Lourinhã > Planalto das Cesaredas > 22 de Maio de 2011 > Dia Mundial da Biodiversidade
1. Passeio pedestre pelo Planalto das Cesaredas (uma região calcária, com cerca de 160 milhões de anos, do Jurássico0 Superior, pertencente aos concelhos da Lourinhã, Peniche, Óbidos e Bombarral). Belíssimo local para se abordar o tema da biodiversidade do nosso planeta, com o Oceânico Atlântico ao fundo. E para se celebrar o Dia Mundial da Biodiversidade (sem a qual não haverá futuro para todos nós, portugueses, europeus, guineenses, africanos)...
Hoje aprendi coisas que não sabia sobre a fauna marítima fossilizada (amonites, por ex.)... E sobre as as orquídeas-abelha, uma espantosa espécie que tem, em relação, ao Homo Sapiens Sapiens, algumas semelhanças, a sua incrível capacidade de adaptação às mudanças do ambiente. Como nós, está espalhada por todos os continentes, excepto a Antártida...
Lourinhã > Planalto das Cesaredas > 22 de Maio de 2011 > Dia Mundial da Biodiversidade > A orquídea-abelha. Nome científicO: Ophrys insetifera. Além de ser parecida com um insecto, emite o mesmo odor das abelhas quando estão prontas para acasalar. A sua estratégia evolutiva levou-a a usar este estratagema para atrair os zangões que visitam as flores e assim espalhar o seu pólen, contribuindo portanto para a reprodução da planta:
" A polinização ocorre por pseudo-cópula, sendo que o zangão (Hymenoptera) confunde-a com uma fêmea e pousa roçando seu dorso nas polínias onde o pólen se adere ao inseto e este passa à outras flores fecundando o estigma contido em uma invaginação da coluna. A atração dos zangões se dá por meio visual como também por meio bioquímico, sendo que este gênero secreta a mesma substância das fêmeas de Hymenoperos. A fecundação é facilitada devido a emergência das ninfas dos machos ocorrerem antes das fêmeas, os machos após um tempo aprendem a diferença e passam a não mais polinizar as flores, portanto são favorecidas aquelas que florescem cedo. O tamanho do labelo é um modo de seleção do polinizador" (Fonte: Irmandade Natureza Divina).
2. Obrigado aos meus amigos do Museu da Lourinhã, que organizaram o passeio e nos guiaram (uma jovem equipa multidisciplinar, com 1 paleontógo, 1 bióloga, 1 arquitecta paisagista e militante ambientalista, 1 fotógrafa da natureza...).
Espantoso: ao longo do passeio, falámos também de Angola (onde o meu amigo, paleontólogo, Octávio Mateus descobriu recentemente o primeiro dinossauro...) bem como da Guiné e do diversidade cultural e dos fulas e do meu antigo camarada de armas José Carlos Suleimane Baldé, 61 anos, que fui abraçar a Coimbra, ontem, dia 21...
3. O Zé Carlos vive em Amedalai, região de Bafatá, Guiné-Bissau, perto do Xime e do Rio Geba, sem luz, sem internet, sem cuidados de saúde, sem água potável, sem saneamento básico, sem televisão, sem livros, sem os confortos da nossa sociedade, com duas mulheres (uma delas herdada do irmão que morreu, de acordo com os usos e costumes do seu grupo étnico, o "levirato") e uma dúzia de filhos... E em vésperas de casar uma das filhas com o filho do seu compadre e ex-camarada de armas Sori Baldé...
Pela surpresa (agradável) que eu tive, é que os tempos são outros, memso no interior da Guiné-Bissau:
3. O Zé Carlos vive em Amedalai, região de Bafatá, Guiné-Bissau, perto do Xime e do Rio Geba, sem luz, sem internet, sem cuidados de saúde, sem água potável, sem saneamento básico, sem televisão, sem livros, sem os confortos da nossa sociedade, com duas mulheres (uma delas herdada do irmão que morreu, de acordo com os usos e costumes do seu grupo étnico, o "levirato") e uma dúzia de filhos... E em vésperas de casar uma das filhas com o filho do seu compadre e ex-camarada de armas Sori Baldé...
Pela surpresa (agradável) que eu tive, é que os tempos são outros, memso no interior da Guiné-Bissau:
(i) já se casa por amor ("sentimento", diz o Zé Carlos), entre as elites e os mais jovens, sobretudo escolarizados;
e (ii) já não se submete as bajudinhas ao cruel fanado tradicional (com Mutilação Genital) (pelo menos o Zé Carlos diz que não fará isso com a sua Odetezinha, de 6 anos)...
4. A escassos quilómetros de distância, camaradas meus, de armas, que passaram por Bambadinca, Guiné, nos anos 68, 69, 70, 71 e 72, reuniram-se, ontem, em Coimbra, em locais diferentes, para comemorar o facto de estarem vivos e de terem partilhado, na sua juventude, a sua mesma situação-limite... Uns, na Casa do casal Sobral, em Santo António dos Olivais, Coimbra; outros na Quinta da Malhadinha, Cabouco, freguesia de Ceira...
4. A escassos quilómetros de distância, camaradas meus, de armas, que passaram por Bambadinca, Guiné, nos anos 68, 69, 70, 71 e 72, reuniram-se, ontem, em Coimbra, em locais diferentes, para comemorar o facto de estarem vivos e de terem partilhado, na sua juventude, a sua mesma situação-limite... Uns, na Casa do casal Sobral, em Santo António dos Olivais, Coimbra; outros na Quinta da Malhadinha, Cabouco, freguesia de Ceira...
O Zé Carlos, um fula da Guiné-Bissau, um bom muçulmano com alma de português, foi a estrela da festa (num lado e noutro).... Está felicíssimo com a oportunidade que o Jaime Pereira e a a esposa, Odete Cardoso, lhe proporcionaram, de conhecer Portugal e de reencontrar, quarenta anos depois, alguns dos seus camaradas que conviveram com ele em Bambadinca, gente da CCAÇ 12, da CCS/BCAÇ 2852, CCS/BART 2917, Pel Caç Nat 52, Pel Caç Nat 63, Pel Rec Daimler do Jaime Machado, Pel Rec Daimler do J.L. Vacas de Carvalho, e outras subunidades adidas...
Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/72) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal Sobral (José e Ermelinda, ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra, figuras conhecidas e estimadas no meio coimbrão)... > Na foto, a anfitriã, a Dra. Ermelinda com o Zé Carlos, fotografado junto à mesa das sobremesas, uma amostra da nossa grande, riquíssima, diversidade gastronómica... Destaque, nas frutas, para as cerejas de Resende (cada conviva trouxe a sua sobremesa).
Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/72) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal Sobral, ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra e ginecologista... > Da esquerda para a direita, a Ermelinda, o Rui (enfermeiro, amigo e colega da Ermelinda no Hospitalar Universitário de Coimbra, se não me engano), o Sobral e o Ferreira (eles dois, alferes milicianos da CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72, vivendo o Ferrreira hoje em Felgueiras, sendo professor do ensino básico aposentado)...
A chanfana, em Coimbra, não podia faltar e não faltou: estava uma delícia... Pelo mkenos na casa do casal Sobral. Obrigado, cara amiga Ermelinda, obrigado, caro camarigo Sobral, grandes anfitriões!
Coimbra > 17º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) > Um momento de grande emoção, proporcionado pelo Jaime Pereira, ex-Alf Mil da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72): o reencontro do Zé Carlos com o seu primeiro comandante de secção, a 2ª do 4º Gr Comb, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)...
Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/72) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal Sobral (José e Ermelinda, ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra, figuras conhecidas e estimadas no meio coimbrão)... > Na foto, a anfitriã, a Dra. Ermelinda com o Zé Carlos, fotografado junto à mesa das sobremesas, uma amostra da nossa grande, riquíssima, diversidade gastronómica... Destaque, nas frutas, para as cerejas de Resende (cada conviva trouxe a sua sobremesa).
Coimbra > Convívio da CCAÇ 12 (2ª geração, 1971/72) > 21 de Maio de 2011 > Casa do casal Sobral, ambos médicos, ele, estomatologista, ela obstetra e ginecologista... > Da esquerda para a direita, a Ermelinda, o Rui (enfermeiro, amigo e colega da Ermelinda no Hospitalar Universitário de Coimbra, se não me engano), o Sobral e o Ferreira (eles dois, alferes milicianos da CCAÇ 12, Bambadinca, 1971/72, vivendo o Ferrreira hoje em Felgueiras, sendo professor do ensino básico aposentado)...
A chanfana, em Coimbra, não podia faltar e não faltou: estava uma delícia... Pelo mkenos na casa do casal Sobral. Obrigado, cara amiga Ermelinda, obrigado, caro camarigo Sobral, grandes anfitriões!
Coimbra > 17º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) > Um momento de grande emoção, proporcionado pelo Jaime Pereira, ex-Alf Mil da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1971/72): o reencontro do Zé Carlos com o seu primeiro comandante de secção, a 2ª do 4º Gr Comb, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)...
Na foto, em primeiro plano, o nosso camarigo António Marques e o Zé Carlos... Em segundo plano, o Jaime e um camarada da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) cujo nome me escapa...
O Zé Carlos manifestou o desejo de poder ir a Fátima, e esse sonho vai-se realizar graças à generosidade e disponibilidade do António Marques. Também está cá para tratar da sua "situação militar"... Como nos escvreveu a Dra. Odete Cardoso:
O Zé Carlos manifestou o desejo de poder ir a Fátima, e esse sonho vai-se realizar graças à generosidade e disponibilidade do António Marques. Também está cá para tratar da sua "situação militar"... Como nos escvreveu a Dra. Odete Cardoso:
"Ele traz os documentos da sua vida militar na Guiné e pretende saber a que serviço público português se há-de dirigir para indagar se esse tempo lhe dá direito a alguma pensão. Tem alguma informação que lhe possa dar a esse respeito?"...
Conforme tive ocasião de dizer pessoalmente à nossa amiga Odete, madrinha da filha mais nova do Zé Carlos, talvez o nosso António José Pereira da Costa, coronel na reserva em efectividade de funções, nos possa dar alguma pista ou até uma ajudinha...Mas temos mais gente que está por dentro deste assunto como o Carlos Silva (que é advogado, profundo conhecedor da situação dos nossos camaradas guineenses, além de dirigente da ONGD Ajuda Amiga), o José Martins (que tem bons contactos com a Liga dos Combatentes), o Inácio Silva (que lidera uma petição pública à Assembeia da República), etc.
O José Carlos Suleimane Baldé pertenceu á CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) e à CCAÇ 12, desde Junho de 1969 até Agosto de 1974. Já no final da guerra, foi dispensado da actividade operacional para dar aulas como monitor escolar em Dembataco. Foi, no meu tempo (1969/71), o primeiro soldado arvorado, do recrutamento local, a ser promovido (em 15 de Setembro de 1969) ao posto de 1º Cabo At Inf, por ter completado com sucesso o exame da 4ª classe.
Tive ocasião de ouvir da boca derle alguns momentos extremamente dramáticos por que passou, no início de 1975, quando os "balantas e mandingas" do PAIGC transformaram Bambadinca numa permanente Tribunal Popular e numa "matadouro humano"... Esteve sentado no banco dos réus, valendo-lhe a influência do seu pai e o peso dos "homens grandes" do chão fula, bem como a opinião generalizada de que o Zé Carlos eram um homem bom, e um antigo militar de conduta correcta...
Conforme tive ocasião de dizer pessoalmente à nossa amiga Odete, madrinha da filha mais nova do Zé Carlos, talvez o nosso António José Pereira da Costa, coronel na reserva em efectividade de funções, nos possa dar alguma pista ou até uma ajudinha...Mas temos mais gente que está por dentro deste assunto como o Carlos Silva (que é advogado, profundo conhecedor da situação dos nossos camaradas guineenses, além de dirigente da ONGD Ajuda Amiga), o José Martins (que tem bons contactos com a Liga dos Combatentes), o Inácio Silva (que lidera uma petição pública à Assembeia da República), etc.
O José Carlos Suleimane Baldé pertenceu á CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) e à CCAÇ 12, desde Junho de 1969 até Agosto de 1974. Já no final da guerra, foi dispensado da actividade operacional para dar aulas como monitor escolar em Dembataco. Foi, no meu tempo (1969/71), o primeiro soldado arvorado, do recrutamento local, a ser promovido (em 15 de Setembro de 1969) ao posto de 1º Cabo At Inf, por ter completado com sucesso o exame da 4ª classe.
Tive ocasião de ouvir da boca derle alguns momentos extremamente dramáticos por que passou, no início de 1975, quando os "balantas e mandingas" do PAIGC transformaram Bambadinca numa permanente Tribunal Popular e numa "matadouro humano"... Esteve sentado no banco dos réus, valendo-lhe a influência do seu pai e o peso dos "homens grandes" do chão fula, bem como a opinião generalizada de que o Zé Carlos eram um homem bom, e um antigo militar de conduta correcta...
Mesmo assim, foi ob5rigado a assitir à execução pública de um cipaio (polícia administrativa) em Bambadinca, à execução de "sete irmãos" em Bissorã... Descreveu as torturas horrorosas a que foi submetido o nosso "gigante", o Abibo Jau (1º Gr Comb da CCAÇ 12, e que depois transitou para a CCAÇ 21, do Jamanca e do A,madu Djaló) antes de ser executado...
Andou também fugido pelo Senegal e tentou ir de avião para Angola, acabando por ser recambiado para a sua terra... O seu sonho é que dois dos seus filhos consigam vir viver e trabalhar em Portugal... Hoje é agricultor em Amedalai, trabalhando no duro com as suas mulheres e filhos para sobreviver...
Coimbra > 17º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) > Jorge Cabral (ex-Cmdt do Pel Caç Nat 63, Fá e Missirá, 1969/71) com dois camaradas da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), o Zé Carlos e o Humberto (que veio ao convívio, pela primeira vez sozinho, sem a sua saudosa Teresa, 1947-2011).
Coimbra > 17º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) > Jorge Cabral (ex-Cmdt do Pel Caç Nat 63, Fá e Missirá, 1969/71) com dois camaradas da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71), o Zé Carlos e o Humberto (que veio ao convívio, pela primeira vez sozinho, sem a sua saudosa Teresa, 1947-2011).
Coimbra > 17º Convívio do Pessoal de Bambadinca (1968/71) > Dois alferes da CCAÇ 12 reencontram-se 40 anos depois: Abel Rodrigues (3º Gr Comb, 1969/71) e Jaime Pereira (4º Gr Comb, 1971/72), aqui de costas.
Fotos: © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados
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Nota do editor: