Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4540: Convívios (148): 24º Encontro da CART 3494, Xime e Mansambo (1971/74), em Vagos (Sousa de Castro)
Guiné 63/74 - P4539: Os nossos vídeos (2): O Fado do Ceguinho, por Américo Silva, Castro Daire, 30/5/2009 (Luís Graça)
Castro Daire > Freguesia de Monteiras > Zona Industrial da Ouvida > Restaurante P/P > 30 de Maio de 2009 > 15º Convívio do pessoal de Bambadinca, 1968/71, CCS do BCAÇ 2852, CCAÇ 12 e outras subunidades adidas > Silêncio, canta-se o fado!
Vídeo (4' 20''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados.
No vídeo o Américo Silva, genro do Adélio Monteiro, organizador do encontro, ex-Sold Cont Auto, da CCAÇ 12 (Bambadinca, Junho de 1969/Março de 1971), e hoje um conceituado comerciante de Castro Daire, com duas lojas de moda, e chefe de um clã de gente magnífica, talentosa, generosa e hospitaleira (*)...
O Américo Silva, também ele comerciante, presidente da junta de freguesia de Monteiras (com cerca de 600 habitantes), é um dos mais famosos cantadores ao desafio da região. Presidente da Associação de Cantadores ao Desafio e Tocadores de Concertina da Beira Alta, conta já com uma dezena de CD publicados...
Neste belo 15º convívio do pessoal de Bambadinca, o Américo cantou e encantou (**). Do seu vasto reportório foi buscar um tradicional fado do ceguinho, acompanhado pelas suas duas filhas, também elas dotadas a música, como de resto toda a família, de um lado e do outro (À mesa, da esquerda para a direita, a filha mais nova do Américo, a filha do Adélio que presumo seja a esposa do Américo, a filha mais velha do Américo, a sogra, esposa do Adélio)...
Eram populares, nos anos 60, estes fados do ceguinho, cantados de feira em feira, muitas vezes por cantores, também ele ceguinhos (**)... Eram letras de fazer chorar as pedras da calçada, como esta que o Américo aqui nos traz, e que nos evoca os tempos em que os homens partiam para a África, como colonos ou como soldados: um homem, acabado de ser pai, embarca para África (presume-se que para a guerra), deixando para trás um filho que se vem a descobrir, mais tarde, que sofre de uma terrível doença... Chamado o médico, este logo dita a sentença para a mãe:
- Ou morre ou fica ceguinho!
A criança, brincalhona e irrequieta, vai crescendo ao lado da mãe, é uma bela costureira... Até ao dia, dois anos depois, em que esta recebe um telegrama, a anunciar o regresso do marido... Há lágrimas de alegria, por parte da mãe, por um lado, mas também palavras de revolta e de amargura por parte do pequeno, agora cego:
- Minha querida mãezinha, eu, que tanto queria ver o meu paizinho, agora que estou ceguinho, mais me valia morrer!...
(São palavras inverosímeis para uma criança de dois anos, mas elas traduzem todo o pathos, toda tragédia contida nesta situação-limite. Eu que sou um estudioso do fado, canção popular urbana de Lisboa, fiquei simultaneamente surpreendido e deslumbrado por vir descobrir, aqui no planalto beirão, gente jovem que adora cantar e ouvir o fado, incluindo esta variante do fado das feiras e mercados que já se perdeu no sul... Bem hajas, Adélio! Os meus parabéns por todos esses teus/vossos Seres, Saberes e Lazeres!... Obrigado, Américo!... Hei-de voltar).
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. postes de:
31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4444: Convívios (138): Em Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (1): O reencontro na capela de N. Sra. da Ouvida
31 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4446: Convívios (139): Castro Daire, agora chão de Bambadinca, 1968/71 (2): A música, a festa, a dança no planalto beirão
(**) Vd. primeiro e último poste desta série > 26 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2216: Os nossos vídeos (1): Feliz Natal e até ao meu regresso (Tino Neves)
(***) Vd. Aida Viegas, Oliveira do Bairro. Memórias de um século. Águeda, AVI, 1994, pp. 111-116. > Feiras e mercados >(...)
FEIRA DA PALHAÇA
A feira da Palhaça foi e continua a ser a maior e melhor feira do concelho e será certamente a mais antiga. Ali se pode comprar e vender quase tudo. A esta feira se deve, em grande parte, o desenvolvimento da terra.
O grande número de pessoas que ali afluem nos dias 12 e 29 de cada mês enchem de vida e animação todo o lugar, trazem novidades de toda a ordem, e não é apenas comercial e economicamente que o desenvolvimento chega à Palhaça através da feira, mas sim num todo global.
