sexta-feira, 19 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11424: Notas de leitura (473): O Sistema Colonial Português em África (meados do século XX), por Armando Castro (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Dezembro de 2012:

Queridos amigos,
O Prof. Armando Castro percorreu algumas parcelas do Império para escrever este livro, apresentado como libelo anticolonial . Foi elaborado entre 1958 e 1959, publicado em 1962 na URSS e editado em português em 1980.
Marca inequivocamente o que o PCP pensa do sistema colonial, numa altura em que já eclodira a subversão em Angola. O PCP, no seu V Congresso, realizado em 1957, tinha inserido no seu programa, como objetivo primordial “o reconhecimento aos povos das colónias portuguesas do direito à completa e imediata independência”. Este objetivo será mantido no VI Congresso, realizado em 1965.
A sua edição na URSS, é uma hipótese explicativa, resultaria de um esforço informativo da corrente do comunismo internacional sobre a visão prismática que o PCP tinha acerca dos grandes eixos em que assentava o colonialismo português em África. É descabido supor que um livro editado em russo tivesse como utilizadores os portugueses.

Um abraço do
Mário


O sistema colonial português em África: a Guiné

Beja Santos

“O sistema colonial português em África (meados do século XX)”, por Armando Castro, Editorial Caminho, 1980, foi elaborado entre 1958 e 1959 e teve a sua primeira edição na União Soviética. O autor explica-se: “Não podemos para tanto perder de vista que entre 1957 e 1958, quando foi tomada a decisão de conhecer os aspetos mais salientes do sistema colonial português em África, ele era praticamente desconhecido, quer da opinião pública portuguesa quer da generalidade da opinião pública internacional”. Mais adiante, o autor refere ofensiva ideológica do regime de Salazar em torno das bondades sobre o seu domínio colonial e a necessidade que o Partido Comunista Português sentiu de se habilitar com a sua própria ofensiva de esclarecimento. Armando de Castro parte para África a 21 de Junho de 1958 e durante 95 dias percorreu Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e a Guiné. A primeira edição foi em russo, sob o pseudónimo de autor Joaquim Silva.

Armando de Castro releva, palavras suas, a exatidão do marxismo, a sua capacidade de previsão histórica de que o colonialismo estava condenado a desaparecer. Como se compreenderá, a recensão sumaria os dados referentes à Guiné, e do mesmo modo faz-se tábua-rasa dos elementos referentes à situação geográfica, território, fronteiras, demografia e quadro étnico, organização administrativa, transportes e comunicações.

O autor chama a atenção para o facto das características económicas e sociais da Guiné serem diferentes das outras colónias: “O aspeto principal resulta da falta de plantações ou de outras empresas para exploração direta das riquezas naturais pelos colonialistas. Toda a atividade económica repousa sobre a agricultura nativa. A atividade dos europeus consiste na aquisição dos excedentes da produção autóctone e na organização de um mercado interno por meio de uma rede comercial fechada”. Isto derivado ao pouco estímulo que o capital colonial sentiu para a exploração direta das riquezas.

Refere-se a importância da cultura da mancarra e atividades exercidas diretamente pelos europeus, a exploração das madeiras, havendo a criticar a ausência de um repovoamento florestal. A agricultura aparece como uma atividade económica exclusiva dos guinéus, o comércio colonial consiste no amendoim, coconote e óleo de palma. No plano industrial, são repertoriadas quatro fábricas para o descasque de arroz, pertencentes a sociedades europeias, uma pequena unidade para extração de óleo de peixe, pequenas oficinas de reparação automóvel, serralharias, pequenas fábricas para extração de óleo de mancarra e umas doze oficinas para cortar as madeiras destinadas à exportação. Não são igualmente esquecidas as destilarias de bebidas alcoólicas e o autor refere tratar-se de atividades clandestinas “visto que várias convenções internacionais interditam a destilação em África das bebidas alcoólicas”.

A Guiné aparece a viver economicamente a viver sobre o signo da mancarra e seguem-se alguns dados que vale a pena registar. “As firmas proprietárias das quatro fábricas de descasque de arroz controlam também o mercado interno e a exportação. Sofrem porém a concorrência dos produtores nativos na fase de descasque. Estes, com efeito, descascam o arroz com o pilão, manualmente, produzindo assim o que se chama arroz de pilão. Para vencer esta resistência ao monopólio total, os proprietários das fábricas fizeram baixar o preço do arroz de pilão em relação ao arroz descascado nas suas fábricas, insinuando que aquele era impuro e de difícil exportação. Apesar disso, o cultivador guinéu continuava a vender o seu produto, não somente no mercado interno mas também nos territórios vizinhos sob denominação francesa, sobretudo desde que deixaram de receber arroz do Vietname”.

Esta digressão sobre a Guiné prossegue com uma análise da mão-de-obra e salários, o comércio interno e o comércio externo. No tocante ao capital colonial na Guiné, o autor volta a referir as três grandes companhias e o seu papel monopolista no comércio interno, na aquisição das matérias-primas coloniais e na venda de produtos manufaturados, bem como o controlo quase total da exportação e o transporte marítimo, explanado sobre os interesses da CUF através da Casa Gouveia, a Sociedade Comercial Ultramarina e por outro lado a empresa Barbosa e Costa. Por fim, Armando Castro tece considerações sobre a sociedade guineense. Considera que a etnia mais evoluída é a Fula. Observa que o trabalho forçado tem formas mais atenuadas e com menos intensidade na Guiné que em Angola e Moçambique: “Para conseguir mão-de-obra, os colonialistas dirigem-se aos funcionários da administração. Mas as empresas só têm necessidade de um pequeno número de trabalhadores e, por outro lado, a resistência é grande. É isto que explica que o trabalho forçado na Guiné seja menos grave que nas outras colónias do Continente. A violência física parece também exercer-se com menos rigor. Os castigos corporais existem, mas mais raramente que em Angola ou Moçambique. O espírito de resistência aos colonialistas é visível ainda em exemplos relativos a alguns produtos alimentares. a população europeia experimenta sérias dificuldades para obter certos géneros alimentícios, tais como os legumes e os ovos, porque os produtores não fornecem os mercados”.

E Armando Castro fala da resistência guineense dando como exemplo as greves para a obtenção de melhores salários dos carregadores da Casa Gouveia, em Maio de 1956, lançando um dado surpreendente: “A resistência mede-se ainda pela extensão da influência islâmica. O islamismo barra a penetração ideológica do colonialismo, que procura impor-se por intermédio dos centros missionários, a multiplicação das escolas corânicas torna inútil este esforço colonialista, porque os africanos observam atentamente o exemplo dado pelos membros dos dois tipos de escola. De um lado estão os mestres do Corão, africanos como eles, tratando-os como irmãos e vivendo de uma maneira humana e digna. Do outro lado, nas escolas criadas pelos colonialistas, atuam mestres impregnados da mentalidade dos exploradores brancos”. Acerca do contexto mundial anticolonial, o autor observa ainda: “Face ao aumento da vaga anticolonialista, que já deu a independência à Guiné ex-francesa, a política das autoridades portuguesas não sofreu qualquer transformação. Portugal nem sequer tenta qualquer ação do tipo económico- social ou político-administrativo como fazem as demais potências coloniais. Alimenta a esperança de manter o sistema. Para isso conta com a manutenção do grande atraso das populações em relação a todos os outros povos colonizados de África. Ao mesmo tempo, procura-se intensificar a vigilância e a repressão policial. É o que explica a instalação em África, em 1956, da famosa polícia política de Salazar, em particular a sua implantação no interior da Guiné e em algumas regiões fronteiriças. Em meados de 1958 acentuava-se esta medida criando 5 postos e 11 subpostos da polícia política”.

Resta procurar entender o que levou um quadro do PCP a proceder a este levantamento e a publicá-lo em russo, na sua primeira edição. Armando Castro, no posfácio, justifica-se. A primeira razão é de carácter pessoal, por sentimento de justiça e de solidariedade humana, a outra é a necessidade de contribuir para o desaparecimento da opressão colonialista: “Os patriotas conscientes também não ignoram que, na medida em que se quebram os projetos do imperialismo que têm por base as colónias portuguesas, se reforçaram as possibilidades de paz. Desejamos que a opressão colonial que dura há séculos seja substituída por relações de verdadeira amizade. E esta amizade, a única forma futura da presença de Portugal em África, só pode nascer e florescer no seio de uma cooperação fraterna. Cooperação regida pelos princípios da igualdade nacional”.
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Nota do editor:

Último poste da série de 15 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11399: Notas de leitura (472): Vem Comigo à Guerra do Ultramar, pelo Coronel António Luís Monteiro da Graça (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11423: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (16): Respostas (29/30) de Rui Felício (CCAÇ 2405, Galomaro e Dulombi, 1968/70) e José Francisco Borrego (GA 7, Bissau, e 9º Pel Art, Bajocunda, 1970/72)


Resposta nº 29 > Rui Felicio [ex- alf mil, CCAÇ 2405 / BCAÇ 2852, Galomaro e Dulombi, 1968/70] [, foto à esquerda]

(1/2)  Por telefonema do Vitor David  (ainda era o Blogue-Fora-Nada).
(3)  Não. [O Rui consta da lista dos 111 tertulianos da 1ª série, e faz parte da rede atual da Tabanca Grande, desde 11 de fevereiro de 2006,  razão por que recebeu este questionário] (**) (***)
(4) No inicio, diariamente. Actualmente de tempos a tempos.
(5) Não tenho mandado.
(6)  Conheço [, a nossa página do Facebook].
(7) [Vou] mais vezes ao blogue
(8)  O que gosto mais são das histórias menos ligadas à guerra
(9) O que gosto menos são os relatos de combates e de actos de heroismo
(10) De facto, noto lentidão no acesso,  o que prejudica visitas mais frequentes.
(11) O blogue representa um repositório importante de factos testemunhados por quem neles interveio.
(12) Já. No de Montemor o Novvo (um dos primeiros) [, Aliás, o nosso I Encontro Nacional, em 14 de outubro de 2006, na Ameira]
(13) Não, [não tenciono ir ao VIII Encontro Nacioanl, em Monte Real, no dia 8 de junho].
(14) Tem e deve manter-se porque representa um contributo histórico insubstituivel.
(15) ...


Reposta nº 30 > José [Francisco Robalo] Borrego [, hoje ten cor ref., pertenceu ao Grupo de Artilharia n.º 7 de Bissau e ao 9.º Pel Art, Bajocunda, 1970/72]


[Foto à direirta: o nosso camarada o José Borrego, em Bissau, no ex-GA7, em janeiro de 2012] 

(1) Descobri o blogue em 20008.
(2) Através do camarada António Graça de Abreu.
(3) Sim, desde Outubro/Novembro de 2008. [Mais exatamente, desde 12 de novembro de 2008].
(4) Semanalmente.
(5) O último material que enviei foi aquando da minha visita à Guiné em janeiro de 2012.
(6) Confesso que não [, não conheço a página da Tabanca Grande no Facebook].
(7) Vou mais vezes ao blogue.
(8) O caudal de informação.
(9) Nada a referir.
(10) Não tenho sentido dificuldades [, no acesso do blogue]..
(11) Representou reviver o passado; ir ao encontro de mim próprio; grande fonte de informação.
(12) Sim, em 2012 [,VII Encontro Nacional].
(13)  Este ano não tenciono ir por motivos familiares.
(14) Sim, o blogue ainda tem muito fôlego, e o moral elevado, tanto mais que há milhares de camaradas que ainda não se manifestaram.
(15) Só tenho elogios a fazer ao blogue, principalmente, por ser o grande elo de ligação entre camaradas e amigos que foram companheiros de sofrimento e que, na 1ª pessoa, puderam relatar as suas boas e más experiências em terras da Guiné.


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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 18 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11420: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (15): Respostas 27 e 28, de Manuel Carvalho (ex-Fur Mil da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) e Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidage, 1973/74)

(**) Vd. I Série, postes de:


(...) (ii) Temos depois outra mensagem de outro camarada da CCAÇ 2405, já aqui apresentado anteriormente, o Rui Felício, juntamente com o Victor David. Foi-me enviada ontem à noite:


(...) "Caro Luis Graça,
"Passei o dia de hoje em Coimbra almoçando com o Vitor David a quem me ligam laços profundos de amizade e camaradagem.

"Falámos do blogue cuja utilidade é inquestionável e que tanto mais se valorizará quanto os contributos para o esclarecimento das coisas que se passaram na Guiné se multipliquem.

"Foi um dia agradabilíssimo na companhia, à beira do Mondego, da mulher e da filha do Vitor David, ambas simpatiquíssimas, e do meu próprio filho que me acompanhou de Lisboa até Coimbra onde estuda.

"O Vitor David incentivou-me a enviar-te o texto que escrevi e que lhe dei a ler sobre o desastre do Corubal, pedindo-te que decidas sobre se o mesmo deve ou não ser divulgado no teu blogue.

"Espero vir a conhecer-te pessoalmente em breve... Pelos elogios do Vitor David a teu respeito, fiquei ansioso por esse momento se proporcionar.

"Um abraço, Rui Felício (ex- Alf Mil Inf CCAÇ 2405)"


11 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXIII: O IN emboscado a caminho de Dulombi (CCAÇ 2405, Galomaro, Julho de 1969)

(...) Pouco ou nada se tem aqui falado do subsector de Galomaro que, em 1968/70, era guarnecido pela CCAÇ 2405, a sacrificada companhia que viu morrer 17 dos seus melhores elementos na travessia do Rio Corubal, em 6 de Fevereiro de 1969, em Cheche, na retirada de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).

A essa companhia pertenciam os nossos amigos e camaradas Victor David e Rui Felício. O primeiro já entrou para a nossa tertúlia. O segundo mandou-me há dias (9 de Fevereiro) a seguinte mensagem:

"Meu Caro Luis Graça,

"Por indicação do meu amigo de juventude e mais tarde camarada de armas na CCAÇ 2405, Victor David, tive conhecimento e acesso ao excelente blogue que criaste sobre a nossa passagem por terras da Guiné.

"Transmitirei aos meus conhecidos e amigos a existência do blogue e procurarei colaborar nele se tal for possivel, levando ao conhecimento de todos alguns episódios marcantes das nossas vidas, relativamente à nossa estadia na bela e martirizada terra da Guiné.

"Até breve e um abraço" (...)



Tertúlia > Amigos & Camaradas da Guiné

A. Marques Lopes, A. Mendes, Abel Maria Rodrigues, Afonso M.F. Sousa, Aires Ferreira, Albano Costa, Amaro Samúdio, Américo Marques, Ana Ferreira, Antero F. C. Santos, António Baia, António Duarte, António J. Serradas Pereira, António (ou Tony) Levezinho, António Rosinha, António Santos, António Santos Almeida, Armindo Batata, Artur Ramos, Belmiro Vaqueiro, Carlos Fortunato, Carlos Marques dos Santos, Carlos Schwarz (Pepito), Carlos Vinhal, Carvalhido da Ponte, David Guimarães, Eduardo Magalhães Ribeiro, Ernesto Ribeiro, Fernando Chapouto, Fernando Franco, Fernando Gomes de Carvalho, Hernani Acácio Figueiredo, Hugo Costa, Hugo Moura Ferreira, Humberto Reis, Idálio Reis, J. C. Mussá Biai, J. L. Mendes Gomes, J. L. Vacas de Carvalho, João Carvalho, João S. Parreira, João Santiago, João Tunes, João Varanda, Joaquim Fernandes, Joaquim Guimarães, Joaquim Mexia Alves, Jorge Cabral, Jorge Rijo, Jorge Rosmaninho, Jorge Santos, Jorge Tavares, José Barreto Pires, José Bastos, José Casimiro Caravalho, José Luís de Sousa, José Manuel Samouco, José Martins, José (ou Zé) Neto , José (ou Zé) Teixeira, Júlio Benavente, Leopoldo Amado, Luis Carvalhido, Luís Graça, Luís Moreira (V. Castelo), Luís Moreira (Lisboa), Manuel Carvalhido, Manuel Castro, Manuel Correia Bastos, Manuel Cruz, Manuel Domingues, Manuel G. Ferreira, Manuel Lema Santos, Manuel Mata, Manuel Melo, Manuel Oliveira Pereira, Manuel Rebocho, Manuela Gonçalves (Nela), Mário Armas de Sousa, Mário Beja Santos, Mário Cruz, Mário de Oliveira (Padre), Mário Dias (ou Mário Roseira Dias), Mário Migueis, Martins Julião, Maurício Nunes Vieira, Nuno Rubim, Orlando Figueiredo, Paula Salgado, Paulo Lage Raposo, Paulo & Conceição Salgado, Paulo Santiago, Pedro Lauret, Raul Albino, Renato Monteiro, Rogério Freire, Rui Esteves, Rui Felício, Sadibo Dabo, Sérgio Pereira, Sousa de Castro, Tino (ou Constantino) Neves, Tomás Oliveira, Torcato Mendonça, Victor David, Victor Tavares, Virgínio Briote, Vitor Junqueira, Xico Allen, Zélia Neno.

Guiné 63/74 - P11422: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (2): Tabanca de Jugudul, a ferro e fogo, na sequência do ataque IN a 23/1/1973: mais de meia centena de moranças destruídas



Guiné > Região do Oio > Setor 4 (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 2/17 > 1973 > Ruínas de moranças , destruídas pelo PAIGC na sequência do ataque de 23/1/1973.


Guiné > Região do Oio > Setor 4 (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 2/18 > 1973 > Ruínas de moranças , destruídas pelo PAIGC na sequência do ataque de 23/1/1973.


 Guiné > Região do Oio > Setor 4 (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 2/19 > 1973 > Ruínas de moranças, destruídas pelo PAIGC na sequência do ataque de 23/1/1973.


  Guiné > Região do Oio > Setor 4 (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 2/21 > 1973 > Ruínas de moranças, destruídas pelo PAIGC na sequência do ataque de 23/1/1973.



  Guiné > Região do Oio > Setor 4 (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 2/23 > 1973 > Ruínas de moranças, destruídas pelo PAIGC na sequência do ataque de 23/1/1973.


Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados

1. Continuação da publicação do álbum fotoográfico do Carlos Fraga, o mais recente membro da nossa Tabanca Grande (nº 611). Ele esteve em Mansoa, nos últimos meses de 1973, como alf mil, numa espécie estágio operacional, antes de ir comandar uma companhia em Moçambique, já depois de 25 de abril de 1974. Estas fotos, adquiridas por ele, terão sido tiradas em janeiro de 1973, de acordo com a nota, recente, que ele me mandou:

"Caro Luís: Na sequência das fotos do Jugudul tiradas por mim, sugeria-te publicares as que te enviei a preto e branco mostrando a destruição da tabanca. Como te disse creio que essas (a preto e branco) não terão sido tiradas por mim mas que as terei obtido na Guiné desconhecendo quem seja o autor.A destruição parece demasiado recente para ter sido eu a tirá-las (só cheguei meses depois) e eu tirava principalmente slides e fotografias a cores. Muito poucas a preto e branco."




Guiné > Região do Oio > Carta de Mansoa (1954) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Mansoa e Judugul, separadas pelo Rio Mansoa. E ainda Cussaná, a nordeste de Mansoa.

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Nota do editor:

Último poste da série > 18 de abril de 2013 >  Guiné 63/74 - P11417: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (1): Jugudul, onde o PAIGC, em 23/1/1973, provocoiu 6 mortos e destruiu mais de meia centena de moranças

Guiné 63/74 - P11421: Parabéns a você (565): Augusto Vilaça, ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914 (Guiné, 1967/69) e Victor Barata, ex-1.º Cabo Esp DO 27/FAP BA 12 (Guiné, 1971/73)

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Nota do editor:

Último poste da série de 18 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11415: Parabéns a você (564): Raul Brás, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11420: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (15): Respostas 27 e 28, de Manuel Carvalho (ex-Fur Mil da CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70) e Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidage, 1973/74)

Mais respostas ao nosso questionário

Resposta n.º 27 ao nosso questionário de Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70):

1 - Quando é que descobriste o blogue? 
R - Descobri o Blogue em 2008.

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
R - Tudo isto começou com um convite do meu irmão o António Carvalho para ir à Tabanca de Matosinhos ainda na casa Teresa, lá conheci 20 ou 30 camaradas e o Blogue.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?
R - Comecei por ser um simples mirone, passei a fazer um ou outro comentário mas visitava o Blogue quase diariamente, até que talvez em 2012 me inscrevi.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 
R - Desde 2008 que quase diariamente vou ao Blogue, às vezes mais que uma vez por dia. Só não vejo quando estou fora de casa.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?
R - Tenho enviado algum material para o blogue fotos e texto e vou continuar a enviar mas a verdade é que não tenho muito jeito para a escrita.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?
R - Conheço o Facebook mas não gosto muito.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
R - Mais o blogue

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
R - Gosto de tudo o que diga respeito à Guiné. Mas aceito muito bem outras coisas. Facebook não ligo muito.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
R - Não gosto de ataques pessoais e picardias.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
R - Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook?
R - No Blogue nós quando dizemos seja o que for sobre a Guiné, sabemos que do outro lado está alguém que já passou por algo semelhante e que nos entende perfeitamente.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?
R - Não. É bastante longe para mim.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
R - Por esse motivo não estou a pensar ir.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?
R - Acho que sim. Com este timoneiro, e estes editores, só acaba quando morrermos todos.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
R - Críticas não tenho, diria só que gostava muito que alguns camaradas que escrevem pouco ou nada e que o sabem fazer muito bem que participassem mais, se puderem claro.

Um abraço
Manuel Carvalho

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Resposta n.º 28 do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74)

1 - Quando é que descobriste o blogue?
R - Não me lembro ao certo, se foi em finais de 2004 ou 2005. 

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
R - Por informação de um camarada, que vai ao blogue mas nunca se inscreveu como tertuliano.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?
R - Sou membro (tertúlia) desde ou finais de 2004 ou 2005.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
R - Vejo o blogue diariamente à excepção de quando não posso mesmo. 

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?
R - Tenho intervido muito pouco no blogue, um pouco por falta de tempo, mas sempre atento. 

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?
R - Conheço a página no Facebook, e faço parte do grupo de amigos. 

