Reza assim:
16JAN2014, 5ª. feira
O céu alternava entre nublado com chuviscos, e aberto.
Da serra provinha uma ligeira brisa propiciadora do bom encontro entre camaradas da Guiné. Entre estes, avultava uma ausência, a do Sr. Comandante Rosales. De facto, a contas com uma prolongada complicação na zona ilíaca (deve ser lá prós confins ribatejanos), tem cedido às dores que isso lhe provoca, apesar das tréguas passageiras que as drogas lhe permitem, e só sai de casa, muito a custo, quando vai ao médico.
Ainda recentemente, convocou-me para o transportar, e foi um horror. A certa altura, eu já não via o caminho, nem onde punha os pés, e passou a faltar-me a respiração, quando S.Ex.ª fez um movimento que me comprimiu as narinas e a boca, contra umas adiposidades que o estado não remove, enquanto lá de cima da confusão me encorajava mais ou menos nos seguintes termos:
- "Zé! tás a ver a tua sorte, já perdi dez quilos!"
Arriei a carga, quando desfaleci, por acaso junto da viatura transportadora. O país e a tertúlia não sabem o que me devem. Nem eu imagino do que me possam acusar.
Mal tínhamos tomado lugar à mesa em atitudes de domínio territorial para não irmos almoçar para sítios menos dignos, e tocou o telefone. Era S. Exª. que, baixinho, me transmitia umas instruções que antes já delineara. Atento, como só os grandes repórteres são capazes, o grande Pires mandou-me dizer-lhe que já o contactávamos, sacou de um aparelho à profissional da rádio e informação, pôs aquilo a falar em alta voz, e S.Exª. teve ocasião de dirigir uma bonita mensagem aos presentes, entre os quais se registam cinco novidades. Cinco, que aproveitaram a campanha de inverno para se transferirem dos indistintos, para o grupo de Magníficos Tabanquistas da Linha.
Mas o telefonema acabou por transmitir uma preocupação disciplinar de S.Exª., no sentido de que nesta Magnífica Tabanca, ninguém deve ser maior do que S. Exª. o Comandante. É óbvio e eticamente merece toda a legitimidade. Por isso, o camarada Pires, com os seus palmos aferidos, foi encarregado de medir a barriguinha do confrade Miguel, iniciativa que veio revelar que aquele importante elo da formação está nos limites do aceitável, pelo que não deve exagerar. E não exagerou.
Com a chegada dos chouriços convenientemente resfriados, bocadinho quase invisível de paté, e uns queijinhos aceitáveis, o pessoal começou a aquecer as máquinas e a conversa a fluir com agrado. Cá o escrevente, antes que se esqueçam de o referir, tinha preparado umas fichas de presença, que o Canhão levou para tratar em "excel", deu a explicação sobre o preenchimento, e passaram sem sobressalto de mão em mão. Mais uma iniciativa de grande alcance exclusivamente da minha lavra, de cujo sucesso que antecipo, espero que S.Exª. me dê o merecido louvor. Alguém tem que o informar, e eu farei para que não se esqueça.
Nota de razoável interesse sobre a estratégia seguida, antes da primeira parte ter terminado, já se reclamava das instâncias locais a reposição de outros tantos jarros com vinho.
Era uma casa portuguesa, concerteza!
Os excepcionais homens do retrato regalavam-se a praticar no tiro daquela espécie de percutor que às vezes alumia o ambiente, e aproveitavam as poses mais extraordinárias para as fixar em registo para o futuro, não vá alguém dizer que não estivemos na Guiné. No seu canto de retiro, o Sr. Mata trinchava peixes e carnes com visível satisfação. E foi ele que deu o alerta, o inimigo (tempo) passava inexoravelmente, e ele tinha necessidade de recolher a casa. A pedido de alguns tertulianos, enquanto cedia mais alguns momentos, atestou para a viagem com mais um bocado do "buffet" de doces. Espero que tenham reparado e aprovado o magnífico estilo da expressão "o inimigo passava inexoravelmente". Ainda hei-de compreendê-la, e nessa ocasião vou transmitir-vos o significado.
Nesse interim, vou fazer a necessária paragem na reportagem para jantar e deixar-vos em paz de espírito.
Seguem-se alguns retratos do Manuel Resende.
Para amanhã, o Jorge Canhão promete mais artilharia.
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José Colaço e Pardal
Manuel Joaquim e José Rodrigues
Graça de Abreu e José Dinis
Veríssimo Ferreira, Armando Pires e Graça de Abreu
Enf.ª Pára Giselda Pessoa e Maria Helena
Casal Fitas, Maria Helena e Mário Fitas
António Marques e esposa Gina
Miguel Pessoa, à direita, e seu primo (?)
Jorge Canhão
Graça de Abreu e Manuel Joaquim à volta dos livros
Graça de Abreu, José Dinis, Jorge Canhão e Manuel Resende
____________Nota do editor
Último poste da série de 7 DE JANEIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12553: Convívios (557): Próximo encontro da Magnífica Tabanca da Linha, dia 16 de Janeiro de 2014, no sítio do costume. Abertas as hostilidades (José Manuel Matos Dinis)