A verdade é que esta se tomou das mais conhecidas, talvez pela localização privilegiada da Palhaça, local importante de passagem desde longa data.
(...) Seguidamente vamos recordar alguns episódios pitorescos que animavam esta feira e que hoje já não podem ser presenciados. Alguns fizeram furor até à década de 1960, outros terminaram mais cedo.
- O jogo da vermelhinha
Este jogo dava com frequência origem a cenas de grande discussão e até pancadaria, pelo facto dos jogadores se sentirem burlados, pois as regras do jogo eram quase sistematicamente viciadas.
- O “homem da banha da cobra”
Enquanto a mulher vendia o unguento e mostrava aos fregueses como usá-lo, o homem ia lançando os pregões do maravilhoso produto que ainda hoje cura bicos de papagaio, dores de costas, irritações de pele, enfim... todos os males que, por desventura, possam apoquentar o ser humano. O insólito de tudo isto estava no facto do homem ter, durante todo o tempo, uma enorme jibóia enroscada no seu corpo que o ia percorrendo dos pés à cabeça. Esta, que teria um diâmetro muito próximo dos 15 centímetros, sendo deveras comprida, era exibida como um dos exemplares donde se poderia extrair a banha, que era vendida em caixinhas de papel. Escusado será dizer que à volta deste charlatão se acotovelava constantemente grande multidão de curiosos.
- Carteiristas
Quem nunca faltava nem falta em nenhum recinto de feiras ou de festas são os carteiristas; esses porém, são dos poucos personagens que ainda não passaram à história.
- Borda d’água, Seringador
Aqui tínhamos previsão meteorológica a longo prazo, apregoada pelo vendedor de pequenos opúsculos que ainda hoje poderemos encontrar.
- Ceguinhos
Outra das grandes atracções eram, sem dúvida, os cantadores; quase sempre pobres ceguinhos que, de alforge e viola às costas, demandavam feiras e outros locais onde se aglomerasse muita gente.
Traziam pregados ao casaco e ao alforge, com alfinetes ou molas da roupa, os folhetos que um moço “de cego” vendia pelos assistentes enquanto o cego cantava ou apregoava a tragédia da qual era arauto. Naqueles, em letra impressa, eram relatados em verso melodramas, fortes paixões que levavam ao suicídio, crimes passiona is, mortes súbitas e outras desgraças.
Estas cantigas, de cunho melodramático, contavam geralmente casos verídicos ocorridos na região, um tanto fantasiados, cantadas pelos ceguinhos em estilo de fado. Dado o seu sensacionalismo tinham muita audiência, formando-se grandes “adjuntos” ao redor do cantado.
Este espectáculo quase podia comparar-se ao jornal do crime ou a casos de polícia. Porém, este modo de comunicação tinha vantagens em relação ao actual: as notícias corriam campos e aldeias e andavam na boca de toda a gente por muito tempo.
Hoje, volvidos mais de 60 anos, tivemos o gosto de ouvir uma senhora com 83 cantar-nos os seguintes versos, que relembra da sua juventude e relatam um, de tantos desses dramas.
Ó minha mãe venha ver
O Mário no chão estendido,
Por causa da Corininha
Deu dois tiros no ouvido.
Corina estás à janela,
Corina eu também estou,
Por causa de ti, Corina,
É que o Mário se matou.
E a mãe do Mário endoidece,
Da sala para a cozinha
Matou-se seu querido Mário
Por causa da Corininha.
Corina, o Mário morreu
E tu não o foste ver,
As coroas que lhe mandaste
Voltaste-as “àrreceber”.
Ó Corina, tira o luto,
Que o luto não te está bem,
Tu hás-de vestir de luto
Em morrendo a tua mãe.
[Com a devida vénia à autora deste texto que me fez regressar à minha infância, Aida Viegas]
Guiné 63/74 - P4538: Parabéns a você (9): Juvenal Amado nasceu a 17 de Junho de 1950
PARABÉNS A VOCÊ
DIA 17 DE JUNHO DE 2009 - JUVENAL AMADO FAZ 59 ANOS
Desenganem-se, não temos, desta feita, mais um sexa... genário na Tertúlia. Ainda há quem faça só 59 aninhos.
Parabéns camarada Juvenal. Que este dia seja mais um na tua vida, em que te sintas realizado juntos dos teus familiares mais directos, dos que aparecem nos dias de aniversário, porque a vida assim permite, e daqueles que consideras amigos e queres ver junto de ti em dias festivos como o de hoje.
