que arregaçaram as mangas e sem olharem a sacrifícios de toda a ordem, especialmente pelo isolamento em que vivemos, esses rapazes dizia eu, já puseram a funcionar aulas para a 4ª Classe e Ciclo Preparatório, uma Biblioteca ondejá temos um número de livros muito engraçado e onde todos nós podemos requisitá-los para melhor passarmos os nossos momentos de ócio e iremos ter um jornal diário do Porto,o Jornal de Notícias (não esquecer que 80% do pessoal é nortenho) e três vezes por semana o jornal A Bola. Montaram um Posto Emissor interno, que quando só podemos estar nos respectivos abrigos nos proporciona umas horas de boa música. Um campeonato de Futebol inter-pelotões e ainda o nosso jornal "O Abutre".
"Foi só isto que este punhado de rapazes já fizeram e segundo parece ainda não querem parar aqui."

Como vês, a 2ª CART/BART 6523 , apesar da sua muita actividade operacional, procurou sempre ocupar os tempos mortos da melhor forma possível, minorando o sofrimento e o isolamento de todos os seus elementos.


Os textos transcritos foram-no ipsis verbis,para respeitar a memória dos factos.


Portanto, o P12393 [em que se diz que não havia bibliotecas no mato]  ficou sujeito ao contraditório !

Um grande abraço e obrigado por tudo quanto nos têm dado !

Ricardo Figueiredo
Ex-Fur Mil At Art
 2ªCart/Bart 6523,
Cabuca, 1973/74

[Foto acima, à direita: um jagudi. Foto: © João Santiago & Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados]

2. Comentário de L.G.:

Uma obra notável para menos de um ano de comissão no leste (agosto de 1973/junho de 1974)!... É pena é que não tenhas mandado uma capa do vosso jornal de caserna, "O Abutre"... Não o encontrei na coleção de capas de jornais de unidades que constam no sítio da biblioteca do Exército (, um total de 240 capas, das quais 40 são referentes a unidades do CTIG). Quando puderes, manda digitalizar as edições que tiveres...  Presumo que sejam poucas. Fazer um jornal a stencil dava muito trabalho...

Quanto ao apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), é interessante o que escreves. Sabemos muito pouco da acção da FCG no eventual apoio (oferta de livros, essencialmente...) às "miniblibliotecas" militares, existentes nos teatros de operações, em África, durante a guerra colonial. Não sabemos se esse apoio era institucional, ou se era meramente casuístico, resultante de pedidos isolados ou se era feito através do Movimento Nacional Feminino. Também havia o apoio da RTP, da editorial Verbo...

Em contrapartida, é de sublinhar e louvar a iniciativa (histórica) da FCG,  substituindo-se ao Estado, ao criar o Serviço de Bibliotecas Itinerantes, em 1958... Eu próprio beneficiei muito desse serviço, quando adolescente e jovem, na minha terra.

Leia-se aqui, a propósito, no sítio Bibliotecas Itinerantes:

(...) "Fundação Calouste Gulbenkian: Ainda em 1958, baseado na experiência pioneira de Branquinho da Fonseca e sob a sua direcção, foi criado pela Fundação Calouste Gulbenkian, instituição privada, o Serviço de Bibliotecas Itinerantes, com o intuito de tentar resolver um problema: o da educação pós-escolar dos cidadãos.

"As bibliotecas itinerantes ou carros-biblioteca levavam a bordo cerca de dois mil volumes arrumados nas estantes. Nas prateleiras de baixo, encontravam-se os livros para crianças, nas prateleiras do meio a literatura de ficção, de viagens e biografias e, por fim, nas de cima os livros menos procurados, de filosofia, poesia, ciência e técnica.

"Em 1962 existiam 47 bibliotecas itinerantes, o número de leitores rondava os trezentos mil e os livros emprestados atingiam os 3 milhões.

