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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7358: José Corceiro na CCAÇ 5 (19): Pára-quedistas contra Gatos Pretos

1. Mensagem de José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71), com data de 27 de Novembro de 2010:

Caros amigos, Luís Graça, Carlos Vinhal, J. Magalhães.
Estive uma semana ausente, mas já regressei.
Aqui me encontro, com as baterias recarregadas, a enviar mais uma descrição dum episódio que vivi em Canjadude, e que redigi, recorrendo ao que escrevi na época em que se deu o acontecimento.
Publicarão, se entenderem que é adequado.

Um abraço
José Manuel Corceiro


José Corceiro na CCAÇ 5 (19)

Foto 1 - Operação realizada o dia 26 e 27 de Abril, de 1971, ao Burmeleu, sudeste do Cheche. Na foto, onde ao amanhecer do dia 27, são visíveis os carregadores em, progressão, com os garrafões de água à cabeça.

CONFRONTO ENTRE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS, CCP 123 E GATOS PRETOS, CCAÇ 5

Este meu artigo é também uma singela e sentida homenagem à lembrança dos três jovens heróis, que pereceram em Ganguiró, naquela fatídica manhã do dia 15 de Abril de 1971, quando a guerra lhe roubou todos os sonhos, na flor da idade…

MAMADU DJALÓ
AVELINO JOAQUIM GOMES TAVARES
CARLOS ALBERTO FERREIRA MARTINS

O mês de Abril de 1971 foi particularmente dificílimo para a CCAÇ 5 e para a população civil de Canjadude, tendo contribuído para essas contrariedades múltiplas complicações.

As inundações de água irmanadas com o capim, que há cerca de quatro meses eram um dos obstáculos que nos dificultavam o progredir nas bolanhas alagadas, durante as saídas para o mato, é agora a escassez dessa água, um óbice aliado concomitantemente com o calor tórrido, que ameaça abrasar tudo o que nos rodeia, que nos causam embaraço e são um quebra-cabeças quando fazemos operações para o mato, ao faltar-nos a água para matar a sede.

A carência de água é tão veemente sentida, que a continuar assim esta penúria de seca, aliada ao calor que ameaça torrar tudo, porque a chuva tarda em vir, vamos ser obrigados a ter que recorrer para nos abastecer de água, ao rio Corubal onde a poderemos captar (miragem de oásis no deserto - o Corubal dista de Canjadude mais de 18 quilómetros) para suprir as necessidades mais básicas. Quer a tropa quer a população civil estão a sofrer seriamente as consequências da insuficiência de água, que têm gerado conflitos entre os militares nativos e a população civil.

Foto 2 - Canjadude > Tínhamos logo uma bolanha alagada, na época das chuvas a 200 metros do arame farpado, lado nascente. Estão na água, o Ferra, o Monteiro, o Marques, o Montóia e o Viana.

Foto 3 - Vista do arame farpado, lado nascente, a bolanha que na época das chuvas está alagada, está agora seca.

Na Tabanca de Canjadude a população civil é de etnia Mandinga e o grosso dos militares são de etnia Fula, que por princípios culturais tradicionais rivalizam uma com a outra, com ódio de morte, ao ponto da população civil Mandinga ter vedado aos familiares dos militares o acesso à água dos dois ou três poços da tabanca. Os Mandingas argumentam, que toda a zona circundante, por aqui, é propriedade deles, por direito próprio, replicando que a sua conduta ao tamponarem os poços foi por necessidade, devido à exiguidade de água, e não uma atitude de vingança. No seu entender estão a comportar-se com civismo e gentileza para com os vizinhos, que têm que suportar, porque segundo dizem lhes foram impostos contra a sua vontade.

Enfatizam, dizendo, que já é um grande ultraje tolerar os vizinhos no seu meio, forçados que foram a cederem temporária e graciosamente, o espaço para as construções das tabancas, onde os fulas com as suas famílias habitam, disseminados entre as dos mandingas.

Foto 4 - Corceiro, com corda e balde, a tirar água do único poço que havia no Aquartelamento de Canjadude, que ficava localizado atrás do antigo abrigo de Transmissões. O poço tinha de profundidade entre 7 e 8 metros. Atrás está o Cripto Costa.

Foto 5 - Furriéis a construir o seu bar, visto o bar antigo ter sido destruído pelo incêndio. Rito, Perestrelo, Cabrita, Silva, Gonçalves e Laminhas. Não recordo o nome do africano.

Os reordenamentos em Canjadude, já desde o mês passado que foram totalmente suspensos, visto a população civil se ter desmotivado por completo e não quer colaborar na continuidade do projecto. O stock de alimentos na população da Tabanca, e porque aqui a agricultura é praticamente inexistente, já há muito tempo que se esgotou. Eu não sei como estas pobres alminhas conseguem sobreviver, sobretudo as crianças, com uma alimentação tão descompensada e míngua, porque os mais velhos lá se vão aguentando com a saliva do mastigar a castanha de cola?!

Foto 6 - Uma mãe de Canjadude, com alguns dos seus filhos.

Foto 7 - Uma família de Canjadude com a sua prole.

Foto 8 - Atrelado depósito para transportar água. Está junto da cozinha. Furriel Ramos, que foi o graduado que comandou o primeiro grupo que saiu de Canjadude, em direcção a Ganguiró, no dia 15. Infelizmente já não está entre nós.

Ultimamente na zona, a actividade do IN tem-se manifestado intensamente de diversas e variadas maneiras:

Dia 3 de Abril, Nova Lamego foi flagelado.
Dia 9, o IN levou a cabo uma grande flagelação a Cabuca.
No dia 4, dois pelotões da CCAÇ 5, quando eram transportados em viaturas para uma acção de patrulhamento a Liporo, na zona de Uelingará, picada Canjadude/Nova Lamego, durante a picagem detectaram-se duas minas anticarro, que foram levantadas com êxito.
Também as forças de Cabuca, numa coluna que realizaram a Nova Lamego, durante a picagem tiveram a sorte de detectar duas minas, que levantaram.
A actividade inimiga aqui na zona, não tem sido só proactiva contra as nossas tropas, pois têm havido incursões contra a população civil e também sobre alguns caçadores. Aconteceram assaltos e pilhagens nas Tabancas de Cansambael e Sincha Dembo, onde as populações foram molestadas e desprovidas de alguns dos seus haveres.

Foto 9 - No Aquartelamento de Canjadude, distribuição de alguns alimentos às crianças da tabanca.

A operacionalidade da CCAÇ 5 tem sido intensíssima, pois temos palmilhado tudo desde Ganguiró ao Burmeleu, passando pelo Cheche. Há excepção que merece realce durante estas correrias, houve indícios detectados por nós, cujos sinais e trilhos denunciaram ter havido organização e tentativa, não concretizada, para emboscar as nossas tropas, em Uelingará, só não terá acontecido e tido desenlace a emboscada, por desfasamento temporal entre a permanência do IN no local e a passagem das nossas tropas. Para além destas marcas, felizmente têm sido ténues os vestígios detectados da passagem do IN pela nossa área!

Como é que uma prática, que se afigurava tão rotineira e banal, envolvendo forças, dum grupo de elite, altamente especializados e treinados, e no outro, militares tão cheios de experiência de guerra e com tanta animosidade combativa, degenerou em tragédia!?...

No dia 13 de Abril de 1971, recebemos instruções no posto de rádio de Canjadude, que ia ter início uma grande operação de assalto a um provável refúgio IN, envolvendo um conjunto de forças diversas, mas que o envolvimento dos Gatos Pretos, em princípio, iria ter um certo grau de passividade, com relativa actividade, embora o desenrolar operacional progredisse no subsector da CCAÇ 5. O posto de rádio de Canjadude, devido à sua posição, era o interlocutor privilegiado e responsável pela rede de comunicações durante o desenrolar da acção militar em curso, utilizando como veículo de transmissão o E/R Racal. Foram-nos dados esclarecimentos sobre as frequências a utilizar, distribuídas as matrizes com as chaves de validação e autenticação para as identificações das forças implicadas, dados alguns códigos temporários do Codoperex, para conhecimento e localização de locais. Tudo indicando que seria mais uma operação como tantas outras já havidas…

Foto 10 - Corceiro no Aquartelamento de Canjadude.

Eu desconhecia por completo o grau de risco e perigosidade que a operação em curso envolvia, assim como não tinha outras noções, mas outras pessoas mais bem colocadas em locais de comando teriam outro entendimento! No entanto, deu para eu deduzir que provavelmente a manobra estaria relacionada com as últimas investidas e vestígios deixados pelo IN na zona, visto que o rumo que este tomava, depois de executar as acções, era sempre na mesma direcção, Siai, possivelmente onde se fazia a cambança, no rio Corubal, para a margem de Madina de Boé.

Dia 14 de Abril, é elaborada uma escala no posto de rádio, para dedicar um operador unicamente ao E/R Racal, permanentemente em escuta, fazendo só chamadas nas horas que estavam definidas nos procedimentos da operação. Durante todo o dia, nunca a força do mato comunicou uma vez que fosse com Canjadude, ou respondeu a qualquer chamada de rádio por este efectuada, chegando-se ao ponto de pensar, (nós, os operadores de rádio) que não tivesse havido operação. Em outras ocasiões tivemos casos idênticos, mas houve sempre comunicação via rádio, excepto uma vez em que o rádio foi para o mato sem acumuladores. Será que neste caso houve avaria no equipamento, ou as forças envolvidas estavam receosas de denunciar a localização onde se encontravam ao IN, ao utilizar o rádio, ou outra razão que a eles aprouvesse!?...

Dia 15, conforme o estipulado na estratégia da operação, saiu de Canjadude, próximo das 08,00h, um pelotão com viaturas e picadores, para ir ao encontro das forças operacionais, a fim de serem recolhidas, como previamente estava definido no plano do recontro, em Ganguiró (localidade onde em tempos existiu uma tabanca).

Embora nunca tenha havido contacto via rádio, com a CCP 123, (Pára-quedistas) estava tudo a correr conforme o plano da operação. Os militares, da CCAÇ 5, iam a escoltar as viaturas, com flancos laterais, e com os picadores a detectar minas à frente, picando o trilho. A cerca de três centenas de metros de Ganguiró, lugar do previsível e estipulado encontro, tudo OK.

Foto 11 - Bolanha de Canjadude, lado Nascente, está tudo seco, mas durante a época das chuvas está tudo inundado de água. É visível um baga-baga, assim como esta árvore grande, na bolanha, que é a mesma que aparece na 3.ª foto, está enquadrada a partir da bolanha.

Mas eis quando, um militar africano da CCAÇ 5, a 300 metros do local de encontro, vê um objecto branco no trilho, por entre os arbustos a movimentar-se. Este, sem ter identificado o objecto, tentou encobrir-se e proteger-se atrás dum “baga-baga”, posteriormente apurou-se que o objecto branco era um lenço que o militar “Pára” tinha ao pescoço. O militar “Pára” ao aperceber-se da movimentação de alguém africano, que se estava a tentar ocultar e resguardar-se pelo “baga-baga”, abriu fogo. Não ligou à cor da farda, porque o IN por vezes tinha farda igual, mas sabia que eram tropas nativas que iam ao seu encontro deles, e provavelmente devia ouvir o barulho das viaturas…

Perante o inabitual e inesperado incidente, desencadearam-se disparos de munições de parte a parte, muitos dos quais talvez por simpatia e contágio, de forma que o fogo se generalizou aos dois lados das forças em presença. Durante uns minutos Gatos Pretos a lutar contra a CCP 123, até se darem conta que o som dos rebentamentos das armas que disparavam eram das nossas tropas, eram forças amigas que se estavam a digladiar… e parou-se o confronto…

Em Canjadude foi audível o “fogachal”, ainda não havia informação através de rádio do sucedido, e de imediato se disponibilizaram militares para ir em auxílio dos seus irmãos, que deviam estar em apuros. Efectivamente acabou por sair mais um pelotão da CCAÇ 5 ao encontro das forças que estavam no mato, mas quando saíram já se sabia o que tinha acontecido (Ganguiró dista de Canjadude cerca 7 ou 8 quilómetros na direcção de Cabuca, Nascente).

Do anómalo e imprevisto incidente, resultaram alguns feridos, um dos quais com muitíssima gravidade, que foi o Mamadu Djaló. Informou-se via rádio Canjadude, para pedir urgentemente heli para as evacuações. Entretanto, escolheu-se local apropriado, uma clareira, para efectuar as evacuações. Procedeu-se à organização das respectivas forças para garantirem segurança à aterragem do meio aéreo. Estava tudo a postos e na expectativa que o heli chegasse a todo o momento…

Eis senão quando, sem que ninguém o previsse, se desencadeia inusitado e bem coordenado bombardeamento, com violência feroz, utilizando todo o tipo de armas, desde a desconcertante kalashnikov, até ao armamento mais pesado, passando pelo morteiro 82 ao canhão sem recuo!... Estávamos cercados e emboscados, debaixo da mira do fortíssimo fogo do inimigo, o qual organizou, preparou e desencadeou a emboscada, a seu contento dispondo-se no terreno em L aberto. Grosso modo, as posições das forças em confronto no terreno, eram as seguintes: Do lado Nascente e ligeiramente a sul, estava emboscado o IN, a bombardear incessantemente, ao centro, as forças dos “Páras” e a Poente, as forças da CCAÇ 5. Instalou-se a confusão, e para a agravar ainda mais o caos, o IN vestia farda igual à nossa… A CCAÇ 5, africana, ávida que estava para fazer fogo, não podia fazê-lo e estava a ser massacrada com fogo inimigo, sem poder ripostar, porque na sua trajectória de fogo contra o inimigo, estavam os “Páras”…

O fogo ininterrupto, prolongou-se por mais de meia hora…

A força da CCAÇ 5, solucionou a sua posição critica e de desconforto, rodando estrategicamente para Sul, por um lado, para não ter na sua mira de fogo as tropas dos “Páras” e poder disparar à vontade contra o IN, por outro, para barrar a fuga ao inimigo, naquela que parecia ser a sua saída natural, e neste caso teve êxito, que rechaçou o inimigo que teve que retirar e fugir em debandada, pela escapatória que menos esperava…

