1. Do nosso camarada e amigo José Belo, hoje jurista, cidadão do mundo, que vive habitualmente na Suécia e às vezes em Kiruna, no Círculo Polar Ártico, mas também em Miami, nos States...
É autor do blogue Lappland to Key West. Não tem endereço de email certo. É um luso-lapão nómada, que nos escreve sempre com saudade do seu/nosso querido Portugal... LG
Outras bandeiras, outros costumes, outras gentes
por José Belo
Tenho por vezes meditado sobre quais os sentimentos com que milhões de Portugueses, nascidos, educados, e muitos combatendo nas colónias sob a bandeira tradicional de séculos, azul e branca, se terão sentido quando, bruscamente, com a implantação da República, a Bandeira Nacional mudou totalmente de cores e símbolos, acabando as cores tradicionais por serem substituídas pelas cores partidárias de um dos agrupamentos políticos republicanos.
Fonte: Cortesia de Lappland to Key West
Apesar de a bandeira verde-rubra ter ainda poucas décadas em 1974,como teriam reagido os Portugueses se algum dos muitos "iluminados" de então têm decidido mudar as cores da Bandeira Nacional, republicana ? E se, para mais, viesse a adoptar para a nova bandeira as cores de um dos quaisquer partidos de então?
Para os que hoje colocam a bandeira da União Europeia em lugar de honra,(talvez por ignorâncias feitas, para não chamar de complexos frente "ao estrangeiro"),julgando que a mesma terá "mais pinta", usando um termo, por certo, para eles favorito; esquecendo que, infelizmente, a tal Europa Unida, e a sua bandeira, neste momento o que representam não será lá muito para nos orgulharmos. Uma União Europeia em que a igualdade e a solidariedade entre os povos que a constituem, são cada vez mais substituídos pelos termos "Nós", os ricos, os que trabalham, os sérios, os capazes...e... "Eles", os "Outros", os das praias ao sol...
Tudo o resto que a bandeira azul estrelada deveria representar, se torna de uma simplicidade assustadora nas suas falácias. Antes a "pobre" bandeira verde-rubra, que nos representa como o Povo que somos,com os nossos grandes defeitos,mas também, e não menos,com as nossas grandes qualidades humanas. Qualidades que,infelizmente,talvez só sejam compreendidas em toda a sua profundidade pelos que vivem sob outras bandeiras há muitas décadas.
Como curiosidade, e quanto à Escandinávia e as suas bandeiras, recordo que, quando aqui cheguei há 36 anos,ter estranhado que, frente a cada vivenda, quinta, casa de férias da mais pequena à mais luxuosa, havia um pau de bandeira. Não um pau de bandeira "à janela", mas um típico pau de bandeira "militar",enterrado no solo. E não só nos feriados ou festas nacionais, mas tanto nos dias de anos dos familiares que vivem na casa, casamentos, batizados ou outras festas familiares, a bandeira lá está, bem alta e orgulhosa. Aquando de morte na família,a bandeira também lá está, só que agora a meia haste. Ao passar de carro numa estrada, ou de barco frente a estes milhares de ilhas, é impressionante o aspecto festivo das vilas e aldeias com as suas centenas de bandeiras nacionais.
E isto do extremo sul ao extremo norte de todos os países escandinavos, mais a Finlândia. Ninguém é obrigado a ter a bandeira. Mas, tendo-a, existem regulamentos rígidos sobre o uso da mesma, e multas avultadas para aqueles que os não cumpram. Por exemplo, a bandeira não pode estar velha, esfarrapada,ou com perda da cor. As dimensões das bandeiras são estabelecidas, assim como as dos paus de bandeira em relação com os tamanhos das casas que os usam, para em nada serem ridículos ou exagerados,e portanto menos próprios para com o símbola nacional. Isto, em toda a sua simplicidade, tem muito a ver com um sincero orgulho da sua Pátria, cultura e valores.
A mesma bandeira nacional que nos nossos Regimentos Militares é guardada em armário envidraçado, geralmente na sala de honra, nos Regimentos Suecos é colocada em lugar destacado da caserna dos soldados mais antigos do Regimento com o fim de ser a última coisa que estes militares olham ao recolher,e a primeira a ser vista à alvorada.
Para os que hoje colocam a bandeira da União Europeia em lugar de honra,(talvez por ignorâncias feitas, para não chamar de complexos frente "ao estrangeiro"),julgando que a mesma terá "mais pinta", usando um termo, por certo, para eles favorito; esquecendo que, infelizmente, a tal Europa Unida, e a sua bandeira, neste momento o que representam não será lá muito para nos orgulharmos. Uma União Europeia em que a igualdade e a solidariedade entre os povos que a constituem, são cada vez mais substituídos pelos termos "Nós", os ricos, os que trabalham, os sérios, os capazes...e... "Eles", os "Outros", os das praias ao sol...
Tudo o resto que a bandeira azul estrelada deveria representar, se torna de uma simplicidade assustadora nas suas falácias. Antes a "pobre" bandeira verde-rubra, que nos representa como o Povo que somos,com os nossos grandes defeitos,mas também, e não menos,com as nossas grandes qualidades humanas. Qualidades que,infelizmente,talvez só sejam compreendidas em toda a sua profundidade pelos que vivem sob outras bandeiras há muitas décadas.
Como curiosidade, e quanto à Escandinávia e as suas bandeiras, recordo que, quando aqui cheguei há 36 anos,ter estranhado que, frente a cada vivenda, quinta, casa de férias da mais pequena à mais luxuosa, havia um pau de bandeira. Não um pau de bandeira "à janela", mas um típico pau de bandeira "militar",enterrado no solo. E não só nos feriados ou festas nacionais, mas tanto nos dias de anos dos familiares que vivem na casa, casamentos, batizados ou outras festas familiares, a bandeira lá está, bem alta e orgulhosa. Aquando de morte na família,a bandeira também lá está, só que agora a meia haste. Ao passar de carro numa estrada, ou de barco frente a estes milhares de ilhas, é impressionante o aspecto festivo das vilas e aldeias com as suas centenas de bandeiras nacionais.
E isto do extremo sul ao extremo norte de todos os países escandinavos, mais a Finlândia. Ninguém é obrigado a ter a bandeira. Mas, tendo-a, existem regulamentos rígidos sobre o uso da mesma, e multas avultadas para aqueles que os não cumpram. Por exemplo, a bandeira não pode estar velha, esfarrapada,ou com perda da cor. As dimensões das bandeiras são estabelecidas, assim como as dos paus de bandeira em relação com os tamanhos das casas que os usam, para em nada serem ridículos ou exagerados,e portanto menos próprios para com o símbola nacional. Isto, em toda a sua simplicidade, tem muito a ver com um sincero orgulho da sua Pátria, cultura e valores.
A mesma bandeira nacional que nos nossos Regimentos Militares é guardada em armário envidraçado, geralmente na sala de honra, nos Regimentos Suecos é colocada em lugar destacado da caserna dos soldados mais antigos do Regimento com o fim de ser a última coisa que estes militares olham ao recolher,e a primeira a ser vista à alvorada.
Outras bandeiras...Outros costumes...Outras gentes.
[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
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Nota do editor:
Último poste da série > 17 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8436: Da Suécia com saudade (30): O Gen Spínola enquanto Presidente da República não terá assinado a Lei 7/74, de 27 de Julho de 1974, que veio reconhecer o direito à autodeterminação dos territórios ultramarinos (José Belo)