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
R - Em geral vou sempre pelo blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
R - Gosto mais do Blogue, o Facebook serve para ser informado quando tem posts novos, mas leio sempre pelo blogue. 

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
R - Gosto mais dos temas que são relacionados com a Guiné, e só a Guiné.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
R - Não tenho, acho normal o acesso.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook?
R - O blogue ainda hoje representa para mim um momento de prazer em ler o que foi a guerra da Guiné, não gosto da mentira ou de contarem histórias que não corresponda à verdade, assim como o confronto, afinal a guerra foi igual em toda a Guiné, mas houve diferenças de ano para ano, o exemplo foi da zona aonde estive, Guidage, que foi muito complicado na época em que o PAIGC quis tomar de assalto o quartel, mas noutras épocas não foi tanto, mas foi sempre difícil, até pelo isolamento.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
R - Já participei, não tenho participado porque não tem dado, mas quando posso gosto de estar presente.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?
R - Eu acho que sim, o blogue por tudo que fez pelos ex-combatentes da Guiné, e em geral, merece continuar no activo, foi uma fonte muito importante do que é hoje o convívio entre nós ex-combatente da Guiné, tem pernas para andar, afinal é o nosso jornal da caserna de maior leitura, onde através do blogue já se fizeram e irão continuar a fazer grandes amizades.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
R - Só digo, ninguém é perfeito e como tal o blogue também não, (mas quem julga que é perfeito, já é um grande defeito que tem), por isso viva o nosso blogue e que possa andar por muito e bons anos, reconheço que isso se deve ao Luís, ao Carlos, ao Magalhães Ribeiro e ao Briote, um bem haja para todos e que tenham muita saúde para poder continuar com esta obra. 

Um abraço de amizade para todos, 
Albano Costa
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Nota do editor:

Último poste da série de 18 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11419: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (14): Resposta n.º 25 de Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732 (Mansabá, 1970/72) e resposta n.º 26 de Abílio Magro, ex-Fur Mil Amanuense do CSJD/QG/CTIG (1973/74)

Guiné 63/74 - P11419: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (14): Resposta n.º 25 de Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732 (Mansabá, 1970/72) e resposta n.º 26 de Abílio Magro, ex-Fur Mil Amanuense do CSJD/QG/CTIG (1973/74)

Continuação da publicação das respostas ao nosso questionário

Resposta n.º 25 de Carlos Vinhal, ex-Fur Mil da CART 2732, Mansabá, 1970/72, também co-editor deste Blogue.


(1) Quando é que descobriste o blogue? 
Em Março de 2006

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 
Andava a pesquisar no Google coisas sobre a Guiné

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando? 
Sou. Desde Março de 2006. Logo que tive o primeiro contacto com o Blogue contactei o nosso editor Luís Graça para o felicitar.

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 
Não sou eu que visito o Blogue, ele é que me visita a mim diariamente.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 
Não tenho tempo para mim. Publico o que os outros me mandam o que é muito gratificante.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?
Fui eu que, com a anuência do nosso editor Luís Graça, coloquei a nossa página no "face", mas confesso que muito espaçadamente a visito lá.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
Vd. resposta 6.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 
Sinto o Blogue do Luís Graça como se fosse meu. Falar do que gosto mais nele é muito complicado.
Confesso não ser muito apaixonado pelo "face". É uma balbúrdia onde cabe tudo.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
Fico triste quando um ou outro camarada cai no pecado de fazer do Blogue uma tribuna para incentivar à violência verbal. Já alguém disse parecer uma tentativa para provocar a deserção na tertúlia e a morte lenta desta página. Temos infelizmente a registar um ou dois afastamentos definitivos, mas no geral tem-se ultrapassado algum mal-estar temporário e esporádico.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 
Não sinto qualquer dificuldade em aceder à página.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 
Entre Março 2006 e Março 2007 representava uma fonte de informação sobre a guerra na Guiné. Lia e absorvia cada história e cada foto.
A partir daquela data... devem estar a adinhar a resposta.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?
Se me perguntassem se alguma vez faltei aos encontros anteriores, a resposta seria nunca.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
Estou a pensar ir, para tal fui dos primeiros a inscrever-me. Para dar o exemplo.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar? 
O Blogue, sem dúvida. Eu é que já não. Ando tão cansadinho...

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
Make love, not war

********************

2. Resposta n.º 26 do nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense do CSJD/QG/CTIG, 1973/74):


(1) Quando é que descobriste o blogue? 
R - Há já algum tempo, talvez 3 ou 4 anos. 

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) 
R - Através de pesquisa na net. 

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando? 
R - Sou "piriquito", sou! Há cerca de um ano, talvez. 

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) 
R - Diariamente. 

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)? 
R - Gostaria de ter mais material para mandar, mas quem manda o que tem... 

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]? 
R - Não, não conheço e penitencio-me por isso, mas prometo que vou conhecer. 

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 
R - Desconhecia a existência da página no Facebook (imperdoável!). 

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 
R - Relatos de ex-combatentes e notícias sobre cooperação. 

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 
R - Comentários de quem não sabe o que diz. 

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 
R - Não, sinto-me como no Pilão. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook? 
R - Uma exclente oportunidade para reviver o passado e encontrar ex-camaradas. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais? 
R - Não. 

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real? 
R - Não. 

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar? 
R - Claro que sim, até porque os Administradores lhe transmitem essa força e porque ainda haverá por aí muita estória para contar, quanto mais não seja através das novas gerações que as ouviram da boca dos seus ascendenteses e que ainda não foram aqui reveladas, talvez por desconhecimento do Blogue, por falta de geito p'ra net, ou por outra razão qualquer. 

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 
R - Nada a declarar.
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Nota do editor:

Último poste da série de 18 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11418: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (13): Resposta nº 23: Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73); resposta nº 24: Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70)

Guiné 63/74 - P11418: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (13): Resposta nº 23: Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73); resposta nº 24: Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Missirá e Bambadinca, 1968/70)

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), respondendo ao nosso questionário (*):

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
- Em 2010.

(2) Como e através de quem ?
- Através dos camaradas Tino Neves e Manuel Resende.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando ?
- Desde Setembro de 2010.

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue ?
- Normalmente, uma a duas vezes por dia.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
- Desde a minha adesão como membro da Tabanca Grande (cerca de dois anos e meio), já enviei “trabalho” que deu origem a 34 referências. É provável que ainda venha a enviar algo mais.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ? (Tabanca Grande Luís Graça)
- Sim. Faço parte.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
- Não. Gosto mais do Blogue

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
 - O Blogue é mais abrangente, dá-nos várias perspectivas e a possibilidade de fazer consultas e contar com a colaboração directa de outros camaradas. O Facebook é mais pessoal.

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
- O que gosto menos tanto num como noutro caso, são as publicações que por vezes nada têm a ver com a guerra na Guiné (a origem do Blogue), ou quando os comentários se embrenham demasiado na política ou são completamente fora do contexto (acontece mais no Facebook).

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
- Não. Normalmente acedo sem problemas.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
- Representa a oportunidade de reviver um pouco do que foi passar parte da nossa juventude, numa terra distante, longe dos ente-queridos e amigos, em cenários por vezes inimagináveis. A oportunidade de dar a conhecer muito dessa realidade, dos bons e maus momentos, e até de rencontrar camaradas e amigos.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ?
- Não. Infelizmente não tive essa possibilidade.

