terça-feira, 7 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19759: Agenda cultural (681): Lançamento do livro "SOPHIA de Mello Breyner Andresen", de Isabel Nery: FNAC, Colombo, Lisboa, 9 de maio, 18h30 (A Esfera dos Livros)


 

Capa do "Livro Sexto", de Sophia (Lisboa, Morais, 1962)... Um dos mais belos livros da poesia portuguesa do séc. XX. Levei-o comigo, na minha bagagem, no "Niassa", em 24 de maio de 1969. Um dos meus livros de cabeceira em Contuboel (jun/jul 69) e em Bambadinca (jul 69 / mar 71). Ajudou-.me a manter a minha sanidade... mental no TO da Guiné. É, além disso, uma dos meus poetas preferidos, a par de Álvaro de Campos / Fernando Pessoa, Alexandre O'Neill e Ruy Belo. (LG)


Exílio

Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia 
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades

Sophia de Mello Breyner Andresen, 
"Livro Sexto" (1962)


1. Mensagem de Cláudia Silveira, da editora A Esfera dos Livros:

Data: segunda, 6/05/2019 à(s) 16:37
Assunto : SOPHIA de Mello Breyner Andresen, de Isabel Nery

Olá!

SOPHIA é sinónimo de figura maior da literatura portuguesa, de poesia luminosa e despojada, de contos infantis que continuam a marcar gerações, mas também de poeta que pendurou palavras na ponta das espingardas para chamar «velho abutre» ao ditador; que usou de pontaria certeira enquanto deputada na Assembleia Constituinte, onde lembrou que só haveria liberdade se houvesse justiça e que um país mais justo passava por um Portugal mais culto; que teve a coragem de dizer adeus às armas quando constatou que, depois do 25 de Abril, a poesia esteve na rua, mas rapidamente voltou para dentro de casa.

No ano em que se assinala o centenário do seu nascimento, a jornalista Isabel Nery percorre lugares e pessoas que fizeram parte da história de Sophia de Mello Breyner Andresen. Porque não é possível escrever a sua biografia sem visitar o Porto, a Grécia, Lagos, a Travessa das Mónicas na Graça, ou mesmo a pequena ilha de Föhr, no mar do Norte, de onde Jan Andresen, bisavô da poeta, era originário. Ou entrevistar quem com ela privou, o que resultou na recolha de 60 testemunhos: do pescador José Muchacho que levava Sophia a visitar as grutas em Lagos, ao amigo Manuel Alegre, até ao ensaísta Eduardo Lourenço, passando por companheiros das letras e da política, família, tradutores e investigadores. Porque não é possível escrever a sua biografia sem ler os relatórios dos interrogatórios a que foi sujeita na sede da PIDE, sem compreender o contexto histórico em que viveu ou as suas relações familiares.

A biografia que faltava sobre a primeira portuguesa a receber o Prémio Camões. A única mulher escritora com honras de Panteão Nacional, a quem muitos gostavam de ter visto atribuído o Prémio Nobel.

   

Isabel Nery é jornalista, ensaísta e investigadora em Jornalismo Literário, Isabel Nery é autora de várias obras de não-ficção, entre elas o livro de reportagem As Prisioneiras e o ensaio Chorei de Véspera, ambos adaptados para curtas-metragens pela realizadora Margarida Madeira. 

Com Sophia de Mello Breyner Andresen, estreia-se agora no género Biografia. A curiosidade pelo outro levou-a a estudar na Alemanha ainda adolescente, e mais tarde em Espanha e nos EUA. A mesma curiosidade levou-a até ao jornalismo, amor à primeira vista, depois da licenciatura em Relações Internacionais e do mestrado em Comunicação. 

Enquanto jornalista passou pela televisão, diários e semanários, tendo trabalhado quinze anos na revista VISÃO. Atualmente é também vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas. O trabalho de Isabel Nery foi já distinguido com vários prémios, entre eles o Prémio Mulher Reportagem Maria Lamas, o Prémio Jornalismo pela Tolerância, o Prémio Paridade Mulheres e Homens na Comunicação Social, e o Prémio Jornalismo e Integração, da UNESCO.


Cláudia Silveira | Comunicação | A Esfera dos Livros

esferadoslivros.pt

R. Professor Reinaldo dos Santos nº 42 R/C
1500-507 Lisboa
Tel. 21 340 40 64 | Tlm: 925 487 990
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______________

Nota do editor:

Último poste da série > 3  de maio de  2019 > Guiné 61/74 - P19741: Agenda cultural (680): "Memórias Boas da Minha Guerra", vol III, de José Ferreira. Lançamento do livro, dia 11 de maio, às 11 h, seguido de almoço, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar.

Guiné 61/74 - P19758: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (5): quem se lembra do fur mil op esp / ranger Eusébio, da CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872, Saltinho, 1972 /74 ?


Guiné > Região de Bafatá > Saltinho > 1972 > Parada do quartel > O Pel Caç Nat 53, comandado pelo alf mil Paulo Santiago, estava aqui em reforço da unidade de quadrícula - originalmente a CCAÇ 2406, 1968/70, que pertencia ao BCAÇ 2852, com sede em Bambadinca, depois a CCAÇ 2701 (1970/72) a que pertenceu o alf mil Martins Julião,  e a seguir a CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74), a companhia do cap mil Lourenço  e do alf mil Armandino, vítima da tragédia do Quirafo, em 17 de Abril de 1972. A CCAÇ 3490,por sua vez, foi rendida pela  3ª CCAÇ / BCAÇ 4518/72, em 7 de março de 1974.

Foto: © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. Quinze anos a blogar desde 23/4/2004!... Vamos a caminho de 20 mil postes, faltam duzentos e poucos para se lá chegar... Está, na atura, de revistar alguns dos nossos postes mais antigos... a pensar sobretudo nos nossos leitores mais recentes e nos "periquitos" da Tabanca Grande... 

Hoje lembrámo.nos de reproduzir aqui  de um dos primeiros postes, o post XLIII (43, em numeração romana), com data de 4 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLIII: Antologia (1): O que era ser periquito (*)...

Na altura o nosso editor LG escreveu, premonitoriamente, o seguinte:

"Há páginas na Net que correm o risco de desaparecer... Miseravelmente. Como aconteceu com as páginas no Portal Terrávista. O maior portal, em língua portuguesa, da segunda década de 1990.

"Algumas das páginas que encontramos na Net têm um maior ou menor interesse documental para a história da guerra colonial na África Portuguesa. Por exemplo, mostram, com maior ou menor propriedade, rigor e talento, o que era a vida de um tuga na Guiné. Por isso merecem ser objecto de antologia.

