segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12181: Notas de leitura (527): "As Minhas Memórias de Gabu 1973/74", por José Saúde (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Agosto de 2013:

Queridos amigos,
Lera o que José Saúde ia publicando na nossa rede social. Dá gosto relê-lo, expõe-se com uma simplicidade tocante, fosse outro contexto e até se podia insinuar que estávamos perante uma prova de elevada gabarolice, quando, com toda a modéstia, o José Saúde conta sem qualquer ênfase muito mais coisas dos tempos de paz que a guerra havida, terá sido pouca e pouco funesta. Percebe-se o orgulho que tem nas suas recordações, fez muito bem em compartilhá-las connosco, não custa a crer que foi um ano vibrante e de trajetória na sua vida.

Um abraço do
Mário


As minhas memórias de Gabu, por José Saúde

Beja Santos

O nosso confrade José Saúde teve a amabilidade de me enviar as suas memórias referentes ao período 1973/74. Tocou-me a simplicidade e o louvor que encerram as suas lembranças.

A obra reúne o seu acervo de recordações de furriel Ranger colocado na CCS do BART 6523, Agosto de 1973/Setembro de 1974. E são mesmo recordações vibrantes, singelas, no que toca ao desvelar da sua intimidade, os seus lazeres, o olhar à volta, a interpretação do meio. São textos despretensiosos, não há para ali farronca, o desfiar de atos de bravura, não se ampara na guerra que os outros fazem, descreve os patrulhamentos, com grande sobriedade nessa placa giratória que era Nova Lamego. Di-lo naturalmente: “A Guiné apresentou-se, para mim, como um universo de pesadelos vividos nos verdes anos da minha adolescência”.

Foi esta a Guiné que lhe coube cumprir. O seu relato, sempre económico, ganha logo foros de universalidade: a chegada e o bafo de calor, o encontro de gentes do mesmo curso e depois a dispersão; volta atrás e conta onde assentou praça e as etapas seguintes até chegar ao Gabu; depois, no dia 23 de Novembro de 1973, o contacto com a guerrilha, entre Nova Lamego e Piche; e o deslumbramento dessa Guiné que lhe coube, com pudor vai abrindo o seu álbum de memórias, os passeios à futrica, porque o Gabu era uma minúscula imitação de cidade, digamos que o último centro urbano digno desse nome, no Leste.

De modo suave e dialogante, fala dos “filhos do vento”, tem mesmo a fotografia com a menina de Gabu nos seus braços: “A menina, linda, possuía um ar tremendamente europeu. Quem não conhecia o seu cruzamento de sangues, talvez não imaginasse a sua originalidade. Desencontros sanguíneos, fruto do acaso…”. Mais adiante tem a confirmação de que a menina morreu e mostra a fotografia da menina de Gabu, uma mãe de porte senhoril, olhar melancólico. Fala do sexo na guerra, onde e como se praticava. Acompanhamo-lo nas ações da psico e como ele procurou dirimir conflitos. E o papel das lavadeiras nas nossas vidas, e o Alberto, um puto desenrascado que gozava um estatuto supremo, sempre cordial. E acrescenta: “Guardo religiosamente uma foto com o benjamim Alberto e interrogo-me do que será feito do senhor Alberto”.

E o Natal de 1973, profusamente ilustrado. E o batuque, que tanto o deliciava. E uma referência às colunas de reabastecimento, Piche, Pirada, Canquelifá, Buruntuma, Madina Mandinga, Cabuca, viaturas avariadas, chatices suplementares. E o Damásio que teve uma morte estúpida na pista de aviação, numa descrição contida: “Numa manhã, o soldado Damásio integrou um grupo cujo objetivo passava por descarregar bens alimentícios provenientes de Bissau e que vinham a bordo de um avião. Fez-se o habitual cordão para facilitar o serviço, sendo que o Damásio se colocou entre as duas viaturas destinadas ao carregamento. Num ápice, uma das viaturas tentou a aproximação a outra que se encontrava estacionada por perto e numa manobra arriscada – marcha atrás – embateu na traseira da outra viatura, sendo que o embate ficou marcado pela morte imediata do Damásio que se encontrava entre as duas viaturas. Morreu esmagado”.

Há saudades das colunas a Bafatá, o encontro com as gentes pelo caminho, episódios impressionantes e chocantes. A guerra aparece entremeada entre episódios pícaros, como se José Saúde assim suavizasse a morte e os feridos, seus camaradas, como o drama vivido pelo Fanado.

A jactância está sempre arredada destas impressões que o conduzem à escrita: Jaló, o milícia, era um convicto pedinchão, fazia e prestava favores, com intrincadas remunerações: “As lérias do camarada africano enterneciam o mais descuidado militar se porventura não meditasse de imediato no seu doce e embalador palavreado. Mostrava-se acolhedor a fazer favores e, de seguida, propunha como recompensa: cobrar alguns pesos ou uma dádiva de arroz”.

Bafatá baila-lhe na memória e mostra o cais do Xime, que já não existe. Não tem rebuço em descrever os lazeres com futebol, conversas com homens grandes, as crianças das tabancas. Mostra o seu camarada o furriel Ramos que desertou para o PAIGC. Ramos, diz ele, cedeu ao que o seu coração lhe pediu. A sede é tema obrigatório, a sede e o acolhimento nas tabancas, guarda mesmo o nome da fonte do Alecrim, na saída da estrada que conduzia a Piche, era a nascente do reabastecimento do quartel.

O tema da fé religiosa vem à baila, não se escusa. E chegou a hora da despedida, de três para quatro de Setembro entregaram-se as instalações ao PAIGC, arreou-se uma bandeira, içou-se outra, era o ponto final. É extremamente contido quanto à chegada do PAIGC e simultaneamente deixa claro a grande ansiedade em que viviam aqueles que estavam convictos, sob a bandeira portuguesa. Na despedida, e depois de exaltar as imagens que obteve na sua máquina fotográfica Olympus mostra imagens do Gabu em 1999 e despede-se: “Estas são as minhas memórias do Gabu que tiveram o condão de passarem, em parte, ao lado dos conflitos armados no terreno”.

Percebe-se que José Saúde andou ligado ao jornalismo, dá provas neste livrinho íntimo que põe à nossa consideração, controlando a exuberância e nunca escondendo a saudade dos tempos do Gabu.

