1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2016:
Queridos amigos,
Atenda-se ao que Carlos de Matos Gomes escreve no prefácio desta narrativa que possui os requisitos para fazer parte da investigação histórica indispensável:
"Os relatos das reuniões de militares na Guiné desmontam pela base as calúnias que por vezes surgem sob a forma de interpretações históricas, atribuindo à contestação dos militares que roubaram a ditadura a uma mera e mesquinha motivação corporativa. O livro de Jorge Golias expõe a desonestidade desses adeptos do antigo regime e do colonialismo".
Em boa hora Jorge Sales Golias passou a escrito e deu sequência a factos históricos que a generalidade do povo português, e mormente as novas gerações precisam de conhecer para clara certidão da verdade de um teatro de operações que se encaminhava para uma tragédia do tipo de Índia.
Um abraço do
Mário
A descolonização na Guiné-Bissau e o movimento dos capitães (1)
Beja Santos
Oportunidade única de conhecer pela boca de um dos seus protagonistas o que foi o processo de descolonização da Guiné encetado formalmente a 26 de Abril de 1974, com a tomada do poder pelo núcleo do MFA da Guiné. A narrativa é de um capitão de Operações de Transmissões que acompanhou a génese do MFA da Guiné e terá um papel preponderante nos acontecimentos que antecedem o reconhecimento da independência da República da Guiné-Bissau: “A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães”, por Jorge Sales Golias, Edições Colibri, 2016.
Jorge Sales Golias chega a Bissau em Junho de 1972, viaja na companhia do Capitão Miliciano José Manuel Barroso, jornalista do “República”, que irá desempenhar relações de funções públicas no Gabinete do General Spínola e do Capitão (Comando) Carlos de Matos Gomes que ia para a sua terceira comissão. Ficará colocado no Agrupamento de Transmissões, explica-nos as suas missões, a sua relação com o Comandante do Agrupamento Tenente-Coronel Mateus da Silva, outra figura preponderante no 26 de Abril de 1974 em Bissau e período seguinte. Em pinceladas grossas, descreve a situação militar na Guiné, ao tempo da sua comissão: a reocupação do Cantanhez, a perda da supremacia aérea, os acontecimentos de Guidage, Guileje e Gadamael e o estado de desmoralização das tropas, cada vez mais acantonadas aos seus destacamentos. Com detalhe, menciona a reunião dos Altos Comandos de 15 de Maio de 1973 e a perceção de tragédia que lhe está subjacente.
A narrativa inflete para a origem do Movimento dos Capitães, reuniões que passam a ter lugar a partir do final do ano de 1972 e que têm o seu pico alto em 12 de Agosto de 1973 quando se discute, no Clube de Oficiais de Bissau, o decreto-lei n.º 353/73, reunião que dá lugar a outra e pela primeira vez ouve-se a palavra revolução, a 28 de Agosto surge uma carta que irá recolher 52 assinaturas, aquela que, segundo o autor é a carta fundadora do Movimento dos Capitães. Os contactos extravasam para Lisboa, e depois para o país. Alguns dos subscritores da carta dos 52 passam a participar nas reuniões na metrópole. Começa a evoluir-se para um golpe de Estado que apeie Marcello Caetano e derrube o seu regime. O MFA da Guiné, por sua conta e risco, preparou o Plano B do MFA, no caso de falhar o golpe em Lisboa, seria a vez dos militares em Bissau.
Em 25 de Abril, os serviços de escuta das Transmissões trouxeram as primeiras notícias pelas 5 de manhã, começam então em Bissau reuniões no Batalhão de Caçadores Paraquedistas, estão presentes o seu Comandante e oficiais de outras Unidades, como Raúl Folques, Matos Gomes, Zacarias Saiegh, Sosua Pinto, Pessoa Brandão. À tarde delineiam-se os planos de operações para controlar todos os pontos sensíveis e chegar à fala com o Governador Bettencourt Rodrigues e outras figuras preponderantes das Forças Armadas. Sabe-se que Bettencourt Rodrigues não só não reconheceu a Junta de Salvação Nacional como deu instruções à PIDE para seguir os movimentos dos oficiais do MFA.
Na manhã de 26, estes militares do MFA Guiné dirigem-se à Amura e entram no gabinete do Governador e Comandante-Chefe. Ocorre uma altercação que envolveu o Brigadeiro Leitão Marques, mas tudo acaba corretamente, fazem-se detenções formais e o Tenente-Coronel Eduardo Mateus da Silva é convidado pelo MFA da Guiné para encarregado do Governo, o Comodoro Almeida Brandão só aceitou desempenhar as funções de Comandante-Chefe. Jorge Sales Golias é nomeado Chefe de Gabinete de Mateus da Silva. Entra-se em conversações com os representantes da sociedade civil, procede-se à libertação de presos políticos, tiveram lugar alguns desacatos tanto em Bissau como no interior, caso de assaltos a casas comerciais. Procede-se à primeira organização de estruturas de apoio ao Governo até que em 7 de Maio o Tenente-Coronel Carlos Fabião foi designado por Spínola para novo encarregado do governo. Traz instruções precisas de Spínola: negociar o cessar-fogo; tratar o PAIGC como um partido igual aos outros; promover um referendo com vista a uma solução federativa. Mas Carlos Fabião apercebe-se rapidamente que tudo mudara, no contexto internacional, na evolução da guerra, no próprio estado de espírito das Forças Armadas Portuguesas. A especificidade do MFA na Guiné garante a sua presença na estrutura executiva do Governo, Mateus da Silva vai a Lisboa com uma agenda que inclui em todos os pontos entrar em negociações com o PAIGC. Spínola revela-se dramático, vai criando a sua própria agenda, pensa mesmo ir a Bissau a um Congresso do Povo, seria aclamado e subverteria os propósitos de independência do PAIGC. Enquanto tudo isto ocorre, a diplomacia move-se em Dakar, Londres e Argel, as nossas tropas começam a conviver com as forças do PAIGC, logo em 19 de Maio o Capitão Silva Ramalho, da Companhia de Sare Bacar, convive com as forças de Quemo Mané, é patente uma grande desorientação entre os comissários políticos e os comandantes militares do PAIGC.
É um período de intensos boatos, de reagrupamento de forças políticas, conflitos de trabalho, de greves. É neste contexto que se institucionaliza o MFA na Guiné e Jorge Sales Golias pormenoriza a orgânica da Estruturação Democrática do MFA.
Encetam-se conversações com as forças do PAIGC, disciplinam-se os relacionamentos hierárquicos, travam-se exageros e radicalismos. As tensões políticas metropolitanas refletem-se na Guiné-Bissau entre moderação e extrema-esquerda. No centro político estava o Alferes Miliciano João Ferreira do Amaral, na extrema-esquerda o Alferes Miliciano Celso Cruzeiro, dinamizador do Movimento para a Paz que reivindica à cabeça o cessar-fogo imediato, sem condições. Sales Golias comenta: “Oportunistas que na altura eram mais revolucionários do que os capitães do MFA. Consequência de o MFA na metrópole não ter ainda definido as linhas principais de atuação e estar dependente da vontade de Spínola e do governo”.
E em 1 de Julho de 1974 realizou-se a primeira Assembleia-Geral do MFA na Guiné. O ponto alto da Assembleia foi a aprovação por aclamação de uma moção em que se apelava para o Governo português reconhecer a República da Guiné-Bissau, para que se reatassem as negociações com o PAIGC, após o impasse de Argel, e apelava-se para que os militares portugueses encarassem a sua presença atual e futura na Guiné como forma de prestar a sua cooperação desinteressada ao povo da Guiné.
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 18 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15987: Nota de leitura (831): “As guerras coloniais portuguesas e a invenção da História”, por Luís Quintais, Imprensa de Ciências Sociais, 2000 (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 22 de abril de 2016
Guiné 63/74 - P16001: Nota de leitura (832): “A descolonização da Guiné-Bissau e o movimento dos capitães”, por Jorge Sales Golias, Edições Colibri, 2016 (1) (Mário Beja Santos)
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Guiné 63/74 - P16000: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (14): Fotos de Juvenal Amado - Parte II: Entre a grande euforia do (re)encontro e a pequena depressão pré (ou pós ?) - prandial...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Inconfundível, o "herói de Gadamael"... J. Casimiro Carvalho, da Maia. "Ranger", parece estar a gritar: "A Pátria deve-me uma medalha!"... Ou não será: "Tirem-me daqui!"... Ou ainda: "Estou vivo e salvo! O blogue tirou-me dos traumas da guerra!"....
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da esquerda para a direita: Ernestino Caniço, Manuel Joaquim, Armando Pires e Paulo Santiago...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Zé Rodrigues, o da direita
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da direita para a esquerda: Victor Tavares, António Faneco, Mário Gaspar e C. Martins
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Rogé Guerreiro (Cascais) e Rui Pedro Silva (Lisboa)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Hélder Sousa e Belarmino Sardinha (BS)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Miguel Pessoa e BS
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Pois que viva a Tabanca Pequena e gente que lá "vive"!
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Manuel Gonçalves (, que andou por Aldei Formosa), Francisco Baptista e Luís Graça
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Carlos Vinhal, Luís Graça, Joaquim Mexia Alves e Miguel Pessoa: a comissão organizador.
Fotos: © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados
1. Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras... O que é bom, ou conveniente para o editor quando lhe dá a preguiça: não tem que legendar... E depois já na tropa se dizia, "quem não sabe ler, que veja os bonecos"...
No meio do tabancal, salva-se o Belarmino Sardinha (que veio com a família, a esposa Antonieta, a filha Ana, o genro Pedro e o neto!)... E, claro, as nossas caras metades, queridas bajudas, e as restantes famílias e os nossos amigos... O resto (nós, os ex-combatentes), é uma "cambada de apanhados"... "Apanhados do clima" era a curiosa expressão que usávamos na Guiné... Nunca ninguém conseguiu trocar isso por miúdos... Afinal, o que era um "apanhado"? ... Enfim, "entre a grande euforia do (re)encontro e a pequena depressão pós-pandrial", não fica mal... Pós ou pré ? Não vejo comida, os pratos estão vazios... Mas as barriguinhas já estão atestadas cm os aperitivos...
Para o ano há mais, se a Tabanca Grande quiser.
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15997: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (13): Fotos de Juvenal Amado - Parte I: Gente com estilo...
quinta-feira, 21 de abril de 2016
Guiné 63/74 - P15999: In Memoriam (254): Nina Amado (1932-2016), Mãe do nosso camarada e amigo Juvenal Amado, falecida no passado dia 13 de Abril
1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro,
1971/74), com data de 15 de Abril de 2016, com um poema homenageando a memória de sua Mãe, falecida no passado dia 13, dias antes do nosso Encontro Nacional:
Carlos e Luís e restantes camaradas
Ao longo dos anos em que participo neste nesta, tertúlia aprendi a sentir os camaradas como família.
Assim dando resposta a muitos, que me foram perguntando pela saúde da minha mãe, venho cumprir a dolorosa obrigação de informar do seu falecimento no dia 13 de Abril.
A foto é a minha mãe o meu pai jovens, que é assim que os quero recordar para sempre.
Obrigado
Juvenal Amado
O TEU PERFUME PARA NÓS SERÁ ETERNO
Os anos passaram sobre o teu olhar
Viste-nos crescer
Foste a nossa sombra protectora.
Cavaram-se no teu rosto as rugas
Olhavas para nós expectante
Os teus olhos falavam suplicantes
Não sei te lembravas
Nós saltávamos para tua cama,
regressávamos ao ninho do teu colo,
repartíamos alegria com beijos e risos.
O nossos risos de crianças ainda ecoam
Como fomos felizes sobe o teu olhar!
Foram dolosos os últimos anos
Definhaste
Como uma flor com o caule cortado,
foste-te despedindo de nós
suavemente .
Os cravos floriram e tu não viste,
não fomos capazes de parar o tempo
Ontem num gesto derradeiro
Acompanhámos-te,
depositámos-te na terra,
Para trás ficou um rasto de luz,
só habitas no nosso coração
Mas o teu perfume,
para nós será eterno.
Nita Sacadura Amado.
3 de Dezembro de 1932 - 13 de Abril de 2016
Comentário do editor
Para o camarada Juvenal Amado, e demais familiares, vão as nossas mais sentidas condolências pelo falecimento da senhora Dona Nina Amado.
Ele não quis que se publicasse a notícia da morte da senhora sua mãe antes do nosso Encontro. Aqueles que souberam da notícia antes, tiveram a oportunidade de lhe dar um abraço solidário em Monte Real.
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Nota do editor
Último poste da série de 21 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)
Carlos e Luís e restantes camaradas
Ao longo dos anos em que participo neste nesta, tertúlia aprendi a sentir os camaradas como família.
Assim dando resposta a muitos, que me foram perguntando pela saúde da minha mãe, venho cumprir a dolorosa obrigação de informar do seu falecimento no dia 13 de Abril.
A foto é a minha mãe o meu pai jovens, que é assim que os quero recordar para sempre.
Obrigado
Juvenal Amado
IN MEMORIAM
NITA AMADO - 1932-2016
Os Pais do Juvenal - Nátio e Nita Amado
O TEU PERFUME PARA NÓS SERÁ ETERNO
Os anos passaram sobre o teu olhar
Viste-nos crescer
Foste a nossa sombra protectora.
Cavaram-se no teu rosto as rugas
Olhavas para nós expectante
Os teus olhos falavam suplicantes
Não sei te lembravas
Nós saltávamos para tua cama,
regressávamos ao ninho do teu colo,
repartíamos alegria com beijos e risos.
O nossos risos de crianças ainda ecoam
Como fomos felizes sobe o teu olhar!
Foram dolosos os últimos anos
Definhaste
Como uma flor com o caule cortado,
foste-te despedindo de nós
suavemente .
Os cravos floriram e tu não viste,
não fomos capazes de parar o tempo
Ontem num gesto derradeiro
Acompanhámos-te,
depositámos-te na terra,
Para trás ficou um rasto de luz,
só habitas no nosso coração
Mas o teu perfume,
para nós será eterno.
Nita Sacadura Amado.
3 de Dezembro de 1932 - 13 de Abril de 2016
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Comentário do editor
Para o camarada Juvenal Amado, e demais familiares, vão as nossas mais sentidas condolências pelo falecimento da senhora Dona Nina Amado.
Ele não quis que se publicasse a notícia da morte da senhora sua mãe antes do nosso Encontro. Aqueles que souberam da notícia antes, tiveram a oportunidade de lhe dar um abraço solidário em Monte Real.
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Nota do editor
Último poste da série de 21 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)
Guiné 63/74 - P15998: In Memoriam (253): António dos Santos Mano (Larinho, Torre de Moncorvo, 1943 - Estrada Missirá-Enxalé, 1966), fur mil op esp, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67) (Armando Gonçalves / Júlio Martins Pereira / Henrique Matos / João Crisóstomo)
Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá, Porto Gole, 1965/67) > O meio, o furriel de transmissões, à direita de costas, o capitão Pires e à esquerda o fur mil op esp António dos Santos Mano, que irá morrer em 6/10/1966, na sequência de uma mina A/C, na estrada Missirá-Enxale.
Foto: © João Crisóstomo (2015) Todos os direitos reservados.
Guiné > Zona Leste> Setor L1 > Bambadinca > Estrada Enxalé-Missirá > Sítio do Mato Cão > 6 de outubro de 1966 > Cratera povocada por uma mina A/C cuja explosão provocou a morte do soldado Manuel Pacheco Pereira Junior, da CCaç 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67]. Era natural de São Miguel, Açores. Os restos mortais (cerca de 3 kg) ficaram no cemitério de Bambadinca, talhão militar, fileira 2, campa 1, Guiné-Bissau.