"Hoje seleciono aqui a página de um ranger, que esteve na Guiné entre 1971 e 1974. É um ranger convicto, endoutrinado, disciplinado, como mandava a puta da sapatilha. A guerra acabou, não serei eu seguramente a alimentar as idiotas rivalidades que levaram a troca de insultos e até a confrontos físicos, em Bissau, entre a tropa de elite (paras, comandos, fuzileiros, operações especiais) e o resto: a tropa-macaca (como a CCAÇ 12 ou a CCAÇ 3) ou os cassanhos (como a CART 1690, do Alferes Lopes)"


Bom, na altura (, em junho de 2005), essa página estava alojada num portal entretanto suspenso (Cidade Virtual). O seu endereço original era: http://sapo.telepac.pt/rangers/Guine/Guine1.htm

O sítio apresentava-se como a "página não-oficial" dos rangers, cuja associação (a Associação de Operações Especiais, criada em 1980, e com sede em Lamego) tinha um sítio próprio (,que, nesta data, 7 de maio de 2019, não está disponível, por estar "em manutenção": www.aoe.pt.

A página do ranger Eusébio passou, entretanto, a ficar alojada no portal Planeta Clix (http://rangers.planetaclix.pt//).  

Entre junho de 2005 e setembro de 2006, o nosso editor LG revisitou essa págima, mas "estranhamente, voltou há dias a eclipsar-se" (, ou seja, por volta de setembro de 2006)...  Daí o interesse em recuperar o seu conteúdo inicial (*),  até por que o Paulo Santiago, ex-comandante do Pel Caç Nat 53, que esteve no Saltinho entre 1972 e 1973, veio depois contestar alguns dos factos aqui descritos (**).

II. Mas vejamos o que nos contava o periquito e ranger Eusébio sobre a ida para (e estadia em) a Guiné, integrado, segundo tudo indica, na CCAÇ 3490 (Saltinho, 1972/74) (*):

1. Começa por escrever o nosso ranger:

"A viagem durou aproximadamente cinco dias a bordo do navio Niassa e decorreu sem incidentes, com chegada ao largo do porto de Bissau ao anoitecer do dia 24 de Dezembro de 1971.

"Ali aguardámos, fizemos a nossa ceia da noite de Natal e desembarcámos nas primeiras horas da manhã do dia 25 de Dezembro. A excitação do jantar, a ansiedade do desembarque, de conhecer aquela terra tantas vezes falada (com apreensão!), aquelas gentes, não deixou que alguém pregasse olho. Bebemos, conversámos, cantámos até ao amanhecer cinzento, tórrido. Cansados, desembarcámos quase em silêncio".


2. Do cais seguiram para o Cumeré:

"Uma vez desembarcados, fomos transportados para o aquartelamento do Cumeré  que dista da cidade de Bissau uns 40 km por estrada e 12 km em linha recta, e onde permanecemos cerca de vinte dias.

"Este período foi destinado à habituação física, ao contacto com os naturais e, principalmente, ao primeiro encontro com a operacionalidade 'versus' realidade da guerra. Daqui fomos transferidos para as localidades do interior do território (denominado mato).

"Pelo Rio Geba acima, em lanchas de desembarque da Marinha [LDG], fomos levados até ao Xime onde desembarcamos já ao fim da tarde".


3. E a viagem continua, pelas estradas da zona leste (Xime, Bambadinca, Galomaro, Saltinho):

"Ali, no Xime, esperava-nos um esquadrão de cavalaria [, de Bafatá,] com os blindados chaimite que nos iriam escoltar até á próxima paragem, Bambadinca.

"Já noite, pernoitámos e ganhámos forças para o dia seguinte que, segundo os velhos (aqueles que já lá estavam, na Guiné), seria bem mais difícil pois o risco de flagelação à distância ou emboscadas era muito grande, ou quase certo. Iríamos ter de atravessar o Rio Pulom onde fatidicamente algumas vidas já se tinham perdido. É um local de selva densa, temível.

"Dirigimo-nos então para Galomaro onde deixámos uma Companhia (CCS) e, de seguida, para o Saltinho, sempre acompanhados de perto pelos caças Fiat e bombardeiros T6 da Força Aérea. A tensão era muita, uma grande prova de nervos, mas, felizmente, não chegámos a ser presenteados pela hospitalidade do PAIGC.

"Chegámos finalmente ao local [, o Saltinho,] onde eu iria passar a maior parte do meu tempo de comissão"
 .

4. No Saltinho, houve a receção da praxe:

(...) "Fomos recebidos pelos velhos [,  a CCAÇ 2701 (1970/72)],  como periquitos, com muita alegria e carinho. Estavam ansiosos pelo regresso às suas casas, e nós quase sentíamos inveja disso. Finalmente foram e assim ficámos entregues a nós próprios num misto de orgulho e saudade.

"Começámos então o nosso trabalho concentrados num objectivo: havemos de fazer um grande ronco, estar cá para receber os nossos periquitos e regressar.

"Para isso passamos de imediato à acção que não se fez tardar, com algumas escaramuças com o PAIGC de Amílcar Cabral e de Nino Vieira.

"A vida ali não sofria grandes alterações para além das constantes incursões pelo mato, as operações de maior ou menor envergadura, as emboscadas, as flagelações nocturnas, os apoios a outras unidades em perigo, o bater à zona, a preparação no terreno de mais uma coluna de reabastecimento, o pedir apoio aéreo ou artilharia, o montar e desmontar de minas e armadilhas, fazer fornilhos, esticar arame farpado, abrir e restaurar abrigos, as noites sem dormir... os ataques de abelhas, os mosquitos e outros mais, o calor abrasador, a micose insustentável,... o whisky, a cerveja... e muita saudade!


5. Descreve o quartel nestes termos:

"O aquartelamento do Saltinho era formado por abrigos em betão, capazes de resistir ao temível foguetão 122 mm, de origem soviética, cuja granada ao explodir produz cerca de 15.000 fragmentos mortais.

"Situava-se junto á fronteira com a Guiné-Conacri, na margem do Rio Corubal e constituía a defesa da ponte sobre o mesmo rio. Na outra margem tínhamos um destacamento [, Contabane ?]. Mais para lá era terra de ninguém. Havia por perto, a Norte (a uns 30 km), uma das principais bases de ataque do PAIGC, a base de Kambera.


6. Prossegue o nosso ranger Eusébio:

"A Sul, sensivelmente à mesma distância, a não menos importante base de Kandiafara que muitos e graves problemas causou aos nossos camaradas de Guileje e Gadamael Porto. A Sul do Saltinho, contavamos com o apoio dos obuses da eficaz artilharia do aquartelamento da Aldeia Formosa [hoje, Quebo].