Deste combate tombaram no terreno, dois jovens heróis “Páras”, que foram amortalhados em Canjadude, e um jovem herói, africano, da CCAÇ 5, que ainda foi evacuado do local para o Hospital de Bissau, onde veio a falecer… houve quase uma dezena de feridos, evacuações e dia de luto, em Canjadude…

Chegaram a vir meios aéreos…

Entretanto, já tinha chegado ao local o outro pelotão, vindo de Canjadude, que juntamente com um grupo da CCP 123 seguiram o trilho da fuga do IN, onde havia muito rasto de sangue, mas não sendo detectadas presenças humanas acabaram por abandonar a perseguição sem obter algo de positivo…

Tornou-se de difícil compreensão o aparecimento tão célere dum grupo inimigo, assaz numeroso, que demonstrou altas capacidades de organização de combate, que soube tirar proveito dum momento de fragilidade das nossas tropas, para entrarem em acção, que estava equipado com quantidade e qualidade de armamento, desde o mais leve ao mais pesado!

Como terá sido feita a mobilidade deste material, em tempo recorde?

O que se comentou na época foi o seguinte:

- Que o inimigo tinha já planeado para esse dia um possível ataque a Canjadude e estaria com o armamento em trânsito;

- Que o inimigo teria por ali perto um refugio, bem equipado, e ao aperceber-se do tiroteio entre as nossas tropas, terá vindo em auxílio, julgando que fosse alguma escaramuça com algum dos seus vigias;

- Ou que já soubessem, que o ponto de encontro e recolha das nossas tropas fosse naquele local, e se antecipassem a montar a emboscada para tirar partido e actuarem no momento de subir para as viaturas, que é sempre um momento crítico e de fragilidade, com alguma confusão que gera o amontoar do pessoal.

Também foi difícil de digerir a modesta eficácia da nossa actuação, em função das forças em presença no terreno, visto serem especializadas e bem equipadas, assim como durante a perseguição ao IN, não o ter conseguido alcançar, nem ter havido êxito algum visível, nem captura de material!

Foram louvados alguns combatentes africanos, (nos “Páras” desconheço) que neste combate se evidenciaram pela sua bravura, progredindo no terreno debaixo de fogo, sempre a deslocarem-se em pé, desprezando as protecções e o amor à vida…
Creio até que o “bazookeiro” foi louvado pelo Comandante-Chefe, porque debaixo de intensíssimo fogo se lhe avariou a arma. Teve a calma, o sangue frio e notável serenidade, desprezando procurar abrigo para se proteger, para reparar a anomalia na bazooka, que acabou por consertar, e progrediu com os seus disparos certeiros e eficazes…

Um abraço para todos e boa saúde
José Manuel Corceiro
__________

Nota de CV:

8 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7240: José Corceiro na CCAÇ 5 (18): Insubordinação na CCAÇ 5, dia 8 de Novembro de 1969

domingo, 1 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6814: Notas de leitura (140): As elites militares e as guerras de África (Manuel Rebocho)


1. O nosso Camarada Manuel Godinho Rebocho, ex-2º Sargento Pára-Quedista da CCP123/BCP12, Bissalanca, 1972/74, (hoje Sargento-Mor na reserva), cedeu ao nosso blogue a publicação do seu livro “AS ELITES MILITARES E AS GUERRAS D’ÁFRICA”, o que muito agradecemos em nome dos editores e demais camaradas.
A publicação iniciar-se-á, no presente poste, com o currículo pessoal, os agradecimentos, a constituição do livro, nota do autor e prefácio:

Currículo Pessoal
Manuel Godinho Rebocho nasceu a 4 de Dezembro de 1949, numa aldeia próxima de Évora. Ingressou como voluntário nas Tropas Pára-Quedistas aos 18 anos. Efectuou o antigo 5.º ano dos Liceus durante a sua comissão de serviço na Guiné, entre 1972 e 1974. Preparou-se para os exames do antigo 7.º ano dos Liceus durante a sua prisão, resultante dos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975, de cujos actos foi judicialmente ilibado.
Por ordem do então Chefe do Estado-Maior da Força Aérea permaneceu em residência fixa até 1982, o que o impediu de ingressar na Academia Militar, em 1976. Como alternativa à Academia, e com a devida autorização judicial, ingressou na Universidade de Évora, em 1976.
É Eng.º Agrónomo, Mestre em Economia Agrícola e Doutorado em Sociologia (ramo Sociologia da Paz e dos Conflitos). É Sargento-Mor Pára-Quedista, na reserva, à qual passou por limite de tempo no posto (oito anos).

AS ELITES MILITARES
E AS GUERRAS D’ÁFRICA
Aos que, na Guerra de África,
Deram parte de si à Pátria
E a Pátria nada lhe deu
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer particularmente à minha mulher, Maria Jacinta, e aos meus filhos Cláudia Leonor e Nuno Miguel, o apoio e incentivo que me expressaram.
À Professora Doutora Maria José Stock, agradeço todo o apoio que me concedeu na estruturação e leitura do texto. Creio mesmo que, sem o seu apoio, não teria alcançado o meu objectivo, nem a qualidade da obra atingiria o patamar que julgo ter conseguido.
À Instituição Militar, particularmente ao Exército, agradeço a permissão para consultar os múltiplos arquivos militares, onde obtive a informação que sustenta a obra; sem essa consulta seria absolutamente impossível efectuar a investigação com a objectividade conseguida.

O livro tem a seguinte estrutura e sequência de anexos:

Título
Dedicatória
Índice
Prefácio (páginas 1 a 6)
I Capítulo (páginas 7 a 82)
II Capítulo (páginas 83 a 240)
III Capítulo - desdobrado em 4 anexos - (páginas 241 a 428)
III I (páginas 241 a 341)
III II (páginas 342 a 369)
III III (páginas 370 a 400)
III IV (páginas 400 a 428)
IV Capítulo (páginas 429 a 506)
V Capítulo (páginas 507 a 532)
VI Posfácio (páginas 533 a 548)
VII Bibliografia (páginas 549 a 596)
Currículo Pessoal

