Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 16 de junho de 2017
Guiné 61/74 - P17478: Notas de leitura (969): “A Colonização Portuguesa da Guiné 1880-1960”, por João Freire, 2016, edição da Comissão Cultural da Marinha (1) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Junho de 2017:
Queridos amigos,
O professor João Freire recebeu pelo seu trabalho a menção honrosa Almirante Sarmento Rodrigues, da Academia da Marinha. Trata-se de uma investigação com arco temporal de 80 anos onde interagem a Marinha com factos político-militares, económicos e sociais. Era inevitável a participação da Armada num território com as caraterísticas da Guiné. O autor discreteia sobre a lógica monárquica-constitucional e republicana, ao longo do referido arco temporal e demora-se detalhadamente sobre a Marinha na ocupação efetiva e na consolidação colonial.
É um novo olhar da investigação que enriquece a historiografia guineense do período colonial.
Um abraço do
Mário
A colonização portuguesa da Guiné, 1880-1960, por João Freire (1)
Beja Santos
“A Colonização Portuguesa da Guiné 1880-1960”, por João Freire, 2016, edição da Comissão Cultural da Marinha(*), foi uma das edições preeminentes do ano transato, no que tange à investigação guineense no período colonial. João Freire manipula expeditamente a heurística e a hermenêutica, por cada capítulo abordado tece conclusões, assume responsabilidades interpretativas, nunca deixa o leitor à deriva ou no território das especulações. É uma viagem cronológica onde os assuntos da Marinha colonial têm peso preponderante.
Pegando no saboroso livro de Ernesto Vasconcelos, "Guiné Portuguesa, Estudo Elementar de Geografia Física, Económica e Política", de 1917, recorda que o estado da nossa ocupação da Guiné era deveras lamentável em 1841, resumindo-se aos seguintes pontos: Bissau, sede do governo e praça de guerra; Nova Peniche, no ilhéu do Rei; Geba, a 60 léguas de Bissau; Fá, no rio Geba; Bolama, posto militar; Cacheu, defendido por uma paliçada e por três velhos redutos; Bolor, posto militar na embocadura do rio Cacheu; Ziguinchor, posto militar na margem esquerda do Casamansa; e Gonzo, posto comercial de Honório Barreto, também no Casamansa. Esta descrição pode ser lida em paralelo com a vibrante memória que Honório Pereira Barreto escreveu por essa época, este não escondeu pelo desassombro da linguagem a contar a verdade sobre a administração portuguesa: “Os governadores, sendo militares, como são, não estudam ordenações, nem reformas judiciárias; portanto tudo se julga militarmente […]”. E completa a descrição escrevendo que “em todos os estabelecimentos há uma autoridade que, sob o título de Juiz do Povo, governa o povo. Estes juízes, excetuando em Ziguinchor, que é um notável, diferenciam-se dos outros por serem mais bêbedos”. Inevitavelmente, fala-se de revoltas, acordos denunciados, assaltos a comerciantes, uma vida em perigo permanente. Sendo a presença portuguesa mais do que precária, deve-se a Honório Barreto o alargamento dos territórios, as suas doações à Coroa, a sua capacidade na defesa militar.
Tece o autor uma alargada referência ao mosaico étnico e releva a importância das guerras que ocorrem no século XIX entre Mandingas e Fulas que, para além de terem introduzido novas relações de poder no território deram ocasião a significativas alterações no mosaico étnico, principalmente no que toca a Beafadas, Fulas Pretos e Fulas Forros, Papéis, Balantas e Manjacos, fenómeno demográfico que nem sempre é interpretado quando estuda as guerras da pacificação e o enorme peso de que dispõe a sociedade rural civil durante esta fase do período colonial. João Freire lembra as observações do investigador guineense Carlos Cardoso sobre a procura de sistema de alianças e a lógica dos tratados de paz estabelecidos com Bolama, depois da separação da Guiné de Cabo Verde, em 1879. Era a chegada de uma filosofia de apaziguamento e de boa convivência e a exploração de rivalidades interétnicas. Diz Cardoso que Portugal se envolveu nos conflitos internos, designadamente entre os Fulas, apoiando um grupo contra outro. E comenta o autor:
“Da nossa própria análise retiramos a ideia de que o centro de gravidade das guerras nos anos 90 do século XIX se desloca do alto-Geba e do Forreá para as bocas do Geba e do Cacheu, e que tais conflitos bélicos tomam um caráter mais soberanista (saber que manda onde, e sobre quem), antes de evoluírem para as lutas pela (e contra a cobrança de imposto de palhota que marcaram o período seguinte. Contudo, a mudança de estratégia político-militar, já no início do século XIX, em torno da africanização das forças combatentes do lado português, decerto que agudizou muito os ressentimentos entre tribos.
E depois o autor comenta disposições de tratados de obediência e vassalagem, irónico e não iludindo a distância que vai entre os desejos e as realidades:
“ - 1ª O régulo do Forreá, assim como os chefes subalternos, juram […] , considerando-se súbditos portugueses para os efeitos da lei”. – É de duvidar que os interlocutores guineenses tivessem consciência do alcance jurídico desta proposição.
"- 2ª Os territórios […] ficam pertencendo ao domínio de Portugal”. – Cláusula para eminente uso externo, por parte do governo português.
"- 3ª Os usos e costumes de todos os habitantes dos citados territórios, quando não sejam contrários às leis e garantam a moralidade, segurança pessoal e liberdade do cidadão português, serão respeitados”. Toda a questão se situa na interpretação futura a dar ao que pudesse “contrariar a lei portuguesa” e ameaçar a “moralidade, segurança pessoal e liberdade do cidadão português”.
"- 4ª O régulo […] obriga-se a proteger o comércio […] promovendo tanto quanto possível a segurança dos comerciantes [… e] a segurança das propriedades e culturas […]”. – Esta liberdade e segurança eram, à época as condições fundamentais que interessavam a Portugal.
"- 5ª Aos cidadãos portugueses ou estrangeiros que estiverem munidos do competente passe das autoridades portuguesas, o mesmo régulo proporcionará nos territórios que lhe estão sujeitos todas as precisas condições que lhes garantam o bom agasalho, a sua segurança e a sua liberdade, devendo o referido régulo satisfazer quaisquer requisições de carregadores, mantimentos, etc, mediante prévio ajuste da respetiva remuneração […]”. – E esta era a contrapartida de poder e de rendimento económico de que se matinha na posse dos chefados locais.
"- 6ª Quando pelas autoridades portuguesas seja requisitado algum indivíduo sujeito à ação da justiça, o régulo do Forreá fá-lo-á entregar imediatamente […]”. – Imperatividade que no plano civil/criminal, ilustra bem a precedência da norma europeia sobre a norma local, para o melhor (por exemplo, para impedir a escravatura), como para o pior (supúnhamos para manietar um contestatário à ocupação portuguesa).
"- 7ª O régulo de Forreá e os seus chefes […] virão pessoalmente no primeiro dia de Janeiro de cada ano homenagear Sua Majestade Fidelíssima, perante o comandante militar […]”. – Ato simbólico de ‘humilhação’ dos poderes negros de grande significado para eles, só amenizado pela tão grande distância física a que essa majestade se encontrava, que a tornava apenas virtual.
Esta a lógica de um Protetorado, em que um protetor impõe as suas condições ao protegido. No próximo capítulo, o autor aborda a participação da armada nas revoltas nativas e prossegue com a apresentação da administração colonial portuguesa na Guiné entre 1880 e 1910.
(Continua)
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Notas do editor
(*) - Vd poste de 31 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17009: Agenda cultural (539): Lançamento do livro "A Colonização Portuguesa da Guiné", do prof João Freire, sociólogo (Lisboa, Comissão Cultural de Marinha, 2017), em Belém, na Biblioteca Central da Marinha, no próximo dia 8, 4ª feira, às 18h
Último poste da série de 15 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17473: Notas de leitura (968): Saiu o II volume de "Memórias Boas da Minha Guierra", de José Ferreira (Lisboa, Chiado Editora, 2017): Sabemos, desde Fernão Lopes, que não há História com H grande sem as pequenas histórias da arraia-miúda. Este é também um livro de homenagem à arraia-miúda (Luís Graça, prefácio)
Guiné 61/74 - P17477: (De) Caras (76): Ainda o madeireiro Fausto da Silva Teixeira, com residência familiar em Palmela, amigo do "tarrafalista" Edmundo Pedro... Apesar da "amizade" com Amílcar Cabral e Luís Cabral, teve um barco, carregado de madeiras, atacado e incendiado no Geba, a caminho de Bissau...
Colecção: Agostinho Gaspar / Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).
Anúncio da empresa, em nome individual, "Fausto da Silva Teixeira", dono de serração mecânica de madeiras, com sede em Bafatá, publicado em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2.
[Imagem digitalizada partir de cópia pessoal pertencente ao nosso saudoso camarada Mário Vasconcelos (1945-2017), ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72, Mansoa, e Cumeré, 1973/74] (*)
I. O que sabemos mais, a partir de comentários ao poste P17447 (*), sobre o português Fausto Teixeira ou Fausto da Silva Teixeira, deportado para a Guiné em junho de 1925 por razões políticas, sem qualquer julgamento, e que irá, menos de três anos depois, construir uma moderna serração mecânica em Fá, perto de Bambadinca, e que duas décadas depois é um colono próspero e respeitado, ao ponto de receber a visita do representante do governo de Salazar e do próprio governador-geral Sarmento Rodrigues em 7 de fevereiro de 1947...
(1) Do depoimento do nosso camarada José Manuel Cancela, de Penafiel (ex-sold ap metr pesada, CCAÇ 2383, Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1968/70) apurámos o seguinte:
(i) conheceu-o pessoalmente, ao sr. Fausto Teixeira, em 1969 (quando o Spínola era já o governador geral e o comandante-chefe):
(ii) o empresário estava hospedado no Hotel Portugal (que era o melhor de Bissau);
(iii) tinha como companheira uma senhora de origem cabo-verdiana, chamada Agostinha;
(iv) com o casal vivia o filho mais novo do Fausto, o António, que na altura teria uns 21 anos, e que se tornou amigo do Zé Manel Cancela;
(v) na altura (1969), o sr. Fausto "já deveria estar próximo dos 80 anos" [a ser assim, teria nascido na última década de 1890, e estaria já próximo dos 30 anos quando foi deportado, em 1925, para a Guiné]:
(vi) o relacionamento com do nosso camarada Zé Manel Cancela com o filho António devia-se ao facto de um seu (dele, Zé Manel) conterrâneo, de Penafiel, ser o fiel guarda da madeira que chegava de Bafatá e ficava no Pijiguiti à espera de embarque;
(viii) resumindo, em 1969, o sr. Fausto Teixeira "continuava a ser um senhor de muitas posses, pois além das serrações em Bambadinca e Bafatá, tinha um barco para o transporte da madeira"...
(2) Do neto, Fausto Luís Teixeira, formador, e de pesquisas adicionais que fizemos na Net, ficámos a saber algo mais;
(i) o avô seria de (ou residiria em) Setúbal ou por aí perto;
(ii) não deveria ter 80 anos em 1969;
(iii) no pós-25 de Abril, era visita do Edmundo Pedro, nascido no Samouco, Alcochete, também margem sul do Tejo;
(iv) o Edmundo deveria ser (e é, uma vez que ainda é vivo...) mais novo que o avô: nasceu em 8/11/1918, portanto, fará 100 para o ano se lá chegar;
(v) o Edmundo esteve dez anos no Tarrafal, o campo de concentração na ilha de Santiago, Cabo Verde;
(vi) é nessa altura que rompe com o PCP, alegadamente por ter violado a disciplina do Partido, ao tentar, por sua conta e risco, uma fuga;
(vii) é hoje, como se sabe, um velho militante socialista,
(viii) não sabemos de onde nem quando vem se essa amizade (e convívio) com o Edmundo Pedro
(ix) apontamos o ano de nascimento do avô Fausto Teixeira para os primeiros anos do séc. XX, talvez 1905;
(x) a bater certo, ele é deportado para a Guiné com 20 anos;
(xi) seria,portanto, 13 anos mais velho do que o Edmundo Pedro;
(xii) em 1969, quando o Zé Manel Cancela o conheceu no Hotel Portugal ele não poderia, de facto, ter 80 anos, mas sim 64;
(xiii) provavelmente devia "parecer ser mais velho", com quase meio século de Guiné...
(xiv) o Fausto Teixeira é deportado para a Guiné em 1925, no final da I República, em tempos conturbados; em 1947 quando recebe a visita, na sua serração mecânica de Fá (Fá Mandinga, no nosso tempo, 1969/71), a escassos quilómetros de Bambadinca, do secretário de Estado das Colónias, do governador-geral Sarmento Rodrigues e comitiva, era um homem importante na Guiné;
(xiv) o Fausto Teixeira é deportado para a Guiné em 1925, no final da I República, em tempos conturbados; em 1947 quando recebe a visita, na sua serração mecânica de Fá (Fá Mandinga, no nosso tempo, 1969/71), a escassos quilómetros de Bambadinca, do secretário de Estado das Colónias, do governador-geral Sarmento Rodrigues e comitiva, era um homem importante na Guiné;
(xv) a imprensa dizia seu respeito, não que tinha sido deportado, mas sim que "se fixara" na colónia há cerca de 20 anos... (Em 1947, ainda a PIDE não estava instalada na Guiné, o que só acontecerá em 1954 ou 1957, não sabemos ao certo...).
(3) De qualquer modo, há "zonas de sombra" na vida de Fausto Teixeira que estão por esclarecer e que compete à família partilhar (ou não) connosco...
Por exemplo, essa história dos electrodomésticos... Será que o avô do nosso leitor chegou ter, depois do 25 de abril, depois do regresso da Guiné, um negócio de electrodomésticos, tal como o seu amigo Edmundo Pedro ? Ou as coisas que ele trazia para casa (rádios, gravadores. etc.) não seriam antes compradas na loja do Edmundo Pedro ? Ou até uma oferta do amigo ?...