"Água não faltava todo o ano (embora imprópria para consumo), de um rio que variava bruscamente o seu caudal conforme a época, seca ou das chuvas.

"Entretanto formei o meu grupo (GE) de nativos, por mim instruído e preparado para a execução de qualquer operação, reconhecimento ou acção irregular.

"Era um grupo constituído por naturais da etnia Fula e Futa Fula, homogéneo, com excelentes capacidades de combate, resistência física e grande camaradagem.

"Passámos juntos por situações de muito perigo como, por exemplo, em operações para além da nossa fronteira onde se tornava difícil qualquer apoio que não fosse o aéreo (quando possível!). Tomamos parte em grandes operações um pouco por toda a região de Bafatá, Galomaro, Bambadinca e Aldeia Formosa.

"Estávamos equipados com o tipo de armamento utilizado pelos guerrilheiros do PAIGC, desde a HK-47 (Kalashnikov) até ao temível lança granadas foguete RPG-7. Não havia dúvidas de que estas armas de origem soviética eram mais eficazes, tendo em conta as características da guerra que se travava (guerrilha), as acções a levar a cabo no terreno, assim como pela facilidade de manejo. No entanto o objectivo da utilização deste equipamento prendia-se sobretudo com a intenção de confundir o inimigo e obter daí as vantagens do efeito surpresa.

"Lamento sinceramente não saber qual o foi destino destes homens após a independência da Guiné. Pressuponho apenas que não terá sido o mais feliz, desgraçadamente.


7. Por fim, chega o fim da comissão e o regresso a casa:

"Terminado o tempo que a própria conjuntura determinou para a minha comissão (teoricamente 18 meses mas na prática dois anos e 94 dias), regressei à Metrópole novamente embarcado no navio Niassa cuja tripulação, pelo carinho e atenção que nos dispensaram, merece todo o apreço.

"A reintegração para mim não foi difícil. Com traumas da guerra não fiquei, caso contrário não me teria servido para nada a forte acção psicológica a que fui submetido durante a instrução do meu curso de Operações Especiais. Lá, no CIOE, formam-se Rangers, de Firme Vontade e Indómito Valor". (***)



III. Em 22 de setembro de 2006, o nosso editor LG mandou  um e-mail ao ranger Eusébio [eusebio@iol.pt]  com pedido para esclarecer alguns factos da sua descrição, mas não se obteve resposta.

O e-mail não foi devolvido, o que sugeria que o endereço estava correcto e eventualmente activo. Eis o que eu lhe dizia:

Eusébio:

1. As minhas saudações, na qualidade de editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/

2. Antes de publicar o texto do ex-Alf Mil Paulo Santiago (que esteve consigo no Saltinho), gostaria de poder ouvir e publicar também a sua opinião ou ponto de vista. Escreva-me para este endereço de e-mail: lgraca@clix.pt [, que hoje já não existe]

Mantenhas.
Luís Graça


Ao fim destes anos todos (13 anos...) será que o Eusébio   ainda nos pode ler e esclarecer as nossas dúvidas ?  Se ele efetivamente pertenceu à CCAÇ 3490 (Saltinho, 19727/4), como tudo indica, é estranho não ter referido a tragédio do Quirafo,  com 11 mortos incluindo o alf mil op esp /ranger Armandino e um prisioneiro,  o António Batista da Silva, o "morto-vivo", levado pelo PAIGC para Conacri. Foram factos absolutamente cruciais da história do BCAÇ 3872 e da CCAÇ 3490 (*****).

Entretanto, será que alguém se lembra do fur mil op esp / ranger Eusébio da CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872 ? (******) 

Em cada companhia, havia um alferes ranger e um furriel ranger... A menos que se trate de um "nome de guerra" ou "pseudónimo", o Eusébio deve  constar da lista do pessoal da CCAÇ 3490... Ao fim destes anos todos, seria interessante ter notícias dele...


__________

Notas de L.G.


[...] 1 - O batalhão de Galomaro [BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74] não pernoitou em Bambadinca, onde eu me encontrava naquela data.

2 - Contrariamente ao afirmado na página do Ranger, não tinha morrido ninguém no rio Pulom. A picada do Pulom foi aberta, melhor dizendo, foi um alargamento do carreiro dos djilas, entre Chumael e imediações de Galomaro, onde fiz segurança com o [Pel Caç Nat] 53.  Para o Saltinho era uma via de abastecimento mais segura e mais utilizável, mesmo durante as chuvas, em comparação com a via Bambadinca-Mansambo-Xitole-Saltinho. Não havia problema com minas, visto os carros do Jamil  e do Rachid, circularem no itinerário na maior das calmas. Coube-me a mim e ao alf Mota da CART 2701 inaugurarmos a picada em abril de 71 com uma ida a Bafatá, óptimo para quem estava no mato desde outubro de 70. Desde a abertura até agosto de 72 não houve,felizmente, qualquer incidente no Pulom.

3 - Falando verdade havia, é um facto, um grupo no Saltinho preparado para acções irregulares. Eram oito militares do 53, não foram fuzilados, por estranho que pareça, escolhidos pelo Marcelino [da Mata]. É também verdade fazerem operações para lá da fronteira, juntamente com outros, vindos de Bissau, mas, sempre sem qualquer enquadramento de militares brancos. Este grupo acabou por ser desactivado, ainda no meu tempo, devido a interferências do [capitão[ Lourenço, pensando que o grupo estava às ordens dele. [...]

4 - Havia armamento do IN para aqueles oito elementos, que eu utilizei algumas vezes em operações regulares.O [ranger] designa a Kalasch por HK 47, podia ter ido aos livros ver que é AK47. [...]

5 - [O ranger] fala dos Roncos. Esquece que o Ronco foi do PAIGC em 17 de Abril de 1972, com a tragédia do Quirafo. Foi a emboscada ao anoitecer em Madina Buco, hei-de contar, foi o ataque a Sincha Mamadú.

6 - Acredito que o ranger seja da companhia do Lourenço [, a CCAÇ 3490], sabe coisas do Saltinho que batem certo. O alferes ranger era o Armandino [...[

7 - A cara do tipo não me diz nada. Há uma foto de um militar branco frente a uma formatura de negros que não deve ter sido tirada no Saltinho. Deverá ser um pelotão de milícias. O armamento da foto é NT, não é IN. [...]