"Durante a ditadura salazarista, que assentava a sua acção na manutenção da censura e do obscurantismo da sociedade portuguesa, o livro e a leitura eram um luxo e também, uma actividade arriscada. Foi, no entanto, a acção levada a cabo pela Fundação Calouste Gulbenkian que dotou o país de uma rede de bibliotecas coerente, com o objectivo principal de alcançar e promover o gosto pela leitura."(...)


Para saber mais sobre  o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da FCG, lert aqui uma comunicação, de fevereiro de 2004, de Daniel Melo, do ICS/UL: "Leitura e leitores das bibliotecas da Fundação Gulbenkian (1957-1987)".

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Nota do editor:

Último poste da série >  9 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12418: O que é que a malta lia, ns horas vagas (13): No meu caso O Alviela, de Alcanena, o Popular como era aqui o caso, a República, o Século ou o Diário de Noticias, O Mundo Desportivo, o Record ou a Bola, a Plateia, o Mundo de Aventuras, etc. (Carlos Pinheiro)

sábado, 7 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12409: O que é que a malta lia, nas horas vagas (10): Assinava o "Comércio do Funchal" e a "Seara Nova" e tinha os meus livros, alguns do Máximo Gorki, por exemplo (Hélder Sousa, ex- fur mil trms TSF, Piche e Bissau, 1970/72)

1. Comentário ao poste P12371 (*), da autoria do Hélder Sousa [ex-Fur Mil de Transmissões TSF, Piche e Bissau, 1970/72]


Pois... o que é que a malta lia...

Sobre este assunto, este tema, já dei algum contributo com um artigo que enviei e que saiu em poste  intitulado "Os meus livros", salvo erro. (**)

Em Piche lia tudo o que por lá aparecia, em termos de jornais, claro. Havia quem recebesse o "Paris Match", a "Playboy", coisas assim. Claro que também tinha os meus livros....

Em Bissau lia os jornais que estavam no bar da messe de sargentos de Santa Luzia, jornais diários de Lisboa, não me recordo com que actualidade mas não teriam mais que um dia de atraso.

Era assinante do "Comércio do Funchal",  que recebia sem problemas, e também duma revista chamada "Seara Nova", embora não versasse temas de agricultura em particular.

Tinha, naturalmente, os meus livros e cheguei a promover a leitura e estudo de um livro sobre economia, que me entretinha a copiar capítulos que dactilografava nas noites de serviço para posterior leitura colectiva e estudo com outros camaradas que também se interessavam pelo tema.

É tudo! (quase) (***)

Abraço
Hélder S.



Capa do livro do Máximo Gorki, "As Minhas Universidades" (Lisboa: Editorial Início, 1971, 416 pp. Coleção Obras Completas, 4)

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Notas do editor:

(*) 1 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12371: O que é que a malta lia, nas horas vagas (1): a revista "Time", de 10 de maio de 1971 (Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74)

(**) Vd. poste de 7 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4474: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (5): Os meus livros

(...) na Guiné não deixei de pertencer à tal geração do livro, persistindo em mantê-lo por companhia e como elemento essencial de vida. A prová-lo está essa foto que envio, tirada no quarto, em Bissau, na moradia anexa ao Centro de Escuta onde prestava serviço. Estou a ler um jornal que me chegava por correio, visto ter assinatura, e que se chamava “Comércio do Funchal”. Na mesa de apoio, ao lado da cama, é visível um livro intitulado “As Minhas Universidades”, dum conhecido autor russo. Por debaixo desse, está um livro encapado que não me consigo recordar o que seria. Ao lado está um livro sobre economia, que cheguei a estudar com mais dois camaradas de serviço, sendo que para isso aproveitava os turnos de serviço nocturno, das 01.00 às 07.00, para passar a folhas A4 dactilografadas e com papel químico, para serem lidas e comentadas posteriormente. 