NOTA DO AUTOR
O trabalho de investigação que desenvolvi, ao longo de vários anos, cujo resultado final constitui a presente obra, teve como fontes de informação fundamentais a análise que efectuei sobre diversos documentos militares, a minha própria experiência e um vasto número de entrevistas a Oficiais do Quadro Permanente.
A investigação científica que realizei provou que, no decurso da Guerra de África, os Oficiais do Quadro Permanente foram-se progressivamente afastando do Comando Operacional, para se instalarem nas posições de gestão militar. Desta situação, inusitada, resultaria terem sido os Milicianos quem, de facto, comandou as Unidades de Combate, nos últimos e mais gravosos anos da Guerra.
Reconhecendo esta situação e dado não ter ouvido, na dimensão adequada, os graduados milicianos, nem lhes ter dado o destaque que justamente merecem, entendi, para corrigir este lapso, convidar um miliciano para prefaciar a presente obra, para além de ter igualmente convidado um miliciano de cada uma das suas classes: Capitães, Alferes e Furriéis, para escreverem livremente um depoimento sob a forma de posfácio, enfatizando particularmente a sua experiência enquanto combatentes. Presto, assim, o meu total reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelos Milicianos no seu todo, ao longo da Guerra de África.
PREFÁCIO
O dado fulcral, que faz da obra de Manuel Rebocho um caso singular, escorado basicamente em procedimentos metodológicos da “nova” sociologia, a observação-acção, ou melhor a observação empenhada, como dela disse Adriano Moreira durante a discussão académica, é o ponto de partida do investigador: foi a sua participação e envolvimento directo na guerra que, anos depois, viria a despoletar o seu interesse sociológico no tema, a ponto de a estudar e de apresentar a escrutínio doutoral os resultados a que chegou.
Não espanta, por isso, que, uma vez e muitas, se pressinta alguma dificuldade de “afastamento” e “isenção” do autor face ao real que analisa. Mas isso não menoriza ou empobrece a qualidade científica do trabalho, antes o valoriza: afinal foi feito por quem, com instrumentos da ciência social, se debruça sobre o que viveu e sofreu. Este trabalho, no essencial da obra, deve ser, por isso, entendido como portador de uma parcela autobiográfica, como uma “história de vida”, como sublinhou Maria José Stock, orientadora do novel Doutor.
Se é verdade que a Guerra Colonial demorou alguns anos a tornar-se tema ficcional, já hoje há obras bastantes, particularmente testemunhos pessoais mais ou menos ficcionados, que permitem uma visão global sobre a vida no teatro de operações. O mesmo não pode dizer-se quanto a estudos académicos sobre o interior da instituição que fez a guerra, as Forças Armadas. Este trabalho de Manuel Rebocho vem iluminar zonas das nossas últimas Campanhas em África que até agora se mantinham na sombra.
A radical mudança política operada em Portugal em 1974, protagonizada, aliás, pelas Forças Armadas que triunfando sobre a ditadura abriram, “ipso facto”, caminho à sua “derrota” na Guerra Colonial, não propiciou, por isso, condições facilitadoras do estudo do processo “Guerra Colonial”.
Ao rastrear os “curricula” e a formação dos oficiais, particularmente após 1959 – ano da criação da Academia Militar –, quando se tornara imparável e acelerado o movimento independentista dos territórios africanos administrados por potências coloniais e, face à intransigente política “ultramarina” de Salazar, a guerra era inevitável. Manuel Rebocho concluiu que a Academia Militar passou então a preparar a elite não para o comando operacional, mas sim para funções técnicas e administrativas.
Em vez de comandantes operacionais, os militares do quadro permanente, na sua esmagadora maioria e nos mais diversos escalões, tornaram-se, progressivamente, ao longo dos treze anos que a guerra durou, “administradores” da logística e gestores da estratégia dos três teatros de operações.
A guerra no terreno, na frente de combate, assente numa quadrícula à base da companhia e realizada quotidianamente a nível de meia companhia ou, mesmo, de pelotão, essa, passou a ser feita quase exclusivamente, por capitães e alferes milicianos que enquadravam furriéis milicianos e praças do serviço militar obrigatório – essa foi, de facto, a “guerra” em que eu combati, no norte de Moçambique, e foi a conclusão generalizada a que chegou Manuel Rebocho. Chamou-lhe, ele, a milicianização da guerra.
Sem a triagem quantitativa que este estudo nos aporta, já outros, antes, tinham chamado à atenção para este aspecto da gestão cirúrgica do pessoal; Diniz de Almeida refere que “acentuadas diferenças de colocação dos oficiais, quer do Q. P. (Quadro Permanente) quer do Q. C. (Quadro de Complemento), determinavam ainda a vida particular e profissional dos militares originando, assim, um novo quadro de injustiça a corrigir. Deste modo, em função das mais diversas motivações, eram normalmente colocados em funções burocráticas ou em quartéis de cidade, os oficiais afectos ao regime. Quanto aos restantes, menos identificados com o regime, aguardavam-nos, regra geral, os postos longínquos e incómodos do mato.”
Após dez anos de guerra, no dia-a-dia, os pouquíssimos militares profissionais (Quadro Permanente e Serviço Geral) que estavam na frente de combate “nunca” saíam para o mato, ficando no “arame farpado” em funções de comando, colheita e coordenação de informações, planeamento de operações e apoio logístico; na picada e no mato andavam os capitães, alferes e furriéis milicianos e os cabos e soldados do serviço militar obrigatório. A estes juntavam-se, no mato, mais ou menos regularmente segundo as dificuldades do teatro de operações, companhias de comandos, de fuzileiros e de pára-quedistas, nas quais, aí sim, os soldados eram enquadrados por sargentos e oficiais do quadro permanente.
Foi essa realidade vivida na “frente” que Manuel Rebocho veio, agora, com números “arrasadores”, constatar: no Leste de Angola, de 1971 a 1974, das 68 companhias só 3 tinham capitães oriundos da Academia Militar; em Moçambique, em 1973, das 101 companhias apenas 1 era comandada por um capitão do Quadro Especial de Oficiais, e esse estava lá “por castigo”!
Reflexos dessa forma de administrar sabiamente “os riscos”, colhem-se, ainda hoje, quando se analisam as listagens de sócios da Associação dos Deficientes das Forças Armadas: o padrão médio indica-nos que cerca de 92% eram militares do Serviço Militar Obrigatório.
A gestão do pessoal afecto à guerra, feita pelas chefias militares, em seu benefício e salvaguarda, foi possível, sem escrutínio do poder político, porque o regime não permitia que, sequer, se questionasse a sua existência, nem mesmo na campanha eleitoral da “primavera marcelista”. O Ministro do Ultramar, Silva Cunha, era muito claro quanto a isso, dizendo que “o Governo não ia dizer (...) às Forças Armadas como combater” porque “a questão militar estava à parte do Governo, e a responsabilidade cabia ao Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas”.
Ao considerar a “Guerra do Ultramar” como desígnio patriótico, inevitável e inegociável, porque culpa do “outro” e dos ventos da história, a ditadura remetia, implicitamente o seu êxito ou inêxito para a esfera militar, tanto mais que garantia na Metrópole, na retaguarda, as condições ideais para o êxito das nossas tropas, ao não permitir que a opinião pública a contestasse, a condenasse. Tal situação até dispensou, em última análise, o poder político de apetrechar as frentes com condições logísticas e de material de combate capazes de potenciar as hipóteses de êxito militar.
Até ao fim da Guerra, uma vara ou uma cana de bambu a que se atava uma ponteira de aço afiada, era o nosso detector de minas – o que explica o número “indecoroso” de amputados e de cegos que a guerra produziu.
Por isso, às vezes, ainda acordo a meio da noite, quando não devia, no estertor de um pesadelo.
Manuel Joaquim Calhau Branco
Licenciado e Mestre em História
Ex-Alferes Miliciano; deficiente das Forças Armadas.
Textos, fotos e legendas: © Manuel Rebocho (2010). Direitos reservados
(continua)

2. Nota de Luís Graça, editor principal do blogue:

De férias, esperando um Agosto calmo como as águas da enseada da minha Praia do Paimogo ou suave como a brisa que sopra no planalto das Cesaredas, nos pedrogosos caminhos calcorreados por Pedro e Inês entre Moledo e Serra d'El-Rei, protagonistas da mais trágica paixão de amor da nossa história,  sou surprendido com o início de uma mais uma polémica bloguística, em que dois antigos camaradas da Guiné (o Manuel Rebocho e o Morais da Silva) já estão a ser utilizados, de novo,  como armas de arremesso em guerras que não são as do nosso blogue e para eventuais ajustes de contas que não são da nossa conta.

