quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9463: In Memoriam (109): Daniel Matos (1950-2011), ex-Fur Mil, CCAÇ 3518 (Gadamael, 1971/74): Agradecimentos da família aos camaradas da Guiné (Joana Matos)

1. Mensagem de Joana Matos,  filha do nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011) [, foto à direita, em Gadamael]:

De: Joana Matos [joana.j1978@gmail.com]

Data: 9 de Dezembro de 2011 21:49

Assunto: Guiné 63/74 - P9125: In Memoriam (98): Daniel Matos (1950-2011): Agradecimentos da família aos camaradas da Guiné (*)

Boa noite,  Luís,



Desculpe só agora responder à sua mensagem, mas só hoje a vi no seu blogue.


Agradecia que me enviasse os links dos escritos do meu pai, quando for possível, pois receamos não ter lido todos os textos que o meu pai escreveu sobre a sua passagem pela Guiné.

Gostaria ainda de mencionar uma incorrecção nas datas apresentadas no seu blogue, relativamente às datas de nascimento e de falecimento do meu pai. Em vez de 1949 deve ler-se 1950 e relativamente à data de falecimento, não foi 13, mas sim 12 (à noite). Não tem muita importância, mas fica a nota.

Quanto ao facto de terem sido vizinhos, confirmo que sim, pois ele vivia em Alfragide (norte). 

Qualquer informação que necessite e que esteja ao nosso alcance não hesite em nos pedir.

Continuação de um excelente trabalho no seu blogue.

Um abraço, Joana Matos [, filha de Daniel Matos]


2. Comentário do editor:

Obrigado, Joana, pelo seu cuidado. Começo por lhe pedir desculpa de só agora, com um atraso de dois meses,  publicar a sua mensagem. Por outro lado, deixe-me dizer-lhe que tenho pena de não ter chegado a conhecer, pessoalmente,  o seu pai - e para mais meu vizinho - que, no TO da Guiné foi Fur Mil de uma companhia independente, madeirense, a CCAÇ 3518 (Gadamael, 1971/74) sobre a qual temos também cerca de 3 dezenas de referências, a maior parte da sua autoria.

Os escritos do nosso camarada Daniel de Matos, os escritos que ainda teve tempo, em vida, de deixar para a posteridade, relativos à sua passagem pela Guiné, são um conforto para todos nós, seus camaradas, e naturalmente para a sua família e demais amigos. São também um estímulo para todos aqueles, como nós, que achamos que temos o direito à memória (e o dever de a preservar, enriquecer e transmitir). 

O Daniel tem pelo menos 3 dezenas de referências (ou marcadores) no nosso blogue, a maior parte respeitantes a postes da sua autoria. Ele ingressou formalmente no nosso nosso blogue e na nossa comunidade virtual (a que chamamos Tabanca Grande) em 12 de março de 2010. Aqui vai a seguir uma lista exemplificativa da sua produção (notável, em quantidade e qualidade, para o tempo em que esteve connosco).

O nosso destaque vai para duas séries: (i) Os marados de Gadamael (com 17 postes, que mereciam ser reunidos numa brochura, e que são indispensáveis para se compreender os dias da batalha de Guidaje, em maio/junho de 1973); (ii) Álbum fotográfico de Daniel Matos (3 postes) (*).

Se a Joana achar que o seu pai tem mais coisas, do seu arquivo pessoal (fotos, escritos, objetos, aerogramas, cartas, relatórios e outros documentos - incluindo material escolar...), relativos à Guiné e que queira compartilhar connosco, disponha deste espaço, onde a sua memória continuará a ser cultivada e respeitada por todos os seus camaradas e amigos.

As nossas melhores saudações bloguísticas. LG (**)
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Notas do editor:


(*) Vd. postes de:

20 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5308: O Nosso Livro de Visitas (70): Daniel de Matos, ex-Fur Mil, CCAÇ 3518 (Gadamael, 1972/74) 

(...) Caro Luís Graça: Há pouco enviei um comentário para o blog, mas como não tenho a certeza de que a respectiva expedição se tenha realizado a contento, transcrevo-a por esta via. Li, entretanto, a sua observação sobre um antigo convite que me fez para colaborar com o blog, escrevendo alguns testemunhos do tempo da guerra, nomeadamente sobre os 'Marados de Gadamael', e ao qual nunca cheguei a responder. Não foi por preguiça, terá sido por falta de disposição e de tempo, pois além da actividade profissional dedico-me a outras, não me sobrando muitas horas para a família, sequer. (...)


(...) Camarada Luís Graça (só agora reparei que,  além de camaradas,  somos "vizinhos", pois também moro em Alfragide...). Tenho praticamente concluída a prometida "estória" da nossa passagem por Guidaje [, 22 dias de inferno!]. Só que (com alguns anexos), deu um texto de oitenta e tal páginas, o que me parece excessivo para o blog. Em breve, mandar-to-ei e tu dirás... Por agora, envio o anúncio do Convívio Anual da minha companhia que este ano foi marcado para Coimbra e que, como é natural, gostaríamos de ver no blog. (...)


(...) Caro Camarada: Conforme prometi, aqui estou a 'pagar o ingresso' e a enviar as fotografias para formalizar a adesão à Tabanca Grande.´Junto também o prometido texto, em word, reconhecendo que tem uma dimensão desapropriada para o blogue, mas vocês utilizá-lo-ão (ou não) como melhor entenderem.(...).
 

11 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6371: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (17): Devolver os corpos às famílias e Bibliografia

 [ Contem os links para os 16 postes anteriores da série, sendo este, o P6371, o último, dedicado aos camaradas que morreram em Guidaje.]

Lista dos postes anteriores da série de:



16 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6000: Os Maradados de Gadamael (Daniel Matos) (1): Por onde andaram e com quem estiveram?


18 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6014: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (2): Levar a lenha e sair queimado


20 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6027: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (3): Os dias da batalha de Guidaje - Antecedentes à nossa chegada


24 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6041: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (4): Os dias da batalha de Guidaje, 15 a 18 de Maio de 1973


30 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P6069: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (5): Os dias da batalha de Guidaje, 19 de Maio de 1973

2 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6090: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (6): Os dias da batalha de Guidaje, 20 e 21 de Maio de 1973


5 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6108: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (7): Os dias da batalha de Guidaje, 22 e 23 de Maio de 1973

14 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6154: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (8): Os dias da batalha de Guidaje, 24, 25 e 26 de Maio de 1973

18 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6178: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (9): Os dias da batalha de Guidaje, 27 e 28 de Maio de 1973

21 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6201: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (10): Os dias da batalha de Guidaje, 29 e 30 de Maio de 1973

24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6235: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (11): Os dias da batalha de Guidaje, 31 de Maio e 1 a 12 de Junho de 1973

27 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6255: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (12): Os três G e a proclamação da Independência

30 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6283: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (13): Baixas da CCAÇ 3518 em Guidaje~

3 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6307: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (14): Cemitérios de Guidaje e Unidades mobilizadas na Madeira

7 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6334: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (15): Hino de Os Marados, Dedicatória e Balada dos Amigos Separados

9 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6351: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (16): Composição da CCAÇ 3518

20 de maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6438: Álbum fotográfico de Daniel Matos - III parte

[Tem os links dos postes anteriores da série, II Parte e I Parte].


Outros postes (avulsos):

22 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6211: In memoriam (40): Pequena Homenagem ao Piu, da CCaç 3520/Cacine (Daniel Matos)

Guiné 63/74 – P9462: Convívios (393): VI Encontro dos ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos, dia 3 de Março de 2012 (Carlos Vinhal)


VI ENCONTRO DOS EX-COMBATENTES DA GUINÉ DO CONCELHO DE MATOSINHOS

Caros camaradas, ex-combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos e não só.

Vai ter lugar no próximo dia 3 de Março de 2012 o VI Encontro dos ex-Combatentes da Guiné do Concelho de Matosinhos.

Como é habitual, contamos com a presença, não só dos camaradas do nosso Concelho, mas também com a dos ex-combatentes da Guiné de qualquer ponto do país que connosco queiram confraternizar.

As inscrições, que terminarão no próximo dia 25 de Fevereiro, poderão ser feitas desde já para os telefones:


969 023 731 e 229 996 510 (Ribeiro Agostinho)
916 032 220 e 229 959 757 (Carlos Vinhal),

e ainda para os endereços:

mailto:mjr.agostinho@gmail.com%22 
mailto:carlos.vinhal@gmail.com%22.


Cada camarada, se assim o desejar, poderá fazer-se acompanhar de um familiar.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9444: Convívios (313): 16º Encontro/Convívio da CCAV 8351 - “Os Tigres de Cumbijã”

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9461: Camaradas da diáspora (10): Vasco Pires, ex-comandante do 23º Pel Art (Gadamael, 1970/72): saiu de Portugal em 1972

1. Resposta de Vasco Pires, ex-comandante do 23º Pel Art, Gadamael, 1970/72,  ao nosso convite para integrar a nossa Tabanca Grande (Comentário, de ontem,  ao poste P9445):

Prezado Luis Graça:

Fico muito grato pela cordial acolhida, bem como pelo convite.

Sou um desses milhões da multicentenária diáspora Lusitana. Em 1972 saí de Portugal, e por aí ando até esta data.

Há talvez um ano, tive o primeiro contacto com o blog; quero te parabenizar como a toda a equipe pelo extraordinário trabalho, bem como pelo alto nível da edição do blog, em assuntos tão polémicos e carregados de emoção, com décadadas de distância.

Cordiais saudações
Vasco Pires


2. Sobre Gadamael,  ele escreveu em comentário ao poste P9445 o seguinte:

(...) "Quando cheguei em Gadamael, penso que em finais de 1970, para assumir o comando do 23° Pelart, os espaldões [do obus 14] já estavam prontos, bem como as casas do reordenamento (com teto de zinco), que foram ocupadas pelo pessoal da artilharia, inclusive a primeira casa, junto à cerca do quartel, foi ocupada por mim e pelos valorosos e esforçados furriéis".  

Presume-se (, apenas pela utilização do vocábulo "parabenizar", ) que o Vasco viva no Brasil. Esperamos que nos dê mais notícias em breve e nos mande as algumas fotos suas, digitalizadas. (LG)
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P9460: Lições de artilharia para os infantes (2): Cada granada de obus 14 pesava 45 kg e custava 2500$00 (C. Martins, ex-comandante do Pel Art, Gadamael, 1973/74)



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > 1973 > Obus 14.... Foto do nosso camarigo J. Casimiro Caravlho, ex-Fur Mil Inf Op Esp, da CCAV 8350 (Piratas de Guileje) e da CCAÇ 11 (Lacraus de Paunca), que passou por Guileje, Gadamael, Nhacra, Paúnca, entre 1972 e 1974...

Foto: © José Casimiro Carvalho (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Comentário, de 25 de janeiro último,  do nosso leitor (e camarada) C. Martins, ao poste P9392:


 Caro Camarada Luís Graça:


 (...) Para tua informação e de todos os camaradas, éramos reabastecidos por batelões só com granadas,  espoletas e cargas e outro material só para o Pelart.

Ía em média uma vez por mês[ o batelão]. Como é evidente, este stock foi feito durante vários meses. Não tínhamos restrições, mas conseguiu-se aumentar o stock falseando os gastos,  isto é gastavámos menos do que dizíamos para Bissau. Isto tinha como única finalidade não sermos apanhados com as "calças na mão".

Nos intervalos das flagelações, coçavámos a micose mas também repunhamos granadas e etc. lavavamos os obuses ( "tocar punheta", na gíria artilheira, sim que ao lavar o tubo aquilo parecia mesmo isso), [fazíamos} pequenas reparações, etc...Quando era necessário vinham mecânicos de Bissau no mesmo dia de heli até Cacine e depois de sintex ou zebro até Gadamael.

Onde guardávamos tanto material ? No paiol, obviamente, que tinha a porta aberta e cada um servia-se à vontade. Um dia dei-me ao trabalho de contar os cunhetes de munições de G3 e cheguei aos 400 e depois desisti.

Cada granada pesava 45 kg e não 50, e cada tiro custava 2.500$00.

Tínhamos 3 companhias,  1 pelart (52 militares e não trinta), 1 pelotão de canhões s/r, 1 pelotão  de morteiros 81, e 2 pelotões de milícias, no total éramos à volta de 600 militares.

Como vês, é só fazer as contas.

Sobre a minha participação no blogue já te expliquei o porquê... não tenho nada a esconder, mas é melhor para mim estar assim. O teu blogue para mim é um paliativo, posso aqui desabafar, dar um tiro de obus imaginário, faz bem à minha sanidade mental e como eu certamente a muitos de nós.

Um grande OBRIGADO para ti,  extensivo a todos os co-editores.

Repara nas horas a que escrevo, sabendo que logo pelas 8 horas da manhã estou a trabalhar, não não estou reformado, e faz o teu diagnóstico.

Um grande alfa bravo
C.Martins
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Nota do editor:

Último poste da série >  14 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7782: Lições de artilharia para os infantes (1): Como era feito o tiro de obus 14 (C. Martins, ex-Alf Mil, Pel Art, Gamadael)

Guiné 63/74 - P9459: Memória dos lugares (175): Gadamael em 1969 (Luís Guerreiro)

1. Mensagem do nosso camarada Luís Guerreiro (ex-Fur Mil, CART 2410 e Pel Caç Nat 65, Gadamael e Ganturé, 1968/70), com data de 6 de Fevereiro de 2012:

Camarada Carlos
Já faz um tempo que não tenho tido participação activa, mas hoje vou fazer, para esclarecer sobre Gadamael no P9445*, Fotos à procura de… uma legenda.

No P9445, a primeira foto da tabanca com telhado de zinco, e a segunda com telhados de colmo, são ambas de Gadamael, a terceira parece ser, mas já é de um tempo posterior ao meu, porque em Março de 69, com a vinda do Pel.Art.13 foram instalados obuses 10.5, pois anterior a Março não havia obuses em Gadamael.

As tabancas de colmo foram construídas no tempo da Cart.1659, para a população que veio para Gadamael, depois do abandono de Sangonhá/Cacoca, que foi realizado em Julho de 68.

Quanto às tabancas com telhado de zinco, foram construídas pelo pessoal da CART 2410 e população, nos primeiros 6 meses de 1969, este reordenamento em principio seria para a população de Ganturé, quando este destacamento fosse abandonado.

Envio fotos da construção, e espero que vá elucidar a dúvida.

Um abraço
Luís Guerreiro

Preparação dos adobos

Construção

Vista aérea

Foto tirada em Junho de 69

Tabanca em colmo
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9445: Fotos à procura de... uma legenda (16): Tabanca de Gadamael, 1973 ? (José Sales, CCAÇ 4743, Gadamael e Tite, 1972/74)

Vd. último poste da série de 8 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9457: Memória dos lugares (174): 1.º e 4.º GCOMB da CART 3494/BART 3873 emboscados na Ponta Coli - Xime em 1972 (Sousa de Castro)

Guiné 63/74 - P9458: Parabéns a você (379): Constantino (Tino) Neves, ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2893 (Guiné, 1969/71)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 7 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9452: Parabéns a você (378): No dia 6 de Fevereiro também estiveram de parabéns os nossos tertulianos Ana Duarte e Hugo Moura Ferreira (Editores)

Guiné 63/74 - P9457: Memória dos lugares (174): 1.º e 4.º GCOMB da CART 3494/BART 3873 emboscados na Ponta Coli - Xime em 1972 (Sousa de Castro)

1. Mensagem do nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), com data de 6 de Fevereiro de 2012:

A propósito do poste 9446* publicado no blogue, envio em anexo um documento sobre emboscadas que a CART 3494 sofreu na PTA COLI – XIME.
Se acharem que terá interesse para a nossa Estória publiquem.

Um abraço,
SC


O 1º e 4º GR DE COMBATE DA CART 3494 FORAM EMBOSCADOS NA PONTA COLI - XIME EM 1972

- Em 22 de Abril 1972 1º GR COMBATE e 01 de Dezembro de 1972 4º GR COMBATE
- Na primeira emboscada morreu o Fur. Mil. Manuel da Rocha Bento, natural de Ponte de Sor, onde está sepultado e tivemos 19 feridos, 7 dos quais graves.
Foram louvados em 23ABR72 pelo Exmo CMDT do CAOP 2; Fur. Mil. Manuel da Rocha Bento a título póstumo e Fur. Mil. António Espadinha Carda.


1º Cabo Manuel Amorim do Alto e Sold. Manuel de Sousa Monteiro, louvados em 23ABR72 com o PRÉMIO DO GOVERNADOR DA GUINÉ por SUA EXA O GOVERNADOR E COMANDANTE-CHEFE. Estes homens faziam parte do 1º GR COMBATE

- Na segunda emboscada (4º GR COMBATE) tivemos 02 feridos graves e 02 ligeiros, capturamos 02 guerrilheiros para além de diverso material. Todo grupo de combate foi louvado pelo Exmo CMDT Militar em 22FEV73.

- Alf. Mil. António Joaquim Serradas Pereira
- Fur. Mil. Raul Magro de Sousa Pinto
- 1º Cabo Carlos José Pereira
- 1º Cabo Manuel de Sousa Freitas
- 1º Cabo Joaquim Olimpo M. Volta e Silva
- 1º Cabo António Augusto de Jesus Santos
- 1º Cabo Manuel de Medeiros
- Sold. Carlos Dias da Silva
- Sold. José Joaquim Terra
- Sold. Ricardo Silva de Nascimento
- Sold. Mário Rodrigues da Silva
- Sold. Luís dos Santos
- Sold. Manuel Gonçalves da Costa
- Sold. António Pereira Pinto
- Sold. Manuel Carvalho de Sousa
- Sold. Artur Silveira Sequeira
- Sold. Carlos dos Santos Monteiro
- Sold. Joaquim Moreira de Sousa
- Sold. Milícia Salo Balete

Na História do BART 3873 BAMBADINCA no 1º e 9º Fascículo Pág. 59 e 90 Alíneas d) Sub-Sector do XIME está assim registado.

1. (…) Em 260600ABR72 grupo IN emboscou a segurança da PTA COLI (01 GRCOMB da CART 3494). As NT e Artilharia do XIME pôs o IN em fuga.
Sofremos 01 morto (Furriel), 07 feridos graves e 12 ligeiros.

2. (…) Em 010730DEC72 o grupo especial de «Bazookas» de COLUNA DA COSTA e o bigrupo de MAMADU TURÉ e PANA DJATA emboscaram na PTA COLI o 4º Gr Combate da CART 3494 que garantia a segurança ao tráfego da estrada XIME/BAMBADINCA. A emboscada foi conjugada com accionamento de 02 minas comandadas à distância. As NT sofreram 02 feridos graves e os guerrilheiros 02 capturados, perdendo 01 pistola, o1 espingarda automática, 01 L.G. Fog. E 02 granadas de origem soviética. É a segunda acção deste tipo que se desencadeia no lugar (a primeira verificou-se em 22ABR72), desde que o BART 3873 iniciou a sua comissão.

Curiosamente, tenho registado nas minhas notas pessoais em referência a esta 2ª emboscada o seguinte: (não me recordo onde fui buscar estes dados, julgo que era baseado em conversas que nós nas TRMS tínhamos uns com os outros nomeadamente com os Op. Criptos).

- (…) Dia 01/12/72 Emboscada preparada ao grupo de segurança da estrada Bambadinca/Xime, ás 07,30 horas GR IN de 52 elementos 04 sapadores, 05 armas ligeiras, morteiros e RPG.
Apoio aéreo eficaz. Capturados 01 feridos e 01 morto IN, 01 Kalashnikove (AK47), 01 pistola automática, 01 Roquete (LGF) e diverso material (granadas e carregadores). Sofremos, 02 feridos graves e 02 ligeiros (…)

Sousa de Castro
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9446: Ainda a emboscada de Ponta Coli, Xime, no dia 14/11/1968, em que morreu o Fur Mil SAM Fernando Dias e que fez 10 feridos graves entre o pessoal da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1968/69)

Vd. último poste da série de 3 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 – P9438: Memória dos lugares (173): Ponte Caium e o seu monumento, em ruínas (Pepito / Magalhães Ribeiro)

Guiné 63/74 - P9456: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (50): Em busca do Joaquim Fernandes (ex-Fur Mil, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), meu camarada da recruta e da especialidade do CISMI, Tavira (Eduardo Estrela, ex-Fur Mil, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Sector de Farim > Cuntima > Destacamento de Cuntima > CCAÇ 14 > 1970 > 4º pelotão. O Fur Mil At Inf António Bartolomeu é 1º da direita.

Foto: © António Bartolomeu (2007) / BLogue luís Graça & Camaradas da Guine. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem,de ontem, do nosso leitor (e camarada) Eduardo Francisco da Cruz Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71) Amigo,  Companheiro e Camarada !

Preciso da tua ajuda!

Retirei do blogue o némero de telemóvel do Joaquim Fernandes [ ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) e já fiz várias tentativas para o contactar,  mas todas elas resultaram infrutíferas.

Com ele fiz no CISMI [ Tavira,]a recruta e a especialidade, sempre no mesmo pelotão e convosco [ a malta da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12,] embarquei a 24 de Maio de 1969 para a Guiné [, no N/M Niassa].

Agradeço o favor de me indicares a forma de contactar com o Joaquim Fernandes. Se for caso disso, informa-o que é o Estrela da 14, que quer falar com ele. A última vez que o vi, foi pouco depois do nosso regresso, aqui no Algarve,  na zona da Praia Verde.

Um grande abraço e um bem hajam pelo extraordinário trabalho que têm desenvolvido em prol da nossa memória colectiva.

Eduardo Estrela
Ex-Fur- Mil,
CCaç 14 (Cuntima, 1969/71)

2. Resposta de L.G.:

Eduardo: O Joaquim não aparece pelo blogue... Faz parte da nossa Tabanca Grande, vai aos encontros anuais da malta de Bambadinca (1968/71), vive no Barreiro, está bem de saúde... Não tenho o telemóvel dele, atual, mas tens aqui o mail dele... Eu mesmo dou-lhe conhecimento da tua tentativa de contacto.

Agradeço-te as referências elogiosas que fazes ao blogue. Gostaria de te ver integrado na nossa Tabanca Grande. Ficas, por isso, convidado a juntar-te à malta: só preciso de duas fotos e uma pequena apresentação tua  ("Sou o Eduardo Estrela, estive na CCAÇ 14, no sítio tal e tal...")...


Infelizmente temos poucas referências à tua CCAÇ 14... O único camarada que vos representa, aqui, é o António Bartolomeu, do 4º pelotão,  que esteve connosco em Contuboel, a dar instrução.

Um Alfa Bravo (ABraço)
do Luís Graça (Henriques)


3. Historial da CCAÇ 14 (elementos informativos, retirados - com a devida vénia - da página do Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 >  Guiné História):

"Companhia de Caçadores N.° 14

"A história da CCaç 13 e da CCaç 14 estão muito ligadas, ambas foram costiuidas em Portalegre na mesma data, e ambas seguiram para Bolama, para treinar os soldados africanos que iriam constituir as respectivas companhias.

"A CCaç 14, e tal como a CCaç 13, teve inicialmente outra identificação, neste caso a de CCaç 2592.

"Em Bolama a CCaç 13 treinou um pelotão de felupes, contudo acabou por ser a CCaç 14, que os integraram durante as suas primeiras operações, mas durante poucos meses, tendo estes seguido depois para Varela, como estava inicialmente planeado.

"O 4º pelotão foi inicialmente destacado para Aldeia Formosa, mas ao fim de poucos meses, juntou-se ao resto da companhia em Cuntima". (CF)
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Resumo Oficial da história da CCaç 14

Companhia de Caçadores n.° 2592
Identificação: CCaç 14
Cmdt: Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira
Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
Cap Inf José Clementino Pais
Cap Inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues
Cap Inf Vítor da Silva e Sousa
Alf Mil Inf Silvino Octávio Rosa Santos
Cap Art Vítor Manuel Barata

Início: 18Jan70 (por alteração da anterior designação de CCaç 2592). Extinção: 02Set74

Síntese da Actividade Operacional:

(i) Em 18Jan70, foi criada por alteração da sua designação anterior, integrando quadros e especialistas metropolitanos, e pessoal da Guiné, das etnias Mandinga e Manjaca,  e ainda um pelotão da etnia Felupe, que constituíam anteriormente a CCaç 2592;

(ii) Continuou instalada em Cuntima, nas funções de subunidade de intervenção e reserva do sector de Farim, com vista à actuação prioritária sobre a linha de infiltração de Sitató;:

(iii) Após ter deslocado um pelotão para Farim, a partir de finais de Dez70, foi transferida para Farim em 20Fev71, depois de ter sido substituída, por troca, pela CArt 3331;

(iv) Rendeu, na função de intervenção e reserva do sector, a CCaç 2533, com vista a realizar acções de contrapenetração no corredor de Lamel;

(v) Destacou ainda pelotões para reforço temporário de outras guarnições, nomeadamente de Binta, de 25Abr71 a 12Jun71, Jumbembém e Canjambari;

(vi) A partir de 10Fev73, mantendo no entanto a sede era Farim e continuando orientada para a sua anterior missão assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, para onde deslocou um pelotão;

(vii) Em 02Set74, foi desactivada e extinta.

Observações: Tem História da Unidade a partir de Jan72 (Caixa n.° 117 - 2.a Div/4.a Sec, AHM).

[Este texto foi retirado do livro Resenha histórico militar das Campanhas de África, 7º Volume, Fichas das Unidades, Tomo II - Guiné.] (CF)
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9358: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (49): O "anónimo" J.B. Marques que comunicou o falecimento de Daniel Matos (Hélder Sousa)

Guiné 63/74 - P9455: Agenda cultural (185): Apresentação do livro A Retirada de Guileje, por Coutinho e Lima, dia 11 de Fevereiro de 2012 na Câmara Municipal de Barcelos e no dia 17 na Câmara Municipal de Ponte de Lima




1. Mensagem do nosso tertuliano e camarada Coutinho e Lima, cor art (R):


No próximo dia 11 de Fevereiro de 2012 (Sábado), às 17 horas, vou fazer uma apresentação do meu livro "A Retirada de Guileje", no Auditório da Câmara Municipal de Barcelos (Largo José Novais).


No dia 17 de Fevereiro (Sexta Feira), às 18h30, idêntica apresentação na Câmara Municipal de Ponte de Lima (Largo da Picota).


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Nota de CV:


Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9393: Agenda cultural (184): Conferência "Voluntariado: Que futuro?" e Exposição de Fotografia "Rostos", fotos de rostos da crianças da Guiné-Bissau, a ter lugar no El Corte Inglês de V.N. de Gaia, dia 26 de Janeiro de 2012, pelas 17h00, na Sala de Âmbito Cultural, piso 6.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9454: Ser solidário (120): Tabanca de Matosinhos e Camaradas da Guiné (José Teixeira)

TABANCA DE MATOSINHOS E CAMARADAS DA GUINÉ.
A TERTÚLIA DOS ANTIGOS COMBATENTES AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU*

Em Maio de 2005, três combatentes da Guerra Colonial na Guiné, reuniram-se no restaurante Casa Teresa em Matosinhos para avaliar e festejar a sua recente viagem à Guiné-Bissau.

Ali mesmo, tomaram a decisão de manterem um encontro semanal, para no meio de umas sardinhas assadas continuarem a viver esta amizade nascida algumas semanas na sequência de uma viagem através da África subsaariana que os levou à Guiné.
Estavam longe de pensar que esta iniciativa iria tomar as dimensões que tomou e se prolonga no tempo em crescimento constante.
Pouco tempo depois, apareceu um combatente amigo, logo outro e outro. A tabanca foi tomando forma e conteúdo. Cada novo visitante trazia um amigo na semana seguinte. Sentíamo-nos bem ali. Éramos apenas ex-combatentes que procuravam um meio de comunicarem entre si, desabafar aquilo que nos ia na alma, o sofrimento que a guerra provocou em cada um de nós e nos marcou para toda a vida. Que andava cá dentro como que embrulhado e armazenado no “gavetão” mais profundo da mente. Precisava de sair, de ser compreendido. Fenómeno que eu desconhecia até então, mas que hoje face à vitalidade da tabanca verifico que era e ainda é uma realidade.

Ao fim de alguns anos, tivemos de mudar de casa, por falta de espaço na Casa Teresa, para nos acolher. Optou-se pelo Restaurante Milho Rei, pela forma como somos acolhidos, pela qualidade na alimentação e pelo espaço que à 4ª Feira é privativo para a Tabanca de Matosinhos.

Actualmente, cerca de trinta e cinco combatentes, em média, marca encontro semanalmente no Restaurante. Mas não são sempre os mesmos. A crise chegou a todos os bolsos. Porém, todas as semanas há uma ou outra cara nova que chega e conta a sua história e volta, quantas vezes trazendo mais um amigo.
 Cada um que chega tem sempre algo para contar da “sua” guerra, a acrescentar à história que ficara da semana anterior. Quantos de nós se identificam com o lugar ou com as cenas contadas e recontadas com sentida emoção.

Do contar das “nossas” histórias de guerra ao firmar de uma amizade ia um pequeno passo. Amizades que se têm solidificado ao longo do tempo. O companheirismo e a fraternidade são, hoje, na tabanca de Matosinhos um fenómeno que alguém ligado à sociologia já classificou como um “caso a estudar”.
Vinham e continuam a vir do grande Porto, do Norte, do Centro e do Sul. Da Madeira, dos Açores, da França ou da Suiça.

Por vezes acontece uma enchente, como na semana passada em que mais de trinta combatentes da C. Caç 2404, mobilizados pelo tertuliano madeirense João Diogo Cardoso apareceram e encheram como nunca aquela casa, a nossa casa. Setenta e cinco combatentes conviveram ruidosa e alegremente. Reviveram momentos felizes e menos felizes da sua guerra, contaram as suas histórias, comeram e beberam. Depois partiram para suas casas. Uma tarde memorável.

Um excelente trabalho do Diogo ao mobilizar os seus camaradas de guerra para se juntarem na Tabanca de Matosinhos tendo ele e alguns camaradas vindo desde a Madeira de propósito para conviver com esta SUA família.
As imagens que se seguem falam por si. 


Até o Régulo de Mampatá e Medas se mostrou satisfeito. Ele, que tem andado afastado destas lides da Tabanca.


ESTES ENCONTROS SEMANAIS QUE DESDE 2005 SE REALIZAM TÊM DADO OS SEUS FRUTOS

Para além das amizades surgidas, as quais são um bálsamo inebriante para muitos de nós que se aproximam da velhice, num tempo em que a velhice deixou de ser um posto e pode ser, já, um possível pesadelo. Para além da partilha das aventuras e desventuras do tempo da guerra e da consequente “quebra do luto” que muitos ainda não tinham feito, surgiu naturalmente uma forma nova de olhar para a Guiné-Bissau, como um país independente. Um Povo que não nos deixa ficar indiferentes, pela forma que nos acolheu dentro do teatro de guerra. Quantos de nós deixaram acender em si a chama da saudade. Quantos de nós já lá voltamos.
 
Daqui nasceu a Associação Tabanca Pequena – Grupo de Amigos da Guiné-Bissau - ONGD, com objectivos bem concretos de apoio ao desenvolvimento dos povos da Guiné-Bissau.

Convido os leitores a visitarem o Site: http://www.tabancapequena.com/:

Um sonho que anima todos os participantes na Tertúlia da Tabanca de Matosinhos.
Raro é o visitante que não fica ligado à Associação como Associado.
Todos os convivas deixam voluntariamente e solidariamente uma pequena ajuda que está englobada no preço que se cobra pela refeição.

Creio que desta forma solidária para com o povo da Guiné-Bissau estamos a transmitir-lhe o afecto que nos une a eles. Estamos a dizer-lhe que afinal valeu de algum modo a pena termos sido empurrados para uma guerra que na grande maioria, senão totalmente, não queríamos fazer, pelas marcas positivas que nos deixaram e que estão a vir ao de cima na nossa mente.

O que afirmo atrás baseia-se no conhecimento de causa apreendido nestes seis anos de vida da Tabanca de Matosinhos.

Bem hajam todos quantos têm passado por cá. A porta continua aberta e estará sempre aberta até que o último combatente a feche, o que esperamos seja daqui a muitos anos.
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Notas de CV:

(*) Reprodução do P610 da página da Tabanca de Matosinhos publicado em 4 de Fevereiro de 2012 de autoria do nosso camarada José Teixeira

Vd. último poste da série de 7 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9325: Ser solidário (119): Anabela Pires: A caminho de Iemberém como voluntária da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento (JERO)

Guiné 63/74 - P9453: Blogpoesia (176): Em homenagem ao Arlindo Roda (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71): Os jogadores de xadrez (Ricardo Reis / Fernando Pessoa)




Guiné > Zona Leste > Estrada Bambadinca - Mansambo - Xitole - Saltinho > CCAÇ 12 (1969/71) > s/d > Coluna logística... Homenagem ao nosso camarada e amigo Arlindo Teixeira Roda, ex-Fur Mil Inf, autor destas fotos, professor do ensino secundário (reformado, presumo), leiriense a viver em Setúbal, mestre do king, da lerpa, das  damas e do xadrez, e de quem há muito não temos tido notícias... (Sei que tem duas filhas: será que é avô?). 


Lembrei-me dele, hoje, dele, do Arlindo Roda e do Ricardo Reis, e dos seus jogadores de xadrez, um poema da antologia da poesia mundial... Não é, do Fernando Pessoa, um dos meus herónimos preferidos, mas este poema é um dos que figuram na minha antologia pessoal... Nunca joguei damas (o meu velho, esse,  era um ás nas damas!), nem xadrez, nem king, nem lerpa... Não sou decididamente um jogador, nem sequer das máquinas do casino. (Se cheguei à roleta russa, foi no TO da Guiné!)...


Mas lembrei-me do Arlindo Roda e do Ricardo Reis, e do xadrez, num dia estranho,  como o hoje, de chumbo, de negrume, pela manhã,  em que a gente pergunta o que é a vida e o que vale a puta da vida... Assisti, muitas noites, à distância (mínima) que ia da minha mesa à mesa dos jogadores, a infindáveis partidas de king e de lerpa, pela noite dentro, enquanto fazíamos horas (eu, o Roda, o Levezinho, o Humberto, o Marques, o Zé Vieira de Sousa, o Branquinho, o Luciano, e tantos outros camaradas da CCAÇ 12) para mais uma emboscada, um patrulhamento ofensivo, uma coluna logística, um operação, um reforço a uma tabanca em autodefesa...Havia dias (e noites) de angústia mal disfarçada, como a de hoje, pela manhã,  que se superava à tarde, por um qualquer gesto bonito de camaragem, de solidariedade, de amizade...ou pela leitura de um simples poema como, por exemplo, este do Ricardo Reis...


Desculpem-me se abuso deste espaço, que já não é meu, é coletivo, mas hoje apeteceu-me ser um dos dois compulsivos jogadores de xadrez persas em plena cidade em chamas...

"Quando o rei de marfim está em perigo,/ Que importa a carne e o osso / Das irmãs e das mães e das crianças? / Quando a torre não cobre / A retirada da rainha branca,/ O saque pouco importa. /E quando a mão confiada leva o xeque /Ao rei do adversário,/ Pouco pesa na alma que lá longe / Estejam morrendo filhos ".
Amigos e camaradas, desculpem lá qualquer coisinha!... E ao Arlindo, se me estiver a ler (o que é de todo improvável), mando um abraço do tamanho do Rio Corubal... Felizmente, amanhã é outro dia, e o sol volta a nascer... (LG).


Fotos: © Arlindo Teixeira Roda (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Os Jogadores de Xadrez
por Ricardo Reis / Fernando Pessoa

Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia da Cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.

À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário,
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.

Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.

Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.

Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indiferentes.

Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranquilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.

Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.

Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranquila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.

A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.

Ah! sob as sombras que sem querer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós

Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.

[1916]



In: REIS, Ricardo -  Odes. Obras completas de Fernando Pessoa.  Lisboa:  Ática, 1994.  (Coleção Poesia).


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Nota do editor:


Último poste da série > 28 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9413: Blogpoesia (175): Elegia para uma triste tabanca fula (Luís Graça

Guiné 63/74 - P9452: Parabéns a você (378): No dia 6 de Fevereiro também estiveram de parabéns os nossos tertulianos Ana Duarte e Hugo Moura Ferreira (Editores)

1. Por deficiência da minha base de dados, escapou-me, o que não devia ter acontecido, os aniversários no dia de ontem 6 de Fevereiro, dos nossos tertulianos Ana Duarte e Hugo Moura Ferreira.

Para que os possamos saudar por mais um ano de vida, aqui fica um poste com 24 horas de atraso.

Não me atrevo a pedir-lhes desculpa porque não mereço a sua benevolência.
Para que conste.

Carlos Vinhal

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de Guiné 63/74 - P9447: Parabéns a você (377): Fernando Franco, ex-1.º Cabo Caixeiro do PINT 9288 (Guiné, 1973/74) e José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9451: Nós da memória (Torcato Mendonça) (9): Os Putos de Candamã - Fotos falantes IV

Candamã - Putos fazendo ginástica






1. Texto do nosso camarada Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69) para integrar os seus "Nós da memória", ilustrado com fotos falantes da sua IV série.





NÓS DA MEMÓRIA - 9
(…desatemos, aos poucos, alguns…)

5 - OS PUTOS

Parecem bandos de pardais os Putos… os Putos…

Não, estes não eram esses putos. Estes viviam nas Tabancas de Candamã e Afiá, como em muitas outras por essa Guiné fora.
Alegres, brincalhões, bem dispostos, sorrisos francos e abertos os destes putos.
Felizes? Penso que sim, dentro das limitações impostas.

Tinham pouco, tão pouco e, mesmo assim, nada pediam talvez pela sua timidez e educação. Os olhos esses tudo diziam, olhares iguais a de outros miúdos, aos dos putos do fado ou dos putos de nossas vilas e aldeias que nesse tempo, a maioria, pouco mais tinham que esses putos de Candamã ou das Tabancas.

Aos poucos fomos conquistando a sua confiança. Dava-se algo, tratava-se de uma ferida infectada, pedia-se para executarem uma simples tarefa. A sua curiosidade, a alegria espontânea levava-os a de pronto ajudar.
Para eles éramos pessoas diferentes, não só na cor, mas no vestir, nos hábitos, na comida. As armas eram o poder da força que parecíamos ter.

Andavam à nossa volta timidamente e sem incomodar, aproximando-se mais na hora das refeições mas sem nada pedir. Fomos nós a oferecer do pouco que tínhamos. Talvez pareça estranho mas não abundava a nossa comida e, de quando em vez, havia “rotura de stock”.

Acabamos, não recordo de quem foi a ideia, por fazer uma Escola para os putos. Não privilegiámos o ensino do 1, 2, 3… ou do a, e, i, o, u. Procurámos, dentro das nossas possibilidades, transmitir conhecimentos diversos como regras de higiene, tratar dos pequenos problemas de saúde e outros, onde também se inseriam o ensino das letras e números e, talvez mais importante, fazendo deles os elos de ligação entre nós e a comunidade onde nos inseríamos. Seria fundamental esta interligação entre as duas culturas. Já tínhamos algum tempo de Guiné e sabíamos quanto isso era importante. A Escola foi o local onde eles iam aprendendo e apreendendo muito bem tudo o que lhes ensinado e, ao mesmo tempo, o local de integração mutuo.

Eram outros saberes e procurávamos nunca violentar os deles antes apreende-los e assim melhor entender como ali se devia viver. Desse modo creio, mesmo hoje, que todos beneficiaram.

Pouco podíamos fazer pela melhoria da saúde ou higiene deles. Os nossos recursos e conhecimentos eram muito limitados. Pedíamos à sede da Companhia e geralmente apareciam. A sarna era debelada com Thiosan, a pele era melhorada com sabonetes Lifeboy (seriam estes os nomes?) e as pomadas e líquidos L.M. para tudo davam.

Depois das “aulas”, pouco tempo sentados para não aborrecer, tínhamos a ginástica, o jogo com a bola de trapos e outros jogos simples.

Tudo a passar-se no largo das moranças do Régulo e com a bandeira de Portugal no mastro. Era diariamente hasteada e arreada pelos homens das Tabancas. Muitas vezes assistíamos. Afazeres diversos, que se prendiam com a nossa vida militar, não permitiam a assiduidade que devíamos ter. Era uma vida em que as horas, e muito mais, eram limitativas dessa e de outras disponibilidades. Eram sempre os homens da tabanca a tratar daquela sua bandeira. O Régulo, quando estava, assistia sempre. Um homem extraordinário o António Bonco Baldé.

Voltando aos putos, depois das aulas e dos jogos vinha o banho, os saltos para a água, a lavagem com o sabão e sabonete.

Ressalvo um ponto: nas Tabancas era praticada a higiene. As famílias tinham instalações próprias. Não falamos dela pois sairíamos do tema: - os putos.

Os risos deles, a alegria eram contagiantes para nós, talvez, porque não, sentíssemos, nesses curtos momentos, estar num mundo diferente.

Depois cada um ia à sua vida. À hora do almoço, muitos deles apareciam e da parte da tarde iam para a bolanha tentar apanhar uns pequenos peixes que nós comíamos depois de fritos e polvilhados com piri-piri.
Esta troca, - este “partir” – estes peixes minúsculos por comida e outros géneros, eram o gesto da troca, da não dádiva, da dignidade da permuta. Dou e recebo.

Eram felizes os putos? Eram!

Além disso faziam de nós mais humanos, mais despreocupados e a guerra naqueles momentos devia parar. Os putos parecíamos nós. Por pouco tempo é certo. Não eram permitidos descuidos ou desatenções, imperdoáveis quaisquer desatenções.

Desdramatizemos e pensemos antes que todos, nós e os putos eram, naqueles momentos, bandos de pardais à solta… como os do fado…

A guerra, essa besta, estava logo ali. Mesmo hoje, ao escrever isto, sinto-a ao alcance da mão.

Esqueçamo-la e desaparece.

O que será feito dos putos?
Cinquentões hoje ou a caminho disso.

Sinto saudades daquela gente. Das Gentes das Tabancas, dos que comigo andavam no mato, dos que connosco combatiam ou, como dizia alguém, talvez tenha também saudades da juventude que passou…
De tudo e tanto há para recordar.

Dou-vos as fotos. Elas dizem mais do que as palavras de um velho e ex-soldado.
Recordem. Vidas… lá ou cá…
Adeus!

Candamã - Escola dos Putos

Candamã - Futuros craques ou yankies

Limpeza colectiva em Candamã

Texto e fotos ©: Torcato Mendonça (Fotos Falantes IV) 2012. Direitos reservados
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9440: Nós da memória (Torcato Mendonça) (8): Segundo dia em Bissau - Fotos falantes IV

Guiné 63/74 - P9450: Documentos (18): Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte VI): pp. 22/24












1. Continuação da publicação do relatório da 2ª Rep/CTIG, sobre a situação político-militar em 1974, documento esse que foi digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [, foto à direita], a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz, último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74), entretanto falecido em 2001.



A publicação integral deste documento foi-nos sugerida pelo nosso colaborador, camarada e amigo José Manuel Dinis, de modo a poder dar a todos os leitores, e em especial aos camaradas que estavam no TO da Guiné nessa época, a oportunidade de confrontarem o seu conhecimento empírico da situação com a descrição e a análise que é feita pela 2ª Rep do Comando-Chefe/FAG.

O relatório é assinado pelo chefe da 2ª Rep do Comando-Chefe/FAG, o maj inf Tito José Barroso Capela.

Completa-se hoje a primeira parte do relatório (que tem 74 páginas), relativa ao ponto A (Período até 25Abr74), com a publicação das pp. 22 a 24 (Situação político-administrativa)(*).


Escusado será lembrar mais uma vez que, apesar de ser um documento datado e eventualmente controverso, a intenção de o publicar  é apenas a de servir os leitores do nosso blogue, que foram combatentes na Guiné, enriquecendo e diversificando as fontes de informação e conhecimento sobre a guerra em que foram atores e não meros figurantes. Atores de corpo e alma, é bom não esquecê-lo. E, como tal, com autoridade moral e histórica para falar desta realidade, a muitos títulos dolorosa mas também heróica.


Em caso algum, a divulgação deste ou outros documentos, qualquer que seja a sua origem (NT, PAIGC ou outras fontes) pode levar a um aumento da crispação e da conflitualidade politico-ideológicas entre ex-camaradas de armas. Utilizar este ou outros documentos como arma de arremesso uns contra os outros, é um mau princípio...


Se isso acontecesse, era subverter por completo a ideia original que presidiu à criação deste blogue e que continua a inspirar e a motivar todos os seus editores, colaboradores e leitores (ou pelo menos a grande maioria deles).  


War is over, a guerra acabou, camaradas!... Resta-nos saber partilhar, com verdade, serenidade, generosidade, tolerância e sabedoria, o que vimos, ouvimos e vivemos no passado, mas também o que lemos, pensamos e escrevemos hoje.  (LG)


Índice do relatório

A. Período até 25Abr74


1. Situação em 25Abr74
a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
( 1 ) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
( 2 ) Países limítrofes (pp. 5/8)
( 3 ) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).
c. Situação interna:
1. Situação militar.
( a ) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
( b ) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
( c ) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
( d ) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
( e ) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
( f ) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)
2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).


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Nota do editor:


(*) Vd. postes anteriores da série:


4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21


31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9


25 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9398: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte III)


19 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9372: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte II)


18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)