(***) Tudo indica que o ranger Eusébio pertencia à unidade de quadrícula, sedeada no Saltinho, a CCAÇ 3490 (, pertencente ao BCAÇ 3872, com sede em Galomaro, 1972/74), pessoal que desembarcou justamente na véspera do Natal de 1971.

A CCAÇ 3490 iniciou em 24 de janeiro de 1972 o treino operacional e sobreposição com a CCAÇ 2701, assumindo a responsabilidade do subsector em 11 de março de 1972, deslocando um pelotão para guarnecer o destacamento de Cansamba, no subsector de Galomaro. Foi rendida pela 3ª Companhia do BCAÇ 4518/72, em 7 de Março de 1974. Restantes  subunidades de quadrícula do BCAÇ 3872: CCAÇ 3489 (Cancolim), CCAÇ 3491 (Dulombi).

A CCAÇ 3492 estava no Xitole; a CCAÇ 3494, no Xime e depois em Mansambo; e a CCAÇ 3493 ficou aquartelada em Mansamba (e mais tarde, foi para o Sul, para Cobumba). A CCS e o comando do batalhão estavam em Galomaro.

(****) Último poste da série > 30 de abril de  2019 > Guiné 61/74 - P19731: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (4): "Os Roncos de Farim: 1966-1972", uma nota de leitura da brochura compilada pelo Carlos Silva

(*****)  Vd. poste de 17 de abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1669: Efemérides (1): A tragédia do Quirafo, há 35 anos (Paulo Santiago / Vitor Junqueira / Luís Graça)

Guiné 61/74 - P19757: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Felizmente, estou vivo; infelizmente, não poderei ir a Monte Real, no dia 25... De qualquer modo, aqui deixo as minhas saudações a todos os participantes (Antero Lopes, Alcides Silva, Anselmo Reis, António Duarte, António Murta, António Ramalho, António Santos, Carlos Baptista, Durval Faria, Eduardo Santos)


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > A família António Santos: António Santos, Graciela, Sandra, Catarina e Raquel (Caneças / Odivelas)... Só falta, na foto, o Rui, que é o genro, mas que também veio.


Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Duas famílias com direito a mesa reservada: o António Santos (à esquerda, 6 pessoas) (Caneças / Odivelas) e o António Osório (à direita, 3 pessoas) (Vila Nova de Gaia)..  Este ano o António Santos não ve, (tem nesse dia em Paredes o encontro do seu Pelotão de Morteiro 4574/72, e o Antóni Osório ainda não se inscreveu...

Fotos: © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís GRaça & Camaradas da Guiné]


Foram enviados convites aos amigos e camaradas da Guiné que constam da nossa base de dados.  Pedíamos também que fizessem "prova da vida"... 

Publicamos hoje as dez primeiras respostas daqueles que infelizmente não poderão estar connosco, por esta ou aquela razão, em Monte Real, no dia 25. 

Cerca de 3 dezenas de camaradas e amigos já nos disseram, pessoalmente ou por escrito, que não podiam vir este ano.  Alguns têm, no mesmo dia, o convívio anual da sua unidade ou subunidade.  É o caso, por exemplo,  do pessoal de Bambadinca de 1968/71, incluindo os meus camaradas da CCAÇ 12 (que vão estar no Porto, comemorando os 50 anos da nossa partida para o "degredo", em 24 de maio de 1969).

A todos os que tiveram a gentileza de nos responder, o nosso obrigado. E esperemos que haja ainda oportunidade, motivação, saúde e coragem para fazer mais algum(uns) encontro(s). 



1. Antero Lopes, quinta, 2/05/2019, 00h17

Caro Luís Graça,

Obrigado pela mensagem e parabéns pela excelente iniciativa. Farei o possível para ir, se me conseguir libertar das tarefas que tenho na ONU... em Bissau.

Forte abraço,

Antero Lopes
(WhatsApp +245...)

2. Alcides Silva, 2 de maio de 2019, 10h54

[membro da nossa Tabanca Grande desde 15/5/2010; foi 1.º cabo estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69]

Bom dia,  Amigo Luís Graça, recebi o convite, mas informo que não estarei presente, as viagens distantes para mim chegaram ao fim, não aguento as viagens por problemas de coluna e provoca uma dor nas pernas que não aguento, mas também nesse dia, 25 de Maio de 2019, é o aniversário do Batalhão, que vai ser celebrado em Vila Nova de Gaia, no Quartel de Artilharia por onde fomos mobilizados, que também não vou lá estar, os problemas de saúde já são alguns, tenho os rins a trabalhar a 42%, de forma que tenho de evitar muita coisa para ir levando a vida com calma enquanto não chegar a hora da ultima viagem.

Obrigado pelo convite, um abraço, Alcides.

3. António Santos, 2 de maio de 2019, 17h03:

[ex-sol trms, Pelotão de Morteiros 4574/72, Nova Lamego, 1972/74; o último encontro que veio, com a família em peso, foi o de 2016]

Caro camarada Luís

Eu, e os meus, estamos bem de saúde.  Não tenho ido ao almoço da Tabanca, porque o do meu pelotão tem coincidido na mesma data, e, como deves calcular, primeiro avanço para o meu pelotão (quase 2 esquadras).

Portanto no dia 25 de maio, passo perto, pela A-8, mas direito a Paredes. Entretanto estou a contar de ir ao próximo almoço da [Tabanca da] Linha. (...)

Um alfa bravo do António Santos

Noprodigital, Lda.
Tel.: +351 219 809 880
Fax: +351 219 809 889
www.noprodigital.pt



[Anselmo Garvoa (ex-Fur Mil, CCAÇ 2315 / BCAÇ 2835, Mansoa, de Janeiro de 1968 até ser ferido em combate em 30/9/1968, e evacuado para o HMP; entrou para a Tabanca Grande em 22/12/2010]

Estou vivo, gostaria de poder ir mas não posso,
5. António Murta  quinta, 2/05/2019, 22:42

[ex-alf mil linf, MA, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74; tem mais de 75 referências no nosso blogue; vive em Buarcos, Figueira da Foz, nunca veio a nenhum dos nossos encontros]

Amigo e camarada Luís Graça. Estou vivo, sim, mas não vou a Monte Real. Grande abraço do António Murta

6. António Duarte, 3 de maio de 2019, 06h10

[ex-fur mil da CART 3493,  a Companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; foi transferido para a CCAC 12 (em novembro de 1972, e onde esteve em rendição individual até março de 1974); economista, bancário reformado, formador, com larga experiência em Angola; tem meia centena de referências no nosso blogue]
Infelizmente este ano não vamos, pois até Setembro estarei em Macau, associado a um projeto num banco.