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Nota de José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523, Nova Lamego, 1973/74:

"GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74", dia 26 de Outubro, sábado, pelas 15h00, na Casa do Alentejo em Lisboa* 

Camaradas
Com a distância do tempo a imperar sobre corpos gastos por uma longevidade que já vai longa, mas que teima em preservar neste universo terrestre homens com histórias hilariantes de guerra para contar, lancei um olhar subtil sobre a nossa comissão militar na Guiné, sendo que dessa descida à realidade vivida em Gabu, procurei indagar nas minhas memórias conteúdos reais observados, concluindo que estes foram transversais a outras gerações de camaradas, não obstante a data que coube a cada um de nós percorremos naquele território distante.

Um território, aliás, fustigado pelos matos adensados, capins enganadores e desafiantes, bolanhas q.b. infestadas de mosquitos, os tons avermelhados da estéril terra, o pôr de sol alaranjado e sempre encantador, as chuvas intensas que não davam tréguas, o cacimbo que arrepiava as nossas almas, bem como o calor africano sempre excessivo constatado, entre outras circunstâncias que nos deixarão saudades e eis-nos no presente perante um reviver de imagens, algumas ténues, que teimam em bater com o nosso ego.

Sublinho, com ênfase, que fui um dos muitos milhares de militares que cruzaram a guerra com a paz e que conheceu a realidade de um tempo que confirmava então o fim do domínio português naquela antiga província ultramarina, assim como o exaltar de um jovem país que resplandecia e se afirmava no continente africano como nação independente.

GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74 é uma obra que atravessa estilos semelhantes ao longo dos anos de luta, sendo certo que as exequíveis verdades presenciadas fazem parte de um espólio das nossas vivências em solo guineense.

Revejo as agruras de uma guerra no seu auge e que se deparou, posteriormente, com o emblema da paz. Uma dualidade visionada de posições anteriormente opostas, mas que marcarão eternamente o nosso sentir no decisivo momento do adeus àquela terra que muito nos marcou.

Os textos expostos neste volume, não longos mas sucintos, mostram o essencial de um olhar atento sobre o contexto de uma guerra cruel que não dava folgas e que se predispunha a autênticas incertezas num terreno que, para nós, se apresentava, a meu ver, diametralmente desigual, tendo em conta que o IN conhecia perfeitamente os terrenos que pisava e a razão da sua luta.

Fui ao fundo do baú do meu passado, e beneficiando de uma memória que teima em manter-se em absoluta atividade, soltei as amarras dos tabus e eis-me a mergulhar livremente no planalto da saudade, trazendo a público as mais diversificadas conjunturas por mim vividas em terras de Gabu.

Não me refugiei, por uma questão de ética e de honra, nos sons estridentes dos tiros ou no desenhar de puzzles que conduziam à preparação de estratégicas operações trabalhadas no palco do conflito. Não ajuizei pretensos cenários em confrontos diretos com o IN. Procurei, isso sim, mexer com assuntos que implicitamente escondiam, e escondem, o clamor da peleja. Somos humanos e como tal as análises feitas por cada um de nós obedecem a opiniões por vezes diferentes. Neste contexto, não desafio atos de bravura, cinjo-me, sim, a singelas dissertações que mexem com foros literalmente verídicos e que nos brindam com assuntos por nós vividos.

Adianto, porém, que não tranquei em exclusivo a minha caixa de pandora com os problemas vividos em campos de batalha, mas lancei ecos noutras direções que trazem evidentes burburinhos sociais, costumes tribais, entre outras temáticas registadas que mexem, em particular, com a intimidade de jovens militares entregues então ao destino.

Camaradas, nas minhas memórias de Gabu relato, também, a forma como a hierarquia tribal impunha regras tacitamente herdadas dos seus antepassados. A ordem de partilha imposta pela tribo. A maneira hábil como uma população sabia viver encaixada com duas frentes de guerra. O sexo praticado ao longo da campanha. Os filhos do vento com a menina de Gabu. O djubi Alberto, meu companheiro. A festa tradicional nas tabancas indígenas com o fanado. As colunas. As noites no mato. O Natal de 1973. As lavadeiras. O batismo de fogo. Motes interessantes, entre muitos outros, para puxar pelas nossas memórias mesmo frágeis que elas porventura hoje se apresentem.

Nesta apresentação da obra que farei na Casa do Alentejo em Lisboa, no próximo dia 26 de outubro, sábado, a partir das 15h00, contarei com a presença de camaradas que comigo dividiram o conflito na Guiné e deixarei, obviamente, dicas para que todos, em conjunto, apreciarem e tirarem ilações contundentes, espero, de um pedaço das nossas vidas que marcaram, inquestionavelmente, os verdes anos da nossa juventude.

Luís Graça, autor do prefácio e fundador do nosso blogue, será o camarada que dissecará os ventos trazidos pelo livro GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74, numa tarde cultural onde os sons do Alentejo se farão ouvir.

Lisboa é uma região onde abundam antigos camaradas que percorreram os trilhos da Guiné. E é justamente a eles que dirijo o meu convite para uma profícua presença de gentes que continuam a navegar, tal como eu, no campo da saudade.

Até breve!

Em novembro, provavelmente, estarei no Museu Militar do Porto.

José Saúde

(*) Vd. poste de 2 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12110: Agenda cultural (285): Apresentação do livro "GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74" na Casa do Alentejo, em Lisboa, dia 26 de Outubro de 2013 (José Saúde)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12165: Notas de leitura (526): "Um Novo Caminho: Os Congressos do Povo da Guiné", por Manuel Belchior (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P12180: Parabéns a você (643): Manuel Moreira de Castro, ex-Soldado At da CCAÇ 2315 (Guiné, 1968/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 20 de Outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12173: Parabéns a você (642): Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor Auto do Pel Mort 4275 (Guiné, 1972/74) e Rogério Cardoso, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 643 (Guiné, 1964/66)

domingo, 20 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12179: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (23): Duas referências ao Marcelino da Mata



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2017 > O Marcelino da Mata,  mostrando o livro, "Diário da Guiné: lama, sangue e água pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007), que o autor, António Graça de Abreu, lhe ofereceu autografado.

