sábado, 14 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16088: Efemérides (225): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (3) (Carlos Vinhal)

Terminadas que foram as cerimónias previstas para a manhã do dia 31 de Abril, dia este que começou com a concentração do dispositivo, pelas 10 horas e 15 minutos e se prolongou para lá das 13, esperava-nos um merecido almoço, servido num espaço exterior da sede, o antigo recreio coberto da Escola, onde a mesma está instalada. 
Pena foi que durante a tarde o vento norte se intensificasse e as pessoas sentissem algum desconforto.
Quem sabe, um dia destes tornaremos aquele espaço mais agradável que permita acolher as pessoas em dias de clima mais agreste.

Alguns dos convidados oficiais fizeram questão de nos acompanhar no repasto. Ao todo, os presentes seriam cerca de 170.

Espaço onde decorreu o almoço. Na sala interior não se consegue montar mais de 10 mesas. Aqui estariam 18.
Foto: Dina Vinhal

Aspecto dos rojões servidos com arroz branco, ou de sarrabulho para os apreciadores
Foto: José Trindade

Uma panorâmica com alguns dos presentes.
Foto: Núcleo

A tarde também teve animação musical. A primeira com o quarteto de trombones da Banda Militar do Exército, Destacamento do Porto, que interpretou alguns trechos de música clássica, marchas, folclore, etc.
Foto: Abel Santos

O Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos da LC, aqui muito desfalcado, dirigido pelo Maestro SAj Luís Manuel Ribeiro, agora com a componente instrumental: acordeão, cavaquinhos e percussão, interpretou algumas canções do nosso folclore.
Foto: Núcleo 

Entretanto as horas indo passando e alguns dos convidados tinham que se retirar, o senhor Major-General Fernando Aguda tinha que regressar a Lisboa e o Dr. Eduardo Pinheiro ia ser Padrinho de Casamento dali a poucas horas.
Passou-se então à fase dos discursos com as intervenções do Presidente do Núcleo, Ten-Cor Armando Costa; do Vice-Presidente da Direcção Central, Maj-Gen Fernando Aguda e a finalizar, Dr. Eduardo Pinheiro, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.

Seguiu-se uma troca de presentes:

Para mais tarde recordar: Dr. Eduardo Pinheiro, Major-General Fernando Aguda e Ten-Coronel Armando Costa.
Foto: Núcleo


Troca de lembranças entre a Câmara Municipal e a Liga dos Combatentes
Fotos: Núcleo

A Direcção Central da LC não esqueceu o aniversário do nosso Núcleo.
Foto: Núcleo

Bolo Comemorativo do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos
Foto: Núcleo

A difícil tarefa de cortar o bolo, a cargo do Major-General Fernando Aguda e do Ten-Coronel Armando Costa
Foto: Abel Santos

Um brinde à eterna juventude
Foto: Núcleo

E assim terminou este dia 30 de Abril de 2016. No próximo ano, nós ou alguém por nós, tudo fará para que o Combatente matosinhense, vivo ou morto, não seja esquecido.
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Texto; selecção, edição e legendagem das fotos, da responsabilidade do editor
Carlos Vinhal

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Voltando um pouco atrás, o senhor Major-General Fernando Aguda, presente em Matosinhos nas celebrações do Dia do Combatente, em representação do senhor Tenente-General Chito Rodrigues, fez um discurso que muito sensibilizou os Combatentes presentes. Melhor que adjectivá-lo é sugerir a sua leitura. 
Pedimos-lhe autorização para o reproduzir no nosso Blogue, aqui fica.

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Nota do editor

Vd. postes anteriores de 13 de Maio de 2016:

Guiné 63/74 - P16083: Efemérides (223): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (1) (Carlos Vinhal)
e
Guiné 63/74 - P16085: Efemérides (224): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (2) (Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P16087: Blogpoesia (447): "Horas amargas...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Em mensagem de hoje, 14 de Maio de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos este poema intitulado "Horas amargas":


Horas amargas...

Saboreia bem as horas boas
que te dá a vida.
Porque as amargas sempre surgem
e quando menos tu as esperas...

São o verso e o reverso
desta moeda forte
que a vida é
E a sorte cunhou.

Têm cambiantes muitas,
Mudam de hora a hora,
Amar e sofrer
São a sua cor.
São o seu estalão.

E, de tão pessoais,
São intransmissíveis.
Essa moeda única,
Com curso sagrado
Que convém guardar
E não deixar perder...