Henrique Matos reviu a sua versão inicial em relação o que ocorreu nesse dia 6/10/66:
(i) a primeirra mina, na coluna Missirá-Enxalé, [ comandada pelo af ml Luís Zagallo], causou a morte do Fur Mano [, decepou-lhe a perna, acabando por morrer por falta de assistência];
(ii) há uma 2.ª min, na coluna que foi em socorro, a partir do Enxalé, comandada pelo [alf mil João] Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco;
(iii) "foram os únicos mortos e, se a memória não me falha, não houve feridos com muita gravidade".
Foto (e legenda): © Henrique Matos (2008). Todos os direitos reservados.
1. Do nosso leitor Armando Gonçalves, professor do Agrupamento Escolar dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo:
Data: 20 de abril de 2016 às 13:26
Assunto: Furriel Miliciano António dos Santos Mano
Sr. Luís Graça
Sou professor da Escola dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo e pretendemos fazer uma homenagem aos soldados mortos no Ultramar. Pelo facto todas as informações são importantes. Tenho estado em contacto como sr. Carlos Vinhal, José Casimiro Carvalho e, principalmente, Manuel Augusto Reis.
Desta feita, procuro saber informações de António dos Santos Mano, verifiquei que há camaradas dessa companhia [, a CCAÇ 1439].
Nasceu no Larinho, a 25 de junho de 1943;
Filho de Manuel dos Santos Mano e de Clementina do Nascimento Ferreira;
Posto: Furriel Miliciano Atirador Operações Especiais 01595964;
BII 19 (Batalhão Independente de Infantaria 19-Funchal)
Companhia de Caçadores 1439 / Batalhão de Caçadores 1888
Embarque a 2 de agosto de 1965;
Causa da morte: combate.
Faleceu em Enxalé, província da Guiné, pelas 7 horas e 30 minutos do dia 6 de outubro de 1966
Local de sepultura: freguesia natural
Precisava de saber das suas funções, qual a sua área de ação e em que circunstâncias se deu a sua morte.
Grato pela atenção,
Armando Manuel Lopes Gonçalves
Telemóvel (...) 966844876
2. Nota do editor:
O Mano era fur mil op esp. Temos dois postes sobre as circunstâncias em que morreu... Aliás, temos duas versões, de camaradas que lhe estavam próximos: José Martins Pereira, nosso grã-tabanqueiro nº 635 (, natural de Paredes, vive em Campo, Valongo), e que era sold trms, da CCAÇ 1439, estando destacado em Missirá, com o Gr Com do alf mil Luís Zagallo, de que fazia parte o fur mil op esp Mano (*). Outra versão é do Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (qu estava no Enxalé) (**).
Segundo o portal Ultramar Terraweb, o António dos Santos Manos é dos um 29 mortos, na guerra colonial, naturais do concelho de Torrre de Moncorvo. Vamos naturalmente ajudar o professor Armando Gonçalves, os seus alunos e a sua escola a fazer a justa homenagem, 50 anos depois, a este nosso bravo camarada que deu o melhor de si, a sua vida, morrendo aos 23 anos, em circunstâncias que imaginanos horrorosas: com a perna decepada, esvaiu-se em sangue, sem assistência médica... (***).
O João Crisóstomo (que vive em Nova Iorque desde 1975) acaba de nos mandar um depoimento sobre esse dia fatídico para a sua antiga companhia, CCAÇ 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67], ... Nesse dia, na 2ª mina, ele perdeu um dos seus homens, o Manuel Pacheco Pereira Junior, quando iam em socorro do Gr Comb do Luís Zagallo. É dele a única que temos com o infortunado camarada António dos Santos Mano. Esperemos por outros contributos dos nossos leitores, camaradas nomeadamente desse tempo e dessa companhia.
Data: 20 de abril de 2016 às 13:26
Assunto: Furriel Miliciano António dos Santos Mano
Sr. Luís Graça
Sou professor da Escola dr. Ramiro Salgado, de Torre de Moncorvo e pretendemos fazer uma homenagem aos soldados mortos no Ultramar. Pelo facto todas as informações são importantes. Tenho estado em contacto como sr. Carlos Vinhal, José Casimiro Carvalho e, principalmente, Manuel Augusto Reis.
Desta feita, procuro saber informações de António dos Santos Mano, verifiquei que há camaradas dessa companhia [, a CCAÇ 1439].
Nasceu no Larinho, a 25 de junho de 1943;
Filho de Manuel dos Santos Mano e de Clementina do Nascimento Ferreira;
Posto: Furriel Miliciano Atirador Operações Especiais 01595964;
BII 19 (Batalhão Independente de Infantaria 19-Funchal)
Companhia de Caçadores 1439 / Batalhão de Caçadores 1888
Embarque a 2 de agosto de 1965;
Causa da morte: combate.
Faleceu em Enxalé, província da Guiné, pelas 7 horas e 30 minutos do dia 6 de outubro de 1966
Local de sepultura: freguesia natural
Precisava de saber das suas funções, qual a sua área de ação e em que circunstâncias se deu a sua morte.
Grato pela atenção,
Armando Manuel Lopes Gonçalves
Telemóvel (...) 966844876
2. Nota do editor:
O Mano era fur mil op esp. Temos dois postes sobre as circunstâncias em que morreu... Aliás, temos duas versões, de camaradas que lhe estavam próximos: José Martins Pereira, nosso grã-tabanqueiro nº 635 (, natural de Paredes, vive em Campo, Valongo), e que era sold trms, da CCAÇ 1439, estando destacado em Missirá, com o Gr Com do alf mil Luís Zagallo, de que fazia parte o fur mil op esp Mano (*). Outra versão é do Henrique Matos, ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (qu estava no Enxalé) (**).
Segundo o portal Ultramar Terraweb, o António dos Santos Manos é dos um 29 mortos, na guerra colonial, naturais do concelho de Torrre de Moncorvo. Vamos naturalmente ajudar o professor Armando Gonçalves, os seus alunos e a sua escola a fazer a justa homenagem, 50 anos depois, a este nosso bravo camarada que deu o melhor de si, a sua vida, morrendo aos 23 anos, em circunstâncias que imaginanos horrorosas: com a perna decepada, esvaiu-se em sangue, sem assistência médica... (***).
O João Crisóstomo (que vive em Nova Iorque desde 1975) acaba de nos mandar um depoimento sobre esse dia fatídico para a sua antiga companhia, CCAÇ 1439 [Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67], ... Nesse dia, na 2ª mina, ele perdeu um dos seus homens, o Manuel Pacheco Pereira Junior, quando iam em socorro do Gr Comb do Luís Zagallo. É dele a única que temos com o infortunado camarada António dos Santos Mano. Esperemos por outros contributos dos nossos leitores, camaradas nomeadamente desse tempo e dessa companhia.
Algarve > Faro > Julho de 2015 > "Vilma e eu encontramo-nos [,da esquerda parta a direita,]
com o Chico, Henrique Matos, Teixeira e Viegas".
[Recorde-se que o Henrique Matos, açoriano a viver no Algarve, foi alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68),e que o José António Viegas, algarvio, foi fur mil do Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68). Os três são membros da nossa Tabanca Grande. Nesse mesma nao e mês o o novaiorquino João Crisóstomo e a sua esposa Vilma foram à Madeira. O João teve ocasião de estar com o pessoal da CCAÇ 1439, "uma companhia toda madeirense (com exceção dos graduados e especialistas; o Antonino Freitas era o único alferes madeirense)"]
Foto: © João Crisóstomo (2015) Todos os direitos reservados.
Guiné > Zona leste > Carta de Bambadinca (1955) > Escala 1/50 mil > Estrada Missirá-Enxalé > Local provável do rebentamento da mina A/C que provocou a morte , em 6/10/1966, do fu rmil op esp Mano, a cerca de 800 metros a sul do cruzamento para Canturé e Finete, antes do Mato Cão, na margem direita do Rio Geba Estreito. A sede do batalhão era em Bambadinca. A CCAÇ 1439 estava em Enxalé, com destacamentos em Missirá (a nordeste do Enxalé) e em Porto Gole (a oeste de Enxalé) junto ao R Geba. Em frente ao Enxalé, na margem, esquerda o R Geba ficava o Xime.
Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2016). |
Caro Luís Graça, Armando e demais camaradas,
Não poderei ajudar muito, já que não tenho muita confiança na minha memória; de vez em quando verifico ter as coisas baralhadas, pois a minha memória por vezes parece lembrar duma maneira e verifico que outros dão um relato diferente do que me parece lembrar. Mas, dentro do que posso, aqui vai o que relembro.
Aqui envio uma foto ( a única que tenho em que sou capaz de identificar sem qualquer dúvida o furriel Mano). Não sou capaz de lembrar o nome do “operação” nem a data, mas recordo-me bem das circunstâncias: andávamos no mato e o Capitão Pires, comandante da CCAÇ 1439 (, de costas, no canto direito da foto; era ele mesmo que estava a comandar esta operação no mato), a certa altura concluiu que estávamos "perdidos",l sem saber para onde seguir, pois os próprios !"guias" discutiam e não davam com o caminho.
Foi talvez mesmo a única vez que me lembro que eu vi o nosso Capitão Pires "desnorteado". Mandou parar a coluna e chamou o furriel de comunicações para contactar os “bombardeiros” [, T 6,] para ver se conseguíamos deles a nossa posição e a direção a seguir. E eu resolvi tirar a foto ao furriel de transmissões, quando este tentava montar o rádio de transmissões ; ( já não me recordo do nome dele, mas talvez alguém o reconheça e identifique; só sei que,assim me disseram,ele continuou na tropa depois da companhia ter voltado a Portugal): o furriel Mano é o segundo do lado esquerdo da foto.
Posso confirmar o que o Henrique diz, como a versão, segunda a minha memória, mais de acordo com o que aconteceu: "Em relação às minas de 6/10/66 em Mato Cão, aqui vai um resumo: a 1.ª na coluna Missirá-Enxalé causou a morte do Fur Mano; a 2.ª na coluna que foi em socorro a partir do Enxalé comandada pelo Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco. Foram os únicos mortos e se a memória não falha, não houve feridos com muita gravidade. Também lá fui de seguida como já relatei anteriormente."
Não me recordo dos detalhes da morte do furriel Mano, a não ser pelo que me contaram e que é mais ou menos o que está descrito. Devo esclarecer/confirmar o desenrolar cronológico do acontecido de que o primeiro a sofrer a mina foi a coluna do Zagalo; a companhia, sob o comando do Capitão Pires tinha acabado de chegar do mato; a “malta” estava toda estafada e o capitão Pires depois de saber que o Zagalo tinha sofrido uma mina, com baixas - não sabíamos detalhes - e precisava de ajuda, disse-me, sabendo bem que estávamos todos estafados, para juntar todos os que tinham ficado no quartel (pessoal de serviços) e “pedir” voluntários para ir em socorro de Zagalo.
Eu juntei o primeiro, o meu pelotão, e disse-lhes que antes de falar com o resto da companhia queria saber primeiro com quantos eu podia contar do meu pelotão. E todos sem excepçao se prontificaram a ir comigo…
Um dos soldados do meu pelotão era o Manuel (o único açoreano da companhia); sofremos uma mina e na altura até pensamos que tinhamos tido sorte, pois “não tinha havido baixas”. Só demos pela falta do Manuel Açoreano, quando de manhã no rol de chamada o Manuel não respondeu e começamos a perguntar se alguém sabia onde ele estava. Foi nesse momento que alguém disse que a ultima vez que tinha visto o Manuel ele estava no Unimog que ia na coluna de socorro ao Zagalo e era o Unimog que tinha ido pelos ares quando a mina rebentou. Conforme descrito e confirmado depois, ele havia sido "literalmenet pulverizado por uma mina" .
E sem querer estar a ensinar o Padre nosso ao vigário, pois é natural que até tenha sido isso a primeira coisa que fizeram: com certeza que há-de haver, nos arquivos das Forças Armadas, informação de todos os que foram vítimas das guerras ultramarinas… e informação de nomes completos, datas , unidades a que pertenciam etc. Com esses dados será depois muito mais fácil encontrar quem possa dar mais detalhes sobre esses nossos camaradas, cuja memória em boa hora vocês se propõem lembrar e honrar.
Se alguém me quiser contactar por favor usem o email e mandem-me o vosso contacto telefónico que eu terei muito gosto em lhes ligar; eu sei que para voçês ligarem para mim fica caro ( quando vou a Portugal tenho de estar sempre com cuidado ao ligar para fora…) mas por outro lado custa-me muito pouco ligar daqui dos USA para a Europa. Portanto, se quiserem, e eu terei muito gosto, deem-me os vossos contactos telefônicos, eu sou pouco de “facebooks” e coisas assim. Quando tenho tempo (ainda ando sempre envolvido em coisas que me exigem muito tempo, basta fazer o Googgle com o meu nome e podem verificar o que digo) ainda vejo alguns blogues, como é o caso do nosso Luis Graça e camaradas da Guiné. Mas fora disso,... só mesmo o telefone e email.
Entretanto, deixem-me dizer que foi uma surpresa muito gratificante saber da vossa iniciativa. E por isso é com admiração, direi mesmo gratidão, que a todos envio um grande abraço.
João Crisóstomo
Alferes Miliciano, CCAÇ 1439
Posso confirmar o que o Henrique diz, como a versão, segunda a minha memória, mais de acordo com o que aconteceu: "Em relação às minas de 6/10/66 em Mato Cão, aqui vai um resumo: a 1.ª na coluna Missirá-Enxalé causou a morte do Fur Mano; a 2.ª na coluna que foi em socorro a partir do Enxalé comandada pelo Crisóstomo, tendo neste caso causado a morte do Manuel Pacheco. Foram os únicos mortos e se a memória não falha, não houve feridos com muita gravidade. Também lá fui de seguida como já relatei anteriormente."
Não me recordo dos detalhes da morte do furriel Mano, a não ser pelo que me contaram e que é mais ou menos o que está descrito. Devo esclarecer/confirmar o desenrolar cronológico do acontecido de que o primeiro a sofrer a mina foi a coluna do Zagalo; a companhia, sob o comando do Capitão Pires tinha acabado de chegar do mato; a “malta” estava toda estafada e o capitão Pires depois de saber que o Zagalo tinha sofrido uma mina, com baixas - não sabíamos detalhes - e precisava de ajuda, disse-me, sabendo bem que estávamos todos estafados, para juntar todos os que tinham ficado no quartel (pessoal de serviços) e “pedir” voluntários para ir em socorro de Zagalo.
Eu juntei o primeiro, o meu pelotão, e disse-lhes que antes de falar com o resto da companhia queria saber primeiro com quantos eu podia contar do meu pelotão. E todos sem excepçao se prontificaram a ir comigo…
Um dos soldados do meu pelotão era o Manuel (o único açoreano da companhia); sofremos uma mina e na altura até pensamos que tinhamos tido sorte, pois “não tinha havido baixas”. Só demos pela falta do Manuel Açoreano, quando de manhã no rol de chamada o Manuel não respondeu e começamos a perguntar se alguém sabia onde ele estava. Foi nesse momento que alguém disse que a ultima vez que tinha visto o Manuel ele estava no Unimog que ia na coluna de socorro ao Zagalo e era o Unimog que tinha ido pelos ares quando a mina rebentou. Conforme descrito e confirmado depois, ele havia sido "literalmenet pulverizado por uma mina" .
E sem querer estar a ensinar o Padre nosso ao vigário, pois é natural que até tenha sido isso a primeira coisa que fizeram: com certeza que há-de haver, nos arquivos das Forças Armadas, informação de todos os que foram vítimas das guerras ultramarinas… e informação de nomes completos, datas , unidades a que pertenciam etc. Com esses dados será depois muito mais fácil encontrar quem possa dar mais detalhes sobre esses nossos camaradas, cuja memória em boa hora vocês se propõem lembrar e honrar.