Comecemos por esclarecer a decisão do editor de serviço, Eduardo Magalhães Ribeiro (EMR), ao publicar este poste. Diz ele que que o nosso camarada Manuel Rebocho, membro de longa data da nossa Tabanca Grande, "cedeu ao nosso blogue a publicação do seu livro 'Elites Militares e a Guerra de África', o que muito agradecemnos em nome dos editores e demais camaradas"... E logo a seguir escreve: "A publicação iniciar-se-á, no presente poste, com o currículo pessoal, os agradecimentos, a constituição do livro, nota do autor e prefácio" (...).

Acontece que eu não tenho conhecimento da mensagem do Manuel Rebocho (que pode ter sido enviada por mail apenas para a caixa do correio do EMR) e, portanto, não posso avaliar os termos e as comdições em que ele autoriza a (re)publicação do seu livro... Como eu sou, legalmente, o responsável do blogue, e esta alegada cedência de direitos de autor tem implicações legais, tenho que esclarecer algumas questões prévias: a) o detentor dos direitos de publicação não é (ou não é apenas) o Manuel Godinho Rebocho: b) o livro foi publicado pela Editora Roma, que tem direitos legais sobre a obra; c) sem uma autorização expressa, por escrito, da Editora Roma, não podemos reproduzir, no nosso blogue, a obra que, de resto,  tem mais de 500 páginas (com anexos).

Por outro lado, por muita estima que eu tenha pelo camarada Manuel Rebocho (e meu confrade da academia) (como tenho por todos os membros deste blogue, meus camaradas da Guiné), não posso compromerter-me a publicar a obra na "íntegra"... Não faz sentido, por várias razões: a) o nosso blogue publica, de preferência, inéditos (o que não é o caso); b) o livro é um trabalho académico, resulta de uma tese de doutoramento em sociologia, a parte teórico-metodológica (Cap I, pp. 45-85) só pode interessar uma público mais restrito; c) Apenas o Cap III (A guerra de África e o desempenho das elites militares, pp. 220-375) tem mais directamente a ver com o 'core business' do nosso blogue; d) Tal não quer dizer que o Cap II (A formação base das elites militares, pp. 87-213) não seja importante para o debate oficiais QP/Milicianos; e) Quanto ao Cap IV (As elites militares no pós-marcelismo, pp. 375-440), é matéria que extravasa, em muito, o âmbito do nosso blogue; f) Por fim, e não menos, importante a publicação integral do livro "Elites Militares e a Guerra de África"  teria um efeito de "Caixa de Pandora": de futuro, ficaríamos comprometidos a reproduzir, no blogue, todos os livros de todos os nossos camaradas, escritores, o que não me parece razoável e, sobretudo, significaria a morte (já tantas vezes anunciada...) do nosso blogue que deve ser de todos e para todos...

O livro do nosso camarada Manuel Rebocho pode e deve merecer um lugar de destaque na literatura da guerra colonial, no domínio das obras de ensaio, de investigação académica ou outra.  Como aliás, já teve, na devida altura, na sessão de lançamento do livro. Eu próprio me comprometi a fazer uma recensão crítica do livro, prometida para as leituras de férias... Terei então a oportunidade, agora em Agosto,.  de usar excertos, mais extensos, da obra, em nosso poder, em suporte digital... A publicação, não das 500 páginas, mas de algumas das partes mais significativas da obra, terá que ser negociada e acordada  por mim, com o autor (e com o EDITOR!!!, uma vez que não se trata de uma edição de autor).

Falei com o EMR, também a caminho de férias, na Nazaré ("onde vai pôr ao sol o bacalhau"), procurando esclarecer alguns destes pontos... Ele próprio já me tinha tentado contactar, em vão, para me dar conta desta oferta, generosa, do nosso camarada,  e da sua iniciativa (dele, EMR), algo prematura, de "iniciar a publicação de uma obra", correndo (sem se dar conta) do risco de clara violação da lei sobre proprieddae intelectual. Fê-lo, como sempre, com a melhor das intenções de assegurar o pluralismo do blogue e de colmatar alguma falta de materiais nesta altura do ano...

Com votos de boa continuação de férias para os nossos leitores, colaboradores e editores. Cuidado com o stresse térmico! Luís Graça (Lourinhã, 1 de Agosto de 2010, 16h30).

Adenda (2 de Agosto de 2010, 17h):

O EMR acabou de telefonar da Nazaré (onde fazer 15 dias de férias) a explicar as circunstâncias em que se encontrou, em Évora, almoçou com ele e ele teve a gentileza de lhe oferecer um CD com o conteúdo do livro... Não terá posto quaisquer exigências ou pedido contrapartidas (, publicitárias ou outras): "Aqui tens o livro em suporte digital, utiliza-o como quiseres, no blogue"... O EMR agiu, de motu proprio, com a melhor das intenções, mas esquecendo que um livro  é um "produto comercial" e que o autor, quando edita um livro através de uma editora comercial (ou pulica um simples artigo numa publicação periódica, jornal ou revista) , "vende ou cede os seus direitos de autor"...

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Notas de M.R.:
Vd. postes relacionados desta série em:

A investigação desenvolvida e necessária para redigir a presente obra nunca seria possível sem que um elevado número de pessoas e instituições me tivessem concedido o seu apoio. Os dados estão dispersos, uns disponíveis em suporte de papel, outros constando apenas da memória de quem os viveu, deles ainda se recorda e se disponibilizou para os relatar. A todas estas pessoas e instituições, sem qualquer excepção, expresso o meu mais profundo agradecimento.

domingo, 26 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4742: Tabanca Grande (165): António Dâmaso, CCP 123/BCP 12, 1969/71

1. Primeira mensagem de António Dâmaso com data de 15 de Junho de 2009:

Caro camarada Luís Graça.

Apresenta-se o periquito António Dâmaso, de Odemira, pedindo a inscrição no almoço do dia 20 em Ortigosa só para mim.

Informo que fui pára-quedista, e era na altura o comandante do grupo de combate a que pertenciam os três páras que ficaram sepultados em Guidage e que vieram no ano passado.

Oportunamente darei a minha versão sobre esses acontecimentos.

Junto envio as duas fotos exigidas.

Um abraço do camarada
Dâmaso



2. Em 30 de Junho foi enviada mensagem ao nosso novo camarada:

Caro António Dâmaso:

Enquanto não te apresentas formalmente à Tertúlia, diz-me por favor o teu antigo posto nos Páras, Companhia e datas de chegada e saída da Guiné.

Se quiseres manda já um pequeno resumo da tua actividade na Guiné e apresento-te definitivamente.

Depois podes ir mandando coisas que aches importantes para o Blogue. Fotografias legendadas, textos, etc.

Convivi um pouco com os Pára-quedistas durante a sua permanência em Mansabá, por volta de 1970/71 e tenho de vós as melhores impressões.

Fico a aguardar as tuas notícias.
Até lá, recebe um abraço
Vinhal


3. Mensagem de António Dâmaso, com data de 20 de Julho de 2009:

Caro camarada Luís Graça e Co-Editores:

Aqui vai o relato da minha segunda comissão na Guiné.

Bissalanca, 1969

Em 20 de Julho de 1969 estava em Bafatá

Hoje o meu pensamento vai para o soldado desconhecido, digo eu, refiro-me àquele militar, com ou sem patente, que estava lá, contribuía com o seu esforço para o conjunto, como formiga obreira, mas que, por não ter cunhas, não ser engraçado nem engraxador, via as benesses passar-lhe ao lado, não havia prémios do Governador da Província, nem promoções a cabo, nem férias, em resumo nada de nada, no entanto lá ia procurando manter-se vivo, com a agravante de passar uma comissão a viver em buracos sem as mínimas condições.

As minhas palavras valem o que valem, sabemos que dois observadores colocados no mesmo ponto, cada um tem a sua visão dos acontecimentos e depois na narração, cada qual compõe o ramalhete à sua maneira.

Por outro lado, a sensibilidade para suportar a dor e outras situações traumáticas, varia de indivíduo para indivíduo, daí que apareçam alguns armados em valentes, que dizem que não foram stressados, apanhados pelo clima e até marados, mas pior ainda, são os que foram tudo isto e não são capazes de o admitir.


Vou falar da minha segunda comissão na Guiné e dos motivos que me levaram a ir para lá segunda vez:

Quando regressei da primeira comissão, depois das férias, apanhei a escala de serviço, com cinco fins-de-semana seguidos com começo à sexta ao render da parada e fim na segunda à mesma hora.

Depois foi uma instrução de Combate, seguidamente uma recruta, com três instruções nocturnas por semana que me impediam de ir a casa embora só morasse a cerca de 10 Km, depois foi a informação de que estava à bica para ser nomeado para Moçambique, isto levou a que me oferecesse novamente para a Guiné, por já conhecer e estar convencido de serem só 18 meses.

Cheguei à Guiné, ao BCP 12, em 20 de Março de 19699, ia a contar ir para uma companhia operacional, mas devido à minha especialidade, mecânico desempanador auto, fui aumentado ao efectivo da CMI, (Companhia de Material e Infra-estruturas) passando a desempenhar as funções de chefe de movimento no pelotão de transportes auto.

Como não ia para o mato, mandei ir a família, estava tudo a correr bem, até que um dia escalei umas viaturas para irem transportar uma companhia que regressava do mato, os militares saíram da viatura e de imediato colocaram-se uns à frente e outros atrás e procederam à acção de desarmar, o material de guerra, o condutor buzinou para que o deixassem passar.

Veio de lá o tenente, comandante do pelotão, sacou o condutor do lugar e deu-lhe uma valente sova a que eu assisti.

O militar que estava debaixo das minhas ordens directas, chegou junto de mim a chorar de raiva, como não gosto de abusos desta natureza, disse-lhe que lhe assistia o direito de queixa, mas que tinha de dar conhecimento ao superior.

Redigi-lhe a queixa e lá foi ele dar conhecimento ao tenente que se ia queixar, este deu a volta ao rapaz, que não apresentou queixa nenhuma e eu, passados três ou quatro dias sem que ninguém me tivesse dito nada, fui transferido para a CCP 122 e com a G3 nas unhas e mochila às costas colocado no pelotão do citado senhor oficial isto a 29 de Maio de 1969.

Em 30 marchei para Mansabá onde estava a Companhia, sem que eu o soubesse, começou aqui uma perseguição que me deu cabo da vida militar para sempre com graves reflexos para a vida privada e familiar, só vim a saber em 1975, pelo facto do mesmo se ter gabado do feito, com alguns ouvintes que depois me deram conhecimento, até aí foi-me acontecendo de tudo, sem eu saber de onde vinha o mal.

A missão da Companhia na altura era fazer segurança à estrada que estava a ser construída entre Mansabá e Farim, dar protecção às colunas auto efectuadas entre Mansabá-Mansoa e vice-versa, para descansar íamos fazendo uns Heli-assaltos.

Foi assim que tomei parte na Operação Orféu, juntamente com a 15ª Companhia de Comandos, na zona de Bula no dia 13 de Junho de 1969, onde se fizeram alguns mortos, prisioneiros e se apanhou muito material de guerra, nesta operação fui colocado na segunda vaga, no outro extremo da mata, tendo como missão a limpeza e destruição.

No dia 20 de Junho de 1969 tomei parte na operação Nestor também na zona de Bula, Choquemone, mais uma vez na 2.ª vaga, destruição e limpeza, mais prisioneiros, mais material, vi coisas que me chocaram entre elas, o cavalheiro Tenente estar a dar um tratamento a um prisioneiro, tendo este as mãos atadas atrás das costas, pelos vistos, gostava de malhar nos mais fracos.


Rumo à CCP 123, com escala em Teixeira Pinto

No início de Julho fui com a CCP 122 para Teixeira Pinto, via auto e os cicerones lá iam informando o periquito que era eu, dos locais onde tinham havido emboscadas às nossas tropas, confesso que aquela mata metia respeito.

Depois de três dias em Teixeira Pinto, a caçar umas perdizes junto à pista, pombos verdes nas mangueiras, apanhar algum marisco, estava a ambientar-me, até que, no dia de Julho de 1969, enfiaram-me numa DO 27 rumo a Bissalanca.

Chegado ao BCP 12, estava lá uma CCP(-) que passaram a chamar de CCP 123. Esta Companhia tinha sido formada em Tancos com destino a Angola, mas à última hora, foi parar à Guiné como reforço, alguns dos graduados intervenientes não gostam do nome CCP 123 e preferem chamar-lhe grupo expedicionário, mas nos relatórios de operações consta CCP 123.

Recebi ordens para integrar a mesma, o Comandante já o conhecia da primeira comissão, tinha lá estado como Alferes, alguns dos Sargentos também lá tinham estado, até aí tudo bem.

De armas e bagagens, embarcámos no Cais de Bissau numa LDM, ou LDG, não me lembro qual delas, lá navegámos Geba acima até Bambadinca, passámos por um estreito em que o rio era como que feito por medida para a Lancha passar, se não estou em erro, chegados a Bambadinca, viaturas até Bafatá e ficámos aboletados no Esquadrão de Cavalaria FOX.