Berlim, 14 de Maio de 2016
9h24m

manhã cinzenta

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Poste anterior de 8 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16064: Blogpoesia (446): "De madura...", por J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P16086: Convívios (746): 22.ª edição (2016): Pessoal de Bambadinca, 1968/71 (CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Rec Daimler 2046, Pel Rec Daimler 2206, Pel Caç Nat 63, e outras subunidades adidas) - Coimbra, 28 de Maio de 2016 (António Damas Murta, ex-1.º Cabo Op Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A grande bolanha de Bambadinca ("a cova do lagarto", em língua mandinga). Foto do álbum do fur mil at inf Arlindo T. Roda, do 3.º Gr Comb, natural de Pousos, Leiria, e hoje professor reformado a viver em Setúbal.

Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados


1. Mensagem do António D. Murta [ex-1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71); reformado da Caixa Geral de Depósitos, residente em Coimbra; foto à direita].

Assunto - Convívios: Pessoal de Bambadinca, 1968/71 (CCS/BCAÇ 2852, CCAÇ 12, Pel Rec Daimler 2046, Pel Rec Daimler 2206, Pel Caç Nat 63, e outras subunidades adidas) > Coimbra, 28 de Maio de 2016 (António Damas Murta, ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 12, 1969/71)

Amigos:
À semelhança de há cinco anos, venho  convidar-vos para o nosso almoço-convívio, em Coimbra,  no próximo 28 de Maio de 2014.

Programa 

10h15  – Ponto de encontro no Seminário Maior de Coimbra (perto do Jardim Botânico)
11h30 – Missa no Mosteiro  Seminário Maior de Coimbra
13h00 – Almoço convívio na Quinta da Malhadinha – Cabouco, freguesia de Ceira

Preçário:  35,00 € / pessoa, Crianças 5-10 anos: 13,50 €

Confirmação até  13 de maio, com cheque  ao cuidado de José Damas Murta, Estrada da Beira, 384, Alto de S. João, 3030-173 Coimbra.

Contactos: 239 71 30 55 / 968 050 119 (só depois das 18h à semana) / 964 538 201)

Ementa

(i) Entradas Pastéis de bacalhau,  Rissóis de camarão, Croquetes de carne, Chamussas, Broa de milho, Grelhados (morcela, chouriço, entremeadas, negritos),

(ii) Sopa à lavrador

(iii) Quentes: Bacalhau com broa, batata a murro e migas:
Chanfana à Senhora da Serra, acompanhada com batata cozida e couve.

(iv) Sobremesa: Mesa de frutas e doces variados; Bolo

(v) Bebidas, Aguas, Sumos, cerveja, espumante, vinhos tintos e brancos, café

Um abraço do
António Damas Murta
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Nota do editor:

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16085: Efemérides (224): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (2) (Carlos Vinhal)

As comemorações do dia 30 de Abril, dedicadas aos Combatentes de Matosinhos e ao VII aniversário do Núcleo local da LC, continuaram na sede, em Leça do Balio, com o descerramento de uma placa evocativa dos primeiros órgãos sociais eleitos; imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas; entrega de Testemunhos de Apreço a Sócios da Liga com 40 ou mais, anos de associados; homenagem a um Combatente leceiro que esteve prisioneiro do PAIGC durante 2 anos e meio, e almoço de confraternização.

Deslocado o dispositivo e já na presença do senhor Major-General Fernando dos Santos Pereira Aguda, Vice-Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes, procedeu-se ao hastear da Bandeira de Portugal, que ficou ladeada pelas bandeiras da Liga e da Edilidade matosinhense.

Os nossos convidados presentes
Foto: Dina Vinhal

Alguns dos Combatentes que por usarem a suas boinas formaram na frente.
Foto: Dina Vinhal

O momento do hastear das Bandeiras
Foto: Abel Santos

Continência à Bandeira
Foto: Núcleo

Seguiram-se uns momentos de descontracção na altura em que foram servidos uns aperitivos já que a manhã se previa longa.
Foto: Núcleo

Retomando o programa do dia, no interior da antiga Escola Primária do Araújo, à entrada da sala onde está instalada a Sede do Núcleo, foi descerrada uma placa com a composição dos primeiros órgãos sociais eleitos, Mesa da Assembleia Geral e Direcção.

Sob o olhar atento do Presidente da Direcção, Ten-Coronel Armando Costa, o Major-General Fernando Aguda e o Dr. Eduardo Pinheiro descerram a placa.
Foto: Abel Santos

Placa evocativa dos primeiros Órgãos Sociais eleitos.
Foto: Núcleo

O programa continuou no Salão Nobre, completamente esgotado, com a imposição de Medalhas Comemorativas das Campanhas e entrega de testemunhos de apreço.

