sábado, 21 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8310: As Nossas Madrinhas de Guerra (5): Avé-Maria do Soldado (Manuel Sousa)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Sousa* (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74, actualmente Sargento-Ajudante da GNR na situação de Reforma), com data de 18 de Maio de 2011:

Camarada Carlos Vinhal:
Na sequência das minhas memórias de guerra, cujos textos te tenho enviado, e já publicados no blogue, não me podia esquecer das nossas dedicadas madrinhas de guerra.

Em anexo envio-te um simples texto que escrevi em sua homenagem, com o título em epígrafe, ilustrado com algumas fotografias.

Ali está bem patente a adversidade a que estávamos votados em terras da Guiné:
-O isolamento no interior do mato, lá no fim do mundo;
-O rigor do clima, ora o calor, ora as chuvas, a poeira vermelha, a chaga dos mosquitos;
-O suplício da guerra, que nos fez regressar sem a companhia de alguns dos nossos camaradas menos afortunados;

Também ali é notória a magia de uma carta ou de um aerograma, o célebre "bate estradas", o único meio de comunicação com os familiares, amigos, namoradas e as nossas madrinhas de guerra.
Na altura não havia telemóveis nem internete.

Um abraço
Manuel Sousa




AVÉ-MARIA DO SOLDADO

Jumbembém, 12 de Março de 1973

Dedicada madrinha:
Acabou de chegar um helicóptero a este fim de mundo.
O “pombo-correio” que trouxe no bico as sempre esperadas mensagens para todos nós militares, aqui neste cativeiro de guerra, no meio do nada. Melhor dizendo, no meio do mato, onde o calor intenso, a poeira vermelha, as tempestades tropicais e as ferradas de enxames de mosquitos já pouco incomodam, comparando com o silvo das balas, o troar dos canhões e morteiros, o metralhar da “costureirinha” e o cheiro a pólvora queimada, em dias de “festa” cá em Jumbembém e arredores.

Uma dessas mensagens era a sua para mim desejada carta, a que estou a responder através deste meu “bate-estradas”, cujas linhas os meus olhos percorreram avidamente, como sedento no deserto à procura de uma gota de água, bebendo as suas palavras uma a uma, que me transmitiram, bem haja por isso, esperança e coragem para melhor suportar estes momentos tão difíceis, neste meio hostil, longe de familiares e amigos.

Fixei-me demoradamente a contemplar o bonito sorriso do seu rosto, patente na fotografia que teve a amabilidade de me enviar, como que deslumbrado e encantado pela sua beleza e, particularmente, pela brancura da sua tez, já que há tanto tempo não via uma mulher branca e tão bonita.

Aqui as bajudas (raparigas), sendo algumas também bonitas, a cor da sua pele, como sabe, é diferente…, fazem parte de outra cultura.

Vejo em si a minha confidente, imagino-a até como a minha “Nossa Senhora”que me ampara, e, como tal, veja nesta minha missiva uma prece, uma oração, uma avé-maria deste soldado, para que continue a conceder-me a graça da sua simpatia e do seu conforto.

Termino, agradecendo-lhe esse seu gesto altruísta, de dispensar parte do seu tempo a confortar este simples soldado que sou, ao serviço da Pátria. Com as suas palavras, creia, neste quotidiano de guerra, - o perigo que espreita por entre o capim, por de trás de cada árvore, sob o chão das picadas - sentir-me-ei mais confiante, mais seguro, mais afoito, do que com a própria espingarda que tenho por companheira.

Adeus, até à volta do correio.
Manuel Luís Rodrigues Sousa


Na sequência das minhas memórias de guerra que tenho vindo a escrever, era inevitável não fazer referência às nossas simpáticas, dedicadas e altruístas madrinhas de guerra.

Como forma de as homenagear, escrevi esta carta, com data fictícia, a data do meu aniversário, tentando reconstituir, o mais fiel possível, aquilo que um dia escrevi para uma das minhas madrinhas, no decorrer dos anos de 1973 e 1974.

No fundo, condensei nesta carta as centenas de missivas que lhes dirigi, de tal forma “eloquentes” e de caligrafia aprimorada, modéstia à parte, mas elas é que o diziam, que não acreditavam que eu tivesse como habilitações literárias apenas a 4.ª classe.

Aliás, esses dotes eram-me também reconhecidos pelos meus camaradas de Pelotão, a ponto de, ainda hoje, aquando dos convívios anuais, eles me lembrarem dessa perfeição com que escrevia.

Um desses colegas, sabendo desses meus atributos, sugeriu-me para escrever a uma rapariga sua vizinha, em Castro D’Aire, uma beldade lá da terra, segundo ele dizia, mas prevenindo-me de que ela era “estudanta” e que, por isso, não ligava a qualquer um.

Sobranceria, talvez, que existia naquela época por parte dos estudantes, em relação aos menos letrados, ou, ao invés, o complexo de inferioridade por parte destes, em relação àqueles.
Aceitei a sugestão.

Escrevi-lhe, e, para admiração do Salvador Rodrigues da Costa, desse meu colega, a “estudanta” respondeu.
Foi mais uma simpática e dedicada madrinha de guerra, com quem tive o prazer de me corresponder.
Além das madrinhas de guerra com quem me correspondia, tinha uma forma peculiar de arranjar sempre mais uma.
Nunca eram de mais.

Escrevia um aerograma, o célebre “bate estradas”, com uma simples apresentação de quem eu era e fazendo o convite para o efeito.

Endereçava-o para determinada localidade da Metrópole, com a seguinte mensagem no exterior:
Para a menina que se dignar corresponder-se, como madrinha de guerra, com um soldado em serviço no ultramar

Utilizando a terminologia da pesca, o “isco” estava lançado.
Muitas vezes o “anzol” veio sem nada, ou seja, os “bate-estradas” tiveram como destino certo o caixote do lixo.
Outras vezes tinha mais sorte.

A mensagem era acolhida e iniciava-se então a troca de correspondência com mais uma das minhas confidentes, culminando algumas vezes com a troca de tórridas cartas de amor.

No final da comissão, aquando do regresso, desfiz-me do volumoso maço da correspondência trocada com as madrinhas de guerra, e não só, por falta de espaço na mala (hoje seriam uma relíquia).

Recentemente, ao fazer arrumações no sótão cá de casa, encontrei numa bolsa dessa mesma e já carcomida mala, uma pequena carteira em plástico, ressequida pelo tempo, com o desenho do crachá do Batalhão 4512, “Os Setas”, a que eu pertencia.

Já não me lembrava daquele objecto, recordando-me então que aquela mesma carteira tinha sido oferecida pelo Batalhão a todos os militares em Tomar, aquando da partida para a Guiné.
No seu interior, numa pequena bolsa, encontrei a fotografia de uma jovem que reconheci como uma das minhas madrinhas de guerra, há 38 anos atrás, de cuja naturalidade não me recordo.
 No verso tem a dedicatória: “Com muita dedicação da madrinha sempre amiga Isabel”, e tem a indicação de que foi revelada na FOTO CRISTO.

