Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Guiné 63/74 - P8304: Notas de leitura (240): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (5) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Deambulação pelas quase 1000 páginas do testemunho, entrevistas e apenso documental à volta de Aristides Pereira está prestes a findar.
O livro de é de leitura obrigatória. Não descodifica os grandes enigmas porque os protagonistas teimam no silêncio e na dissimulação das respostas, quando interpretam os acontecimentos mais relevantes.
Dos intelectuais aos militares, parece que ninguém via um conflito insanável em torno de uma equação sobre a unidade de Guiné e Cabo Verde que foi criação exclusiva de Amílcar Cabral. Mas abre importantes pistas de trabalho que os historiadores de amanhã não poderão de descurar.
Um abraço do
Mário
O testemunho de Aristides Pereira (5):
Gérard Challaind, Idrissa Sow, Manecas, Oscar Oramas e Osvaldo Silva
Beja Santos
Gérard Challaiand foi um dos primeiros estudiosos ocidentais a interessar-se pela problemática das lutas de libertação africanas. Nos anos 60 chamou a atenção do público europeu para o que se estava a passar na Guiné. O seu depoimento é muito elucidativo, de acordo com a entrevista que lhe fez Iva Cabral, a filha de Amílcar. Começa por enquadrar historicamente as lutas de libertação a partir da II Guerra Mundial e observa os sistemas coloniais inglês, português e francês. Paris irá ser um farol para todos aqueles que lutam pela emancipação do jogo colonial e recorda o presidente do Senado de França, Gaston Monnerville, um africano. Igualmente Senghor aqui publicou a sua poesia em louvor de negritude. A ONU começara a dedicar atenção às lutas de libertação no final dos anos 50 quando o mapa das nações já era bem distinto daquele que levou à sua fundação. O PAIGC surpreendeu a opinião pública mundial pela personalidade de Amílcar Cabral, tido inquestionavelmente como um dirigente excepcional: pela sua capacidade de passar da ideia ao acto, pela estratégia de sensibilização das populações camponesas, dando-lhes confiança, misturando a guerrilha com a organização civil e depois a sua capacidade de diplomata. A sua projecção internacional tornou-se notória no discurso que ele pronunciou na conferência da Tricontinental. Para Challaiand, Cabral esteve sempre a altura de todos os desafios: pela surpresa de 1963, quando em escassos meses implantou a guerrilha em zonas estratégicas; quando soube ultrapassar o impasse militar anunciando a proclamação da independência, deixando Lisboa sem um só trunfo na arena internacional.
Indrissa Sow desempenhou funções militares durante a luta de libertação e veio mais tarde a ser embaixador da Guiné-Bissau em Conacri. Guineense, assistiu na juventude em Bissau à simpatia dos ideais nacionalistas, pôde presenciar o regresso dos militantes desterrados e os outros que terão sido aliciados pela PIDE. Nesta entrevista parece ser importante reter o que ele nos diz sobre os autores morais do assassínio de Cabral: o que me lembro é que quando o Momo (um dos assassinos) chegou a Conacri fizeram-se reuniões na Escola-Piloto e na cantina, onde Cabral apresentou Momo a todos nós. O Momo começou com conversas contra a unidade. Com essas conversas, as tensões foram aumentando em Conacri. Depois fui como comandante de bi-grupo para Beli e quando regressei senti que a tensão tinha aumentado. Falei com a Ana Maria Cabral sobre essas tensões em Conacri. Já não nos tratávamos como irmãos, cada um parecia querer apenas desembaraçar-se e viver a sua vida”.
Manuel dos Santos (Manecas) fala detalhadamente da sua vida de combatente, das relações entre cabo-verdianos e guineenses e comenta tanto o significado do 25 de Abril como as negociações de Londres que levaram à independência da Guiné. Sem hesitar, atribui a revolução do 25 de Abril aos guineenses, terá mesmo dito a Durão Barroso que ainda há uma dívida que os portugueses não pagaram à Guiné que é a dívida de eles terem o regime democrático: “Nós fomos os grandes actores do 25 de Abril, é sintomático o facto de todos os grandes comandantes do 25 de Abril terem passado por aqui”. Quanto às negociações que levaram à paz ele refere igualmente que elas não podiam falhar, argumentando assim: “Sabe porquê? Porque Portugal não tinha nenhuma capacidade de continuar a guerra, sobretudo aqui na Guiné. Nós tínhamos tirado ao Exército português a capacidade de continuar a guerra. Tenho algumas fotografias feitas na estrada de Farim, aquando dos primeiros contactos com a tropa portuguesa, a 2 de Junho de 1974. Os nossos soldados e os soldados portugueses já estavam a beber juntos. A partir daí, já não havia guerra que fosse possível”.
Oscar Oramas, antigo embaixador de Cuba em Conacri e que foi o primeiro estrangeiro a chegar ao pé de Amílcar Cabral depois do seu assassinato escreve uma carta a Aristides Pereira onde confirma todos os eventos que tiveram lugar após o assassinato do líder. Logo que soube que Aristides Pereira fora raptado contactou Sékou Touré e solicitou-se ao embaixador soviético que se fosse em perseguição das embarcações usadas pelos conspiradores no rapto do futuro secretário-geral do PAIGC. Oramas assistiu ao encontro entre Sékou Touré e os assassinos de Cabral. E escreve: “Eles confessam que tiveram uma discussão com Amílcar e que este não quis escutá-los, que teria havido violência e depois soaram os disparos. Eles quiseram evidenciar que existiam grandes contradições no seio do partido, que os guineenses estavam a ser preteridos e que havia um grande monopólio dos cabo-verdianos na direcção do PAIGC”.
E temos por último Osvaldo Lopes Viera, o operacional que preparou o bombardeamento de Guileje. Fala assim de Osvaldo Vieira: “Foi nos primeiros anos da luta um grande comandante. Mas a partir do momento em que se alcoolizou, passou a cometer muitos erros que deram lugar a frequentes críticas por parte de Cabral. Essas críticas, mal recebidas, foram transformando o Osvaldo num revoltado, com predisposição para entrar em pequenos complôs ou emprestar o seu nome para fomentar um clima de contestação a Cabral”. E refere-se assim a Nino: “No aspecto operacional era muito activo. Nunca entrámos em intimidades. Eu tinha a consciência de que havia entre os guineenses questionamentos quanto ao exercício do poder no pós-independência… O Nino tinha uma muito grande experiência da guerra, um conhecimento perfeito do teatro das operações e do inimigo. Gozava de muita autoridade junto dos combatentes”.
Protagonista de Guileje, conta assim a sua participação nas operações decisivas para a retirada das forças portuguesas: “Guileje era o quartel mais bem fortificado do sul. Cabral demonstrara a importância do quartel como peça mestra de um dispositivo que pretendia reconquistar o controlo da fronteira sul: “Se este quartel cai, todo o resto à volta também cai”. Cabral deu instruções no sentido de serem postos meios à minha disposição. Não dispondo de mapa da região, lancei mão de vários métodos para determinação dos dados de tiro. Procurei determinar as coordenadas geográficas das posições de fogo a partir da medição da altura do sol reflectido numa superfície de mercúrio a fazer de espelho. O método que acabou por funcionar foi o de levantamento topográfico, ligando posições distantes do quartel entre 4 a 12 quilómetros, de acordo com o alcance das peças que iríamos utilizar. Feito o levantamento topográfico, procedemos a vários flagelamentos, com vista a provocar a resposta do inimigo e podermos assim determinar o azimute do quartel. Atacávamos em noites de lua nova, quando se podia detectar com maior precisão o clarão da artilharia inimiga. Depois, era só pôr os dados no papel e resolver um problema simples de geometria. Igual trabalho foi efectuado relativamente a Gadamael e Quebo”. Depois relata o cerco e o uso da artilharia. Mais adiante, depõe com elevada coragem sobre as tensões surdas que minavam as relações entre cabo-verdianos e guineenses.
Esta ronda pelas entrevistas irá terminar ouvindo Rafael Barbosa e Silvino da Luz. Seguir-se-á uma curta viagem sobre o apenso documental, que é de uma enorme riqueza.
(Continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 17 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8286: Notas de leitura (239): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (4) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8303: Agenda cultural (123): Lançamento do Livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné",
1. Amigos e Camaradas da Guiné, não esqueçam que hoje, dia 20 de Maio (6ª feira), pelas 18h00, vai ser apresentado o novo livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné”, da Autoria do nosso Camarada Fernando de Sousa Henriques - ex-Alf Mil OpEsp / RANGER na CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74).
CONVITE: Lançamento do Livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné"
Foi o Coronel Castro Neves, Capitão em Canquelifá e Comandante da Companhia, que foi render a do Fernando Henriques, que escreveu o Prefácio do Livro.
Sobre o Autor:
Outras Obras Publicadas:
- No Ocaso da Guerra do Ultramar
- Nandinho - Os primeiros 6 anos dos últimos 60 … (Conto infantil)
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Notas de M.R.:
31 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8024: Tabanca Grande (274): Fernando de Sousa Henriques, ex-Alf Mil Op Esp /RANGER da CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74)
Vd. o último poste desta série em:
14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8272: Agenda cultural (122): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro)
Guiné 63/74 - P8302: Os nossos camaradas guineenses (31): O José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º Cabo At Inf, CCAÇ 12 (1969/74), está em Portugal até 3 de Junho, e quer estar connosco! (Odete Cardoso / Luís Graça)
Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Finete > 1969 > CCAÇ 12 > 4º Gr Comb: Fir Mil At Armas Pesadas Inf Henriques, 1º Cabo At Inf José Carlos Suleimane Baldé e o Sold At Inf Umaru Baldé (apontador do Mort 60)... Zé Carlos foi o primeiros dos soldados arvorados a ser promovido a 1º cabo (em Setembro de 1969)... Ambos, o Zé Carlos e o Umarú, pertenciam à 2ª secção, comandada pelo Fur Mil At Inf António Marques, até ao fatídico dia 13 de Janeiro de 1971...
CCAÇ 12 > 4º Gr Comb > 2ª secção (em meados de 1969)
Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques
1º Cabo 17714968 António Pinto
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (Fula)
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (Fula)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (Fula)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (Fula)
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (Fula)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (Futa-Fula)
Sold 82119069 Mamadu Balde (Fula)
Foto: © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Amedalai > 26 de Julho de 2006 > O José Carlos com a família. A Odete Cardoso, esposa do ex-Alf Mil Jaime, é madrinha da filha mais nova do Zé Carlos.
Foto:© Odete Cardoso (2010). Todos os direitos reservados
1. Duas mensagens recentes da Dra. Odete Cardoso, esposa do nosso camarada Jaime Pereira, ex-Alf Mil da CCAÇ 12 (Mar 71/Dez 72):
Assunto: Vinda do José Carlos Suleimane Baldé aos almoços da CCAÇ 12
Luís Graça
Venho com muito gosto dizer-lhe que, após uma série de vicissitudes relacionadas com a obtenção do passaporte e visto, o José Carlos parte de Bissau a 18 deste mês com chegada a Lisboa a 19 e estará cá até 3 de Junho.
2. Comentário de L.G.:
O Jaime Pereira, tal como o José Sobral, foi alferes da CCAÇ 12, de rendição individual. Pertencem à chamada 2ª geração. Os outros dois alferes eram o Ferreira e o Florindo Costa. O Jaime, hoje engenheiro e gestor, era o comandante do 4º Gr Comb. O José Carlos Suleimane Baldé era 1º cabo, nesse Gr Comb. Aliás, foi o primeiro dos nossos camaradas guineenses a ascender ao posto de 1º cabo.
Há tempos, o J. L. Vacas de Carvalho convidou-nos para uma ida aos fados, numa casa típica onde ele costuma cantar, em Algés. Éramos quatro casais. Foi nessa altura que eu conheci o Jaime e Odete, mais o Sobral e a esposa (cujo nome não recordo agora). Foi também nessa noite que soube do projecto, muito acarinhado pela Odete, de trazer o Zé Carlos e a filha, a Portugal, por ocasião de mais um convívio anual da CCAÇ 12 (2ª geração)...
Os quadros da CCAÇ 12, de origem metropolitana, que renderam os "pais fundadores" (Maio de 1969/Março de 1971) são poucos... A CCAÇ 12 (2º geração) já ia ao recrutamento local buscar os cabos, os condutores, os mecânicos, os operadores de transmissões, etc. Na prática, só oficiais e sargentos é que eram da Metrópole, a partir de 1971.
Logo em 1973, o pessoal (metropolitano) da CCAÇ 12 (2ª geração) reuniu-se em convívio que se repete todos os anos, até hoje. São poucos mas bons: muitas dezenas duas ou três dezenas, entre antigos combatentes e familiares.
E até agora não foi possível reunir-se com a malta da CCAÇ 2590 (a CCAÇ 12 da 1ª geração), com excepção de um caso ou outro (por ex., o ex-fur mil SAM Victor Alves foi o ano passado ao 16º convívio da malta de Bambadinca, 1968/71, que se realizou em Óbidos, tal como o ex- Cap Inf Celestino Ferreira da Costa, hoje Maj Ref, residente na Trofa).
Este ano, embora com locais diferentes, os dois grupos reúnem-se em Coimbra, no mesmo dia, 21 de Maio. Aguardo, com expectativa, a oportunidade (única) de estar com os meus camaradas da CCAÇ 12, entre eles o Jaime Pereira o José Sobral e o Victpor Alves (que já conheço), além do Zé Carlos Suleimane Baldé, de quem guardo as recordações mais afectuosas, incluindo a única foto que possuo (com ele).
Vou fazer todos os possíveis para dar um salto a Coimbra ou encontrar-me com o Zé Carlos em Lisboa. Espero que, entretanto, outros camaradas que com ele privaram possam estar com ele, até 3 de Junho, e inclusivamente ajudá-lo nos seus conatactos com a burocracia militar... O que poderemos fazer pelo Zé Carlos ?
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Nota do editor:
Último poste da série > 5 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8222: Os nossos camaradas guineenses (30): Cherno Baldé, 4º Gr Comb, 1ª Secção (Comandada originalmente pelo Fur Mil At Inf Joaquim A. M Fernandes), Sold, Ap Metr Lig HK 21, nº mecanográfico 82115269, fula... O mesmo que terá abatido em finais de 1972 o comandante de bigrupo Mário Mendes
Guiné 63/74 - P8301: Parabéns a você (261): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519 (Tertúlia / Editores)
NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AO NOSSO CAMARADA MÁRIO PINTO AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
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Notas de CV:
Mário Gualter Rodrigues Pinto foi Fur Mil At Art na CART 2519 (Os Morcegos de Mampatá) que andou por terras de Buba, Aldeia Formosa e Mampatá nos anos de 1969 a 1971
(*) Vd. também Estórias de Mário Pinto
Vd. último poste da série de 19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8297: Parabéns a você (260): Xico Allen, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 3566 - Os Metralhas (Tertúlia / Editores)
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Guiné 63/74 - P8300: Em Busca de... (163): Diamantino Prazeres Colaço procura Camaradas do BART 6522/72 - S. Domingos -, 1973/74 (Cláudia Colaço)
1. Recebemos mais uma mensagem da senhora Cláudia Colaço, filha do nosso Camarada Diamantino Prazeres Colaço, ex-Soldado Atirador da 1ª CCAÇ do BART 6522/72, que não desanima de encontrar indícios dos ex-Militares desta companhia, a pedido se seu pai, desta vez enviando-nos também 2 fotos dele nos tempos da Guiné.
Atenção Camaradas da 1ª CCAÇ do BART 6522/72
Sou filha de Diamantino Prazeres Colaço, ex-Soldado Atirador da 1ª CCAÇ do BART 6522/72, ex-Combatente da Guiné (1973-1974), que está muito interessado em encontrar camaradas de que, ao longo destes anos, perdeu completamente a ligação.
Peço, por favor, que me enviem toda e qualquer informação de que sejam conhecedores, como por exemplo, datas de encontros, contactos de ex-Militares da Companhia, etc., para o meu e-mail: claudiacolaco88@hotmail.com
Atenciosamente,Cláudia Colaço
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Notas de M.R.:
Amigo e Camarada Diamantino Prazeres Colaço, em nome do nosso Camarada Luís Graça e demais tertulianos desta Tabanca Grande, registo aqui um convite para te juntares a nós.
Já só falta uma foto actual e que nos contes, pelo menos, uma história da tua passagem pela Guiné acompanhada de fotos que eventualmente guardes no teu álbum de memórias daquele tempo.
Em nome de todos envio-te um abraço Amigo e os desejos que continues nesta busca, que, creio bem mais dia menos dia, dará os seus frutos.