Um aspecto do Salão Nobre. Logo atrás do 2.º Comandante da Zona Marítima do Norte (em primeiro plano), está o Combatente Rui Rafael Correia que iria ser alvo de uma homenagem.
Foto: Núcleo

Primeiro grupo de medalhados. Destaque para o nosso camarada tertuliano António Sampaio
Foto: Núcleo

Segundo grupo de Combatentes medalhados
Fotos: Núcleo

O Combatente Hernâni Carvalho, Força Aérea, vai receber das mãos do Major-General Fernando Aguda o Testemunho de Apreço pelos seus 40 anos de associado da LC
Foto: Núcleo


Para finalizar a sessão solene, seguiu-se uma homenagem ao Combatente da Guiné, Rui Rafael Correia, natural de Leça da Palmeira, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da CCS/BART 1896, que foi feito prisioneiro em 20 de Maio de 1968 durante uma emboscada perto da Ponte Balana, e que foi libertado em 22 de Novembro de 1970 durante a Operação Mar Verde.

Os seus amigos de sempre, Ribeiro Agostinho e Raul Ramos, lembraram os tempos de juventude, as traquinices próprias daquelas idades e como sentiram, aqui, a sua prisão na Guiné, já que o Rui, sendo um pouco mais velho, foi o primeiro dos três a enfrentar a guerra. O Ribeiro Agostinho, que embarcava também para a Guiné umas semanas depois da prisão do Rui, lembrou que a mãe deste, julgando ser possível, já que não fazia ideia de como e onde era a prisão do seu filho, o incumbiu de o ir visitar ou saber se estava bem.

Na foto: O homenageado Rui Rafael; Raul Ramos e Ribeiro Agostinho, seus amigos e vizinhos
Foto: Núcleo

O Rui recebeu dos seus amigos uma boina, das mãos do Major-General Fernando Arruda uma Medalha da Liga e, das mãos do Ten-Coronel Armando Costa, o Cartão de Sócio do Núcleo.
Foto: Núcleo

A minha colaboração foi elaborar e apresentar um Power Point com alguns dados sobre a guerra do ultramar, e da Guiné em particular, "reconstituir" a prisão  do Rui e dar a conhecer fotos e documentos pessoais dele, que me fizeram chegar à mão. 
Até o seu pai, senhor Rafael José Correia, foi lembrado, porque tendo sido Combatente na I Grande Guerra, foi sócio da Liga dos Combatentes, Agência do Porto, como então se dizia, com o n.º 1668, com admissão em 21 de Março de 1932.

Acabada a minha apresentação, a longa manhã chegava ao fim. De pé, os presentes, ajudados pela projecção de um vídeo, entoaram o Hino da Liga dos Combatentes.
Foto: Núcleo

Seguir-se-ia um excelente almoço.

(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 13 de Maio de 2016 Guiné 63/74 - P16083: Efemérides (223): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (1) (Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P16084: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (10): Mais capelas numa terra de que se dizia ser de fraca fé cristã... Fotos: Pepito (1949-2014), José Neto (1927-2007), Renato Monteiro, Jacinto Cristina, Joaquim Ruivo e João Martins


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > A última doação à Capela de Guileje, uma imagem de N. Sra. de Fátima, trazida de Portugal por António Camilo e Luís Branquinho Crespo. (*)


Foto: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Nucleo Museológico Memória de Guiledje > 2010 > Doação à Capela de Guileje, uma imagem de N. Sra. de Fátima, trazida expressamente de Portugal por António Camilo e Luís Branquinho Crespo . O António Camilo (à direita), ao lado do Pepito (1949-2014).(*)

Foto: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > A capelinha construída no tempo do Zé Neto (1929-2007)... Havia três imagens da N. Sra. de Fátima, de diversos tamanhos... Guileje foi "terra de fé e de coragem" (Zé Neto).


Foto: © Zé Neto / AD - Acção para o Desenvolvimento. (2007)/ Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > A capela, da CART 1613 (1967/68),  agora renascidas cinza, graças ao empenho da população local, da AD,  do Pepito e do Domingos Fonseca, e da boa vontade de alguns velhos tuga, o "grupo de amigos da capela de Guileje".A data da sua inauguração oficial foi 20 de janeiro de 2010 (com a presença de nossa amiga Júlia Neta, viúva do Zé Neto, entre outra gente ilustre)... Guileje voltou a ser um local de paz, de fé, de solidariedade, de (re)encontro, de ecumenismo, de esperança (**)

Foto: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CART 2479 (1968/69) > O fur mil at art Renato Monteiro com "um instruendo, mais alto ainda do que a fotografia revela"...Trata-se de um capelinha dedica a N. Sra. de Lurdes... "Quanto à localização da capela, terá sido em Contuboel?" - pergunta o Renato... Eu acho que sim, das memórias que ainda conservo de Contuboel (onde estive pouco mais de um mês e meio e onde funcionava em 1969 um Centro de Instrução Militar). É possível que estivesse ligada a uma missão católica. Havia alguns brancos em Contuboel, e nomeadamente um madeireiro. (***)

Fotos: © Renato Monteiro (2007). Todos os direitos reservados



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (1972/74) > O Cristina com um camarada junto á capela de Piche 

Fotos: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.




Guiné > Bissau > "Capela de Santa Luzia em Bissau. Nesta Capela esteve, em câmara ardente, uma das primeiras vitimas da guerra: um capitão de Cavalaria,  bem conhecido em Bissau por ser um grande desportista [, António Lopo Machado do Carmo]..  [O Joaquim Ruivo, na foto à esquerda,  diz, a seu respeito que  foipara a Guiné "como 1º cabo mecânico de armas pesadas", sendo colocado numa unidade de artilharia (obus 8,8), formada por naturais da Guiné. "Fui em Outubro de 61 e vim em Fevereiro de 64. Por isso tenho mais tempo de paz que de guerra."] (****)

Foto (e legenda): © Joaquim Ruivo (2013). Todos os direitos reservados



Guiné > Bissau < Junho de 1968 > Capela do Hospital Militar 241 > Foto nº 9/199. do álbum do ex-alf mil art João Martins (ex-Alf Mil Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69)


Foto (e legenda): © João José Alves Martins (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. Quem disse que a Guiné era uma terra fraca, em termos de fé cristã ?  É verdade que a população cristã, no nosso tempo, era quase residual, a maioria sendo animista e muçulmana. E continua a ser: cerca de 90%. dos guineenses são não-cristãos.

Apesar do crescimento do Islão, a Guiné-Bissau continua a ser um país laico, e com tradição de tolerância religiosa...

 O número de capelas e de outras manifestações da fé cristã multiplicaram-se ao longo da guerra colonial (1961-1974). Juntamos mais algumas fotos, que ilustram este fenómeno socioantropológico.  (*****).

Atualmente, na Guiné Bissau, cerca de 40% a 45% são muçulmanos,  "mais concentrados no interior do País do que na zona costeira". Os animistas ("adeptos das religiões tradicionais" serão cerca de 45% a 50%..."e o resto da população é composta por cristãos que representam 5 a 8%", lê-se no sítio Guiné-Bissau: um país de língua portuguesa. Num país onde não estatísticas, estes números só podem ser estimativas (grosseiras).

(****) Vd. poste de 12 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10928: Tabanca Grande (380): Joaquim Ruivo, grã-tabanqueiro nº 598, alentejano, ex-1º cabo mec , obus 8.8, BAC (Santa Luzia, Bissau, out 61 / fev 64)

(*****) Último poste da série > 7 de maio de  2016 > Guiné 63/74 - P16060: Na festa dos 12 anos, "manga de tempo", do nosso blogue (9): De quantas tabancas é feita a Tabanca Grande ?... Relembrando o feliz acaso do reencontro, 40 anos depois, do Zé Manel Matos Dinis com "o senhor Rosales", na Quinta do Paul, Ortigosa, em 20 de junho de 2009, por ocasião do nosso IV Encontro Nacional, e que esteve na origem da criação da Magnífica Tabanca da Linha...

Vd. também:

Guiné 63/74 - P16083: Efemérides (223): Comemoração do Dia do Combatente de Matosinhos e do VII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, levada a efeito no passado dia 30 de Abril (1) (Carlos Vinhal)

No passado dia 30 de Abril comemorou-se o Dia do Combatente de Matosinhos e o VII aniversário do Núcleo da Liga dos Combatentes.

Foi mais um dia memorável que contou com a presença do Vice-Presidente da Direcção Central da LC, o senhor Major-General Fernando dos Santos Pereira Aguda, em representação do senhor Tenente-General Chito Rodrigues, ausente no estrangeiro.

Do programa fazia parte uma cerimónia pública junto ao Memorial aos Combatentes, sito na freguesia de Matosinhos, para homenagear os 70 camaradas matosinhenses caídos em campanha.
 

Combatentes, familiares, povo anónimo, autoridades militares e civis, e uma pequena força militar, começaram a concentrar-se cerca das 10h15 da manhã.

Panorâmica das autoridades civis e militares presentes, tendo por trás numerosa assistência
Foto: Núcleo

Às 10h30 deu-se início à cerimónia com a prestação das honras militares ao Vice-Presidente da Direcção Central da LC.
Foto: Abel Santos 

Seguiu-se a deposição de coroas de flores, na base do Monumento aos Combatentes, pelo Núcleo de Matosinhos da LC e Câmara Municipal. 
Foto: Núcleo

Prestando homenagem aos nossos camaradas mortos: a Presidente da Assembleia Municipal; o Vice-Presidente da Câmara Municipal; o Vice-Presidente da Direcção Central da LC; o Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC e o 2.º Comandante da Zona Marítima do Norte... 
Foto: Núcleo

Seguiu-se a execução dos toques pelo terno de clarins da Brigada de Intervenção e as honras militares tradicionais a cargo de uma força militar do Regimento de Transmissões do Porto. 
Foto: Abel Santos

A cerimónia religiosa esteve a cargo do Diácono Agostinho. 
Foto: Abel Santos

Seguidamente usaram da palavra:

Vice-Presidente da Direcção Central da LC, Major-General Fernando Pereira dos Santos Aguda
Foto: Núcleo

Presidente da Direcção do Núcleo de Matosinhos da LC, Ten-Coronel Armando Costa. 
Foto: Abel Santos

Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro. 
Foto: Núcleo

Encerrando-se a cerimónia com a entoação do Hino da Liga dos Combatentes efectuada pelo Grupo Coral do Núcleo de Matosinhos.
Foto: Dina Vinhal 

O camarada José Trindade (um dos heróis da CCAÇ 2317, Guiné, 1968/69), Porta-Estandarte do Núcleo de Matosinhos da LC
Foto: Núcleo

A comemoração deste dia teve continuidade na Sede do Núcleo em Leça do Balio.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P16020: Efemérides (222): O nosso camarada Carlos Cordeiro, na qualidade de aluno, investigador e professor da Universidade dos Açores, foi homenageado no passado dia 14 de Abril por esta academia, a que esteve ligado durante 40 anos (José Câmara / Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P16082: Agenda cultural (481): Apresentação dos livros "As Guerras do Capitão Agostinho", da autoria de Carlos Gueifão e "Luvuéi, A Maior Emboscada Sofrida Pelos Comandos", da autoria de Antero Pires, dia 17 de Maio de 2016 (3.ª feira), pelas 15 horas, na Messe do Militar do Porto, Praça da Batalha (Manuel Barão da Cunha)

 


Em mensagem de 8 de Maio de 2016, o nosso camarada Manuel Barão da Cunha, Coronel de Cav Ref, que foi CMDT da CCAV 704 / BCAV 705, Guiné, 1964/66, deu-nos conta da apresentação de mais dois livros da colecção Fim do Império, sobre Angola, a levar a efeito no próximo dia 17 de Maio na Messe Militar do Porto.




15.º CICLO DE TERTÚLIAS FIM DO IMPÉRIO

PORTO, 17 DE MAIO, 3.ª FEIRA, ÀS 15 HORAS

MESSE MILITAR DA BATALHA

Apresentação dos 22.º e 23.º livros Fim do Império:

"As Guerras do Capitão Agostinho", de Carlos Gueifão, Capitão Miliciano em Angola


"Luvuéi, A Maior Emboscada Sofrida Pelos Comandos", autoria de Antero Pires, Sargento Comando em Angola.

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Nota do editor

Último Poste da série de 3 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P15933: Agenda cultural (473): Integrada no 15.º Ciclo das Tertúlias Fim do Império, dia 7 de Abril de 2016, pelas 18 horas, apresentação do livro "Ten. General Tomé Pinto - O Capitão Quadrado", no Palácio da Independência, em Lisboa (Manuel Barão da Cunha)

Guiné 63/74 - P16081: Nota de leitura (838): Alexandre Herculano e a Questão de Bolama (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Julho de 2015:

Queridos amigos,
Tardou mas chegou, há muito que idealizava pôr no blogue este texto de grande riqueza como peça oratória, mostra que Herculano se estreou bem na vida parlamentar, e a questão de Bolama foi um pretexto. Devido às suas funções como bibliotecário da Casa Real, o historiador e homem público dispõe de muita informação, sabe que as coisas em África estão em franca decadência, que os territórios coloniais portugueses vão sendo infiltrados por outras potências. É uma intervenção em que ele pede a atenção ao poder político para cuidar do património africano. Sabemos que Herculano foi um dos maiores escritores do seu tempo e é o fundador da nossa historiografia, é uma satisfação ler esta intervenção vigorosa e vibrante de um nacionalista do seu tempo.

Um abraço do
Mário


Alexandre Herculano e a Questão de Bolama

Beja Santos

Herculano, fundador da nossa moderna historiografia, medievalista insigne, escritor consagrado em vida, autor da paradigmática História de Portugal onde recuperou em bases rigorosas a formação do nosso País, teve uma breve passagem pelo Parlamento entre 1840 e 1841, estreou-se como tribuno em 4 de Julho de 1840. A questão de Bolama foi o pontapé de saída, mas Herculano pretendia ir mais longe, como foi.

Naquele tempo, o parlamentarismo andava a par da encenação dos dotes do tribuno. Levava-se uns apontamentos escritos mas a eloquência era fundamental e o prémio eram os aplausos do partido amigo e as vaias e apupos da oposição. São tempos extremamente difíceis, a guerra civil ainda não sarara todas as feridas e os governos de setembristas e cartistas sucedem-se uns aos outros. Eis como Herculano se dirige aos seus pares, naquele dia de Julho de 1840:

“Falo da violação do nosso território em Guiné.
Sr. Presidente, eu não sei qual seja pior: se insultar a nossa bandeira e tomar os nossos navios, se violar território de uma província portuguesa e declarar em seguida que esse território pertence a quem violou.
Aproveito esta ocasião para fazer algumas reflexões sobre o discurso de um senhor Deputado pela Madeira, que falou na sexta-feira passada. Sua Excelência disse que esse negócio de Casamansa é um daqueles que soam muito e valem pouco: disse que era bárbaro o nome de Casamansa; disse, enfim, que a França dizia ter direito àqueles territórios, e que a ele não lhe importa esta questão. Se o senhor Deputado entende que perdemos tantas léguas de costa de uma província nossa nada vale, eu entendo que vale muito, não só por ser terra portuguesa, como pelo grande trato que ali pode haver quando olharmos ou podermos olhar seriamente o Ultramar. O dar como razão o seu desprezo o ser bárbaro o nome de Casamansa, apenas merece uma resposta. Bárbaros são quase todos os nomes das nossas províncias ultramarinas, e nisso não vejo eu motivo para as entregar a quem nos quiser tomar conta delas.

Senhor Presidente: que se devia ter feito neste negócio?
Não o desprezar.
Reclamar à França, com moderação e firmeza, uma, dez, cem vezes.
O mesmo se devia ter feito com Inglaterra.

O partido cartista foi acusado de estar vendido à Inglaterra, porque de boa-fé aconselha a moderação e ao mesmo tempo que se não cessasse, por todos os meios, na negociação de procurar obter justiça. Não teria ele o direito de acusar o partido contrário, que governou o país em 37, 38, 39, e que não só calou à Nação o negócio da Guiné, mas abandonou às pretensões do governo francês uma província nossa; não teríamos nós, digo, o direito de acusar esse partido de estar vendido à França?
Não, Sr. Presidente.
Mil vezes não! E porquê?
Porque os parricidas são raros e o vender a pátria é o mais atroz parricídio.

Serei mais individual pelo que respeita à França sobre a questão da Guiné.
É realmente de reparo que de não sei quantos ministérios tem havido em Portugal desde 1837, nenhum visse a importância da fundação de uma feitoria francesa no Casamansa; ninguém visse que um tal estabelecimento faria desaparecer o que temos ainda em Guiné, e que essa pedra engastada na coroa portuguesa por D. João II, o título de senhorio da Guiné, cairia enfim dessa coroa, já tão empobrecida pelo desleixo e mau governo dos sucessores de D. Manuel. O que, porém sobretudo me espanta, senhor Presidente, é que nem o último Ministro dos Negócios Estrangeiros nem o seu antecessor respondessem cabalmente à nota do Conde Molé em que esse afamado Ministério pretendia sustentar a prioridade do domínio francês, não só nas margens do Casamansa mas também em toda a Costa da Guiné, sem excetuar os presídios de Cacheu e Bissau”.

Vamos então contextualizar. Em 1836, os franceses instalam-se na região do Casamansa, criando várias feitorias. Estão muitos interesses económicos em jogo, sabe-se que a escravatura tem os seus dias contados o óleo de amendoim expande-se rapidamente pela Senegâmbia.

Mas Herculano utiliza a questão do Casamansa como um pretexto, dispõe de informação sobre o estado de pura negligência em que se encontram as parcelas do império africano, serve-se da tribuna para lançar o grito de alarme. Como sublinhou Ivo Carneiro de Sousa (n.º 2, 1999, da Revista Africana Studia, Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto), “A primeira intervenção parlamentar de Alexandre Herculano trata de convocar o caso da questão de Casamansa para discutir o papel de Portugal no renovado concerto da concorrência internacional”.


A intervenção de Herculano andou despercebida cerca de um século. Até que Fausto Duarte, a quem a cultura guineense tanto deve a publicou no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, volume 4.º (1949). A política portuguesa manteve-se indiferente à gravidade da presença francesa no Casamansa. Honório Pereira Barreto fez tudo o que estava ao seu alcance para comprar territórios na região. Mas não teve apoios políticos suficientes. E assim, gota a gota, tudo se encaminhou para o reconhecimento do Casamansa como território francês daquela Senegâmbia que caminhava para o ocaso, fez-se o reconhecimento na Convenção Luso-Francesa de 1886, a nossa diplomacia pretendia, com a oferta do Casamansa, contar com o apoio do governo de Paris para o Mapa Cor-de-Rosa. Mas Paris não tinha interesses estratégicos na África Austral, assobiou para o lado. Há relatos pungentes onde se registam as vozes dos autóctones do Casamansa que pretendiam continuar a ser portugueses. Mas tudo estava perdido.


Era assim o Banco Nacional Ultramarino em Bolama, a capital da colónia dispunha de alguns edifícios com certa sumptuosidade, trata-se de uma arquitetura que está praticamente no chão ou em vias de desaparecimento
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de maio de 2016 Guiné 63/74 - P16068: Nota de leitura (837): “Quinto Centenário da Descoberta da Guiné 1446 / 1946", brochura com um conjunto de selos da autoria de Amadeu Cunha e Uma tocante homenagem ao Comando morto em combate por Vassalo de Miranda (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Guiné 63/74 - P16080: As minhas crónicas do tempo da Diamang, Lunda, Angola (1972-1974) (José Manuel Matos Dinis) - Parte II: Um "estado dentro do estado"...


Angola > c. 1972 > Eu, junto à barragem no Dundo, um lugar aprazível

Foto (e legenda): © José Manuel Matos Dinis (2016). Todos os direitos reservados.




1. As minhas crónicas do tempo da Diamang, Lunda, Angola (1972-1974) 

(José Manuel Matos Dinis)

Parte II: 
Um "estado dentro do estado" 





[ O  José Manuel Matos Dinis, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71, nosso grã-tabanqueiro e adjunto do régulo da Magnífica Tabanca da Linha, Jorge Rosales, depois do seu regresso a casa, a Cascais, em janeiro de 1972, vindo a Guiné, rumou até Angola, em maio de 1972, para ir  viver e trabalhar na Lunda, na melhor empresa angolana na época, a famosa  Diamang - Companhia de Diamantes de Angola, com sede no Lundo,. Aqui aqui casou (por procuração), aqui viveu e trabalhou, aqui nasceu  o seu primeiro filho... Desafiámo-lo justamente  a falar da sua experiência angolana em meia dúzia de crónicas memorialísticas. Ele aceitou galhardamente  o desafio.]
.

Tenho quase a certeza de que a descrição sobre a actividade mineira  (*) deve ter sido improfícua, pois, para além de não ter correspondido à melhor descrição sobre uma lavaria clássica de "pans", e sobre as acções de remoção de terras e de cascalho que antecediam a limpeza da rocha-base em cada corte, e ainda sobre as necessárias protecções às copiosas chuvas que caíam no decurso de cada ano, pelo que o interessa de mais pormenores técnicos, que os há em muito mais vertentes, podem ter constituído uma forte motivação desmotivadora de futuras leituras nesta série. Nesse caso, façam o favor de apresentar reclamações ao nosso Comandante-mor Luís Graça, que eu agradeço o favor para entrar antecipadamente de férias.

Mas afinal, que negócio é esse dos diamantes? É um "fétiche", direi eu. De facto, os diamantes servem para muito pouca coisa, e os que servem, são os industriais, precisamente os de menor valor. Os outros, os que cintilam de brilhos e são usados como adornos, não prestam para nada. Mas valem muito dinheiro, são atributos de riqueza e de poder. Destas razões é que resulta o grande fascínio ou interesse pelos diamantes. 

Em Angola, a exploração terá começado na sequência das explorações congolesas, pois boa parte dos leitos dos rios correm na direcção daquela colónia portuguesa, e os mineiros da época devem ter admitido que facilmente haveria mais diamantes do lado ocidental.

Em 1912 Johnston e Mac Vey aumentaram as certezas sobra a existência de diamantes em Angola, após a descoberta de 7 gemas num riacho afluente do rio Tchiumbe. Foi fundada a PEMA, empresa de pesquisas que começou a laborar nesse ano sob impulso da empresa belga Forminière. 

Em 16 de Outubro de 1917, com recurso a capitais mistos de Portugal, Belgica, Estados Unidos da América, Grã-Bretanha e África do Sul nasceu a Diamang - Companhia dos Diamantes de Angola, que veio a tornar-se na empresa mais emblemática e contestada daquela colónia, que para além da actividade prosseguida na prospecção e exploração de diamantes, desenvolveu muitas outras ligadas à diferentes áreas de investigação, e a trabalhos tão diferentes quanto a agricultura e pecuária, assistência social médica e medicamentosa, e ainda veio a revelar-se de grande importância na concessão de empréstimos financeiros, quer ao Governo central, quer ao governo colonial ou provincial. 

Mas não ficou por aí, a Companhia construíu importantes infra-estruturas, de que se pode salientar duas barragens para consumo energético interno e para fornecimento da rede pública até vastas extensões para além da área de concessão; uma vasta rede de estradas em asfalto ou terra-batida; a construção de escolas, ou promoção de manifestações artísticas; e o financiamento, e por vezes com apoio técnico exclusivo ou em cooperação, de muitas outras iniciativas. A Companhia, por norma, também garantia a manutenção daquelas obras de carácter público e privado.

Esta a parte simpática da questão, porque também havia uma parte antipática sobre a influência da Diamang noutros sectores da vida pública e social da comunidade provincial. Refiro-me à repetida contestação sobre a isenção da generalidade dos impostos com que deixava de contribuir para o erário público. 

Além disso, por congeminações que fiz na época após a leitura de diversos relatórios do Banco de Angola, fiquei com a sensação de que os diamantes angolanos (os melhores da produção mundial) eram vendidos à Central Selling pelo preço médio praticado, o que a confirmar-se, terá redundado em grosso prejuízo para a nação, e em vantagem suplementar para o "trust" internacional que controlava o negócio. Nesta matéria, as diferenças qualitativas, de dimensão e cristalização eram muito importantes no estabelecimento de diferenças de preço sobre a unidade - o quilate.

Outro aspecto muito antipático residia na existência de uma polícia privada, e da permanência de companhias de "Voluntários", bem como pelo acolhimento de alguns militares catangueses, que para além de funções de segurança e do controle sobre o movimento das populações, dissuadia à penetração de outras pessoas que não estivessem relacionadas com a Empresa. Daí, dizer-se com desdém e crítica implícita, que a Diamang era um estado dentro do Estado.

O que era inegável, era a grande importância das receitas geradas na província com os negócios implicados em torno da Companhia, quer em fornecimentos directos, quer em fornecimentos indirectos, pois havia já mais de dois mil empregados europeus com níveis de vida e de poupanças invejáveis, bem como um considerável número de empregados autóctones com funções especializadas ​e ​o conjunto representava ​níveis de despesa familiar de certo modo importantes na economia da província. 

O valor patrimonial da Companhia era incomensurável e garantia importantes receitas para muitas empresas de representações comerciais (de origens nacionais e estrangeiras) em Angola. Portanto, não me parece razoável destacar uma ou outra faceta, quer para apoiar os privilégios de que a Empresa gozava, quer os níveis de exigência ou de denegrimento dos mesmos.

O ano de 1973 terá sido o primeiro em que a produção alcançou e ultrapassou os dois milhões de quilates, objectivo que exigiu muita aplicação e dedicação do conjunto dos empregados da área de produção, para que se potenciassem os meios com vista ao alcance daquele fim. 

Em 1974, segundo informação obtida na Net, a produção bateu o record de dois milhões e quatrocentos mil quilates, que resultaram da contratação de mais técnicos e abertura de turnos em algumas das explorações de maior nível absoluto de produção. 

O rendimento geral da actividade, se me for permitido fazer uma crítica, poderia ir ainda mais além, se tivesse havido bons níveis de formação de pessoal ao nível dos chefes de minas (e de lavarias, no caso das independentes), pois vieram a constatar-se perdas relevantes nas lavarias de meio-denso cujos encarregados estariam menos bem preparados ou sensibilizados. E havia empregados de excelente nível e dedicação para fazerem escola. 

Mas o negócio era tão rico, que a preocupação sobre a rentabilidade não podia ser assacada à incompetência e laxismo dos responsáveis, antes era apontada aos limites dos equipamentos de produção. A este propósito sobre a excelência dos modelos de produção, a contrário senso, sugiro que procurem na Net as imagens de Olivier Polet - "dans une mine de diamants en Angola". Parece corr
esponder à liberdade do absurdo, e os donos do negócio comprazerem-se com os lucros sem atenderem às inumanas condições de trabalho, nem à melhor rentabilidade dos meios, que não se comparam, nem de longe, ao que se praticava na Diamang.

(Continua)

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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de maio de 2016 > Guiné 63/74 - P16055: As minhas crónicas do tempo da Diamang, Lunda, Angola (1972-1974) (José Manuel Matos Dinis) - Parte I: de Cascais até à Portugália / Dundo...


(...) Em Janeiro de 1972 tinha saído da tropa, dava passeios e namorava pelo litoral de Cascais, onde outros casais nos faziam concorrência. Os meus amigos estavam na vida militar, acabavam os cursos, ou já tinham iniciado actividades profissionais. Já não era como antes, quando a malta se reunia como seita para a paródia, ou para entusiásticas futeboladas. Namorava com envolvimentos familiares, e tinha a obrigação de procurar definição de vida. Não queria trabalhar debaixo de um tecto, e por isso, ficava excluída uma preparação profissional que tinha iniciado antes da tropa.(...)