Desejo que tudo corra muito bem e que sejamos todos felizes

Abraço, António Duarte (Cart 3493 e Ccaç 12)

7. Carlos Baptista, 3 de maio de 2019, 22h46

[ Carlos Manuel Baptista Nunes, Marinheiro Fuzileiro Especial do DFE 8, Ganturé (Begene), Cacheu e Gampará, 1971/73; entrou para a Tabanca Grande em 11/7/2015]

Gostaria de poder ir,  mas, atendendo a que se trata de um convívio - e não, de um casamento - penso (salvo melhor opinião) que as [35]  morteiradas bem que podiam ser de 60 ou 80 mm, em vez de 120 mm.

Aquele abraço, Carlos Baptista

8. António Ramalho, 4 de maiode 2019, 09h37

[ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), natural da Vila de Fernando, Elvas, membro da Tabanca Grande, com o nº 757: tem cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue]



Caro Luís Graça, bom dia!

Ainda não será este ano que irei conviver convosco e conhecer-te pessoalmente.

Sou voluntário do BACF de Lisboa  [, Banco Alimentar contra a Fome,] e é nesse fim de semana precisamente que fazemos a recolha bianual de bens alimentares para aqueles que mais necessitam, junto das grandes superfícies comerciais.

Tenho uma vasta zona fora de Lisboa que não me permite "desenfiar-me" ao compromisso assumido.
Vou-me contentando com os Almoços em Algés [ Tabanca da Linha,] que não têm essa dimensão!

Mais uma vez te elogio pelo blogue que criaste pois todos os temas nele inseridos são de uma qualidade extraordinária, contam-me situações que eu desconhecia e avivam-me a memória de outras!

Desejo-vos um excelente convívio, irei contentar-me em ver a reportagem fotográfica.
Um forte abraço para ti extensivo a todos os que comparecerem.

António Fernando Rouqueiro Ramalho (membro da Tabanca Grande nº 757)

9. Durval [Carlos Simas] Faria, 4 de maio de 2019, 13h33

[ O nosso camarada açoriano,  de Lagoa, São MIguel, ex-fur mil Durval Faria, um dos primeiros de nós, a partir para a Guiné, logo em 1962... Pertenceu à CCAÇ 274 / BCAÇ 356 (1962/64)... O Durval Faria chama-lhe Companhia de Caçadores Especiais nº 274, constituída por militares das lhas de São Miguel e Santa Maria]
Infelizmente não posso estar presente. Grande abraço. Durval Faria
10. Eduardo Santos, 4 de maio de 2019, 12h18

[ex-1.º Cabo Cripto, CCS/BCAV 1915 (Nova Lamego e Bula, 1967/69)]

Boa tarde, amigos. Quanto ao encontro de Monte Real, agradeço o contacto, mas infelizmente não poderei estar presente. Faço votos que surja nova oportunidade. Tudo de bom para todos, excelente convívio, obrigado.
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Nota do editor:

Último poste da série > 6  de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19753: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Nós vamos a Monte Real, sábado, dia 25 de maio, e já nos inscrevemos antecipadamente... (Ernestino Caniço / Tomar, José Barros Rocha / Penafiel, José Manuel Cancela e Carminda / Penafiel, Manuel Resende / Cascais, Manuel Gonçalves e Tucha / Cascais, Manuel Reis / Aveiro)

Guiné 61/74 - P19756: Blogues da nossa blogosfera (110): O livro "Imagens e Quadras Soltas", de JERO e Manuel Maia, no Blogue da Tabanca do Centro (José Eduardo Reis Oliveira)



1. Mensagem do nosso camarada José Eduardo Reis Oliveira (JERO) (ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66), com data de 3 de Maio de 2019:

Caro Carlos Vinhal 
Votos que estejas bem e que o trabalho não te falte... 
Como se aproxima a data do n/Encontro Anual em Monte Real, venho pedir-te que publiques no nosso blogue um pequeno apontamento sobre um novo livro que dei à estampa em passado recente. 

Solicito a devida autorização para vender o livro a potenciais interessados no final do almoço. 

Abraço e seguem alguns elementos sobre o dito livro "IMAGENS e QUADRAS SOLTAS", que já foi divulgado há pouco tempo no blogue da Tabanca do Centro, pelo n/Camarigo Miguel Pessoa. 

Até breve se Deus quiser. 
José Eduardo Reis de Oliveira (JERO)

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2. Para dar a conhecer um pouco do livro "Imagens e Quadras Soltas", por JERO e Manuel Maia, reproduzimos, com a devida vénia ao Miguel Pessoa e à Tabanca do Centro, o Poste 1123 deste Blogue


APRESENTAÇÃO DO NOVO LIVRO DE
JERO / MANUEL MAIA EM ALCOBAÇA

Está marcada para o próximo dia 20 de Abril, sábado, às 15h00, a apresentação de um novo livro do JERO, feita em conjunto com o Manuel Maia, A sessão realiza-se no Auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça, junto do “Jardim do Amor” da cidade.


É um livro de “Imagens e Quadras Soltas”, que começou a ser escrito no Facebook nos anos de 2013, 2014 e 2015.
A história do seu nascimento tem algo de original pois resultou essencialmente do talento único de Manuel Maia de colocar em quadras, num repente, o que o JERO postava em fotografia no Facebook numa página baptizada de “PRAÇA DA AMIZADE”.
O livro de “Imagens e Quadras Soltas” tem 92 fotografias publicadas com a seguinte estrutura:

 1 - A amizade (que) vem da guerra. 1.1 - Depois da guerra… o stress da paz
 2 - Alcobaça e suas pedras com história
 3 - Eles passam a vida a voar
 4 - Nazaré, a terra de Mário Botas. 4.1 - Mário Botas, o pintor de impulsos
 5 - Mar calmo em Baía Azul (S. Martinho do Porto)
 6 - Árvores, folhas e flores - mundo de beleza eterna
 7 - O Sol e a Lua - a Lua e o Sol
 8 - Portas e Portões
 9 - Faz Tempo
10 - É-me familiar.
11 - Jardim Escola João de Deus comemorou 100 anos em família
12 - Soltas em Quadras.

O Prefácio é do historiador Rui Rasquilho e o Posfácio de Joaquim Mexia Alves, o nosso Bem-Amado chefe da Tabanca do Centro. Ambos estarão presentes e farão a apresentação do livro no palco do auditório da Biblioteca Municipal de Alcobaça.

O JERO já fez uma pré-apresentação do seu livro aos camaradas da Guiné no 75.º Convívio da Tabanca do Centro em Monte Real, em 27 de Março passado, conforme oportuna referência da Revista KARAS de 1 de Abril corrente. 