No dia 11 de Julho de 1969 embarcámos nas viaturas com destino a Galomaro e aí tomámos os helis para a operação Sátiro que durou dois dias na zona de Padada-Jábia, além da CCP 123, participou a CCAÇ 5. No dia 12, fomos recuperados de Heli para um Acampamento e deste para Nova Lamego, de onde seguimos via auto para Bafatá.

Quando estávamos a chegar vimos os Helis a aterrar pela ordem de aproximação e o Heli-canhão a dar mais uma volta tendo tocado com a ponta da Hélice numa das antenas rádio, enrolou vindo a despenhar-se no solo. Como se incendiou, as munições do canhão começaram a rebentar em todas as direcções sem que nada se pudesse fazer para os tirar daquele inferno de chamas. Aquela cena lancinante, causou-nos a todos grande consternação e pesar, ali ficaram mais duas vidas a do piloto e do apontador do canhão.

Bafatá, 1969

Nos dias 17 a 19JUL69, outra vez na zona de Padada concretizámos a operação Marduque , desta vez só com a CCP 123.

De 24 a 30 de Julho de 1969, operação Atena, zona de Duas Fontes e Padada, com a participação de 3 GComb da CCP 123, 1 GComb da CCP 121 e a CCAÇ 2446.

Depois apareceu a minha grande dor de cabeça, que era a Guerra de quadrícula, sempre tive o entendimento de que as tropas especiais, eram para intervenções rápidas, ou não, também para servirem de reserva, mas pelos vistos, a situação não estava para brincadeiras.

Comecei a operação Nereu 1.ª fase que foi de 31 de Julho a 31 de Agosto de 1969 nas zonas de Madina do Boé, Dulombi, Bilonco e Madina Xaquili. Actuaram connosco, além da CCP 123, a CCAÇ 2405 e CCAÇ 2446.

Lembro-me que numa das operações de dois dias, tivemos de atravessar o mesmo rio, quatro vezes seguidas, para não andarmos mais quilómetros a contorná-lo. Chegámos a Galomaro já depois do meio-dia, mas tínhamos à nossa espera uns franguinhos de churrasco. A fome era tanta, que nunca mais comi frangos que me soubessem tão bem.

No decorrer deste período, ou não, julgo que a 24 de Julho de 1969, não posso precisar a data, um dia à tarde chegámos a Dulombi, na altura era uma tabanca com algumas palhotas com abrigos, valas e arame farpado à volta, com uma espécie de portão de entrada na estrada de Galomaro a poente, e a sul outro portão que dava para a mata, íamos passar lá a noite, e de futuro serviria de acampamento base.

Sempre tive um acordar estremunhado quando estava no primeiro sono, mas naquela noite, quando estava no primeiro sono, fui acordado com um festival de fogo-de–artifício, rebentamentos por todo o lado, balas tracejantes cruzavam o céu, o meu acordar foi igual a outros, mas notei que o meu maxilar inferior, teimosamente batia ritmadamente no maxilar superior, durou alguns segundos até me aperceber do que se estava passar, rapidamente cerrei o os dentes e analisei a situação e vi que o ataque não era do nosso lado, mandei cessar o fogo que estava a ser efectuado para o lado do portão sul.

A minha secção estava na parte sul, onde existia o tal portão. As balas tracejantes passavam por cima de nós, apesar de muitos rebentamentos à nossa volta, ninguém foi atingido. Liguei o rádio, chamei, como não obtive resposta, desliguei. Quando estava a preparar-me para dormir novamente, apareceu-me um camarada a saber se estava tudo bem, escandalizado por eu não ter mantido o rádio ligado. Nessa altura fiquei a saber que o ataque foi efectuado do arame farpado, à esquerda da entrada e que havia a lamentar uma baixa da CCAÇ 2446, que foi recuperada no dia seguinte por elementos do ESQ FOX. Começara aqui o meu baptismo de fogo em ataques nocturnos.

Também estivemos em Bivaque, em tendas de campanha junto do aquartelamento de Galomaro, depois iniciou-se a operação Nereu 2.ª fase de 1 de Setembro a 11 de Outubro de 1969, novamente em conjunto com as duas companhias já citadas e nas zonas de Duas Fontes, Cansissé, Contabane e Padada.

Durante a minha permanência no Gabu, fui duas vezes a Bissau à boleia, uma vez de Heli e outra de Cessna (?) dos TAGCV, para tentar resolver problemas de saúde familiar, regressei ambas as vezes em DC 3 Dakota, com o nosso saudoso camarada Fur Vitorino, meu vizinho na altura. Depois da guerra veio a ser vítima de acidente aéreo na Ilha Terceira com um aviocar.

Problemas familiares e transferência para a CCP 121

A minha mulher contraiu malária e teve de ser internada no Hospital Civil em Bissau. Depois de curada ficou com os nervos em franja, enfrascava-se em comprimidos e tinham de ser as vizinhas a tomar conta da minha filha de 18 meses, situação que me levou a requerer a passagem ao SG da FAP, tendo a mesma sido indeferida posteriormente.

Findos os três meses, os oficiais e sargentos seguiram rumo a Angola e as praças foram integradas nas Companhias existentes no BCP 12, eu fui transferido para a CMI.

Coincidência ou não, baixei a guarda e como resultado, em 14 de Abril fui punido com 5 dias de prisão e em vez de iniciar o cumprimento da pena, fui de imediato transferido para a CCP 121 de que o citado oficial era comandante.

No dia 16 fui a caminho do Guileje que já na altura estava a ferro e fogo, não havia nada para comer a não ser feijão com chouriço, eu andava de diarreia, nem os ataques com morteiros 120 me tiravam das latrinas, quando saía para o mato levava o tempo de calças na mão.

A fome era de tal ordem que os cães na tabanca começaram a desaparecer. Uma hiena que caiu numa armadilha foi comida e até os abutres, diziam os rapazes, que de vinho e alhos eram um pitéu. Quem lá esteve nesta data sabe que isto não é invenção.

Neste período tomei parte nas seguintes operações:

Operação Lobo Verde de 20 a 30 de Abril de 1970 na zona de Guileje e Gadamael Porto. Também tomaram parte a CCAÇ 2617 e CART (?

Operação Lacrau Verde, 29 de Abril de 1970, no Corredor do Guileje, juntamente com uma equipa de sapadores do BART 2866. Nesta operação fomos ao local onde o IN tinha ido com uma viatura carregada de granadas que despejou sobre o aquartelamento, seguidamente fomos ao Corredor colocar minas anti-carro.

Operação Leão Verde , 30 de Abril de 1970, no Cantanhês, fomos até Gadamael Porto de viaturas e depois de Heli-assalto, não houve contacto, destruímos acampamentos.

Muito tempo depois, vim a saber que aquela minha ida repentina para o Guileje tinha sido um teste, porque a vontade de alguém era correr comigo para o Exército, destino que muitos camaradas tiveram.

Recordo que no decorrer da operação de 11 e 12 de Julho, no local do heli-assalto, estava um burro que os guerrilheiros deixaram ficar, foi o único burro de 4 patas que vi em toda a Guiné.

No dia 12, fomos heli-trasportados para um acampamento do Exército, onde circulava o boato que um alferes tinha sido evacuado por ter sofrido de doença súbita de Priapismo. Trata-se nada mais, nada menos de uma erecção dolorosa e prolongada por mais de seis horas.