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Vd. também, sobre este pedido da Cláudia Colaço, o poste:
11 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8260: Em busca de... (160): Procuro Camaradas do BART 6522/72 - S. Domingos -, 1973/74 (Cláudia Colaço/José Marcelino Martins)
Vd. o último poste desta série em:
16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8282: Em Busca de ... (161): Dois camaradas do 15º Pel Art (Guileje e Gadamael, 1972/74): Alf Mil Fortes, e 1º Cabo Neto, naturais de Lisboa e Santo Tirso, respectivamente (Luís Paiva)
Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
1. Terceira parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.
Com a chegada da CCaç 1790 a Nova Lamego a CCaç 2403 recebeu ordem de marcha para o Olossato com passagem por Fá Mandinga (onde Amílcar Cabral tinha trabalhado num projecto agrícola) e aí ficou mais de 1 mês, em missão de intervenção do Comando de Agrupamento de Bafatá. Era um local sem mosquitos, talvez único na Guiné, certamente devido a uma enorme colónia de morcegos instalada nos telhados dos edifícios existentes. Neste tempo de permanência em Fá, a Companhia foi ocupar o quartel de Fajonquito para libertar a CCaç local para uma Operação na respectiva área de acção. A seguir foi mandada efectuar uma Operação no Sara, conjuntamente com o Pel Caç Nat 52 do Alf Mil Beja Santos que tinha um prisioneiro que conhecia a localização de um objectivo.
Na noite de pernoita antes do objectivo o prisioneiro fugiu e de manhã foi accionada uma mina antipessoal que provocou ferimentos graves num Sargento de 2.ª linha do Alf Mil Beja Santos e no Soldado Pereira, da Companhia. Quebrada qualquer surpresa para abordar o objectivo e havendo necessidade de fazer a evacuação dos feridos, em perigo de vida, tentou-se, sem resultado durante algumas horas, contactar o Comandante do Batalhão para dar a Operação por finda e pedir as evacuações. Enquanto se procurava um local onde o Heli pudesse aterrar, o estado do Soldado Pereira, com as duas pernas arrancadas abaixo do joelho, ia piorando rapidamente. Finalmente e com a ajuda dos espelhos que cada militar transportava consigo, um DO localizou a Companhia e conseguiu-se pedir a evacuação para um local já encontrado.
Entretanto deu-se mais um ataque de abelhas e para as afastar alguém lançou uma granada de fumos que incendiou o capim, já o Heli se aproximava. Quando se preparava para aterrar o local estava em chamas mas não foi impedimento suficiente para o piloto, num gesto de extraordinária bravura e abnegação, poisar e uma Enfermeira Pára-quedista receber os feridos. Os seus nomes não são referidos por não se saberem.
No dia seguinte, uma mensagem informava a Companhia do falecimento do Soldado Pereira, em 22 de Fevereiro de 1969, que chegara ao Hospital ainda com sinais de vida, muito débeis. Foi o 2.º morto da Companhia. À sua família foi escrita uma carta comunicando que morrera em paz com o pedido ao Capitão que lhe retirasse do bolso uma nota de cem escudos e a desse a Nossa Senhora pela sua alma o que não foi cumprido por se pensar que se chegasse vivo a Bissau estaria salvo.
Acompanhada do Comandante do Batalhão, Ten Cor Pimentel Bastos que se deslocou no Heli da evacuação, a tropa recolheu a quartéis.
Chegados a Fá começaram imediatamente os preparativos para a grande Operação “Lança Afiada”* na região do Fiofioli, onde nos últimos anos as NT não tinham intervindo e em que iriam participar 9 Companhias e importantes meios aéreos, com uma duração prevista de 12 dias. Para além do tradicional “matar, capturar ou, no mínimo correr com o IN”, a missão englobava também a destruição dos meios de subsistência dos guerrilheiros na posse das populações e retirar estas do seu controlo e deslocá-las para junto dos aquartelamentos militares. Cada Companhia deveria fazer-se acompanhar por cerca de 100 carregadores cada um com um pau, uma corda e um saco os quais transportariam um grande barco insuflável com remos, e 20 coletes de salvamento para travessia dos cursos de água da zona que, afinal, não existiam.
A 8 de Março a Companhia, como Destacamento D, iniciou a Operação com os 4 GComb a partir do Xime. Poucas horas depois o In começou a efectuar flagelações sobre os vários Destacamentos em acção mas sem oferecer resistência às reacções das NT. No 2.º dia o Alf Mil Brandão, psicologicamente incapacitado, foi evacuado e no 3.º ou 4.º dia foram recolhidos das Companhias os barcos e todos os seus acessórios, por desnecessários. As flagelações foram diminuindo em número e intensidade e ao 10.º dia, não havendo manifestações do In, com as populações refugiadas na margem oposta do Corubal e feito o esvaziamento dos celeiros de milho e arroz existentes, o General Spínola, recebido junto às tropas por mais um ataque de abelhas que o vento provocado pelo Heli abreviou, ordenou ao Coronel Felgas o fim da Operação, 2 dias antes do previsto, com o aproveitamento de uma lancha da Marinha para transportar as tropas para o Xime, porque a partir do dia seguinte não haveria qualquer apoio da Força Aérea, necessária para outras acções. Por razões de ordem técnica ou de navegação as tropas não foram embarcadas e regressaram ao Xime pelos próprios meios ou seja, a pé.