Por debaixo dos envelopes das cartas de avião está um outro livro encapado, mas esse sei que seria um livro intitulado “A Mãe”, do mesmo autor de “As Minhas Universidades” [, Máximo Gorki]. Tinham capas para furtar a curiosidade dos bisbilhoteiros e/ou bufos e tentar preservar o mais possível a integridade física (a minha). (...)

(***) Último livro da série > 6 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12403: O que é que a malta lia, nas horas vagas (9): O único título que lembro é o "Diário de Lisboa" (Vasco Pires)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12398: O que é que a malta lia, nas horas vagas (8): As minhas leituras em Bajocunda (José Manuel Matos Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 3 de Dezembro de 2013, a propósito do que a malta lia nas horas vagas:

As minhas leituras na Guiné

Lembro-me muito bem do meu primeiro livro, que recebi com muito pouca idade idade, ainda não sabia ler. Intitulava-se "O Gato das Botas Altas", tinha braços e pernas que se destacavam do corpo do livro, que era muito bem ilustrado, e abordava qualquer coisa sobre cavalaria, mosqueteiros, afecto, honra e bravura.

Acompanhou-me durante muitos anos, porque era esteticamente muito bonito, e despertava em mim sentimentos de virtude.

Lembro-me de ter lido, ainda muito novinho, uns poemas do Afonso Lopes Vieira, com dedicatória na primeira página à minha mãe. Teve um qualquer descaminho que não identifico, mas deixa-me triste. Também me lembro de outro título da minha mãe, "O Cão dos Baskerviles" que me transportava para os mistérios dos campos de "cottages" e palacetes da "Old Albion". Pelos meus 14 anos passei por uma crise de intelectualidade, e com dois amigos (Almeida e Sousa e Solano de Almeida) tentámos escrever teatro, mas as performances eram tão más, que não concluímos nada. Por essa época, ainda tentei a literatura de cordel, talvez inspirado na colecção FBI, e foi outro desastre. Até à mobilização não voltei a experimentar a verve com pretensões de escrita.

Depois, com o despertar da atenção para o belo sexo, passei a sonhar ser estrela de futebol, e com os rios de dinheiro e a fama consequentes, a impressionar as garotas mais lindas. Quase não lia, nem estudava, nem cabulava, mais a mais convencido do risco cada vez mais próximo de levar um balázio que me mandasse p'rós anjinhos, levava uma justificada vida existencialista, com salpicos de "make love not war", pelo que registei um notório abrandamento nas leituras, quaisquer que fossem. E os chumbos passaram a adornar o c.v., até que o namoro com uma menina leitora de poemas e romances, fez com que encetasse nova incursão pelas letras para não ficar pior na fotografia.

Até que chegou a tropa, e a necessidade de viver intensamente, não fosse o diabo tecê-las. Ora, a intensidade de viver assentava no máximo aproveitamento das paródias que, a recruta primeiro, a especialidade e o curso de "mines and bloody tracks" depois, ainda nos permitia alguns devaneios e desafios físicos. Portanto, esse período correspondeu a novo interregno intelectual, coisa sem importância, tendo em conta que a proposta se refere ao tempo passado na Guiné.

Muitas bebedeiras e outros excessos, mais cinco dias de brandas correntes marítimas foram necessários para, a partir do Funchal, chegarmos a Bissau. E que grande era a cidade! Dos Adidos para a cidade e para os bares, com excepção de um dia de guarda a um posto de rádio, que não aproveitei no sentido do tema proposto, foi outra a dedicação, até que uns vinte dias depois fomos entregues em Piche aos cuidados do destino. O Zé Tito, companheiro da juventude, que fez o grande favor de me acompanhar ininterruptamente desde o assentamento de praça, descobriu um excelente quarto com duas camas vagas, comummente conhecido pela suite 3. Olá Águas! Olá Tubaco da Selva! Olá Costa! O Tubaco levou-me atrás de uns armários, abriu uma mala cheia de livros, que disponibilizou, mas alertou-me para o generalizado gosto pelas fotonovelas, e que tudo ficava ao dispor.

Se em Roma devemos ser romanos, eu, que levava uma vida operacional intensa, não tinha sobras de tempo para a valorização espiritual e intelectual, pois, que me lembre, durante os primeiros seis meses, e em Piche, não houve noite que me deitasse na cama, sem evitar o estado ébrio. Comia-se mal, mas, a respeito de bebidas... ficamos conversados. Ainda assim, li algumas coisas, de Remarque a Eça, de Amado a Gorki.

Lia, naturalmente, as cartas quase diárias da namorada, e outras mais espaçadas da família e amigos. Não era literatura, mas constituía consumo ávido. Entretanto, logo que me foi atribuído o número de SPM, assinei o jornal cor-de-rosa, onde esgrimavam os mais ferozes anti-situacionistas e revolucionários da época, de que destaco Sottomayor Cardia (já não arde) e António Barreto, que espingardavam contra quaisquer indícios de poder, ambos bem assimilados com os primeiros alvores vulgarmente confundidos com a democracia. Confundidos? Obviamente!

A Democracia exige atitude permanente, participação popular sobre as decisões que lhe diga respeito (à massa popular), e nesse estádio anémolas como Sócrates, Coelho e Portas não poderiam, sequer, imaginar o que andam por aí a fazer. Mas isso não se tem conseguido ler com a objectividade necessária.

Em Bajocunda, a tropa passou a viver outro intimismo, e já eram mais frequentes os períodos de leitura.

Pela minha parte li com especial proveito o "Porque Não Sou Cristão", de B. Russel, que foi determinante para consolidar a minha "fé" ateísta.
Também li Brecht, Barthes, Régio, Torga, E. Veríssimo, Buck, e o indispensável Larteguy, entre outros.

Havia, portanto, diferentes apetites de leitura, que podiam ser, tanto de índole formativa, como lúdica, com mais ou menos interesse literário.

E havia, por vezes, algum debate sobre obras que nos sensibilizavam. Lembro-me de uma noite no meu quarto, onde o Jorge, todo nu, lá de cima dos seus quase dois  metros, declamava Brecht perante a atenção dedicada e surpreendida dos restantes furriéis, encontravam naqueles versos uma espécie de aliança pela paz.
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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12395: O que é que a malta lia, nas horas vagas (7): A prestigiada revista "Vida Mundial" (Manuel Mata, ex-1º cabo, Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12393: O que é que a malta lia, nas horas vagas (6): Banda desenhada, coboiadas e o meu livro de cabeceira, "Manual de Medicina Doméstica", do dr. Samuel Maia, de mil páginas, que tinha como subtítulo "higiene, dietética, gimnástica, enfermagem, farmácia caseira, definição e tratamento das doenças, socorros de urgência" (Adriano Moreira, ex-fur mil enf, CART 2412, Bigene, Binta, Guidaje, Barro, 1968/70)





Anúncio do livro de Samuel Maia, "Manual de Medicina Doméstica" [1ª edição, Portugal-Brazil, 1910], in Ilustração, nº 242, 16 de janeiro de 1936, nº 242, 11º ano [Revista que custava na época 5$00 escudos, e era Propriedade da Livraria Bertrand.] (Cortesia da Hemeroteca Municipal de Lisboa...)


1. Comentário (*) do nosso camarada Adriano Moreira [, ex-fur mil, enf, CART 2412, 1968/70, foto da época, à esquerda]

É engraçado,  na Guiné em todos os sítios onde estive, acho que nenhum tinha biblioteca ou até qualquer arremedo de biblioteca. Não tenho ideia nenhuma de mesmo em Bigene haver.

Sendo assim só li banda desenhada e cowboyadas [coboiadas].

O único livro sério que levei e li as vezes que precisei,  foi o Manual de Medicina Doméstica,  escrito pelo médico dos Hospitais de Lisboa,  Samuel Maia.

Ajudou-me muitas vezes a tirar dúvidas e a proceder mais correctamente onde os meus apontamentos eram demasiado vagos, ou em capítulos [em que esses apontamentos eram omissos].

Por aquilo que me lembro,  achava também que não tinha o ambiente adequado à leitura de grandes obras.

Um grande abraço para todos.

Adriano Moreira,
Ex-Fur Mil Enf, Cart 2412
Bigene, Binta,  Guidage, Barro.

2. Comentário de L.G.:

É verdade, Adriano, a Guiné (, não digo Bissau ou Bubaque...) não foi propriamente uma colónia de férias para a maior parte de nós... Dizes, e muito bem, que no mato não havia "o ambiente adequado à leitura de grandes obras"... Muitos dos nossos aquartelamentos eram um amontoado de chapas de bidão, troncos de cibe e argamaça, a que chamavamos abrigos...

A segurança era a nossa primeira preocupação. E só muito depois é que vinha a decência, o conforto, o bem-estar (físico)... Alguns de nós levaram livros para a "comissão de serviço" no TO da Guiné,  mas depressa nos apercebemos que não estávamos propriamente em férias, num país tropical...

Por outro lado, poucos dos oficiais, que nos comandavam, se preocupavam com o que fazer nas "horas vagas" (... e muito menos com "os nossos seres, saberes e lazeres")... Alguns incentivaram, e bem,  a criação de postos escolares militares, abertos à população local amis jovem e às praças  sem  a escolaridade obrigatória (na época, equivalente à 4ª classe)...

Tínhamos, à epoca da guerra colonial, um problema sério de analfabetismo na população portuguesa, sem falar do analfatismo funcional (aplicável aos individuos que,  mesmo sabendo "ler, escrever e contar", não tinham desenvolvido a capacidade de interpretar textos e fazer operações matemáticas).  Recorde-se que em 1960, segundo o o censo, a percentagem da população residente com 10 e mais anos que não sabia ler nem escrever era de 26,6% e 39% para os homens e para as mulheres, respetivamente. Baixou, em 1970, para 19,7% e 31%, respetivamente. Infelizmente, não dispomos de dados do analfabetismo por grupos etários... (Fonte: Pordata  > Analfabetismo).

As nossas praças, sem escolaridade obrigatória, iam em geral para os serviços básicos (cozinha, etc.). Eram, depreciativamente, apelidados de "básicos". Na minha CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12), havia dois soldados básicos  o João Fernando R. Silva e o Salvador J. P. Santos, num total de meia centena de quadros e especialistas de origem metropolitana, E dos soldados dos recrutamento local, em cerca de 100, só 1 (o 1º cabo José Carlos Suleimane Baldé) sabia ler e escrever português...

Mas quantos aquartelamentos dispunham de "bliotecas ou de arremedos de bibliotecas" (leia-se: um armário com livros) ? A tua pergunta é pertinente.  E a tua resposta, espontânea, sincera, nada tem de "provocador":  "É engraçado,  na Guiné em todos os sítios onde estive, acho que nenhum tinha biblioteca ou até qualquer arremedo de biblioteca"

Ou seja, por onde andaste, em 1968/70, na região do Cacheu (Bigene, Binta,  Guidaje, Barro) não te lembras de ver umas simples prateleiras de livros, à disposição de oficiais, sragentos e praças... Restavam-te os livrinhos aos "quadradinhos", as coboiadas... e o teu livro de cabeceira, que para um furriel enfermeiro era uma "ferramenta de trabalho", o célebre "manual" do dr. Samuel Maia, de cerca de mil página, que tinha um título do tamanho de um comboio: Manual de medicina doméstica : higiene, dietética, gimnástica, enfermagem, farmácia caseira, definição e tratamento das doenças, socorros de urgência... Segundo as minhas contas, a primeira edição deveria remontar a 1910. Foi tendo sucessivas reedições, e pelo que vejo chegou ao teu/nosso tempo!