Pelo que conhecemos de ti, através do que escreves, és concerteza uma pessoa que ocupas condignamente o teu lugar no agregado familiar e na sociedade, e um amigo, daqueles que não se quer nem se pode perder.
A Tabanca inteira, que conquistaste com as tuas belas prosas e versos, desejam-te muitos anos de vida, junto dos que mais amas. Nós, espectadores atentos, associamo-nos à tua alegria.
Não te esqueças da obrigação que assumiste e continua a escrever para nós como só tu sabes.
Dirijo-me agora aos camaradas e amigos que mais recentemente entraram na Tabanca, para consultarem os postes do Juvenal, listados em baixo, porque vale a pena.
Deixo-vos este trabalho dedicado pelo Juvenal ao nosso malogrado camarada António Ferreira, que morreu numa emboscada no Quirafo no dia 17 de Abril de 1972.
SÓ DEUS TEM OS QUE MAIS GOSTA
por Juvenal Amado
O vazio que ficou.
A dor que nos atingiu, vai transformar-se em ausência
e mais tarde saudade.
O calor o suor, cheiro adocicado do sangue e carne queimada
não nos largará mais.
As bocas abertas falam, mas ninguém ouve.
Os gritos estão presos na garganta,
as lágrimas ameaçam soltar-se e cair em cascatas,
abrindo sulcos entre o pó acumulado nos rostos.
Se pudéssemos,
voltaríamos atrás uns breves minutos,
alteraríamos o rumo da história.
O calor que nunca nos dá descanso.
O que não daríamos para poder escolher,
escolhermos outro caminho,
não fazermos da mesma forma.
As mãos estão negras em volta dos punhos das armas.
O silêncio é opressivo,
de nada vale tentar ouvir se até a natureza se calou
perante a violência, de que só o homem é capaz.
Ali jazem sonhos anseios futuros aguardados.
As últimas cartas ainda queimam no bolso,
não vai haver resposta.
Os rostos jovens nas fotos nunca vão envelhecer.
O tempo passará para todos,
menos para quem está naquelas fotos.
O que somos será sempre reflexo das nossas vivências passadas?
Há quem defenda que é um CARMA.
Viemos completar com a passagem por esta vida,
mais um elo para a nossa eternidade
ou vida melhor noutra dimensão.
Aquele é o filho de...
Marido de...
O pai de...
Alguém escreveu que o que separa da Paz e da Guerra são os enterros.
Em Paz os filhos enterram os pais...
Em Guerra os pais enterram os filhos...
Invertem-se assim os valores
tidos como certos pela ordem natural das coisas.
Como diz a canção «Só Deus tem os que mais gosta».
Que este pensamento minimize a dor de todos
que viram partir os seus na flor da idade.
(Dedicado ao António Ferreira e demais camaradas mortos na emboscada do Quirafo - Vd. poste 4207)
Algumas fotos:
Juvenal Amado em bébé. Momento de ternura de sua mãe
Juvenal Amado em 18 de Dezembro de 1972, no dia do embarque com destino à Guiné
Galomaro > Juvenal num dos Postos avançados
Galomaro > Morteiro 81 e traseira da Messe de sargentos e oficiais
Juvenal junto ao um monte de tijolos para utilizar na reconstrução de Bengacia
Galomaro > Vista a partir do campo de futebol
Juvenal a bordo de uma LDG
Juvenal preparado para uma patrulha nocturna
Juvenal Amado no Xime
Fotos : © Juvenal Amado (2009). Direitos reservados
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Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
6 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2413: Tabanca Grande (50): Juvenal Amado, ex-1º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872 (1971/73)
11 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2430: Estórias do Juvenal Amado (1): Um dia negro, na estrada Galomaro - Saltinho (Juvenal Amado, CCS/BCAÇ 3872)
7 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2510: Estórias do Juvenal Amado (2): O boato: nós, o Sardeira e a Maria Turra (J. Amado, CCS/BCAÇ 3873, Galomaro, 1972/74)
18 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2551: Estórias do Juvenal Amado (3): Como hóspede do Xime (Juvenal Amado)
23 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2575: Estórias do Juvenal Amado (4): A pequena e adorável Mariama que eu conheci no reordenamento de Bengacia (Juvenal Amado)
3 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2606: Estórias de Juvenal Amado (5): Uma estória de amor
13 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2635: Estórias do Juvenal Amado (6): O Falé e o burro do mato (Juvenal Amado)
26 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2686: Convívios (44): BCAÇ 3872, no dia 11 de Maio de 2008 na Mealhada (Juvenal Amado)
30 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2702: Estórias do Juvenal Amado (7): A Caminho de Buruntuma (Juvenal Amado)
19 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2779: Estórias do Juvenal Amado (8): O último Natal em Galomaro (Juvenal Amado)
25 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2882: Estórias de Juvenal Amado (9): Há dias de sorte
1 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2910: Estórias de Juvenal Amado (10): A patrulha nocturna (Juvenal Amado)
14 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2938: Estórias do Juvenal Amado (11): Galomaro, Bambadinca, Cancolim e Gabu (Juvenal Amado)
17 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3067: Estórias do Juvenal Amado (12): O longo abraço (Juvenal Amado)
4 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3110: Estórias do Juvenal Amado (13): Pela calada da noite
9 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3124: O Nosso Livro de Visitas (23): Vasco Joaquim, 1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2912 (Juvenal Amado/Carlos Vinhal)
10 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3126: Estórias do Juvenal Amado (14): Morteiro no meio da Parada de Cancolim
19 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3140: Os nossos regressos (14): O meu regresso e o 25 de Abril (Juvenal Amado)
2 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3162: Estórias do Juvenal Amado (15): Adeus, até ao meu regresso
4 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3564: História de Vida (20): Meninos Soldados (Juvenal Amado)
13 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4027: As nossas mulheres (8): A uma mãe, a todas as mães, a todas as mulheres da nossa vida (Juvenal Amado)
3 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4134: O trauma da notícia da mobilização (8): Amado, volta já para o Quartel (Juvenal Amado)
18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4207: In Memoriam (20): Para o António Ferreira e demais camaradas mortos no Quirafo (Juvenal Amado)
1 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4270: Blogpoesia (42): Reflexão - É mais fácil (Juvenal Amado)
8 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4302: Convívios (120): Pessoal da CCS DO BCAÇ 3872, Confraternizou no dia 3 de Maio de 2009, no Cartaxo (Juvenal Amado)
2 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4450: Estórias do Juvenal Amado (16): Borrasca no Pilão
11 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4509: Estórias do Juvenal Amado (17): Ataque a Campata
Vd. último poste da série de > 6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4467: Parabéns a você (8): Belarmino Sardinha
terça-feira, 16 de junho de 2009
Guiné 63/74 – P4537: Agenda Cultural (17): 2º Ciclo de Conferências “Memórias Literárias da Guerra Colonial”, na B.M.R.R., 18 de Junho (Manuel Bastos)
Guiné 63/74 - P4536: Memória dos lugares (31): Béli, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)
Guiné 63/74 - P4535: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (3): Já começámos a pôr a mão... na massa do Camilo, e a 20/1/2010 haverá ronco (Pepito)
26 de Maio último).
Em plena floresta de Cantanhez, a tabanca de Iemberém tem vindo a oferecer melhores condições de acolhimento para os turistas que, vindos de Bissau ou da Europa, procuram nestas paragens um contacto directo com as populações locais, com a sua cultura, a sua maneira de estar na vida e ao mesmo tempo apreciarem a beleza única que este Parque Nacional proporciona em termos de flora e fauna selvagem.
Com o apoio da União Europeia e da ONG IMVF de Portugal [, Instituto Marquês de Valle Flôr], está em fase de conclusão a construção de um restaurante típico e a reabilitação de uma unidade de alojamento com 5 quartos.
Em colaboração com a ONG italiana AIN Onlus foi identificado e ir-se-á implantar um Parque de Campismo que permita aos apreciadores estar mais perto da natureza e igualmente a identificação de dois itinerários marítimos: o da ilha dos Pássaros e o do ilhéu de Melo.
Foto (e legenda): © AD - Acção para o Desenvolvimento (2009). Direitos reservados
1. Mensagem do Pepito, director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, em Bissau, enviada esta manhã:
Luís
Nem queiras saber a alegria de ver o Camilo aderir com entusiasmo ao Grupo de Amigos da Capela de Guiledje (*). Ele não é pessoa de meias palavras. Toma as decisões na hora. Já estão em Guiledje 150 sacos de cimento (começamos hoje a fazer os blocos para as paredes) e 5 latas de tinta, oferecidos pelo Camilo.
O Patrício Ribeiro está a finalizar a planta de reconstrução da capela, respeitando o formato original.
A inauguração do Museu e da Capela está marcada para 20 de Janeiro de 2010, que corresponde ao nosso Dia dos Heróis Nacionais (data do assassinato de Amílcar Cabral).
Tudo faremos para trazer a esposa do nosso falecido Capitão Neto para essa cerimónia. Vais-me ajudar a fazer-lhe o convite.
abraço
pepito
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Nota de L.G.:
(*) Vd. poste anterior 16 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4534: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (2): António Camilo oferece 300 sacos de cimento e 150 litros de tinta
Guiné 63/74 - P4534: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (2): António Camilo oferece 300 sacos de cimento e 150 litros de tinta
Segundo o António Camilo, parece que há um ex-militar nosso que quer também reconstruir esta capela, à semelhança do que se passa em Guileje, onde a ONG AD - Acção para o Desenvolvimento lidera o projecto de construção do Museu Memória de Guiledje e a reconstrução da capela... (LG)
Fotos: © Tony Grilo (2009). Direitos reservados.
1. Telefonou-me o António Camilo, de Lagoa (foto ao lado, lado esquerdo, na sua morança no Saltinho, no dia 1 de Março de 2008) e que todo o mundo conhece como um veterano das viagens à Guiné, em missões humanitárias...
Tinha acabado de chegar da Guiné-Bissau, aonde já foi este ano por duas vezes (*), e numa delas, não sei se na última ou na penúltima, permaneceu lá cerca de 3 meses (se bem percebi...). Se não me enganei nas contas, trata-se da sua 9ª viagem... Foi de carro, veio de avião. Deixou a viatura em Jugudul, ao cuidado de um português, amigo seu, que é proprietário da bomba de gasolina local.
Desta vez esteve com o Patrício Ribeiro e com o Pepito, no 10 de Junho, na embaixada portuguesa em Bissau. Esteve em Guileje e em Iemberém (onde ficou nos bungalows de apoio ao ecoturismo), esteve mais a sul, em Cabedú (que cahiu um sótio muit bonito)... Disse-me que as viagens para o sul estão muito difíceis. Está chover copiosamente. Esteve em Buba, mas não conseguiu chegar a Bedanda... Para ele, a melhor altura para se viajar na Guiné-Bissau é o mês de Janeiro.
A razão de ser do telefonema ? Queria saber qual era o nosso poste com as fotografias da capelinha de Guileje (**).
O António Camilo passa a integrar, formalmente, a nossa Tabanca Grande e, ao mesmo, a pertencer ao número, até à data restrito, do Grupos dos Amigos da Capela de Guiledje (de que já fazem parte o Patrício Ribeiro, o António Cunha e o Manuel Reis).
Ele tem um contentor em Buba, com materiais de contrução, incluindo cimento e tinta, à guarda de uma missão religiosa (falou-me de uma portuguesa, missionária, que é a responsável da missão, mas cujo nome não retive)... Construiu lá um centro de saúde e gostaria de fazer uma escola... Mas, ao que parece, as autoridades locais (o "presidente da Câmara") preferem dinheiro vivido do que doações em géneros... Ora, pela sua experiência, não se deve dar dinheiro...
Com tudo isto, há materiais que sobram e que estão a fazer falta em Guileje. Daí o seu gesto, generoso e solidário, prometendo ao Patrício Ribeiro, o pai dos tugas, e ao Pepito 300 sacos de cimento (já com mistura de areia, segundo percebi), de 50 kg cada, e uma meia dúzia de latas de tinta, branca, de 20 ou 25 litros cada... O único problema ligístico a resolver é o transprte... Mas a AD - Acção para o Desenvolvimento tem uma camioneta, operacional...
Segundo as contas do Camilo, o material deve chegar e sobrar. A capela é pequena (talvez 12/15 metros por 5/6 metros, perfazendo cerca de 60 a 90 metros quadrados, o suficiente para uma unidade de quadrícula com a CART 1613 que a construir entre 1967 e 1968 (`**)...
Aqui fica a boa notícia para o Grupo de Amigos da Capela de Guileje que vai passar a contar com mais um elemento. Aqui fica também uma especial saudação ao nosso andarilho de Lagoa, o António Camilo, que passa finalmente, e por direito próprio, a poder sentar-se à sombra do poilão (ou das mangueiras) da nossa Tabanca Grande...
O Camilo deu-me o contacto do seu estabelecimento comercial Electrolagoense, Lagoa, tel 282 353 451. Mail: electrolagoense@sapo.pt
O Camilo foi Fur Mil na CCAÇ 1565 (tal como o José Moreira, de Coimbra, outro rosto da solidariedade dos antigos combatentes portugueses oara com o povo da Guiné-Bissau) (***). Dados da ficha de unidade:
Unidade mobilizadora: RI 1. Partida para a Guiné: 20 de Abril de 1966. Regresso: 22 de Janeiro de 1968. Localidades por onde passou ou esteve: Bissau, Jumbembém, Canjambari, Bissau. Teve quatro comandantes: Cap Mil Rui António Nuno Romero, Cap Inf QP José Lopes, Cap Mil Inf Jão Alberto de Sá Barros e Silva.
Outro camarada nosso, e grande amigo da Guiné-Bissau, é o Carlos Silva que também esteve em Jumbembém, embora em época posterior (1969/71) (****). O Carlos tem a melhor página, na Net, sobre a região de Farim: Guerra na Guiné - BCAÇ 2879, Farim, 1969/71, Página de Carlos Silva... É também um dos fundadors e dirigentes, com o Carlos Fortunato, da ONGD Ajuda Amiga - Associação de Solidariedade e de Apoio ao Desenvolvimento... Last but not the least, é o advogado dos guineenses, sobretudo dos mais pobres e desprotegidos. Reside em Massamá, Queluz.
__________
Notas de L.G.:
(*) 16 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3900: Expedição Humanitária 2009 (1): Já se fez à estrada a expedição da Humanitarius, com o J. Almeida, o A. Camilo e outros
(**) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 64/74 - P4469: Grupo dos Amigos da Capela de Guileje (1): Já temos três: Patrício Ribeiro, António Cunha e Manuel Reis
(***) Vd. poste de 17 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3906: Expedição Humanitária 2009 (4): 25 toneladas de ajuda, 897 caixotes, 22 expedicionários... E obrigado, povo meu (José Moreira)
(****) Vd. postes de:
8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2417: Tabanca Grande (51): Carlos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem 1969/71)
20 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1976: Tabanca Grande (27): Carlos Silva, mais um 'apanhado do clima' (CCAÇ 2548, Jumbembem)
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4533: Controvérsias (24): A minha análise pessoal do desastre com a jangada no Cheche, na retirada de Madina do Boé (Armandino Alves)
Camaradas,
Eu já num poste disse como os guineenses ao serviço das nossas tropas conseguiam virar a jangada no CheChe, para ficarem com os garrafões do vinho.
Portanto é ponto assente que a jangada virava embora não se afundasse.
O Camarada Rui Felício tem toda a razão, para estar revoltado e basta um pouco de atenção à leitura do relato do falecido Coronel Hélio Felgas, para se constatar que essa teoria do disparo do IN cai por terra.
Então nesse momento não estava a pousar o héli-canhão?
Alguém de bom senso acha que o IN (se lá estivesse) ia revelar a sua posição sabendo que o héli-canhão logo os atacaria.
Não!
O nosso camarada não especifica a quantidade de homens que embarcaram nessa leva mas, para morrerem 47, tinham que ser quase o dobro, se não fossem mais.
Reparem que havia uma ordem de serviço que proibia a jangada de transportar mais de 50 homens de cada vez.
No meu tempo a jangada era movimentada a braços. Havia dois cabos, um de cada lado do rio, presos às margens e os milícias colocavam-se ao longo das laterais e puxavam, com os pés bem assentes no chão e a jangada lá se ia deslocando lentamente.
Posteriormente, parece que a jangada era puxada, ou empurrada, por um barco com o motor fora de borda.
Ora, para esse barco puxar/empurrar a jangada teria que forçar o motor conforme o peso suportado pela jangada. Ora, quanto mais força mais ondulação, o que, obviamente, mais desestabilizaria a estrutura da jangada.
À mencionada instabilidade, juntava-se o factor pessoal embarcado que, ao não estarem quietos nos seus sítios, contribuíram sobremodo para a jangada virar.
Quanto ao filme não o vi, porque já sabia que nada do que lá apresentam ia corresponder à verdade, e sinto-me no direito de pensar que são apenas estratégias para ganhar audiência e ampliar o lucro a obter com o mesmo.
Armandino Alves,
Ex-1º Cabo Enf CCAÇ 1589
_________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4518: Controvérsias (19): Sob a evacuação das NT de Madina do Boé (Armandino Alves)
Guiné 63/74 - P4532: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (IV): Desertores
Camarada Carlos Vinhal,
Envio texto que anexo que pretende analisar o tema desertores.
Um abraço amigo
Vasco da Gama
BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO - IV
Também tive um (?) desertor na minha CCav 8351 – Os Tigres do Cumbijã
Sem querer entrar em qualquer polémica, até porque não possuo nem armas nem argumentos suficientes sobre o assunto lançado no post 4517 (**) pelo nosso camarada António G. Matos, gostaria de referir que considero este nosso camarada, que não conheço pessoalmente, um dos bloguistas de leitura obrigatória, não só pela qualidade da sua escrita e pelo encadear das suas ideias, mas fundamentalmente pela profundidade dos temas que nos apresenta e que são, tenho a certeza, fruto de uma reflexão prévia.
Não basta pois, dispararmos um quero que os desertores se lixem, ou os desertores que vão tocar tangos para a rua deles.
A guerra não foi pertença apenas dos combatentes, mas envolveu a sociedade em geral e as nossas famílias em particular e, porque não, também alguns desertores.
Haverá, creio, vários tipos de desertores na nossa guerra da Guiné.
Antes da sua classificação, dizer que temos no nosso Blogue combatentes que partiram para a Guiné para defender a integridade da pátria que, para eles, ia de Trás-Os-Montes a Timor e outros que eram pura e simplesmente obrigados a ir, embora não concordassem com a guerra como solução para o problema ultramarino. Eu, para que não paire qualquer dúvida, enquadrava-me nestes últimos. Curiosamente estas diferenças esbatiam-se, de imediato, entre nós. O sofrimento e a solidão eram o denominador comum entre todos. Conversávamos, colocávamos dúvidas, estávamos juntos!
Ajudávamo-nos
Estimulávamo-nos
Éramos unidos
Éramos amigos
Partilhávamos
Hoje somos Irmãos
Voltando à minha classificação dos desertores:
Os meninos bem de vida e filhos de papá que deram o salto quando souberam que a Guiné lhes havia saído em rifa e que foram para exílios dourados de Paris ou de Genebra ou de qualquer outra cidade europeia, onde prosseguiram os seus estudos e concluíram os seus cursos. Safaram-se, direi eu; o que não admito é que hoje mandem palpites sobre a guerra colonial e se armem e por vezes sejam considerados e tratados como heróis anti-fascistas e não tenham a coragem de dizer: fugi porque tive medo da Guiné e tive possibilidade de o fazer. O que farias tu no meu lugar?
Preferem o epíteto de lutadores pela liberdade vindos do bem-bom e chegados a Portugal de Sud-Expresso ou de avião… Se lhes tem saído na rifa Luanda, o galo cantaria de outra maneira e o seu discurso seria diferente.
Os anónimos que foram para França a salto e que se mantiveram calados, dizendo apenas: para a Guiné nunca! Tiveram a guerra deles nos arredores de Paris, vivendo de forma sub-humana nos bidons-ville mas mantiveram-se humildes e mantêm a sua máxima de Guiné, nunca. Tiveram medo e confessam-no, sem se armarem….
Temos os que embarcaram connosco e que deram o salto quando vieram de férias à metrópole. Aconteceu a um furriel da minha companhia, o Pereira, a quem os Tigres designam por furriel fugitivo ou fugitivo, tout court. O seu não regresso à minha Companhia ainda me levou a ser ouvido pelo Pide de Aldeia Formosa que achou estranho o facto de eu não ter desconfiado de nada…
O fugitivo foi a um dos primeiros convívios da nossa Companhia, alguns anos após o 25 de Abril. Acreditem que nenhum de nós lhe cobrou o que quer que fosse, muito embora nunca mais tivesse aparecido. Conversámos e ele apenas referiu que não conseguia aguentar a situação que a nossa Companhia estava a viver e que tinha tido a oportunidade de se pirar. Eu sei que apenas pensou nele e os outros que se lixem, mas para quê fazê-lo sofrer mais com o nosso julgamento?
Cada um é como cada qual e quão diferente foi a atitude do nosso José Brás que, de férias em Portugal, recebeu a notícia da morte dos seus camaradas, o Dias e o Oliveira que morreram sem ele em Xinxi-Dari.
Nem o pai o convenceu a dar o salto e o Mejo iria continuar a ser a sua pátria por mais algum tempo…. “E sem precisar de dizer-lhe que me sentia miserável por ter deixado morrer aqueles amigos sem a minha presença de arma na mão…”
Obrigado pelos teus escritos, já reconhecidos publicamente, e um obrigado ainda maior pela lição, verdadeiro hino a uma das mais bonitas palavras – a solidariedade - que este teu fabuloso conto encerra.
Quem me dera que o furriel da minha Companhia se chamasse José Brás.
Temos os desertores que se passaram do nosso lado para o inimigo. Estes, que até são ouvidos e vistos em programas televisivos, além de desertores, aproveitaram os seus conhecimentos dos locais de onde desertaram, entregaram trunfos ao outro lado, permitindo que os seus ex-camaradas sofressem ainda mais. Os meus camaradas que os qualifiquem….
Há, pois, na minha perspectiva, tipos diversos de desertores…, e se calhar alguns deles mereciam uma oportunidade para se justificarem…, ou não!
Termino com um abraço de respeito a todos os meus queridos camaradas combatentes da Guiné e também com uma pergunta inocente: Como chamar aos nossos camaradas que embarcaram connosco tendo ido até ao mato profundo e dias após chegarem ao mato eram, fruto de cunha valente, transferidos em definitivo para o ar condicionado de Bissau?
Um abração
Vasco A.R.da Gama
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 26 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3939: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assassinos (1): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74
(**) Vd. poste de 13 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4517: Controvérsias (18): O outro lado da guerra, os desertores (António G. Matos)
Vd. último poste da série de 26 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3939: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (III) Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assassinos
Guiné 63/74 - P4531: A Tabanca Grande no 10 de Junho (13): Tertulianos éramos mais de 30… (Hélder Sousa / Xico Allen)
Guiné 63/74 - P4530: Tabanca Grande (152): José Marques Ferreira, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas, CCAÇ 462 (1963/65
Caro Vinhal:
Aí vai a nota de assentos, no essencial:
- Soldado, apontador de Armas Pesadas (Breda)
- CCaç 462 (do BCaç 10, Chaves)
- Dependência operacional e administrativa na Guiné: BCaç 507 (Cmdt Ten Cor Hélio Felgas), depois BCav 790 (Cmdt Ten Cor Henrique Calado)
- Zona operacional por onde passei:
De Bissau directamente para Ingoré, após uma semana de estadia na Escola de Teixeira Pinto, para aclimatar.
A Companhia dispersou-se desde Ingoré (Comando), por Sedengal, S. Domingos, Susana, Varela (durante dezasseis meses).
Passado este tempo, somos obrigados a substituir a Companhia Operacional do BCaç 507 (já não lembro o número, mas se for preciso arranjo, pois ficou reduzida a quase metade entre mortos, evacuados e outras situações) e saltamos para Bula.
Depois, a poucos meses de acabar a comissão, fomos os primeiros habitantes de Có (comando), ficando a Companhia a ocupar com os três pelotões restantes as localidades de Ponate, Jolmete e Pelundo (também os primeiros militares a chegar àquelas paragens) onde foi tudo feito a partir do nada...
-Como a excursão não estava completa, despediram-nos para Mansoa, donde saímos para o Niassa...
-Data de embarque em Lisboa: 14 de Julho de 1963. Desembarque em Bissau: 21 de Julho de 1963.
-Data de embarque em Bissau: 7 de Agosto de 1965. Desembarque em Lisboa: 14 de Agosto de 1965.
Há mais factos, mas vão ser guardados para melhor oportunidade e também para não entupir o blog e o vosso trabalho.
Fomos para a Guiné, a partir de Chaves, como Companhia independente e só na Guiné é que nos deram a zona a ocupar pois Ingoré, quando chegamos, apenas tinha uma secção.
Mais tarde e na história que se há-de contar, passou aquela localidade a ter a estrutura de um Comando de Batalhão, onde estiveram alguns camaradas da minha localidade e por eles fiquei a saber desta evolução.
Já vai extenso este intróito.
Um abraço,
José Marques Ferreira
Fotos: © José Marques Ferreira (2009). Direitos reservados
2. Comentário de CV
Caro Camarada José Ferreira, bem aparecido na nossa Tabanca Grande.
Muito obrigado por aderires a esta grande família e por te propores a colaborar na feitura daquilo que queremos deixar para memória futura.
Quem melhor do que nós poderá contar como a guerra se travou? Quem sentiu as balas a assobiarem por cima da cabeça? Quem dormiu, mal, aos mosquitos, à chuva e ao cacimbo? Quem comeu o que calhou e quem bebeu água suja, retirada da bolanha?
Se não deixarmos tudo escrito, outros contarão, romanceando, ligarão os nossos momentos mais trágicos ao luar e ao estrelado dos céus de uma África misteriosa, etc, etc.
Sabemos que a realidade foi bem diferente. Caminhámos à luz de sucessivos relâmpagos em noites de chuva diluviana, tropeçando a cada passada, agarrados uns outros para que ninguém ficasse, irremediavelmente, para trás.
Cabe a ti e a todos nós contar a triste realidade dum local e época de sofrimento.
Contamos contigo.
Recebe camarada, um abraço de boas-vindas em nome da Tertúlia.
CV
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça