quinta-feira, 26 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13332: Memória dos lugares (269): Bissorã, Casa Gardete, do dr. Manuel Gardete Correia (1928-2009), autoridade mundial no combate à doença do sono, a única casa de pedra e tijolo da vila, construída por seu pai José Gardete Correia, comerciante, natural de Rosmaninhal, Idanha-a-Nova (Armando Pires / Fernando Cristo)


Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 (1969/70) > 1970 > "À esquerda o alf mil capelão Augusto Batista, à direita o ten cor inf Polidoro Monteiro (já falecido), cmdt do batalhão. Foto tirada no dia de festa,,, Por detrás a Casa Gardete. No primeiro andar da Casa, então utilizada como quartos dos oficiais, a senhora que está à varanda era a esposa do capitão, comandante da minha companhia."

Foto (e legenda): © Armando Pires (2009). Todos os direitos reservados


1. Duas mensagens de Armando Pires, de 24 e 25 do corrente:

Assunto - Casa Gardete

(i): Luís, meu amigo e camarada, olha só o que acabo de receber em mensagem enviada na minha conta do Facebook.

Já respondi ao senhor, pedindo-lhe autorização para que, caso o entendas, publiques isto no blog, e para que o contactes, caso queiras que ele escreva alguma coisa sobre a família.

Logo que tenhas resposta dele, dir-te-ei qual foi.

Um grande abraço,. Armando Pires
.(/ii) Luís, camarada e amigo.

Aqui tens em anexo, a troca de mensagens entre mim e o filho do Dr. Gardete Correia. (*)

Um grande abraço, Armando Pires.

[ex-fur mil enfermeiro, CCS/BCAÇ 2861,Bula e Bissorã, 1969/70; jornalista reformado, foto atual acima]


Guiné-Bissau > Região do Oio >Bissorã > 2006 > A Casa Gardete. Foto de 2006, cedida pelo camarada Carlos Fortunato, ex-fur mil. da CCAÇ 13, e tirada aquando de uma das suas deslocações a Bissorã ao serviço da ONG Ajuda Amiga, de que é presidente. Actualmente o edifício funciona como tribunal civil. A escadaria dava acesso aos quartos dos oficiais. Entre o vão de escada e a porta onde se lê “Secretaria Judicial”, funcionava “a rádio” local. A corneta sonora era montada sobre aquela grande coluna que suportava um portão de ferro de entrada para o edifício.

Foto: © Carlos Fortunato (2006). Todos os direitos reservados.


Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Vista aérea (parcial): centro de Bissorã, onde se situava a Casa Gardete (8), o melhor edifício da povoação, sede de circunscrição (concelho).

Legendas [Armando Pires]:

1 – Caserna da CCAÇ 2444, depois da CCAÇ 13
2 – Sede da Administração de Bissorã
3 – Enfermaria civil
4 – Messe de oficiais
5 – Secretaria da CCS, Transmissões e espaldões de morteiros
6 – Casernas e refeitório da CCS
7 – Quartos de sargentos da CCS e bar
8 – Secretaria do comando do batalhão no r/c e quartos dos oficiais no 1º andar
 14 – Campo de futebol.

Foto: Cortesia da página do © Carlos Fortunato > CCAÇ 13, Leões Negros > Guiné - Bissorã [Edição: LG e AP]


2. Fernando Cristo ,  jusrista, estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; vive em Bruxelas]

Digníssimo Armando Pires: acabam de me fazer chegar a cópia de um blogue que desconhecia, constituído por antigos combatentes na então Guiné Portuguesa. Escrevo-lhe estas linhas muito emocionado, por ter sido confrontado com, fotografias da casa do meu avô em Bissorâ, bem como várias referências ao meu pai - Manuel Gardete Correia, médico, nascido em Bissorã em 1928 e falecido em Novembro de 2009 (*). 

Casou uma única vez, com Maria Teresa Conceição Lopes Cristo Gardete Correia, licenciada em Biologia e doutorada em Mineralogia em Coimbra, sua cidade natal. Foi professora desde que chegou a Bissau e diretora do liceu de Bissau entre 1972 e 1974, substituindo nessas funções o Padre Macedo.Faleceu em 18 de Setembro de 1974.

Desse matrimónio nasceram dois filhos - Maria Teresa e o signatário, Fernando Manuel Conceição Flores Lopes Cristo Gardette Correia (único com autorização para utilizar o apelido na origem francesa com dois "tt"), hoje com 51 e 48 anos de idade, respetivamente. (...)

Sou Jurista, a terminar uma comissão de serviço em Bruxelas e desde já à sua/ vossa disposição para todas e quaisquer informações adicionais. Bem-Hajam. Contactoz [ Telem e email]

Fernando Cristo Gardette Correia

3.  Fernando Cristo

Digníssimo Armando Pires: Peço-lhe, desde já, as minhas mais sinceras desculpas por não o tratar pela sua patente, que ainda desconheço, mas que desde pequeno fui ensinado a respeitar e a mencionar nos relacionamentos com todos os militares e sobretudo com os fabulosos militares que muito sofreram numa das piores guerras do ultramar.

Acompanhei sempre o meu pai, quer na fase das campanhas pelo interior da Guiné, quer, mais tarde, quando estabilizou em Bissau, dando sequência à fantástica Missão de combate às Tripanossomíases da Guiné ( mais tarde, após a independência, destruída pelo pessoal da saúde cubana), homenageada então pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dou inteira autorização para utilização dos dados facultados [...]

Pena é que só tenha tido conhecimento agora, após o falecimento de meu pai, que tudo, mas tudo fez e tudo deu, pela terra onde nasceu e para onde voltou em 1961 e que só Deus sabe o que sofreu após a independência entre 1975 e 1977, já com o Sr. Luís Cabral como Presidente da República da Guiné-Bissau, destituído anos mais tarde e exilado em Portugal (já falecido).

Queira V/ Exa. aceitar, em nome de minha irmã e em meu nome, os meus mais respeitosos cumprimentos e agradecimentos pelo louvável trabalho que estão a realizar e de que alguma parte, mais relacionada com a atividade médica e cientifica (nomeadamente os estudos da malária e da doença do sono) do meu pai, está depositada na Fundação Calouste Gulbenkian. [Manuel Gardette Correia  tem sete referências bibliográficas na Biblioteca Nacional de Portugal]



Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 (1969/70) > 1969 > "Foto tirada a um domingo, porque era o dia em que, para "disfarçar" a ideia de estar na guerra, nos vestíamos à civil, estou eu (à esquerda na foto) e um soldado meu, o soldado maqueiro Teixeira à entrada  da Casa Gardete, antigo estabelecimento comercial, alugado à tropa".

Foto (e legenda): © Armando Pires (2014). Todos os direitos reservados


4. Armando Pires

Meu caro Dr. Fernando Cristo. Muito obrigado pelo consentimento que me expressa [...] 

Como pode verificar no meu perfil do Facebook. Na tropa fui furriel miliciano. 

Desse tempo, em Bissorã, onde estive de Set/69 a Dez/70, e junto à casa do seu avô, conservo nos meus arquivos apenas duas fotos que aqui anexo.

A primeira, tirada a um domingo, porque era o dia em que, para "disfarçar" a ideia de estar na guerra, nos vestíamos à civil, estou eu (à esquerda na foto) e um soldado meu, à entrada para o que, no tempo do seu avô, era o estabelecimento comercial.

A segunda foto, tirada no dia de festa, como pode aperceber-se, tem como protagonistas o comandante do batalhão, já falecido, e à esquerda, o mais baixo, o Padre Capelão, felizmente ainda vivo. No primeiro andar da Casa, então utilizada como quartos dos oficiais, a senhora que está à varanda era a esposa de um capitão, comandante da minha companhia. Renovo os meus cumprimentos e peço-lhe que, igualmente os transmita à Senhora sua irmã. armando pires

5. Fernando Cristo

Digníssimo Armando Pires: como calculará, estou a vivenciar um momento único e particularmente emocionante, que já não esperava recordar e penhoradamente muito lhe agradeço.

De facto, foi a única casa construída em Bissorã, de cimento e tijolos, pelo meu avô paterno - José Gardette Correia, natural do Rosmaninhal, [concelho de Idanha-A-Nova, ] distrito de Castelo Branco, então comerciante em Bissorã, casa esta onde viveram os meus avós e onde o meu pai nasceu e à qual só voltaria em 1963 de visita. Eu próprio conheci, mas após a independência, já numa fase adiantada de degradação. Aliás, chegar hoje a Bissorã demora aproximadamente cinco dias, tal é o estado das estradas e já nem refiro no período das chuvas.

Guardarei, as fotos que fez o favor de facultar, bem como uma outra que vi no blog, nos meus arquivos de familia.

Muito obrigado
Respeitosos cumprimentos

Fernando Gardette Correia (**)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13302: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (14): Fadista e locutor, para cumprir o destino

(**) Último poste da série > 25 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13328: Memória dos lugares (268): Bissau, 10 e 13 de Junho de 1969, desfile comemorativo do Dia da Raça e incêndio no "600" (Manuel Carvalho)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13331: Blogoterapia (252): Fui no dia 14 a Monte Real encontrar-me com jovens de antigamente (Francisco Baptista)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), com data de 18 de Junho de 2014:

Nesse tempo, em 1970, 71 além da CCaç 2616, a que pertenci, havia também um destacamento de fuzileiros africanos, enquadrado por graduados europeus, uma secção de morteiros, um pelotão de artilheiros que manobravam os obuses 14 e uma secção de administração militar. Já passaram mais de quarenta anos.
Buba, situada no terminus do rio Grande Buba tinha um cais onde encostavam periodicamente (mensalmente, pelo menos) as LDG com munições e mantimentos para o batalhão com comando em Aldeia Formosa e para as populações que viviam junto dos quartéis.

Além dos "residentes" havia portanto muitos que se movimentavam por lá como acontece em todas as terras onde há portos. Convivi com muitos deles, no geral afáveis e simpáticos, todos diferentes, porque não há dois homens iguais, todos tínhamos sonhos que disfarçávamos em bravatas e cervejas.
Havia projetos, vidas adiadas, mães, pais, irmãos, esposas, noivas, namoradas, tanta gente a sofrer dum lado da terra e do outro. Tudo isso calava fundo na alma de cada um mas todos escondíamos essas "pieguices", como jovens guerreiros corajosos que mesmo não o sendo, procuram aparentá-lo pois não se deve dar o flanco ao inimigo nem à morte.

Foto: © José Teixeira

Nas minhas breves passagens por Bissau cruzei-me com muitos camaradas das origens mais variadas da Guiné, território que sendo pequeno me parecia tão grande. Farim, Batafá, Canquelifá, Guidaje, Catió, Pirada, Gadamael, Mansabá, Olossato e muitas outras terras com nomes estranhos e sonantes que desconhecia.