A velha carteira onde se encontrava esta fotografia, de uma das minhas bonitas madrinhas de guerra!

Verso da fotografia com a dedicatória.

Foi este achado que me levou a mais rapidamente prestar esta homenagem a todas as madrinhas de guerra, personificadas por esta jovem, hoje aproximadamente da minha idade, cuja fotografia, para o efeito, faço questão de inserir neste texto.

Como dizia no final da carta, as suas palavras produziam em nós mais confiança e mais segurança do que as próprias armas com que calcorreávamos os trilhos da mata e as picadas.
Eram a nossa arma secreta.

Assim, para todas elas, as madrinhas de guerra de Portugal, e em particular para aquelas com quem directamente me correspondi, inclusive a Isabel, como reconhecimento da estima e dedicação que nos dispensaram, tão importantes para o levantamento da moral e auto-estima de todos nós, escrevi esta carta como forma de, em meu nome pessoal e de todos os ex-combatentes, lhes prestar a mais sincera homenagem.

Maio de 2011
Manuel Sousa
Até breve

(Reeditado em Outubro de 2011-10-14)
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8233: Blogpoesia (147): Senhora Aparecida, freguesia de Torno, concelho de Lousada (Manuel Sousa)

Vd. postes relacionados com a nossas Madrinhas de guerra de:

22 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2572: As Nossas Madrinhas de Guerra (4): Madrinhas de Guerra (II) (José Teixeira)

23 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3348: Tabanca Grande (93): José Pinho da Costa, ex-1.º Cabo Op Mensagens da CCS/BART 1914, Guiné, 1967/69

16 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6746: Tabanca Grande (230): Felismina Costa, madrinha de guerra de Hélder Martins de Matos, ex-1.º Cabo Escriturário, Bafatá, 1963/64

Guiné 63/74 - P8309: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (4): Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole




1. Quarta e última parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.






História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (4)

Actividade da CCAÇ 2403 em Mansabá, com passagem pelo Olossato, e regresso à Metrópole


Olossato

Uma das personalidades mais conhecidas do Olossato era a lavadeira Rosa que aplicava uma tabela de preços pela sua actividade, baseada no princípio de que quem mais ganha mais paga e, assim, não interessando quem entregava mais ou menos roupa para lavar, o Capitão pagava mais que todos, depois vinham os Alferes, os Furriéis e Praças sucessivamente, não havendo argumentos que a convencessem de que devia cobrar de acordo com a roupa que cada um lhe entregava. Fazia-se acompanhar pela filha pequena sempre que ia buscar e entregar roupa e um dia levou consigo uma jovem já quase adulta para a apresentar ao Capitão, como a segunda mulher do seu marido, comprada recentemente.

Contacto com a população

A estadia da Companhia no Olossato, anunciada como última até ao fim da comissão, foi de pouca duração. Poucos dias após a chegada, Mansabá sofreu um dos seus maiores ataques*, com uma duração inusual de cerca de 40 minutos que provocou grandes estragos materiais e muitas vítimas entre a população e algumas entre os militares. Logo após este ataque, a CCaç 2403 recebeu ordem de transferência para aquele aquartelamento por troca com a CCaç 2402 que ali estava colocada.

Mansabá

Em Mansabá o BCaç 2851 era comandado pelo Major Borges em substituição do Ten Coronel Luz Mendes a quem o General Spínola retirou o Comando após o ataque ao quartel. O Major Bispo tinha sido transferido para Bissau para o Serviço de Justiça, o Major Martins tinha sido evacuado por, dias antes, ter pisado uma mina, mas continuavam o Capitão Bento e o Capitão Gamelas e os Alf Mil Pimentel, Sousa, Amaral e Bentes da CCS. Foi criado um Comando Operacional sob o Comando do Ten Cor Paraquedista Fausto Marques, constituído pela CCP 122 comandada pelo Tenente Silva Pinto, a CCaç 2403 e a CCaç (?) de pessoal madeirense sob o comando do Capitão Carvalho.

Foi atribuída às Companhias do Exército, reforçadas com o Pel Daimler do Alf Mil Belo, a missão de protecção próxima dos trabalhos da estrada, enquanto a CCP 122 faria a protecção afastada através de heli-assaltos onde fossem localizadas posições do In. O COP iniciou a sua acção com o assalto a uma posição do In no Morés com o GComb do Tenente Bação, que tinha ficado em Bissau, para o efeito. Depois da actuação dos Fiats sobre o objectivo e largado o Grupo no mesmo, os helis dirigiram-se a Mansabá para transporte do resto da Companhia. Quando regressaram para transportar o terceiro Grupo, entregaram 1 Metralhadora e 1 ou 2 armas ligeiras capturadas pelo Grupo ido de Bissau.

Seguiram-se outros assaltos sempre iniciados com o Grupo que estivesse em Bissau, Tenente Terras Marques ou Tenente Avelar de Sousa, mas já sem capturas de material. A CCaç 2403 com a do Capitão Carvalho estabeleceram o sistema de protecção com 2 GComb 24 horas por dia no exterior, junto ao desenrolar dos trabalhos e desde o primeiro dia, em que foram levantadas as minas anti-pessoal colocadas na noite anterior, nunca mais, uma só que fosse, foi colocada. Quando a Companhia chegou a Mansabá, as minas, colocadas em grande quantidade, era tanto o pavor do pessoal como uma grande fonte de rendimento, dado que cada uma levantada valia bom dinheiro.

Para além da protecção aos trabalhos a CCaç 2403 ainda fez duas Operações em conjunto com a de Páras sendo, na segunda, recolhida (pela primeira vez ) de helicóptero.

Quando os trabalhos se afastaram do quartel, dificultando o apoio de fogo à reacção a prováveis ataques ou flagelações do In, a Engenharia Militar empenhada nas obras e dirigida, inicialmente pelo Capitão Engº Veiga e depois pelo seu substituto, Alf Mil Engº, também de apelido Veiga, construiu uma posição para o Morteiro 10,7 existente no quartel, a cerca de 3Km deste, protegido por um GComb. Numa das primeiras noites, após a instalação desta arma, a posição foi atacada, provocando 2 feridos ao GComb da Companhia madeirense que nessa noite a ocupava. Ou pela reacção encontrada e acção dos Páras no dia seguinte ou por outra qualquer razão foi o último ataque aos trabalhos. A partir daí apenas se verificavam flagelações de 1 ou 2 granadas de Morteiro 82 a que sempre respondia o Morteiro 10,7.

A certa altura a estrada era completamente finalizada com pavimento asfaltado, à ordem de 100 metros por dia e assim continuou até serem interrompidos os trabalhos por motivo das chuvas intensas da época. Foram terminados cerca de 6 quilómetros, até à região de Birongue, até princípios de Agosto.

Em finais de Julho o Capitão baixou ao Hospital de Bissau e foi evacuado para Lisboa, por motivos de saúde.

Após o fim dos trabalhos o Comando do COP foi transferido para a região de Bafatá e o Comando do BCaç 2851 para Galomaro, ficando apenas a CCaç 2403 em Mansabá, integrada no Batalhão de Mansoa.

Quando se encontrava em Lisboa o Capitão foi informado pelo 1.º Sargento da Companhia que o Alf Mil Brandão, em acção de patrulhamento que lhe tinha sido imposta para poder entrar de licença dias depois, tinha falecido, em 18/09/69, com um tiro, disparado, por acidente pelo Tenente que o tinha substituído no comando da Companhia, da arma de um guerrilheiro, abatido. Foi o terceiro morto da Companhia.

Não teve capacidade para vencer o pavor que tinha de sair para o mato e o Capitão nunca soube lidar com essa situação. Encontrou a morte da forma mais inesperada e estúpida.

Teve a hombridade de não ter desertado o que, quem sabe, o poderia ter tornado num importante político. Paz à sua alma.

Quando em Janeiro o Capitão teve alta do HMP contactou o Capitão Carreto Maia, então Comandante da Companhia informando-o da chegada a Bissau no dia 20 e propondo-lhe a troca de funções com a que lhe viesse a ser atribuída. No dia 21 contactado o QG de Bissau a troca não se fez porque a colocação disponível era na Companhia do Jolmete e o Capitão Maia só aceitava ficar em Bissau ou numa Companhia do Batalhão de Mansoa a que, então, pertencia e de que gostava.

No regresso a Mansabá, em 23 de Janeiro de 1970, a Companhia sofreu uma emboscada e na reacção, um acidente com um dilagrama provocou dois mortos, o 1.º Cabo Rebelo e o Soldado Alexandre e um ferido de média gravidade, o Soldado “Caracol”. Foram o quarto e quinto mortos e o primeiro ferido da Companhia.

Entretanto o General Spínola requisitou para a Câmara Municipal de Bissau o Comandante da CCS/BCaç 2851 por ser arquitecto e determinou a sua substituição por um Capitão disponível o que levou o Capitão Peixeiro de volta ao seu Batalhão, em Galomaro. Comandava o Ten Coronel António José Ribeiro e os restantes Oficiais eram praticamente os anteriores.

Em meados de Maio, com a comissão terminada, o Batalhão reuniu-se novamente em Bissau onde, 22 meses antes, tinha sido desmantelado.

Na formatura de despedida do General Spínola às tropas que regressavam à Metrópole foi lido o louvor atribuído pelo Comandante-Chefe à CCaç 2403.

Não regressaram com a Companhia: o Capitão Peixeiro que ficou a aguardar despacho do seu auto por doença em serviço; o Capitão Maia, os Alf Mil Carias e Amaral por não terem ainda terminado as suas comissões; e o Alf Mil Tavares que ficou na comissão liquidatária.

Assim, embarcou em Bissau no Navio Carvalho Araújo, em 28 de Maio e desembarcou em Lisboa em 04 de Junho de 1970, comandada pelo Fur Mil Casimiro Santos, a CCaç 2403.

Navio Carvalho Araújo

(FIM)
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Notas de CV:

Vd. postes anteriores da série de:

14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios
e
19 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8299: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (3): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

(*) Vd. poste de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

Guiné 63/74 - P8308: Tabanca Grande (285): Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/71)

1. Mensagem de Ernestino Caniço, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/72:

Caro Luis Graça
Ao ter conhecimento do VI Encontro da Tabanca Grande em 2011/06/04 e sendo antigo combatente da Guiné, venho propor a minha inscrição para o mesmo, não sendo necessário alojamento.

Espero abraçar alguns camaradas que recordo e que já se encontram inscritos, bem como outros que terei oportunidade de conhecer.

Nascido em 1944/12/01 em Almeirim, com a especialidade de Carros de Combate M47, tirada na Escola Prática de Cavalaria em Santarém.

Ex-Alferes Miliciano, Comandante do Pel Rec Daimler 2208, chegado a Bissau em FEV70. Segui para Mansabá onde fiquei cerca de quatro meses com metade do pelotão e adido à CCaç 2403 comandada pelo Capitão Carreto Maia e posteriormente à Cart 2732. Daí recordo o Carlos Vinhal (entre outros).

Mais tarde fui para Mansoa onde fiquei cerca de seis meses com a outra metade do Pelotão, dependente do BCAÇ 2885.

Findo esse período foi desativado o Pelotão, tendo ficado colocado na Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica em Bissau, até ao meu regresso em DEZ71.

Logo que oportuno voltarei ao contacto.

Um abraço
Ernestino Caniço


Mansoa > As velhinhas máquinas do Pel Rec Daimler 2208 do Alf Mil Ernestino Caniço.
Foto do ex-Alf Mil Sapador Montezuma da CCS/BCAÇ 2885


2. Comentário de CV:

Caro Ernestino Carriço, muito obrigado por quereres participar no nosso VI Encontro da Tertúlia da Tabanca Grande, fazendo-o já na qualidade de tertuliano.

Uma vez apresentado, esperamos de ti alguma colaboração, contando as tuas memórias enquanto CMDT do Pel Rec Daimler 2208 e enquanto colocado em Bissau na Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica.

Todos os testemunhos e fotografias são necessários, e para variar, daqueles que viram a guerra na perspectiva diferente da dos infantes que palmilharam aquela terra vermelha pejada de armadilhas feitas pelo homem e pela natureza. Pela foto acima verificamos que ninguém estava a salvo até porque as Daimlers eram mesmo inapropriadas para aquelas picadas e para as minas AC que as enxameavam.

Com a vinda, mais tarde, das Panhards, a situação melhorou um pouco até porque estavam melhor armadas e já metiam mais respeito aos nossos contendores. De qualquer modo, Daimlers ou Panhards sempre davam mais confiança quando iam na frente e/ou retaguarda das colunas auto.

Pelas tuas contas, suponho que estiveste em Mansabá até Maio ou Junho de 1970. O Cap Carreto Maia deixou-nos em Junho por ter terminado a sua comissão de serviço, por ventura mais ou menos quando tu foste para Mansoa.
Não tenho ideia do pessoal do Pel Rec Daimler 2208 e 2209, porque trabalhei a tempo inteiro na Secretaria de Comando até ao mês de Outubro de 1970, quando morreu o Alferes Couto. Não sei se te lembras dele. Era "bastante mais velho" do que nós porque tinha ultrapassado já os 30 anos. Curiosamente não tenho nenhuma foto dele. 

Se tens alguma ideia de mim é por me veres a trabalhar na Secretaria junto do Sargento Rita, responsável pela Companhia, e do Cabo Duarte.

Resta-me o envio do tradicional abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores, e a certeza de um abraço a sério daqui a dias em Monte Real.

O teu camarada de Mansabá
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8285: Tabanca Grande (284): Manuel José Moreira de Castro, Soldado da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835 (Guiné, 1968/69)

Guiné 63/74 - P8307: Agenda Cultural (124): Na Kontra Ka Kontra, a blogonovela de 49 episódios, passada na Guiné, em Portugal, no Brasil, entre 1969 e 2010, agora publicada em livro, a apresentar em Monte Real (4 de Junho) e no Porto, Espaço Vivacidade (7 de Julho) (Fernando Gouveia / Luís Graça)








Capa e contracapa do livro Na Kontra Ka kontra (Encontros e desencontros). Porto: edição de autor. 2011.  Dedicatória autografada ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.






A. Duas mensagens de 11 do corrente, enviadas pelo nosso querido camarada Fernando Gouveia [, foto à esquerda, com a esposa,  Regina Gouveia, ambos membros do nosso blogue, na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria,  IV Encontro Nacional da Tabanca Grande, 20 de Junho de 2009 ]:


(i) Luís, grande guru desta verdadeira irmandade personalizada pela Tabanca Grande e respectivo blogue: 

Como muitos camaradas, já por várias vezes referi que durante quarenta anos andei esquecido da Guiné e da guerra, e só agora fui infectado, como que por um vírus informático,  que, pelo menos comigo, não é da estirpe guerreira mas tão só daquela outra, ligada ao continente africano e sua gente. 


Pediste-me para escrever, para o blogue, meia dúzia de histórias e já lá vão cerca de quarenta. 

Revisitei a Guiné o ano passado e como tenho dito, “sabendo o que sei hoje, arrepender-me-ia para sempre se não tivesse ido”.  

Na sequência dessa visita surgiu, como por todos já é sabido, NA KONTRA KA KONTRA.  Muitos camaradas gostaram da estória, o que muito me sensibilizou. Também me incentivaram a continuar, com vista à publicação em livro. Assim o fiz. 


Agora, indo ao que verdadeiramente interessa, é preciso tratar da colocação dos livros junto dos leitores, tanto mais que o produto da venda se destina integralmente às crianças da Guiné-Bissau (ver carimbo na capa do livro). 


Como é sabido, actualmente é muito complicada a parte da distribuição. Quer distribuidores, quer livrarias só aceitam autores consagrados.  Assim sendo, penso fazer várias apresentações do livro, entre grupos de amigos, de camaradas, etc. Como primeira apresentação, entendo que não podia deixar de ser, a virtual, no blogue da Tabanca Grande. 

Venho pois pedir-te que consigas algum do teu pouco tempo disponível e sejas tu próprio a fazer essa primeira apresentação. Como deves entender, seria muito importante que acontecesse antes do nosso almoço anual em Monte Real, onde, mais informalmente teria lugar a segunda apresentação. 

Termino, dizendo-te que ainda não perdi a esperança que NA KONTRA KA KONTRA atinja o objectivo para que foi escrita [, a televisão]. 


Um grande abraço. 


Fernando Gouveia 



PS – Segue um livro pelo correio. 

(ii) Luís: Em complemento do e-mail anterior pedia mais o seguinte:

1 – Que indiques onde, a partir de agora, no Porto, se pode adquirir o livro.



Rua Alves Redol, 364-B, Porto 


 (traseiras do edifício com o nº 376/372)

(Telefone 220937093)


 2 – Que no mesmo espaço irá ser feita uma apresentação do livro, no próximo dia 7 de Julho,  pelas 17 h, que coincidirá com a abertura de uma exposição de fotografias do mesmo autor (oportunamente serão dados mais pormenores).



Um abraço

Fernando Gouveia
(Ex-Alf Mil Rec e Inf, Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70)


B. Comentário de L.G.:

Prometo escrever uma breve apresentação da obra, tal como ela merece, ela e o seu criador. Reli de um fôlego os 49 episódios que foram publicados diariamente, de segunda a sexta, no nosso blogue, durante semanas. Fico feliz por o Fernando Gouveia ter aceite a nossa sugestão de transformar esta originalíssima história de guerra e de amor em livro.  História (ou guião de um possível filme ou telenovela) que ele escreveu "debaixo da adrenalina acumulada durante a minha visita à Guiné-Bissau, em Março de 2010" (sic)-

Garantiu-me ele que os custos de produção ficaram por 3 euros e picos por exemplar, tendo o livro sido impresso em Espanha!!!... Tenciona vender o livro, com um preço de capa muito acessível, revertendo todas as receitas líquidas para um projecto de apoio às crianças da Guiné... Uma primeira apresentação pública (e venda directa) será feita por ocasião do nosso VI Encontro Nacional, em Monte Real, 4 de Junho próximo. 

Até lá, prometi escrever-lhe uma nota de leitura da obra, agora em livro, de 160 pp., profusamente ilustrado com fotos  do autor (dos anos 1968/70 e de 2010). O Fernando, como se sabe, foi Alf Mil Rec e Inf, em Bafatá (1968/70), tendo pertencido ao Agrupamento nº 2957, co0menado pelo então Cor Hélio Felgas.

A hora é de dar os parabéns ao promissor escritor que agora passa a concorrer lá em casa... com a consagrada Regina Gouveia. E é também a hora  de fazer votos para que alguém do cinema ou da televisão se "apaixone" por esta história, tal como me aconteceu a mim e a muitos de nós, leitores do blogue e fãs dos Na Kontra Ka Kontra, isto é, da vida que é feita de encontros e desencontros.

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Nota do editor:

Último poste da série  > 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8303: Agenda cultural (123): Lançamento do Livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné"


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8306: Blogpoesia (148): A vida e a morte na ponta de uma vara (Juvenal Amado)

1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 18 de Maio de 2011:

Caros camaradas Luís, Carlos, Magalhães, Briote e restante camaradas da Tabanca Grande
A malta que passou por Galomaro tem uma página no Facebook onde, independentemente da altura em que lá estiveram, há uma constante e salutar troca de impressões, conhecimento e recordações.
Algumas dúvidas aparecem sobre este ou aquele acontecimento, que são prontamente esclarecidas. Também as fotos quartel de Galomaro no inicio da sua construção, se cruzam com as mais recentes. Também as Companhias de Cancolim, Dulombi e Saltinho têm sido largamente faladas, pois nós não podemos esquecer esses sítios, uns com mais bons momentos que os outros, na verdade mas mesmo assim relembrados aqui e ali.

Ontem o nosso camarada Luís Dias membro do blogue, com o qual acabei por dividir a construção deste texto, postou uma foto sobre a árdua e perigosa tarefa da picagem, neste caso do grupo de combate que vinha do Dulombi ao encontro da coluna que progredia de Galomaro.
Ao ver as fotos, achei graça porque eu tenho as fotos das picagem desta feita pelo Pel Rec da CCS, pois lhes calhou nesse dia fazer esse ingrato trabalho para a nossa segurança. O fotógrafo foi o mesmo sem dúvida nenhuma, o ex Furriel Carvalho do Dulombi segundo a informação do Dias.

Quem duvidará da coragem dos homens, que sabiam que um passo em falso seria a morte ou o ferimento grave que estava ali? Ainda se tinham que preocupar com as artimanhas e os avanços tecnológicos na arte de matar, que houve na evolução desse perigosos engenhos e com a esperteza dos «semeadores» que usavam por vezes o rodado mais de dentro ou mais de fora. Apanhavam assim as viaturas mais pequenas, com o rodado mais estreito que as Berliet. Penso ter sido o caso da que apanhou o nosso camarada Falé a caminho do Dulombi.

Assim as varas com a ponta em ferro foram substituídas por pontas em osso, chifre, ou simples madeira, para que as minas, denominadas de papel, não explodissem ao toque da ponta de metal (a ponta de metal furava duas placas de papel de prata/alumínio fazendo a ignição da mina).

Quem já tinha passado pela dolorosa experiência de ver morrer um camarada ou ver outro voar com a viatura, pensaria duas vezes a cada passada e cada espetadela da vara no chão.
Era o caso destes camaradas que já tinham passado por isso, mas a cada nova coluna, lá voltavam eles a pegar nas varas e tentar assim, que houvesse segurança para quem seguia um pouco mais atrás.

Camaradas do Dulombi a fazer picagem em direcção a Galomaro

Picagem

Picagem para o Dulombi

Picada do Dulombi no lugar do condutor Furriel do Dulombi


A VIDA E MORTE NA PONTA DE UMA VARA

A morte estava ali a cada passo
Não se podia ignorar
Não se podia recusar nem voltar atrás
Mão firme pensamento presente
A cada passada o arrepio do toque lúgubre
Era uma pesca mortal
Ao pescador não se era permitido errar
Quando regressar pagará aquela promessa
De repente a ponta resvala em algo
Um misto de orgasmo e terror
Percorre o corpo do infante
Estava ali, desta vez descoberta a malvada
Vamos rebentar com ela!
E desta vez a vida derrotou a morte.

A todos os camaradas que passaram por esta horrível, mas tão necessária prática.

Um abraço a todos
JA
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8276: Estórias do Juvenal Amado (38): Nunca até li tinha visto tantas mamas ao léu e tão bonitas (Juvenal Amado)

Vd. último poste da série de 6 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8233: Blogpoesia (147): Senhora Aparecida, freguesia de Torno, concelho de Lousada (Manuel Sousa)

Guiné 63/74 - P8305: Parabéns a você (262): José Manuel (...), ou Adilan, o meu menino da Guiné, fez 50 anos em Janeiro deste ano (Manuel Joaquim)

1. Mensagem de Manuel Joaquim, ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67, com data de 18 de Maio de 2011:

Meus excelsos e esforçados "camarigos" editores:
Tinha prometido noticiar uma possível festa de aniversário do Zé Manel* mas a promessa "varreu-se-me" e só agora, ao revisitar certos Posts deste blogue, me dei conta do facto.
Bom, aqui vai agora a crónica ilustrada. Vai atrasada mas julgo que ainda a tempo, tempo que se menoriza em relação à essência do ato, permito-me assim pensar.
Se a vossa opinião for pela não publicação, tudo bem, aceito-a pacificamente.

Um grande abraço do
Manuel Joaquim


ANIVERSÁRIO DE ADILAN

Meus caros “camarigos”:
José Manuel (...), ou Adilan, o meu menino da Guiné, fez 50 anos em Janeiro deste ano. Sua esposa e filha(o)s resolveram preparar-lhe (sem o seu conhecimento) uma festa de homenagem para comemorar a data. Para tal alugaram, por um dia, o salão do Grupo de Instrução Popular de Amoreira (Cascais).
Foi nesta simpática coletividade que se desenrolou uma bela manifestação de amor, carinho, amizade, companheirismo e consideração pelo aniversariante. A surpresa que lhe fizeram foi grande. Compareceram umas boas dezenas de amigo(a)s e familiares. Foi um dia lindo: apetitosa comida (a africana sobressaiu), música, dança, um sketch divertido e alusivo ao homenageado no palco do salão, canções com letra adaptada ao ato, etc.

Também eu, que não conhecia uma boa parte dos convivas, me senti muito envolvido naquela festa, tanto pelo alvo da mesma como pela estima e consideração de que fui alvo. Eu, o “culpado” primordial de todas estas vivências por ter trazido da Guiné este “menino”, já lá vão 44 anos! Olhem, senti-me bem, MUITO BEM!

Foto 1 - O nosso “Zé Manel” entre os padrinhos Deonilde e Manuel (minha esposa e eu).

Foto 2 - Com as suas duas manas de coração, minhas filhas.

Foto 3 - “Primos”, é assim que se tratam mutuamente: o filho e as filhas do aniversariante com a minha neta e os meus netos.

Foto 4 - O meu neto mais novo com o seu tio Zé Manel

Foto 5 – Reunidos em semi-círculo à volta do aniversariante, os convivas (vê-se uma terça parte) preparam-se para lhe entoar homenagens e cantar os “parabéns”.

A festa foi linda!

Olho, com ternura desmedida, para este menino de quatro anos, raptado no mato para ficar a conviver com gente estranha nos quartéis da Guiné (ele que nunca, antes, tinha visto um branco!).

Olho para este menino de seis anos subindo o Atlântico a caminho de uma aldeia de Portugal, onde se tornou no menino de uma camponesa, na casa dos 50 anos, que nunca antes teria visto um preto à sua volta. Camponesa madrinha que assumiu profundamente a sua proteção e educação, como se seu filho fosse.

Olho para este menino com dez anos, nos arredores de Lisboa, afrontando um ambiente urbano totalmente desconhecido, sem medos.

Olho para este rapaz de 17 anos a voar para a Guiné, sozinho, sem referências locais, sem família a recebê-lo, mas com o entusiasmo juvenil de quem sente que tem um mundo a construir e acredita que é capaz de fazer algo de útil, por si e pelo seu país natal.

Olho para este jovem de 25 anos, ainda acreditando nos “amanhãs que cantam”, a melhorar a sua formação académica em Berlim-Leste na mira de se tornar num quadro político e técnico capaz de ajudar a desenvolver a sua Guiné.

Olho para este homem aos trinta anos, um pouco desconsolado com o caminho que o seu país lhe parece percorrer, a vir visitar-me e a passar umas férias por cá para matar saudades dos seus tempos portugueses. Vem decidido a voltar mas as dúvidas sobre o caminho seguido na vida política guineense aumentam. Assim, decide só voltar quando for portador de identidade portuguesa. O BI de cidadão português demorou dois anos a ser-lhe entregue, a vida política e económica na Guiné degradava-se a um ritmo veloz, a caminho do desastre (que pouco tempo demorou a verificar-se). Nestas condições, e na sua situação, concordo que só um “maluco” regressaria. E o meu menino da Guiné por cá ficou.

Olho para este meu “menino” e penso como teria sido diferente a sua vida se eu tivesse impedido o seu regresso à Guiné, aos 17 anos. Seria melhor? Teoricamente, sim. Mas o meu Zé Manel também seria outro, forçosamente. E eu gosto deste. Um cidadão de corpo inteiro, íntegro, trabalhador, solidário, pobre mas “limpo” e de “espinha” direita, um grande pai de família, um grande amigo. E é ainda mais uma coisa, também é uma figura sempre querida da CCaç 1419, a cujos convívios não falta. Como costumo dizer, ele não é meu filho, nem sequer adotivo, mas é irmão das minhas filhas e tio dos meus netos.

Esperamos, eu o Zé Manel, estar em Monte Real no próximo dia 4 de Junho. Foi com prazer, e de imediato, que aceitou o meu convite.

Um abraço
Manuel Joaquim
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

12 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7597: Parabéns a você (201): Adilan, o menino que Manuel Joaquim trouxe da Guiné (Miguel Pessoa)

10 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7261: História de vida (32): Adilan, nha minino. Ou como se fica com um menino nos braços - 1ª Parte (Manuel Joaquim)

12 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7267: História de vida (33): Adilan, nha minino. Ou como se fica com um menino nos braços - 2ª parte (Manuel Joaquim)

Vd. último poste da série de 20 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8301: Parabéns a você (261): Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil da CART 2519 (Tertúlia / Editores)

Guiné 63/74 - P8304: Notas de leitura (240): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
Deambulação pelas quase 1000 páginas do testemunho, entrevistas e apenso documental à volta de Aristides Pereira está prestes a findar.
O livro de é de leitura obrigatória. Não descodifica os grandes enigmas porque os protagonistas teimam no silêncio e na dissimulação das respostas, quando interpretam os acontecimentos mais relevantes.
Dos intelectuais aos militares, parece que ninguém via um conflito insanável em torno de uma equação sobre a unidade de Guiné e Cabo Verde que foi criação exclusiva de Amílcar Cabral. Mas abre importantes pistas de trabalho que os historiadores de amanhã não poderão de descurar.

Um abraço do
Mário


O testemunho de Aristides Pereira (5):
Gérard Challaind, Idrissa Sow, Manecas, Oscar Oramas e Osvaldo Silva

Beja Santos

Gérard Challaiand foi um dos primeiros estudiosos ocidentais a interessar-se pela problemática das lutas de libertação africanas. Nos anos 60 chamou a atenção do público europeu para o que se estava a passar na Guiné. O seu depoimento é muito elucidativo, de acordo com a entrevista que lhe fez Iva Cabral, a filha de Amílcar. Começa por enquadrar historicamente as lutas de libertação a partir da II Guerra Mundial e observa os sistemas coloniais inglês, português e francês. Paris irá ser um farol para todos aqueles que lutam pela emancipação do jogo colonial e recorda o presidente do Senado de França, Gaston Monnerville, um africano. Igualmente Senghor aqui publicou a sua poesia em louvor de negritude. A ONU começara a dedicar atenção às lutas de libertação no final dos anos 50 quando o mapa das nações já era bem distinto daquele que levou à sua fundação. O PAIGC surpreendeu a opinião pública mundial pela personalidade de Amílcar Cabral, tido inquestionavelmente como um dirigente excepcional: pela sua capacidade de passar da ideia ao acto, pela estratégia de sensibilização das populações camponesas, dando-lhes confiança, misturando a guerrilha com a organização civil e depois a sua capacidade de diplomata. A sua projecção internacional tornou-se notória no discurso que ele pronunciou na conferência da Tricontinental. Para Challaiand, Cabral esteve sempre a altura de todos os desafios: pela surpresa de 1963, quando em escassos meses implantou a guerrilha em zonas estratégicas; quando soube ultrapassar o impasse militar anunciando a proclamação da independência, deixando Lisboa sem um só trunfo na arena internacional.

Indrissa Sow desempenhou funções militares durante a luta de libertação e veio mais tarde a ser embaixador da Guiné-Bissau em Conacri. Guineense, assistiu na juventude em Bissau à simpatia dos ideais nacionalistas, pôde presenciar o regresso dos militantes desterrados e os outros que terão sido aliciados pela PIDE. Nesta entrevista parece ser importante reter o que ele nos diz sobre os autores morais do assassínio de Cabral: o que me lembro é que quando o Momo (um dos assassinos) chegou a Conacri fizeram-se reuniões na Escola-Piloto e na cantina, onde Cabral apresentou Momo a todos nós. O Momo começou com conversas contra a unidade. Com essas conversas, as tensões foram aumentando em Conacri. Depois fui como comandante de bi-grupo para Beli e quando regressei senti que a tensão tinha aumentado. Falei com a Ana Maria Cabral sobre essas tensões em Conacri. Já não nos tratávamos como irmãos, cada um parecia querer apenas desembaraçar-se e viver a sua vida”.

Manuel dos Santos (Manecas) fala detalhadamente da sua vida de combatente, das relações entre cabo-verdianos e guineenses e comenta tanto o significado do 25 de Abril como as negociações de Londres que levaram à independência da Guiné. Sem hesitar, atribui a revolução do 25 de Abril aos guineenses, terá mesmo dito a Durão Barroso que ainda há uma dívida que os portugueses não pagaram à Guiné que é a dívida de eles terem o regime democrático: “Nós fomos os grandes actores do 25 de Abril, é sintomático o facto de todos os grandes comandantes do 25 de Abril terem passado por aqui”. Quanto às negociações que levaram à paz ele refere igualmente que elas não podiam falhar, argumentando assim: “Sabe porquê? Porque Portugal não tinha nenhuma capacidade de continuar a guerra, sobretudo aqui na Guiné. Nós tínhamos tirado ao Exército português a capacidade de continuar a guerra. Tenho algumas fotografias feitas na estrada de Farim, aquando dos primeiros contactos com a tropa portuguesa, a 2 de Junho de 1974. Os nossos soldados e os soldados portugueses já estavam a beber juntos. A partir daí, já não havia guerra que fosse possível”.

Oscar Oramas, antigo embaixador de Cuba em Conacri e que foi o primeiro estrangeiro a chegar ao pé de Amílcar Cabral depois do seu assassinato escreve uma carta a Aristides Pereira onde confirma todos os eventos que tiveram lugar após o assassinato do líder. Logo que soube que Aristides Pereira fora raptado contactou Sékou Touré e solicitou-se ao embaixador soviético que se fosse em perseguição das embarcações usadas pelos conspiradores no rapto do futuro secretário-geral do PAIGC. Oramas assistiu ao encontro entre Sékou Touré e os assassinos de Cabral. E escreve: “Eles confessam que tiveram uma discussão com Amílcar e que este não quis escutá-los, que teria havido violência e depois soaram os disparos. Eles quiseram evidenciar que existiam grandes contradições no seio do partido, que os guineenses estavam a ser preteridos e que havia um grande monopólio dos cabo-verdianos na direcção do PAIGC”.

E temos por último Osvaldo Lopes Viera, o operacional que preparou o bombardeamento de Guileje. Fala assim de Osvaldo Vieira: “Foi nos primeiros anos da luta um grande comandante. Mas a partir do momento em que se alcoolizou, passou a cometer muitos erros que deram lugar a frequentes críticas por parte de Cabral. Essas críticas, mal recebidas, foram transformando o Osvaldo num revoltado, com predisposição para entrar em pequenos complôs ou emprestar o seu nome para fomentar um clima de contestação a Cabral”. E refere-se assim a Nino: “No aspecto operacional era muito activo. Nunca entrámos em intimidades. Eu tinha a consciência de que havia entre os guineenses questionamentos quanto ao exercício do poder no pós-independência… O Nino tinha uma muito grande experiência da guerra, um conhecimento perfeito do teatro das operações e do inimigo. Gozava de muita autoridade junto dos combatentes”.

Protagonista de Guileje, conta assim a sua participação nas operações decisivas para a retirada das forças portuguesas: “Guileje era o quartel mais bem fortificado do sul. Cabral demonstrara a importância do quartel como peça mestra de um dispositivo que pretendia reconquistar o controlo da fronteira sul: “Se este quartel cai, todo o resto à volta também cai”. Cabral deu instruções no sentido de serem postos meios à minha disposição. Não dispondo de mapa da região, lancei mão de vários métodos para determinação dos dados de tiro. Procurei determinar as coordenadas geográficas das posições de fogo a partir da medição da altura do sol reflectido numa superfície de mercúrio a fazer de espelho. O método que acabou por funcionar foi o de levantamento topográfico, ligando posições distantes do quartel entre 4 a 12 quilómetros, de acordo com o alcance das peças que iríamos utilizar. Feito o levantamento topográfico, procedemos a vários flagelamentos, com vista a provocar a resposta do inimigo e podermos assim determinar o azimute do quartel. Atacávamos em noites de lua nova, quando se podia detectar com maior precisão o clarão da artilharia inimiga. Depois, era só pôr os dados no papel e resolver um problema simples de geometria. Igual trabalho foi efectuado relativamente a Gadamael e Quebo”. Depois relata o cerco e o uso da artilharia. Mais adiante, depõe com elevada coragem sobre as tensões surdas que minavam as relações entre cabo-verdianos e guineenses.

Esta ronda pelas entrevistas irá terminar ouvindo Rafael Barbosa e Silvino da Luz. Seguir-se-á uma curta viagem sobre o apenso documental, que é de uma enorme riqueza.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 17 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8286: Notas de leitura (239): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8303: Agenda cultural (123): Lançamento do Livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné",


1. Amigos e Camaradas da Guiné, não esqueçam que hoje, dia 20 de Maio (6ª feira), pelas 18h00, vai ser apresentado o novo livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné”, da Autoria do nosso Camarada Fernando de Sousa Henriques - ex-Alf Mil OpEsp / RANGER na CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74).


CONVITE: Lançamento do Livro: "Picadas e caminhos da vida na Guiné"
O nosso Amigo e Camarada Fernando Henriques tem o prazer de convidar todos para o Lançamento do seu novo Livro com o Título: “Picadas e caminhos da vida na Guiné”, que irá ter lugar 20 de Maio (6ª feira), 20 de Maio (6ª feira), pelas 18h00, no Museu Militar do Porto, sito à Rua do Heroísmo, nº 329 – Porto.
Por favor divulguem o mais possível a realização deste evento não só junto das vossas rodas de amigos, como de outras Entidades e Organizações com quem se relacionem.

Foi o Coronel Castro Neves, Capitão em Canquelifá e Comandante da Companhia, que foi render a do Fernando Henriques, que escreveu o Prefácio do Livro.
Ele vem de propósito de Lisboa para estar nesta Cerimónia.
O mesmo acontece com o Coronel Raul Folques dos Comandos Africanos que irá fazer a apresentação do Livro. Homem que, ainda capitão em Guiné, “safou" em Março de1974 o Fernando Henriques e demais Camaradas da sua Companhia, dos ataques e do cerco que as forças do PAIGC (comandadas, ali no Leste e na altura, pelo Nino Vieira e pelo Ansumane Mané) tinham montado ao seu aquartelamento.
Ele pensa que não podia ter escolhido nem outras, nem melhores pessoas, para colaborarem com ele, eu desde o primeiro momento se mostraram prontos e disponíveis, para colaborarem no lançamento do livro.

Sobre o Autor:
Fernando de Sousa Henriques nasceu em Estarreja (Aveiro) em 1949.
Formou-se, no Porto, em Química e, posteriormente, em Electrotecnia.
Como Alferes do CIOE e adjunto do Comandante de Companhia, parte, em Março de 1972, rumo à Guiné, donde só regressa em Julho de 1974.
Foi Professor, tendo passado por Empresas como a Mobil Oil Portuguesa e os C.T.T., até se fixar, como Assessor, na Administração Portuária.
Mantém a sua actividade de Engenheiro.
Relato de viagem rocambolesca de retorno a um País – Guiné (Bissau) – passados que foram mais de 36 anos. Paralelamente, procura relembrar as vivências doutros tempos difíceis e “sofridos” em que, em nome do Dever, se combatia e sofria. Utilizando a terminologia e o calão da altura, descreve a viagem de um pequeno grupo que pretendia revisitar os locais onde cada um dos seus elementos tinha estado em tempo de Guerra.
Interessante o conjunto de situações e de coincidências que acabam por ter lugar naquele longo e intenso deambular por Terras do Fim do Mundo e onde foram recebidos calorosamente pelas suas Gentes. Já não há lugar para ódios ou racismo, mas sim para um apertar de mãos, como irmãos. Foi assim o encontro com antigos Combatentes, ainda vivos, independentemente do lado por que tinham combatido, que acabava invariavelmente em fortes e fraternos abraços.
Percorrendo as, outrora tão amadas como temidas, Picadas, refere continuamente pessoas a precisarem urgentemente de ajuda para ultrapassarem as condições de apenas sobrevivência em que vivem, à margem do Mundo – aquele mesmo onde se apregoa a solidariedade e a amizade entre as Pessoas e os Povos.

Outras Obras Publicadas:
- Um Icebergue chamado 25 de Abril
- No Ocaso da Guerra do Ultramar
- Nandinho - Os primeiros 6 anos dos últimos 60 … (Conto infantil)
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Notas de M.R.:
Vd. Também sobre este evento:

31 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8024: Tabanca Grande (274): Fernando de Sousa Henriques, ex-Alf Mil Op Esp /RANGER da CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883 (Canquelifá, 1972/74)

Vd. o último poste desta série em:

14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8272: Agenda cultural (122): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro)

Guiné 63/74 - P8302: Os nossos camaradas guineenses (31): O José Carlos Suleimane Baldé, ex-1º Cabo At Inf, CCAÇ 12 (1969/74), está em Portugal até 3 de Junho, e quer estar connosco! (Odete Cardoso / Luís Graça)




Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Finete > 1969 > CCAÇ 12 > 4º Gr Comb: Fir Mil At Armas Pesadas Inf Henriques, 1º Cabo At Inf José Carlos Suleimane Baldé e o Sold At Inf Umaru Baldé (apontador do Mort 60)...  Zé Carlos foi o primeiros dos soldados arvorados a ser promovido a 1º cabo (em Setembro de 1969)...  Ambos, o Zé Carlos e o Umarú, pertenciam à 2ª secção, comandada pelo Fur Mil At Inf António Marques, até ao fatídico dia 13 de Janeiro de 1971...


CCAÇ 12 > 4º Gr Comb > 2ª secção (em meados de 1969)
Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques
1º Cabo 17714968 António Pinto
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (Fula)
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (Fula)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (Fula)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (Fula)
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (Fula)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (Futa-Fula)
Sold 82119069 Mamadu Balde (Fula)



Foto: © Luís Graça (2005). Todos os direitos reservados






Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Xime > Amedalai > 26 de Julho de 2006 > O José Carlos com a família. A Odete Cardoso, esposa do ex-Alf Mil Jaime, é madrinha da filha mais nova do Zé Carlos.

Foto:
© Odete Cardoso (2010). Todos os direitos reservados


1. Duas mensagens recentes da Dra. Odete Cardoso, esposa do nosso camarada Jaime Pereira, ex-Alf Mil da CCAÇ 12 (Mar 71/Dez 72):


(i) Data: 13 de Maio de 2011 21:54
Assunto: Vinda do José Carlos Suleimane Baldé aos almoços da CCAÇ 12


Luís Graça

Regressei esta semana do estrangeiro e ouvi que tentou falar comigo.

Venho com muito gosto dizer-lhe que,  após uma série de vicissitudes relacionadas com a obtenção do passaporte e visto, o José Carlos parte de Bissau a 18 deste mês com chegada a Lisboa a 19 e estará cá até 3 de Junho.

O Jaime já falou com o António Dumas Murta e ficou combinado levar o José Carlos ao vosso almoço pelas 16 h. e  sugeriu a possibilidade de o José Carlos poder estar alguns dias convosco no período da sua permanência em Portugal.

Desta vez, o Vacas de Carvalho vai ser faltoso aos  almoços, pois tem um baptizado de um neto e, assim, perdemos a sua presença tão animada e fadista.

Ao dispor, para falarmos.
Um abraço para si e sua mulher.

Odete Cardoso

ii Data: 19 de Maio de 2011 15:11
Assunto: José Carlos - já chegou

Luis Graça

O José Carlos chegou hoje.  Eu e o Vacas de Carvalho já o levamos ao Mosteiro dos Jerónimos e CCB. 

Ele traz os documentos da sua vida militar na Guiné e pretende saber a que serviço público português se há-de dirigir para indagar se esse tempo lhe dá direito a alguma pensão. Tem alguma informação que lhe possa dar a esse respeito?

Sábado, vai ao almoço? O Jaime levará lá o Zé Carlos.
Um abraço
Odete Cardoso


2. Comentário de L.G.:

O Jaime Pereira, tal como o José Sobral, foi alferes da CCAÇ 12, de rendição individual. Pertencem à chamada 2ª geração. Os outros dois alferes eram o Ferreira e o Florindo Costa. O Jaime, hoje engenheiro e gestor, era o comandante do 4º Gr Comb. O José Carlos Suleimane Baldé era 1º cabo, nesse Gr Comb. Aliás, foi o primeiro dos nossos camaradas guineenses a ascender ao posto de 1º cabo. 

Em 1999, o Jaime Pereira e o José Sobral (que vive em Coimbra, onde é médico estomatologista) foram à Guiné, com as respectivas esposas, e andaram à procura dos antigos militares da CCAÇ 12 do seu tempo. A partir daqui ficaram a corresponder-se com regularidade com o Zé Carlos, que vive em Amedalai, perto do Xime...e que tem uma filha, de seis anos, cuja "madrinha" é a nossa amiga Odete Cardoso.

Há tempos, o J. L. Vacas de Carvalho convidou-nos para uma ida aos fados, numa casa típica onde  ele costuma cantar, em Algés. Éramos quatro casais. Foi nessa altura que eu conheci o Jaime e Odete, mais o Sobral e a esposa (cujo nome não recordo agora). Foi também nessa  noite que soube do projecto, muito acarinhado pela Odete, de trazer o Zé Carlos e a filha, a Portugal, por ocasião de mais um convívio anual da CCAÇ 12 (2ª geração)...

Os quadros da CCAÇ 12, de origem metropolitana, que renderam os "pais fundadores" (Maio de 1969/Março de 1971) são poucos... A CCAÇ 12 (2º geração) já ia ao recrutamento local buscar os cabos, os condutores, os mecânicos, os operadores de transmissões, etc. Na prática, só oficiais e sargentos é que eram da Metrópole, a partir de 1971. 

Logo em 1973, o pessoal (metropolitano) da CCAÇ 12 (2ª geração)  reuniu-se em convívio que se repete todos os anos, até hoje. São poucos mas bons: muitas dezenas duas ou três dezenas, entre antigos combatentes e familiares.

E até agora não foi possível reunir-se com a malta da CCAÇ 2590 (a CCAÇ 12 da 1ª geração), com excepção de um caso ou outro (por ex., o ex-fur mil SAM Victor Alves foi o ano passado ao 16º convívio da malta de Bambadinca, 1968/71, que se realizou em Óbidos, tal como o ex- Cap Inf Celestino Ferreira da Costa, hoje Maj Ref, residente na Trofa).   

Este ano, embora com locais diferentes, os dois grupos reúnem-se em Coimbra, no mesmo dia, 21 de Maio. Aguardo, com expectativa, a oportunidade (única) de estar com os meus camaradas da CCAÇ 12, entre eles o Jaime Pereira o José Sobral e o Victpor Alves (que já conheço), além do Zé Carlos Suleimane Baldé, de quem guardo as recordações mais afectuosas, incluindo a única foto que possuo (com ele).

Vou fazer todos os possíveis para dar um salto a Coimbra ou encontrar-me com o Zé Carlos em Lisboa. Espero que, entretanto, outros camaradas que com ele privaram possam estar com ele, até 3 de Junho, e inclusivamente ajudá-lo nos seus conatactos com a burocracia militar... O que poderemos fazer pelo Zé Carlos ?
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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8222: Os nossos camaradas guineenses (30): Cherno Baldé, 4º Gr Comb, 1ª Secção (Comandada originalmente pelo Fur Mil At Inf Joaquim A. M Fernandes), Sold, Ap Metr Lig HK 21, nº mecanográfico 82115269, fula... O mesmo que terá abatido em finais de 1972 o comandante de bigrupo Mário Mendes