O JERO aproveitou a oportunidade para explicar como apareceu o livro "Imagens e Quadras Soltas", feito "a meias" com o Manuel Maia, com fotografias e textos retirados do Facebook na sequência de uma "troca de galhardetes" mantida entre os dois ao longo de um razoável período de tempo.


É um trabalho de muito cuidado que exigiu uma boa qualidade da impressão, ou não se baseasse na apresentação de fotografias – sendo por isso mesmo uma obra que, não tendo ficado barata, justifica a sua aquisição.

Mau grado os esforços do JERO para encontrar o Manuel Maia, que terá deixado Portugal em 2016, não há a certeza que o apreciado poeta, autor da “História de Portugal em Sextilhas” e da “GUINÉ Terra que aprendemos a amar” venha a estar presente em Alcobaça.
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19570: Blogues da nossa blogosfera (109): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (26): Palavras e poesia

Guiné 61/74 - P19755: MÁXIMAS, Médias e mínimas (2): Literatura DA guerra colonial no feminino?... (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Op Esp da CART 1689)

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com a segunda "MÁXIMAS, Médias e mínimas", tentando espevitar o "auditório" a competir com ele.

Boa tarde Carlos
Espero que esta te vá encontrar de boa saúde assim como a todos os teus, que nós cá vamos indo bem, graças a Deus.

Como já passaram mais de 15 dias sem reacção às "MÁXIMAS...", aqui vai mais uma da autoria deste que te está a escrever.

Um abraço e muito sucesso para Monte Real, que eu vou, nesse mesmo dia, aos 50 anos do regresso. Na Serra do Pilar.

Um grande abraço
Alberto Branquinho

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MÁXIMAS, Médias e mínimas (2)

Literatura DA guerra colonial no feminino?

Só conheço um livro: "NÓS, enfermeiras pára-quedistas", da autoria de várias senhoras que estiveram LÁ, na guerra colonial, e escreveram sobre ou com base nas suas experiências.

Alberto Branquinho
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Nota do editor

Primeiro poste da série de 16 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19685: MÁXIMAS, Médias e mínimas (1): Foi herói de si mesmo... (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Op Esp da CART 1689)

Guiné 61/74 - P19754: Convívios (892): CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68): 19º Convívio, 51º aniversário do regresso à metrópole: Buarcos, Figueira da Foz, 25/5/2019 (Carlos Soares)


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 1585 (1966/68) > Parada Cap Gravidão, morto em combate em 4/6/1967

Foto (e legenda): ©  Carlos Soares  (2019(. Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].






25 DE MAIO DE 2019  51º ANIVERSÁRIO DA CHEGADA Á METRÓPOLE > 19 º CONVÍVIO DA COMPANHIA DE CAÇADORES  1585

ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO EM BUARCOS, FIGUEIRA DA FOZ


Local de Reunião

11 . 00 horas - IGREJA DE SÃO PEDRO - BUARCOS
11 . 30 horas - Missa em Memória dos Camaradas Falecidos
12 . 30 horas - Visita ao Museu do Mar
13 . 30 horas - Almoço nas instalações do GIS - Grupo de Instrução e Sport, em Buarcos


Carlos Soares
E M E N T A

Entradas : Petingas fritas – Tiras de Raia – Pataniscas Bacalhau
Sopa : Sopa de Peixe á GIS
Prato Principal : Bacalhau á Espiritual
Prato Alternativo : Bife á Pescador ou da carta
Sobremesa : Pastéis de Lavos – Arroz Doce – Fruta da Época
Vinhos : Branco e Tinto de Silgueiros ou Ermelinda
Digestivos e Café e Bolo da Companhia
Animação Musical (durante e após almoço )

Preço por pessoa ( adulto) 22.50 Euros (Tudo incluído )

Marcações : Chico Buarcos - 968 301 971 | Justino João - 919 231 842 | Carlos Soares - 918 245 449

[Pedido de publicação enviado pelo Carlos Soares, ex-fur mil da CCAÇ 1585 (Farim e Quinhamel, 1966/68),  que vive nas Caldas da Rainha, e é um dos habituais organizadores do convívio anual do pessoal da companhia. Aceitou o nosso convite para integrar a Tabanca Grande, em cujas "moranças" não havia ainda, até agora, nenhum representante da CCAÇ 1585. Faremos a sua apresentação dentro de dias.]
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Nota do editor:

Último poste da série >  6 de maio de  2019 > Guiné 61/74 - P19751: Convívios (891): CCAÇ 3398, Buba, 1971/73 - XXIV Convívio, Pedrógão Grande, 27/4/2019

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19753: XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande (12): Nós vamos a Monte Real, sábado, dia 25 de maio, e já nos inscrevemos antecipadamente... (Ernestino Caniço / Tomar, José Barros Rocha / Penafiel, José Manuel Cancela e Carminda / Penafiel, Manuel Resende / Cascais, Manuel Gonçalves e Tucha / Cascais, Manuel Reis / Aveiro)


Leiria, Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XII Encontro Nacional da Tabanca Grande > 29 de abril de 2017 > A minha velha amiga Tucha (Maria de Fátima, que professora primária na Lourinhã no princípioda década de 1970) mais o seu companheiro e nosso camarada Manuel dos Santos Gonçalves, (ex-alf mil mec auto, CCS / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73). Em segundo plano, a mana da Tucha, a Maria Adelaide Fernandes Luís, e o seu companheiro (que também esteve no TO da Guiné), António Manuel Correia Luís...

O Manel Gonçalves andou  pelo menos, 3 anos a prometer-me que ia "tratar dos papéis" para ingressar na Tabanca Grande... Com as idas a Monte Real, ganhou automaticamente esse direito...  E finalmente deu o pequeno grande passo, juntando-se aos amigos e camaradas da Guiné que se sentam à sombra do mais frondoso (e famoso) poilão que existe na Internet, o da nossa Tabanca Grande.  Foi no ano passado, em 2 de agosto...O seu lugar é o nº 776... Este ano volta, com a Tucha, a Monte Real.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Estes (e estas) são mais alguns dos 85 camaradas e amigos/as da Guiné que já se inscreveram, antecipadamente, para o XIV Encontro Nacional da Tabanca Grande, a realizar em Monte Real, no dia 25 de maio (*)...  

Merecem o devido destaque neste poste, com uma pequena nota biográfica... E merecem também as nossas palmas... Pode ser que com o seu exemplo motivem os indecisos. De qualquer modo, é importante que nos conheçamos melhor uns aos outros. Outros nomes se seguirão nos próximos dias...

