1. Mensagem do nosso camarada José António Viegas (ex-Fur Mil do Pel Caç Nat 54, Guiné, 1966/68), com data de 22 de Dezembro de 2012:
Não podia deixar passar o dia de hoje ao fazer 46 anos do ataque em força a Missirá.
Aqui vai a pequena história.
O Capitão Pires da 1439 querendo juntar o máximo da Companhia para passarem o ultimo Natal juntos, enviou o nosso Pelotão 54 para Missirá, todo o pessoal dizia que íamos passar umas férias, pois aquele destacamento não tinha problemas de ataques há muito.
Instalámo-nos e fizemos o respectivo reconhecimento. No dia 22 recebemos o correio via Bambadinca, com algumas encomendas de Natal e preparávamos o nosso primeiro Natal na guerra.
Depois do jantar, e depois de verificar os postos, fomo-nos deitar. Na nossa palhota dormíamos os três furriéis. Enquanto o sono não vinha íamos falando até que, por volta das 10 horas da noite, começa a entrar pela nossa palhota uma metralha de fogo: explosivas, tracejantes e iluminantes de arma pesada, por sorte o fogo passava todo a um metro acima das nossas camas, foi agarrar nas armas como estavámos, já com a palhota a arder, e tentar organizar a defesa.
Eu fui municiar o meu cabo com a MG para o abrigo e tentar pôr o pessoal a fazer fogo o mais rasteiro possível, o destacamento parecia Roma a arder e a pontaria deles era tão grande que conseguiram meter uma morteirada no bidão do azeite no depósito de géneros. O rebentamento deste parecia fogo de artifício.
No meio da gritaria e dos impropérios de um lado e de outro, ouve-se um grito de agarra-lo á mano pois de certeza que vinham com cubanos.
Depois de quase uma hora de fogo, as morteirada estavam a cair junto ao refeitório onde estava o Unimog debaixo do embondeiro, o soldado condutor da 1439 foge e consegue pôr a viatura a funcionar, que estava com escape livre, para o retirar daquela zona de fogo. Julgo que eles pensaram que vinham reforços e debandaram, foi uma sorte porque as munições não eram muitas, principalmente as de morteiro 60 e bazooka.
Tentou-se a seguir ver se havia feridos, não havendo nada a registar entre os militares, mas acho que na população houve dois mortos e três feridos.
Hipótese de ajuda não tínhamos, nem de Finete, que era o destacamento mais perto, nem de Bambadinca, pois tinham que atravessar o rio. Só aguardando o pessoal do Enchalé.
Logo pelo nascer do dia veio o heli fazer as evacuações, o piloto era o Faísca, moço conhecido do Algarve. Assim que o heli levantou começamos a ouvir metralha, era o pessoal da 1439 e o pessoal do Pelotão 51 que estava a ser emboscado entre Mato Cão e Missirá, o In retirou mas ficou emboscado, era lógico que viria ajuda.
Começámos então a olhar para a realidade, palhotas ardidas e grande destruição, dos nossos pertences só tínhamos a roupa vestida no corpo, o resto era tudo cinza. Guardo a única coisa que encontrei, uma moeda de 10 pesos toda queimada. No reconhecimento que fizemos, encontrámos bastante sangue e uma pistola. Era triste ver o destacamento com tanta destruição.
Com o depósito de géneros completamente destruído, pouco tínhamos para comer, fomos a Bambadinca buscar algumas coisas e tentar arranjar roupa.
Chega o dia de Natal, a comida não era muita, vem o meu cabo Januário e outro cabo Ananias dizer que iam dar uma volta para arranjar carne. Chegada a hora do almoço apresentaram um repasto de carne com arroz de xabéu , que estava uma delicia, findo o almoço o cabo africano Ananias chamou-me à parte e deu-me as caveiras dos macacos que tínhamos acabado de comer. Guardei uma como talismã que perdi quando vim da Africa do Sul em 1978.
Vou tentar meter algumas fotos de ataque .
Voltarei a falar mais tarde sobre Missirá para rebater algumas coisas do romance do Beja Santos sobre nós.
UM SANTO NATAL
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 5 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10623: Efemérides (112): Cerimónias do 94.º aniversário do Dia do Armistício, 89.º aniversário do Dia da Liga dos Combatentes e 38.º aniversário do Fim da Guerra Colonial, e convívio do S. Martinho do Combatente, dia 17 de Novembro de 2012 em Matosinhos (Carlos Vinhal)
Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 23 de dezembro de 2012
Guiné 63/74 - P10851: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (6): Mensagens de Natal dos nossos tertulianos (1)
MENSAGENS DE NATAL DOS NOSSOS TERTULIANOS
António Barbosa foi Alf Mil Op Esp/RANGER na 2.ª CART/BART 6523, em terras de Cabuca, nos anos de 1973 e 1974
Votos de Boas Festas
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Carlos Rios, Ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66
O natal é sempre que um homem/mulher quer!
Saudações amigas
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Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69
Feliz Natal 2012
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Fernando Súcio, ex-Soldado Condutor do Pel Mort 4275, Bula, 1972/74
Boas Festas
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Tabanca Pequena (ONGD) - Feliz Natal
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Tabanca do Centro - Festas Felizes
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Alberto Nascimento, ex-Sold Cond Auto da CCAÇ 84 Bambadinca, 1961/63
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Maria Arminda Santos (ex-Ten Enf.ª Paraquedista, 1961-1970)
Feliz Natal.
Abraço,
Mª Arminda
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Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484, Nhacra e Catió, 1965/67
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Hilário Peixeiro, ex-Cap Mil da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70
Caros amigos
É mesmo com muita amizade que a Natércia e eu fazemos votos de que vivam um Santo Natal e tenham um Ano Novo de 2013 com muita saude e muita Felicidade juntamente com todos os vossos familiares e amigos.
Apesar de ser uma mensagem colectiva, ao percorrer a lista de endereços pensámos em cada um de vós.
Natércia e Hilário
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Dezembro de 2012 < Guiné 63/74 - P10850: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (5): Quem procura sempre alcança! Uma inusitada peça a tinta da China, a minha lembrança de Natal para todos os tertulianos (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P10850: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (5): Quem procura sempre alcança! Uma inusitada peça a tinta da China, a minha lembrança de Natal para todos os tertulianos (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Natal do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 10 de Dezembro de 2012:
Queridos amigos,
Pesquisar fotografias, jornais, revistas, imagens de qualquer espécie nas lojas de curiosidades é, em todas as circunstâncias, uma aventura surpreendente.
Fotografias da primeira comunhão, casamentos e batizados, recordações de excursionistas, almoços de despedida, como despedidas de solteiro.
Muitas vezes é necessário andar de cócoras ou pôr-se de joelhos, usar e abusar da paciência, pôr de parte e depois arrumar. E continuar a pesquisar, sempre, sem a prisão do tempo, também aqui o stresse é muito mal conselheiro.
Neste caso, foi tudo bastante simples. O Sr. Eduardo Martinho, que tem estanco na Feira da Ladra, num espaço onde há edições raras, gravuras e serigrafias, o mirone dispõe de várias caixas de papelão, o convite à curiosidade está feito.
Então, não acontece mesmo que poucos minutos depois do mirone, encurvado, andar ali a mexericar entre estampas, litogravuras e originais não aparece esta tabanca fula, uma primorosa arte da tinta da China que é um regalo para os olhos?
Não está tudo perfeito com aquele aparo revolto que se transfigura em moranças, em poilões, em mulher a retirar água do poço?
Depois começa o parlapiê com o Sr. Martinho, ele não sabe de onde veio, é muito provável que se trate de uma estampa para um daqueles livros aí dos anos 30, 40 ou 50, depois começa o regateio, olhe que tem muito valor, olhe que é um original, o senhor anda sempre à procura de coisas da Guiné, é um sortudo, é raro apanhar um desenho de tão grande qualidade, isto hoje já não se faz, etc. e tal.
Tudo conjugado, aqui está a minha prenda de Natal, um autor anónimo vem às minhas mãos e passo-vos este quinhão de beleza a tinta da China.
Com votos de um santo Natal, com muitas alegrias, mostrem, por favor, esta tabanca fula lá em casa, a Guiné é digna de lembranças e de entrar pela Chaminé para junto das prendas que estão no sapatinho.
Um abraço do
Mário
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10841: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (4): Mensagem de Natal do nosso camarada José Saúde
Queridos amigos,
Pesquisar fotografias, jornais, revistas, imagens de qualquer espécie nas lojas de curiosidades é, em todas as circunstâncias, uma aventura surpreendente.
Fotografias da primeira comunhão, casamentos e batizados, recordações de excursionistas, almoços de despedida, como despedidas de solteiro.
Muitas vezes é necessário andar de cócoras ou pôr-se de joelhos, usar e abusar da paciência, pôr de parte e depois arrumar. E continuar a pesquisar, sempre, sem a prisão do tempo, também aqui o stresse é muito mal conselheiro.
Neste caso, foi tudo bastante simples. O Sr. Eduardo Martinho, que tem estanco na Feira da Ladra, num espaço onde há edições raras, gravuras e serigrafias, o mirone dispõe de várias caixas de papelão, o convite à curiosidade está feito.
Então, não acontece mesmo que poucos minutos depois do mirone, encurvado, andar ali a mexericar entre estampas, litogravuras e originais não aparece esta tabanca fula, uma primorosa arte da tinta da China que é um regalo para os olhos?
Não está tudo perfeito com aquele aparo revolto que se transfigura em moranças, em poilões, em mulher a retirar água do poço?
Depois começa o parlapiê com o Sr. Martinho, ele não sabe de onde veio, é muito provável que se trate de uma estampa para um daqueles livros aí dos anos 30, 40 ou 50, depois começa o regateio, olhe que tem muito valor, olhe que é um original, o senhor anda sempre à procura de coisas da Guiné, é um sortudo, é raro apanhar um desenho de tão grande qualidade, isto hoje já não se faz, etc. e tal.
Tudo conjugado, aqui está a minha prenda de Natal, um autor anónimo vem às minhas mãos e passo-vos este quinhão de beleza a tinta da China.
Com votos de um santo Natal, com muitas alegrias, mostrem, por favor, esta tabanca fula lá em casa, a Guiné é digna de lembranças e de entrar pela Chaminé para junto das prendas que estão no sapatinho.
Um abraço do
Mário
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10841: À volta do poilão da Tabanca Grande: Boas Festas 2012/13 (4): Mensagem de Natal do nosso camarada José Saúde
Guiné 63/74 - P10849: Parabéns a você (515): A nossa amiga poetisa Felismina Costa
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10846: Parabéns a você (514): Albano Costa, ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150/73 (Guiné, 1973/74) e Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS do STM/QG/CTIG (Guiné, 1972/74)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 23 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10846: Parabéns a você (514): Albano Costa, ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150/73 (Guiné, 1973/74) e Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS do STM/QG/CTIG (Guiné, 1972/74)
Guiné 63/74 - P10848: Agenda cultural (243): Mamadu Baio, líder da banda de música afromandinga Super Camarimba no Clube B.leza, Lisboa, Cais da Ribeira, a seguir ao Natal, dia 26 de dezembro de 2012
O guineense Mamadu Baio, talentoso músico de Tabatô, amigo do nosso grã-tabanqueiro João Graça, vai estar no mítico Clube B.leza, a catedral lisboeta da música africana, no dia 26 de dezembro de 2012. Mamadu Baio é o lider da banda de música afromandinga Super Camarimba. Está neste momento a a viver em Portugal. O Clube B.leza reabriu, este ano, em fevereiro passado no Cais da Ribeira, em Lisboa. E está comemorar os 17 anos de vida! Ver aqui a sua página no Facebook. Vou ter pena de não ir poder, por estar fora de Lisboa.
O primeiro CD dos Super Camarimba, músicos de Tabató, gravado no Mali. É CD de que gosto muito, com destaque para os temas 2 (Camarimba) e 10 (Dona Berta). Sendo edição de autor, não é fácil encontrar no mercado.
Guiné Bissau > Bissau > 17 de dezembro de 2009 > 23h30 > O João Graça, médico e músico, à direita com o seu amigo (recente) de Tabató, Mamadu Baio, à esquerda, líder da banda de música Super Camarimba. Ver aqui também a página do Facebook do Mamadu Baio.
Foto: © João Graça (2012). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:
Último poste da série > 23 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10847: Agenda cultural (242): Últimos dias da exposição Álbum de Memórias: Índia Portuguesa, 1954-62... Lisboa, Padrão dos Descobrimentos: agora até 27 de janeiro de 2013
Guiné 63/74 - P10847: Agenda cultural (242): Últimos dias da exposição Álbum de Memórias: Índia Portuguesa, 1954-62... Lisboa, Padrão dos Descobrimentos: agora até 27 de janeiro de 2013
Lisboa > Padrão dos Descobrimentos > A exposição Álbum Memórias da Índia, 1954-1962, que deveria terminar em 30/12/2012, será prolongada até 27/1/2013. Visitas guiadas estão previstas para os dias 20 de janeiro (ás, 11h00, com o grande fotógrafo português Luís Pavão) e 27 de janeiro, às 15h30, com a comissária Fernanda Patrício.
1961 > A bordo do Niassa, soldados e cabos da CCAÇ 12, a caminho de Damão
Niassa, 1960 > Grupo de soldados, a caminho da Índia. Nalguns casos veem-se as placas de identificação ao pescoço.
Velha Goa, 1961. A família Morais de visita ao Arco dos Vice-Reis
Confraternização com família goesa. O sargento miliciano Diabinho, à esquerda, é o único europeu presente
Goa, 1959. O tenente Alberto Ferreira na praia de Calangute.
Goa, 1957. O comandante militar e outros oficiais visitam o posto de Maulinguém na sequência de ataques fronteiriços
Autometralhadoras Humber do Esquadrão de Reconhecimento nº 1 [Elvas]. Cada pelotão de reconhecimen to tinham duas destas autometralhadoras, de que se dizia terem pertencido ao exército de Montgomery, em Al Alameim, durante a II Guerra Mundial.
Algumas das fotos da exposição (aqui reproduzidas, com a devida vénia...).
A exposição retrata a vida dos militares, prisioneiros de guerra na sequência invasão e ocupação dos territórios portugueses na Índia, na 17/18 de Dezembro de 1961, até ao momento do seu repatriamento, cinco meses e meio depois.
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Nota do editor:
Último poste da série 16 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10808: Agenda cultural (241): Últimos dias da exposição Álbum de Memórias: Índia Portuguesa, 1954-62... Lisboa, Padrão dos Descobrimentos: até 30/12/2012
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Nota do editor:
Último poste da série 16 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10808: Agenda cultural (241): Últimos dias da exposição Álbum de Memórias: Índia Portuguesa, 1954-62... Lisboa, Padrão dos Descobrimentos: até 30/12/2012
Guiné 63/74 - P10846: Parabéns a você (514): Albano Costa, ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150/73 (Guiné, 1973/74) e Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS do STM/QG/CTIG (Guiné, 1972/74)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 20 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10829: Parabéns a você (513): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 20 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10829: Parabéns a você (513): José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)
sábado, 22 de dezembro de 2012
Guiné 63/74 - P10845: Conto de Natal (12): O meu Natal de 1966 em Mansabá (Manuel Joaquim)
1. Mensagem de Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67), com data de 17 de Dezembro de 2012, descrevendo o seu Natal de 1966 em Mansabá:
O meu Natal de 1966
Em 1966 passei o Natal em Mansabá, em ambiente muito diferente do do Natal de 1965 em Bissorã*, quer militar quer civilmente. Bissorã era uma vila e Mansabá uma aldeia. E quanto à vida militar, esta era agora muito mais dura e espartana no dia a dia passado na povoação, já que na actividade operacional poucas diferenças haveria quanto ao perigo e aos esforços desenvolvidos.
Então vamos lá à “reportagem” do meu Natal em Mansabá, usando o que ainda retenho na memória e algumas fotos:
Para mim a festa natalícia começou com um pequeno lanche tendo por base um bolo-rei que a minha querida e sempre prestável namorada tinha enviado de Lisboa. “O bolinho serviu para mais umas libações, para reavivar o ambiente, para identificar melhor o dia. Fomos 14 a manducá-lo. Parece-me que até houve uma fotografia. Se ela aparecer enviar-ta-ei.”- assim lhe respondi agradecendo a bela gentileza. A foto, se existiu, nunca me apareceu.
Não sei de outras festas de Natal no aquartelamento, devem ter existido, por isso vou só relatar a minha, passada na messe de sargentos. As “festividades” começaram ao jantar. Depois de bem “regados e comidos” seguiu-se a devida confraternização sempre acompanhada de líquidos mais ou menos alcoólicos, mais que menos (vd. foto 1). Num dos topos da sala montou-se um palco, alinhando várias mesas de refeição, onde se foram sucedendo as mais variadas atuações. Diversos “artistas” se exibiram, cantando ou dançando. Que grande exibição de dança flamenca fizemos, eu e mais dois ou três, com par “feminino” e tudo.
Acabada a sessão de canto e dança passou-se para a Tabanca Bar, para a “sossega”. Aqui, com o andar do tempo, as “camisas” de palha das garrafas que iam sendo esvaziadas viraram chapéus. Começou por mim essa utilização (foto 2) e não tardou ver- me a ser seguido no gesto, como se vê (foto 3):
A cena começou então a ser “sacudida” com entradas inesperadas e improvisos declamatórios que chegaram a confundir os intérpretes, como se vê na foto abaixo onde três personagens parecem confusos no caminho a seguir (foto 4).
E o “happening” dos chapéus de palha terminou com a dita a arder em homenagem ao deus Baco (foto 5):
Com esta nossa atitude percebemos logo que Baco, o nosso adorado deus da “pinga”, tinha ficado tão satisfeito com a homenagem que nos incentivou a completarmos a liturgia com um refrescante banho de cerveja. Não nos fizemos rogados, como se pode ver na figura central da imagem (foto 6). Que linda figura a minha!
Acabada a homenagem baquiana, molhados e cansados, e alguns já bem toldados pelo “espírito” do deus romano, seguiram-se uns tempos de acalmia que foram curtos. Alguém se lembrou que, afinal, era dia de Natal e que nos estávamos alarvemente a desviar do espírito da comemoração, a do nascimento de Jesus.
Sentiu-se pairar sobre nós a voz da razão(?), ouvi a minha voz crítica interior a concordar com os possíveis ofendidos e, milagre!, inesperadamente alguém leva para a rua umas caixas de madeira e propõe fazermos uma fogueira de Natal. Dito … e mãos à obra!
As fotografias nºs 7-8-9-10 “iluminam“ o desenrolar do acontecimento:
Definiu-se o guião a executar e que era o de, à volta da fogueira, se cantarem canções de Natal. Assim aconteceu e muitas gargantas, mais ou menos afinadas, algumas em voz gritada, soltaram com emoção as melodias que tinham aprendido na sua infância. Muitos de nós terão recordado outras fogueiras similares das suas terras longínquas e as canções que as acompanham!
-“Feliz Natal, feliz Natal … “
-“Alegrem-se os céus e a terra / cantemos com alegria / já nasceu o Deus Menino / filho da Virgem Maria” …
- “Arre burriquito / vamos a Belém / ver o Deus menino que a Senhora tem … “
-“Adeste fideles …”
e algumas outras canções ecoaram pela tabanca, vindas das gargantas de soldados desterrados num lugar de guerra quando comemoravam o nascimento de alguém que veio ao mundo pregar a paz e a fraternidade.
Como que se sentia “presente” o espírito desses lugares longínquos que, naquela altura, também poderiam estar cantando canções de Natal à volta de uma fogueira. Uma sensação de comunhão cerimonial que a distância que nos separava não impedia. Senti-me comovido.
Findos estes improvisados momentos de convívio festivo dispersámo-nos, continuando alguns pela noite dentro extravasando os seus sentimentos com atitudes mais ou menos descontroladas, algumas incompreensíveis à primeira vista. Eu, cansado e moído emocionalmente, ainda procurei mais uma cerveja e dirigi-me à sala de refeições para me sentar e descansar um pouco. A sala não tinha ninguém naquela altura e dei por mim a olhar um quadro de “presépio” fixado na parede nua. Feliz Natal, dizia a composição. Senti-me a gostar de ser fotografado junto dela. Encontrei o “fotógrafo de serviço” que ainda andava por ali (infelizmente esqueci quem era). Montado o cenário, apostei que seria capaz de me equilibrar nele. E venci a aposta, como se vê por esta foto (Foto 11) que ficou para, felizmente, me fazer recordar a noite de Natal mais emotiva da minha vida.
É tempo de dizer que naquela altura eu não era crente, nem hoje o sou. Mas respeito a religião seguida pelos outros e todas as religiões me interessam como área de estudo. Gosto de frequentar templos e de assistir a cerimónias religiosas, gosto de estudar a teologia e a filosofia das religiões, “adoro” música e todas as artes com incidência religiosa.
Talvez assim se compreenda o teor da notícia que deste acontecimento dei à minha namorada. Dois dias depois, ainda na ressaca física e psíquica do que me tinha acontecido na noite de Natal, as emoções que então senti estavam a diluir-se; talvez porque não assentassem em fé religiosa mas na força do espírito amigo, solidário e comunitário daquele grupo de camaradas, força que então se manifestou a propósito de uma data de cariz religioso. Ou então a visão global do acontecido naqueles dois dias tenha feito arrefecer as referidas emoções e, por isso mesmo, me tenha trazido alguma desilusão:
“A noite de Natal cá se passou. Uma barulheira infernal, bebedeiras a torto e a direito, noite em branco, choros, convulsões, maluqueiras, gritos histéricos, socos, cabeças partidas, mesas, copos, cadeiras a quem aconteceu o mesmo.
Bem, isto não foi Natal. Foi Carnaval e do bom. Alegria falsa, no entanto. Se na noite de 24 para 25 ainda alinhei na coisa, ontem já não o consegui fazer. Era de mais. A alma estava tão triste!... E continua".
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Notas finais sobre as imagens das fotos:
- Os militares das imagens pertenciam, na sua quase totalidade, ao BCaç 1857 (CCS, CCaç 1419, CCaç 1421).
- Apesar de reconhecer a maioria dos fotografados, optei por não os identificar, seja porque receio trocar os nomes de alguns seja porque de outros nem sequer tenho ideia do seu nome.
- Por fim chamo a atenção para a figura de um soldado que prestava serviço no bar. Aparece nas fotos nºs 6 (2º à esquerda), 8 (primeiro plano, à direita), 9 (1º à esquerda), 10 (à entrada da porta). Sem expressão, sem um sorriso, parece totalmente alheio ao que se passa, apesar de ser patente a sua curiosidade pelo que está a ver! Impressionante.
Para todos os meus camaradas da Guiné e restantes leitores deste blogue, umas Festas Felizes
Manuel Joaquim
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 21 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10839: Conto de Natal (9): O meu Natal de 1965 em Bissorã (Manuel Joaquim)
Vd. último poste da série de 22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10842: Conto de Natal (11): O Neurónio do Natal (Jorge Cabral)
O meu Natal de 1966
Em 1966 passei o Natal em Mansabá, em ambiente muito diferente do do Natal de 1965 em Bissorã*, quer militar quer civilmente. Bissorã era uma vila e Mansabá uma aldeia. E quanto à vida militar, esta era agora muito mais dura e espartana no dia a dia passado na povoação, já que na actividade operacional poucas diferenças haveria quanto ao perigo e aos esforços desenvolvidos.
Então vamos lá à “reportagem” do meu Natal em Mansabá, usando o que ainda retenho na memória e algumas fotos:
Para mim a festa natalícia começou com um pequeno lanche tendo por base um bolo-rei que a minha querida e sempre prestável namorada tinha enviado de Lisboa. “O bolinho serviu para mais umas libações, para reavivar o ambiente, para identificar melhor o dia. Fomos 14 a manducá-lo. Parece-me que até houve uma fotografia. Se ela aparecer enviar-ta-ei.”- assim lhe respondi agradecendo a bela gentileza. A foto, se existiu, nunca me apareceu.
Não sei de outras festas de Natal no aquartelamento, devem ter existido, por isso vou só relatar a minha, passada na messe de sargentos. As “festividades” começaram ao jantar. Depois de bem “regados e comidos” seguiu-se a devida confraternização sempre acompanhada de líquidos mais ou menos alcoólicos, mais que menos (vd. foto 1). Num dos topos da sala montou-se um palco, alinhando várias mesas de refeição, onde se foram sucedendo as mais variadas atuações. Diversos “artistas” se exibiram, cantando ou dançando. Que grande exibição de dança flamenca fizemos, eu e mais dois ou três, com par “feminino” e tudo.
Foto 1
Acabada a sessão de canto e dança passou-se para a Tabanca Bar, para a “sossega”. Aqui, com o andar do tempo, as “camisas” de palha das garrafas que iam sendo esvaziadas viraram chapéus. Começou por mim essa utilização (foto 2) e não tardou ver- me a ser seguido no gesto, como se vê (foto 3):
Fotos 2 e 3
A cena começou então a ser “sacudida” com entradas inesperadas e improvisos declamatórios que chegaram a confundir os intérpretes, como se vê na foto abaixo onde três personagens parecem confusos no caminho a seguir (foto 4).
Foto 4
E o “happening” dos chapéus de palha terminou com a dita a arder em homenagem ao deus Baco (foto 5):
Foto 5
Com esta nossa atitude percebemos logo que Baco, o nosso adorado deus da “pinga”, tinha ficado tão satisfeito com a homenagem que nos incentivou a completarmos a liturgia com um refrescante banho de cerveja. Não nos fizemos rogados, como se pode ver na figura central da imagem (foto 6). Que linda figura a minha!
Foto 6
Acabada a homenagem baquiana, molhados e cansados, e alguns já bem toldados pelo “espírito” do deus romano, seguiram-se uns tempos de acalmia que foram curtos. Alguém se lembrou que, afinal, era dia de Natal e que nos estávamos alarvemente a desviar do espírito da comemoração, a do nascimento de Jesus.
Sentiu-se pairar sobre nós a voz da razão(?), ouvi a minha voz crítica interior a concordar com os possíveis ofendidos e, milagre!, inesperadamente alguém leva para a rua umas caixas de madeira e propõe fazermos uma fogueira de Natal. Dito … e mãos à obra!
As fotografias nºs 7-8-9-10 “iluminam“ o desenrolar do acontecimento:
Fotos 7; 8; 9 e 10
Definiu-se o guião a executar e que era o de, à volta da fogueira, se cantarem canções de Natal. Assim aconteceu e muitas gargantas, mais ou menos afinadas, algumas em voz gritada, soltaram com emoção as melodias que tinham aprendido na sua infância. Muitos de nós terão recordado outras fogueiras similares das suas terras longínquas e as canções que as acompanham!
-“Feliz Natal, feliz Natal … “
-“Alegrem-se os céus e a terra / cantemos com alegria / já nasceu o Deus Menino / filho da Virgem Maria” …
- “Arre burriquito / vamos a Belém / ver o Deus menino que a Senhora tem … “
-“Adeste fideles …”
e algumas outras canções ecoaram pela tabanca, vindas das gargantas de soldados desterrados num lugar de guerra quando comemoravam o nascimento de alguém que veio ao mundo pregar a paz e a fraternidade.
Como que se sentia “presente” o espírito desses lugares longínquos que, naquela altura, também poderiam estar cantando canções de Natal à volta de uma fogueira. Uma sensação de comunhão cerimonial que a distância que nos separava não impedia. Senti-me comovido.
Findos estes improvisados momentos de convívio festivo dispersámo-nos, continuando alguns pela noite dentro extravasando os seus sentimentos com atitudes mais ou menos descontroladas, algumas incompreensíveis à primeira vista. Eu, cansado e moído emocionalmente, ainda procurei mais uma cerveja e dirigi-me à sala de refeições para me sentar e descansar um pouco. A sala não tinha ninguém naquela altura e dei por mim a olhar um quadro de “presépio” fixado na parede nua. Feliz Natal, dizia a composição. Senti-me a gostar de ser fotografado junto dela. Encontrei o “fotógrafo de serviço” que ainda andava por ali (infelizmente esqueci quem era). Montado o cenário, apostei que seria capaz de me equilibrar nele. E venci a aposta, como se vê por esta foto (Foto 11) que ficou para, felizmente, me fazer recordar a noite de Natal mais emotiva da minha vida.
Foto 11
É tempo de dizer que naquela altura eu não era crente, nem hoje o sou. Mas respeito a religião seguida pelos outros e todas as religiões me interessam como área de estudo. Gosto de frequentar templos e de assistir a cerimónias religiosas, gosto de estudar a teologia e a filosofia das religiões, “adoro” música e todas as artes com incidência religiosa.
Talvez assim se compreenda o teor da notícia que deste acontecimento dei à minha namorada. Dois dias depois, ainda na ressaca física e psíquica do que me tinha acontecido na noite de Natal, as emoções que então senti estavam a diluir-se; talvez porque não assentassem em fé religiosa mas na força do espírito amigo, solidário e comunitário daquele grupo de camaradas, força que então se manifestou a propósito de uma data de cariz religioso. Ou então a visão global do acontecido naqueles dois dias tenha feito arrefecer as referidas emoções e, por isso mesmo, me tenha trazido alguma desilusão:
“A noite de Natal cá se passou. Uma barulheira infernal, bebedeiras a torto e a direito, noite em branco, choros, convulsões, maluqueiras, gritos histéricos, socos, cabeças partidas, mesas, copos, cadeiras a quem aconteceu o mesmo.
Bem, isto não foi Natal. Foi Carnaval e do bom. Alegria falsa, no entanto. Se na noite de 24 para 25 ainda alinhei na coisa, ontem já não o consegui fazer. Era de mais. A alma estava tão triste!... E continua".
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Notas finais sobre as imagens das fotos:
- Os militares das imagens pertenciam, na sua quase totalidade, ao BCaç 1857 (CCS, CCaç 1419, CCaç 1421).
- Apesar de reconhecer a maioria dos fotografados, optei por não os identificar, seja porque receio trocar os nomes de alguns seja porque de outros nem sequer tenho ideia do seu nome.
- Por fim chamo a atenção para a figura de um soldado que prestava serviço no bar. Aparece nas fotos nºs 6 (2º à esquerda), 8 (primeiro plano, à direita), 9 (1º à esquerda), 10 (à entrada da porta). Sem expressão, sem um sorriso, parece totalmente alheio ao que se passa, apesar de ser patente a sua curiosidade pelo que está a ver! Impressionante.
Para todos os meus camaradas da Guiné e restantes leitores deste blogue, umas Festas Felizes
Manuel Joaquim
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 21 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10839: Conto de Natal (9): O meu Natal de 1965 em Bissorã (Manuel Joaquim)
Vd. último poste da série de 22 de Dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10842: Conto de Natal (11): O Neurónio do Natal (Jorge Cabral)
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