quarta-feira, 8 de junho de 2005

Guiné 63/74 - P52: Antologia (2): A fábula do jagudi e do falcão (Luís Graça)

1. É uma fábula guineense que merece ser objecto de leitura, de reflexão e de divulgação. É uma jóia da sabedoria humana, com uma mensagem universal, que cala fundo. Como todas as estórias de animais, encerra uma lição, neste caso uma grande lição (filosófica, política e ética) em relação ao exercício do poder, aos detentores do poder, aos que são arrogantes e aos que não têm pejo em oprimir, desprezar ou marginalizar os mais fracos, os mais pequenos, os socialmente menos qualificados...

O jagudi (abutre) não é ágil, elegante, superior, altivo, nobre, aristocrático e guerreiro como o falcão, mas nem por isso deixa de ter o seu lugar na criação e de desempenhar o seu papel na natureza. É certo que ele é pouco ou nada considerado tanto pelos humanos como pelos outros animais. É feio, é repelente, é necrófago...

Que o diga, aliás, o provérbio crioulo-guineense: (i) Kal dia ku sancu fala jugude manteña si ka pa rispitu di kacur; ou, noutra variante, (ii) Kal dia ku sancu fala Sakala manteña si i ka na disgustu di kacur (= o macaco só conhece ou cumprimenta o abutre no velório do cachorro).

Mas também há um outro provérbio que, de certo modo, vem em defesa do jagudi: (iii)Jugude ka bai fanadu, ma i kunsi uju (= o abutre não foi à circuncisão, não passou pelo ritual do fanado, mas consegue ver as coisas, ou seja, não é parvo de todo...).

Em suma, uma estória que vem a propósito da História (com H grande) dos nossos dois países, Portugal e a sua ex-colónia da Guiné que, hoje, trinta anos depois da independência, ainda está longe de ter encontrado os caminhos seguros da paz, da construção da unidade nacional, da liberdade, da democracia e do desenvolvimento sustentado. Que a elite dirigente da Guiné-Bissau saiba, com humildade, ouvir, aprender e aplicar a grande sabedoria do seu povo e do seu pai-fundador, Amílcar Cabral...E que os resultados das eleições presidenciais do próximo dia 19 de Junho sejam um sinal de esperança para todos, para o povo guinéu e para os seus amigos, como nós.


2. A fábula do Jagudi e do Falcão

À sombra duma árvore, um alto poilão secular, descansa tranquilo um jagudi (abutre). No mesmo ramo em que ele se empoleira, caiado de branco devido aos dejectos de tantos outros jagudis que por ali passaram, veio pousar um altivo falcão.

Depois de trocarem um breve e seco cumprimento, o falcão, sempre palrador, fanfarrão e irrequieto, começou a insultar o jagudi, chamando-o de desprezível, de cobarde, de preguiçoso, de oportunista e de muitos outros termos insultuosos e pejorativos que lhe vieram à cabeça, à sua cabeça, tonta e leviana. Acusou-o, repetidamente, de ser a mais miserável e feia das criaturas de Deus.

O jagudi ouviu tudo, sem nunca ter tido o mais pequenino gesto de impaciência, protesto ou de indignacão. Nisto, passa entre os dois, a grande velocidade, uma linda ave, de penas multicores.

Logo o falcão se lançou em perseguição da pobre vítima. Mas fê-lo de maneira tão desenfreada que por azar foi bater, em cheio, com o peito, de encontro a um tronco robusto de uma árvore da floresta que se lhe atravessara no caminho. Louco, cheio de dor, lançando pios lancinantes, caiu ao chão, mortalmente ferido, sobre o tapete de folhas secas que cobria o trilho da mata.

Nesse preciso momento, o abutre levanta voo, com o seu ar pesado e pachorrento, e toma o seu lugar, imperturbável, à cabeceira do moribundo. O falcão, no estertor da agonia, ainda teve tempo de descortinar, horrorizado, a silhueta tenebrosa e agoirenta do jagudi, o seu bico afiado como aço e o seu pescoço descarnado.. E, trémulo, perguntou-lhe:
— Que vens aqui fazer, jagudi?
Ao que o abutre respondeu, impávido e sereno:
— Aguardo o teu fim, meu amigo.

Fonte: Adapt. de Nóbrega, Álvaro (2003) - A luta pelo poder na Guiné-Bissau. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCPS). Universidade Técnica de Lisboa (UTL). 2003.23.

Guiné 63/74 - P51: Mesa-redonda: Afinal, a guerra não estava (quase) ganha ?


7 de Junho de 2005

1. Amigos e camaradas:
Quando leio os relatos do A. Marques Lopes que andou meses a fio, com os seus bravos de Geba, para conquistar Sinchã Jobel, em meados de 1967, e venho a descobrir que, dois anos depois, eu andei candidamente por aquelas paragens (Sare Gana, aldeia em autodefesa do subsector de Geba…), chego à conclusão, que tínhamos andado para trás como o caranguejo… Sinchã Jobel e a mata do Óio eram um mito no meu tempo, sendo impensável lá voltarmos, a penantes, como no tempo do Lopes… É engraçado podermos comparar e justapor as situações em épocas diferentes…

No meu tempo, com a CCAÇ 12 tentámos ir, numa grande operação, a nível de batalhão, a Madina/Belel, que ficava mais a oeste, a norte do Cuor... O chefe da orquestra foi um tal alferes miliciano que tinha muito ascendente sobre o comando de Bambadinca, e que chegou a ter a cabeça a prémio por parte do PAIGC… A operação foi uma das mais dramáticas que fizemos no meu tempo… Mas no relatório os gajos gabaram-se, como sempre, de obter muitos roncos… Hei-de contar-vos essa estória…

Luís Graça


8 de Junho de 2005

2. Caro Luís Graça, restantes membros da Tertúlia da Campanha Africana.
Quando li o titulo que deste a este texto e que eu propositadamente deixei ficar, pensei que as guerras perdem-se ou ganham-se em função do objectivo que nós definimos, para aquilo que para nós é ganhar ou perder. Poderia fazer aqui uma série de alocuções, referindo que, para mim, a guerra estava ganha a partir do momento em que durante um certo espaço de tempo fui capaz de me relacionar com extraordinária facilidade, na convivência directa e exclusiva com os Africanos de Fá Mandinga e com todos os comandos negros que lá faziam a sua recruta.

Podia dizer-te que, para este país e para os Senhores da Guerra, ela estava perdida, a partir do momento e de muitos outros momentos como aquele descrito no texto que tinha como título Duas Orelhas Como Troféu [texto de Afonso Sousa, enviado apenas ao grupo, não publicado no blogue]. Para exemplificar doutra maneira vou falar doutras experiências que, não sendo passadas em solo africano, dizem respeito ao tempo de campanha colonial.

Durante muitos anos lutei pela defesa dos direitos dos Veteranos de Guerra. De cidadão anónimo, até primeiro delegado da Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra (APVG), foi um caminho difícil e lento, mas altamente enriquecedor. Experiências de vários tipos, sucediam-se a outras experiências. No entanto e quanto mais me aproximava e interagia com os Órgãos Sociais responsáveis pela Associação, mais me apercebia que erros e hábitos do passado ainda estavam dentro da cabeça destes responsáveis. Isto não seria tão preocupante se estas pessoas não estivessem a defender pessoas que deram o seu melhor pelo país que éramos, por isso tornei-me um contestatário sério do sistema instituído.

Devido ao meu inconformismo, sou convidado a fazer uma lista que outros opositores como eu resolveram organizar, com o fim expresso de melhorar a organização da Associação, com a subsequente ideia que talvez se conseguisse fazer mais por todos aqueles que fazem parte do enorme património histórico da guerra colonial, ou seja: pretendíamos fazer mais por todos os soldados deste país.

Ao fim de uma série de acções e lutas eleitorais, acabamos por assumir os destinos da APVG, ocupando eu, na hierarquia, o lugar de Vice-Presidente, lugar sempre difícil de ocupar porque, embora as instituições se orientem pelo princípio do voto, a verdade é que, como todos sabem, a partir de certa altura interesses, acordos e outras coisas mais desvirtuam este princípio, o que demonstra alguns erros da democracia.

Dizia eu que ser Vice-Presidente é um lugar muito complicado numa lista de executivos, porque das duas uma, ou o Vice baixa a cabeça como aquele animalzinho muito simpático e tudo corre bem, ou acabamos por ser agredidos física e moralmente. Mas esta é outra história que não fica a dever nada às muitas que todos passámos na Guiné e que eu não vou contar, pelo menos por agora.

Passados que foram alguns tempos, assumi o lugar de Director do Jornal “O Veterano de Guerra", ao qual pretendi imprimir uma concepção interventiva diferente. A ideia, sempre a mesma ideia, era que as páginas da revista ou do jornal deveriam conter, ou contar, as histórias de todos os Associados, fossem eles Soldados ou Generais, e não servirem apenas os interesses de meia dúzia.

Naturalmente que o poder tem muita força; naturalmente que os interesses instituídos têm muita força; naturalmente que em democracia também se compram votos (os oficiais também se vendem) e eu acabei por ser exonerado do cargo depois de ter editado três jornais de 42.000 exemplares cada.

Embora o projecto que desenhei e as alterações metodológicas que queria introduzir neste, me exigissem muito mais tempo para a concretização dos meus objectivos, acredito ter melhorado muito a linha orientadora do jornal. Pela primeira vez, todos os Associados, sem discriminação, começaram a ter voz. O preço a pagar foi grande, porque não tive ao meu lado gente suficientemente interessada na mudança; no entanto, sinto-me satisfeito pelo facto de ter acordado alguns companheiros que, por simplicidade, boa fé, ou desconhecimento, continuam a acreditar em tudo e em todos.

Fiz este pequeno relato para que todos aqueles que fazem parte deste grupo [Luís Graça & Camaradas > Subsídios para a História da Guerra Coloniual > Guiné], percebam que a guerra não acabou no dia da independência dos países africanos. Ela continua viva dentro de nós, motivadora de milhares e milhares de questões.

Perder ou ganhar? Uns pensam que eu perdi, porque os opositores eram muito fortes e eu não consegui derrubar a muralha de hábitos e outras coisas muito mais graves instituídas. Eu penso que ganhei, porque fui capaz de abalar a estrutura e fiz perceber a muitas delegações e delegados deste país que as pessoas que gerem as suas justas perspectivas de direitos não são eficazes, isentas e sérias nos propósitos assumidos no passado. A inépcia de cada um e a modorra a que a maior parte de cada um de nós está habituado, já não sou eu que tenho que alterar.

Uns pensam que perdi porque vim embora, eu penso que ganhei, porque esteja onde estiver, serei fiel aos princípios que desde 1997 defendo. Por isso, meu caro Luís, na minha modesta opinião, a guerra estava perdida ou ganha, conforme a barricada esteja colocada a norte ou a sul. Para terminar apenas quero dizer-vos que o Luís Graça e este grupo são um dos múltiplos exemplos de como a guerra, vista doutro ângulo, está ganha.

Um abraço a todos, mas deixem-me dar um abraço especial ao meu amigo Castro e ao A. Marques Lopes (Banjara) que nunca mais vi depois do dia das eleições em Braga.
Luís Carvalhido


3. É um ponto de vista muito curioso - parabéns pelo que pensa e faz e sobretudo pela convicção com que o executa.

Creio que estamos a fazer não uma análise de guerra, mas a contar uma guerra pelos seus actores principais, nós todos, os soldados de então. E vivemos de recordações, umas boas, poucas, e outras muitas más, como é evidente. Outra coisa nos une e isso tenho a certeza: a solidariedade de quem perdeu a juventude e se tornou adulto de repente. Hoje, independentemente daquilo que somos ou fazemos, algo afinal nos une - será o amor fraternal - deixe passar o termo, acaba por ser isso mesmo

Um abraço,
David Guimarães.


4. Meu Caro David J. Guimarães:
São palavras destas que fazem que os mais pequenos do pelotão aguentem a agonia da picada.Um abraço
Luís Carvalhido

5. Amigo Luís Carvalhido:
Eu vi logo que devia ter havido qualquer coisa... pois deixaste de "aparecer" (nos nossos contactos). No início, depois das eleições, ainda trocámos aquelas mensagens de quebra-gelos. Mas, depois, palpitou-me que algo correria menos bem.
Mas, meu amigo, como dizes, a guerra não acabou. E a luta continua!!!
Abraços.
A. Marques Lopes


6. Uma simples e primeira nota: nas entrelinhas deste texto muito se vislumbra. A abrangência é de um lato mas muito nítido horizonte.

Que lucidez de raciocínio e fluência de expressão !... Parabéns "grande" Luis Carvalhido.
Afonso Sousa

7. Muito obrigado, Luís, pelo facto de me incluir no seu Blogue. Penso que finalmente estamos a dar início a um processo que, do meu ponto de vista, vai transformar ideias e conceitos que, ao longo das ultimas três décadas, foram incutidos nos Portugueses. Os livros, o cinema e visões de alguns que não estavam cá (lá) na altura, porque tinham fugido e ainda por culpa de outros que viviam da matança, fizeram o comum dos mortais pensar que fomos os causadores do conflito, por inerência, culpados. Finalmente ao sermos confrontados com a ideia que a Pátria e o Hino não são servidos, a não ser pelo dinheiro que os profissionais da guerra exigem, eu tenho a certeza que as páginas desta história ainda vão ter outra cor.

Um abraço.
Luís Carvalhido

terça-feira, 7 de junho de 2005

Guiné 63/74 - P50: Mancarra, a semente do diabo... (Luís Graça)

Excertos do diário de um tuga. L.G.

8 de Março de 1970

Sansancuta.

É interessante notar que na mitologia fula a mancarra (amendoím) esteja associada ao Diabo em pessoa (Iblissa).

O cherno Umaru que dirige uma pequena escola nesta tabanca e que se prepara, como bom muçulmano devoto (tijanianké), para fazer no próximo ano a sua peregrinação a Meca (Iado Hadjo, em fula) e assim juntar ao seu nome o título venerando de al-hadj, contou-me, por intermédio do [José Carlos Suleimane  [Baldé] (o meu braço direito, guarda-costa, intérprete, cozinheiro, secretário – é um dos nossos poucos soldados que sabe ler e escrever português, daí ser soldado arvorado e em breve 1º cabo), contou- me ele a seguinte estória:

- Um dia Iblissa (o Diabo) quis desafiar a autoridade divina de Mohamadu (o Profeta Maomé). Tinha chovido muito e o Profeta dissera que então nasceriam todas as sementes que fossem lançadas à terra. O Diabo, em vez de uma semente de milho ou de arroz, deitou leite numa cova que ele próprio tinha feito no chão. Mohamadu, intrigado e inquieto com a provocação de Iblissa, foi falar com Alá, que lhe mandou guardar uma semente. E ao fim desse tempo, não é que do leite nasceu mesmo a mancarra ?

Recordo que Amílcar Cabral, na Estação Agronómica de Fá-Mandinga, fez estudos sobre vários tipos de semente de amendoím. E já então ele denunciava o perigo que representava, para o desenvolvimento da agricultura na Guiné, a monocultura desta oleaginosa, um típico produto  imposto pelo colonialismo aos guinéus.

Guiné 63/74 - P49: Samba Culo II (Marques Lopes)

Texto de A. Marques Lopes, ex-alferes miliciano da CART 1690 (Geba, 1968) e actualmente coronel (DFA) na situação de reforma:

Na Op Inquietar II conseguiu-se o objectivo: a base de Samba Culo foi mesmo destruída... Mas há coisas que não vêm relatadas: diz o relator que "junto à base de patrulhas pelas 14H20, um grupo IN que seguia em coluna por um, detectou as NT abrindo fogo e tendo ferido um Soldado, pondo-se em fuga pela reacção das NT. Pelas 14H45 saiu um grupo de combate em patrulhamento ao longo do R Canjambari e regressou sem contacto".

Não foi assim. O que sucedeu foi o seguinte: o IN encostou-nos ao Rio Camjambari, não podendo nós cambá-lo, porque era muito fundo, nem podendo dali sair porque estávamos cercados. O comandante da operação disse-me:

- Ó Lopes, a minha companhia já está aqui instalada, por isso, você, que tem um grupo autónomo, vá ver se consegue furar o cerco. 

E lá fui, não só uma mas duas vezes, sem sucesso. Na segunda vez, fiquei sob fogo cruzado do PAIGC e da companhia do comandante, tendo um soldado meu levado um tiro nas costas, dado pelos dos nossos.

Quando o comandante me disse, pela terceira vez, para tentar furar o cerco, disse-lhe que não ia. Que chamasse os T6, o que ele acabou por fazer, e foi assim que dali saímos. Mas o que mais me impressionou nesta operação foi o seguinte: Samba Culo tinha uma escola; quando lá chegámos, vi escrito no quadro preto, em perfeito português: "Um vaso de flores". Tinha desenhado, a giz, por baixo, um vaso de flores.

E o que nunca mais esquecerei na minha vida: quando atacámos a base, uma jovem dos seus 18 anos ficou com a barriga aberta por uma rajada de G3. E mais (coisas terríveis desta guerra!): o Bigodes, o Armindo F. Paulino (que foi, depois, feito prisioneiro pelo PAIGC e que acabou por morrer em Conakri), quis saltar para cima dela. Tive que lhe bater. 

Esta é uma situação que nunca me sai do pensamento... e da minha consciência. Tinham muitos livros em português, que era o que estavam a ensinar aos alunos (miúdos ou graúdos?). Trouxemos também (imaginem!) uns paramentos completos de um padre católico! Lembranças que se me pegaram para toda a vida.

«6. Op Inquietar II. 4 a 7 de Julho de 1967"

"Situação particular:

Há notícias que o IN tem un acampamento em Canjambari, além de outros espalhados pela mata do Óio. Tem-se revelado durante operações realizadas e implantado engenhos explosivos nos itinerários.

"Missão:
Executar uma acção em força sobre o acampanento IN de Canjambari em coordenação com forças do AGRP 1976.

"Força executante:

Dest A - CCAÇ 1685; 1 Gr Comb CART 1690; 1 Secção CMIL 3

Desat B - CART 1689: 1PEL.(-) /CMIL 3

Dest C - 1 PEL EREC 1578.

"Desenrolara da acção:
04JUL67

Concentração das forças em Banjara pelas 17H00.

05JUL67
Pelas 00H00 iniciaram o movimento em direcção a Samba Culo (050.0p.) seguindo o itinerário Banjara-Gendo-Tambicó-Samba Culo. Pelas 07H00 atingiram Gendo. Um pouco à frente desta antiga tabanca, pelas 08H00 foi detectado um grupo IN o qual tentaram cercar e capturar, só não o conseguindo por alguns elementos da Milícia na testa da coluna, que não entenderam a manobra, terem aberto fogo, pondo-os em fuga.

Entretanto foram avistadas 2 casas de mato (010 OP), que foram destruídas bem como diversos utensílios domésticos. Retomado a progressão e cerca das 11HOO foi detectado um núcleo de 10 casas de mato (050 OP), incluindo uma escola com vinte carteiras, tendo sido totalmente destruídas pelo fogo. Retomado a progressão e ainda perto deste último acampamento, as NT emboscaram um grupo IN não estimado, do qual foi capturado um elemento portador de uma faca de mato.

Reiniciado a progressão, Tambicó (Base de patrulhas) foi atingida às 14H00. Junto a base de patrulhas pelas 14H20, um grupo IN que seguia em coluna por um, detectou as NT abrindo fogo e tendo ferido um Soldado, pondo-se em fuga pela reacção das NT.

Pelas 14H45 saiu um grupo de combate em patrulhamento ao longo do R Canjambari e regressou sem contacto. Pelas 15H20 um grupo IN estimado em 30 a 40 elementos atacou a base de patrulhas com mort 60, LGF, PM e Armas Automáticas, durante 15 minutos sem consequências.

Os T6 que nessa altura sobrevoavam a base de patrulhas para protegerem o heli na evacuação do ferido, fizeram umas rajadas sobre o grupo IN. Nessa altura foi evacuado em HELI para o HM 241 o soldado ferido na acção IN anterior.

Pelas 17H00 saiu um outro grupo de combate para fazer o reconhecimento do itinerário Tambico - Samba Culos. Percorridas apenas algumas dezenas de metros, foi emboscado por um grupo IN de cerca de 60 elementos armados de mort 60, LGF, PM e Armas Automáticas, tendo ferido 2 soldados, evacuados mais tarde para o HM 241, por heli.

Juntamente com a emboscada o IN flagelou a base de patrulhas com 2 granadas de mort 60. Perante a reacção das NT o IN furtou-se ao contacto com baixas prováveis.

06JUL67

Cerca das 11H20, orientado pelo PCV iniciou-se a progressão em direcção ao acampamento de Samba Culo (050.OP.), tendo atingido pelas 15H20. O IN, que estava instalado do lado Sul do acampamento e que tinha reagido fortemente impedindo o Dest B de entrar no acampamento, reagiu à manobra de envolvimento e assalto ao acampamento com Mort 60 e PM, tendo ferido dois soldados, evacuados posteriormente para o HM 241 por heli.

O IN, apercebendo-se do cerco que se preparava, furtou-se ao contacto tendo as NT assaltado e destruído o acampamento composto por 30 casas de mato, sendo algumas cobertas a zinco. Foram destruídos também alguns utensílios domésticos.

Já no regresso o guia conduziu as NT a uma arrecadação de material, que o Dest B conquistou tendo capturado todo o armamento lá existente. Capturado o material foi destruída a arrecadação ouvindo-se então fortes rebentamentos de cartuchos e granadas que se prolongaram por 50 minutos.

Retomado a progressão de regresso para Banjara as NT por alturas de Farim 8H8-44, accionaram uma armadilha tendo ficado ferido um elemento do Dest B.

07JUL67

As NT atingiram Banjara pelas 05H00 após o que regressaram a quartéis. A operação terminou às l6H530.

"Resultados obtidos:

-Foi capturado armamento IN;
-Foram mortos, feridos e feitos prisioneiros elementos IN;
-Foi destruído diverso material e utensílios donéstico;
-Foram destruídos cerca de 10.000 munições e diverso material explosivo algum do qual se supõe encontrar-se enterrado, dado a violência das detonações".