Se alguém me quiser contactar por favor usem o email e mandem-me o vosso contacto telefónico que eu terei muito gosto em lhes ligar; eu sei que para voçês ligarem para mim fica caro ( quando vou a Portugal tenho de estar sempre com cuidado ao ligar para fora…) mas por outro lado custa-me muito pouco ligar daqui dos USA para a Europa. Portanto, se quiserem, e eu terei muito gosto, deem-me os vossos contactos telefônicos, eu sou pouco de “facebooks” e coisas assim. Quando tenho tempo (ainda ando sempre envolvido em coisas que me exigem muito tempo, basta fazer o Googgle com o meu nome e podem verificar o que digo) ainda vejo alguns blogues, como é o caso do nosso Luis Graça e camaradas da Guiné. Mas fora disso,... só mesmo o telefone e email.
Entretanto, deixem-me dizer que foi uma surpresa muito gratificante saber da vossa iniciativa. E por isso é com admiração, direi mesmo gratidão, que a todos envio um grande abraço.
João Crisóstomo
Alferes Miliciano, CCAÇ 1439
________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 10 de maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2830: Aqueles que nem no caixão regressaram (4): O Açoriano, da CCAÇ 1439, desintegrado por uma mina (Henrique Matos)
(...) No dia 6 de Outubro de 1966 numa coluna [da CCAÇ 1439] que saiu do Enxalé para reabastecimento de Missirá (sorte minha, porque não foi a minha vez de a comandar) e no fatídico lugar de Mato Cão, o soldado Manuel Pacheco Pereira Júnior, mais conhecido pelo Açoriano pois era o único natural dos Açores naquela companhia que era de madeirenses, foi literalmenet pulverizado por uma mina A/C.
Quando digo pulverizado é o termo que melhor descreve a situação, pois sou um dos que andou à procura de restos do corpo e apenas encontrámos pequenos fragmentos de ossos com que fizemos um embrulho que pesava poucos quilos. Tem a sua campa em Bambadinca, como se pode ver na relação do Marques Lopes. A G3 dele nunca mais se viu, pensando-se que terá voado para o Geba que passa a não muitos metros de distância. (...)
(...) Mas a tragédia não acaba aqui. A coluna foi descarregar a Missirá e regressou a abrir, isto é, o mais depressa que podia andar e sem picar. Então muito próximo do mesmo local outra mina A/C tirou a vida ao fur mil ranger António dos Santos Mano, que vinha ao lado do condutor mas com uma perna para o lado de fora do assento. E foi isso que lhe causou a morte, pois a perna foi decepada e não houve forma de o salvar. Nessa noite foi preciso acalmar muita gente no Enxalé, pois a companhia, [a CCAÇ 1439,] só tinha tido uma baixa até essa ocasião e já ia a caminho de 15 meses de comissão. (...)
(**) Vd. poste 16 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12456: Tabanca Grande (415): Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439 (Enxalé, Missirá e Porto Gole, 1965/67), grã-tabanqueiro nº 635
[Júlio Martins Pereira, sold trms, CCAÇ 1439, Enxalé, Missirá e Porto Giole, 1965/67, foto à esquerda]
(...) De Bambadinca fomos para o Enxalé e daqui uns foram para Missirá e outros para Porto Gole. Eu fui para Missirá, no pelotão comandado pelo já falecido alferes [Luís] Zagallo. Na ocasião a morada no continente do alf Zagallo era na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa.
No dia 6 de outubro de 1966, por volta das 7 horas da manhã, íamos nós de Missirá a caminho do Enxalé em coluna com um jipe e um unimogue, íamos buscar alimentos e outros produtos pró pessoal. Depois de passar o cruzamento que dava para Finete, aproximadamente, 800 metros à frente havia uma poça d’água. O jipe que ia na frente desviou-se, nesse jipe ia o motorista, o alf Zagallo, o enfermeiro e mais dois soldados. A seguir ia o unimogue que não se desviou da poça d’água e aí rebentou a mina. Na frente, no unimogue, ia o furriel Mano, de pé, do lado esquerdo do condutor e ao lado deste mais 2 ou 3 soldados, na parte de trás. Nos bancos laterais onde eu ia, iam os bancos completos.
Rebentada a mina, eis que alguns de nós tal como eu, encontrámo-nos dentro daquela cratera, cheia de lodo e gasóleo. Nós, sem armas, os mais conscientes ainda conseguímos gatinhar para encontrar armas para nos defendermos de qualquer eventualidade, no meio de toda aquela gritaria, todos aqueles berros, os choros, todos aqueles, mortos e feridos... Apesar de tudo só ouvimos lá longe uma rajada de costureirinha, a querer dizer-nos algo sobre o que nos tinha acontecido...
Como não houve mais nenhuma reação, demos início à procura e recolha dos nossos mortos e feridos. Estes encontravam-se espalhados, quer no capim encharcado de cacimbo (orvalho noturno), quer nos destroços do unimogue que ficou virado em sentido contrário e retirado da cratera.
Ainda hoje me lembro de ter retirado um camarada nosso, pegá-lo por baixo dos braços e encostá-lo ao taipal para que outros o pusessem no chão. Era preciso retirá-los daquele sofrimento e acalmá-los e procurar todos os outros.
Entretanto o jipe onde ia o alf Zagallo volta para trá. Passado aquele tempo de possível reação [do IN ], entretanto, eu já tinha ido procurar os meus/nossos companheiros, quando fui ter com o alf Zagalo, e lhe disse onde estavam alguns dos nossos mortos e feridos, incluindo o furriel Mano, todo esventrado, esfacelado, só a carne dava sinais porque ainda estava quente.
A partir daqui começamos a recolher os restos dos mortos, e a pô-los no fundo do jipe, por cima os feridos mais graves, a estes amarrámos ligaduras do enfermeiro para que não caíssem com o andamento do jipe, que ia transformado num autêntico carro de horrores.
Iniciada a marcha de retorno, esta na direção de Finete, fui eu, então a pé, desde o local da mina até Finete. A correr, sozinho com a arma em bandoleira para pedir socorro, uma vez aí, no cimo daquela grande bolanha, frente a Bambadinca.
Iniciada a marcha de retorno, esta na direção de Finete, fui eu, então a pé, desde o local da mina até Finete. A correr, sozinho com a arma em bandoleira para pedir socorro, uma vez aí, no cimo daquela grande bolanha, frente a Bambadinca.
O comandante das tropas aí aquarteladas [, em Finete], depois de me ouvir, mandou 4 soldados [africanos] acompanharem-me até Bambadinca [, sede do batalhão,], para pedir socorro, mas ao mesmo tempo começam a emitir mensagens para o interior da bolanha no sentido de avisarem, a muita população que ali estava a trabalhar, que tinha rebentado uma mina ali perto. E estes, em debandada, encaminham-se para o rio Geba para fugirem para Bambadinca a bordo. Claro, das canoas, aí tive de pedir que retirassem cinco elementos da população para que eu e os meus quatro camaradas que me acompanhavam pudéssemos chegar ao batalhão que aí estava aquartelado [, em Bambadinca].
Dali fui pedir apoio a Bissau para virem os helicópteros, e também à minha companhia, CCAÇ 1439. Prá companhia fui eu que fiz o ponto da situação. Ali, o comando do batalhão fornece-me um rádio para que eu pudesse comunicar com os helicópteros e as respetivas frequências para uma boa comunicação.
Entretanto quando eu e os 4 soldados pretos iniciámos a marcha de regresso a Finete em plena bolanha e já com o roncar dos helicópteros, e eu a sintonizá-los no meu rádio, eis que ouço um forte rebentamento e logo peço aos pilotos dos hélios que se possível passassem pela zona de Mato Cão, pois que o rebentamento ouvido instantes atrás podia ter a ver com a CCAÇ 1439 que vinha em nosso socorro.
Dali fui pedir apoio a Bissau para virem os helicópteros, e também à minha companhia, CCAÇ 1439. Prá companhia fui eu que fiz o ponto da situação. Ali, o comando do batalhão fornece-me um rádio para que eu pudesse comunicar com os helicópteros e as respetivas frequências para uma boa comunicação.
Entretanto quando eu e os 4 soldados pretos iniciámos a marcha de regresso a Finete em plena bolanha e já com o roncar dos helicópteros, e eu a sintonizá-los no meu rádio, eis que ouço um forte rebentamento e logo peço aos pilotos dos hélios que se possível passassem pela zona de Mato Cão, pois que o rebentamento ouvido instantes atrás podia ter a ver com a CCAÇ 1439 que vinha em nosso socorro.
Infelizmente veio logo a seguir a confirmação dos pilotos dos hélios, que era verdade, a CCAÇ 1439 tinha tido no dia 6 de outubro de 1966 duas minas, as duas não muito longe uma da outra... Aí em Finete ainda consegui falar com os pilotos dos hélios, aquando das evacuações da 1ª mina, a quem pedi que comunicassem a Bissau a pedir evacuação rápida para o pessoal que estava em Mato Cão, na 2ª mina.
A quantidade de soldados mortos e feridos não sei ao certo, só procurando nos arquivos do BII 19, no Funchal. Digo eu, ou então o capitão, comandante da companhia, ou o alf Freitas ou o alf [João] Crisóstomo, ou o 1º [sargento] da secretaria ou o [1º cabo ] cripto, tantos, tantos outros que podem confirmar tudo isto. (...)
A quantidade de soldados mortos e feridos não sei ao certo, só procurando nos arquivos do BII 19, no Funchal. Digo eu, ou então o capitão, comandante da companhia, ou o alf Freitas ou o alf [João] Crisóstomo, ou o 1º [sargento] da secretaria ou o [1º cabo ] cripto, tantos, tantos outros que podem confirmar tudo isto. (...)
(***) Último poste da série > 12 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15966: In Memoriam (252): Júlio Rafael Moreira Assis (1948-2016), ex-Soldado Radiotelegrafista da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)
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Guiné 63/74 - P15997: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (13): Fotos de Juvenal Amado - Parte I: Gente com estilo...
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Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da direita para a esquerda: o nosso fadista Armando Pires, o Fernando Andrade Sousa (nosso grã-tabanqueiro nº 714) mais a esposa e o António F. Marques
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Jorge Canhão, Maria de Lurdes, António Martins de Matos e JERO.
Fotos: © Juvenal Amado (2016). Todos os direitos reservados
1. Outro bom, surpreendentemente bom fotógrafo da Tabanca Grande!... O nosso Juvenal Amado, que não é apenas um camarada com talento para a escrita!... Não sei se "a tropa fez dele uma homem", não é pergunta que se faça a alguém que, depois da tropa, andou na guerra, e teve a sorte de voltar para contar como foi... É um bom camarada e um melhor amigo, natural de Alcobaça, terra abençoada por Deus e pelos seus monges... Obrigado, Juvenal, pela teu livro, obrigado pelas tuas fotos do nosso XI Encontro Nacional... Considero-as uma prenda de aniversário, o blogu8e faz 12 anos de existência a 23 de abril.
___________
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de abril 2016 > Guiné 63/74 - P15993: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (12): Quando o mundo é pequeno em Monte Real e todos cabem na Tabanca Grande...
Guiné 63/74 - P15996: Parabéns a você (1068): António Branquinho, ex-Fur Mil Inf do Pel Caç Nat 63 (Guiné, 1969/71)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 19 de Abril de 2016 Guiné 63/74 - P15988: Parabéns a você (1066): Augusto Vilaça, ex-Fur Mil Art da CART 1692 (Guiné, 1967/69); Leão Varela, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1566 (Guiné, 1966/68) e Victor Barata, ex-1.º Cabo Especialista MMA - DO 27 da BA 12 (Guiné, 1971/73)
Nota do editor
Último poste da série de 19 de Abril de 2016 Guiné 63/74 - P15988: Parabéns a você (1066): Augusto Vilaça, ex-Fur Mil Art da CART 1692 (Guiné, 1967/69); Leão Varela, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1566 (Guiné, 1966/68) e Victor Barata, ex-1.º Cabo Especialista MMA - DO 27 da BA 12 (Guiné, 1971/73)
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Guiné 63/74 - P15995: Os nossos seres, saberes e lazeres (149): O ventre de Tomar (12) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Abril de 2016:
Queridos amigos,
Há um limite para manter estas séries ao redor de um tema, neste caso o interior de lugares que mereceram a nossa predileção, em Tomar. Uma despedida com bastante sentimento.
Como não perco uma oportunidade para andar a remexer em papéis e traquitana, fui visitar uma loja de velharias, um alfobre atrativo para colecionadores, sobretudo de selos e moedas. Um dos ícones monumentais de Tomar é o Convento de Santa Iria, a beijar o Nabão. Quem lhe viu o exterior não pode sonhar com o descalabro que vai lá dentro, foram séculos a mudar de dono e a extinção das ordens religiosas foi a mais funda das pazadas de cal. E a última imagem não é casual, retrata o modo como abandonamos ao maior desprezo o peso da História.
Um abraço do
Mário
O ventre de Tomar (12)
Beja Santos
Hoje vou passear-me pela antiguidade, melhor dizendo olhar e fazer reparos sobre coisas antigas, algumas delas de valor incalculável. Começo por uma digressão a um estabelecimento onde se vendem móveis, loiças, velharias com ou sem préstimo, livros, muitos deles associados a Tomar, e peças de colecionismo, numismática, filatelia, bilhetes-postais. O estabelecimento mudou de poiso, está dentro de um prédio antigo e o espaço ganhou com as obras, terá sido oficina, tem dimensão para por ali deambular com tempo, ter até conversas com história. Fui atendido por um jovem que se preparou em restauro e gosta de artes decorativas, combinámos que lhe vou emprestar todos aqueles postais que saíam de Tomar desde o século XIX e iam até Angola, isto de ter uma avó tomarense presta-se a memórias. Aliás, sempre que posso vou à feira de velharias, por vezes sou bem-sucedido. Por ignorância, continuo a interrogar-me como é possível a cidade não dispor de um museu municipal, é uma quase ofensa ao passado, sempre presente neste casco histórico por onde andou a mão de um infante-empresário chamado Henrique, ao que parece um expedito administrador da Ordem de Cristo, aqui se ajuntou dinheiro para as caravelas africanas.
Despeço-me, estou alvoroçado, é hoje que vou conhecer por dentro o Convento de Santa Iria, passo vezes sem conta pelas suas paredes exteriores mantidas e andava roído de curiosidade, vejo sempre o monumento fechado, pedi a intercessão da Isabel Miliciano, é hoje que se vai operar a visita. O que leio sobre a história do monumento nem chega a ser rocambolesco, compras e trocas, invasores e depredadores, vida religiosa e vida laica, da época quinhentista ao escombro que visitei, quantas vicissitudes!
Quem vê caras não vê corações. Por fora, um conjunto de fotografias sugestivas deixa o viajante indeciso, parece que está tudo mantido, embora seja percetível que há muitíssimo a fazer com aquele monumento devotado à padroeira da cidade, a igreja é visitável o resto está fechado, aguarda um plano para reaproveitamento de um interior apodrecido, jamais visitara ruínas tão estranhas. E, no entanto, o claustro seiscentista, a respirar o espírito da Reforma, pequeno e austero, é um deleite. Depois começa a viagem a zonas bombardeadas, o caos dos estilos, casas apodrecidas, escritórios que parecem ter sido saqueados, tudo aqui se apresenta. Mostro agora a seguir um lajedo com vários séculos, demorei a encontrar o ângulo possível onde não houvesse excrementos ou sinais de puro vandalismo. Vejam.
Quem nos guia é um senhor paciente que gosta de mostrar aquilo que não se prevê ou antevê no estado geral da ruína. Teríamos visitado a zona de lagares e da vasta autossubsistência do convento e foi-nos indicado uma divisão onde apareceu este nicho e nem vale a pena conjeturar se foi capela ou recanto de oração, esta pedra fala de um passado devoto e diz-me a imaginação que esta pedra grita ao escândalo de tanto abandono, desta incompreensível perdição.
No primeiro andar terá vivido gente com posses e recursos, muito provavelmente aqui instalaram, entre boas madeiras, um lugar aconchegado para conversar, fazer renda e leituras, era o tempo em que se punha vidro colorido nas portadas e não se regateava aformosear as paredes revestindo-as de madeiras.
A viagem chega o fim, será possível? Aqui se tem dito até à exaustão que as viagens não acabam, os viajantes é que fenecem. Neste caso, há que repensar como irá prosseguir a viagem depois de se tocar em tanto ventre e de se ter auferido tantas alegrias e também tristezas, baste vir ao Convento de Santa Iria juncado de tanta ruína, um edifício com uma vista primorosa sobre o Nabão e sobre a cidade, mas é assim a lei dos homens, uma no cravo e outra na ferradura, felizmente que fizeram obras para que não haja derrocada. E despedimo-nos com uma imagem em que um troço de um claustro seiscentista viu embutido umas ferragens Arte Deco, foi afirmado ter sido o arquivo de um banco e um dia partiram apressados, parece ter vindo uma epidemia, deixaram tudo ao abandono. Não conheço nada de mais cruel que deixar a História ao abandono. E muito obrigado pela paciência com que me leram este tempo todo.
Notas do editor
Poste anterior de 7 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15947: Os nossos seres, saberes e lazeres (147): O ventre de Tomar (11) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 14 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15974: Os nossos seres, saberes e lazeres (148): A pele de Tomar (1) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Há um limite para manter estas séries ao redor de um tema, neste caso o interior de lugares que mereceram a nossa predileção, em Tomar. Uma despedida com bastante sentimento.
Como não perco uma oportunidade para andar a remexer em papéis e traquitana, fui visitar uma loja de velharias, um alfobre atrativo para colecionadores, sobretudo de selos e moedas. Um dos ícones monumentais de Tomar é o Convento de Santa Iria, a beijar o Nabão. Quem lhe viu o exterior não pode sonhar com o descalabro que vai lá dentro, foram séculos a mudar de dono e a extinção das ordens religiosas foi a mais funda das pazadas de cal. E a última imagem não é casual, retrata o modo como abandonamos ao maior desprezo o peso da História.
Um abraço do
Mário
O ventre de Tomar (12)
Beja Santos
Hoje vou passear-me pela antiguidade, melhor dizendo olhar e fazer reparos sobre coisas antigas, algumas delas de valor incalculável. Começo por uma digressão a um estabelecimento onde se vendem móveis, loiças, velharias com ou sem préstimo, livros, muitos deles associados a Tomar, e peças de colecionismo, numismática, filatelia, bilhetes-postais. O estabelecimento mudou de poiso, está dentro de um prédio antigo e o espaço ganhou com as obras, terá sido oficina, tem dimensão para por ali deambular com tempo, ter até conversas com história. Fui atendido por um jovem que se preparou em restauro e gosta de artes decorativas, combinámos que lhe vou emprestar todos aqueles postais que saíam de Tomar desde o século XIX e iam até Angola, isto de ter uma avó tomarense presta-se a memórias. Aliás, sempre que posso vou à feira de velharias, por vezes sou bem-sucedido. Por ignorância, continuo a interrogar-me como é possível a cidade não dispor de um museu municipal, é uma quase ofensa ao passado, sempre presente neste casco histórico por onde andou a mão de um infante-empresário chamado Henrique, ao que parece um expedito administrador da Ordem de Cristo, aqui se ajuntou dinheiro para as caravelas africanas.
Despeço-me, estou alvoroçado, é hoje que vou conhecer por dentro o Convento de Santa Iria, passo vezes sem conta pelas suas paredes exteriores mantidas e andava roído de curiosidade, vejo sempre o monumento fechado, pedi a intercessão da Isabel Miliciano, é hoje que se vai operar a visita. O que leio sobre a história do monumento nem chega a ser rocambolesco, compras e trocas, invasores e depredadores, vida religiosa e vida laica, da época quinhentista ao escombro que visitei, quantas vicissitudes!
Quem vê caras não vê corações. Por fora, um conjunto de fotografias sugestivas deixa o viajante indeciso, parece que está tudo mantido, embora seja percetível que há muitíssimo a fazer com aquele monumento devotado à padroeira da cidade, a igreja é visitável o resto está fechado, aguarda um plano para reaproveitamento de um interior apodrecido, jamais visitara ruínas tão estranhas. E, no entanto, o claustro seiscentista, a respirar o espírito da Reforma, pequeno e austero, é um deleite. Depois começa a viagem a zonas bombardeadas, o caos dos estilos, casas apodrecidas, escritórios que parecem ter sido saqueados, tudo aqui se apresenta. Mostro agora a seguir um lajedo com vários séculos, demorei a encontrar o ângulo possível onde não houvesse excrementos ou sinais de puro vandalismo. Vejam.
Quem nos guia é um senhor paciente que gosta de mostrar aquilo que não se prevê ou antevê no estado geral da ruína. Teríamos visitado a zona de lagares e da vasta autossubsistência do convento e foi-nos indicado uma divisão onde apareceu este nicho e nem vale a pena conjeturar se foi capela ou recanto de oração, esta pedra fala de um passado devoto e diz-me a imaginação que esta pedra grita ao escândalo de tanto abandono, desta incompreensível perdição.
No primeiro andar terá vivido gente com posses e recursos, muito provavelmente aqui instalaram, entre boas madeiras, um lugar aconchegado para conversar, fazer renda e leituras, era o tempo em que se punha vidro colorido nas portadas e não se regateava aformosear as paredes revestindo-as de madeiras.
A viagem chega o fim, será possível? Aqui se tem dito até à exaustão que as viagens não acabam, os viajantes é que fenecem. Neste caso, há que repensar como irá prosseguir a viagem depois de se tocar em tanto ventre e de se ter auferido tantas alegrias e também tristezas, baste vir ao Convento de Santa Iria juncado de tanta ruína, um edifício com uma vista primorosa sobre o Nabão e sobre a cidade, mas é assim a lei dos homens, uma no cravo e outra na ferradura, felizmente que fizeram obras para que não haja derrocada. E despedimo-nos com uma imagem em que um troço de um claustro seiscentista viu embutido umas ferragens Arte Deco, foi afirmado ter sido o arquivo de um banco e um dia partiram apressados, parece ter vindo uma epidemia, deixaram tudo ao abandono. Não conheço nada de mais cruel que deixar a História ao abandono. E muito obrigado pela paciência com que me leram este tempo todo.
Fim
____________Notas do editor
Poste anterior de 7 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15947: Os nossos seres, saberes e lazeres (147): O ventre de Tomar (11) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 14 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15974: Os nossos seres, saberes e lazeres (148): A pele de Tomar (1) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P15994: Agenda cultural (475): Núcleo da Covilhã da Liga dos Combatentes, amanhã, 21, às 16h00, no auditório da biblioteca municipal da Covilhã: Juvenal Amado apresenta o seu livro "A Tropa Via Fazer de Ti um Homem"; confirmada a presença do prof Pereira Coelho, que foi um dos médicos do BCAÇ 3872, em Galomaro, 1971/72
1. Mensagem de hoje do Juvenal Amado [ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74, autor do livro "A Tropa Vai Fazer De Ti Um Homem", Lisboa, Chiado Editora, 2016]:
Amanhã vou fazer a apresentação do livro na Biblioteca de Guimarães no âmbito das comemorações dos 58 anos da Tertulia da Liga Combatentes da Covilhã.
Já tenho a confirmação da presença do dr Pereira Coelho que foi médico do meu Batalhão e posteriormente se dedicou à fertilização in vitro.
Também estou convidado para ir a um encontro nas Caldas da Rainha e tenho o almoço da minha companhia em maio.
Tem sido sempre a andar e os primeiros 200 [exemplares] já lá vão.
Está a ser giro e está-me a dar muitas alegrias não só no seio dos combatentes . Há muitas senhoras que mo compraram também.
Qualquer camarada que o quiser adquirir basta que entre em contacto pelo blogue, pelo facebook ou pelo meu email.
Mais uma vez obrigado e aceita um abraço, Juvenal.
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Nota do editor:
Último poste da série > 4 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15937: Agenda cultura (474): Em Fafe, "terra justa", 4ª feira, dia 6 de abril de 2016: homenagem às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, representadas ao vivo pela Rosa Serra, no âmbito da edição de 2016 do "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade"
Guiné 63/74 - P15993: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (12): Quando o mundo é pequeno em Monte Real e todos cabem na Tabanca Grande...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >Crachá do Fernando Faustino
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Fernando Faustino e esposa
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >O homem dos crachás, da comissão organizadora, o Miguel Pessoa (com o seu novo bigodinho 'experimental') e o JERO
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 >O António Martins de Matos (todos somos generais mas ele é mais que general que todos nós...) e Giselda Pessoa (Antunes, de solteira), a única camarada presente (!)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Uma esposa que não sei identificar (penso que seja a Júlia, esposa do camarada Isolino Silva Gomes, do Porto) e outra que é velha amiga de família, a Margarida Peixoto (Penafiel)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Três bambadinquenses: da esquerda para a direita, o Fernando Andrade de Sousa (Trofa), o José Armando Almeida (Albergaria a Velha) e o José Fernando Almeida (Óbidos)... O Sousa foi 1º cabo aux enf, na CCAÇ 12, e é a primeira vez que vem ao nosso encontro. Irá ser apresentado formalmente à Tabanca Grande, como membro nº 714.
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > O David Guimarães (um dos raros "totalistas" dos nossos encontros nacionais, esteve no Xitole, em 1970/72, na CART 2716) e o António Fernando Marques (, da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71, e membro da Tabanca da Linha, e também presença assídua nos nossos encontros nacionais). As esposas são a Lígia e a Gina, respetivamente. A Lígia (também totalista tal como David) faz parte formalmente da nossa Tabanca Grande. A Gina é uma heroína, pelo seu papel, ao longo do processo de 2 anos de tratamento e convalescença do marido (gravemente ferido em mina A/C, em 13/1/1971), e ao longo do resto da vida, merece as nossas homenagens e deve ser proposta também para figurar na lista alfabética, de A a Z, dos amigos e camaradas da Guiné.
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da esquerda para a direita, Júlia, a esposa do Abel Santos; e a Dina Vinhal, nossa grã-tabanqueiora, esposa do editor Carlos Vinhal
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Da esquerda para a direita: Diamantino Varrasquinho (veio de Ervidel, Aljustrel, mais o irmão Manuel), António [Sousa] Bonito (Carapinheira, Montemor-o-Velho) e António Estácio (nascido em Bissau, residente em Algueirão, Sintra). O Varrasquinho foi fur mil no Pel Caç Nat 52, no Mato Cão, ao tempo do Joaquim Mexia Alves. Já veio a três dos nossos anteriores encontros nacionais (2008, 2011, 2013), mas ainda não integra formalmente a nossa Tabanca Grande. A sua "Adega Monte de Cima" é um das famosas adegas de Ervidel, "locais do culto do vinho e da amizade", segundo notícia da Rádio Voz da Planície.
Em tempo: O ex-fur mil António Sousa Bonito também passou pelo Pel Caç N 52, que esteve no Mato Cão, com o Joaquim Mexia Alves... Originalmente pertenceu à CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo (1971/74),
Em tempo: O ex-fur mil António Sousa Bonito também passou pelo Pel Caç N 52, que esteve no Mato Cão, com o Joaquim Mexia Alves... Originalmente pertenceu à CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo (1971/74),
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Três camaradas (um alferes, o do meio, e dois furriéis) que pertenceram ao BENG 447.
Na lista de inscritos havia pelo menos dois camaradas do BENG 447, com residência em Lisboa:
(i) António Sá Carneiro / Maria de Fátima (BENG 447, Bissau, 1966/1968); (ii) Francisco Vilas Boas (BENG 447 1968/1970)
Um deles, penso que o António Sá Carneiro chegou amis tarde ao convívio,por um percalço de última hora. Na conversa com ele, o nosso editor Luís Graça falou-lhe do nome do capitão Fernando de Pinho Valente (Magro), nosso grã-tabanqueiro, que ele não reconheceu, o que faz sentido o Fernando Valente (Magro 9 - um dos seis manos Magro que estiveram no Ultramar - passou pelo BENG em 1970/72... Outro camrada que esteve no nosso encontro foi o Joaquim [Nunes] Sequeira, e que pertenceu ao BENG 447 (1965/67) (Vive em Colares, Sintra).
Em tempo: Diz o António Sampaio: "Á esquerda do Sá Carneiro, está o Vilas Boas, de Mondim de Basto. À direita está o Silveira e Castro, de Lisboa".
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > António Barbosa (Gondomar) e João Rebola, da Tabanca de Matosinhos. O António Barbosa (Gondomar), não confundir com o homónimo (que é de Santarém) é a primeira vez que vem ao nosso encontro nacional, tal como o João Rebola, o viola do fadista Armando Pires em Bissorã.
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real (Termas de Monte Real) > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Jorge Teixeira, não confundir com o Jorge Teixeira (Portojo), o grande fotógrafo do Porto, que também esteve presente no nosso encontro. Ambos são de há muito nossos grã-tabanqueiros. O Jorge Teixeira foi fur mil art, CART 2412 (Bigene -Guidage e Barro, 1968/70). O Jorge Teixeira (Portojo) também andou na Guiné pela mesma época: foi fur mil arm pes, Pelotão de Canhões S/R 2054 (Catió, 1968/70).
Em tempo: "Há aqui um pequeno quiproquó, embora sem importância nenhuma, mas... o seu a seu dono. Eu não estive em representação da Tabanca de Matosinhos, mas sim do Bando, o ' Bando do Café Progresso', bem como o tal Portojo, o outro Jorge Teixeira, assim como o Zé Ferreira Catió, o Jorge Peixoto e o António Tavares. Muitos outros membros da Bandalheira lá estiveram e bem, mas a titulo individual. Não é para me gabar, mas o Bando já voa... sempre em bando!... Um abraço e foi bom lá ter estado. cumprim/jteix ". [Vd. o blogue do Bando Café Progresso, aqui]
Fotos: © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados
1. Alguns comentários às fotos anteriores (*):
(…) "É um grande fotógrafo, o nosso Miguel, mais um dos nossos, ele e o Manuel Resende. Como quem não quer a coisa, sabe ‘apanhar-nos’, com um certo ar distante, é algo de nós, da nossa intimidade que ele apanha tão bem... Girando de mesa em mesa, discretamente, até com um certo ar displicente, vai-nos apanhando e eternizando... São retratos para a eternidade... Obrigado, Miguel.
(…) Imaginemos que já havia máquinas fotográficas digitais no tempo da guerra... Hoje teríamos milhões de imagens, recolhidas entre 1961 e 1974... Mas não temos, pelo que importa valorizar e divulgar as fotos em papel que ainda vamos conseguindo salvar" (...) (Tabanca Grande / Luís Graça)
(…)" Mas já foram publicadas centenas de fotos,desse tempo, no blogue...não sei mas devo ter enviado muito mais de uma centena...
Ah...mas o que eu gostei muito, foi ver as gentes do inicio, e todas as outras, em amena cavaqueira e felizes no convívio. Belo trabalho dos organizadores, boas fotos, óptima obra a tua, Luís Graça, tem cerca de uma dúzia de anos, eu lá desde 2006…
O tempo passou tão rápido, as rugas acentuaram-se em muitos, as cinturas alargaram, eu ia vendo as fotos e ria-me: ‘gente da pesada’... mais larga e pesada...mas satisfeitos com mais um convívio. Que bom lugar, Joaquim, acertaram no lugar...o Carlos ri-se, feliz e com razão” (…) (Torcato Mendonça)
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Nota do editor:
(*) Último poste da série > 19 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15991: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (11): Fotos de Miguel Pessoa - Parte II
(*) Último poste da série > 19 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15991: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (11): Fotos de Miguel Pessoa - Parte II
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