Sobre o Edmundo Pedro, ver aqui esta entrada na Wikipédia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Edmundo_Pedro
Por outro lado, não se percebe bem o que o neto escreveu:
Sobre o Edmundo Pedro, ver aqui esta entrada na Wikipédia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Edmundo_Pedro
Por outro lado, não se percebe bem o que o neto escreveu:
"Estou em crer que em determinada altura se terá dedicado ao comércio, tanto pelas prendas que trazia (gravadores, rádios,...), como por uma vez ter perguntado a alguém(?) que conhecia bem a Guiné, se ele conhecia algum madeireiro chamado Fausto e ele só se lembrar de um comerciante em Bafatá com esse nome"...
A minha leitura é a seguinte:
(i) o seu avô encontrou alguém que conhecia a Guiné (talvez um ex-militar);
A minha leitura é a seguinte:
(i) o seu avô encontrou alguém que conhecia a Guiné (talvez um ex-militar);
(ii) perguntou-lhe se conhecia algum madeiro, de nome Fausto (que era ele);
(iii) esse alguém lembrava-se de um comerciante em Bafatá com esse nome... (Só podia ser o Fausto da Silva Teixeira);
(iv) o negócio principal do Fausto era exploração e exportação de madeira, mas é possível que também tivesse uma loja de comércio a retalho em Bafatá, onde tinha a sede da sua empresa de serração...
(v) enfim, ele quis testar os conhecimentos dessa pessoa que encontrou...provavelmente um ex-militar que, como muitos de nós, conheceu Bafatá...
Nessa altura (anos 60) Bafatá, onde de resto o resto nasceu, tinha a um ar próspero, e havia bastante casas de comércio... Era conhecida como a "princesa do Geba"... Há uitas fotos de Bafatá: pesquisar no Google Imagens= Bafatá.
Por outro lado, e esta é outra questão eventualmente delicada para a família... O avô Fausto Teixeira devia ter boas relações com o PAIGC, com o Luís Cabral, futuro presidente da República (que ele ajudou a sair da Guiné, para o Senegal, em 1959, a seguir aos acontecimentos do Pijiguiti, quando o Luís Cabral estava na iminência de ser detido pelo PIDE)...
Pergunta-se: por que é que não ficou na Guiné, depois da independência ? Por causa dos filhos e netos ?
O Zé Manel Cancela esclareceu este ponto, acrescentando:
(i) não creio que ele se desse muito bem com PAIGC porque o barco que transportava as madeiras foi atacado e encendiado no Geba numa viagem para Bissau;
(ii) o barco foi depois reparado num estaleiro que havia na altura no ilhéu do Rei:
(iii) cheguei a ir lá com o António Teixeira numa altura que o pai dele veio a Portugal;
(iv) até cheguei a saber quanto custava a reparação, noventa contos, que era uma pequena fortuna para a época; [em 1970, 90 mil escudos na metrópole equivaleriam hoje a 25.798,94 €, segundo o conversor da Pordata; se se tratar de escudos da Guiné, há que ter em conta uma desvalorização de 10% em relação ao escudo da metrópole]
(v) também soube, através do meu conterrâneo [o guarda da madeira que chegava de Bafatá e ficava no Pijiguiti à espera de embarque], que o António foi parar a Angola como furriel, isto em 71;
(vi) outra coisa: a família tinha casa em Palmela... (**)
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(**) Último poste da série > 14 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17467: (De) Caras (82): "Contrabando de ternura": os tentáculos da minha rede não chegavam ao mato, funcionavam entre Moscavide e Bissalanca... graças a um amigo piloto da TAP... (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)
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quinta-feira, 15 de junho de 2017
Guiné 61/74 - P17476: Agenda Cultural (566): Lançamento do II Volume de "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria de José Ferreira, dia 8 de Julho de 2017, pelas 10h30, no Choupal dos Melros, Rua das Cabanas, 177, Fânzeres-Gondomar - Seguir-se-á um almoço com inscrição prévia
1. Mensagem do nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), autor do Livro "Memórias Boas da Minha Guerra", I e II volumes, com data de 14 de Junho de 2017:
Caros amigos
Graças à vossa atenção e ao vosso carinho, o nosso blogue “ Luís Graça & Camaradas da Guiné” vem publicando regularmente as minhas histórias, nestes últimos sete anos. Elas estão divididas em duas séries; “Memórias boas da minha guerra” e “Outras memórias da minha guerra”.
Por insistência de alguns amigos, estou a passá-las para livro. Já editei o primeiro volume e vou agora lançar o segundo. Cada um é composto por 26 histórias e como já ultrapassei as setenta e cinco, tudo leva a crer que ainda virá um terceiro volume.
O primeiro volume foi lançado no simbólico RAP 2, de onde saiu a minha CART 1689, integrada no BART 1913, para a Guerra da Guiné(*). Este segundo volume será lançado no Choupal dos Melros, outro lugar de enorme importância para os Combatentes, dado que ali coabitam os grupos “Bando do Café Progresso” e a “Tabanca dos Melros”.
Conforme aponta o cartaz, o evento terá lugar no próximo dia 8 de Julho, pelas 10h30.
Quem quiser, fica para o tradicional almoço convívio, que se realiza todos os segundos sábados de cada mês.
Um abraço cheio de gratidão
José Ferreira da Silva
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Notas do editor
(*) - Vd. poste de 21 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16626: Agenda cultural (508): No passado dia 14 de Outubro de 2016, no Salão Nobre do Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, realizou-se a sessão de apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva
Último poste da série de 8 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17446: Agenda Cultural (565): Convite para a apresentação de livros da colecção Fim do Império, a levar a efeito no próximo dia 11 de Junho, pelas 15h00, no Auditório da Feira do Livro de Lisboa (Manuel Barão da Cunha)
Guiné 61/74 - P17475: Efemérides (258): O 10 de Junho no Porto e em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal / Núcleo de Matosinhos da LC)
Leça da Palmeira, 10 de Junho de 2017
Homenagem aos leceiros caídos em campanha
Dado que este ano as comemorações oficiais do Dia de Portugal, presididas pelo Sr. Presidente da República, decorreram no Largo do Molhe, no Porto, as nossas cerimónias realizaram-se em duas fases.
Pelas 11h00, no Porto, realizou-se um desfile militar ao longo das avenidas do Brasil e de Montevideu em que participaram 100 Combatentes de várias associações de combatentes, onde se incluíram 30 sócios do nosso Núcleo.
Posteriormente, em Leça da Palmeira, pelas 12H45, foi dada continuidade à comemoração deste dia no cemitério local - Talhão Militar da Liga.
Promovida pelo Núcleo, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, cumpriu-se mais uma vez uma tradição de há muitos anos perante algumas dezenas de sócios, combatentes e famílias.
Depois de posicionados o Guião do Núcleo, pelo Vogal da Direção, José Trindade, e uma Guarda de Honra composta por sócios combatentes enquadrada pelo Vogal da Direção José Neto, iniciou-se a cerimónia com a chamada dos nomes dos combatentes leceiros mortos na Guerra do Ultramar, pelo 1.º Secretário da Mesa da Assembleia Geral do Núcleo, Carlos Vinhal.
Seguidamente, procedeu-se à deposição de duas coroas de flores no Talhão, uma pelo Presidente da União de Freguesias, Dr. Pedro Sousa, e a outra pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Núcleo, Ribeiro Agostinho e pelo Presidente da Direção, Tenente Coronel Armando Costa.
A cerimónia prosseguiu com um minuto de silêncio de Homenagem aos Mortos, seguindo-se uma evocação religiosa pelo Diácono Manuel Gonçalves e as alocuções alusivas ao ato pelo Presidente do Núcleo e pelo Presidente da União de Freguesias.
As palavras ditas realçaram a importância de homenagear a memória de todos aqueles que, ao longo da nossa História, tombaram no campo da honra, nomeadamente na Guerra do Ultramar.
Para terminar, todos os participantes cantaram o Hino da Liga dos Combatentes.
Porto, 10JUN2017 - Recepção ao senhor Presidente da Répública
Porto, 10JUN2017 - No momento da homenagem aos mortos
Porto, 10JUN2017 - Tenda/abrigo para os antigos Combatentes
Porto, 10 JUN2017 - Os antigos Combatentes do Núcleo de Matosinhos da LC com o senhor TGen Chito Rodrigues
Porto, 10JUN2017 - Cerca de uma centena de antigos Combatentes em desfile nas avenidas Brasil e Montevideu.
Após desfilarem, os antigos Combatentes na sua bancada assistindo ao resto do desfile.
Porto, 10JUN2017 - Findas as cerimónias, o Presidente da República cumprimentou os antigos Combatentes
Leça da Palmeira, 10JUN2017 - Cemitério n.º 1 - Deposição de coroas de flores no Talhão da LC
Leça da Palmeira, 10JUN2017 - Evocação religiosa pelo Diácono Manuel Gonçalves
Leça da Palmeira, 10JUN2017 - O TCor Armando Costa durante a sua alocução
Leça da Palmeira, 10JUN2017 - O Presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Dr. Pedro Sousa, no uso da palavra.
Leça da Palmeira, 10JUN2017 - Os presentes entoam o Hino da Liga dos Combatentes
Texto e selecção de fotos: Núcleo de Matosinhos da LC
Fixação do texto, edição e legendagem das fotos: Carlos Vinhal
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17458: Efemérides (257): A propósito do 10 de Junho, ainda os estranhos e excelentes portugueses no mundo... "Goa, um adeus no entardecer dos dias / e uma lágrima para sempre" (Poema e fotos de António Graça de Abreu)
Guiné 61/74 - P17474: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca ... é Grande (109): Na Lourinhã, fui encontrar o ex-1º cabo at inf Alfredo Ferreira, natural da Murteira, Cadaval, que foi o padeiro da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70)... e que depois da peluda se tornou um industrial de panificação de sucesso, com a sua empresa na Vermelha (Luís Graça)
Distintivo da CCAÇ 2382 (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, 1968/70). Cortesia de Manuel Traquina que descreve o distintivo nestes termos:
"Na mão direita segura aquilo a que chamávamos a 'pica', que não era mais que uma vareta de aço afiada e que servia como o nome indica para picar o terreno susceptível de ocultar uma mina. Na extremidade da referida 'pica' encontra-se uma pequena caixa que representa uma mina anti-carro.
Sendo a CCaç 2382 uma Companhia Independente, nos quatro ângulos do distintivo encontram-se as iniciais dos comandos a que pertenceu: o primeiro é o Regimento de Infantaria 2, de Abrantes, onde a companhia se formou e foi mobilizada; o segundo é o COSAF - Comando Operacional de Aldeia Formosa; o terceiro, Batalhão de Caçadores 2834, ao qual a companhia esteva adida e o quarto, o COP4 (Comando Operacional nº4, sedeado em Buba).
Sendo a CCaç 2382 uma Companhia Independente, nos quatro ângulos do distintivo encontram-se as iniciais dos comandos a que pertenceu: o primeiro é o Regimento de Infantaria 2, de Abrantes, onde a companhia se formou e foi mobilizada; o segundo é o COSAF - Comando Operacional de Aldeia Formosa; o terceiro, Batalhão de Caçadores 2834, ao qual a companhia esteva adida e o quarto, o COP4 (Comando Operacional nº4, sedeado em Buba).
"As duas inscrições laterais poderão levantar algumas interrogações: 'Por Estradas Nunca Picadas'. Esta pequena frase diz-nos que a companhia andou por locais até ali ainda não pesquisados; 'Por Picadas Nunca Estradas' aqui pretende-se dizer o que foi uma realidade, que os militares andaram pelo mato por caminhos que nunca foram estradas.
"Mas voltando à figura central, àquele a que chamámos 'o Zé do olho vivo', por ser uma figura mais ou menos engraçada, valeu-nos na Guiné o título da Companhia dos Palhaços. ".Manuel Batista Traquina".
1. Há dias, na Lourinhã, fui visitar uma das minhas irmãs, a do meio (tenho três, mais novas do que eu). A mana Z... tem um filho, o A..., que está num país árabe a tentar a sua sorte como talentoso adjunto de treinador profissional de futebol. A sua conpanheira, I..., é do Cadaval, concelho vizinho.
Manuel Traquina |
- Quando?
- 1968/70.
- Somos contemporâneos, o meu amigo é mais velho um ano do que eu...
- Pois, sou de 46!
- E eu de 47!... E a sua companhia, já agora, ainda se lembra o número ?
- A 2382, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá, Contabane... Éramos a companhia do "Zé do Olho Vivo"! Companhia de Caçadores...
- Se me lembro!... Tenho gente dessa companhia no meu blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné... E o camarada foi operacional? Qual era o posto?
- 1º cabo atirador de infantaria... Mas, como era preciso alguém para
Carlos Nery [, o cap mil Araújo] |
- E o capitão?
- Carlos Nery Sousa Gomes de Araújo. Era miliciano.
- Incrível, é meu vizinho de Alfragide!... E quem mais, dos alferes e furriéis...?
- Olhe, o furriel mecânico Manuel Traquina que até escreveu o livro com histórias do pessoal da companhia. É de Abrantes.
- Já estive com ele num dos nossos encontros anuais...
... Emociona-se o ex-1º cabo Alberto Ribeiro C. Ferreira ao falar do ataque a Contabane e das colunas a Gadamael... E do ataque a Buba... E do monumento que foi edificado aos combatentes da sua terra, que regressaram todos, graças a Deus... Sessenta e seis!... Estamos a falar de Murteira, freguesia de Lamas, concelho do Cadaval... Ele escreveu (ou ajudou a escrever) as três quadras de homenagem que estão gravadas na pedra. Recita-me as quadras com um brilhozinho nos olhos. Fica exasperado por lhe faltar o primeiro verso da última quadra... Faz apelo à memória da esposa, a seu lado...
O meu cunhado, M..., estava banzado com a nossa conversa e a familiaridade dos nomes das terras da Guiné, que ambos testemunhávamos, eu e o Alfredo: de Mampatá a Contabane, do Saltinho a Gandembel, de Buba a Quebo, e ainda de João Landim a Bula, e o dia em que o Alfredo ia morrendo afogado no rio Mansoa, agarrado a um frágil tronco de palmeira, ele que nem sabia nadar!...
Falei-lhe do blogue e das referências que temos à malta da companhia do "Zé Olho Vivo"... Não é pessoa de navegar na Net, mas vai todos aos anos aos convívios da CCAÇ 2382... Fala, com calor humano, dos tempos da Guiné e dos seus camaradas... Vê-se que a guerra e a camaradagem marcaram-no para sempre.
Fico a saber que, no regresso (ou ainda antes, logo em 1969), se estabeleceu por conta própria como industrial de panificação. Devido à lei do condicionamento industrial, na época, o Grémio do setor só o deixou estabelecer-se em Alcoentre, no concelho próximo, Azambuja, transferindo-se mais tarde (presumo que depois do 25 de Abril) para a Vermelha, outra sede de freguesia do concelho de Cadaval.
... Emociona-se o ex-1º cabo Alberto Ribeiro C. Ferreira ao falar do ataque a Contabane e das colunas a Gadamael... E do ataque a Buba... E do monumento que foi edificado aos combatentes da sua terra, que regressaram todos, graças a Deus... Sessenta e seis!... Estamos a falar de Murteira, freguesia de Lamas, concelho do Cadaval... Ele escreveu (ou ajudou a escrever) as três quadras de homenagem que estão gravadas na pedra. Recita-me as quadras com um brilhozinho nos olhos. Fica exasperado por lhe faltar o primeiro verso da última quadra... Faz apelo à memória da esposa, a seu lado...
O meu cunhado, M..., estava banzado com a nossa conversa e a familiaridade dos nomes das terras da Guiné, que ambos testemunhávamos, eu e o Alfredo: de Mampatá a Contabane, do Saltinho a Gandembel, de Buba a Quebo, e ainda de João Landim a Bula, e o dia em que o Alfredo ia morrendo afogado no rio Mansoa, agarrado a um frágil tronco de palmeira, ele que nem sabia nadar!...
Falei-lhe do blogue e das referências que temos à malta da companhia do "Zé Olho Vivo"... Não é pessoa de navegar na Net, mas vai todos aos anos aos convívios da CCAÇ 2382... Fala, com calor humano, dos tempos da Guiné e dos seus camaradas... Vê-se que a guerra e a camaradagem marcaram-no para sempre.
Fico a saber que, no regresso (ou ainda antes, logo em 1969), se estabeleceu por conta própria como industrial de panificação. Devido à lei do condicionamento industrial, na época, o Grémio do setor só o deixou estabelecer-se em Alcoentre, no concelho próximo, Azambuja, transferindo-se mais tarde (presumo que depois do 25 de Abril) para a Vermelha, outra sede de freguesia do concelho de Cadaval.
O negócio do pão prosperou ao ponto de a clientela se ter alargado a boa parte da região Oeste e à Grande Lisboa... Passou a condução dos negócios ao filho, líder hoje da Panificadora Regional da Vermelha, empresa que tem mais de meia centena de colaboradores e uma apreciável frota automóvel para distribuição diária de pão... que chega às nossas mesas através das redes de hipermercados e supermercados onde fazemos compras... Vê-se que sente orgulho na obra feita e na continuidade dada pelo filho (que "não quis continuar a estudar" e é hoje um empresário de sucesso)...
O Zé Manel Cancela |
Prometemos, enfim, fazer um visita a Murteira, ao monumento local aos combatentes da guerra do Ultramar e, naturalmente, à casa deste camarada que já ficou avisado:
- Para a próxima, passamos a tratar-nos por tu, como camaradas que somos e continuamos a ser... Tratamo-nos por tu, na Tabanca Grande, do general ao soldado...
2. Não me ocorreu o nome do meu amigo e camarada de Penafiel, o Zé Manuel Cancela, ex-soldado apontador de metralhadora pesada, que também pertenceu à CCAÇ 2382... Na altura não tinha o portátil comigo, pelo que não deu para fazer pesquisas sobre a malta desta companhia que faz parte da nossa Tabanca Grande, e onde se incluem os nomes do Manuel Traquina (ex-furriel miliciano) e do Carlos Nery (ex-cap miliciano, por sinal meu vizinho de Alfragide), além do José Manuel Moreira Cancela e do Alberto Sousa e Silva (ex-soldado de transmissões) (e de quem não temos para já uma foto atualizada).
Apesar da máquina fotográfica andar sempre comigo, também não me ocorreu tirar uma foto... com o Alberto Ferreira e a esposa. A filha I... já a conhecia há uns tempos mas não assistiu a esta conversa. Também ela costumava acompanhar os pais nos convívios anuais da companhia. E conhece bem o Manuel Traquina.
De qualquer modo, pode-se dizer, mais uma vez, e com toda a propriedade, que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 22 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17071: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (107): O reencontro, através do nosso blogue, de dois camaradas da Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1972/74: os ex-alf mil Francisco Feijão de Oliveira, nosso próximo grã-tabanqueiro, e o nosso grã-tabanqueiro Eduardo Jorge Ferreira
Nota do editor:
Último poste da série > 22 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17071: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (107): O reencontro, através do nosso blogue, de dois camaradas da Polícia Aérea, BA 12, Bissalanca, 1972/74: os ex-alf mil Francisco Feijão de Oliveira, nosso próximo grã-tabanqueiro, e o nosso grã-tabanqueiro Eduardo Jorge Ferreira
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Guiné 61/74 - P17473: Notas de leitura (968): Saiu o II volume de "Memórias Boas da Minha Guierra", de José Ferreira (Lisboa, Chiado Editora, 2017): Sabemos, desde Fernão Lopes, que não há História com H grande sem as pequenas histórias da arraia-miúda. Este é também um livro de homenagem à arraia-miúda (Luís Graça, prefácio)
Capa do livro, editado pela Chiado Editora, Lisboa
Próximas sessões de lançamento
Aqueles que souberam fazer a guerra e a paz, com “sangue, suor e lágrimas”… e uma boa pitada de humor de caserna
prefácio de Luís Graça
1. Não tenho a pretensão de ser um descobridor de talentos literários... Mas a verdade é que o nosso blogue (“Luís Graça & Camaradas da Guiné”) tem sido um verdadeiro seminário de vocações literárias...
Ao José Ferreira da Silva (Zé Ferreira, “tout court”) já lhe tinha posto o olho em cima desde que entrou na Tabanca Grande e começou a escrever, há mais de seis anos, em 8/6/2010... Neste espaço de tempo, foi alimentando, com maior ou menor regularidade, uma curiosa série a que ele próprio chamou "Memórias boas da minha guerra"...
Há quem só tenha "memórias más", o Silva da CART 1689, o ex-fur mil José Ferreira da Silva, que fez a guerra “pura e dura”, também terá as suas, mas no cômputo final são as boas (ou, talvez antes, agridoces…) que vêm ao de cima e que ele faz questão de partilhar connosco...
Criaria depois outra série a que chamou "Outras memórias da minha guerra", onde a guerra e a sua (des)humanidade vêm mais ao de cima. No nosso blogue, ele conta já com quase um centena de referências.
Finalmente, o Zé Ferreira coligiu estes textos e publicou-os em livro, sob a chancela da Chiado Editora, para regozijo de alguns leitores do blogue que se tornaram seus fãs, e terão também, pelo apreço e incentivo manifestados, uma pequena quota parte de responsabilidade nessa feliz decisão de passar a papel as "memórias boas da (sua) guerra", de que se publica agora o 2.º volume.
O título pode ser irónico ou provocatório já que a sua companhia, a CART 1689, esteve longe de ter ido passar férias à então "província portuguesa da Guiné". Bem pelo contrário, teve uma intensa atividade operacional, tendo estado debaixo de fogo inúmeras vezes e deambulado por quase todo o território, de tal maneira que era conhecida por “Os Ciganos”.
Recordo-me lhe de ter dito, há uns anos, que “o humor é uma arte” e que esse título, “Memórias boas da minha guerra”, era um achado, que me fazia lembrar as rábulas do saudoso Raul Solnado na sua ”guerra de 1908”. E até antevia que era um bom título para um possível "best-seller"... De qualquer modo, o mais espantoso é que no blogue ninguém o insultou por reivindicar o direito a ter também "memórias boas” da vida, da tropa e da guerra, de Lamego a Catió, do Porto a Gandembel, da Feira a Canquelifá.
2. A primeira impressão que eu retive deste camarada que se estreava na escrita, era a de um bom contador de histórias, às vezes até já mestre, exímio sobretudos nas “short stories”, nos relatos “claros, concisos e precisos”, no traço caricatural de personagens, mas onde nunca falta uma ponta de ironia, humor, brejeirice, malícia, cumplicidade ou compaixão.
Finalmente, o Zé Ferreira coligiu estes textos e publicou-os em livro, sob a chancela da Chiado Editora, para regozijo de alguns leitores do blogue que se tornaram seus fãs, e terão também, pelo apreço e incentivo manifestados, uma pequena quota parte de responsabilidade nessa feliz decisão de passar a papel as "memórias boas da (sua) guerra", de que se publica agora o 2.º volume.
O título pode ser irónico ou provocatório já que a sua companhia, a CART 1689, esteve longe de ter ido passar férias à então "província portuguesa da Guiné". Bem pelo contrário, teve uma intensa atividade operacional, tendo estado debaixo de fogo inúmeras vezes e deambulado por quase todo o território, de tal maneira que era conhecida por “Os Ciganos”.
Recordo-me lhe de ter dito, há uns anos, que “o humor é uma arte” e que esse título, “Memórias boas da minha guerra”, era um achado, que me fazia lembrar as rábulas do saudoso Raul Solnado na sua ”guerra de 1908”. E até antevia que era um bom título para um possível "best-seller"... De qualquer modo, o mais espantoso é que no blogue ninguém o insultou por reivindicar o direito a ter também "memórias boas” da vida, da tropa e da guerra, de Lamego a Catió, do Porto a Gandembel, da Feira a Canquelifá.
2. A primeira impressão que eu retive deste camarada que se estreava na escrita, era a de um bom contador de histórias, às vezes até já mestre, exímio sobretudos nas “short stories”, nos relatos “claros, concisos e precisos”, no traço caricatural de personagens, mas onde nunca falta uma ponta de ironia, humor, brejeirice, malícia, cumplicidade ou compaixão.
Tem, como os bons contistas, também a capacidade de saber “ler, parar e escutar”… Tem matéria-prima existencial para dar e vender, “tem mundo”, é "homem de vida", como se diz no Norte, e sobretudo um apaixonado pela vida, mas também um grande observador do "zoo" humano, e um grande escultor de corpos e almas..
O eacritor, José Ferreira |
O que vem ao cima, desta espuma existencial, são todos os ingredientes que nos fazem, a nós, seres humanos (e portugueses), sermos como somos, humanos (e portugueses)...
Devo dizer que tive o grato prazer de conhecer, em carne e osso, o Zé Ferreira na Tabanca de Matosinhos, no nosso convívio de 29/12/2010... As circunstâncias não foram as melhores, para mim, devido a uma maldita ciática que me atormentou na última quinzena do ano de 2010... Reencontrei, entre muitos outros camaradas, o saudoso Jorge Teixeira (“Portojo”) (1945-2017), um verdadeiro cavalheiro, tripeiro, como deve ser, de fino humor e verbo fácil. O Zé Ferreira e o Portojo estiveram em Catió, no sul da Guiné, e "reconheceram-se" (!) ao fim destes anos todos... na Tabanca de Matosinhos que costumam frequentar, com maior ou menor regularidade.
Ficámos, no fim, eles, eu e mais um ou outro camarada, a contar algumas histórias... Qualquer deles, são dois grandes contadores de histórias e camaradas divertidos... O “Portojo” mais expansivo, o Ferreira da Silva mais discreto... Uma das histórias que vem no livro (volume I) é do “Piteira, o ranger do Alentejo” (pp. 43-49), foi-me contada por alto por ele mesmo, Zé Ferreira... Achei-lhe um piadão e esqueci por uns largos minutos a maldita cialgia... Mas ao relê-la, agora em forma escrita, é que me ri que me fartei, sozinho… Ri com gosto, a bandeiras despregadas, ao lê-la com calma e com todos os detalhes...
Enfim, foi um momento alto do nosso "humor de caserna", que é bipolar (dizem os psiquiatras de fora)... Na realidade, a tropa e a guerra não foram feitos para “meninos de coro”... mas também um “ranger” (à força, como aconteceu com o Zé Ferreira e o Piteira) não era um homem que deixava a sua humanidade (e a sua cidadania) em Lamego para se transformar numa “máquina de guerra” nas matas e bolanhas da Guiné.
Outra história fabulosa, de resto contada em primeira mão numa roda de amigos, é a do soldado comando Dionísio, de Valbom, desertor e herói, em “É guerra, é guerra… (Será?)” (volume I, pp. 119-129).
Mas, enfim, não há só “mouros” e “morcões”, nesta galeria que ilustra bem a educação erótica, sentimental, cívica e militar, de toda uma geração, também há figuras femininas, com individualidade própria. Do ponto de vista socioantropológico, o Portugal aqui retratados, era muito diferente, nos anos 60/70, do país que conhecemos hoje... (Como era diferente, mas eu não tenho saudades!)... Era diferente, para o melhor e para o pior... a ponto de ter conseguido aguentar uma guerra durante 13 anos, em três frentes, a milhares de quilómetros de casa. Em todo o caso, era (e continua a ser) um país que é feito por grandes mulheres e grandes homens como, por exemplo, a Ilda e o Neca (volume I, pp. 91-99)... Cá está, esta é uma comovente história de amor em tempo de guerra!...
3. Leitor necessariamente indisciplinado e, muitas vezes distraído, fui escrevendo alguns comentários, ao correr das teclas, a alguns dos postes das séries "Memórias Boas da Minha Guerra" e “Outras memórias da minha guerra” e com isso fui assistindo ao "making of" deste livro em dois volumes, que não tem propriamente um “fio condutor”, é uma coleção de meia centena “sketches” ou pequenas histórias, uma escolha nem sempre fácil de um lote maior.
O Zé Ferreira conta-nos aqui históricas pícaras, verosímeis, reais ou fictícias, não interessa. Costuma-se avisar o leitor de ficção, de que "qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência"... Os textos do Zé Ferreira estão entre a ficção literária e a biografia, a crónica e a memória: as figuras que desfilam no seu ecrã são portuguesas e portuguesas de carne e osso (mas também guineenses)... E, nalguns até, com “chapa fotográfica”, podendo eventualmente, questionar-se se o autor tomou as devidas cautelas para salvaguardar o direito de cada um de dos nossos camaradas, ainda vivos, à "reserva da intimidade", ao sigilo, e até ao esquecimento… Mas também aqui parece haver uma evidente cumplicidade entre o artista e o modelo, o criador e a criatura.
Tive o privilégio de ser um dos primeiros a ler as suas "short stories", pequenos contos onde cabe sempre uma parte das nossas vidas, de quando éramos jovens e filhos devotados da Nação... Não sendo "meninos de coro", nem "virgens púdicas", cedo aprendemos que o "pícaro", o picaresco, fazia parte da(s) nossa(s) vida(s)... Ora o autor tem esse notável sentido do picaresco, do burlesco, do humor de caserna, e as suas histórias não nos deixam indiferentes, tocam-nos, justamente pela sua humanidade...
Quem o conhece sabe que é um homem afável, no trato e na linguagem. Quanto à linguagem eventualmente "inapropriada", bom, a reprodução da oralidade (incluindo o calão) é um recurso que decorre da liberdade narrativa e criativa... O Zé Ferreira fá-lo, em geral, com bom gosto, bom senso, ironia, sentido de humor...
O autor teve necessariamente de fazer um seleção dos seus escritos, não conhecendo eu ainda o índice definitivo do seu 2.º volume. Mas tenho pena que alguns possam ficar de fora, como o “Deixem-nos trabalhar”, um roteiro completo pelo Porto castiço, “lúmpen”, "underground", onde floresciam as “casas de passe”, ligadas à iniciação sexual da geração nascida nos anos 40, o Porto da adolescência e juventude do autor que não existe mais mas que é recriada, graças a uma fina sensibilidade socioantropológica que lhe permite descrever, com propriedade e humor, tipos e cenas que escapavam ao olhar distraído da maioria... Esse texto é bem o retrato social e humano da época a que ele se reportava (anos 50/60), que era de miséria e de pobreza... O Porto estava cheio de "ilhas" (zonas de habitação degradadas e degradantes), tal como Lisboa ("bairros de lata" e "vilas")...
Enfim, não é por acaso que os últimos textos são memórias da “guerra pura e dura”, do suplício de Sísifo que foi aquela guerra (, de que Gandembel é um símbolo,) mas também testemunhos da importância que têm os laços de camaradagem entre os antigos combatentes, a tal ponto que persistem para lá da tropa e da guerra, ao fim de meio século.
Em suma, este livro acaba por ser o autorretrato de uma geração de portugueses que fechou um ciclo de 500 anos, que soube fazer a guerra e a paz, com “sangue, suor e lágrimas” e uma boa pitada de humor de caserna, e que se recusa a ir para a “vala comum do esquecimento”… Não é a História com H grande, nem dos heróis com direito a Panteão Nacional. Mas sabemos, desde Fernão Lopes, que não há História com H grande sem as pequenas histórias da “arraia-miúda”. Este é também um livro de homenagem à “arraia-miúda”.
Luís Graça,
editor do blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 12 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17457: Notas de leitura (967): Honório Pereira Barreto (Notas para uma biografia), por Joaquim Duarte Silva (Beja Santos)
Luís Graça,
editor do blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”
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Nota do editor:
Último poste da série > 12 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17457: Notas de leitura (967): Honório Pereira Barreto (Notas para uma biografia), por Joaquim Duarte Silva (Beja Santos)
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Guiné 61/74 - P17472: Convívios (811): Operação na cidade de Tondela pela CART 3494 (Sousa de Castro)
1. O nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74), enviou-nos a seguinte reportagem do Encontro/Convívio do pessoal da sua Companhia, que decorreu no dia 11 de Junho, em Tondela – Viseu.
CONVÍVIO DA CART 3494
No passado dia 11 de junho de 2017 realizou-se o 32º encontro/convívio da CART 3494 do BART 3873 na Cidade de TONDELA (cidade dos Besteiros¹) junto da Associação dos Combatentes do Ultramar, onde fomos recebidos por alguns membros da direcção.
Decorreu com o brilho que já nos habituou ao longo dos anos. Esta Op com nome de código:
“XXXII encontro/convívio”, pautou pela boa disposição e muita alegria, obviamente.
Três novos camaradas que pela primeira vez se apresentaram ao serviço, nomeadamente o homem do Clarim (peço desculpa por não me recordar do nome), o ex. Sol. NM 14203071 - Jaime da Costa Latada e o ex. 1º cabo NM 14008971 Joaquim da Silva Oliveira. Para além destes, também um camarada da CCS/BART 3873 que fez questão de participar neste e nos próximos eventos, de seu nome: Ex. Fur. Milº Alim. NM 00832271 – Américo da Silva Santos Russa.
Junto ao monumento dos Combatentes do Ultramar, seguiram-se actos de homenagem com a colocação de um ramo de flores na base daquela memória, guardamos um minuto de silencio aos que desencarnaram da vida terrena e fizemos a foto de família.
Finalmente procedeu-se à nomeação do próximo organizador. Depois de alguns contactos com vários camaradas, o nosso camarigo das transmissões, José do Espírito Santo Vicente decidiu aceitar o desafio para a realização do “XXXIII encontro/convívio”, é pela 3ª vez que fica com esta responsabilidade de levar o pessoal até OLIVEIRA DO HOSPITAL ou
arredores. Avançou de imediato a data de 09 de junho de 2018 para o referido evento.
O actual concelho de Tondela compreende as freguesias que constituíam o antigo concelho de Besteiros, ao qual vieram a anexar-se, com o andar dos tempos e depois de múltiplas reformas administrativas, os antigos coutos, depois concelhos da Serra do Caramulo - S. João do Monte e Guardão. Também terra chã, os de Mouraz, Sabugosa, Canas de Santa Maria, S. Miguel de Outeiro e algumas freguesias que pertenciam ao termo de Viseu e a outros pequenos concelhos, Barreiro e Treixedo. Segundo documentos dos séculos X, XI e XII designava-se esta região por Terra de Balistariis. Esta designação tem por origem a palavra balista ou besta, máquina de guerra usada pelos besteiros na idade média. Fonte: Wikipédia
FOTOGALERIA
Sousa de Castro
Junho 2017
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
13 DE JUNHO DE 2017 > Guiné 61/74 - P17463: Convívios (810): STM - Almoço dos velhos com novos à mistura, assim foi no dia 3 de Junho de 2017, no Porto, no antigo Quartel de Arca d'Água (Belarmino Sardinha)
Guiné 61/74 - P17471: Fotos à procura de... uma legenda (86): um achado macabro em 23 de março de 1970, depois do ataque a Cabuca (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)
Foto nº 1
Foto nº 2 A
Foto nº 2
Fotos: © Valdemar Queiroz (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]
Data: 4 de junho de 2017
Assunto: Muito mais que fotos à procura duma legenda ou o macabro acontecimento
Guiné > Carta da Província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: o triângulo Nova Lamego - Canjadude > Cabuca.
Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:
Último poste da série > 7 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17326: Fotos à procura de uma... legenda (85): Nossa Senhora de Fátima de Guileje... a propósito do lançamento do livro de Luís Branquinho Crespo, "Guiné: um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)
Luís Graça:
Ando, desde que entrei para o nosso grande blogue/convívio da rapaziada que esteve na Guiné, para publicar/apresentar estas fotos de quando o meu 4º Pelotão da CART11 foi, de Nova Lamego a Cabuca, em 23 de março de 1970, acudir, ao que tinha sido um grande ataque a Cabuca, no dia, tarde ou noite anterior, não sei ao certo, e levar munições e mantimentos.
Foi o meu 4º Pelotão que saiu muito cedo de Nova Lamego para Cabuca [, a sudeste de Nova Lamego, e a nordeste de Canjadude], já com a estrada picada pela milícia, era sempre assim, para podermos avançar, quem não se lembra destas picagens ?!
Lá fomos estrada/picada fora, nunca dantes vista por nós, deveria ter sido a nossa primeira intervenção, até Cabuca, levar reforços em munições e mantimentos. Sem problemas chegámos a Cabuca que tinha sido fustigada no dia ou noite anterior.
Não conheço testemunhos descritos no nosso blogue do que aconteceu em Cabuca, no dia 21 ou 22 de março de 1970. [Sobre Cabuca há 3 dezenas de referências no nosso blogue.]
Quando lá chegámos, verificámos que tinha havido um grande ataque à tabanca e instalações da tropa e até a Capela tinha sido destruída com morteirada.
Ando, desde que entrei para o nosso grande blogue/convívio da rapaziada que esteve na Guiné, para publicar/apresentar estas fotos de quando o meu 4º Pelotão da CART11 foi, de Nova Lamego a Cabuca, em 23 de março de 1970, acudir, ao que tinha sido um grande ataque a Cabuca, no dia, tarde ou noite anterior, não sei ao certo, e levar munições e mantimentos.
Foi o meu 4º Pelotão que saiu muito cedo de Nova Lamego para Cabuca [, a sudeste de Nova Lamego, e a nordeste de Canjadude], já com a estrada picada pela milícia, era sempre assim, para podermos avançar, quem não se lembra destas picagens ?!
Lá fomos estrada/picada fora, nunca dantes vista por nós, deveria ter sido a nossa primeira intervenção, até Cabuca, levar reforços em munições e mantimentos. Sem problemas chegámos a Cabuca que tinha sido fustigada no dia ou noite anterior.
Não conheço testemunhos descritos no nosso blogue do que aconteceu em Cabuca, no dia 21 ou 22 de março de 1970. [Sobre Cabuca há 3 dezenas de referências no nosso blogue.]
Quando lá chegámos, verificámos que tinha havido um grande ataque à tabanca e instalações da tropa e até a Capela tinha sido destruída com morteirada.
Não percebo, ou melhor eu agora não percebo, como é que foi feito o contra-ataque da tropa de Cabuca para o IN ter sido desbaratado, deixando grande quantidade de material de guerra (foto nº 1) e um morto no terreno (foto nº 2).
O que estas fotos, que remeto em anexo, têm de macabro, é eu a olhar para o homem do IN, morto em combate, atingido por vários tiros ou estilhaços e, também, ter ficado sem um pé (ver caixa metálica, em cima, com o pé dentro) (foto nº 2A).
O que estas fotos, que remeto em anexo, têm de macabro, é eu a olhar para o homem do IN, morto em combate, atingido por vários tiros ou estilhaços e, também, ter ficado sem um pé (ver caixa metálica, em cima, com o pé dentro) (foto nº 2A).
Valdemar Queiroz
Guiné > Carta da Província (1961) > Escala 1/500 mil > Pormenor: o triângulo Nova Lamego - Canjadude > Cabuca.
Infogravura: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:
Último poste da série > 7 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17326: Fotos à procura de uma... legenda (85): Nossa Senhora de Fátima de Guileje... a propósito do lançamento do livro de Luís Branquinho Crespo, "Guiné: um rio de memórias" (Leiria, Textiverso, 2017)
Guiné 61/74 - P17470: Manuscrito(s) (Luís Graça) (119): Parabéns, doutor Francisco Silva
Parabéns,
9 de agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8651: Blogpoesia (157): Não sei qual é mais feio: / se o meu joanete, se a minha alma, se o mundo... (Luís Graça)
28 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11772: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (7): O Xitole e o "alfero" Francisco Silva (CART 3492, 1971/73), a emoção de um regresso
18 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15983: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (8): Apanhados/as... (Fotos de Luís Graça)
14 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17466: Parabéns a você (1271): Francisco Silva, ex-Alf Mil Art da CART 3492 e CMDT do Pel Caç Nat 51 (Guiné, 1971/74)
querido Francisco!
por Luís Graça
por Luís Graça
(grato ao seu ortopedista,
amigo e camarada)
Veio da terra da Laurissilva,
É camarada, amigo, solidário,
O afável doutor Francisco Silva
Tem hoje o seu dia de aniversário.
O afável doutor Francisco Silva
Tem hoje o seu dia de aniversário.
Mas não pensem que é dia de gazeta,
Ortopedista é sempre um guerreiro,
A idade, para ele, é uma treta,
Parabéns ao nosso grã-tabanqueiro.
Reformado está, mas não arrumado,
Tem mãos de artista e ainda opera,
Não gosta de ver ninguém aleijado.
Pela sua Maria e queridos filhos,
Tinha a Guiné em lista de espera,
Pois voltou, percorrendo os velhos trilhos!
Ortopedista é sempre um guerreiro,
A idade, para ele, é uma treta,
Parabéns ao nosso grã-tabanqueiro.
Reformado está, mas não arrumado,
Tem mãos de artista e ainda opera,
Não gosta de ver ninguém aleijado.
Pela sua Maria e queridos filhos,
Tinha a Guiné em lista de espera,
Pois voltou, percorrendo os velhos trilhos!
Luís Graça
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Notas do editor:
Último poste da série > 20 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17381: Manuscrito(s) (Luís Graça) (118): o deus da guerra
Vd. também os postes:
26 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6252: Tabanca Grande (215): O Francisco Silva, hoje cirurgião, ortopedista, no Hospital Amadora-Sintra, foi o substituto do infortunado Alf Mil Op Esp Nuno Gonçalves da Costa, do Pel Caç Nat 51, morto por um dos seus homens em 16 de Julho de 1973
28 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11772: Crónicas de uma viagem à Guiné-Bissau: de 30 de abril a 12 de maio de 2013: reencontros com o passado (José Teixeira) (7): O Xitole e o "alfero" Francisco Silva (CART 3492, 1971/73), a emoção de um regresso
18 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P15983: XI Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 16 de Abril de 2016 (8): Apanhados/as... (Fotos de Luís Graça)
14 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17466: Parabéns a você (1271): Francisco Silva, ex-Alf Mil Art da CART 3492 e CMDT do Pel Caç Nat 51 (Guiné, 1971/74)
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