Na foto de baixo, os dois leem uma das passagens do livro.  O Marcelino da Mata, ten cor ref, é um participante frequente dos convívios da Tabanca da Linha. Para quem deve ter 75 ou 76 anos de idade (, segundo os dados que, em 2006, nos deu a sua filha Irene Rodrigues da Mata, então a estudar em Londres), achei-o em boa forma.

Fotos: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados

1. No seu Diário da Guiné, o António Graça de Abreu tem duas referências ao Marcelino da Mata... Aqui ficam os respetivos excertos, com a devida cortesia... (Os negritos e os realces a amarelo são da nossa responsabilidade) (LG):


Mansoa, 23 de Maio de 1973


O jornal Primeiro de Janeiro traz uma notícia sobre o 1º. Congresso de Combatentes do Ultramar[1], a acontecer no Porto entre 1 e 3 de Junho. No texto dos promotores do Congresso, lêem-se as seguintes palavras:

Patrioticamente, com total independência e acima de qualquer ideologia ou facções políticas, um grupo de Combatentes do Ultramar decidiu organizar o 1º. Congresso de Combatentes do Ultramar que se realizará no Porto de 1 a 3 de Junho de 1973, com um sentimento, uma mística, uma determinação.

Um sentimento: Reencontro e confraternização de camaradas.

Uma mística: O orgulho da honrosa missão cumprida e a consciência do seu valor na história nacional.

Uma determinação: Unidos na retaguarda contra tudo o que ameaça a integridade de Portugal.

Estiveste no Ultramar em missão de Soberania? Simples soldado ou oficial, missão cumprida? VEM.


O Pancada, capitão miliciano e meu companheiro de armas neste CAOP 1, traz-me um aerograma escrito à máquina, tipo circular clandestina, que recebeu de Bissau dos seus colegas do curso de capitães milicianos, José Manuel Barroso e Ferreira. Transcrevo integralmente o conteúdo da carta:

Aqui te enviamos o texto que lerás. Como a tarefa é urgente (é preciso que cada um faça o trabalho no mais curto espaço de tempo), eis a explicação sintética dos porquês de tudo isto.

1. Vai realizar-se no Porto uma coisa chamada “Congresso dos Combatentes”. O objectivo declarado dos combatentes (nas entrevistas dadas pelos mesmos à imprensa) é sancionar a política de manutenção de tudo isto, tal como está. O objectivo, de facto é – recorrendo aos aspectos sentimentais do rever dos companheiros de África, -- juntar gente para criar uma organização de extrema-direita (tipos como o Franco Nogueira, estão por detrás da manobra) com base no cimento aglutinador da solidariedade entre combatentes. Obs. Os tipos dizem falar em nome de toda a malta que está no ultramar.

2. O próprio governo reagiu não concedendo subsídios e recusando a presença de membros seus. Grande número de oficiais do Quadro Permanente reagiram também através de um abaixo-assinado semelhante ao nosso.[2] Repara, isto é muito importante, pois pela primeira vez os oficiais do QP dessolidarizam-se em massa e publicamente da teoria de continuar isto até ao suicídio. (Outro aspecto importante, a situação na Guiné detiora-se de dia para dia).

3. Resolveu, pois, um grande grupo de malta fazer também um abaixo-assinado para dar força à posição dos tipos do QP (o deles corre, como pretendemos com o nosso, no Continente, Angola e Moçambique) e reafirma a nossa. Pontos do texto, não solidariedade com os tipos que lá vão (ao Congresso) e deixar claro que não estamos dispostos a nos deixar servir de carne para canhão, em suma: a servir a teoria do suicídio.

4. O abaixo-assinado do QP tem tido um êxito assinalável (assinaturas de coronéis, um brigadeiro, etc. – só aqui na Guiné). O nosso marcha muito bem e já temos muitas dezenas de assinaturas. E muitas mais virão. (Serão ambos – o do QP e o do QC – para enviar ao Congresso e à imprensa).

5. Terás apenas de recolher assinatura de oficiais, sargentos e das praças que o quiserem. Processo a seguir: copiar o texto junto para um aerograma e apôr, a seguir, as assinaturas, posto e nº mecanográfico. E enviar-nos isso para o remetente na volta do correio. E passa à malta tua conhecida de outras companhias.

6. Confiamos na tua coragem e na compreensão de como isto é importante para todos. (Repara, centenas de tipos do QP e QC a marcar uma posição). Não queremos que se repitam os Guileges e os Guidages e outros casos dos últimos dias, com o seu cortejo de mortos e feridos. A nossa acção, desta forma cautelosa embora, é fundamental para os dias que hão-de vir.

Um abraço do

Barroso

Ferreira


O aerograma traz, em anexo, o texto em papel vegetal que diz:

Os abaixo-assinados, oficiais e sargentos do Quadro de Complemento, em prestação de serviço no ultramar, manifestam a sua discordância com a realização do Congresso dos Combatentes, não reconhecendo qualquer representatividade aos elementos presentes no mesmo, não se identificando com as conclusões dele emanadas. É ao povo português, em clima de absoluta liberdade, que cabe o direito de discutir e decidir sobre os problemas levantados à nação pela questão ultramarina. 
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[1] São extensas em diversas obras as referências a este Congresso. Para uma síntese da problemática que o envolveu, com o texto do telegrama enviado da Guiné aos órgãos de informação onde não se reconhece qualquer legitimidade e representatividade ao Congresso, assinado pelo capitão-tenente Rebordão de Brito e pelo alferes Marcelino da Mata em representação de quatro centenas de militares do QP, ver João Medina, História Contemporânea de Portugal, Lisboa, Ed. Multilar, 1990, pp 256-257.


[2] Entre os signatários do QP, em Bissau e em Lisboa, encontravam-se homens como Ramalho Eanes, Firmino Miguel, Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho e Carlos Fabião. 

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Cufar, 26 de Dezembro de 1973

Graças ao Natal, umas tantas iguarias rechearam as paredes dos nossos estômagos. Houve bacalhau do bom, frango assado, peru para toda a gente e presunto, bolo-rei, whisky e espumante à discrição, só para oficiais. Fez-se festa, fados, anedotas, bebedeiras a enganar a miséria do nosso dia a dia.