Ouvia estórias de ataques, minas, emboscadas, falava-se brevemente de alguns mortos ou feridos graves para ninguém se comover demasiado pois as lágrimas podem amolecer a coragem dos homens. Ao ouvir essas estórias parecia-me que Aldeia Formosa, Nhala, Mampatá, Buba e Empada eram paraísos de paz.
Em abono da verdade tenho que confessar que Buba só experimentou algumas minas e recontros no mato na fase final da companhia depois destas estórias. Nessa fase Mampatá sofreu uma emboscada terrível e Empada a pior de todas. Eu como todos os camaradas do batalhão fiquei muito abalado com essas mortes mas hoje não me compete a mim falar desses acontecimentos, por respeito a todos os seus intervenientes pois não os saberia relatar corretamente.

Falavam de balantas, papéis, manjacos, brames, felupes, cassangas e outros, tantas etnias, muitas mais do que as doze tribos de Israel. Eu na área do meu batalhão só conhecia fulas, perdão havia uma pequena família de balantas em Buba.

Monte Real, 14 de Junho de 2014 > IX Encontro da Tabanca Grande > Fátima Anjos, Francisco Baptista e Hélder V. Sousa.

Foto: Luís Graça

Fui no dia 14 a Monte Real encontrar-me com esses jovens de antigamente, hoje somos todos homens feitos que já passámos o meio da encosta na descida para o Hades, o rio da morte e do esquecimento.

Somos os mesmos e somos diferentes, temos rugas, cabelos brancos, carecas, temos barriga, temos a ferrugem dos tempos inclementes da África e da Europa, talvez mais cínicos mas à procura da inocência da juventude.
Perdemos o ar sonhador doutros tempos. Queremos acreditar nos sentimentos mais nobres e por isso nos juntamos uns com os outros à procura desses jovens generosos e sonhadores desses tempos, em terras da Guiné.

Talvez nos juntemos também para podermos contar as estórias que nunca contamos a quem não esteve lá ou para contarmos as estórias que os outros nunca quiseram ouvir para não terem que prestar tributo e homenagem aos heróis que nunca fomos.

O grande poder, o poder que liberta, reside na anarquia que traz a lucidez que liberta os homens de preconceitos e amarras, para poderem voar e navegar nas estradas amplas da vida, como irmãos, como amigos, como camaradas.
Não sei se fui eu, Cristo, Maomé ou Buda, mas gosto da frase mesmo sabendo que a Anarquia como governo é uma " Utopia".

Como a maioria eu durmo, sonho, acordo e sonho, como diz o poeta o sonho comanda a vida. Eu direi que os sonhos dos artistas nas suas várias expressões, literárias, poéticas, musicais, plásticas e outras, embelezam a vida e dão-nos a ilusão da eternidade.
Pelo sonho vamos....

A todos os camaradas um grande abraço
Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12888: Blogoterapia (251): O programa com um vírus que não consigo apagar, remover ou formatar (José Colaço)

Guiné 63/74 - P13330: In Memoriam (191): António Manuel Martins Branquinho, natural de Évora (1947-2013), ex-fur mil at inf, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)... Para que a sua memória não fique na "vala comum do esquecimento"


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) e CCAÇ 12 (1969/71) > Natal de 1969:  da esquerda para a direita; de pé, Luís Manuel da Graça Henriques (fur mil ap armas pes inf); se não engamo, o 2º sgtr Rui Quintino Guerreiro Daniel (2º srgt mecânico auto, CCS/BCAÇ 2852), ; 1º srgt cv Fernando Aires Fragata, fur mil enf João Carreiro Martins; na 1ª fila, os fur mil Jaime Soares Santo (SAM), António Eugénio da Silva Levezinho (Tony) (at inf, 2º pelotão), Amtónio M M Branquinho (at inf, 1º pelotão) e Humberto Reis (at inf op esp, 2º pelotão)

Foto: © Humberto Reis  (2006). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)




Xime> Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Cais do Xime > Reconheço apenas ao centro o Fur mil At Inf António Branquinho, da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)... Com o seu inseparável lenço preto ao pescoço e, se não erro, uma boina preta à fuzileiro...

Foto: © Arlindo Roda  (2010). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A (uma das) equipa(s) de futebol da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, de camisola branca e crachá da companhia. Na primeira fila, reconheço, da esquerda para a direita, o 1º cabo cripto Gabriel Gonçalves (que também cantava e tocava viola), o alf mil op esp Francisco Moreira (1º pelotão), o fur mil Arlindo Roda (3º pelotão , o Arménio (1º pelotão) e o João Rito Marques, o nosso cabo quarteleiro.

Em cima, e da esquerda para a direita, reconheço o fur mil at inf António Manuel Martins Branquinho, o 1º cabo Branco, o sold condutor auto Alcino Carvalho Braga, o sold básico João Fernando R. Silva, um elemento de que não me ocorre o nome (mecânico? transmissões?) e , por fim, o 1º cabo aux enf Sousa.

Foto: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)



A bordo do T/T Niassa, a caminho da Guiné >  24 a 30 de maio de 1969 > Da esquerda para a direita, o 1º srgt cav Fragata, os fur mil António M M Branquinho (1947-2013),  José Fernando Almeida, Humberto Reis, António Fernando Marques e o alf mil José António Marques Rodrigues (falecido em 2011, morava então em Torres Novas).

Foto: © José Fernando Almeida   (2014). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)


A bordo do T/T Niassa, a caminho da Guiné>  24 a 30 de maio de 1969 > Zé Fernando Almeida, Humberto Reis, António Branquinho e José António Rodrigues


Guiné > Zona Leste >  Região de Bafatá > Contuboel > CCAÇ 2590 /  12 (1969/71) >   O Branquinho (à esquerda) e o Fernando Almeida (à direita), à saída da "psicina" de Contuboel.

Foto: © José Fernando Almeida   (2014). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) >  Xitole, agosto de 1970... De pé, o Levezinho e o Coelho (fur mil enf, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72); na primeira fila, o Roda e o Branquinho.


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) >  Cais do Xime, julho de 1970 ... O Levezinho (?) abraça o nosso "pastilhas", o João Carreiuro Martins, sob o olhar do Branquinho...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > O Branquinho no Xime...


Fotos (e legendas): © António Levezinho (2014). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


1. Só há dias soube, com tristeza, da morte do meu amigo e camarada Branquinho, António Manuel Martins Branquinho, que vivia em Évora, na Rua Heróis do Ultramar e era, julgo eu, natural de Évora, onde há pelo menos duas famílias Branquinho, nas pesquisa que fiz na Internet.

Soube na notícia através do Jorge Cabral, em Monte Real, no dia 14 do corrente. Perante a minha estupefacção, o Jorge confirmou a notícia junto do António Fernando Marques, também ele presente, com a Gina, no nosso IX Encontro Nacional. Pedi uma terceira confirmação, ao José Fernando Almeida, organizador do último encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71.

Eis a resposta, de 23 do corrente, do Zé Fernando, o nosso fur mil de transmissões (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

 (...) Boa tarde,  Henriques:  (...) Sim, o Branquinho faleceu há ano e meio, falei por telefone com a viúva que se encontra ainda muito fragilizada,  não quer falar sobre isso. Passou o telefone a uma vizinha, que me informou da situação e pediu para não ligar mais. (...)

No mesmo dia mandei um mail ao Zé, e a outros camaradas da CCAÇ 12 (que integram, a nossa Tabanca Grande) bem como ao César Dias e ao Fernando Hipólito que fizeram a recruta e/ou a especialidade no CISMI; Tavira, com o Branquinho, em 1969:

(...) Obrigado, Zé Fernando! (...) Quanto ao que me contas sobre o Branquinho... É triste saber a notícia um ano e tal depois. Mas é assim a puta da vida, cada meco para o seu canto, a falar sozinho e a morrer sozinho... Ele também nunca nos procurou, que eu saiba, apesar dos nossos SOS... Espero que ele tenha conseguido, em vida, fazer o luto do passado... Muitos camaradas nossos puseram uma "pedra no vulcão" e mostram-se incapazes de olhar para o passado e integrarem a guerra, a Guiné, no seu "portfólio vivencial"... A ideia do blogue (e da Tabanca Grande) é ajudarmo-nos uns aos outros nessa espécíe de catarse que temos de fazer...

Tens fotos dele, de encontros passados?... Julgo que ele nunca foi a nenhum encontro, nem a Fão, Esposende, em 1994.

Vou dar a notícia, no blogue, se não te importas, usando-te como fonte de informação. Ele era de 1947, e terá morrido em 2013, o ano passado. É isso? Gostava de fazer um "In Memoriam"... Passámos juntos mais de 2 anos intensos, desde a nossa mobillização em março de 1969... Ele tem cá amigos e camaradas, do tenpo do  CISMI (César Dias, Fernando Hipólito...), bem como da nossa da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, e ainda das unidades que passaram por Bambadinca (BCAÇ 2852, BART 2917, e subunidades adidas) (...)




Tavira > CISMI > 1968 > Foto nº 7 > O César Dias, natural de Torres Novas (á esquerda) e o António Branquinho, filho de Évora (à direita)... Ambos foram parar à Guiné... O Branquinho à CCAÇ 2590 (mais tarde, em 18/1/1970, CCAÇ 12) (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).

Foto: © César Dias  (2014). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)



Tavira >  Cismi > 1968 > 3ª companhia (instrução de especialiade: Atirador de infantaria) > O Branquinho é o 3º da primeira fila a contar da direita... O Levezinho é o 3º da 2ª segunda, de é, a contar também da direita. Não consigo identificar o Fernando Hipólito.


Tavira >  Cismi > 1968 > 3ª companhia (instrução de especialidade: Atirador de infantaria) > Lado esquerdo do grupo


Tavira >  Cismi > 1968 > 3ª companhia (instrução de especialidade: Atirador de infantaria) > Lado direito do grupo > O Branquinho é o 3º da primeira fila a contar da direita... O Levezinho é o 3º da 2ª segunda, de é, a contar também da direita.



Tavira >  Cismi > 1968 > 3ª companhia (instrução de especialidade: Atirador de infantaria >  O Branquinho é o 1º da primeira fila a contar da esquerda..  

Fotos: © Fernando Hipólito   (2014). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: L.G.)


2. O Tony Levezinho mandou-nos o seguinte mail, em 23 do corrente:

Olá, Luis:

Agradeço-te o empenho no esclarecimento/confirmação da notícia sobre a morte do António Manuel Martins Branquinho.

Tens razão, andamos cada um para seu canto e, tal como foi este o caso, é preciso mais de um ano para se saber que mais um de nós parte. Recordo do Branquinho um rapaz puro, com uma certa tendência para a confrontação verbal, não obstante, ou talvez, também por isso, um camarada leal.

Um abraço e cuida dessa tua recuperação. 
Tony



Tavira, Cismi > 1968 > Semana de campo >  Do lado direito, o Fernando Hipólito e o António Branquinho. Do lado de esquerdo, dois aspirantes milicianos, instrutores.


Tavira, Cismi > 1968 > Semana de campo >  O Fernando Hipólito (de pé) e o António Branquinho (de cócoras).

Fotos (e legendas): © Fernando Hipóliti  (2006). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


3. Por sua vez, o Césat Dias escreveu seguinte, também na mesma data:

Olá Luis, tenho sabido que estás a recuperar bem, espero que continues.

Quanto ao Branquinho, também não sabia e fiquei também surpreendido, embora nunca tenha contactado com ele depois de Tavira, fica-me a lembrança dum Alentejano, moço muito alegre que contagiava quem estivesse com ele. Tenho uma foto com ele onde podes testemunhar a sua maneira de estar na tropa, vou-te enviar essa e mais alguma onde ele esteja.

Em boa hora tiveste a ideia deste Blogue, pois cada vez somos menos, e assim ficará o testemunho da nossa participação em terras da Guiné.

O Branquinho fez a recruta e especialidade na 3ª companhia do CISMI, acompanhou durante esses 6 meses com o Levezinho, o Hipólito e outros que estiveram convosco em Bambadinca, eu só estive com ele na recruta, na especialidade era nosso vizinho, como sabes.

Essas fotos a cor, são do Hipólito, eram na especialidade, penso que o reconheces, se não conseguires diz que indico-te.

Um abraço, e agardeço-te a atenção,
César Dias


4. O Fernando Hipólito também nos mandou, a 24, duas fotos a preto e branco, com a seguinte mensagem:

 (...) Luís Graça e César

Junto ennvio duas fotos do António Branquinho no CISMI, em 1968:

(i) A primeira foto, com aspirantes, nossos instrutores, mais eu e ele;

(ii) A segunda foto, também na semana de campo, ele e eu. 

Abraço, 
Hipólito (...)


5. Também o José Fernando Almeida nos mandou fotos a  24:


Boa Noite, Henriques

Envio-te algumas fotos do Branquinho. Em Contuboel após termos saído da Piscina do Geba , e no Niassa. (acho que consegues identificar todos). Tenho algumas no Brandão mas tenho que as procurar e digitalizar.

Como o Levezinho diz e com justiça, o Branquinho era muito frontal. A quando da Op Abencerragem Candenete onde morreram seis  homens, entre eles o picador Seco Camará, o capitão à chegada das viaturas a Bambadinca perguntou ao Branquinho que tinha acabado de saltar da viatura,  como é que tinha sido. A resposta pronta do Branquinho:
- Se quer saber como foi, tivesse ido. 

Ficou tudo por aí.

Envio-te também a Lista dos falecidos da CCAÇ 12 de que tenho conhecimento, o Sousa diz que está incompeleta .

Cumprimentos, 
Fernando Almeida


6. Por sua vez, o Jorge Cabral informou-nos, ontem,  que "o  O António Branquinho esteve presente num encontro em Montemor há muitos anos". Eu, por mim, acho que nunca mais o vi, desde o nosso desembarque do T/T Uíge, em Lisboa... Mas sempre ia perguntando por ele. Se fui algum encontro mais do pessoal de Bambadinca, não sei. Mas tenho pena de ele ter partido e eu nunca lhe ter podido dar um abraço de amigo e camarada... Em março de 1971, ele morava na travessa do Barão, nº 5, em  Évora. Deve-se ter casado e mudado para a Rua dos Heróis do Ultramar. Não tive lata de telefonar à viúva. É possível que ele tenha filhos e que estes gostassem de ver estas fotos do pai... Tenho o nº de telefone, talvez um dia destes telefone...



Foto © António Levezinho (2006). Todos os direitos reservados

N/M Uíge > 17 Março de 1971 > Dia da partida de Bissau para Lisboa. Regressávamos da guerra, com a morte na alma e mazelas no corpo, num navio da marinha mercante da Companhia Colonial de Navegação (uma empresa, fundada em Angola em 1922, para assegurar os transportes marítimos das colónias portuguesas com a Metrópole, sendo o paqueteVera Cruz o seu navio mais emblemático, e que não teve tempo de fazer o branqueamento do seu nome, já que o termo colonial não era politicamente correcto no início dos anos 70...).

Como se tudo continuasse como dantes e a vida corresse normalmente, "contra os ventos da história" (como então se dizia), nessa viagem de regresso à pátria servia-se a bordo, na classe turística (reservada aos sargentos): (I) uma sopa de creme de marisco; (II) seguido de um prato de peixe (Pescada à baiana);  e (III) um de carne (Lombo Estufado à Boulanger)... sem esquecer (IV) a sobremesa: a bela fruta da época, o bom café colonial, o inevitável cigarro a acompanhar um uísque velho, antes de mais uma noitada de lerpa ou de king... 

Obrigado ao Humberto Reis e à sua já famosa "memória de elefante" por me lembrar que o 17 de Março de 1971 foi o primeiro dia do resto das nossas vidas... 

Nas costas da ementa de um desses jantares a bordo, talvez o do último dia, deixámos escritos os nossos nomes e moradas.. Alguns de nós nunca mais se voltaram a encontrar: foi o caso do Luciano Almeida (que morava no Montijo,, desaparecido em condições, em data que ninguém sabe ao certo), bem como António Branquinho que voltou para a Évora... Dizia-me que estava reformado da Segurança Social. Numa pesquisa na Net, fui encontrar o seu nome, em 21 de janeiro de 2000, como chefe de repartição da subregião de saúde de Évora, ARS do Alentejo.

O Piça, a esse,  encontrei-o para aí duas ou três vezes... O Levezinho e o Humbertos Reis acabaram por ser meus "vizinhos"... Mesmo assim, ficámos todos amigos... para sempre ! E é por isso que não sei despedir-me do Branquinho sem lhe reservar um lugar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande, o nº 661... Para ele vir ter connosco, com o seu ar gingão, meio fadista meio pegador de touros, meter conversa e sentar-se à nossa beira... Ao Luciano Almeida, a esse, já em tempos lhe fiz um poema  ("Requiem para um paisano") que hei-de publicar aqui um dia destes... Para que a memória de um e de outro não fique para aí, na "vala comum do esquecimento", o Branquinho passa a integrar a nossa Tabanca Grande a título póstumo...

PS - Eis a lista (possivelmente incompleta, e que só inclui um camarada da Guiné) dos militares da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), já falecido (entre parêntese, o local de residência e o ano do falecimento):

António M.M. Branquinho (Évora) (2013)
José António Marques Rodrigues (Torres Novas) (2011)
José Marques Alves (Fãnzeres, Gondomar) (2014)
Luciano Severo de Almeida (Montijo) (s/d)
Manuel Costa Soares (Nhabijões,Bambadinca) (13/1/1971)
Tibério Gomes Rocha (Viseu) (12/6/2007)

Umaru Baldé (Amadora) (s/d)

Fonte: José Fernando Almeida (2014) 

[Observ. - 80 dos 100 militares do recrutamento local já devem ter morrido, tendo alguns sido fuzilados pelo PAIGC] [LG]

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Guiné 63/74 - P13329: O nosso livro de visitas (179): José Augusto Antunes Vieira, ex-Mecânico da Força Aérea Portuguesa (Guiné, 1962)

1. Mensagem do nosso camarada José Augusto Antunes Vieira, ex-Mecânico de avião da FAP (Guiné, 1962), com data de 6 de Junho de 2014:





2. Comentário de CV

Caro camarada José Augusto Vieira, muito obrigado pelo seu contacto.
É dos poucos camaradas de 1962 que comunica connosco, temos 3 ou 4 na tertúlia.
Teve o privilégio de conhecer a Guiné, sobrevoando-a, ainda antes da guerra começar, embora já em clima de tensão uma vez que começada em Angola, era esperado que a luta se estendesse à Guiné e a Moçambique, como veio a suceder.

Se tiver curiosidade em conhecer histórias da FAP através do nosso Blogue, clique neste link: FAP

Temos ainda referências às nossas queridas Enfermeiras Paraquedistas e aos nossos Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras, os nossos Pilotos e os seus Mecânicos.

Se tiver fotos antigas ou histórias suas que queira ver publicadas no nosso Blogue, teremos muito prazer em o receber na tertúlia. Ficamos ao seu dispor para qualquer esclarecimento.

Em nome dos mais de 600 camaradas que compõem a nossa tertúlia, envio-lhe um abraço e os votos de boa saúde.

Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE JUNHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13319: O nosso livro de visitas (178): Estudando a história da Guiné, descobri o blogue dos senhores e estou absolutamente encantada (Fábia Vitiello de Azevedo Cardoso, S.Paulo, Brasil)

Guiné 63/74 - P13328: Memória dos lugares (268): Bissau, 10 e 13 de Junho de 1969, desfile comemorativo do Dia da Raça e incêndio no "600" (Manuel Carvalho)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Carvalho (ex-Fur Mil Armas Pesadas Inf, CCAÇ 2366/BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70), com data de 12 de Junho de 2014:

Caro amigo Carlos Vinhal
Saúde que é o que agora mais precisamos.
No seguimento das fotos que te enviei há algumas horas vou dizer também qualquer coisa.

Tínhamos acabado de chegar a Bissau vindos de Jolmete e ainda não sabíamos para onde íamos mas pensávamos que não iríamos para sitio pior, e recebemos o honroso convite para participar no desfile do 10 de junho de 1969.
Claro que ficámos contentes mas começamos logo a pensar que num desfile militar no meio de tanta gente o PAIGC poderia tentar qualquer coisa e decidimos logo que íamos levar os carregadores com munições reais.

Já não me lembro se a ordem veio de cima ou não, ou tão pouco se as outras forças também levavam munições. Eu sei que se houvesse problemas ia preparado para disparar.



Bissau, 10 de Junho de 1969 - Desfile das tropas
Fotos: Manuel Carvalho

Uns dias depois no Seiscentos houve também um incêndio seguido de explosões de granadas que atirou com a cobertura de uma caserna pelo ar. Para as causas havia várias versões mas a mais corrente é que alguém estava a fazer um petisco com álcool e algo correu mal propagando as chamas que ficaram sem controle.
As explosões foram muitas e de vários tipos de granadas incluindo morteiro. Vieram ordens para os motoristas tirarem as viaturas para a cidade até porque havia ali uma bomba de gasolina muito perto e então era ver gente já com algum reumático e alguns galões em cima dos ombros e pensando que a hora deles tinha chegado embora estivessem em Bissau a saltar para a parte de trás dos Unimogues até com bastante desenvoltura.

Assisti a tudo isto até ao fim atrás de uma árvore enorme que estava num canto junto à messe dos oficiais onde tinha umas árvores de papaia. Caíam do ar muitos objetos incluindo muitos pedaços de G3. Os bombeiros africanos muito corajosos punham a mão a segurar a mangueira do lado de dentro e o resto do corpo do lado de fora até que conseguiram extinguir o fogo e acabar com o problema.

Faz este mês quarenta e cinco anos que tudo isto aconteceu.
Há uns anos o Carlos Pinheiro(*) contou esta estória e eu enviei umas fotos que deves ter por aí.



Bissau - "600", 13 de Junho de 1969 - Incêndio
Fotos: Manuel Carvalho

Caro amigo se isto servir para alguma coisa podes usar a vontade.

Um abraço
Manuel Carvalho
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 13 DE JUNHO DE 2011 > Guiné 63/74 - P8412: Recordações dos tempos de Bissau (Carlos Pinheiro) (3) : Dia de Santo António de 1969

Último poste da série de 28 DE MAIO DE 2014> Guiné 63/74 - P13205: Memória dos lugares (267): Tomar, terra dos Templários e do Rio Nabão, onde nasceu o General Arnaldo Schulz em 6 de Abril de 1910 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 24 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13327: Agenda cultural (326): Dia 21 de Junho de 2014, RI 14, Viseu; lançamento de "QUEBO - Nos confins da Guiné", livro de autoria de Rui A. Ferreira, TCor Ref (Carlos Vinhal)

1. No passado sábado dia 21 de Junho de 2014, no Regimento de Infantaria 14 de Viseu, pelas 10 horas da manhã, já muitos ex-combatentes da CCAÇ 1420, CCAÇ 18 e ex-militares que passaram pelo RI 14, assim como muitos dos seu familiares, se concentravam na Parada para assistirem ao lançamento do livro de Rui Alexandrino Ferreira, Quebo - Nos confins da Guiné.

Na Parada do RI 14, entre os presentes alguns elementos da CCAÇ 18 comandada pelo ex-Capitão Rui Ferreira. Do nosso Blogue, na foto vêem-se: Carlos Vinhal Leça da Palmeira), Vasco da Gama (Buarcos), Antero Santos (Avintes) e António Pimentel (Figueira da Foz)

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014: Neves Ferreira, Vasco da Gama, Carlos Vinhal, Luís Nascimento, Lima Santos, Miguel Pessoa e Belarmino Sardinha


RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - O Antero Santos reencontrou dois camaradas da CCAÇ 18. Ao lado Luís Nascimento e Carlos Vinhal

O tempo que mediou até à abertura da sessão serviu para um convívio informal, cujo tema de conversa era o nosso Rui, como é tratado pela totalidade das pessoas que com ele se cruzaram na Guiné ou naquele Quartel.

Já muito perto das 11 horas surge o Rui, acompanhado por duas pessoas que o ajudavam a caminhar entre os presentes que de algum modo se queriam aproximar dele. Qual Cristiano Ronaldo, foi a custo que chegou à Mesa de Honra, sem que pelo meio tivesse que parar para abraçar quem dele se conseguia aproximar...


...como foi o caso do co-editor do Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, ali presente

O reconhecimento...

...e o abraço

Esperando não esquecer ninguém, o nosso Blogue estava representado pelos seguintes tertulianos: Antero Santos e esposa; António Pimentel; Belarmino Sardinha e esposa; Carlos Vinhal e esposa; Luís Nascimento; Manuel Lima Santos; Marques Almeida; Miguel e Giselda Pessoa; Valentim Oliveira; Vasco da Gama; Victor Barata e Xico Allen.

A sala estava repleta de assistentes que foram ouvindo atentamente os diversos intervenientes.

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Vista parcial da sala completamente cheia

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Miguel e Giselda Pessoa, e mais à direita, Antonieta e Belarmino Sardinha

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Na assistência Dina Vinhal e Fernanda, esposa do Antero Santos

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Em primeiro plano o nosso tertuliano Luís Nascimento

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - O camarada Vasco da Gama espreita o livro acabado de comprar. A seu lado o Antero Santos e o Xico Allen. Ainda perceptíveis, atrás, Belarmino Sardinha e esposa. 

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - Dois resistentes ex-combatentes da Guiné: TCor Rui Ferreira e Cor Pilav da FAP Miguel Pessoa

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - A Mesa era composta pelo representante do Comandante do RI 14; Major-Gen Pezarat Correia, amigo pessoal do Rui, que também apresentou o livro; Rui Ferreira, o autor, e pelo representante da Palimage, editora do livro

A sessão abriu com as palavras de boas-vindas em nome do Comandante do RI 14.

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 - O representante da Pamilage salientou, na sua intervenção, que o TCor Rui Ferreira é um autor querido desta Editora, e que este seu segundo livro vai ser também um êxito. 

 RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 -  O Major-General Pezarat Correia durante a sua intervenção

O Major-General Pezarat Correia, que na Guiné foi superior hierárquico do agora TCor Rui Ferreira, na sua intervenção salientou a amizade que os une de há longos anos. Tinha sido convidado só uns dias antes, mas não podia recusar este pedido para falar do livro. Recordou momentos hilariantes, já que o Rui é um homem com um sentido de humor apurado, sempre pronto para pregar partidas a superiores e inferiores. Salientou as suas qualidades de combatente, aliadas a uma capacidade inata para o comando de homens, levando-os a cumprir com êxito as missões mais perigosas.

Do livro, disse sem rodeios que o que está escrito, tirando as possíveis e inevitáveis imprecisões próprias do tempo já passado, é o retrato de uma comissão de serviço, à frente da CCAÇ 18, numa zona difícil (Quebo / Aldeia Formosa), numa altura em que a guerra da Guiné começava a agudizar-se.

Seguiram-se diversas intervenções a cargo de ex-militares da CCAÇ 1420, onde o Rui serviu como Alferes, nos anos de 1965 a 1967; da CCAÇ 18, comandada pelo Rui, então Capitão, nos anos de 1970 a 1972, e do RI 14, onde o Rui serviu como Tenente-Coronel.

Houve momentos de grande emoção quando se lembrava as qualidades humanas do autor do livro, e de boa disposição quando eram lembradas as patifarias que este homem protagonizava. No desporto, no aspecto social, na dedicação aos homens que comandava, a ponto de ser padrinho de casamento de não se sabe de quantos. Relataram-se factos que dignificaram o combatente, o comandante, o camarada e o homem que foi e é o Rui.

RI 14 - Viseu - 21 de Junho de 2014 -  O Rui quando agradecia as palavras que lhe foram dedicadas

Por último falou o Rui. Uma intervenção cheia de humor e emoção.
Estranhou que entre tantos amigos que tomaram a palavra, só lhe tivessem dedicado elogios, e embora ele tivesse pedido para não dizerem muito mal dele, nem um lhe descobriu um defeito, só qualidades.

Agradeceu as palavras a ele dedicadas, ressalvando ter sido esta a derradeira manifestação pública a que se submete, já que a sua debilitada saúde não permite tantas emoções. As pessoas ali reunidas por sua causa deram-lhe uma alegria enorme. Camaradas de todas as patentes e classes, de todos os tempos e locais por onde passou, estiveram a seu lado no lançamento do seu segundo livro.
Salientou que o RI 14, onde estávamos reunidos, será para sempre a sua Unidade, a sua segunda casa, onde cada camarada é pelo menos um amigo, senão mesmo um membro da família.

Por que a saúde do Rui não permitiria o esforço suplementar de uma sessão de autógrafos, o livro tem uma dedicatória e a assinatura impressa.

Assim, passou-se para a sala de jantar onde nos esperava um excelente almoço.
Entradas variadas, sopa, Rancho (muito bem confeccionado), fruta e doce, acompanhado de bom vinho.

Havia muita animação ao fundo da sala porque o rei da festa estava bem disposto. Não há fotos do almoço porque tendo sido servido de pé, não dava muito jeito fazê-las.

Cerca das 15 horas foi o convívio dado por terminado.
Não temos dúvidas de que foi um dia memorável para o nosso Rui.

Texto de Carlos Vinhal
Fotos: Dina e Carlos Vinhal

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"QUEBO - Nos confins da Guiné"

Detalhes:
Autor: Rui Alexandrino Ferreira
Coleção: Imagens de Hoje
Género: Crónica de guerra (colonial)
Ano: 2014
ISBN 978-989-703-110-6
Idioma: Português
Formato: brochura | 368 páginas | 16 x 23 cm
PVP: 19 Euros


Descrição
“Há uma característica da liderança que considero o tempero decisivo capaz de conferir virtude a determinados atributos de comando que, sem ela, podem tornar-se excessivos e transformar-se em defeitos perversos. Refiro-me ao bom senso, o equilíbrio moderador que impede que a coragem resvale para temeridade gratuita empurrando os seus homens para riscos desnecessários, que evita que o culto da disciplina dê lugar ao autoritarismo desumano, que a tolerância resvale para o laxismo, que o gosto pela decisão rápida caia na precipitação, que o excesso de ponderação conduza à hesitação. O bom senso confere sangue frio nas situações de pressão emocional, presença de espírito quando à volta se instala a ansiedade. É uma virtude que, normalmente se adquire com a idade, com a experiência, com a dimensão da responsabilidade. Mas, apesar da sua juventude, o Capitão Rui Alexandrino Ferreira aliava ao seu entusiasmo contagiante uma notável dose de bom senso, o que lhe permitiu aplicar a sua coragem, o seu sentido de disciplina, o seu gosto pela decisão, na medida e no sentido convenientes. Não estou a fazer um elogio fácil. Não devemos nada um ao outro nem pretendemos nada um do outro. Estou apenas a registar uma opinião madura e consolidada, que é a minha”.
Pedro Pezarat Correia


Autor
Rui Alexandrino Ferreira nasceu no Lubango, Angola, em 1943. 1964 - Integra o último curso de oficiais milicianos que reuniu em Mafra a juventude do Império.
1965 - Rende, na Guiné-Bissau, um desaparecido em combate.
1970 - Frequenta o curso para capitão em Mafra, seguindo em nova comissão para a Guiné-Bissau.
1973 - Regressa a Angola em outra comissão.
1975 - Retorna a Portugal. 1976 - Estabiliza em Viseu, onde continua a residir.
É, ainda, autor do livro Rumo a Fulacunda, sobre a temática da Guerra Colonial, na Guiné, editado pela Palimage em 2000

(Com a devida vénia a Palimage)
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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE JUNHO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13303: Agenda cultural (325): JERO e o "Verão Total" da RTP 1, amanhã, 19 de Junho de 2014, em Alcobaça (Miguel Pessoa)