domingo, 12 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (70): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)

1. O nosso Camarada Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Reformado, não se lembrou de escrever "coisa" melhor e enviou-nos, textualmente, a mensagem sobre a nossa presença "bloguista" nas cerimónias do 10 de Junho de 2011, em Belém, que se insere neste poste, e eu, Magalhães Ribeiro, também não. Assim, com os melhores agradecimentos ao Miguel aqui vai ela:



A nossa malta no 10 de Junho, em Belém


Camaradas,


Contrariando as ordens do redactor-chefe, não fiz reportagem escrita da cerimónia de 10 de Junho em Belém deste ano, pois seria um pouco fazer Copy/Paste de anos transactos, por isso preferi dedicar-me mais à fotorreportagem, realçando a presença de alguns tabanqueiros.


Não estarão todos ou porque não foram vislumbrados/reconhecidos ou porque a máquina não estava preparada no momento...


Na realidade um dos pontos mais importantes desta cerimónia é o convívio entre antigos combatentes e a alegria que emana desses encontros - uns que se vão vendo uma vez por ano nesta data, outros que se reencontram ao fim de 40 anos...


Mesmo que seja despedido da função de repórter de campo, lá estarei para o ano - é que este é um momento que não costumo perder...


Quanto ao facto de a Giselda aparecer demasiadas vezes nas fotos - que diabo! - também estava a fazer a reportagem para nós! Agora escolham...


Abraço.


Giselda e Miguel


PS: Se precisarem de ajuda na identificação dos fotografados eu poderei ajudar em muitos, mas estou convencido que vocês já os conhecem melhor do que eu! E o editor Eduardo Magalhães Ribeiro, que esteve presente, poderá ter uma palavrinha a dizer...



Da direira para a esquerda: José Colaço, Jorge Canhão e a sua bajuda, Maria de Lurdes, mais a nossa camariga Giselda...
 
Da direita para a esquerda: Fernando Chapouto, Mário Fitas.  Mário Gualter Rodrigues, e outro camarada que não identifico



Giselda, Miguel, Maria de Lurdes e Jorge Canhão

Luís Moreira, J. L. Vacas de Carvalho e Alfero Cabral (da esquerda para a direita)




Da esquerda para a direita: Mário Fitas, Jorge Cabral, Fernando Chapouto, Fernando Franco e um camarada que não identifico...


Quem é quem ? Eduardo, são "páras" (boinas verdes)...



Da esquerda para a direita, dois bambadinquenses, Luís Moreira e António Fernando Marques


Da esquerda para a direita, Mário Fitas, um camarada que não identifico, o Jorge Cabral, a Giselda e o Eduardo MR, o nosso co-editor de serviço no 10 de Junho, em Belém


 Giselda mais dois valorosos combatentes que vieram de Leiria, Agostinho Gaspar e  Vitor Caseiro


Giselda e o Virgínio Briote


O António Paiva e a Giselda




A Manela e o José Marcelino Martins


 Fotos: Miguel Pessoa / Legendas: L.G.
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Nota de M.R.:



Vd. último poste desta série em:

 

Guiné 63/74 - P8409: As mulheres que, afinal, foram à guerra (15): Filme do dia: Quem Vai à Guerra (Diana Andringa)

1. Mensagem da nossa tertuliana Diana Andringa, Jornalista e Cineasta, com data de 11 de Junho de 2011:

Filme do dia: «Quem Vai à Guerra»

O novo documentário de Marta Pessoa apresenta um olhar diferente sobre a Guerra Colonial, focando a atenção não nos soldados mas nas mulheres que por eles ficaram à espera.

 
Depois de mostrar a realidade dos idosos isolados nas casas antigas de Lisboa em «Lisboa Domiciliária», Marta Pessoa foca a atenção do seu novo documentário na Guerra Colonial. A realizadora apresenta assim o seu filme:



«Entre 1961 e 1974, milhares de homens foram mobilizados e enviados para Angola, Moçambique e Guiné-Bissau para combater numa longa e mal assumida guerra colonial. Passados 50 anos desde o seu início,  a guerra é, ainda hoje, um assunto delicado e hermético, apoiado por um discurso exclusivamente masculino, como se a guerra só aos ex-combatentes pertencesse e só a eles afectasse.
No entanto, quando um país está em guerra, será que fica alguém de fora? «Quem vai à Guerra» é um filme de guerra de uma geração, contada por quem ficou à espera, por quem quis voluntariamente ir ao lado e por quem foi socorrer os soldados às frentes de batalha. Um discurso feminino sobre a guerra».