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real ?
- Mais uma vez não me vai ser possível.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
- Absolutamente. Ainda há muita gente para aderir à Tabanca Grande e com muitas histórias por contar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
- Agradecer ao Luís Graça por ter criado este Blogue, e ao Carlos Vinhal nosso editor principal sempre disponível e atento, o que nos permite continuar a “alimentar” o Blogue.
Bem hajam.

********************

2. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com as suas respostas ao nosso questionário:


(1) Quando é que descobriste o blogue? 
- Em 2006. 

(2) Como e através de quem? 
- O Luís Graça telefonou-me um dia para pedir autorização para reproduzir um artigo meu. Deu-me conta do blogue, então em viragem, a abrir-se, deixara de ser um megafone de confidências íntimas. Mergulhei no blogue, saiu-me logo, à bruta, a imagem da capela de Bambadinca, comovi-me, vi tudo devagar e senti-me cativado. Acertámos almoço na Escola Nacional de Saúde Pública, deu-me uma repentina, comprometi-me a escrever um quase dia-a-dia dos meus 26 meses na Guiné. 

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando? 
- Entrei logo, sentei-me à mesa, abanquei, resolvi ficar, sem remissão. 

(4) Com que regularidade vês/lês o blogue? 
- Ou de manhã ou à noite, uma vez. Mas de preferência à noite. Saboreio as imagens antes de deitar, sinto-me bem assim, regresso à terra de eleição, deito-me e durmo como uma pedra cerca de sete horas

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) 
 - Sou escravo do dever, por conta própria atirei-me a uma empreitada alucinante, ando à procura, ou procuro que me chamem a atenção, sobre tudo quanto se escreveu e escreve acerca da Guiné, sempre dos dois lados, a História prefere recolher todas as opiniões dos diferentes quadrantes

(6) Conheces também a nossa página no Facebook? (Tabanca Grande Luís Graça) 
- Não conheço o Facebook. Dizem-me que as pessoas passam lá horas deliciadas, a palrar umas com as outras, a descobrir velhos amigos. Infelizmente, já não sei gerir doutra maneira o meu tempo, o que tenho destino-o à leitura ou a ouvir música. E prefiro fazer amigos novos, é sinal que ainda não estou condenado pela bruxa má do envelhecimento. 

 (7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue? 
- Portanto, só ao blogue. 

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook? 
 - Acima de tudo, as imagens, dou comigo especado a pensar o que ia na cabeça do fotógrafo e do fotografado. Devemos ser depositários do maior acervo fotográfico daquela guerra. E gosto também de muitas imagens dos tempos de hoje, como é que se pode ser feliz em tanta adversidade? 

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook? 
- O que gosto menos no blogue é de textos que nada têm a ver com a Guiné. 

(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...) 
- Não. 

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook? 
- O blogue é o meu álbum de família. À cautela, já entreguei ao Luís Graça o meu património daquele tempo, estou absolutamente convicto da minha mortalidade, pode ser que haja ali material para algum estudo. No blogue publiquei livros, no blogue ganhei ânimo para escrever sobre a Guiné, atualmente estou a escrever o roteiro com o camarada Henriques da Silva. O blogue é omnipresente, quando vou à Feira da Ladra, estou sempre a pensar em surpresas. Lá para meados de Maio vou dar umas horas de aulas no Instituto de Estudos Superiores Militares. No intervalo vou até à biblioteca. O ano passado apanhei lá o diário do soldado Cristóvão, do Leonel Barreiros. Este ano será o que Deus quiser. O blogue faz parte do meu coração, é uma segunda pele. 

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais ? 
- Já participei em dois. 

(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real ? 
- Não. 

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? 
- Será o último de nós a fechar a porta. Até lá, todos os dias se carregará o blogue. Às vezes penso que os nossos filhos, os nossos camaradas guineenses de maneira alguma aceitarão a perda de fôlego. 

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. 
- Transmiti, nos primeiros anos, a sugestão de criarmos uma comissão para analisar formas de angariar fundos, para se apoiar edições; acho que devíamos ser mais intervenientes no domínio filantrópico. Aproveito a circunstância para pedir novamente a todos os confrades que me deem acesso a livros sobre a Guiné, sou de boas contas, devolvo prontamente e nunca danifico livros, sei muito bem o que eles custam a fazer. E aproveito para mandar um abraço a todos.
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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11416: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (12): Respostas nºs 21/22: Juvenal Amado (CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74) e Carlos Pinheiro (Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, Bissau, 1968/70)

Guiné 63/74 - P11417: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (1): Jugudul, onde o PAIGC, em 23/1/1973, provocoiu 6 mortos e destruiu mais de meia centena de moranças



Guiné > Região do Oio (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Foto nº 1 > Jugudul. Reordenamento. [Não sabemos ao certo a data desta imagem, se é antes ou depois do ataque, referido por António Graça de Abreu: em 23 de janeiro de 1973, em que o PAIGC destruiu mais de meia centena de moranças, ataque de resto confirmado pela consultada à história da unidade].



Guiné > Região do Oio (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1872/74) > Jugudul > Foto nº 2 >  s/d > Ruínas da tabanca, destruída pelo PAIGC.



Guiné > Região do Oio (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 4 >  s/d > Ruínas da  tabanca, destruída pelo PAIGC.


Guiné > Região do Oio (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 5 > s/ d Ruínas da tabanca, destruída pelo PAIGC.




Guiné > Região do Oio (Mansoa) > BCAÇ 4612/72 (1972/74) > Jugudul > Foto nº 82 > Ruínas da tabanca, destruída pelo PAIGC.


Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados


1. Início da publicação do álbum fotoográfico do Carlos Fraga, o mais recente membro da nossa Tabanca Grande (nº 611). Ele esteve em Mansoa, nos últimos meses de 1973, como alf mil, numa espécie estágio operacional, antes de ir comandar uma companhia em Moçambique, já depois de 25 de abril de 1974.

Algumas das fotos do nosso camarada Carlos Fraga já foram aqui publicadas, integradas no álbum fotográfico do Jorge Canhão. Problemas de legendagem têm vindo a ser esclarecidos com o Carlos Fraga que, entretanto, teve a gentileza de nos enviar mais fotos para publicação. Vamos tentar manter a numeração original do seu CD que chegou às mãos do Jorge Canhão e do Agostinho Gaspar, e de que temos uma cópia (parcial, e com numeração diferente). Publicamos hoje imagens da martirizada tabanca de Jugudul.

No seu Diário da Guiné, António Graça de Abreu escreve (Mansoa, 3 de fevereiro de 1973):

(...) "Atravessámos o rio Mansoa de jangada, num lugar chamado João Landim e depois, já não muito longe de Bissau, em Safim, cortámos para a estrada até Mansoa. Três quilómetros antes de Mansoa fica uma aldeia chamada Jugudul onde os guerrilheiros, há dez dias atrás, destruíram cem tabancas acabadas de construir pela NT, destinadas a realojar população. A povoação está num estado miserável, toda a gente fugiu. Isto aconteceu por causa da estrada em construção que começa exactamente no Jugudul, vai até Porto Gole e irá terminar em Bambadinca, uns sessenta quilómetros a leste. As estradas novas, alcatroadas dão sempre problemas, os guerrilheiros tentam obstar à sua construção. "(...).

De acordo com a respetiva história da unidade, o BCAÇ 4612/72, em 28 de novembro de 1972, assumiu a responsabilidade do Setor 4, com a sede em Mansoa,  e abrangendo os subsetores de Mansabá, Mansoa, Jugudul e Porto Gole e, a partir de 29 de outubro de 1973, também o subsetor de Polibaque, então criado para assegurar a protecção e segurança dos trabalhos da estrada Jugudul-Bambadinca. Em Jugudul ficou a 2ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72. No regulado de Jugudul viviam, em 1972, cerca de 1500 habitantes, de maioria balanta.

Em janeiro de 1973, há pelo menos notícia de dois ataques violentos a Jugudul (aquartelamento e tabanca), a  10 e depois a 23, a seguir à notícia da morte de Amílcar Cabral. Nesta última flagelação, além de seis mortos, o IN queimou mais de meia centena de moranças do reordenamento, pronto a inaugurar.

Pode ler-se na história do BCAÇ 4612/72 o seguinte:

(i) (...) Em 102250JAN73 GR IN não estimado flagelou o aquartelamento e tabanca de JUGUDUL com MORT 82, RPG e AAUT durante cerca de 10 minutos, tendo causado mortos 03 (02 colaborantes da defesa),  02 feridos ligeiros (01H e 01C) na população e queimado 06 casas. As bases de fogos IN estavam instaladas: MORT 82 e AATU, em MANSOA 416.59, só AAUT em MANSOA 418.57. Simultaneamente flagelou MANSOA com tiros de Canhão S/R, sem consequências, com bases de fogos na região do CUFAR. Ainda conjuntamente com estas flagelações o IN flagelou o destacamento de BRAIA com 02 tiros de MORT.82 da região de MANSOA 5G2." (...)

(ii) (...) "Em 232350JAN73 um grupo IN não estimado mas bastante numeroso flagelou MANSOA e CUSSANÁ sem consequências. Seguidamente iniciou flagelação ao aquartelamento e reordenamento de JUGUDUL, causando 06 mortos (01 colaborante da defesa), 04 feridos graves e 08 feridos ligeiros à população de JUGUDUL, queimando 54 moranças" (...).


2. Sobre as datas destas fotos, o Carlos Fraga acaba de nos dizer o seguinte, por mail:

"Caro Luís: A tabanca do Jugudul foi destruída no ataque de 23/1/73. Tirei as fotos que te mandei dos restos dessa tabanca. As moranças já estavam construídas,  quando lá estive a substituir as que foram destruídas no ataque. Não sei de que data são as fotos. As câmaras [fotográficas] nessa altura não eram digitais pelo que não tenho as datas. Algumas,  como as das operações,  seria fácil se encontrasse a agenda onde marquei todas as operações quando lá estive ou relendo a história da companhia no período em que estive lá,  também me é possível localizar. Mas fotos assim avulsas podem ter sido tiradas em qualquer dia. Abraço. C. Fraga".

´Consultando a história do BCAÇ 46127/72, verifica-se que o novo reordenamento de Jugudul começou a 7 de março de 1973, e que a construção da estrada Jugudul-Bambadinca era um "espinho" cravado na garganta do PAIGC... Citem-se excertos, relacionados com o setor de Mansoa e o subsetor de Jugudul,  com informações relevantes da "contra-informação" das NT, dando conta de um crescente mal-estar entre a guerrilha que atuava na região (Morés, Sara-Sarauol...).

(...) "Notícia de 10JAN73 refere que terroristas de IRACUNDA e MORÉS, estão muito descontentes por o PAIGC não ter cumprido as promessas ultimamente feitas, de a guerra terminar DEZ72, terão entrado em desacordo com LAMINE SISSE estando este em dificuldades para dominar os ânimos de alguns mais exaltados.

"CHICO BA, um dos mais descontentes, parece que ao ser chamado ao MORÉS para recomeçar as habituais reuniões, teria dado a entender que está farto de pregar mentiras às populações. Em conversa particular com o informador, CHICO BA mostrou-se arrependido por ter fugido de BISSAU há anos, e comentou, pois hoje estaria bem e ao serviço do PAIGC só AMÍLCAR CABRAL vive bem, não correndo os riscos da vida do mato.

"Acrescentou ainda que MAMADU INDJAI e PASCOAL de IRACUNDA, tendo receio de se apresentarem as autoridades portuguesas, seguiram ou esperam seguir para a fronteira abandonando o PAIGC e tratarem da vida no SENEGAL. Além das promessas não cumpridas outros motivos têm provocado grande descontentamento no IN, tais como falta de alimentos, vestuários e não terem os combatentes o mínimo de conforto.

"CHICO BA terá dito ao informador que até final da época seca [virão] muitos chefes do PAIGC apresentarem-se as autoridades portuguesas, incluindo ele próprio.

"Notícia de 10JAN73 refere ter chegado ao QUEREI, onde foi colocado como Comandante efectivo daquela área, o terrorista BASSANTE, da etnia Balanta, natural de IMBUÉ - ENCHEIA. Desconhece-se a sua procedência segundo a origem. UAGNA TCHUDA e MAMASSALI foram transferidos para a área de BIAMBE.

"(…) Notícia B-2 MA 1 12JAN73 refere que em 06JAN73 SALUM TURÉ, chefe de um grupo dependente da base do SARA, foi ao MORÉS pedir homens para atacar os trabalhos da estrada JUGUDUL/BAMBADINCA. JOSÉ, que estava no MORÉS, foi a SANTAMBATO buscar 01 grupo de 45 elementos. chefiados por LIFNE GUADE. Este grupo seguiu para a região do SARA na noite de 07JAN73, tendo cambado a estrada entre CUTIA e MANSABÁ. Neste grupo 27 elementos estão armados com armas ligeiras.

"(…) Notícia de 15JAN73 refere que nas duas últimas flagelações a JUGUDUL, foram orientadas por INFANDA NABENA este participou directamente no último (10JAN73) e com 30 elementos retirados do seu grupo, actuou na estrada em frente ao reordenamento. Segundo a origem, foram nativos de BINDORO que indicaram àquele terrorista o local onde se encontravam os elementos da auto-defesa de JUGUDUL. Notícia de 15JAN73 refere que em reunião recentemente efectuada no MÓRES, orientada por ANDRÉ PEDRO GOMES e a que teriam assistido vários chefes de grupo, entre os quais MARTINHO DE CARVALHO, UAGNA TCHUDA, MAMASSALI e INFANDA NABENA este apresentou como necessária e muito urgente a captura de FERNANDO INDAFÁ CUBALA, Régulo de JUGUDUL, porque nos últimos tempos tem colaborado activamente com as autoridades portuguesas.

"(…) Notícia de 27JAN73 refere que após o falecimento de AMÍLCAR CABRAL foi emitida em CONAKRY uma directiva assinada pelos elementos preponderantes do PAIGC, mandando incrementar actividade IN em todas as frentes de luta. Notícia refere que na última flagelação contra JUGUDUL pelo grupo IN de INFANDA NABENA auxiliados por um grupo de Comandos sob chefia de IRENEU DO NASCIMENTO LOPES. Na retirada o IN sofreu 04 feridos, provocados por uma granada de Obus.

"(…) Será de prever a intenção do IN de tentar por todos os meios evitar ou no mínimo dificultar a abertura da estrada JUGUDUL /BAMDADINCA, cujo traçado vai colidir com zonas onde têm locais de refúgio. A abertura da estrada facilitará a intervenção das NT na região SARA-SARANOL, onde o IN tem implantado um forte dispositivo militar – CE 199/C/70 - pelo que será de esperar uma forte reacção aos trabalhos de abertura, tendo o IN possibilidades de actuar por emboscadas, flagelações, implantação de engenhos explosivos e até por ataques à frente de trabalhos, não esquecendo as intimidações que as Pop vêm de há muito a ser sujeitas.

"(…) Em 07MAR/73 tem inicio a construção do novo reordenamento do JUGUDUL

"(…) Em 09MAR73 SªEX.ªGENERAL GOVERNADOR desloca-se ao JUGUDUL onde presidiu a cerimónia de graduação do Comandante da CMIL do JUGUDUL COBANA INTCHUDA". (...)


Guiné 63/74 - P11416: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (12): Respostas nºs 21/22: Juvenal Amado (CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74) e Carlos Pinheiro (Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, Bissau, 1968/70)

A. Continuação da respostas ao inquérito por questionário aos nossos leitores (*). Mais duas que nos chegaram:   Juvenal Amado (nº 21) e Carlos Pinheiro (nº 22):

B. Resposta nº 21 > Juvenal Amado [, ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74; natural de Alcobaça, vive em Fátima]:


Caros camaradas: Porque em certa altura das nossas vidas vestimos uma farda, pegamos em armas e dispusemo-nos a combater por uma coisa que não tínhamos bem a certeza, senti anos mais tarde uma força interior que me levou a escrever uma história real, que se tinha passado comigo há 33 anos na Guiné durante a guerra colonial, quando prestei serviço no Batalhão de Caçadores 3872. (Essa história foi lida na Antena 1 pelo actor Miguel Guilherme no programa Histórias de Vida)

Na altura ainda não fazia ideia do muito já publicado e, em especial pela sua abrangência, no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Mas tornou-se imperiosa a necessidade de falar, de tornar publico episódios de uma guerra em que (pensava eu) ninguém falava, que a meu ver carecia de um amplo debate que limpasse reservas e reavivasse a memória coletiva. Pretendia assim contribuir para desmistificar rumores que grassavam na opinião pública, de que nós fomos para lá divertirmo-nos com as bajudas, empanturrarmo-nos de cerveja e de marisco barato em paraísos tropicais.

Começava eu assim: 
- Caro Luís,  se me permites que te trate assim...
______________________________________

(1) Em 2007 descobri o Blogue quando fiz um pesquisa na Net sobre o local onde prestei serviço militar na Guiné (Galomaro). 

(2) Ao fazer isso,  dei com uma mensagem do Carlos Filipe que foi meu camarada no 3872 e que eu praticamente não conhecia, em que ele exclamava que finalmente os tinha encontrado.

Também ficou na minha cabeça um comentário e a esse respeito escrevi: - Gostei especialmente do comentário que um camarada do Saltinho fez afirmando que estava farto de guardar as costas aos gajos da CCS. Nas companhias operacionais, havia sempre um sentimento estranho em relação ao comando do batalhão, que foi passando à medida que as comissões avançavam.

A titulo de exemplo por causa de umas palavras ditas pelo o nosso comandante, quanto ao empenho operacional de uma das companhias, quando Galomaro foi atacado nessa companhia festejou-se o ataque como quem diz, agora já sabem como é.

E foi assim que me tornei membro.

(3) Sou pois membro do blogue desde Novembro de 2007. [Vd. poste de 1 de janeiro de 2008, P2413]

(4) Vou ao blogue todos os dias, sempre que me seja possível.

(5) Tenho enviado sempre que as recordações me assaltam, sendo cada vez raras na verdade. Tenho pena mas a fonte vai secando, mau grado a minha vontade de manter uma contribuição constante.

(6) Conheço e uso também a página do facebook.

(7) Vou mais vezes ao blogue do que à página Tabanca Grande Luís Graça,  no FB. 

(8) No blogue é como que lê o jornal diário. No FB como não aparecem todos os postes publicados no blogue, leio menos vezes. 

(9) Não tenho criticas a fazer nos dois casos,  antes pelo o contrário, só tenho boas criticas quanto ao trabalho, bem como há imagem dos postes. 

(10) Quanto à lentidão na abertura do blogue, fracamente não sei é lentidão motivado pelo peso das publicações,  se é do meu próprio equipamento. 

(11) O que o blogue representa para mim, dificilmente será substituído por outra publicação do género. O blogue deu-me amizade, calor, motivos de interesse, reencontros, e acima de tudo deu-me autoestima em momentos difíceis. 

(12/13) Já participei em três encontros. Este ano tenho um problema pois a festa do blogue é no dia 8 de Junho e o almoço do meu batalhão é no dia 9. Por isso a alteração da data do encontro do blogue, provoca-me uma situação difícil.


 (14) Quanto à longevidade do blogue é difícil ajuizar. O meu avô,  todos os anos no dia do seu aniversário,  dizia assim:  “se calhar para o ano já cá não estou”. Jjá faleceu há bastante anos, mas andou a dizer a mesma coisa talvez mais de 20. 

Quem sabe?  Têm aparecido outros camaradas, com outras estórias com outras vivências, renovando a assim as caras e isso é benéfico.

No entanto seria bom que os bloguistas mais velhos, com quem o luisgraçaecamaradasdaguiné foi crescendo, não se considerassem dispensáveis, que não se auto excluíssem e continuassem com os seus comentários, as suas achegas, a transmitir calor apoiando e moldando os que começam agora a suas contribuições.

(15) Não tenho críticas quanto à forma, nem quanto ao conteúdo se bem que não goste de tudo, penso que tudo é preciso.
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Resposta nº 22 > Carlos Pinheiro [ex-1.º Cabo TRMS Op MSG, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70; vive em Torres Novas]

(1/2) Descobri o blogue há cerca de 4 anos através de conversas com camaradas que também estiveram na Guiné e depois com consultas na net.

(3)  Sou membro da Tabanca há mais de 3 anos. [25 de outubro de 2010]
(4) Vejo o blogue semanalmente e sempre que o Google me alerta.

(5) De inicio mandei vários trabalhos e agora muito mais esporadicamente. Mas comento com frequência trabalhos que vão aparecendo e com os quais posso ter alguma afinidade.

(6) Também conheço a página do facebook, onde vou com menos frequência.

(7) Também conheço e participo no blogue e nos convívios mensais da Tabanca do Centro que também é um grupo muito interessante.

(8/9) Revejo-me mais nos blogues.

(10) Ultimamente não tem sido tão fácil o acesso como já tem sido.

(11) O blogue acima de tudo é um recontar e reavivar a memória e da história, que a nós nos diz muito e só é pena é que os poderes instituídos nunca tenham percebido que em Portugal ainda existem centenas de milhar de antigos combatentes, que sempre se sentiram desprezados pelos vários poderes. Uns porque nos mandaram para lá sem qualquer tipo de condições, a começar pela forma como éramos encaixotados nos porões dos barcos, pela falta de condições nos aquartelamentos, etc, etc. e depois os outros, depois da guerra que, para além de terem feito o monumento em Belém para encher o olho, nada mais fizeram.

(12/13) Já participei nos últimos Encontros Nacionais e espero também participar no encontro deste ano porque acho importante este tipo de convívios onde se reveem camaradas e onde se aviva a memória recontando a história que, passe a imodéstia, mal ou bem, ajudámos a escrever e alguns, muitos, camaradas nossos com o sacrifício da própria vida. É bom encontrarmo-nos de vez em quando.

(14) O blogue, quanto a mim, tem fôlego para continuar só que as histórias por contar começam a rarear porque muito já foi contado. É certo que muitos camaradas nossos,  que ainda não aderiram ao blogue, também o poderiam fazer e decerto teriam muito mais para contar. Penso que estará na mão de cada um de nós trazer mais um camarada para este saudável convívio.

(15)  Criticas já as tenho feito pontualmente e não é agora o momento de estar a inventar nada. Quando é preciso fala-se, debate-se e depois chega-se a um consenso. Quanto a sugestões,  também pouco posso dizer. Preferia agradecer à administração do blogue e aos editores permanentes o trabalho persistente que têm tido ao longo dos anos e isso, para além de agradecer é de louvar.

A terminar, votos de que a família se alargue e que se mantenha coesa e unida.

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Nota do editor:

Últimos  dois postes da série > 


17 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11409: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (10): Respostas de Jorge Cabral, Jorge Picado e Fernando Súcio (18/20)

Guiné 63/74 - P11415: Parabéns a você (564): Raul Brás, ex-Soldado Condutor Auto da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor:

Último poste da série de 15 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11393: Parabéns a você (563): António Pimentel, ex-Alf Mil Rec Inf da CCS/BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11414: Bom ou mau tempo na bolanha (3): O Tótó e o vinho (Tony Borié)

1. Terceiro episódio da nova série do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66) Bom ou mau tempo na bolanha.



O António, mais conhecido pelo nome de “Tótó”, talvez por ter o nariz um pouco grande e achatado, era oriundo do Alentejo. Depois de fazer o exame da quarta classe de instrução primária, veio para os arredores da capital, para um bairro bastante popular, para casa de um tio que tinha uma tasca, que vendia vinho ao copo e sandes de presunto, de queijo, e sardinhas e carapaus fritos de escabeche.

O tio, aos poucos, foi ensinando o sobrinho as manhas do negócio. À noite, depois de fecharem a tasca, na altura de arrumarem as cadeiras para varrerem o chão, em que nalguns sítios até era térreo, ele explicava ao sobrinho, dizendo:
- Ouve lá, oh António, por exemplo, a água serve para fazer vinho de tudo, até de uvas. O presunto das nossas sandes é de puro porco preto, mas na verdade é de porca prenha que já pariu seis vezes e morreu ao parir a sétima vez. O nosso queijo, puro da serra, de ovelhas que pastam na montanha e que só comem carqueija, mas na verdade é de leite de vaca, misturado com batata cozida e moída depois de seca. O peixe que nós vendemos depois de frito, e dizemos que é fresco, apanhado umas horas antes, foi apanhado a semana passada, pois é o resto do mercado, mais barato, e nós fazemos este molho de escabeche que é para lhe tirar o gosto do atrasado, compreendes? Às vezes, se há muita freguesia, e conseguimos vender a travessa toda, fritamos mais, e até é fresco, mas nesse caso aumenta-se o preço.

E terminava, dizendo:
- Aprende António, que a vida não é simples, é complicada, temos que ser mais espertos, para sobreviver, rapaz!

Foi neste ambiente que o António cresceu. Era um bom companheiro e tinha algum “esperto no cabeça” pois a sua posição no aquartelamento era deveras importante, a sua principal tarefa era padeiro, por sinal um bom padeiro, pois trabalhava sob umas condições bastante precárias, mas desempenhava o seu trabalho com uma certa eficiência. Também estava encarregue da distribuição desse precioso líquido, que era o vinho, portanto o “Tótó” era popular no aquartelamento. Trabalhava debaixo das ordens do Sargento da messe e do Arroz com Pão, que era o cabo rancho. Normalmente havia sempre de reserva cinco barris de vinho, pois o Sargento da messe, dizia:
- Pode faltar tudo na vida dos militares, mas vinho tem que haver, nem que vá eu próprio a Portugal, comprá-lo!

Era assim o Sargento da messe, “burro” no dizer de alguns, pois não sabia fazer contas, mas muito boa pessoa no trato e nas atitudes.
Mas vamos continuar com a história, pois o protagonista é o “Tótó”.
Havia um pequeno armazém, podemos chamar-lhe assim, debaixo do mesmo cabanal, onde estava instalada a padaria, armazém este, onde só o “Tótó”, o Sargento da messe e o Arroz com Pão, tinham acesso, e era onde se guardava, entre outras coisas, os barris de vinho, que eram cinco, mas que em determinada altura passaram a seis. Por acaso, o Arroz com Pão reparou na anomalia, também por acaso fez saber ao Sargento da messe, e vão verificar porquê esse engano, pois apesar de ter fama de ser “burro”, sabia contar até cinco, verificando melhor, havia seis barris de vinho novos, todos selados, sinal de que nunca foram abertos, mas não estavam cheios, um, até parecia que estava pouco mais que meio, todos tinham falta de líquido, o que no pensamento do Sargento da messe que era “burro”, até lhe parecia natural, pois dizia que talvez o líquido se tivesse evaporado durante o transporte e mudança de clima. Havia a um canto, em cima de uns troncos de palmeira, um outro barril que estava em uso, com uma torneira de metal, fechada com um cadeado, cuja chave, normalmente o Arroz com Pão trazia consigo, e que facultava ao “Tótó”, na altura das refeições. A partir desse momento, o Sargento da messe disse que se tinha que reduzir para cinco barris cheios e um em uso.

E tinha sido verdade, esses seis barris estavam selados, nunca foram abertos pelo local que deviam de ser, pois o “Tótó”, tinha o seu pequeno negócio de um púcaro do café, quase cheio de vinho e um bocado de pão quente, que podia ser comido simples, ou com alguma manteiga que alguns traziam, que vendia por um mísero “peso”, às vezes mesmo nada, era de graça, só pagava quem tinha “patacão”. Tudo fora de horas, pela noite dentro até madrugada, num canto, atrás da rima da lenha, fora das vistas, onde se guardava os sacos da farinha, que também serviam de assentos, do cabanal da padaria, aos amigos de confiança e já conhecidos, no qual se incluía o grupo do Cifra. Para os estranhos e tropas novas, a padaria àquela hora estava em pleno labor, mas fechada aos militares, e a maneira como fazia acrescentar o número de barris e sempre selados, era simples, removia um arco de ferro ao barril, fazia um buraco, tirava o líquido, tapava o buraco com uma peça redonda de madeira e colocava de novo o arco no seu lugar, ficando tudo impecável, selado sem qualquer vestígio, e deste modo tinha quase sempre um barril a mais, que neste caso era o que estava um pouco mais que meio. Com vinho tirado dos outros barris, que estava sempre em uso, de onde tirava o que dispensava aos amigos, pois à noite, retirava o arco de ferro e colocava uma pequena torneira de madeira no buraco já aberto, virava o barril 300 ao contrário, e era a maneira simples como enchia o púcaro.

Depois da inspecção do Sargento da messe e do Arroz com Pão, que nunca descobriram porque havia seis barris, e quando começou a haver só cinco barris de reserva, o negócio parou, pois o “Tótó”, dizia que era um “taberneiro sério” e tinha um nome a defender, e também desconfiava que depois da inspecção, pelo menos o Arroz com Pão, ficou a saber que havia por ali alguma tramóia, se já não soubesse antes, pois tudo fazia crer que já sabia. Tudo isto aconteceu, para grande desgosto do Cifra e de alguns, mas havia sempre maneira de um modo ou de outro, de não faltar o precioso líquido, fora da sua rede normal de distribuição, pois o vinho, era a alegria da maior parte dos militares, já fazia parte das suas miseráveis vidas, naquele cenário de guerra a que estavam sujeitos.

O “Tótó”, cobrava um mísero “peso”, não era pelo valor, era o vício do negócio que o tio lhe ensinou.

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Nota do editor:

Último poste da série de 14 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11391: Bom ou mau tempo na bolanha (2): Regresso a Portugal e matrimónio (Tony Borié)