Depois disto gostava que alguém desse notícias do Senhor Viagra.

Não inventei datas, as mesmas constam dos relatórios de operações, embora a CCP 123 tivesse actuado isolada as outras forças estavam no terreno.

Saliento que fui muito bem recebido pelos camaradas do Exército, que estavam em Galomaro e do ESQ FOX de Bafatá.

Saudações para todos os camaradas

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da direita para a esquerda: O António Graça de Abreu (CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), mais dois camaradas da FAP: o António Martins de Matos, ex-Ten Pilav (BA 12, Bissalanca, 1972/74), e o António Dâmaso, ex-páraquedista (BCAP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74).

António Dâmaso do prestigiado Batalhão de Caçadores Pára-quedistas, BCP 12 participou no IV Encontro da Tertúlia.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4735: Tabanca Grande (164): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519, Buba, Mampatá e Aldeia Formosa, 1969/71

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4731: Meu pai, meu velho, meu camarada (11): Mensagem do filho do Cap-Pára João Costa Cordeiro (Pedro Miguel Pereira Cordeiro)


1. O filho do nosso camarada Capitão Pára João Costa Cordeiro, falecido na Guiné, Pedro Miguel Pereira Cordeiro, deixou a seguinte mensagem no poste P4694, sob a forma de comentário:


Caros Senhores,

Agradeço os vossos testemunhos, garanto que, algures num futuro próximo, também acrescentarei (se o moderador aprovar) algumas fotos e documentos relativos à comissão de meu Pai na Guiné.

Ao Doutor Rebocho,

Se não me engano, nalguma foto aparece o (então Sarg.) Doutor Rebocho, lembro-me vagamente de ao ver fotos da Guiné com minha Mãe, esta referir um qq incidente com um Sargento que aparecia numa foto...

A António Santos,
Tenho bem presente a verdadeira paixão de meu Pai pelos saltos de pára-quedas, abundam, nos álbuns de família, imensos saltos, alguns em competições em França e na Rodésia, isto apesar das 2 comissões. Lembro-me, mesmo em miúdo na Guiné de, a seguir ao almoço, ele "cravar" os seus amigos pilotos para ir dar um salto.

Ao Cor. Matos Gomes,
Tenho algumas fotos dos tempos da Academia, incluindo mesmo algumas das competições de Atletismo e uma de um gesso ao tórax resultante duma queda na ginástica. Sei que a sua pronúncia Micaelense lhe valeu a alcunha "Duze", do que não sabia era desse envolvimento em reuniões.
Agradeço imenso o depoimento.

P.S.: Caro Luís Graça, gostaria apenas de lhe pedir para corrigir o marcador de "Cap Pára João Pedro Cordeiro", para "Cap Pára João Costa Cordeiro". É que o Pedro sou eu, não meu Pai que era Manuel de 2º nome...

Um forte abraço a todos,
Pedro Cordeiro
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Notas de M.R.:

(**) Vd. últimos postes desta série relacionados em:

sábado, 18 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4706: Meu pai, meu velho, meu camarada (10): Depoimento e fotos sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (Miguel Pessoa)


1. Mensagem de Miguel Pessoa (1), ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado, com data de 18 de Julho de 2009:


Caros amigos:

Estou de passagem por Lx tentando pôr em dia as mensagens da Net.

Um destes dias o Luís telefonou-me tentando obter alguns dados sobre o Cap. Cordeiro. Infelizmente pouco tenho.

Mesmo assim, envio-vos três fotos obtidas durante a minha evacuação (uma já foi publicada no blogue), bem

como este texto adaptado de alguns dados fornecidos pelo agora Gen Norberto Bernardes, seu companheiro na CCP123 em 1973 (como tenente, depois capitão).

Não tive a oportunidade de obter a sua autorização para serem publicados, pelo que convém que sejam usados com alguma parcimónia.

Um abraço fugaz (vou afastar-me novamente da Net, a partir de 2ªfeira...).

Miguel

Obs: Dados fornecidos pelo Gen. Norberto Bernardes, que entre 11 de Junho de 1972 e 17 de Fevereiro de 1974 prestou serviço na CCP123/BCP12.


A CCP123 como todas as Companhias tinha 4 pelotões a 30 homens (nas operações só eram empenhados 25 - um volante de 5 descansava em cada operação e fazia a guarda de equipamentos e munições de reserva quando estava aquartelada em quartéis do Exército).

Mas actuavam operacionalmente nesse período ou a nível pelotão (poucas vezes) e quase sempre a nível de bigrupo (2 pelotões). Operacionalmente o Comandante da Companhia actuava como comandante de um bigrupo.

O oficial mais antigo ou mais graduado de um dos pelotões da companhia era cumulativamente o comandante do outro bigrupo.

O Cap Cordeiro foi Comandante da CCP 123 entre 12 de Outubro de 1972 e 15 de Outubro de 1973. No entanto a partir de 8 de Agosto de 1973, o Cap. Bernardes assumiu interinamente o comando da CCP123 e formalmente em 15 de Outubro de 1973 até 18 de Fevereiro de 1974.

Um Comandante de Companhia tinha como responsabilidades a actividade administrativa (pouca, porque era centralizada no Comando do Batalhão e a FAP centralizava os vencimentos), a disciplina, a instrução e o moral e o bem-estar. Na área operacional era comandante de um bigrupo (2 pelotões).


Neste caso o Cap Cordeiro era o comandante do 1.º bigrupo e o Cap. Bernardes do 2. bigrupo. Que actuavam isolados.

Ambos estes oficiais estiveram envolvidos na recuperação do Ten. Miguel Pessoa no Guileje, em 26MAR73, o Cap. Cordeiro no grupo que fez o resgate, o então Ten. Bernardes no grupo que fez a defesa próxima.

O Cap. Cordeiro foi transferido da CCP123 para a CCP122 em 16 de Outubro de 1973, ali tendo permanecido até 3 de Janeiro de 1974.

Abraço,
Miguel Pessoa

Fotos: © Miguel Pessoa (2009). Direitos reservados
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Nota de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4705: Meu pai, meu velho, meu camarada (9): Testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (João Seabra)


1. Mensagem de João Seabra, ex-Alf Mil da CCAV 8350, Piratas de Guileje (Guileje, 1972/74), com data de 17 de Julho de 2009:

Caro Luís,

Se ainda vier a propósito, podes publicar o testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo e Sá (já falecido) e Comandante do BCP 12, sobre o Capitão João Cordeiro (RELOPS nº 16/73 "Dinossauro Preto", de que há pouco tempo obtive cópia no AHMS).






Tenho estado sem "ir ao blogue", porque tenho o trabalho atrasadíssimo e gostava de ter 10 dias de férias, a partir de 28 de Julho.


Se tiver tempo, ainda porei à tua consideração (e de mais uns quantos) uns esclarecimentos, acompanhados de pedido de conselho.


Abraço,
João Seabra

Imagem: © João Seabra (2009). Direitos reservados

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Notas de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em: