Foto nº 4
Foto nº 3
Foto nº 2
Foto nº 1
Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) > O Jorge Araújo e os seus "tempos livres"...
Fotos: © Jorge Araújo (2013). Todos os direitos reservados.
Caríssimo Camarada Luís Graça,
Procurando no baú das imagens do meu tempo de Guiné lá encontrei algumas [poucas] que ajudaram a compor o texto que anexo, referente a esta nova série temática.
Que tenhas uma boa semana.
Um abração, Jorge Araújo.
2. O que a malta lia, nas horas vagas: A Bola, o DN - Diário de Notícias, BD - Banda Desenhada e VM - Vida Mundial (Jorge Alves Araújo, ex-fur mil, op esp/ ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974)
O que eu lia… quando o contexto o permitia.
Não será novidade para nenhum dos camaradas tertulianos, ex-combatentes no CTIGuiné, que o tempo reservado à leitura [ou leituras] não tinha dia nem hora marcada, dependendo da interacção entre, principalmente, duas das dimensões humanas: a biológica e a psicológica, já que a social se ia desenvolvendo com alguma tranquilidade.
Daí o repouso ser considerado como atitude de bom senso no sentido de garantir a melhor condição física possível, carregando o máximo de baterias, já que o tempo prospectivo era… sempre… uma incógnita, independentemente de termos, naquela época, 21/22 anos. Mas, como sabemos, cada Ser Humano é uno e indivisível, ou, como nos refere o poeta brasileiro, nascido em Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade [1902-1987], “Todo o Ser Humano é um estranho ímpar”.
Por isso, as minhas leituras… e escritas… no Xime, estavam dependentes da intensidade da jornada e da competente recuperação que nos era imposta pelo nosso grau de consciência, quanto às crenças, expectativas e desempenhos, tendo em consideração o somatório de experiências que esse contexto sociogeográfico e militar nos determinavam.
Agora, que o tempo nos permitiu criar um certo distanciamento sobre as diferentes práticas, é relativamente fácil concluir que se tratava de um contexto difícil e muito complexo, fazendo apelo permanente a um elevado grau de concentração, pela qualidade e exigência da missão global, na justa medida em que estávamos encurralados por arame farpado e por dois rios, o Geba e o Corubal, e quem lá esteve ou por lá passou sabe bem do que estou a falar.
Nesse sentido, as primeiras leituras [e escritos] eram reservadas à actualização das notícias vindas da Metrópole – de familiares e amigos – em particular dos pais, em que a minha mãe, agora com oitenta e seis anos, escrevia todos os dias, numerando os aerogramas, as cartas e/ou os postais sequencialmente, para efeitos de conferência, caso algum deles se extraviasse. [Foto nº 1]
Ao meu pai [que já não está entre nós] estava reservada a remessa do Jornal Desportivo «A Bola», então trissemanário [desde 10Jul1950], com edições às 2ªs, 5ªs e sábados. Porque tinha um estabelecimento comercial, onde existiam diariamente alguns dos matutinos editados em Lisboa, no dia seguinte à sua publicação fazia o pacote, e remetia-me para a Guiné. [Foto nº 2]
Juntamente com o jornal “A Bola”, enviava-me, também, com periodicidade irregular, um exemplar do “Diário de Notícias”, baseado em critério pessoal, cuja opção residia em factos e temas que estivessem relacionados com a vida política nacional e/ou com referências a notícias ultramarinas, em particular sobre a Guiné. [Foto nº 3]
No aquartelamento do Xime, no ano de 1972, não existia nada organizado sobre literatura. Mas, para além da referida anteriormente, circulavam outros jornais regionais, particularmente do Norte, remetidos pelos familiares do efectivo militar ali residente, assim como livros de Banda Desenhada, já muito gastos pelo tempo e pelo uso, a maioria deles deixados pelas Unidades Militares que por lá passaram. [Foto nº 4]
Neste lote avulso de livros, era também possível encontrar algumas revistas da Vida Mundial.
Eis, em suma, a minha pequena contribuição histórica sobre o pedido formulado para alimentar a série começada no Poste 12371, de 1 de Dezembro de 2013 (*).
Um abraço e votos de muita saúde… de modo a que nos permita continuar a ler, a escrever e a contar… outras histórias. (**)
Jorge Araújo.
09Dez2013.
O que eu lia… quando o contexto o permitia.
Não será novidade para nenhum dos camaradas tertulianos, ex-combatentes no CTIGuiné, que o tempo reservado à leitura [ou leituras] não tinha dia nem hora marcada, dependendo da interacção entre, principalmente, duas das dimensões humanas: a biológica e a psicológica, já que a social se ia desenvolvendo com alguma tranquilidade.
Daí o repouso ser considerado como atitude de bom senso no sentido de garantir a melhor condição física possível, carregando o máximo de baterias, já que o tempo prospectivo era… sempre… uma incógnita, independentemente de termos, naquela época, 21/22 anos. Mas, como sabemos, cada Ser Humano é uno e indivisível, ou, como nos refere o poeta brasileiro, nascido em Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade [1902-1987], “Todo o Ser Humano é um estranho ímpar”.
Por isso, as minhas leituras… e escritas… no Xime, estavam dependentes da intensidade da jornada e da competente recuperação que nos era imposta pelo nosso grau de consciência, quanto às crenças, expectativas e desempenhos, tendo em consideração o somatório de experiências que esse contexto sociogeográfico e militar nos determinavam.
Agora, que o tempo nos permitiu criar um certo distanciamento sobre as diferentes práticas, é relativamente fácil concluir que se tratava de um contexto difícil e muito complexo, fazendo apelo permanente a um elevado grau de concentração, pela qualidade e exigência da missão global, na justa medida em que estávamos encurralados por arame farpado e por dois rios, o Geba e o Corubal, e quem lá esteve ou por lá passou sabe bem do que estou a falar.
Nesse sentido, as primeiras leituras [e escritos] eram reservadas à actualização das notícias vindas da Metrópole – de familiares e amigos – em particular dos pais, em que a minha mãe, agora com oitenta e seis anos, escrevia todos os dias, numerando os aerogramas, as cartas e/ou os postais sequencialmente, para efeitos de conferência, caso algum deles se extraviasse. [Foto nº 1]
Ao meu pai [que já não está entre nós] estava reservada a remessa do Jornal Desportivo «A Bola», então trissemanário [desde 10Jul1950], com edições às 2ªs, 5ªs e sábados. Porque tinha um estabelecimento comercial, onde existiam diariamente alguns dos matutinos editados em Lisboa, no dia seguinte à sua publicação fazia o pacote, e remetia-me para a Guiné. [Foto nº 2]
Juntamente com o jornal “A Bola”, enviava-me, também, com periodicidade irregular, um exemplar do “Diário de Notícias”, baseado em critério pessoal, cuja opção residia em factos e temas que estivessem relacionados com a vida política nacional e/ou com referências a notícias ultramarinas, em particular sobre a Guiné. [Foto nº 3]
No aquartelamento do Xime, no ano de 1972, não existia nada organizado sobre literatura. Mas, para além da referida anteriormente, circulavam outros jornais regionais, particularmente do Norte, remetidos pelos familiares do efectivo militar ali residente, assim como livros de Banda Desenhada, já muito gastos pelo tempo e pelo uso, a maioria deles deixados pelas Unidades Militares que por lá passaram. [Foto nº 4]
Neste lote avulso de livros, era também possível encontrar algumas revistas da Vida Mundial.
Eis, em suma, a minha pequena contribuição histórica sobre o pedido formulado para alimentar a série começada no Poste 12371, de 1 de Dezembro de 2013 (*).
Um abraço e votos de muita saúde… de modo a que nos permita continuar a ler, a escrever e a contar… outras histórias. (**)
Jorge Araújo.
09Dez2013.
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Notas do editor:
(**) Último poste da série > 28 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12515: O que é que a malta lia, nas horas vagas (25): Li tudo o que era possível apanhar e estudei no Liceu Honório Barreto (José Francisco Borrego)