Nem o responsável pela Operação nem o responsável pela sua autorização perceberam que uma acção daquele tipo, com a retaguarda do In completamente livre de forças opositoras, apenas servia para o forçar a fazer o que fazia com regularidade e para o qual dispunha de meios, que era passar para a margem esquerda e aguardar o fim da Operação para voltar a passar para a margem direita. Se fosse uma Operação ao nível do Comando-Chefe, sem linhas limites de actuação, como acontecia quando se tratava de Operações de nível local, talvez o resultado tivesse sido outro, completamente diferente, para as NT. Operações ao nível do Comando Chefe (não consta que alguma tivesse sido realizada), em que todos os diferentes meios disponíveis fossem empenhados, é que podiam abater, no verdadeiro rigor do termo, um inimigo cada vez mais confiante na sua liberdade de acção.
Não era com companhias dispersas por todo o território, cuidando principalmente da própria segurança e subsistência em termos de água, lenha, verduras, etc, através da construção de abrigos, patrulhamentos e pequenas Operações com reduzidos efectivos na sua zona de acção que a situação geral podia, alguma vez, evoluir a favor das NT.
Com esta Operação a Companhia terminou a sua actividade no Sector Leste da Guiné e embarcou, dias depois, no Xime, com destino ao Olossato, via Bissau. O Comando com 3 GComb seguiu para o Olossato enquanto o 2.º Grupo, do Alf Mil Brandão, seguiu para Mansabá para reforçar aquela guarnição na protecção aos trabalhos da estrada em construção para o K3, junto a Farim. Mais de 8 meses depois da chegada à Guiné foi no Olossato que os soldados passaram a dispor de camas e de ventoinhas.
(Continua)
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Notas de CV:
Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
(*) Além do marcador "Op Lança Afiada" para consultar os postes desta II Série, consultar ainda os seguintes Postes da I Série:
15 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII:Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli
9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXI: Op Lança Afiada (1969) : (ii) Pior do que o IN, só a sede e as abelhas
9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIII: Op Lança Afiada (1969): (iii) O 'tigre de papel' da mata do Fiofioli
14 Novembro 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal (Luís Graça)"
Guiné 63/74 - P8298: In Memoriam (80): Teresa Reis (1947-2011). A minha homenagem ao Humberto Reis (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Só hoje soube da perda do Humberto Reis*, a quem me une tanta admiração e respeito. Devo-lhe imenso e a ingratidão não é o meu forte.
Estarrecido com a notícia, qual marretada, ocorreu-me prestar-lhe esta homenagem tão sentida. Não pode haver excesso quando o excessivo é a dor que ele sente.
Um abraço do
Mário
A ressurreição dos soldados
Beja Santos
Meu profundamente estimado Humberto,
Tu não sabes, parto sempre para férias sem telemóvel nem computador, para mim é um perfeito calvário manter uma comunicação em permanência, advertindo o interlocutor que ando fora de portas e que regresso no dia tal; acima de tudo, e dentro de certos limites, deixo pendência sobre tudo aquilo que é, enfaticamente, resolúvel uns tempos mais tarde.
Serve isto para te explicar que estive ausente de 4 a 18, só hoje de manhã, estuporado, dei com a calamidade que se abateu sobre a tua vida. Se recorro a um comentário público é porque muito te devo e porque muito te admiro, desde há décadas. Sempre apreciei a tua disponibilidade e a integridade do teu carácter. Devo-te inúmeras ajudas, desde os teus comentários e apreciações quando redigi dois livros sobre a nossa Guiné, foste insuperável com as imagens que puseste à minha disposição, devo-te a capa do Tigre Vadio, quando tu fotografaste do ar o esplendor do Geba estreito, aquele rio que literalmente separa a Guiné e une a minha juventude ao sénior que sou. Recordo o teu cuidado em trazeres-me as cartas geográficas que me garantiram fidedignidade na reconstituição dos meus passos em vários regulados e a prenda que, graças a ti, entreguei no INEP, as valiosas cartas que tinham desaparecido desde a guerra de 1998-1999 e que entreguei ao seu director, Dr. Mamadu Jao, que as recebeu emocionado. Não posso, pois, calar a consternação que sinto pela tua perda. Imagino o estado lastimoso em que te encontras. Aperto-te no meu peito.
Ocorre-nos sempre nestas circunstâncias juntar umas frases com empurrões de coragem e abraços de companheirismo. Tu mereces muito mais, tal o respeito que sinto por ti. Venho abraçar-te com palavras, contando-te uma experiência (por acaso, duas) que vivi nas minhas férias e que delego na tua dor. É a minha possível homenagem, curvado diante de ti.
Sempre às voltas com as minhas prosas remendadas, tenho procurado um final singular para a Viagem do Tangomau. A minha ida à Guiné, em Novembro passado, e para a qual tu colaboraste, foi determinante para encontrar os elementos cénicos apropriados. Mas faltava-me um dado subtil, uma espécie de apoteose para o reencontro com a nossa gente de Bambadinca e arredores. Foi nessa pesquisa que descobri o nome de Stanley Spencer, um artista britânico que combateu na frente de Salónica, durante a I Guerra Mundial. Sir Stanley Spencer (1891-1959) recebeu a encomenda para pintar uma capela de um proprietário da região de Hampshire, não muito distante de Oxford, onde eu estava a viver. Spencer deixou para a posteridade uma espantosa colecção de óleos num monumento artístico muito visitado, a Sandham Memorial Chapel. Meti-me ao caminho e fui admirar esta obra imorredoira, um políptico assombroso.
Diferente de tudo o que são, habitualmente, os relatos de guerra, o pintor exalta cenas do quotidiano, desde o tratamento dos feridos em enfermarias, as instruções de um oficial aos seus soldados, a lavagem de roupas na lavandaria, um banal quotidiano onde não há armas e a dor aparece transfigurada pela camaradagem que une todos aqueles jovens num estranho ermo, em local indecifrável. Porém, onde os visitantes permanecem mais tempo estarrecidos é diante do painel do altar central, intitulado A Ressurreição dos Soldados, por ali andei, em transe, e digo-te sem vergonha, ofuscado pela genialidade da proposta pictórica: os soldados ressurgem das suas tumbas, trazem a sua cruz, os seus equipamentos, até as suas alimárias, e como num Juízo Final, encaminham-se para uma figura de feições serenas e vestes brancas. Como não foi possível tirar fotografia com flash e não tenho o teu talento para captar o essencial desta beleza, ficas com a imagem possível.
Nesta ressurreição dos soldados transmito-te a essência do que foi, é e será a ternura de te ter como amigo, de ressurgirmos sempre nas venturas e desventuras, e mesmo nos pontapés do destino e nestas mágoas das nossas perdas. Aqui encontramo-nos sempre, aqui precisamos muito pouco de nos reconfortar com palavras, somos aqueles soldados da frente de Bambadinca, a frente que nos coube na roda do destino.
Por razões que não cabem aqui mencionar, fui visitar amiudadas vezes, num subúrbio de Oxford, uma moribunda que ali espera a sua hora. Nesse local onde se assistem doentes terminais há uma capela com um vitral muito singelo mas com grande potencialidade apologética para as viagens que nos libertam da condição humana. Como sempre faço, aqui me recolhi e rezei por todos os nossos mortos, os da nossa guerra e aqueles que vêem associados à camaradagem que instituímos até ao fim dos nossos tempos. E se me permites, deixo-te aqui o espírito de uma pomba que partiu para o seu refúgio, é o Espírito que se foi sentar à direita de Deus Pai.
Desculpa ter sido longo e espero não te magoar por publicitar por este meio o turbilhão que me sacudiu logo de manhã quando soube da morte desse desvelo da tua vida.
Até sempre, abraçando-te afectuosamente,
Mário
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8290: In Memoriam (79): Teresa Reis (1947-2011). Agradecimento do nosso camarada e amigo Humberto Reis
Guiné 63/74 - P8297: Parabéns a você (260): Xico Allen, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 3566 - Os Metralhas (Tertúlia / Editores)
NESTE DIA DE FESTA, A TERTÚLIA E OS EDITORES VÊM POR ESTE MEIO DESEJAR AO NOSSO CAMARADA XICO ALLEN AS MAIORES FELICIDADES E UMA LONGA VIDA COM SAÚDE JUNTO DE SEUS FAMILIARES E AMIGOS.
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Notas de CV:
Xico Allen foi 1.º Cabo At Inf na CCAÇ 3566 (Os Metralhas) que esteve em Empada e Catió nos anos de 1972 a 1974
Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8280: Parabéns a você (259): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351, Guiné, 1972/74 (Tertúlia / Editores)
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Guiné 63/74 - P8296: Convívios (341): Almoço/Convívio do BCAÇ 3883, dia 28 de Maio de 2011, em Viseu (António Rodrigues)
A filha do nosso Camarada António Rodrigues, enviou ao Luís Graça um e-mail solicitando a divulgação do Almoço/Convívio do BCÇA 3883.
Venho por este meio pedir, a divulgação, do almoço/convívio do Batalhão de Caçadores nº 3883, que esteve na Guiné em 1972/74.
Desde já agradeço a sua boa vontade, e parabéns por o seu blogue.
Atentamente
Manuela Rodrigues (Filha de António Rodrigues )
No poste P7742, recorda-se assim o historial do BCAÇ 3883:
18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8293: Convívios (334): 12.º Encontro do pessoal da CCS/BCAÇ 1861, dia 10 de Junho de 2011 em Viseu (Júlio César)
Guiné 63/74 - P8295: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (8): As nossas correspondentes e o nosso volume de correio semanal... (Luís Graça)
1. Aproveitando a onda provocada pelo documentário de Marta Pessoa, Quem Vai à Guerra, podemos perguntar aos camaradas que nos lêem:
(i) Quantas cartas e aerogramas se terão escrito de e para a Guiné, no período entre 1961 e 1974 ? E sobretudo, qual era o volume (médio) da nossa correspondência semanal ? Além disso, com quem nos correspondíamos, e nomeadamente com que mulheres ? (*)
(ii) Para além das nossas mães, irmãs, amigas, esposas, namoradas, etc., qual foi a presença (e o papel) das madrinhas de guerra ? (**)...
(iii) Por outro lado, qual era o conteúdo das missivas enviadas e recebidas pelos nossos militares ? De que falavam as cartas e aerogramas em tempo de guerra ?
Enfim, questões a que interessaria responder para melhor se conhecer o nosso quotidiano. Questões que um dia poderão interessar os nossos historiógrafos. Questões que, para já, suscitam a nossa própria curiosidade... Daí termos realizado estas duas singelas "sondagens", tirando partido das funcionalidades disponibilizadas pelo nosso servidor, o Blogger.
Segundo a biografia de Cecílio Supico Pinto, fundadora, ideóloga e líder do Movimento Nacional Feminino (MNF), criado em 1961, a campanha das Madrinhas de Guerra data de 1963, e foi uma das mais bem sucedidas iniciativas do MNF (Vd. Sílvia Espírito Santo - Cecília Supico Pinto: O rosto do Movimento Nacional Feminino. Lisboa, Esfera dos Livros, 2008).
Qual era o papel socialmente desejado da madrinha de guerra ?
"A madrinha de guerra escreve ao seu afilhado pelo menos todas as semanas. E, ao passo que as cartas de casa são tanta vez deprimentes e lamentosas (a queixarem-se das saudades que têm, das dificuldades que passam, do receio que sentem pela segurança do rapaz), as cartas da madrinha de guerra procuram ser sempre agradáveis, versando os assuntos que mais possam interessá-los. A madrinha de guerra sabe que é importante distrair o seu afilhado.
"E sabe que não basta distraí-lo: que é tanbém necessário fortificar-lhe a coragem, transmitir-lhe confiança, torná-lo psicologicamente mais apto para bem cumprir - e cumprir com satisfação" (Presença, revista do MNF, nº 1, 1963, pp. 36-37, citado por Espírito Santos, 2008, pp. 78).
Notas do editor
(...) Primeiro, a da madrinha de guerra residente em Lisboa que nunca cheguei a conhecer por culpa minha, pois quando faltavam duas semanas para o meu regresso, deixei de lhe dar resposta. Razão nenhuma. Só o que ainda existe aqui em casa, que pode confirmar o que digo, esta foto [, à esquerda,] que tem a dedicatória ao afilhado da madrinha amiga Helena, que envio para embelezar a mensagem [, vd. imagema a seguir].
Com a correspondente, também houve um interregno entre 1966 e 1969, mas, como 1969 estive na Alemanha e sabendo que ela lá se encontrava, resolvi recomeçar a troca de correspondência no que fui bem recebido. Encontrei-me com a Paquita algumas vezes na cidade de Mainz, onde a visitava aos fins de semana, já que eu estava em Dusseldorf. Se já éramos amigos, mais amigos ficámos.
Após o meu regresso a Portugal, ainda esteve combinado um encontro, que devido a um acidente quando a Paquita se dirigia ao nosso País, [não se chegou a realizar]. Desfez o coche e assim se desfez o encontro, possivelmente também por culpa minha, por se aproximar a data do meu casamento, os contactos tiveram fim. (...)
Outros postes sobne este tema, a título meramente exemplificativo:
16 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2543: As Nossas Madrinhas de Guerra (2): Minha querida Madrinha de Guerra (José Teixeira)
Guiné 63/74 - P8294: As nossas mulheres (12): A presença das esposas em teatro de guerra (Joaquim Mexia Alves)
Caros camarigos editores
Envio um texto que acabei de escrever, relacionado com a presença das mulheres esposas na Guiné.
Fica como sempre ao vosso discernimento a sua publicação.
Se publicado, agradeço que chamem a atenção para a parte a negrito e sublinhado, porque é disso mesmo que se trata e não quero, nem é essa a minha intenção que alguém se sinta "ofendido" ou criticado.
Um abraço forte e camarigo do
Joaquim Mexia Alves
A PRESENÇA DAS MULHERES ESPOSAS EM TEATRO DE GUERRA
Ao ler todos estes textos sobre as mulheres e as suas diversas ligações com a guerra porque passámos, vem sempre à minha memória a “duplicidade” de sentimentos que vivi na Guiné, provocada pela minha maneira de estar na vida, perante a presença de mulheres junto dos seus maridos militares.
Não estou a criticar essas decisões, nem o facto de algumas terem estado com os seus maridos, por vezes em sítios sem condições, e demasiado perigosos.
Aliás, tivemos duas ou três situações dessas no Xitole, que aceitei de bom grado, (também não tinha que aceitar ou não), nem as critico repito, mas não deixo de referir, que essas situações sempre me dividiram em pensamento.
Explico aquilo que quero dizer.
É que na maioria esmagadora dos casos, essas senhoras, eram mulheres de oficiais superiores, de oficiais e furriéis milicianos e de sargentos do quadro.
Não tenho conhecimento que nenhum soldado tenha tido a possibilidade de ter tido consigo a sua mulher na Guiné, e refiro-me obviamente às unidades em quadrícula.
Ora isto fez-me sempre muita confusão, pois provocava em mim um sentimento de desigualdade dificilmente explicável.
E se, em unidades militares que estivessem sediadas em povoações maiores, a possibilidade da instalação dessas senhoras fora do aquartelamento era possível, já noutros locais era totalmente impossível, e assim elas tinham que permanecer no quartel.
Ora isto também levava a uma constante contenção nos gestos, nas palavras, nas atitudes e como tal, a uma vigilância pessoal de cuidados, a somar ao desgaste das actividades próprias da guerra que se travava.
Era com certeza também uma situação que levava muitos soldados casados, (casava-se cedo em Portugal nesses tempos), a sentirem que afinal havia diferenças não só de hierarquia militar, mas também de igualdade de oportunidades, e que eu ouvi algumas vezes de alguns militares.
Sei que aquilo que escrevo pode ser polémico, e peço que entendam que não estou a criticar os meus camarigos que tiveram com eles as suas mulheres, e muito menos, obviamente, essas senhoras, que corajosamente se dispuseram a acompanhar os seus maridos na guerra.
Mas este assunto sempre provocou em mim esta reacção, e já que estamos a falar entre camarigos, e tratando de “resolver” os nossos sentimentos em relação à guerra e tudo o que lá se passou, decidi correr o risco de me expor à polémica, porque pode ser que “ouvindo” outras experiências, consiga fazer as “pazes” com essas memórias ainda não resolvidas.
Um abraço forte e camarigo para todos
Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 18 de Maio de 2011
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 13 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8269: (Ex)citações (138): Ainda o caso das fotografias das bajudas (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 13 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7426: As nossas mulheres (13): Mulher é ...mulher (José Brás)
Guiné 63/74 - P8293: Convívios (340): 12.º Encontro do pessoal da CCS/BCAÇ 1861, dia 10 de Junho de 2011 em Viseu (Júlio César)
Realiza-se no próximo dia 10 de Junho, em Abraveses, Viseu o 12º Encontro/Convívio da CCS do BCAÇ 1861 que esteve na Guiné em 1965 a 1967.
O almoço será no Restaurante Hipólito, local onde faremos a concentração a partir das 11.00 horas da manhã.
Não ter esqueças de trazer as tuas fotos, porque como com o passar do tempo, as memórias também se esbatem e nada melhor para as reavivar que ver as fotografias daqueles tempos conturbados.
Todos os interessados em participar neste convívio devem contactar
Boaventura Videira, através do Telemóvel 964 534 332
Contamos contigo
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 15 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8277: Convívios (333): Pessoal da BCAÇ 3863 e CCAÇ 16, ocorrido no dia 30 de Abril de 2011 na Mealhada (José Romão)
Guiné 63/74 - P8292: Cerimónia Comemorativa do 50.º Aniversário da Escola de Fuzileiros, dia 3 de Junho de 2011
Solicita-se informação e divulgação.
Cumprimentos,
mls
Guiné 63/74 - P8291: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (7): Agradecimento pelas palavras simpáticas que me foram dirigidas (Maria Dulcinea)
Desde já dirijo-me a todos os Camaradas e amigos da Guiné da nossa Tabanca Grande para manifestar a Honra em ter sido convidada para pertencer a tão distinto Grupo de Homens e Mulheres que de uma forma ou de outra, obrigados ou voluntários fizeram parte de uma era que ficará para sempre na História de Portugal.
Agradeço ainda os comentários saudáveis feitos no blogue à minha incursão por terras da Guiné.
Na verdade têm razão, pois que houve uma boa dose de irresponsabilidade nossa em eu ter ido para Bissorã com o meu filho Miguel de dois anos, e ainda porque, se calhar alguns se lembrarão, já nessa altura andava a ser gizada a invasão pelo PAIGC à Guiné.
Contava-me o Henrique que tinha recebido directrizes no sentido de adaptar a "Dreyse” com mira anti-aérea, e alguma informação sobre os Mig 21, o que na realidade lhe dava um gozo muito grande, porque era ridícula a situação, ele até dizia: - Tenho Dreyse, tenho balas, só não tenho é miras. Eu sinceramente aprendi a dar uns tiritos com a G3 mas não fiquei fã dela, usando-a só para a fotografia.
Após esta divagação passemos então à aventura e digo "aventura" porque se não existir alguma na nossa vida, esta torna-se muito insossa, mas também se tratou no essencial de Amor e Companheirismo e assim sendo, "pés ao caminho" que é como quem diz avião e Bissorã. Mais tarde conto a odisseia com praga de gafanhotos e tudo em Bissau.
Aprendi muito com o povo de Bissorã assim como com a camaradagem "possível" entre militares no Natal de 1973 com o meu marido a festejar o Natal e a provável porrada aplicada ao Henrique (já narrada no poste P2356** deste blogue referente ao Natal da Guiné) com aletria, rabanadas e tudo que foi possível arranjar na época.
Aprendi também a gostar de mangas, papaias, mancarra, figo de cajus, etc.
Apanhei uns sustos com os ataques a Bissorã. Lembro-me com saudade de um amigo nosso, o Cabo Mecânico da CCAÇ13 de nome AZEVEDO que era da região de Lisboa que num desses ataques a Bissorã, ao correr junto com o Henrique para a nossa tabanca, caiu numa vala e abriu o maxilar com alguma gravidade.
Tenho muita saudades do nosso amigo INHATNA BIOFA que era um rapazinho de 16 anos que acompanhava sempre o Henrique desde o Biambe. Era um jovem de grande carácter e aqui faço um parêntesis para contar uma história muito simples do Inhatna.
Certo dia estávamos todos à mesa a almoçar com o Inhatna como sempre e poisaram duas moscas na mesa. Ora o Henrique pega num utensílio para matar as moscas. De imediato o Inhatna diz: - Furiel... Furiel não mata, elas (as moscas) só estão a falar e já vão embora...
Nós ficamos parados a pensar no forte sentimento humano e a força de carácter do Inhatna pois que ele o fazia com todos os animais incómodos, nunca matava, só enxotava. E é nestas coisas tão simples que se aprende a ver as importantes. Esta história é muito simples mas eu jamais a esqueci assim como ao nosso amigo INHATANA BIOFA.
Bom. Já chega por agora e já vai longa a escrita, mas são vocês os culpados que pediram. Mais tarde narrarei outras histórias mas só de acontecimentos agradáveis e engraçados só foi possível viver naquela altura, naquela situação e no país que foi, a Guiné.
Um beijo para todos os Tertulianos e Camaradas da Guiné e uma saudação muito especial para todos e todas que já não estão fisicamente entre nós.
NI (Maria Dulcinea Rocha)
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8281: Tabanca Grande (283): NI (Maria Dulcinea Rocha), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que com o filhote de ambos se pôs a caminho de Bissorã onde fez companhia ao marido nos anos de 1973 e 1974
(**) Vd. poste de 17 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2356: O meu Natal no mato (2): Bissorã, 1973: O Milagre (Henrique Cerqueira, CCAÇ 13)
Guiné 63/74 - P8290: In Memoriam (79): Teresa Reis (1947-2011). Agradecimento do nosso camarada e amigo Humberto Reis
Aqui fica, a seguir, a mensagem, com data de hoje, que ele me fez chegar. LG
Nota do editor:
Último poste da série > 15 de Maio de 2011> Guiné 63/74 - P8279: In Memoriam (78): Teresa Reis (1947-2011), companheira de uma vida do nosso querido Humberto Reis: vamos dizer-lhe adeus, 2ª feira, 16, às 13h30 (na casa mortuária da Igreja Paroquial da Buraca) e às 14h30 no cemitério municipal da Amadora