Já está online o trailer de «Quem Vai à Guerra», um documentário de Marta Pessoa que incide na Guerra Colonial portuguesa.

No ano em que se assinala o cinquentenário do início da Guerra Colonial (1961-1974) é ainda bastante evidente que a Guerra continua a afectar muito directamente os seus ex-combatentes.  O universo militar que sustenta uma guerra é tradicionalmente dominado por homens. O país que Portugal foi entre 1961 e 1974 era dominado politicamente por homens. Mas terão ficado as mulheres fora desta guerra colonial? Não estão também as mulheres em guerra, mesmo quando esperam?  

As mulheres dos soldados portugueses estiveram na guerra, viveram-na, em forma de receios e palavras escritas em aerogramas censurados, ou na descoberta de terras e modos de vida diferentes, com a urgência e o medo a marcar-lhes o quotidiano. 

Para o grupo de 46 enfermeiras pára-quedistas, únicas mulheres militares, a realidade era a da experiência directa da guerra, dos ataques, das evacuações, das mutilações e mortes dos soldados que ao longo desses 13 anos de guerra socorreram.

Há nestas mulheres uma história da guerra colonial portuguesa.

«Quem Vai à Guerra» recria em estúdio, a partir dos objectos, fotografias e ambientes mais marcantes destas memórias femininas, um espaço de apresentação de testemunhos, onde as mulheres partilham as suas histórias de guerra. 

[Artigo retirado do site www.c7nema.net]

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Notas de CV:

- Quem Vai à Guerra estreia nos cinemas no dia 16 de Junho,  nas cidades de:

Lisboa, Cinema Cirty Classic Alvalade
Porto, Zone Lusomundo Mar Shoping
Aveiro, Zon Lusomundo Fórum Aveiro


FICHA TÉCNICA

Realização > Marta Pessoa
Direcção de Fotografia > Inês Carvalho
Cenografia > Rui Francisco
Montagem > Rita Palma
Direcção de Som > Paulo Abelho, João Eleutério e Rodolfo Correia
Maquilhagem > Eva Silva Graça
Marketing e Comunicação > Fátima Santos Filipe
Direcção de Produção > Jacinta Barros
Produtor > Rui Simões
Produção > Real Ficção

- Vd. postes de:

9 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8249: Agenda cultural (122): Sexta feira, 13, estreia, em Lisboa, do documentário Quem vai à guerra, de Marta Pessoa: as histórias do heroísmo (invisível, no feminino) que ficaram por contar

28 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8340: As mulheres que, afinal, foram à guerra (14): Mais de um terço de uma amostra (de conveniência) dos nossos leitores tenciona ver o filme de Marta Pessoa, em breve no circuito comercial

Guiné 63/74 - P8408: No dia 10 de Junho de 2011, Leça da Palmeira homenageou os seus mortos em campanha na Guerra do Ultramar (Carlos Vinhal)

1. Numa cerimónia simples mas emotiva, no dia 10 de Junho, Leça da Palmeira prestou homenagem aos seus nove filhos caídos em campanha na Guerra do Ultramar.

Numa iniciativa conjunta de quatro ex-combatentes da Guiné, Junta de Freguesia de Leça da Palmeira e Núcleo de Matosinhos da Liga do Combatentes, a cerimónia, bastante participada, decorreu de acordo com o seguinte programa:


10H25- Concentração em frente ao edifício da Junta de Freguesia.

10H30- Içar da Bandeira Nacional na Junta de Freguesia.

10H45- Cerimónia no Cemitério de Leça da Palmeira – Talhão Militar da Liga dos Combatentes (Presente Porta-Guião da Liga dos Combatentes):

- Alocução por um ex-Combatente do Ultramar
- Alocução pelo Presidente do Núcleo da Liga dos Combatentes de Matosinhos
- Alocução pelo Presidente da Junta
- Deposição de coroa de flores no Talhão Militar, seguido de 1 minuto de silêncio;
- Terno de Clarins executa Toque de Homenagem aos Mortos.
- Fim da cerimónia.

Seguem-se algumas fotos do acontecimento

Hastear da Bandeira de Portugal na Junta de Freguesia de Leça da Palmeira pelo ex-Combatente da Guiné, ao serviço da Marinha,  Manuel Tavares de Sousa.

Chegada ao Cemitério n.º 1 de Leça da Palmeira após a cerimónia do hastear da Bandeira na Junta de Freguesia. À frente, da esquerda para a direita: António da Costa Maria e Ribeiro Agostinho, ex-Combatentes da Guiné; Ten Cor Armando da Costa, Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes; Dr. Pedro Sousa, Presidente da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, e José Oliveira, ex-Combatente da Guiné. Logo atrás: Carlos Vinhal, ex-Combatente da Guiné e senhor Oliveira e Silva, Presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça.

Momento em que o ex-Combatente Ribeiro Agostinho usava da palavra em nome dos seus camaradas. À direita o Sargento Ajudante Oliveira, da Liga dos Combatentes, que foi apresentando a sequência da cerimónia; Guião da Liga dos Combatentes e elementos da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça que executaram os toques.

Ten Cor Armando Costa no momento do seu discurso

Dr. Pedro Sousa que enalteceu o esforço de uma geração que generosamente respondeu ao chamamento da Pátria.

Um aspecto dos presentes. Em primeiro plano, a partir da esquerda: Ribeiro Agostinho; Dr. Pedro Sousa; José Francisco Oliveira; senhor Oliveira e Silva, e,  Comandante da Capitania do Porto de Leixões.

Guião da Liga dos Combatentes (Núcleo de Matosinhos), seguro pelo nosso camarada Luís, ex-Tenente da FAP, que cumpriu a sua comissão em Angola.

Um aspecto dos presentes

O momento em que o Dr. Pedro Sousa depositava uma coroa de flores no Talhão Militar.

Talhão Militar existente no cemitério de Leça da Palmeira

[Fotos de Carlos Vinhal, António Maria/Ribeiro Agostinho e enviadas pelo Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes]
[Legendagem das fotos - Carlos Vinhal]

sábado, 11 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8407: Agenda Cultural (132): Colóquio/Debate - Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações, dias 14 e 15 de Junho de 2011, no Auditório do CIUL; CES-Lisboa (Forum Picoas-Plaza) (José Barros)

1. Mensagem do nosso camarada José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 11 de Junho de 2011:

Amigo Carlos Vinhal
Nos próximos dias 14 e 15 vai realizar-se no Fórum Picoas um Colóquio /Debate Sobre:

Os filhos da Guerra Colonial:
Pós-memórias e representações


Este trabalho de pesquisa foi realizado pela UC sobre a orientação da investigadora Professora Doutora Margarida Calafate Ribeiro.

Eu, e as minhas filhas também demos algum contributo para este trabalho.

Envio o programa do Colóquio.

Será que isto tem algum interesse de publicação? Tu melhor do que ninguém saberás o que fazer.

Um grande abraço
José Barros





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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)

Guiné 63/74 - P8406: Agenda Cultural (131): Lançamento do livro Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, dia 15 de Junho de 2011, pelas 19 horas, no Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza, Lisboa (José Brás)

1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 9 de Junho de 2011:

Caro amigo e companheiro
Junto aqui material que poderá ser usado como informação se achares que vale a pena.

Na Antologia está um poema meu, o que me agradando pessoalmente, direi que a sua inclusão se deve também ao prestigio do blogue, da Tabanca Grande e dos seus editores.

Abraço fortíssimo
José Brás



É com muita alegria que as Edições Afrontamento e os investigadores Margarida Calafate Ribeiro (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) e Roberto Vecchi (Universidade de Bolonha) o vêm convidar para participar na sessão de lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial, com participação de Joaquim Furtado.
 

O lançamento realizar-se-á nas instalações do CES - Lisboa, Auditório do CIUL, no próximo dia 15 de Junho, pelas 19 horas e está integrado no Colóquio/Debate "Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações" (14 e 15 de Junho).

Auditório CIUL / Forum Picoas Plaza
Rua Viriato, 13
1050-227 Lisboa
Telef. 216012848
E-mail: ceslx@ces.uc.pt

Apresento os meus melhores cumprimentos,
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8390: Agenda Cultural (130): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (3) (Carlos Cordeiro)

Guiné 63/74 - P8405: Memórias de Mansabá (25): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - Operação Nestor

1. Mensagem de António Dâmaso, Sargento-Mor da FAP na situação de Reforma Extraordinária, com data de 9 de Junho de 2011:

Ao Editor e Co-editores os meus cumprimentos.
Mando à atenção de Carlos Vinhal mais uma recordação de Mansabá.
Um Ab
Dâmaso


RECORDAÇÕES DE MANSABÁ (3)

OPERAÇÃO “NESTOR”

Zona de, Choquemone, onde desenrolou a Operação “Nestor”em 20JUH69

Com base nas informações obtidas a um dos prisioneiros capturados uma semana antes na Operação ”Orfeu”, foi planeada a operação “Nestor”. O prisioneiro dizia existir um acampamento na mata entre Insumeté e Infaíde, mais uma vez a CCP 122 a 3 GComb foi helicolocada em 20 de Junho de 1969, cerca das 08,40. A primeira vaga de 40 homens, sendo a segunda vaga de mais 40 colocada cerca de 25 minutos mais tarde, um pouco mais a sul da mesma bolanha.

Formação de Hélis partindo para uma operação (Foto de A Martins álbum de memórias do BCP 12)

Mais uma vez fui na segunda vaga. Quando se deu a reunião da Companhia estava o prisioneiro a levar um “tratamento”, para ver se espevitava uma vez que se mostrava desorientado, a meu ver não era caso para menos porque que tinha sido levado e trazido de helicóptero, fartamo-nos de andar às voltas com os “turras” sempre a chatear-nos, lá andava o Heli-canhão a tentar mantê-los à distância, atravessámos a mata entre as duas bolanhas, encontrámos um acampamento abandonado, onde foram encontradas munições, granadas, medicamentos e grande quantidade de artigos diversos.

Travessia de uma bolanha (Foto de Albano Martins Álbum de memórias do BCP 12)

Por volta das 16 horas a sul da bolanha de Infaíde foram encontradas pequenas barracas individuais no tarrafo numa pequena ilhota, estas continham grandes quantidades de armamento e equipamento.

Para alcançar a citada ilhota tivemos de atravessar braços do rio Bipo, com água pelo peito, aquilo era uma zona de muita água, à parte a água havia ainda umas espinheiras muito afiadas que nos rasgavam tudo que lá tocava.

Páras em terreno difícil (Foto de Albano Martins Álbum de memórias do BCP 12)

Foi aqui que apanhei os meus primeiros “despojos de guerra” que foram: 1 cantil, um cinturão com fivela de chapa com a foice e martelo em relevo, um boné de pala do tipo chinês, e um estojo de faca garfo e colher, a faca perdi-a em Nampula, restam a colher e garfo com abre-latas e saca-rolhas porque nunca lhes dei uso, os restantes objectos já não existem desgastaram-se pelo uso, era um estojo bastante adiantado para a época, devia pertencer a algum comandante.

Foto do Estojo com colher e gafo

Foto do pormenor da marca, País do Leste?

Os guerrilheiros continuaram a flagelar-nos, era sol-posto quando a Operação foi dada por concluída, regressamos a Bissalanca com o material capturado.

Uma recuperação Héli (Foto Álbum de memórias do BCP 12)

Durante a operação foram abatidos dois guerrilheiros e capturados outros dois sendo um o chefe do grupo de Iracunda. Em vez de mencionar aqui todo o material capturado, resolvi expor a foto do mesmo.

Material capturado pela CCP 122 na Operação “Nestor” em 20/JUN/69 (Foto H BCP 12)

E foi mais uma operação em que participei sem dar um tiro.

No mesmo dia o Alf. Pára-quedista Armindo Calado, pertencente à CCP 121 que estava em Teixeira Pinto, foi morto em combate na região do Bachile.

Sentimos sempre a morte dos camaradas de armas, mas uns mais que outros conforme seja a nossa proximidade. Com o Alf. Calado tinha criado laços de amizade por ter convivido de perto com ele durante os dias e algumas noites, que durou Instrução de Combate 2/68, com início em 17JUN68 até 07SET68, pois tinha sido monitor no pelotão dele. Depois eles foram mobilizados e eu ainda fiquei a dar a Escola de Recrutas 3/68 que teve inicio em 16SET68.

A 28JUN69 fui com a CCP 122 para Teixeira Pinto via auto e no dia 08JUl69, fui de Teixeira Pinto para Bafatá integrando a CCP 123 (1), tendo passado por Bafatá, Galomaro e Dulombi.

(1) Tratou-se de uma Companhia a 3 GCOMB que estava mobilizada para Angola, mas foi enviada para a Guiné em reforço durante 3 meses passando a denominar-se CCP 123, no final as praças foram integradas nas CCP 121 e CCP 122 e os graduados seguiram o seu destino para Angola.

Saudações Aeronáuticas
Dâmaso
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8171: Memórias de Mansabá (13): Recordações de António Dâmaso, Sargento-Mor Pára-quedista - O baptismo de fogo na Guiné

Guiné 63/74 - P8404: Efemérides (51): No dia 10 de Abril de 2011, Loures homenageou os seus combatentes (José Martins)

Recebemos do nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) esta reportagem referente à Homenagem que Loures prestou aos seus Combatentes no dia 10 de Abril de 2011.



HOMENAGEM EM LOURES

Com a chegada da manhã, do dia 10 de Abril de 2011, chegava o dia “D”, ou melhor, dia “H”, de homenagem.

Tudo começara com o envio em 1 de Março, de um texto, datado de 23 de Fevereiro anterior, sobre o Monumento aos Mortos da Grande Guerra, do Concelho de Loures, para as páginas de Luís Graça e Camaradas da Guiné (publicado em 4 de Março (Post 7897) e Ultramar Terra Web (publicado em 2 de Março), cujo texto também foi enviado aos Presidentes das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas e Presidente da Liga dos Combatentes (anteriormente, Liga dos Combatentes da Grande Guerra).

Foi o Presidente da Câmara Municipal de Loures que, delegando no seu Chefe de Gabinete, Senhor António Baldo, e no seu Assessor, Senhor António Maurício, deu início à organização dessa homenagem.

Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures.
Inaugurado em 8 de Dezembro de 1929
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Quando nos encontramos, por convite telefónico dos mesmos no dia 1 de Abril, já tinham esquematizado a cerimónia, que, por deferência, não queriam dar como concluída sem trocar impressões connosco.
A partir desse momento, como havíamos escrito no final do texto já referido, tínhamos a certeza de que não estaríamos sós.

À chegada, fui informado pelo Assessor Sr. António Maurício que, por sugestão sua e prontamente aceite pelo Presidente da Câmara, competiria ao proponente da homenagem, proceder ao hastear da Bandeira Nacional, bandeira essa pela qual, quarenta anos antes, tinha combatido nas matas da Guiné.

A Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Loures, sob a direcção do Maestro Hélio Salsinha Murcho, executou o Hino Nacional, ao som do qual a Bandeira das Quinas subiu no mastro principal dos Paços do Concelho.

Chegada da Banda dos Bombeiros Voluntários de Loures, frente aos Paços do Concelho.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Depois deste acto solene e, já junto ao monumento, tomaram lugar os senhores António Baldo, Chefe de Gabinete da Presidência e em representação do Presidente da Câmara, o vereador Paulo Piteira, o presidente da Junta de Freguesia de Camarate, Arlindo Cardoso, a representação da Liga dos Combatentes composta pelo seu presidente, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues e o Secretário-Geral, Coronel Adalberto Travassos Fernandes, José Marcelino Martins, sócio da Liga dos Combatentes e antigo Combatente na Guiné, representantes da Policia de Segurança Pública e Guarda Nacional Republicana. As Corporações de Bombeiros fizeram-se representar com os seus Estandartes e Guiões, estando presentes, alem da Corporação de Loures, as Corporações de Fanhões. Moscavide-Portela, Sacavém e Camarate, demais convidados, representando as forças vivas do Município, assim como muito público.

O Reverendo Padre João Fernando Bento Inácio, que representava a Igreja Católica e a Paroquia de Santa Maria de Loures, proferiu uma oração pelos Soldados de Portugal caídos em defesa da Pátria, lembrando que o seu esforço e sacrifício seriam lembrados pelas gerações vindouras, como acontecia naquele momento.

Aqui também é de referir que, muitos sacerdotes foram incorporados nas nossas forças armadas, fazendo parte de diversas unidades, tendo como missão não só manter uma presença espiritual junto das tropas, mas também, com a sua palavra e sua amizade, ajudá-los a cumprir a sua missão de combatentes. Eles também corriam risco como os restantes militares, dado que percorriam os diversos destacamentos, ficando sujeitos à perigosidade do momento, e, muitos deles, recusavam, pura e simplesmente, serem portadores de arma, mesmo de defesa pessoal.


O Reverendo Padre João Fernando Bento Inácio a proferir a sua Oração.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Seguiu-a uma homenagem à Mulher Portuguesa que, ao longo da nossa história, sempre esteve ao lado dos militares. Não posso esquecer, sobretudo nesta altura, o caso de minha Mãe que, com seis anos de idade se despediu do pai, quando este embarcou para França, integrado Batalhão do Regimento de Infantaria nº 7 de Leiria, do Corpo Expedicionário Português, e que, aos sessenta anos vê partir um dos seus filhos para a Guiné, para integrar a Companhia de Caçadores nº 5, da guarnição provincial.

“ Exmªs. Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Caros Combatentes

Antes de prestarmos a nossa homenagem aos camaradas que, ao longo da nossa história tombaram em defesa da Pátria Portuguesa, não queremos deixar de homenagear, aqui e agora, a mulher portuguesa, na figura da Mãe, da Esposa, da Noiva, da Irmã, da Madrinha de Guerra, que sempre foram o apoio incondicional do combatente.

• Foram Elas que, no cais de embarque acenaram o lenço de despedida;
• Foram Elas que, no silêncio da noite, chorando, rezaram por todos e cada um de nós;
• Foram elas, muitas delas, que, com o coração desfeito, receberam a fatídica notícia;
• Foram elas que, com as suas cartas e aerogramas, alimentaram a nossa esperança no regresso;
• Foram elas que, quando regressamos nos ajudaram a encontra o caminho, pois tínhamos perdido o rumo da vida.

José Marcelino Martins, antigo combatente, lendo o seu texto de homenagem à Mulher Portuguesa.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Prestemos também homenagem à mulher enfermeira, às Damas Enfermeiras que, durante a Grande Guerra permaneceram à cabeceira dos feridos e doentes, e às Enfermeiras Pára-quedistas, que na Guerra de África, sempre que solicitadas, desceram do céu ao campo de batalha, qual Anjo da Guarda, trazendo a esperança de vida, quando a morte tentava levar mais um camarada.

A Elas, às Mulheres que nos acompanharam em campanha e às Mulheres que nos acompanharam ao longo da vida, enfim, às nossas queridas Mulheres, o nosso terno e eterno reconhecimento.
Bem hajam!”

Cabe aqui, invocar numa breve resenha histórica a constituição da Liga dos Combatentes, anteriormente designada por Liga dos Combatentes da Grande Guerra. A ideia surge logo após o Armistício e o regresso dos combatentes à Pátria que, animados um forte espírito de fraternidade, sentem a necessidade de se associarem, não só para uma melhor defesa dos seus interesses, mas também para ajudarem os camaradas mais necessitados, assim como as viúvas e órgãos de guerra.

A tentativa feita por João Jayme de Faria Affonso, em 1919, sai gorada, mas não desiste. Em 1921, em conjunto com o 1º Tenente Horácio Faria Pereira e o Tenente Joaquim de Figueiredo Ministro, unem esforço para dar forma e constituir a Liga que, com o apoio dos Tenentes-Coroneis Ferreira do Amaral e Francisco Aragão conseguem, no ano de 1923, realizar uma reunião com diversos combatentes, de onde saem os primeiros corpos directivo.

A Liga dos Combatentes da Grande Guerra é oficializada em 29 de Janeiro de 1924 (Portaria nº 3888) e o seu estandarte aprovado e autorizado o seu uso em cerimónias oficiais em 16 de Março de 1929.

O representante da Direcção Central de Liga dos Combatentes, usando da palavra.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Depois desta breve memória, retomemos a cerimónia que teve a intervenção do Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, Tenente General Joaquim Chito Rodrigues que, falando de improviso, realçou a “instituição que se bate pelos valores históricos e pelo apoio e garantia dos direitos aos mais necessitados, destacando que a associação conta com 93 núcleos”, distribuídos pelo país e estrangeiro tendo, também, “realçado a acção do Combatente Português ao longo do século XX, na Grande Guerra, na Guerra do Ultramar e nas Missões de Paz, lançando um apelo para a criação de mais um Núcleo da Liga e o levantamento de um Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, na cidade ou na região”.

Recuperou o último capítulo do texto acima referido “Se mais ninguém estiver presente, eu, pelas 11 horas da manhã do dia 10 de Abril deste ano, no dia seguinte ao Dia do Combatente, deixarei junto ao monumento que perpetua a presença dos Portugueses na Grande Guerra na Europa e em África, uma flor e a minha oração em memória dos que tombaram pela Pátria desde 1139, desde a vitória de D. Afonso Henriques na batalha de Ourique”, terminando a sua intervenção com um poema de Sofia de Mello Breyner:

“Nem terror
Nem lágrimas
Nem tempo
Me separarão de ti
Que moras para além do vento”.

Vivam os Combatentes por Portugal, Viva Portugal!

O orador seguinte foi António Baldo, Chefe de Gabinete da Presidência da Edilidade que, dirigindo-se às entidades convidadas e demais pessoas presentes, disse:

“Em primeiro lugar quero que saibam que é uma honra estar aqui, hoje e agora, nesta simples mas significativa cerimónia, a representar o Senhor Presidente da Câmara, o Engenheiro Carlos Teixeira.
“…AQUELES QUE POR OBRAS VALOROSAS, SE VÃO DA LEI DA MORTE LIBERTANDO…”, escreveu Camões na intemporal obra “Os Lusíadas”, traduzindo o Valor e o Heroísmo dos homens que se imortalizaram na construção e na conquista de novos mundos e na defesa da Pátria.

Recordamos, hoje, a memória daqueles que enfrentando as dificuldades e privações, culminaram a sua dádiva com a maior entrega que um homem pode fazer: O SACRIFICIO DA PRÓPRIA VIDA!
Exalto, também, a solidariedade entre irmãos de armas, e convido-vos a elevar o pensamento para todos os militares que representaram e defenderam Portugal e a sua independência naquela que então foi chamada como a Grande Guerra.

Saudemos o extraordinário sentido de Missão, e de cumprimento do Dever, dos Militares Portugueses que, agora como nesse tempo, cumprem as obrigações decorrentes das determinações do poder político.

O Chefe de Gabinete, em representação do Presidente da Câmara de Loures, proferindo a sua alocução.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Os Militares Portugueses são reconhecidos internacionalmente, alvo dos mais rasgados elogios dos nossos aliados e, sobretudo, credores do integral respeito de toda a comunidade nacional.

Foram treze anos, em África, em que as Forças Armadas Portuguesas estiveram envolvidas numa guerra que terminou. A liberdade que então chegou pôs fim a uma terrível época, mas que deixou, em terras de África, honra e brilhantismo fundamentais para o reconhecimento e abertura a uma cooperação fraterna, com os países irmãos que falam a mesma língua, e cujos soldados verteram, também eles, o seu sangue no campo de batalha, sofrendo, como os nossos, a dor da perda.

Hoje é dia de homenagear os Combatentes.

Cooperaremos com aqueles que, um dia, estiveram do outro lado, mas que hoje dão as mãos num espaço de partilha de valores, cultura, língua, laços familiares e de interesses comuns, na batalha por um futuro melhor, assente na democracia, no desenvolvimento e na construção da paz.

Aproveito esta circunstância para referir, também, todos os militares que cumpriram e cumprem missões no além fronteiras, no âmbito dos compromissos internacionais do Estado Português, como o processo de Cooperação Técnico-Militar com países africanos lusófonos ou, a presença, mo Iraque, no Afeganistão, no Kosovo, na Bósnia, no Saara Ocidental ou Líbano, fora de Portugal em cumprimento de Portugal.

A Nação está sempre em primeiro lugar para o Soldado, e é em nome dessa Nação que combate.

É assim no Afeganistão, no Iraque ou na Líbia. Foi assim em África, como também em São Mamede, Em Badajoz, na Flandres, nas Linhas de Torres e também, com certeza, em Aljubarrota.

Mas nenhum argumento justifica qualquer falta de respeito por aqueles que combateram, e que correram riscos em nome do Estado que honradamente representam. Merecem, e sempre merecerão, o nosso respeito e a perpetuação da sua memória.

Temos uma divisa para com estes homens e mulheres. O Estado e a Sociedade estão em dívida para com estes soldados, e nunca será suficiente a homenagem que possamos prestar-lhes.

É portanto com humildade e gratidão que hoje, eu, em nome do Senhor Presidente da Câmara de Loures, do Município e em nome de todos os Munícipes, deposito estas flores aqui, no Monumento aos Mortos da Grande Guerra, numa homenagem sentida a todos os Combatentes que deram a vida pela Pátria, e, em especial, aqueles cujo nome está inscrito neste monumento e a todos os Munícipes de Loures que combateram em nome de Portugal.

Perdoem-me a ousadia, mas neste momento sentido, para mim que sou militar, permito-me evocar dois combatentes e militares, ainda vivos, que admiro e respeito como exemplo constante e sempre presente: o meu pai ANTÓNIO MARTINS BALDO e o meu sogro CONSTANTINO TEIXEIRA.

Para todos os que partiram na defesa de um ideal maior, cujo nome é Portugal, o meu respeito, admiração e a certeza de que partiram com as palavras de Camões no pensamento:

“ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA”.

Viva Portugal!


Terminada a intervenção das entidades promotoras da Homenagem, foi efectuada a deposição de flores pelas mesmas entidades presentes e pelo público em geral, junto do Monumento.


Colocação de flores na base do Monumento pelos representantes da Edilidade e Liga dos Combatentes.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Foram colocadas duas coroas de flores:

* Uma da Câmara Municipal, como tributo e homenagem do Povo de Loures, aos seus militares caídos durante os conflitos e aos que, tendo regressado, deixaram o nosso convívio;

* A outra, da Liga dos Combatentes, como preito de homenagem aos camaradas de armas caídos nos conflitos que Portugal teve que enfrentar, desde a sua nacionalidade até aos nossos dias. Teremos que referir que muitos dos que regressaram, ou já nos deixaram ou ainda estão entre nós, mas alguns, muitos, feridos na alma e no corpo.

Após a colocação das flores junto do Monumento, deu-se início aos “toques de Ordenança” previstos para estas ocasiões:

Foi executado o “Toque de Silêncio”. É o último toque que se ouve em cada dia nas unidades militares. Convida-nos ao silêncio e ao descanso. Alerta ficam as sentinelas, que velam pelo sono dos camaradas que dormem, sendo ouvido apenas, espaçados, o grito de “sentinela alerta” e a respectiva resposta. Com este toque é como se os que ficaram velassem pelo sono dos camaradas, que “adormeceram pela Pátria”. Os vivos velam pelo descanso dos que partiram.

De seguida foi executado o toque de “Mortos em Combate”. Homenagem, sentida, àqueles que entregaram á Pátria o seu bem mais precioso: a própria vida. É altura de louvar aqueles que, jurando defender a Bandeira da Pátria, levaram ao extremo o seu sacrifício. Neste momento, as forças presentes, encontram-se em continência.

Mas, quando a noite termina, vem um novo dia e uma nova esperança. É com esta forte convicção que a evocação dos “nossos mortos” termina com o “Toque de Alvorada” que mais não é que o acordar para um novo dia e o renascer de uma nova esperança. Ouviram-se, de seguida, os acordes de “A Portuguesa”, executada pela Banda dos Bombeiros e o Nosso Hino foi entoado pelos presentes.

Toque de “Mortos em Combate”.
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Num ambiente mais informal, foram trocadas medalhas comemorativas, entre a Liga e a Edilidade, sendo que a Câmara ofereceu à Liga dos Combatentes a medalha comemorativa dos 100 anos da Republica, que foi proclamada, em Loures, no dia 4 de Outubro de 1910, um dia antes da proclamação em Lisboa e no país.

Estava terminada a cerimónia, com a convicção de que o momento que se vivia ainda, fosse o reavivar de uma gratidão e lembrança aos que, desde 1139, tombaram pela Pátria, sempre que esta nos chamou.

Troca de Medalhas Comemorativas
© Foto Hugo Gonçalves (LC)

Pormenor do Monumento aos Mortos da Grande Guerra - Loures
© Foto José Marcelino Martins

José Marcelino Martins
Loures, 7 de Junho de 2011
josesmmartins@sapo.pt
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8400: Efemérides (50): Penamacor inaugura Memorial evocativo dos antigos Combatentes da Guerra do Ultramar (Carlos Pinheiro)