Não se esqueçam, camaradas e amigos/as, de trazer o vosso crachá, com o vosso nome. O Miguel Pessoa,  da comissão organizadora,  todos os anos envia, por mail, aos "periquitos",  um ficheiro em "power point" com o logótipo da Tabanca Grande e um espaço em branco para escreverem o vosso nome. Depois é só imprimir. Podem pedir uma 2ª via, em caso de extravio.

Para quem ainda não se inscreveu no nosso Encontro Nacional, tome boa nota que o prazo termina na 6ª feira, dia 10... P'la Comissão Organizadora, LG.



 Ernestino Caniço - Tomar

[ex-alf mil cav, Pel Rec Daimler 2208,MansabáMansoa e Bissau, 1970 a 1972; é médico; não costuma falhar os Encontros Nacionais da Tabanca Grande, desde o VI (em 2011); é membro da Tabanca Grande desde 21 de maio de 2011; tem mais de 3 dezenas de referências no nosso blogue; o Carlos Pinto, ex-1.º Cabo Condutor/Apontador Daimler, do 2208, também costuma aparecer em Monte Real,mas razões de saúde podem-no impedir de vir este ano]



Porto Alto > 28 de julho de 2012 > I Encontro do pessoal do Pel Rec Daimler 2208 (Mansoa / Mansabá e Bissau, 1970/72)  

Legenda: os dez históricos: a  partir da esquerda, em primeiro plano José Potra e Carlos Pinto; na segunda fila, de pé: Firmino Correia, Manuel Fernandes, Ernestino Caniço, António Proença, Victor Rodeia, Fernando Carneiro, José Romão e Mário Francisco

Foto (e legenda) : © Ernestino Caniço (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


José Barros Rocha - Penafiel

[membro da Tabanca Grande desde esse ano de 2007; é um "veterano" dos nossos Encontros Nacionais: tem cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue; ex-alf mil, CART 2410, "Os Dráculas"  (Guileje e Gadamael, 1968/70); despachante oficial, ou aduaneiro, com escritório em Penafiel]



José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel

[ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70); tem 30 referências no nosso blogue; vem com frequência aos nossos encontros em Monte Real, o casal era um grande amigo e vizinho do Joaquim Peixoto, e continua a ser da Margarida Peixoto]

Manuel [Augusto] Reis - Aveiro

[um dos bravos de Guileje e Gadamael, 1973; ex-Alf Mil da CCAV 8350, (Guileje, Gadamael, Cumeré, Quinhamel, Cumbijã e Colibuia, 1972/74; professor do ensino secundário reformado; tem mais de 30 referências no nosso blogue]




Manuel [dos Santos] Gonçalves e Maria de Fátima (Tucha) - Carcavelos / Cascais

[ex-alf mil manutenção, CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73); entrou para a Tabanca Grande, em 2 de agosto de 2018 (nº 776); foi alunos dos Pupilos do Exército]




Manuel Resende - São Domingos de Rana / Cascais

[é o atual régulo da Magnífica Tabanca da Linha, sucedendo ao nosso saudoso Jorge Rosales, recentemente falecido; de seu nome completo, Manuel Cármine Resende Ferreira, foi alf mil CAÇ 2585 / BCAÇ 2884, Jolmete (, Pelundo, Teixeira Pinto), maio de 1969 / março de 1971; é o editor do blogue Memórias de Jolmete); edita também a página do Facebook da A Magnífica Tabanca da Linha, grupo fechado; tem mais de uma centena de referências no nosso blogue; é um excelente fotógrafo]


XIV ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, LEIRIA, MONTE REAL, PALACE HOTEL MONTE REAL,

SÁBADO, 25 DE MAIO DE 2019

[Prazo de inscrição: dia 10, sexta-feira]

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Guiné 61/74 - P19752: Notas de leitura (1175): A Minha Guerra a Petróleo, por António José Pereira da Costa, Chiado Books, 2019 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Maio de 2019:

Queridos amigos,

O que se escreve no blogue tem por natureza uma carga fragmentária, mesmo que se imprima é matéria avulsa, nem sempre congruente. António José Pereira da Costa, aquele coronel de artilharia que regularmente lança umas cargas de obus dentro da nossa multidão, fez bem em ordenar as suas memórias de Cacine e Cacoca e do Xime e Mansabá, com prelúdio e fecho da sua inteira lavra, onde tece incomodidades, como o nosso sofrimento quando regressávamos das nossas aventuras de um certo TO daquela PU ou, finalmente, questiona o que se andou por ali a fazer e se poderíamos ter feito algo para que as coisas não tivessem acontecido como aconteceram.
Precisa-se, e muito, desta sinceridade e desapego fanático, na análise das coisas.

Um abraço do
Mário


Por lá chafurdei na lama das lalas, debati-me no turbilhão dos tornados…

Beja Santos

O nosso ativista confrade António José Pereira da Costa pôs o tacho ao lume, acalorou aquele cadinho de memórias que atravessaram as suas duas comissões pela Guiné, o blogue teve acesso a esses rastos de calor. Agora temos livro à disposição da totalidade dos interessados: “A Minha Guerra a Petróleo”, por António José Pereira da Costa, Chiado Books, fevereiro de 2019. Recordo-me de ao ter escrito “Adeus, até ao meu regresso”, na Âncora Editora, 2012, ter pespegado na contracapa algo como isto:  

“Até ao lavar dos cestos, até estar vivo o último militar que combateu na Guiné, há que contar com as surpresas da vindima. Devemos estar preparados para surpresas dessa gente que, décadas atrás, caminhou na farroba de lala, entre cipós e tabás, patinhando no tarrafo, que guardou na memória das emboscadas em florestas secas densas e que resistiu à fúria das flagelações, aos gritos dos feridos e aos lamentos de quem perdeu, mesmo ali ao pé, os seus camaradas. Este género literário está muito longe de ter fechado para obras. Porque a fantasia muitas vezes disfarçou-se da cruenta realidade, jamais esquecida”.

E se intitulo este texto, cujo objeto de análise é o livro do confrade Pereira da Costa, julgo-o merecedor do parágrafo mais lindo que conheço de toda a literatura da guerra da Guiné, extraído do livro “O Capitão Nemo e Eu”, por Álvaro Guerra, data de 1973:

“Por lá chafurdei na lama das lalas, debati-me no turbilhão dos tornados, derreti-me na fornalha de um sol quase invisível, dissolvi-me na chuva vertical, e amei como um danado aquela terra que me injetou a febre, me secou, me expulsou a tiro. Mas nunca o preço do amor é excessivo, nem a presença da morte o pode aniquilar”.