Hoje, 26 de Dezembro, acabou o Natal e, ao almoço, regressámos às cavalas congeladas com batata cozida e, ao jantar, ao fiambre com arroz.

Isto não tem importância, importante é a ofensiva contra os guerrilheiros do PAIGC desencadeada na nossa região com o bonito nome de “Estrela Telúrica”. Acho que nunca ouvi tanta porrada, tantos rebentamentos, nunca vi tantos mortos e feridos num tão curto espaço de tempo. E a tragédia vai continuar, a “Estrela Telúrica” prolongar-se-á por mais uma semana.

Tudo começou em grande, com três companhias de Comandos Africanos, mais os meus amigos da 38ª., fuzileiros e a tropa de Cadique a avançarem sobre o Cantanhez. O pessoal de Cadique começou logo a levar porrada, um morto, cinco feridos, um deles alferes, com certa gravidade. Ontem de manhã, dia de Natal, foi a 38ª de Comandos a “embrulhar”, seis feridos graves entre eles os meus amigos alferes Domingos e Almeida, hoje foram os Comandos Africanos comandados pelo meu conhecido alferes Marcelino da Mata,[1] com dois mortos e quinze feridos. Chegaram com um aspecto deplorável, exaustos, enlameados, cobertos de suor e sangue. Amanhã os mortos e feridos serão talvez os fuzileiros… No dia seguinte, outra vez Comandos ou quaisquer outros homens lançados para as labaredas da guerra. O IN, confirmados pelas NT, só contou seis mortos, mas é possível que tenha morrido muito mais gente, os Fiats a bombardear e os helicanhões a metralhar não têm tido descanso.

Na pista de Cufar regista-se um movimento de causar calafrios. Hoje temos cá dez helicópteros, dois pequenos bombardeiros T-6, três DOs, dois Nordatlas e o Dakota. A aviação está a voar quase como nos velhos tempos. Os helis saem daqui numa formação de oito aparelhos, cada um com um grupo constituído por cinco ou seis homens, largam a tropa especial directamente no mato, se necessário os helicanhões dão a protecção necessária disparando sobre as florestas onde se escondem os guerrilheiros, depois regressam a Cufar e ficam aqui à espera que a operação se desenrole. Se há contacto com o IN e se existem feridos, os helicópteros voltam para as evacuações e ao entardecer vão buscar os grupos de combate novamente ao mato. Ontem, alguns guerrilheiros tentaram alvejar um heli com morteiros, à distância, o que nunca costuma dar resultado.

Sem a aviação, este tipo de operações era impossível. Durante estes dias os pilotos dormem em Cufar e andam relativamente confiantes, há muito tempo que não têm amargos de boca. Os mísseis terra-ar do IN devem estar gripados porque senão, apesar dos cuidados com que se continua a voar, seria muito fácil acertar numa aeronave, com tanto movimento de aviões e hélis pelos céus do sul da Guiné.

Cufar fica a uns quinze, vinte quilómetros da zona onde as operações se desenrolam. Todos os dias, às vezes durante horas seguidas, ouvimos os rebentamentos e os tiros dos “embrulhanços”, das flagelações. É impressionante o potencial de fogo, de parte a parte. Os guerrilheiros montam também emboscadas nos trilhos à entrada das matas onde se situam as suas aldeias. Aí as NT começam a levar e a dar porrada, e não têm conseguido entrar nas povoações controladas pelo IN.

Natal, sul da Guiné, ano de 1973, operação “Estrela Telúrica.” Tudo menos paz na terra aos homens de boa vontade.
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[1] Sobre o acidentado percurso do alferes Marcelino da Mata, ver a narração pessoal da sua participação nesta guerra em Rui Rodrigues, (coord.), Os Últimos Guerreiros do Império, Editora Erasmos, Amadora,1995, pp. 195-213

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12132: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (22): Referência a jornais e jornalistas no CTIG

Guiné 63/74 - P12178: Historial das Escolas Práticas do Exército (José Marcelino Martins) (1): Preâmbulo

1. Vamos começar a publicar hoje mais um interessante trabalho de compilação do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta vez dedicado às Escolas Práticas das Armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Transmissões e Engenharia, que, como ele próprio diz no preâmbulo agora apresentado, vão integrar a Escola de Armas que ficará sediada nas instalações da EPI, em Mafra.

A ideia do camarada José Martins, é deixar para memória futura a história das Armas agora extintas por mais esta reestruturação.










Guiné 63/74 - P12177: Ser solidário (152): A ONGD Ajuda Amiga, com sede em Paço de Arcos, Oeiras, envia para Bissau, através da Portline, um contentor de 40 HC ou sejam, 20 toneladas. São 1144 caixas, mais de 80% das quais com livros, material escolar, roupas e calçado... O navio deve ter chegado a 14 do corrente.



Oeiras > 21/7/2010 > Reunião entre a direção da Ajuda Amiga. com sede em Paço de Arcos  (Dra. Cristina Ferreira, Dr. Carlos Fortunato e Dr. Carlos Silva), e a direção da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau (Eng. agr. Carlos Schwarz, "Pepito", e eng. agr. Isabel Levy Ribeiro)

Fonte: Ajuda Amiga (2010) [ Reproduzido com a devida vénia]


1. Notícias dos nossos camaradas e amigos da Ajuda Amiga::

O Contentor de Ajuda Humanitária e de Apoio ao Desenvolvimento da Ajuda Amiga deu mais um passo na sua caminhada para Bissau; nos dias 16 e 17/9/2013, com a ajuda de 26 voluntários foram carregados 7 camiões que levaram as 22 toneladas de material que tínhamos no nosso Armazém na Amadora para a Portline Logistics, em Camarate.

O  contentor enviado é o maior que a Portline possui, é um 40 HC, isto é, tem 40 pés mas por ser um HC é mais alto que os 40 normais, e este era um HC especial porque era também mais largo, nunca tínhamos enviado um contentor tão grande.

A partida do navio estava marcada para o dia 28-09-2013, e a sua chegada a Bissau estava prevista para o dia 14-10-2013.

No total seguiram no contentor 1.144 caixas, com os tipos de artigos descritos a seguir:


                                              Caixas

Tipo de Artigo
Nº 
%
Livros e Material Escolar
426
37,2
Roupa e Calçado
634
55,4
Mobiliário
58
5,1
Equipamentos e Ferramentas
1
0,1
Brinquedos
9
0,8
Diversos
16
1,4
Total de caixas
1144
100,0



A conclusão do processo de desalfandegamento só deverá estar concluída no fim de Novembro (a estação seca inicia-se em Novembro), nessa data as caixas serão distribuídos nas instalações da Cooperação Portuguesa (Embaixada de Portugal), seguindo depois as mesmas para os diversos destinos.

Os destinos serão: (i)  os Setores de Bissorã e de Farim, em que a distribuição será assegurada pela Ajuda Amiga com o apoio dos seus voluntários locais e (ii)  e Bissau e o Sector de Cacheu , que serão beneficiados através da colaboração com a AD - Acção para o Desenvolvimento, com a Ajuda Amiga tem uma parceria, e que coordenará as actividades em Bissau, através do seu Director Executivo, o  Eng. Carlos Schwarz, o noss amigo Pepito, tal como em anos anteriores.

A  preparação dos bens a enviar no contentor de 2014, que seguirá no inicio de Janeiro, já está muito adiantada, aguardando alguns donativos para ser finalizada.

Em 2014, tendo em atenção as intenções  de participação manifestadas, é previsível que o grupo de associados que se deslocará para acompanhar o processo de distribuição, verificação do uso dado aos bens anteriores, identificação de necessidades e realização de acções de formação, seja mais numeroso do que o habitual.

2. Comentário de L.G.:

Falando há dias com o Carlos Silva, no almoço de convívio da Tabanca da Linha, no passado dia 17,  tive conhecimento de mais esta iniciativa solidária da Ajuda Amiga, iniciativa que merece ser amplamente divulgada e aplaudida, para mais numa altura em que se agravam também as condições de trabalho das ONGD... 

A famigerada crise (global, mundial., europeia, portuguesa, local...) que veio para ficar, está também a gerar efeitos, perversos,  de bola de neve,  no setor social, afetando a organização e o funcionamento daquelas instituições e organizações criadas justamente para ajudar e apoiar os que mais precisam, e que são as primeiras vítimas da crise. 

No caso da Ajuda Amiga. por exemplo, há menos gente para trabalhar como voluntários, empacotar, carregar caixas, arrumar, etc. O Exército, que costuma oferecer transporte para levar as caixas da Amadora (onde está o armazém da Ajuda Amiga ) para Camarate (onde se carrega o contentor da Portline), agora exige que a Ajuda Amiga pague o gasóleo das viaturas... 

Por outro lado, em Bissau, nas Alfândegas, é preciso desembolsar três mil e tal euros, para que o contentor possa ser descarregado e aberto... E, depois, no território da Guiné-Bissau, é preciso acompanhar as diferentes viaturas que transportam as caixas até aos seus diferentes destinos. 
Parabéns aos nossos camaradas da Ajuda Amiga (Carlos Fortunato, Carlos Silva, Zé Carioca, Manuel Joaquim, só para citar alguns dos nossos grã-tabanqueiros, que fazem parte dos respetivos órgãos sociais). Em contrapartida eles precisam de mais sócios, de mais voluntários e de mais recursos financeiros para desenvolverem os seus projectos. Parabéns também  aos nossos amigos da ONGD AD  - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, parceiros da Ajuda Amiga.

Mas todos precisam também de uma palavra de carinho, apreço, apoio, solidariedade, reconhecimento... Precisam de uma  palavra nossa!... Temos que ser solidários para com os que estão na primeira linha da solidariedade. A Ajuda Amiga também precisa de amigos e da ajuda dos amigos!

Camaradas e amigos da Guiné, vejam aqui como podem dar um donativo ou tornar-se sócios da Ajuda Amiga.
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P12176: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (11): A saga umbilical

1. Em mensagem do dia 14 de Outubro de 2013, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67) enviou-nos mais um episódio, o décimo primeiro, da sua série Pós-Guiné 65/67:


O PÓS-GUINÉ 65/67

11 - A SAGA UMBILICAL

12 DE MAIO DE 1992

É nesta data, já que guerra "ca tem" (aquela por onde passámos, entenda-se) que um grupo, decerto de gentes bem intencionadas, publica uma lei a que chamaram "Objecção de Consciência". Mas que pena não se terem lembrado antes, mais propriamente no inicio dos anos 60 !!!

Agora não valia a pena a rapaziada fugir à tropa embora esta (o serviço militar obrigatório) em 1992, fosse por pouco tempo e onde afinal iriam d'alguma forma aprender a serem homenzinhos, (o que a alguns não conviria, convenhamos).

E pena maior foi a de que não fosse o IN a criá-la então, (anos 60) o que teria evitado que a maioria de nós tivesse de ter que lá ir obrigada, quando afinal até se calhar sem sabermos, ÉRAMOS TODOS OBJECTORES DE CONSCIÊNCIA e utilizaríamos essa prerrogativa..

Contudo valeu a pena. Saiu em Diário da República e até considerada, foi, de acordo com a Constituição.

Tardaram mas acertaram porque agora bastava ter uma daquelas hipóteses ali previstas e nem sequer se pegaria numa espingarda, quanto mais aprender a mexer nela. Ao ler essa preciosidade, (Lei nº 7/92) até me davam a hipótese de escolher o que daria em troca, porque de facto não estavam a fazê-lo, de mão beijada. Haveria de contrabalançar a coisa, por uma das hipóteses previstas e eram tantas. Cá o "Je" ficaria bem contente com a alinea h) que diz:
- Manutenção, repovoamento e conservação de parques, reservas naturais e outras áreas classificadas

E ao declarar-me objector, o que confesso nunca faria, pois que senão e se calhar, andaria pr'ái de arganel... peito, axilas e tudo o mais que tem cabelo... descabelados pois então A minha proveta idade recusa tais coisas nos homens e até já lá dizia uma prima minha, quando falava comigo e de mim:
- Homem que é homem, deve cheirar "suma" o cavalo.

Havia apenas um pequeno óbice e refiro-me ao artº 13º, qu'a determinada altura dizia que o mânfio que utilizar esta forma de fugir (entre aspas) não poderá ter porte d'arma de qualquer natureza. Ora lá me estavam de novo a lixar, pois que eu, ao escolher a citada alinea h) queria manter o equilibrio nas florestas e não seria deixando proliferar as lebres (e não coelho, animal qu'agora abomino)) que tal equilibrio se manteria, dado que comem que nem umas bestas e daí e porque são umas glutonas no que se refere à destruição dos vegetais das hortas e ervinhas próprias das reservas e parques.

Lebres de que tanto gosto, quer com arroz, quer também com feijão e couve. Arroz cozinhado com o próprio sangue da saborosa bicha. Sangue que também se mistura na feijoada com lombarda. (Só de pensar nisto, até fico ougado !!!)

É também neste ano que finalmente usufruo duma vida mais desafogada e até comecei a ter uma noite para ir aos fados e com tanta sorte que até aí a GUINÉ ESTAVA PRESENTE.
Uma fadista cantava:
- "Volta atrás vida vivida", ao que eu retorqui alto e bom som e em tom fadista brigão ao desafio:
- "Ó quem me dera ter outra vez 20 anos".

Ainda nesse ano, estando em reunião, eu Sub-Gerente. com o Gerente, (Ex-Alf Mil que também havia estado na Guiné) apercebi-me que ao balcão perguntavam e alguém para mim apontou.
O perguntador apresenta-se bem vestido e engravatado e de feições e cor, que me indicavam ser da Guiné.

Quando disponível fui ao seu encontro e surpreendido fui pelo seu grito de alegria inusitada:
- Paizinho... e dirigiu-se-me de braços abertos.

Ainda me voltei para trás não fosse outro o papá, mas o puto que me parecia ter pr'ai 17 ou 18 anos, permanecia sedento de me abraçar e continuava:
- Paizinho... que prazer em conhecê-lo.
- Porra - disse eu em silêncio, estou feito ao bife... e os 23 colegas emudecidos e embevecidos.

Peguei no rapaz, levei-o para o "Filadélfia" para indagar do que se estava a passar.

- Djubi, conta lá ao que vens?

Começa a desbobinar uma tal lenga-lenga bem urdida, com citações ao K3, Tabanca de Farim e à "lavadeira" sua mãe que a páginas tantas, comecei a ficar mesmo atravancado e já me via com mais um filho bem grandote, mas enfim, "cá se fazem cá se pagam".

Eis senão quando, resolvo amandar-lhe com duas ou três perguntas:
- E a tua mãezinha Fulana (dei-lhe um nome falso) e o teu tio Cicrano (outro nome falso).

Ao que ele respondeu citando-me:
- A minha mãe Fulana faleceu em 1978, não sem que antes me tenha dito quem era o meu pai branco... o meu tio Cicrano está lá para Varela.

Ao mesmo tempo entram no bar três manguelas, o Mendes Ferreira e outros dois que também tinham sido Combatentes na Guiné, tudo gente boa com quem partilhava galhofas aquando do chá das cinco e riam... riam. riam.

Pois é... os safardanas haviam planeado a coisa e cá o artista, esperto que nem um calhau, caiu que nem um patinho.

E foi a partir daí que segui o conselho macacal do ouve, vê e cala e nunca te alambazes nas descrições de engatatão.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 13 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12146: O pós-Guiné (Veríssimo Ferreira) (10): O meu umbigal mau feitio

Guiné 63/74 - P12175: Convívios (542): XXVI Encontro do pessoal da CCAÇ 557, dia 9 de Novembro de 2013, nas Caldas da Rainha (José Colaço)




1. Mensagem de 19 de Outubro de 2013, do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65):

É uma realidade, somos cada vez menos nestes últimos almoços anuais de convívio. 
Tem sido normal lamentar a partida de companheiros. Este ano, infelizmente, temos que dizer com alguma tristeza que os nossos camaradas Américo Martins e António Belo partiram.

Será uma homenagem sentida, um minuto de silêncio, de dor, pois eles foram, além de amigos, sempre uma presença física como prova a foto em Benavente ano de 2012.

Eis os que ainda à lei da morte resistem, os veteranos ex-combatentes da CCaç 557 que esteve na Guiné - Cachil, Ilha do Como, Bissau e Bafatá nos anos de 1963/65.

O pessoal da CCAÇ 557 vai reunir-se pela 26.ª vez consecutiva em almoço de convívio no restaurante o Cortiço, nas Caldas da Rainha, no dia 9 de Novembro de 2013.

É tudo.

Ao escrever estas poucas palavras, a tristeza me invade e os meus olhos se arrasam de agua.
Nesta Companhia somos mais que amigos, sempre fomos e continuaremos a ser uma família unida.
Para os sobrevivos e para os que já partiram, o meu abraço fraterno.

José Colaço
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12174: Convívios (541): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte II): Texto do José Manuel Dinis; fotos do Miguel Pessoa

Guiné 63/74 - P12174: Convívios (541): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte II): Texto do José Manuel Dinis; fotos do Miguel Pessoa


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O nosso editor, Luís Graça, e o "secretário" da Tabanca da Linha, Zé Manel Diniz, compenetrado na função de dar ao dente, depois de dar à lingua...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2014 > Aspeto parcial da mesa onde se juntaram cerca de vintena e meia de convivas. À minha frente, o Marcelino da Mata com quem conversei demoradamente, bem como o meu camarada António Marques que me ficou muito agradecido por eu ter revelado, aqui no blogue,  o nome do sapador do PAIGC que lhe/nos colocou a mina A/C, em Nhabijões, no dia 13/1/1971, mina essa que nos ia matando a todos... Mário Nacassá, segundo o Marcelino da Mata, é nome de beafada.

Fiquei a saber, por outro lado,  que o Marcelino  da Mata (que tem 20 referências no nosso blogue) vai também publicar as suas memórias. Já tem alguém para o ajudar na escrita.  Ficou agradavelmente surpreendido por saber que fui eu e o seu antigo comandante Virgínio Briote que recolhemos, em finais de 2006,  depoimentos sobre ele, a pedido da sua filha Irene Rodrigues da Mata, que estava então em Londres e que queria fazer lhe uma surpresa por  ocasião dos seus 70 anos (a completar em 2007)... Ele disse-.me que essa filha está cá agora em Portugal e que está bem. Mandei-lhe um beijinho. E, ao pai, incentivei-o para que as suas memórias, em tempo oportuno, com verdade, com rigor, com autentiicidade...Este homem, que atravessou toda a guerra  tem seguramente muito para contar. E não há sequer uma boa biografia dele. Mas o tempo urge.  Quem habitualmente o traz à Adega Camponesa (e o leva, de volta a casa) é o Zé Manel Dinis.  Já se conheciam da Guiné.


 Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Três bravoscombatentes da Guiné: o Zé Manel Dinis, o Marcelino da Mata e o Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O "comandante" Jorge Rosales com um dos seus tabanqueiros, o António Fernando Marques, rapaz da linha, que mora na Quinta da Marinha.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > O Zé Carioca, de pé, apelando ao "coração da gente", em nome da ONG Ajuda Amiga. Ladeado, à sua esquerda, pelo Manel Joaquim e, à direita, por um camarada de que eu não fixei o nome. (Peço desculpa!).



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outros dos fotógrafos oficiais da Magnífica Tabanca da Linha, o Manuel Resende, aqui fotografado com a nossa querida Giselda que nos atura a todos...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outro duplamente atabancado, na nossa Tabanca Grande e na Tabanca da Linha, o Mário Pinto... Aqui ao lado da transmontana Giselda de quem se poderá dizer que deu um toque de classe, feminina,  esta reunião de veteranos...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Dois escalabitanos (leia-se: nativos de Santarém,,, O que estão a dizer, não sei... Sei que eram da mesma criação e foram parar à Guiné... Um é o Armando Pires, fibatejano, fadistam, radialistam bon vivant, meu vizinho ou quase (mora em Mira Flores e andávamos há anos a ver se nos encontrávamos...)... O outro camarada disse-me o nome, mas eu não fixei... Peço desculpa!


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Outro "rapaz da linha" que é "habitué" dos convívios da Magnífica Tabanca da Linha: o José Colaço,  bem disposto, ao lado do irrequieto "secretário" Zé Manel Dinis...


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013 > Em primeiro plano, o Manel Jaquim e o Marcelino da Mato; em segundo plano, o António Graça de Abreu oferecendo ao Luís Graça um exemplar, autografado,  do seu  último livro, "Toda a China" (Lisboa; Guerra e Paz Editores, 2013, 365 pp.; a lançar na próxima 3ª feira, dia 22, às 18h30, no Museu do Oriente, com apresentação do Embaixador João de Deus Pinheiro).

Fotos: © Miguel Pessoa (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: L.G.]

1. Mensagem de José Manuel Matos Dinis:


Data: 18 de Outubro de 2013 às 16:26
Assunto: Encontro da Magníficsa Tabanca da Linha


Ocorreu ontem o esperado, e desejado, encontro da Magnìfica Tabanca da Linha, que levou alguns dos mais bravos combatentes da Guiné até Alcabideche, onde partilharam alguns momentos de viva emoção e sã camaradagem.

Pela primeira vez, SExa o General Comandante-Chefe deslocou-se ao local da comezaina para avaliar, em concreto, do estado de espírito das forças disponíveis e, também, para aferir da capacidade de intervenção dos mancebos sob o seu comando, susceptíveis de apresentar fragilidades físicas, apesar de umas barriguinhas que desafiam o aprumo dos fracos e oprimidos. Foi com visivel agrado que SExa manifestou a maior confiança na tropa, tomou lugar à mesa, e alambazou-se tanto quantos os demais, e alguns são conhecidos lateiros, que os proeminentes canastros não deixam enganar.

O Comandante Rosales também se mostrou muito satisfeito com o agrado de SExa e orgulhoso do bom nível geral e operacionalidade evidenciados. De facto, às entradas chamaram-lhe um figo. Não houve rissol que se safasse, nem queijos frescos ou de meia cura, nem enchidos, que se trouxessem o resto dos porquinos, teriam aumentado o nível geral de satisfação.
À boa prática das emboscadas africanas, o dispositivo em paralelo  permitia que,  ao longo da oblonga mesa, tudo o que lá tivesse caído teve morte quase súbita. Alguns dos excitados combatentes, empunhando os talheres em riste, clamavam por mais. A malta, afinal, ainda se revela em forma, nada de choradinhos com dores na coluna, que esses luxos são só para comandantes.

E, nesse interim, o Comandante Rosales não deixou créditos por mãos alheias, e resistia às dores com uma galga acentuada, tornando-se também pela persistência e determinação, um exemplo a seguir, qual clarim que todos se preocuparam a tocar. Foi o peixe, a carne, os doces ou frutas, comeu-se tudo, e no campo de batalha só ficaram destroços.

Para além da já referida presença do General Comandante-Chefe, Luís Graça, também outro senhor marcou uma distinta presença, pois manquejava com elegância, e exibia um valente queijado que preserva desde Aljubarrota. Refiro-me ao reconhecido herói Veríssimo [Ferreira], que, à rasca, e sob descarada coação, era portador de uma encomenda para este amanuense, perdão, agora já sou secretário. Desejoso de marcar presença, entregou-me uma garrafa de uma bebida incolor produzida de forma competente e em obediência às tradições, a que SExa o Comandante Rosales deitou a luva, apoderando-se dela, enquanto afirmava aos circunstantes que tinha que ser assim, ou o amanuente, perdão, o secretário, confundiria o teclado com a águia Vitória, do que, pela certa, resultaria a confusão generalizada, e não haveria lugar nem a reportagem, nem a golos (o costume).

Houve dois repórteres fotográficos que darão alguma verosimilhança ao atrás descrito, os consagrados Miguel Pessoa e Manuel Resende, que desfarão as dúvidas sobre as minhas qualidades de  cronista oficial, qual Tito Lívio destas campanhas.

Assim, chamo a vossa especial atenção para dois retratos, um de cada autor:

Num deles mostram-se três heróicos lusitanos, a saber, o senhr Mata, provavelmente o português mais condecorado das Campanhas de África; o senhor Pessoa,  o primeiro piloto que conseguiu sair do cockpit de um Fiat G-91 com o avião em andamento - actualmente só anda de C-130 para cima; e o "je", cá o escrevente, glorioso domador de esferógráficas, que, mesmo com o risco da própria vida, não deixa de contar estórias de miséria e grandeza, nem de vos relatar estes efémeros acontecimentos.