Fui encontrar, na revista Ilustração (num exemplar disponível, "on line", digitalizado pela  valiosíssima  Hemeroteca Municipal de Lisboa, correspondente á edição de 16/1/1936),  um anúncio do "teu" manual... Faço questão de publicar a respetiva imagem, em tua honra e dos nosos bravos furrieis enfermeiros...

Já agora ficas a saber algo mais sobre o Samuel Maia, um  um escritor popularíssimo, polifacetado, autor de vários bestsellers, no campo da literatura de divulgação médica, mas também da ficção e de outros domínios, e hoje completamente esquecido. Sobre ele diz a Infopédia o seguinte:

Médico, romancista, poeta e dramaturgo português, de nome completo Samuel Domingos Maia de Loureiro, nascido em 1874, em Ribafeira, Viseu, e falecido em 1951, em Lisboa. A ficção de Samuel Maia reflete uma evolução da tradição naturalista para a narrativa regionalista, centrada no contexto social e geográfico beirão. Colaborou em publicações periódicas como O Século, Jornal de Notícias, Diário Populare Ilustração. Fonte: Samuel Maia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-05]. Disponível na www:

Por mera curiosidade, tens a seguir uma lista de 49 títulos do Samuel Maia, de acordo com a pesquisa feita na Porbase - Biblioteca Nacional.

Sabemos que foi também diretor da Ilustração, entre 1933 e 1935. Formado na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, nos finais do séc. XIX), o médico viseense é, além disso,  considerado um escritor, ficcionista,  de algum mérito, como antecessor do neorrealismo, com direito a referência na clássica História da Literatura Portuguesa, de António José Saraiva e Óscar Lopes.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12389: O que é que a malta lia, nas horas vagas (5): Amante de Jorge Amado, Ferreira de Castro, Banda Desenhada, em A Bola as crónicas de Carlos Pinhão e dos muitos livros que me roubaram (Jorge Teixeira - Portojo)


 (**) Lista de obras da autoria de Samuel Maia (Viseu, 1874 -
Lisboa, 1951), de acordo com pesquisa na Porbase -Biblioteca Nacional
(organizada por ordem alfabética dos títulos)

[Foto do autor, à direita. Cortesia da página do Instituto Politécnico de Viseu]

A actividade celular e o vinho / Maurice Loeper ; com uma nota prévia do Dr. Samuel Maia. Lisboa : Ministério da Agricultura, 1937.
Acção das cantinas escolares / Samuel Maia de Loureiro. Lisboa : Instituto Geral das Artes Graphicas, 1909.
Augusto Monjardino / Francisco Gentil, Ferreira de Mira, Samuel Maia. [S.l. : s.n.], 1941.

Banhos de sol / Amílcar de Sousa ; pref. de Samuel Maia. Porto : Livr. Civilização, 1937.
Boa comida gôsto da vida : as velhas dietas e as actuais / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 1940.
Braz Cadunha / Samuel Maia. Lisboa : Portugal-Brasil, 192 .
Breviário de medicina preventiva : para uso das famílias / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 1942.

Congresso Nacional de Mutualidade : da acção da mutualidade maternal e infantil : criação de maternidades e de dispensários de assistencia infantil : as gotas de leite / Samuel Maia. [S.l. : s.n., 1900.

Dona sem dono / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 1935.

Elogio do vinho / Samuel Maia. Lisboa : Livraria Bertrand. 1932.
Entre a vida e a morte / Samuel Maia. Lisboa: Rio de Janeiro : Companhia Editora Americana : Portugal-Brasil, 1920.
Este mundo e o outro / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 1937.

Folclore e turismo / Samuel Maia. Lisboa : [s.n.], 1936.

História maravilhosa de Dom Sebastião imperador do Atlântico / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 19 .
História maravilhosa de Dom Sebastião Imperador do Atlântico / Samuel Maia. [S.l. : s.n.], 1940.

Lingua de prata / Samuel Maia de Loureiro. Lisboa : Portugal Brasil, 192 .
Lingua de prata / Samuel Maia. Lisboa : Portugal-Brasil, 19 .
Livro da alma : versos / Samuel Maia. Porto : Oficina Occidental, 1894.
Luz perpétua : romance / Samuel Maia de Loureiro. Lisboa : Portugal-Brasil, 1923.

Manual de medicina doméstica / Samuel Maia. 6a ed. [S.l. : s.n.], 1947.
Manual de medicina doméstica / Samuel Maia. 5a ed. Lisboa : Bertrand, 194 .
Manual de medicina doméstica : higiene, dietética, gimnástica, enfermagem, farmácia caseira, definição e tratamento das doenças, socorros de urgência / Samuel Maia. 5a ed. Lisboa : Bertrand, 19 .
Manual de medicina doméstica / Samuel Maia. 4a ed. [S.l. : s.n.], 1940.
Manual de Medicina Doméstica / Samuel Maia. Segunda edição / Por Samuel Maia... Lisboa : Livr. Bertrand Rio de Janeiro : Livr. Francisco Alves. 1934.
Manual de medicina doméstica / Samuel Maia. Lisboa : Portugal-Brazil, 1910.
Methodo de leitura / Samuel Maia. Porto : José Figueirinhas Júnior, 1904.
Mudança de ares / Samuel Maia. 2a ed. [S.l. : s.n., 1938.
Mudança d'ares / Samuel Maia. [S.l. : s.n.], 1916.

O diabo da meia-noite : romance / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 19 .
O diabo da meia-noite : romance / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 194 .
O meu menino / Samuel Maia. 10a ed. Lisboa : Bertrand, 1961.
O meu menino : como o hei-de gerar criar e tratar se adoecer / Samuel Maia. Nova ed. Lisboa : Bertrand, 1955.
O meu menino / Samuel Maia. 8a ed. [S.l. : s.n., 1949.
O meu menino / Samuel Maia. 6a ed. [S.l. : s.n.], 1944.
O meu menino / Samuel Maia. 5a ed. [S.l. : s.n.], 1942.
O meu menino : como o hei-de gerar, criar e tratar se adoecer / Samuel Maia. Sétima edição. Lisboa : Livr. Bertrand, 1940.
O meu menino : como o hei-de gerar, criar e tratar se adoecer / Samuel Maia. 4a ed. Lisboa : Bertrand, 1938.
O meu menino / Samuel Maia. Lisboa : Portugal-Brasil, 1920.
O meu menino : como o hei-de gerar, criar e tratar se adoecer / Samuel Maia. 2a ed. Lisboa : Portugal Brasil, 1915.
O vinho : propriedades e aplicações / Samuel Maia. [S.l. : s.n.]. 1936.
O vinho : propriedades e aplicações : resumo de comunicações e pareceres aprovados nos últimos congressos médicos / Samuel Maia. 2a ed. Lisboa : Imprensa Portugal-Brasil. 1936.

Por terras estranhas / Samuel Maia. Lisboa : Typ. Mendonça, 19 .

Quem não viu / Samuel Maia. Lisboa : Bertrand, 194 .
Quentura sadia, friamente doentia / colab. Samuel Maia. Porto : Lit. Nacional, 1939.

Sexo forte / Manuel Maia. 4a ed. [S.l. : s.n.], 1941.
Sexo forte / Samuel Maia. 3a ed. [S.l. : s.n.], 1935.
Sexo forte / Samuel Maia. Lisboa : Portugal-Brasil, 1917.

Tratamento da prisão de ventre / Samuel Maia. Lisboa : Ofic. Ilustração Portugueza. 1915.

Variantes de prosódia / Samuel Maia. [S.l. : s.n.], 1948.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12389: O que é que a malta lia, nas horas vagas (5): Amante de Jorge Amado, Ferreira de Castro, Banda Desenhada, em A Bola as crónicas de Carlos Pinhão e dos muitos livros que se me extraviaram (Jorge Teixeira - Portojo)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Teixeira (Portojo), (ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2013:

Caros camaradas.

Esta coisa vai para o Vinhal, que julgo ser (ainda) o editor de serviço.

Não sei se se lembram, mas já lá vão uns tempinhos, que deixei a "boca" que era capaz de ser boa ideia criar-se uma série para as nossas músicas e livros dos velhos tempos. Seria uma forma de sair do ramerrame em que na altura a Tabanca se encontrava.

Pois bem, adiro esta causa com prazer. E com fotos.

Uma delas, muito imagem pessoal. Creio que é do Natal.68. Já navegou muito, a dita. Na messe nova dos Sargentos de Catió, assim chamada, haviam por lá as Bandas Desenhadas do Mikey e outras cenas equivalentes.

Claro que a foto foi feita para mandar para a família. Não me lembro de haver outro género de literaturas por lá. Nem quem levou para lá os livrinhos.


Fui sempre um amante de leitura deste pequeno. Era cliente habitual de um alfarrabista na Rua do Almada, por acaso era uma senhora a dona. Camiliana de todos os costados. Aprendi muito com ela. E comprava também livros na Civilização em suaves prestações de 20 escudos mensais.

Havia um senhor Sírio em Catió com uma loja tipo tem tudo - cujo nome não há maneira de me lembrar - a quem comecei a comprar livros entre outras coisas. Músicas também. Melhor discos. Como já conhecia Jorge Amado (Gaca 3, Paramos-Espinho, Dezembro 67 - Capitães da Areia lido na clandestinidade) tudo que consegui deste autor fui adquirindo. O único que chegou aos dias de hoje foi os Pastores da Noite. Os outros, incluindo uma edição antiga de Gabriela Cravo e Canela, alguém em Catió ficou com eles.

Como vim antes do pelotão para Bissau para fazer aquelas porcarias dos espólios e passagem do acervo para o substituto e etc., pedi para me encaixotarem as minhas coisas. Chegou tudo direitinho menos os livros. Que seriam mais de 20. Na minha colecção estava incluída uma edição recente (1967 ou 68) da Antologia Erótica e Satírica de Autores Portugueses da autoria de Natália Correia. Clandestino. Foi-me vendido pelo meu alferes Xarez na altura da nossa mobilização a trabalhar no ramo, ainda no Barco Niassa. 

Durante a minha estadia no Hospital Militar em Bissau, frequentei a Biblioteca que lá havia. Foi aí que conheci Ferreira de Castro e a Selva. Quando estive adido à CCS do BART 2865, do saudoso Tenente Coronel Belo de Carvalho e do tristemente célebre Major Melo, um 1.º Sargento, gente boa, de quem não me lembro o nome, natural de Coimbra, emprestava-me livros que tinha trazido consigo. Confidenciava-me que se sentia estúpido por não ter acesso a "coisas" para ler. E no meio de tanta ignorância, salvam-lhe as brincadeiras e os passatempos com alguns furriés. Bebíamos dele a sua sabedoria.



Os meus Pais de vez em quando mandavam-me o Jornal A Bola. Gostava desde há muito de ler o Jornal e especialmente as crónicas do Carlos Pinhão. Eram crónicas de Português puro e foi ele que me ensinou a distinguir "Estória" de "História".

A Selva comprei-a em 1970.
A Gabriela, provàvelmente a minha aquisição n.º 4 deste livro tem dois anos.
Todas as outras desapareceram com empréstimos.

Caro Carlos, aproveita daqui o que quiseres.
Um abraço do
Jorge
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Nota do editor

Último poste da série de 4 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12385: O que é que a malta lia, nas horas vagas (4): a revista "Flama", o jornal "A Bola"... e o livro de contos e narrativas do Armor Pires Mota, "Guiné, Sol e Sangue" (Braga, Pax ed., 1968) que havia na biblioteca... (Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71)