De memórias se trata de alguém que palmilhou a Guiné no período de 1968 a 1969 e de 1971 a 1973. Diz ser contra as descrições romanceadas, visa uma clara certidão da verdade sobre a sua guerra a petróleo, há aqui uma carga simbólica dessa máquina barulhenta, de acendimento complicado, a exigir um certo treino, se houvesse avaria, chamava-se o funileiro ou picheleiro, portanto uma máquina eivada de defeitos e virtudes, um pouco como a vida militar.

Discreteia sobre os ex-combatentes e recorda algo que continua muito maltratado que era o nosso choque à chegada, qualquer um de nós tem uma história para contar de um retorno à vida civil, o querer comunicar a nossa experiência a alguém que, mesmo compadecido com a carga de provações que descrevíamos, recebia aqueles conteúdos como provenientes de uma outra galáxia, o que sabiam da chamada guerra do Ultramar era que havia ações de policiamento, às vezes uns falecimentos dados em combate, e os residentes próximos do Hospital Militar Principal ou do anexo sito na Rua Artilharia 1 encontravam-se com deficientes nas proximidades, jovens sem braços ou pernas, rostos estranhos, azulados, às vezes com os olhos vazos.

Estamos em 1968, o jovem alferes de artilharia vai para Cacoca e Cacine, fala em Sangonhá, estamos perto da fronteira com a República da Guiné, Cacoca e Sangonhá eram consideradas ao tempo do Comandante-Chefe Arnaldo Schulz como posições-chave, intimidatórias, faziam parte de um sistema defensivo e vigilante envolvendo Cacine e Cameconde, Sangonhá e Cacoca, Gadamael e Ganturé, Guileje, Mejo e Gandembel e Ponte do Balana, até Buba. Spínola reduziu o número de quartéis, a população foi realojada, num desses atos migratórios, em dia de atmosfera húmida a prever chuva tropical, acontece o seguinte, como o autor relata:

“Senti, então, um toque no braço. Quando me virei para ver quem era, ela disse:
- Meimuna pariu um fio qui tin dez dia. Quer pá nossarfere arranja mim lugar sintada.
Transportava nos braços, com grande cuidado, um enrolamento de mantas que deveria conter qualquer coisa de precioso. Eu não vi o que fosse, mesmo quando mo emprestou, por alguns segundos. Acompanhei-a ao Unimog onde iria e ajudei-a a subir para o lugar ao lado do condutor. Encostei o embrulho ao peito e ela apoiou-se com dificuldade naquela espécie de degrau circular que a roda tinha, depois no próprio pneu, usando o meu ombro como corrimão. Sentou-se no banco de lona e eu passei-lhe o pacote que deixou calor no meu peito. Ali perto, um grupo de homens – dos grandes – assistiu à cena e eu, ainda hoje, rendo homenagem àquela mulher que fez valer os seus direitos de mãe.”

É uma escrita subtil, enxuta de farroncas, por vezes mordaz, a relação com o humano, o fascínio pela expressão cultural local dominam estas memórias, basta atender à seleção de imagens, a história da catraia em estado de subnutrição, o que anota sobre caçadores e guias, o relacionamento com os civis. Passamos agora para 1968, o Capitão Pereira da Costa muda de azimute, vemo-lo agora no Xime, começa por nos descrever os seus guias picadores, o que diz de Mancaman Biai, posso certificá-lo, acompanhou-me em duas operações:

“Era alto, bastante magro e vestia sempre à moda muçulmana tradicional. Falava baixo, parecia medir as palavras ou digerir as perguntas que lhe fizessem ou as deixas do interlocutor. Só depois de ter estudado bem o que lhe fora dito, respondia. Dir-se-ia que não queria ser apanhado em falso ou em contradições”.

 Posso corroborar. A meio da manhã de 7 de março de 1970, mandei chamar Mancaman e transmiti-lhe que precisava dos seus serviços a partir da meia-noite. Não mencionei objetivo, não falei nem em Madina Colhido, Ponta Varela, Baio ou Buruntoni, disse-lhe simplesmente que precisava dos seus preciosos conhecimentos, conversaríamos de madrugada, altura em que lhe disse que iríamos atravessar o Poidon pela bolanha, ele que escolhesse o melhor itinerário. O único comentário que fez é que nunca fizera uma operação pela bolanha, não sabia bem o caminho, havia pouca lua, daria o seu melhor. E deu mesmo. Cinco horas depois entrávamos nos depósitos de arroz do Poidon debaixo de uma chuva de granadas de morteiro 81, um fogo ensurdecedor que inibiu qualquer resposta daquele grupo. Incendiadas as casas e o arroz, voltei a pedir a Mancaman que viéssemos diretamente para o Xime, foi lesto, competente, jamais o esqueci. Em 2010, quando por ali passei, a caminho da Ponta do Inglês, pude confirmar o que o autor aqui nos diz, estava vivo, foi um reencontro muito feliz.

Confirmo o que o autor nos descreve sobre a messe de oficiais do quartel do Xime e tudo o mais. Dá-nos um retrato patusco de vários oficiais, é severo na apreciação de uma decisão do oficial de operações do batalhão que queria ir à viva força ao Enxalé, tudo acabou num desastre nessa obstinação que contrariava a natureza, sempre tocante com a adversidade, é sóbrio na saudação de despedida a um militar:

“Ao fim da tarde do dia seguinte, apareceu o corpo do soldado José Maria da Silva e Sousa a boiar no rio, junto ao cais do Xime. Éramos oito a tirá-lo de lá e eu volto aqui a render a minha homenagem à generosidade do alferes Gomes quando quis extrair do corpo a água que impediu que o Sousa fosse sepultado dentro de um caixão. Desceu à terra, dois dias depois, com as honras militares a que tinha direito, no cemitério de Bambadinca, e só voltou à sua terra em 2009”.

Vou deter-me aqui, não quero tirar o prazer da festa a ninguém, o nosso capitão vai partir para Mansabá, tem muito mais memórias para contar, aqui recebeu jornalistas que vinham acompanhados pelo Capitão Otelo Saraiva de Carvalho, acena-nos com longo adeus sobre o que andámos a fazer por África, não há para ali nem azedume naqueles últimos parágrafos: 

“Fomos os homens que estavam à hora errada à esquina errada da História. Nadámos num troço de águas revoltas do rio do tempo. Éramos uma espécie de bombeiros que chegavam tarde a um incêndio numa floresta, batida por vento forte. Podem crer que, desde a primeira hora, a guerra estava perdida.”
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Nota do editor

Último poste da série de 3 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19739: Notas de leitura (1174): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (4) (Mário Beja Santos)