Devo ainda realçar uma intervenção do coração de manteiga Zé Carioca que reafirmou,  de maneira prosélita, o seu amor pelós povos desfavorecidos da Guiné, e apelou ao contributo na Ajuda Amiga, uma ONG que angaria meios de assistência e solidariedade. Outros dois elementos ali presentes, o Manuel Joaquim e o Armando Pires, que através da mesma organização também dedicam muito do seu tempo a favor daquele povo africano, salientaram que ainda recentemente embarcaram um contentor para a AD, do Pepito. Só falta a indicação do NIB da conta da Ajuda Amiga, para que possamos canalizar os nossos contributos.

Abraços fraternos. JD


PS1- Anexo uma informação prestada pelo Zé Carioca sobre o NIB da conta da Ajuda Amiga. Peço-te que incluas no poste que venha a ser feito, esta informação para quem quiser colaborar em tão importante solidariedade [, a campanha de sementes para Guiné-Bissau, levada a cabo pela ONG Ajuda Amiga].

PS2 - Mensagem do Zé Carioca: "O NIB. é: 0036 0133 99100025138 26. Depois cada pessoa ao fazer o donativo, convinha informar pelo telefone ou e-mail a dizer um donativo de " X " para o Projecto das Sementes.

E-mail > ajudaamiga2008@yahoo.com
Telefones > 93 714 9143 ou  93 638 0048 (Zé Carioca) 


2. Comentário de L. G.:

Querido Dom Quixote e.. seu criado Sancho (, não sabendo eu quem é quem):

Tenho pena que mais grã-tabanqueiros e outros elegíveis (mesmo sem dom nem piedade...) não  tivessem podido comparecer à chamada (e portanto perdido o convívio,  no dia 17 passado, do pessoal da Magnífica Tabanca da Linha).

Como  puderam comprovar, eu desta vez  compareci, como de resto vos  tinha prometido. Não sendo um "rapaz da linha", tinha (ou tenho) obrigações para com a malta desta Tabanca... Desta e das outras. Obrigações mais de natureza ética,  moral, convivial ou muito simplesmente de simples cortesia.

Tudo o mais que meta honras militares, estrelas de general, e privilégios de comandante..., só pode ser à pala da verve humorística e da escrita criativa do magnífico secretário... Com a bonomia e a cumplicidade do comandante Rosales, esse, sim, o alto dignitário, magistrado e patriarca da Tabanca da Linha.

Sobre o evento (social e gastronómico) p.d., quero-vos garantir que  foi devida e atempadamente badalado no nosso blogue e no Facebook... Quanto ao sítio, só posso dizer que é discreto: a Adega Camponesa é um restaurante sinmples, com uma decoração rústica, um lugar aprazível, que fica mesmo ao pé do novo hospital de Cascais, e que tem uma boa relação preço/qualidade/quantidade... Além de um espaçoso parque de estacionamento.

Rapazes (e raparigas): tomem  boa nota da Adega Camponesa na vossa agenda: nunca se sabe quando vos pode set útil... Diz a publicidade que "faz batizados, casamentos, divórcios e choros"... E, desde há uns bons tempos, abriga também a Magnífica Tabanca da Linha...

Aproveito para dar nota máxima (20) à hospitalidade e amabilidade da parelha Rosales & Dinis... Cada vez me conveço mais de que, por detrás de um grande comandante,  há sempre um grande ajudante... de campo!

Estou grato ao Miguel Pessoa e à Gisela pela (re)boleia que me deram, desde Benfica (com direito a regresso as casa, até ao pé da porta), e pela companhia que me fizeram, agradabilíssima. (Espero poder-lhes retribuir para a próxima).

PS - Parabéns ao escriba de serviço: a ata lavrada e assinada pelo JD é português de primeira água, de fazer inveja a muito humorista encartado... Os putos da Guiné-Bissau deveriam ser (i) obrugados a ir à escola; e (ii) aprender a escrever segundo método JD. O homem é uma cartilha, um tratado, uma postilha.
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12172: Convívios (537): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte I): Fotos de Manuel Resende

Guiné 63/74 - P12173: Parabéns a você (642): Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor Auto do Pel Mort 4275 (Guiné, 1972/74) e Rogério Cardoso, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 643 (Guiné, 1964/66)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12168: Parabéns a você (641): Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador do BCAÇ 3872 (Guiné, 1971/74)

sábado, 19 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12172: Convívios (540): Magnífica Tabanca da Linha: 5ª feira, 17 de outubro de 2013 (Parte I): Fotos de Manuel Resende


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Aspeto parcial dos tabanqueiros da Linha, à chegada ao restaurante.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Em primeiro plano, Luís Graça e António Fernando Marques, dois velhos camaradas de armas da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, Zé Manel Dinis, "secretário" da Tabanca, Marcelino da Mata e Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Dois novos camaradas que eu, Luís Graça, tive o privilégio de vir aqui conhecer, "ao vivo": Armando Pires (à esquerda) e Veríssimo Ferreira (à direita).


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, a Gisela (a única camarada presente), o Luís Graça, o "comandante" Jorge Rosales (, "régulo" da Tabanca) e Miguel Pessoa.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Um momento de grande camaradagem: o abraço entre o Jorge Rosales e o Armando Pires.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  O Hélder Sousa e o Armando Pires.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, o Zé Carioca e o Francisco Palma.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  > Da direita para a esquerda, Zé Manel Dinis, António Graça de Abreu (acabado de chegar da China) e Luís Graça. Em cima da mesa, o novo livro do nosso camarada Abreu, "Toda a China. descobrir, desvendar, entender o mundo chinês, 1º volume". A edição é  da Guerra & Paz, Lisboa, 365 pp.   O autor  teve a gentileza de oferecer um exemplar autografado ao nosso editor. O livro vai ser lançado no dia 22.



Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da direita para a esquerda, Carlos Silva, Armando Pires e Veríssimo Ferreira.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Carreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, Giselda, Miguel Pessoa e José Colaço (sentados). De pé, o Jorge Rosales.


Tabanca da Linha > Cascais, Alcabideche, Cabreiro > Adega Camponesa > 17 de outubro de 2013  >  Da esquerda para a direita, Luis R. Moreira, Armando Pires, Luís Graça e Jorge Pires.


Fotos: © Manuel Resende (2013). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.]

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Nota do editor: