sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3888: Estórias do Jorge Fontinha (4): O primeiro morto do 4.º GCOMB/CCAÇ 2791

1. Mensagem de Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791, (Bula e Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 10 de Fevereiro de 2009:

Meu caro Vinhal
Isto é como as cerejas. Atrás de uma, vem agarradas outras. Como sabes, não deixo escapar nenhuma do Luís Faria, meu velho bom amigo e camarada, desde Tancos, Évora e por aí fora. Nos últimos Postes dele, factos que relatou, tiveram muito que ver comigo e como tal, a memória vem ao de cima. O caso de hoje, foi dos que mais me marcaram.

Aí vai mais um contributo para o Blogue.
Um abraço
Jorge Fontinha


O 1.º Morto da CCAÇ 2791 e do 4.º Grupo de Combate

No mês de Dezembro de 1970, foi o mês em que tudo nos aconteceu.

Começámos por ocupar o nosso sector de intervenção, efectuamos duas operações de grande envergadura, na qual ficámos com alguns feridos graves, inclusive, o Nunes do meu 4.º Grupo, sem uma perna.

Se tudo isto não bastasse, até um acidente de viação nos havia de calhar e no qual, dos 9 ocupantes do (Unimog burrinho do mato), só o motorista e eu próprio, saímos ilesos, ferindo-se dois soldados com muita gravidade, 4 com ferimentos menos graves e um morto, o Francisco Pereira CELESTINO.

É justo que passados estes anos todos, prestemos uma homenagem, embora singela mas que se impõe, nomeadamente da minha parte. O Celestino, conheci-o em Évora, quando lhe ministrei instrução na Especialidade, preparando-o nas tácticas de guerrilha e preparação física adequada. Lamento não ter tido na minha própria preparação, habilidade para ajudar a evitar acidentes de viação. Na época nem tinha ainda tirado a carta de condução.

Enquanto convivi com ele, cerca de 6 meses, sempre se mostrou um excelente rapaz. Voluntarioso, empenhado, colaborante e não tenho mais palavras para o recordar! Desde cedo se dedicou a seguir-me de perto, quando em serviço, na Guiné. Por vezes até eu próprio ficava um tanto encabulado, quando me apercebia que o Celestino havia arrumado as minhas coisas e inclusive limpo a minha G3, após o regresso de qualquer acção de patrulhamento ou operação no mato. Para além disso, coube-me a mim, escrever à família a quem mais uma vez, presto a minha homenagem. Descansa em paz Celestino!

Naquele fatídico dia, o 4.º Grupo de combate estava de Piquete. Quando tal acontecia e havia coluna para Bissau, o Grupo nomeado tinha entre várias atribuições, a protecção à referida coluna, no percurso entre Bula e a jangada, em João Landim. Daí regressando a Bula para outras eventuais intervenções. Razão por que todos os elementos do Grupo de Combate recebiam uma RAÇÃO DE COMBATE.

Contra o que normalmente acontecia, a minha Secção ia na viatura que fechava a coluna. No mato e em bicha de pirilau, era ao contrário, por razões que já contei numa das minhas anteriores Estórias. Eu, como era hábito, ia sentado, nas costas do banco ao lado do motorista e com o pé direito no parapeito junto ao pára-brisas. A cerca de 10 a 12Km do início do percurso, depara-se um buraco na estrada, ao qual o condutor ainda inexperiente tenta desviar-se, travando simultaneamente. Resultado: O condutor ficou sentado no seu lugar, agarrado ao volante. Eu protagonizei a queda mais aparatosa, sendo cuspido por cima do pára-brisas, vindo a cair de pé e em posição de combate (treino feito em Lamego, nos Ranger/s?)!... e nada me aconteceu. Isso sim a todos os ocupantes do banco traseiro. Sete homens espalhados pelo chão.

Pelo rádio, peço logo ao Alferes Gaspar que seguia na viatura da frente e levava o Cabo Enf. Silva, o regresso àquele local, para os primeiros socorros. De imediato se constata que o Celestino teve morte instantânea. De entre os outros feridos, o mais grave era o Cavaco, com a Fita da HK21 enterradas em parte da cabeça (cerca de um ano depois estava de regresso ao Grupo de Combate)!

A viatura regressou a Bula, de emergência, para os serviços médicos do Batalhão, onde já o Furriel Enf. Urbano, juntamente com o médico do Batalhão, recebeu os feridos e atestou o óbito do Celestino. A mim confortado pelo Sampaio Faria e pelo Urbano, restava dirigir-me à Secretaria da Companhia para fazer o resumo da situação. Só não esperava que a primeira pergunta do 1.º Sargento fosse esta:

- Fontinha, onde está a Ração de Combate do homem?

Na altura valeu o habitual sangue frio e bom senso do Sampaio Faria, para que as coisas tivessem ficado por ali.

Não seria justo deixar de mencionar os restantes companheiros de infortúnio. Confesso que me não recordo do nome do condutor, todavia todos os restantes e que para o Hospital de Bissau foram parar, uns por poucos dias, outros para além do Celestino, por períodos mais ou menos demorados. Foram eles: O Cabo Francisco Romão e os Soldados Manuel Matos, António Moreira, Armando Azevedo, Gabriel Monteiro e António Cavaco. Para todos eles, um grande abraço.

Na fila de cima:?; Furriel Castro; Furr. Fontinha; Furr. Chaves; Furr. Urbano. Na fila de baixo: Cabo Francisco Romão; ? ;? ; ?

Um abraço
Jorge Fontinha
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3743: Estórias do Jorge Fontinha (3): O meu Grupo de Combate (Jorge Fontinha)

Guiné 63/74 - P3887: Iniciativas da ADFA em Lisboa (Luís Nabais)

1. A propósito de algumas iniciativas da ADFA (Associação dos Deficientes da Forças Armadas), recebemos esta mensagem do nosso camarada Luís Nabais, ex-Alf Mil da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa 1969/71, com data de 12 de Fevereiro de 2009:

Caro Carlos:
Nós, ADFA, estamos e pensar fazer um almoço/homenagem aos antigos pilotos e mecânicos de aeronaves, que estiveram na Guiné.
Podes publicar, para saber se há interessados?
Pensamos que seja em Abril.
Abraço


2. Hoje, dia 13 de Fevereiro pedimos alguns elementos mais ao Luís Nabais.

Caro Luís Nabais
Claro que sim. Dá-me os elementos mais concretos que tenhas neste momento, como seja por exemplo o local, Lisboa, não?

Um abraço
Carlos


3. Eis a resposta:

Caro Carlos:
É nossa intenção fazê-lo em Lisboa na sede da ADFA.
O Chefe da Força Aérea vai estar lá também, e tenho já confirmados alguns nomes, alguns ex-comandantes da TAP (como o tempo voa, Carlos)!

A data ainda não está definida, embora apontemos para um sábado, como te disse, Abril.

Quero também informar que já temos mais um psiquiatra a trabalhar connosco (dois, agora), que poderão fazer consultas "particulares" (o preço será informado aquando da marcação, caso não tenham ADME), e também Clínica Geral.

Claro que, recordo novamente, não tendo ADM, a consulta será por inteiro, mas são 30€ (com estacionamento e almoço, agora a 4,50 €).

Estou/estamos a envidar esforços para ter muito brevemente estomatologia.
Tentaremos, logo que possível, acordos com ADSE ou outras entidades - não ainda -,infelizmente, mas garanto brevidade!

Abraço
Luis Nabais


4. Comentário de CV:

Realce-se a iniciativa da ADFA em homenagear os bravos pilotos e mecânicos que voaram nos céus da Guiné, que tão relevantes serviços prestaram aos (infantes) militares quem em terra se sentiam mais protegidos com a sua presença lá nos ares e, sabiam que em caso de emergência, aparecia sempre alguém para os evacuar.

Mais uma vez se lembra que os camaradas que apresentem algum sintoma de doença pós-traumática, podem e devem dirigir-se à ADFA para serem encaminhados às entidades competentes que os poderão ajudar.

Tanto os interessados em participar no Almoço de homenagem aos camaradas da Força Aérea, como os que pretendam aconselhamento médico, devem dirigir-se à ADFA ou comunicar co o nosso camarada Luís Nabais, e-mail nabais.luis@gmail.com

Guiné 63/74 - P3886: Tabanca Grande (118): Manuel Maia, ex-Fur Mil, o poeta épico da 2ª Companhia do BCAÇ 4610/72 , o Camões do Cantanhez


Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763 (1965/66) > Os Lassas na abertura da estrada Cufar/Cobumba. Em Novembro/Dezembro de 1972, a 2ª Companhia do BCAÇ 4610/72, de que o Manuel Maia, novo membro da nossa Tabanca Grande, era Fur Mil At, integra as forças de Spínola que vão tentar reconquistar e ocupar o coração do mítico Cantanhez: Cobumba, Chugué, Caboxanque, Cadique, Cafal, Cafine, Jemberém...

Foto: ©
Mário Fitas (2008). Direitos reservados.

1. O Manuel Oliveira Maia fez há dias uma primeira tentativa para entrar em contacto connosco e ser admitido na nossa Tabanca Grande. Não mandou fotos, por que ainda anda às voltas com estas novas tecnologias... É o que deduzimos, de resto, da leitura do seu blogue, MAMOM, aberto em Janeiro passado e contendo já vários postes sob o título "Evocação da Guiné". Diz ele, em jeito de apresentação:

"Tenho 58 anos, sou licenciado em História pela FLUP [Faculdade de Letras da Universidade do Porto] e só agora estou a começar a 'gatinhar' nas novas tecnologias. Por isso mesmo não consigo ainda dominar esta máquina que me tem baralhado. Com o tempo chego lá".

Pois é, Manuel, isso com o tempo (e a teimosia) a coisa vai. Tudo se aprende, haja força de vontade.
Entretanto, recebemos hoje um segunda mensagem do Manuel Maia, que diz o seguinte:

"Português dos quatro costados, apreciador de ditados populares, decidi tomar a nuvem por Juno e utilizar o conhecidíssimo 'quem cala consente', daí o atrevimento de escrever, de forma faseada, aquilo que tinha solicitado há dias e que dá o título a este mail, esperançado em que alguém da companhia possa lê-lo. Desde já o meu muito obrigado".

Pois é, Manuel, a gente não cala mas consente. Isto quer dizer que estás mais do que autorizado, tens luz verde para entrar na nossa Tabanca Grande e sentar-te à sombra do poilão. Com tempo e vagar, mandas-nos algunas fotos e conta-nos por onde andaste, com a tua 2ª Companhia do BCAÇ 4610/72 (já percebi: Bissum, na região de Bula, Cafine, Cafal Balanta., na região do Cantanhez / Cacine..).

E, olha, parabéns, pela arte e engenho de narrar, com humor, os feitos gloriosos dos Terríveis que ousaram penetrar no Santo dos Santos, que era, para o PAIGC, o Cantanhez. Furriel Maia, estás aprovado com 20 valores. São trinta e três sextilhas, ou seja, estrofes de seis versos de dez sílabas métricas. Não os revi todos, mas batem certo: são mesmo decassílabos... Ou não fosses tu um homem de letras, e quiçá um émulo de Camões.... O Camões do Cantanhez!

Fico a aguardar o resto do poema épico, agora a entrar - espero bem - no mítico Cantanhez, lá por alturas de Novembro/Dezembro de 1972, quando o velho Spínola decidiu reconquistar e ocupar essas míticas terras de Tombali, numa prova de força contra o PAIGC: Cobumba, Chugué, Caboxanque, Cadique, Cafal, Cafine, Jemberém... Vou ver depois como chamar a esse novo Cancioneiro... (LG)


2. Assunto - HISTÓRIA EM SEXTILHAS DA 2ª CCAÇ BCAÇ 4610/72


2ª CCAÇ BCAÇ 4610/72, OS TERRÍVEIS


1. Da mais remota aldeia ou simples terra
chegaram aprendizes para a guerra,
à Eborina urbe alentejana.
Três meses lá passados chegou dia
do voo p´ra Guiné que ninguém queria,
p´ra trás ficava o Templo de Diana...


2. Corria o ano dois após setenta,
manhã dia antonino,calorenta,
em terra há corações despadaçados.
No voo baptismal p´ra maioria,
vai tropa dos Terríveis,que escondia,
seus medos peito adentro,bem fechados.


3. Pousada a nave,agreste é a paisagem...
em camiões Berliet se faz viagem
até ao Cumeré, p´ro I.A.O.
Em cada face há rios de suor
vincando esgares e rictos de estupor,
nas rugas desenhadas pelo pó...


4. No Cumeré surgiu nova instrução
com muitos pius saudando a comissão
que ora começavam, coitaditos...
De fardas novas, pele esbranquiçada,
são alvo da chacota e gargalhada
dos velhos que gozavam periquitos...


5. Desajustado,bronco e petulante,
republicano guarda é o comandante
do nosso batalhão de Bissorá.
Destino de Bissum foi libertário
livrando-nos do velho salafrário
a Bula, a administração nos ligará.


6. Bissum passou a ser morada nova
e os nervos aos Terríveis pôs à prova
daí as muitas noites mal dormidas.
Enquanto em casa a música (a) descansa,
no mato ,atirador faz segurança
travando assim as turras investidas...

(a) Pessoal que não ia ao mato


7. A sobreposição foi conseguida,
serena,com quem estava de partida,
de volta p´ra Lisboa, por Bissau.
Pintada fôra a manta com mil perigos
de ataques incessantes inimigos,
buraco...afinal nem era mau...


8. E desse tempo há coisas que ficaram,
partidas/praxe com que nos brindaram,
algumas bem gozadas,vejam bem...
Na messe à noite,em plena cavaqueira
connosco, bem bebido, em brincadeira,
alferes velho,ali,conta vantagem...


9. No mato, embrulhara manga deis...
(recorda pelo menos vinte e seis...)
nalguns sentira mesmo uns sustozitos...
Mostrava o seu galão,com arrogância
ao turra a quem cheirava, inda à distância,
julgando impressionar os periquitos...


10. Aterra no seu braço um vil mosquito
sem respeitar velhice, algo esquisito,
com tanto sangue pira,ali à mão...
A frase foi marcante pois lembrava
que a sua comissão se acabava
e a nossa, acabaria um dia,ou não...


11. Tainadas e petiscos, noite afora,
para empurrar o copo,sem demora
dos piras, p´ra cerveja ,sai a massa...
caçadas p´la velhice, são galinhas
do mato,algo enfezadas, mas durinhas...
que mais não são que abutres p´ra desgraça...


12. O tempo foi passando,devagar,
mais lento que a vontade militar,
até surgir primeiro fogachal...
falhada e curta fôra flagelação
que teve p´ros Terríveis o condão
de ensinamento p´ro perigo real...


13. Primeiro ataque há medo e confusão
que geram caricata situação,
no ar pairavam sustos, grande é o drama...
às quatro morteiradas do inimigo
Terríveis, responderam...do abrigo,
a tiro de espingarda e dilagrama...


14. As balas tracejantes da milícia,
p´ra quem ataque é óptima notícia,
à noite dão um ar de foguetório...
na messe, alto betão protege audazes,
Almeida e Maia,acalmam seus rapazes
formando o grupo frente ao refeitório...


15. Ao pânico de início seguiu logo,
a calma a analisar poder de fogo,
co´a ajuda da milícia sabedora.
Saído da tabanca,Eusébio(b) berra:
- Pára essa merda toda, acaba os guerra
mi misti poupa bala,cá põe fora!!!

(b) milícia


16. Do simples dilagrama, à morteirada,
angústia e raiva ali é despejada,
travado apenas foi grupo terceiro.
Enquanto no quartel,há confusão,
Almeida e Maia formam pelotão
havia que impor ordem no terreiro...


17. Às vezes,lembro aqueles fins de tarde,
a lavadeira ali,fazendo alarde,
dos dotes que lhe deu a natureza...
Bajuda prometida de milícia,
rasgado tem sorriso de malícia,
a torneada Quinta, uma beleza...


18. Coragem mostra ter milícia nova,
por actos de bravura que renova,
a cada compromisso para acção.
Nas notas p´ra Bissau, branca é chefia,
Inchunfla é comandado com mestria,
de cada vez que faz golpe de mão...


19. Milícia velha um dia, por ciúme,
da nova, p´ra quem ronco era costume,
fogueira quis fazer em pleno mato...
a ideia era atrair a turra gente
tomar as suas armas facilmente,
ganhar direito à fama, ao estrelato...


20. Coluna estava imóvel, faz bocado...
de trás, parti, semblante carregado,
à cata do porquê dessa inacção...
- Nós tem que ter fogueira furriel!
Faz frio, manga dele aqi nos pele...
pessoal pá,não guenta a situação
...


21. Está a andar para o quartel,directamente!
Vais lá fazer um fogo que te aquente...
disse eu a Armando, o guia da secção.
- Pessoal tem de ir nos sítio dos bandido
se não vais lá, furriel, ficas fodido,
Armando...pá, faz queixa ao capitão...


22. Cantina foi o ponto de paragem
para aquecer gargantas da friagem
daquela madrugada quase ronco...
Suborno fôra a via que eu usara
travando,com cerveja,a sanha ignara
do pessoal de Armando,guia bronco...


23. Com Marcelino Mata, a lenda viva,
operação fizemos, punitiva,
às tropas inimigas do sector.
Sucesso retumbamte o resultado
do chefe militar, idolatrado,
que olhava os p´rigos, sempre sem temor...


24. Do mato após dois dias regressados,
sofridos, fartos já dos enlatados,
comida,banho e cama são anseios...
Jantar nos negam dando por razão
abono de combate com ração,
sabendo não haver ali mais meios...


25. Do peixe da bolanha e arroz/cimento
que havia alimentado o regimento,
notada foi a ausência do Caseiro.
Já fartos do menú que este dispensa,
Almeida e Maia encontram na despensa
o dito, a comer frango com casqueiro...


26. Com delicado pé, quarenta e cinco,
derruba Almeida a porta chapa/zinco,
com Maia,no apoio,do seu lado.
À guiza de castigo,fica então
contestatário Maia com missão
de vaguemestre,um mês, tendo agradado...


27. Deu frango, em quartos, com batata assada,
ração completamente inusitada,
e vacas extra em compra inolvidável...
A cada copo o preço era espremido,
cigarro tinha acção de lenitivo,
Rebenta Minas(c) fôra inigualável...

(c) Rodrigues


28. Rodrigues, ganadeiro,cá de fora,
que acolitava o Zé (d), a toda a hora,
manteve-se em funções por minha opção.
Provada foi justeza da medida
pois compra à populaça é conseguida
mercê dos seus recursos d´ocasião...

(d) Caseiro


29. P´la vaca são pedidos quatro contos,
cigarro e copo ali ganham descontos,
p´ra reduzir o preço ao animal.
- Mil e quinhentos peso é pouco, pouco...
dou mil,cigarro e copo,não sou louco,
está magra e foi roubada,por sinal...


30. Nos mapas expedidos p´ra Bissau,
Terrivel,capitão daquela nau,
seu nome apunha aos actos mais ousados,
daí governadora rapidez
de olhar o salvador do Cantanhez
em si e seu punhado de soldados...


31. Consolidada a imagem em Bissau,
João Terrível, tido um homem mau
´statuto VIP, granjeou de vez.
Monocular figura,quase mito,
ao empurrá-lo a sul teria o fito,
d´impor a paz na mata Cantanhez...


32. Cafal-Balanta asila meio cento,
garante-lhes espaço/sofrimento,
lugar junto à bolanha, em cova nua.
Dois dias p´ra aramar são preenchidos,
cansados dormirão,enfim,vestidos,
sem tecto,em colchão de ar,a olhar a lua...


33. Indescritível sensação de horror
com noites sem dormir, tal o temor,
desprotegido espaço nos calhara.
A urgência em aramar era ambição,
que todos partilhavam, pois então,
o medo já estampava cada cara...

Manuel Oliveira Maia

[Fixação/revisão do texto/edição: L.G.]

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3882: Tabanca Grande (117): Gumerzindo Caetano da Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331 (Cuntima, 1970/72), que nos lê na Alemanha

(**) Há muitas referências a Cafal no romance do Mário Fitas, já publicado em 'episódios': vd. poste de 28 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2593: Pami Na Dondo, a Guerrilheira , de Mário Vicente (11) - Parte X: O preço da liberdade (Fim)

Guiné 63/74 - P3885: FAP (10): Obrigado, Tenente Piloto Aviador Pessoa (J. Casimiro Carvalho, CCAV 88350, Piratas de Guileje)

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAV 8350 (1972/74) > Março de 1973 > O J. Casimiro Carvalho empunhando, para a fotografia, um RPG 7 usado pelo Grupo do Marcelino da Mata, antes ou depois da operação de resgate do Ten Pilav Miguel Pessoa (*)

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAV 8350 (1972/74) > Março de 1973 > Inauguração do bar de sargentos . O major Coutinho e Lima, comandante do COP 5, está ao centro, de camisola branca, calções e ténis (assinalado com um círculo a vermelho); o Casimiro Carvalho, mais atrás, está de bigode "à Clark Gable" (assinalado a verde). (...). Data: possivelmente, 14 de Março de 1973. Em carta, sem data (presumivelmente, 15 de Março de 1973), o Carvalho escrevia ao pai: "Ontem inaugurou-se o bar de sargentos, muito bonito e acolhedor, com gira-discos e tudo. (...)" (*).

Fotos: © J. Casimiro Carvalho (2009). Direitos reservados.

1. Mensagem enviada ontem à noite pelo José Casimiro Carvalho (ex-Fur Mil Op Esp, CCAV 8350, Piratas de Guileje, 1972/74) ao Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav, Bissalanca, BA12, 1972/74) (O nosso bom amigo e camarada Carvalho não nos levará a mal se a gente divulgar esta mensagem, que é também uma pequena homenagem à FAP e aos bravos de Bissalanca; e o Miguel também não levará a mal esta sobre-exposição... mediática a que ele é avessso: é que também somos um blogue de afectos):

Estou arrepiado. Nem acredito que estou a escrever para o homem que pilotava o Fiat e com quem o meu Cmdt, Cap Abel Quintas, falou através do AVP 1, canal dois, a indicar as saídas do canhão sem recuo (julgo), por parte do IN, e que finalizou assim (eu estava ao lado dele):
- Correcto, rumo 150 (Salvo erro)…

E você seguiu para não mais voltar.

Entretanto chegaram tropas pára-quedistas e o Marcelino da Mata. Eu falei com ele ("him self") e pedi-lhe para me levar e disse logo que sim. Pedi ao Cap Quinats e ele não me autorizou, não obstante o Marcelino da Mata lhe ter garantido que me trazia de volta, nem que fosse "às costas". [Vd. foto em formato pequeno do Carvalho ao lado do Marcelino da Mata, num dos 10 de Junho dos últimos anos, presumivelmente em Lisboa, em Belém].

Claro que a minha tropa (CCAV 8350) fez parte da operação de resgate. O que eu disse a seu respeito (*) foi o que me contaram depois de regressarsmos. Pois disseram que você disse que não se entregava. A farda e o armamento do [Grupo do] Marcelino eram do PAIGC, isso constatei ser verdade. Logicamente, o senhor pensou que fossem "turras". Daí a reacção.

Estive muito perto do local onde o senhor caiu mas não o vi, pois estava a manter segurança (talvez), mas estive lá.

Há uns meses disseram-me que tinha morrido, o que muito me entristeceu. Mas felizmente não é verdade. Fico com o meu coração um pouco mais preenchido, pois para mim você renasceu.

Vocês, para nós, os cá de baixo, foram sempre uns grandes heróis. Ainda me lembro, deppois, em Gadamael, um Fiat ter picado, como nos livros do Major Eduardo Cook Alvega, ter largado uma ameixa daquelas que abanavam os tomates e, para nosso gáudio, ter acabado com uma série de bombardeamentos por parte do IN, pelo menos naquele sítio.

Obrigado FAP, mais uma vez obrigado.
Tenente Pessoa, obrigado.

J. Casimiro Carvalho

__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

9 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3859: FAP (6): A introdução do míssil russo SAM-7 Strela no CTIG ( J. Pinto Ferreira / Miguel Pessoa)

4 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3839: FAP (4): Drama, humor e... propaganda sob os céus de Tombali (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

(**) Vd. poste de 28 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3370: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (6): O nosso querido patacão

(***) Vd. poste de 25 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1699: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (1): Abatido o primeiro Fiat G91

Guiné 63/74 - P3884: Poemário do José Manuel (26): O regresso a Mampatá, 35 anos depois...

Guiné > Região de Quínara > Buba > A LDG carregada com o material da companhia, a CART 6250 (Mampatá, 1972/74), a sair de Buba, a caminho de Bissau, depois de terminada a comissão.

Guiné > Bissau > 1974 > Cinco Furriéis da Companhia dos Unidos de Mampatá num bar em Bissau, a matar o tempo esperando um avião que demorou dois meses a chegar (29 Agosto de 1974)...

Da esquerda para a direita (segundo o Josema): (i) o José Manuel Lopes (Josema), (ii) o Martins, o alentejano vagomestre ("que só nos dava arroz com arroz") , (iii) o José Manuel Vieira, madeirense (que jogou futebol no Porto, Sporting e Benfica dos 15 aos 19 anoso), (iv) o Camilo, de Portalegre, (v) e o dono da ferrugem, o mecânico auto-rodas, o Nina, da Covilhã ("que namorou a mais linda Mampatense do nosso tempo" e que agora vai regresssar à Guiné, juntamente com o José Manuel e o António Carvalho, quer era o furriel enfermeiro, e que não aparece aqui neste grupo).


Fotos: © José Manuel (2008). Direitos reservados

1. Mensagem do José Manuel Lopes (*), com data de 6/2/09:

Boa noite, Luís:

Finalmente uma promessa com quase trinta e cinco anos vai ser cumprida. Dia 20 parto para a Guiné.

Em Agosto de 1974, 26 meses depois de ter chegado, era tempo de regressar.

Cerca de dois meses antes, em Buba, onde embarquei numa LDG a caminho de Bissau, Amadu a todo o custo queria vir connosco, os seus gritos no Cais de embarque só deixaram de se ouvir, quando a LDG se afastou rio abaixo. Sem qualquer hipótese de valer ao desejo do miúdo que durante dois anos viveu ao nosso lado, foi nosso criado, protegido, amigo e aprendeu a ler na Escola de Mampatá, onde o Furriel Simões e eu às vezes ensinávamos o AEIOU.

Quando o cais de Buba se perdeu de vista, tirei o bloco do bolso lateral das calças camufladas e escrevi (**):


É tempo de regressar
às minhas parras coloridas
e ver a água a gelar.
Esquecer mágoas e feridas
e a todos abraçar.
Olho por cima dos ombros,
vejo a mata, lembro Amadu.
E nem tudo são escombros,
há Susana, há Varela,
as ilhas de Bijagós
e a vida pode ser bela
se nunca estivermos sós.
Houve prazer e amor
em terras de Mampatá,
senti a raiva e a dor,
saudades do lado de lá,
a distância e tanto mar.
Mas não há ódio ou rancor
e um dia...vou voltar...



Graças à Tertúlia de Matosinhos, aos Veteranos de Coimbra e à sua Associação Humanitária Memórias e Gentes, vou realizar um sonho antigo. Os relatos do Velhinho Teixeira que nos precedeu em Mampatá e lá regressou o ano passado, me deixaram ansioso. Como ele foi recebido tanto tempo depois!!! As verdadeiras amizades nunca acabam e um pouco de nós ainda lá está.

Comigo vão o Carvalho e o Nina, furriéis da minha companhia e que sempre tiveram uma empatia muito grande com a população de Mampatá, o Carvalho era o estimado Dotô daquela gente, a quem sempre assistiu com muito carinho (***).

Assim dia 20, aí vamos nós. Na próxima semana irei a Lisboa levar uma encomenda de vinho e azeite para 3 Restaurante e dois amigos (clientes), se tiveres alguma lembrança para lá , com muita honra serei teu portador.

Um abraço
José Manuel

2. Comentário de L.G.:

Querido amigo: Encontramo-nos na próxima segunda-feira, conforme combinado. Tens o meu nº de telemóvel: 931 415 277. Não te esqueças do azeite e do vinho que te encomendei.

Bj e abraços para o teu clã. Luís

_____________

Notas de L.G.:

(*) Sobre o nosso camarada José Manuel Lopes, vd. poste de 27 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2585: Blogpoesia (8): Viagem sem regresso (José Manuel, Fur Mil Op Esp, CART 6250, Mampatá, 1972/74)

O José Manuel Lopes foi Fur Mil Inf Armas Pesadas, na CART 6250 (Mampatá, 1972/74). Natural da Régua, é um conceituado vitivinicultor, explorando a Quinta da Senhora da Graça, com sede em Senhora da Graça, 5030-429 Lobrigos (S. J. Baptista), concelho de Santa Marta de Penaguião, distrito de Vila Real, Telef. 254 811 609.

Tem vinhos premiados e partilha o seus néctares com os amigos e os clientes. Tem uma equipa de cinco estrelas: a esposa, Maria Luísa, e uma filha, ainda estudante, e um filho, o Vasco Valente Lopes, promissor énologo, com prémios já ganhos e estágio na Austrália. O nosso camarada faz também turismo rural. É membro da nossa Tabanca Grande desde finais de Fevereiro de 2008 e frequenta, religiosamente, às 4ªs feiras, a Tabanca de Matosinhos.

Vd. ainda o poste de 3 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3165: Os nossos Seres, Saberes e Lazeres (6): Com o José Manuel, in su situ, um pé no Douro e uma mão no Marão (Luís Graça)


(**) Vd. último poste da série > 24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3787: Poemário do José Manuel (25): A Morte

Vd. também o postes de;:

21 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2868: O Nosso III Encontro Nacional, Monte Real, 17 de Maio de 2008 (7): Homenagem a um camarada, poeta e viticultor, o José Manuel

17 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2852: Poemário do José Manuel (14): É tempo de regressar às minhas parras coloridas...

(**) Vd. alguns dos recentes comentários do António Carvalho, no nosso blogue, mostrando grande entusiasmo em relação à sua viagem de regresso à Guiné e à "sua Mampatá":


8 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3853: Apontamentos sobre Guileje e Gadamael (Manuel Reis) (3): Lágrimas no desarmamento dos milícias de Cumbijã, em Agosto de 1974

Caro Manuel Reis:

Estive em Mampatá, Cart 6250, entre 72 e 74. Inaugurámos Colibuía por volta de Maio de 73 e lembro-me de estar lá e ouvir os ataques a Guileje. Colibuía, Cumbidjã e Nhacobá são topónimos da Guiné que nunca esquecerei. Espero rever esses e outros lugares daquela região do Tombali, muito brevemente pois partirei para lá no dia 20 de Fevereiro. Muito gostaria que viesses almoçar com rapaziada da Guiné (ex-combatentes)no próximo dia 11 ou 18 ao restaurante Milho Rei a Matosinhos.

António Carvalho
TLM:919401036
8 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3854: Tabanca Grande (112): Alberto Sousa e Silva, ex-Soldado de Transmissões da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70

Caro camarada Alberto Silva:

Muito grato fico àqueles que, como tu, escrevem sobre os locais da Guiné que também foram e são meus. Estive em Mampatá desde 29 de Julho de 1972 até 23 de Julho de 1974. Se Deus quiser, voltarei a esses locais onde passarei a primeira semana do próximo mês de Março.Se quiseres que leve um abraço para alguém fá-lo-ei por ti. Gostaria muito que viesses almoçar com os tabanqueiros da Guiné, a Matosinhos, numa quarta-feira qualquer. Um abraço. (...)

5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3842: Tabanca Grande (111): José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Guiné 1966/68

Caro Amigo José Brás:

Não te conhecia nem como ex-combatente 'tabanqueiro' nem como escritor de muito mérito. Bastou-me saber que também te castigaram aqueles calores e te sangrou a alma, por aquelas matas e capins de Aldeia Formosa, para ganhar um amigo. Bastou-me ler a análise que fazes daquele conflito, com a razão de quem pensa e a sabedoria de quem repensa, para perceber que estou perante alguém com quem me identifico. Eu ainda não li aquele livro do Coutinho Lima, sendo certo que,desde que comecei a aprender a aceder ao nosso blog, tenho lido tanta coisa sobre a guerra da Guiné que não sei se precisarei de ler o livro. ´

Depois, lembro-me muito bem de estar em Colibua e ouvir aqueles desgraçados a embrulhar uma semana seguida.É certo que se fala das nossas vitórias em Gadamael e Guidage mas, se foram vitórias, foram de Pirro. De facto puseste o dedo no ponto e, por outras palavras eu diria:a guerra não é nenhum projecto de engenharia e tem a ver com pessoas e com povos. Aguentar, sofrer, morrer...até ver quem ganha e quem perde! (...).

Guiné 63/74 - P3883: Fauna & flora (18): Um macaquinho principiante na arte do furto (José Brás)

1. Mensagem de José Augusto Santos Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, com data de 8 de Fevereiro de 2009:

Caros amigos

Para o que for... porque vale o que vale!

Uma pequena contribuição para o tema “macaco cão”.

Na estrada Buba – Aldeia Formosa, quer pela via directa, quer por Nhala, macaco cão era o que mais havia.

A mim dava-me gosto ver-lhes o destemor, a provocação, a dignidade com que nos arreganhavam o dente, a quase sensação de um ataque iminente, não apenas aos espaçados “picadores” que adiantavam as “carroças” (unimogues e gmc’s) mas mesmo a estas.

Por vezes, em trechos já picados, instalavam-se na frente das viaturas, indiferentes, num passo próprio e descuidado, como se a coisa não fosse com eles.

Em 95 (ou lá perto) estive de férias na Guiné, fiz o caminho de Mansoa, Bambadinca, Quebo, Buba, Catió e volta. Um pouco abaixo do cruzamento de Buba encontrei-me com um enorme grupo desse babuínos, armei de herói, pedi que parassem a viatura, andei 100 metros de câmara na mão, tentando convencê-los da nossa amizade antiga. Não “peguei” um único, apenas um susto valente (que não ficou na foto) porque “senti” que as coisas poderiam dar para o torto.

Uma vez… emboscados numa zona abaixo da Chamarra, dormindo e acordando à vez, como vocês sabem, a tropa esperava apenas que clareasse para voltar à Aldeia Formosa com a missão cumprida, cantando por dentro, vivinhos da silva, mais uma sem problemas.

Eu dormia e acordava em intermitência, julgando que o Sol se esquecera de subir.

A dada altura, o escuro da noite dera já num lusco-fusco que anunciava o astro, deitado na orla, dei as costas à zona de morte a inspeccionar o espaço meio-aberto atrás de nós.

Um macaquinho parara muito perto dos primos, hesitante, apalpando o terreno a ver no que davam os avanços curtos, pouco a pouco se chegando aos humanos distraídos, apenas eu, acho, a tentar adivinhar-lhe os objectivos.

Escolheu o vulto do Sargento X que jazia sob o poncho camuflado, vencido pelo sono de uma noite de alerta.

No lugar onde estaria a cabeça do Sargento, parou de novo, olhou, remirou o vulto ali à mão, e à volta sobre os outros vultos.

Quieto, eu, e maravilhado, seguro de que aquele macaco, pela idade pouca, ainda não tinha sido recrutado pelo PAIGC, esperava.

De repente decidiu-se. Vi-lhe nos olhos (ou imaginei que vi) o exacto momento da decisão. Rápido com um corisco, deitou a mão à dobra do poncho, tentando roubá-lo ao Sargento.

Em vão.

Primeiro… porque o poncho era mais pesado do pensara(?);

Segundo, porque Sargento assustado não é para macacadas, saltou, berrou, alertou a mata em redor, quebrando a quietude e o silêncio do sítio e da conveniência, ali, a bem dizer nas barbas do corredor.

E eu ria. Ria baixinho, quase para dentro, apenas. Queria parar e não podia, incapaz de atar a boca e a tensão que se desatava ali, na guerra do macaco e do Sargento.

Entretanto, junto uma (má) fotografia de um gatinho que cresceu nas matas de Mejo e que o caçador da foto agarrou na armadilha e “amansou” no mesmo dia.

A título de informação, informo que poucos dias depois foi o caçador caçado, literalmente cravejado de estilhaços (até na gaita, parafraseando o último texto do Branquinho) numa das flagelações ao lugar.

Não morreu e pouco tempo depois estava de novo em Mejo.

Abraços para todos


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3807: Fauna & flora (17): O macaco das Transmissões do Xime (Sousa de Castro)

Guiné 63/74 - P3882: Tabanca Grande (117): Gumerzindo Caetano da Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331 (Cuntima, 1970/72), que nos lê na Alemanha

1. Mensagem de Gumerzindo Caetano da Silva, ex-Soldado Condutor da CART 3331, Cuntima(*), 1970/72, com data de 7 de Fevereiro de 2009:

Meus caros Luís Graça, Carlos Vinhal e Virgínio Briote:

No último almoço que a minha Companhia (CART 3331) realizou em Peso da Régua em Junho de 2008, tive conhecimento deste grande e interessante Blogue e logo decidi que um dia viria também a enviar as duas fotos e falar um pouco de mim.

Encontro-me na Alemanha desde Abril de 1973, para onde emigrei passados 5 meses após a minha chegada da Guiné.

Com a minha simples 4.ª classe não podem esperar muito deste modesto Soldado Condutor, de nome Gumerzindo Caetano da Silva, natural de Albarrol, freguesia de Pousaflores, Concelho de Ansião.

Embarquei no Uíge no dia 6 de Março de 1971 e cheguei a Bissau no dia 11 à tarde. Depois de alguns dias no Cumeré e nos Adidos, embarquei num batelão civil, Cacheu acima, até Farim. Ali, esperei que uma coluna viesse de Cuntima para me levar até lá. Cheguei a Cuntima no dia 27 de Março de 1971 e ali permaneci até 19 de Novembro de 1972.

Passei por bons e maus bocados como todos quantos por lá passaram.

Um alfa bravo ao Virgínio, porque conhece muitíssimo bem Cuntima.

Fui recompletar a 3331 que já permanecia, desde Dezembro de 1970, na Guiné. Tive a sorte de voltar à então Metrópole com menos 3 meses que os meus camaradas.

Devo dizer que sou um assíduo leitor deste nosso Blogue desde que o conheci. Pena é que se fale pouco do nosso Sector (Farim). Em contrapartida temos do outro lado o Carlos Silva, incansável pelo trabalho que nos vai proporcionando com as histórias daqueles que por ali deambularam. Um bem haja.

Por hoje nada mais já que vos roubei imenso tempo.

Um abraço deste que silenciosamente vai dando conta de tudo.


Vista panorâmica de Cuntima. Uma povoação com gentes de várias origens (não faltavam os comerciantes libaneses).

Foto: © Vítor Silva (2008). Direitos reservados.



2. Comentário de CV

Caro camarada Gumerzindo Silva, bem-vindo à nossa Tabanca Grande. És mais um dos tertulianos que nos acompanha na diáspora. Sentimo-nos recompensados por chegarmos aos camaradas emigrados nos mais diversos pontos do Globo, graças a este mundo maravilhoso da Internete.

Nesta tua apresentação, ficamos a saber muito de ti, mas como te queixas de que neste Blogue se fala pouco do Sector de Farim, tens a oportunidade de tu próprio resolveres a situação. Não te importes com a tua simples 4.ª classe, utilizando as tuas palavras, e manda os teus textos e fotos que tenhas por aí.

Aproveito para te pedir que escrevas o que queres mandar para nós directamente no corpo da mensagem ou que mandes os anexos em formato Word (texto) para facilitar o Copy/paste. Desta vez, deste-me algum trabalho a copiar o teu texto à mão, para depois poder editar, uma vez que o mandaste em formato JPEG, destinado essencialmente a fotografias.

Entretanto podes ver um trabalho do teu camarada Vitor Silva, (ex-1º Cabo da CART 3331), para o que basta clicares em cima do endereço que indico em rodapé

Recebe um abraço da Tertúlia.
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Notas de CV:

(*) Vd poste de 17 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2657: Cuntima nos tempos da CART 3331 (1970/72) (Vítor Silva)

Vd. último poste da série de 12 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3876: Tabanca Grande (116): José F. Moreira, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 2789/BCAÇ 2928 (Bula, 1970/72)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3881: Considerações sobre o P3853: Apontamentos sobre Guileje e Gadamael (Vasco da Gama)

1. Mensagem de Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74, com data de 9 de Fevereiro de 2009:

Camarada e Amigo Manuel Reis,

Sem qualquer ponta de ironia gostaria de te dizer que joguei durante muitos anos futebol e voleibol, mas nunca tive jeito para o ping-pong. Os primeiros são desportos de conjunto com todos os jogadores irmanados no mesmo objectivo e ajudando-se uns aos outros, o tal de pingue pongue é um jogo demasiado individualista para o meu gosto. Quero com isto dizer, que adivinhei alguma mágoa nas respostas que dás no teu Poste 3853, o que significa que as perguntas por mim colocadas poderiam ter ferido quaisquer susceptibilidades. Se te causei alguma mágoa, as minhas desculpas, se interpretei mal o sentido das tuas respostas no teu último poste, as minhas desculpas.

Digo que adivinhei alguma mágoa nas respostas, pois começas logo por afirmar:

1 - Não me recordo de estar contigo "nos teus territórios" de Cumbijã e Colibuia o que me intriga, pois estive lá até 19 de Agosto de 1974, data da entrega do aquartelamento ao P.A.I.G.C.

Duas pequenas observações:

a) - Nunca fui dono de nenhum território, mas tenho muito orgulho no que a minha Companhia fez. Exactamente, de um campo de minas fizemos o que tú vieste a encontrar e fizémo-lo em circunstâncias terríveis, com uma actividade intensíssima sob o ponto de vista operacional, já que saíamos para o mato todos os dias. Para todos os meus alferes, sargentos, furrieis, cabos e soldados o meu muito obrigado. Eu sei que a memória dos homens é muito curta, eu sei que o que foi feito por tantos de nós cairá rapidamente no esquecimento; os sacrifícios, os mortos, os feridos em combate, não passarão à história, mas pelo menos enquanto for vivo hei-de sempre reafirmar o que disse quando comecei a escrevinhar sobre a minha Companhia: Foi para mim uma honra enorme ter comandado tais homens.

b) - Como era possível teres recordações de mim no Cumbijã, se mais à frente no teu texto afirmas e passo a citar o que escreveste: "Durante o meu período de Cumbijã ( Junho, Julho e parte de Agosto de 1974). Tú próprio dás a resposta pois a minha Companhia veio para Bissau em Junho de 1974 e tú andaste por outras paragens, algumas com grande perigosidade, pois a protecção à engenharia na zona de Nhala na construção da nova estrada não era pêra doce. A minha Companhia enviava para lá, sem interrupção, um grupo de combate por peródos variáveis de dez a quinze dias. Recordo-me que conhecíamos muito bem o terreno, o que não impediu que em finais de Janeiro, penso que os Piratas também estavam, tivessemos embrulhado a parecer bem. Nós, Tigres, tivemos dois feridos, mas nesse dia houve um morto e seis feridos.

2 - Dos quatro Comandantes de Companhia que tiveram conheci três, sendo que dois deles estiveram sempre comigo no Cumbijã : O Cap. REIS e o Cap. Santos Vieira. Nenhum deles, e folgo agora ao ter a certeza absoluta, obrigaria a saír para o mato 11 homens, ainda por cima mal armados...
O Cap. Reis veio para o Cumbijã e lá se manteve, julgo que até meados de Março, tendo vindo em sua substituição o Cap. Vieira. Neste período de tempo tú devias estar em Colibuia.

3 - Sobre o B. da C., não me pronuncio pois o que aconteceu é do foro privado. Estou a par do assunto como dizes, pois fui incumbido pelo Comandante do Batalhão de o ir substituir e "apagar o fogo".

4 - Com toda a minha sinceridade, lamento profundamente e demonstrei-o na prática, aquilo a que chamas o estigma de Guileje e de Gadamael.

a) - Quando dizes que um camarada teu ainda por cima companheiro das lutas estudantis de 1969 te aconselhou a saír da sua mesa, na Messe de Oficiais em Bissau, porque a tua presença o podia comprometer, meu caro Reis, só tinhas que lhe dar dois murros no focinho. Juro-te que eu o teria feito.

b) - Eu tinha conhecimento das dificuldades que a Vossa Companhia foi obrigada a suportar e digo-o com toda a franqueza que tive algum receio da sua vinda para (cito outra vez) "para os meus territórios de Colibuia e Cumbijã". Falei com os meus homens e fiz-lhe ver que poderíamos ter sido nós a sofrer o que os Piratas sofreram; exigi-lhes que não houvesse qualquer tipo de provocação. Penso que os Piratas foram sempre respeitados "no meu território". e que as cenas de pugilato que dizes terem existido em Bissau foram substituídas por uma sã camaradagem e rápida integração no espírito de grupo que sempre reinou no Cumbijã. Era a nossa obrigaçao.
O Cap. Reis dormia no meu "quarto", os oficiais furrieis e praças tinham rigorosamente as mesmas instalações que os nossos até porque no mato há sempre lugar para mais um.
O nosso comum amigo Seabra diz no seu último escrito à Tabanca " Só tenho duas fotografias da Guiné, ambas no Cumbijã, gozando da hospitalidade do nosso amigo Vasco da Gama". Aproveito para lhe agradecer as palavras e dizer que não fiz mais do que a minha obrigação. O mato não tem a ver com Bissau, como os mapas nada têm a ver com os terrenos...
Quando se gosta das pessoas falamos/escrevemos durante mais tempo; foi o que me aconteceu caro Manuel Reis.
Termino, informando que vou anexar três fotografias.

P.S. Aparece. Eu não consigo guiar à noite. Tel.309892352
Um abraço para todos do camarada e amigo,

Vasco da Gama


Quase todos os oficiais das CCav 8350 e 8351, separados pelo Comandante do Batalhão de periquitos Ten Cor Ramalheira.

Também no Cumbijã, da esquerda para a direita, o Cap.Vieira, quarto comandante da CCav 8350, o Gama o Alf. Abundâncio e o Alf. Neto (Periquito, mas Tigre).

Cap.Reis e eu. Por trás um grupo de regresso da picada de Nhacobá. Distingo por trás de nós no chão o furriel da minha Companhia o meu querido amigo João Azambuja Martins.
__________

Nota de CV:

Vd. poste de 8 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3853: Apontamentos sobre Guileje e Gadamael (Manuel Reis) (3): Lágrimas no desarmamento dos milícias de Cumbijã, em Agosto de 1974

Guiné 63/74 - P3880: Blogoterapia (91): Eu, Ranger, me confesso: todos iguais, todos diferentes (Paulo Salgado / Magalhães Ribeiro)

Guiné-Bissau > Maqué > 26 de Fevereiro de 2006 > " O mais belo poilão que conheço da Guiné" (Paulo Salgado, ex-Alf Mil Op Esp, sentado, ao lado do ex-1º Cabo Moura Marques; ambos pertenceram à CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72; o comandante da companhia era o Cap Cav Mário Tomé ) (*)

Guiné-Bissau > Região do Cacheu > Estrada S. Domigos-Varela > Edjim (ou Igim, de acordo com o mapa geral da Guiné, de 1961)> 10 de Fevereiro de 2006 > O Paulo Salgado, administrador hospitalar, cooperante, com um colega do Hospital Nacional Simão Mendes, à beira do Rio de Edjim, conversando com um antigo soldado guineense, apanhador de ostras. (**)

Guiné-Bissau >Olossato > 26 de Fevereiro de 2006 > O Grão-de-bico, ontem criança, hoje Homem Grande, pai de filhos, reencontra o Moura Marques e o Paulo Salgado... (*)

Fotos: © Paulo Salgado(2006). Direitos reservados


1. Do nosso camarada e amigo Paulo Salgado, que tem andado arredio do blogue (por viver e trabalhar neste momento em Angola) (Juntei três pequenos mails que ele me enviou nos primeiros dias de Fevereiro; e daqui vão as nossas melhores saudações bloguísticas).

Viva, Luís Graça,

Como dizem os brasileiros que por aqui pululam, nesta Angola que tanto cativa, que tanto apela ao negócio, e que seria um bom laboratório para a tua área: faz tempo!

Na verdade, ainda estou por Luanda, julgando que ajudo, julgando que querem o meu trabalho, julgando que há possibilidade de me sentir útil.

(...) Da celeridade que pões nos assuntos, do teu empenho e do teu sentido de solidariedade - ninguém pode duvidar. Já não assim do meu desleixo face ao que prometi quando almoçámos na Escola faz um ano. E também tenho sido um miserando bloguista! (...)

Põe lá este (pouco) saboroso naco de prosa, por favor. A propósito de uma mensagem de um 'ranger'.

Paulo Salgado


Já há muito que não escrevo nada para o blogue que o sempre sereno Luís Graça iniciou com tanta humildade intelectual. Por vezes somos confrontados, camaradas, com opiniões diversas - o que é absolutamente salutar. Afirmei isto, por diversas ocasiões, em 2005 e 2006, na altura presente na Guiné em trabalho de cooperação, a propósito de encararmos as actividades das NT e do IN sob diversos ângulos, e tive mesmo oportunidade de contar episódios concretos (ainda que não descritos na sua totalidade pelo respeito que a História me merece), os quais eram narrados de forma diferente pelos militares que participavam numa emboscada, num patrulhamento, num golpe de mão, ou caíam numa emboscada ou eram alvo de ataques ao aquartelamento.

Para mim, isto não é ciência nem representa qualquer melindre. Faço um parêntesis para vos dizer que na guerra de 14-18 estiveram dois homens da minha aldeia, juntos no norte de Moçambique, jovens que eu já conheci idosos, como é óbvio, e de que guardo recordações de grande humanismo. Pois bem: mesmo estando juntos na mesma guarnição lá junto do Rovuma, as histórias que contavam eram sempre diferentes...apesar de vividas lado a lado. As coisas relatadas dependem do clima emocional, da capacidade de olhar para as coisas, que sei eu?!

Mas vamos ao caso deste camarada [, Magalhães Ribeiro]: o de os ditos operações especiais não serem referidos nas crónicas dos bloguistas. Tem razão na mágoa que sente, ao não serem falados, julgo mais por esquecimento do que por acinte.

Eu fui Alferes Operações Especiais, comandei a companhia alguns meses, sofri como o caraças, tive medo que nem imaginais, participei em patrulhamentos e outras acções mesmo sem o meu grupo de combate. Não me sentia superior, em nada, aos outros camaradas alferes. Talvez sofresse mais, pelo menos antes das acções, pois sabia de antemão o que se iria passar nos dias seguintes e nas operações que desciam do Alto Comando em Bissau. Talvez sofresse mais pela responsabilidade de comandar 150 camaradas na ausência do Mário. Porra, noites sem dormir...

Havia um furriel que andou comigo em Lamego - nutríamos uma relação de proximidade, e ele gostava de dizer que era ranger... Era compreensível, julgo.

Por isso, camarada Ribeiro, não te zangues, os bloguistas vão repor os factos e relembrar que havia lá uns rapazes que tinham andado em Lamego, e que sem serem melhores, eram diferentes.

Mantenhas pa tudus. Salgado

Post scriptum: a espaços retomarei o meu lugar de bloguista,com vossa licença, sobretudo para falar de aspectos não militares que emolduravam a nossa presença na Guiné, que acabei por calcorrear meses e meses (anos até) como cooperante, sem ressentimentos, do meu lado e do de muitos combatentes que vim conhecer nas tabancas do Morés, de Buruntuma, de Mansoa...


2. Mensagem que circulou pela nossa Tabanca Grande, em 3 do corrente, enviada pelo nosso camarada Eduardo Magalhães Riberio, o pira de Mansoa (Trabalha no Porto, vive em Matosinhos; fez parte do 4º turno de 1973 do Curso de Operações Especiais/RANGER; missão na Guiné em 1974; criador e editor do blogue COISASDOMR > OPERAÇÕES ESPECIAIS/RANGERS DE PORTUGAL/GUERRA DO ULTRAMAR).

Asunto - O novo site da Guerra do Ultramar/Colonial (***)

Amigos bloguistas,

Já dizia o meu falecido pai (Sargento do Exército Português durante cerca de 50 anos), que "Quem não se sente, não é filho de boa gente". Ora, como eu penso que sou, aqui vai:

O nosso camarada/bloguista Pedro Lauret lançou e bem, digo eu, um poste que recebeu a referência P3829, onde se convida o pessoal para a apresentação do novo sítio da Guerra do Ultramar/Colonial, com o endereço: http://www.guerracolonial.org/(***).

Para vos ser franco, após uma primeira análise, para MIM (mim em letras maiúsculas para frisar que esta é uma opinião pessoal), nada traz de novo, é só mais um site, e passo a explicar porquê.

Dizem os camaradas que estiveram na guerra e, se calhar com muita razão, que os RANGERS/Operações Especiais eram, salvo raríssimas excepções, extremamente discretos.

Esta discrição, chamem-lhe qualidade ou defeito, é, ainda nos dias de hoje, incutida na instrução em Lamego, por motivos óbvios e inerentes à própria especialidade, e porque as missões a que eram destinados assim o impunham.

E se, por exemplo, os temíveis COMANDOS, os formidáveis PÁRA-QUEDISTAS, e os não menos terríveis FUZILEIROS eram treinados a nível de companhia, e assim permaneciam em actividade até ao fim das suas comissões, os RANGERS eram disseminados pelos diversos batalhões e companhias, de infantaria, cavalaria, etc. (****).

Muitos já no Ultramar, por convite ou voluntariado, integravam os famigerados e eficazes Grupos Especiais e Grupos Especiais Pára-quedistas, tanto em Moçambique, como Angola e na Guiné.

Não vou aqui falar dos feitos dos RANGERS, tanto nas companhias como nos diversos batalhões, nem sequer nos grupos especiais, que são sobejamente conhecidos por todos aqueles que passaram pela guerra, e porque há conceituadas altas patentes militares bem mais habilitadas para o fazer do que eu.

O que me surpreende e aos milhares de RANGERS que prestaram serviços de suma relevância nas 3 frentes da guerra, é que tanto o presente site, como os livros, as reportagens, etc. sobre o assunto Guerra do Ultramar/Guerra Colonial, são omissos, ou por ignorância, ou por outro motivo qualquer, na parte que lhes devia tocar, no tratamento da parte dedicada às tropas especiais.
Talvez por este motivo os meus camaradas desta especialidade, os seus familiares, simpatizantes e amigos, quando são chamados a ver estas coisas limitam-se a um encolher de ombros e a soltar uma, ou mais palavras de depreciação e desprezo.

Eu só digo:
- É pena ver isto tão incompleto!

Eduardo José Magalhães Ribeiro
Ex-Furriel Mil Operações Especiais/RANGER
CCS/BCAÇ 4612/74 - Mansoa/Guiné (1974)
_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCI: Crónicas de Bissau (ou o 'bombolom' do Paulo Salgado) (12): reviver o passado em Olossato

(**) Vd. poste de 30 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXI: Estrada de São Domingos: as minas de ontem e as de hoje (Paulo Salgado)

(***) Vd. último poste da série Blogoterapia > 1 de Fevereiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3874: Blogoterapia (90): Natal é quando o Homem quiser (Santos Oliveira)

(****) Vd. sítio Guerra Colonial (1961-1974)> Forças Portuguesas

Guiné 63/74 - P3879: FAP (9): Jorge Caiano, ex- 1º Cabo Esp Melec, BA12, 1969/70, no Canadá desde 1974

Guiné > Bissalanca > BA12 > O 1º Cabo Especialista Melec Jorge Caiano (1969/70) > A bordo de um Heli Al III. Era Melec e voou com o Alf Mil Pil Francisco Lopes Manso, tragicamente desaparecido no Rio Mansoa, em 25 de Julho de 1970 (*). (LG)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Maninga > 1970 > No dia do juramento de bandeira da 1ª Companhia de Comandos Africanos, a que assistiu o Gen Spínola. O Alf Mil Pil Ramos deixa-se fotografar com os oficiais (graduados) da Companhia: na primeira, ao lado do piloto Ramos, o Alf Cmd Justo; de pé, na segunda fila, da esquerda para a direita, o Alf Cmd Saiegh, o Alf Cmd Sisseco, o Major Leal de Almeida, supervisor da companhia, o Cap Cmd Bacar Jaló, comandante da companhia, e o Alf Cmd Agusto Sá.

Segundo me confirma o Virgínio Briote, nosso co-editor (**), o Augusto Sá, o Sisseco e o Justo fizeram operações com ele, integrando o Grupo Cmds Vampiros (o Justo e o Sisseco) e o Gr Cmds Centuriões, ambos pertencentes aos primeiros comandos da Guiné (1965/66), de que o nosso Mário Dias foi instrutor. Pedi também ao Jorge Cabral, régulo de Fá Mandinga na época (***), para me confirmar a legenda desta foto. (LG)

Algures em Portugal, c. 1968 ou 1969, os 1ºs Cabos Especialistas e amigos Jorge Caiano (à esquerda) e Manuel do Rosário (à dierieta). O Jorge é natural de Pombal e o Manuel do Rosário é natural da Lourinhã (curiosamente ainda somos parentes, a avô materna dele e o meu avô paterno eram primos direitos; além disso, somos da mesmao geração e ainda andámos juntos na escola). (LG)

Fotos: © Jorge Caiano (2009). Direitos reservados

1. Mensagem do Jorge Caiano, que vive no Canadá, perto de Toronto, e que foi 1º Cabo Espec Melec da FAP (Guiné, Bissalanca, BA12, 1969/70) (*):

Caro Luís

Desculpa o atraso desta email, mas, e com diz o nosso povo, "mais vale tarde do que nunca".

Hoje ao entrar na Tabanca Grande, deparei que tinhas colocado no blogue toda ou quase toda a conversa telefónica que tive contigo. Desde já os meus agradecimentos. Só uma pequena correcção(não tem muita importância): eu era Melec, mec elec/instrumentos, não MMA.

Algumas fotos dos meus tempos na Guiné 1969/1970:

As do heli que se despenhou [no Rio Mansoa,
em 25 de Julho de 1970, e em que perdeu a vida o Alf Mil Pil Francisco Manso, mais um capitão do Exército e quatro deputados da Nação] (*) , com o passar dos anos estão coladas no álbum.

Não tive outra alternativa senão tirar uma

foto.

Outra é dos Comandos Africanos, penso que os reconheces. Esta foto foi tirada, salvo erro, quando juraram bandeira, muito perto de Bambadinca, com a presença do General Spínola. O piloto que está na foto é o Ramos,
se a memória não me falha.

Nas outras fotos, sou eu e o teu conterrâneo Manuel do Rosário.

Talvez sábado ou domingo telefono.

Um grande abraço
Jorge Caiano

2. Comentário de L.G.:

Obrigado pelo teu mail e pelas fotos. Procurei ser fiel ao teor da conversa que tivémos ao telefone, no passado dia 31 de Janeiro. Desculpa o lapso em relação à tua especialidade. Vou corrigir.

O mais importante é que possas estar, a partir de agora, ligado à nossa caserna virtual, a que chamámos Tabanca Grande, e onde se reúne malta que esteve na Guiné durante o tempo da guerra colonial (1963/74), independente do posto, da arma, da especialidade, da origem, do ano, da idade, ou da actual condição social ... Sê bem vindo.

Obrigado também pela foto do Manuel do Rosário, meu amigo e parente: sabes que há uns anos atrás ele teve um grave acidente, com um camião TIR (de que era condutor), em França (julgo eu), onde ía perdendo a vida (e, no mínimo, perdeu um braço)... Tens tido notícias dele ? Quando eu o vir, na Lourinhã, vou dar-lhe um abraço teu. Seguramente que irá ficar feliz por saber notícias tuas. E tu, vai aparecendo, camarada. Um Alfa Bravo. Luís

____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

11 de Fevereiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3875: FAP (8): O meu saudoso amigo e camarada Francisco Lopes Manso (Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref)

10 de Fevereiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

(**) Mail de hoje, do vb:

Caro Luís,

No seguimento da nossa conversa, revi com mais calma as fotos que tenho dos cmds em 1965/66. Tenho ainda umas, à volta de meia centena, que ainda não descobri onde param e que respeitam a um momento "histórico", que foi os primeiros treinos com os helis, penso que a partir dos finais de 65, princípios de 66.

Essas fotos, que ainda tenho presentes, foram tiradas por alguém do Dest Foto-Cine do QG, mostram o Gr Cmds Vampiros em treinos com os Allouettes. Na que me enviaste, confirmo: o 2º da esqª, [na 2ªfila, de pé,] é o Adriano Sisseco. Quando o conheci em 65 era soldado do Gr Cmds Vampiros; o último da direita, ainda que não totalmente seguro, parece-me o Augusto Sá, do Gr Cmds Centuriões em 65; o 2º da esquerda, em baixo [1ª fila], é o Justo Nascimento. Um abraço. vb

(***) O Jorge Cabral também confirma:

Amigo Luís!
Claro que estava lá. Ao lado do Saieg, creio ser o Sisseco. Foi nesse dia a única vez que andei de helicóptero como relatei na minha estória "O meu momento de glória"-P.1857 (****).

Conheci pois o Ramos e o Caiano.

Abraços para ambos.
Jorge Cabral

(****) Vd. poste de 19 de Junho de 2007 >
Guiné 63/74 - P1857: Estórias cabralianas (24): O meu momento de glória (Jorge Cabral)

(...)

Manga de ronco, Pessoal! Spínola veio a Fá, visitar os Comandos Africanos e praticamente toda a população das Tabancas vizinhas compareceu. Homens e Mulheres Grandes, belas Bajudas, e muitas, muitas crianças.

A Pátria, pois então… E uma Guiné melhor.

O Caco entusiasmou-se. Tanto, que optou por ir de viatura para Bambadinca. E lá partiu em coluna, comandada pelo Capitão João Bacar Djaló.

Claro, mais um banho de multidão…

Quanto ao Helicóptero, foi mandado para a Sede do Batalhão, tendo eu pedido boleia, pois nunca experimentara voar numa nave daquelas.

Simpático, o Piloto acedeu, e antes do destino, sobrevoou Missirá, o Enxalé e o Xime, que do ar, pareciam apenas clareiras rodeadas pela floresta.

Ao descer sobre Bambadinca, apreciei a nervosa azáfama lá em baixo. À pressa, o Tenente- Coronel Comandante, os Majores, Segundo Comandante e Oficial de Operações, dirigiram-se para o local de aterragem, a fim de receber Sua Excelência.

O Helicóptero poisou. Saí e deparei com todos eles perfilados, em continência. Correspondi então, dizendo:
- À vontade, meus Senhores... Por mim, só vim beber um uisquinho...

Jorge Cabral


Sobre os comandos africanos, vd. enter outros os seguintes postes

:11 de Julho de 2005 >
Guiné 69/71 - CIII: Comandos africanos: do Pilão a Conacri (Luís Graça)

23 de Maio de 2006 >
Guiné 63/74 - DCCLXXXIV: Lista dos comandos africanos (1ª, 2ª e 3ª CCmds) executados pelo PAIGC (João Parreira)

19 de Fevereiro de 2007 >
Guiné 63/74 - P1536: Morreu (1)... Barbosa Henriques, o ex-instrutor da 1ª Companhia de Comandos Africanos (Luís Graça / Jorge Cabral)

19 de Março de 2007>
Guiné 63/74 - P1611: Evocando Barbosa Henriques em Guileje (Armindo Batata) bem como nos comandos e na PSP (Mário Relvas)

2 de Abril de 2007 >
Guiné 63/74 - P1640: A africanização da guerra (A. Marques Lopes)

20 de Maio de 2007 >
Guiné 63/74 - P1769: Estórias do Gabu (4): O Capitão Comando João Bacar Jaló pondo em sentido um major de operações (Tino Neves)

Guiné 63/74 - P3878: Historiografia da presença portuguesa em África (17): O sítio Memória de África ® (Afonso Sousa)

O nosso camarada Afonso Sousa, ex-Fur Mil Trms, CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70), e que vive hoje em Ovar, mandou-nos a seguinte notícia sobre um precioso recurso, disponível na Net, que se chama Memória de África, incluindo a sua biblioteca digital.

Trata-se de uma iniciativa da Fundação Portugal África, ligada à Universidade de Aveiro, bem como do CEsA - Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento (ISEG / UTL).

1. MEMÓRIA DE ÁFRICA ®

Começou por ser uma biblioteca virtual, reunindo as referências da memória dos conhecimentos em arquivos, centros de documentação, bibliotecas e ficheiros de instituições, individuais e organizações relacionadas com a temática do desenvolvimento e cooperação com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), bem como a colocação on-line de obras raras ou únicas de difícil acesso com software que possibilite a pesquisa dentro dos textos.




Logótipo e imagem do projecto Memória de África (com a devida vénia...)

O acesso a essa biblioteca virtual faz-se gratuitamente e via Internet de qualquer ponto do mundo, por qualquer pessoa.

Pretende ser um repositório de toda a informação relativa aos PALOP desde o início do século XX até aos dias de hoje ... Onze anos depois do lançamento, a biblioteca virtual do projecto Memória de África já conta com perto de 200 mil títulos considerados património comum de Portugal e dos países africanos lusófonos, e em breve do Brasil também.

Entre os últimos acrescentos ao espólio está a Colecção de Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique (1929), de José dos Santos Rufino, ou o acervo do Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe, onde se encontram, por exemplo, as fichas de identificação dos antigos colonos quando estes chegavam à colónia e outro tipo de documentação a partir da qual é possível traçar o percurso cronológico individual de um colono ou trabalhador desde a sua entrada na colónia até ao seu repatriamento.

Entre os documentos há mais tempo resgatados, na maioria de colecções particulares, é possível encontrar algumas curiosidades como O Meu Primeiro Livro de Leitura, publicado na então Guiné Portuguesa, de meados do século XX, ou a Didáctica das Lições do Primeiro Ano do Ensino Primário Rural, da colónia de Angola.

Podes visualisar (mas não copiar...) todas as páginas de todas as publicações. Convém, no entanto, lembrar que os materiais disponibilizados na Memória de África ® encontram-se abrangidos pela Lei dos Direitos do Autor. Os responsáveis da página fazem questão de lembrar que "a Lei dos Direitos do Autor não permite que se façam cópias de material protegido", e que "q pessoa que cometa qualquer infracção à lei pode ser demandada em tribunal".

2. Lista das Colecções digitalizadas e disponíveis 'on line'

Pretende-se, entretanto, que a Memória de África deixe de ser uma biblioteca virtual, com apontadores para os locais onde as fontes se encontram, passendo também a ser uma biblioteca digital, ou seja, que disponibiliza os conteúdos na forma digital.

Esse repositório será denominado Memória de África Digital.
Vejamos agora as pincipais colecções que constituem essa biblioteca digital:
Álbuns Fotográficos e Descritivos da Colónia de Moçambique - Colecção de dez álbuns de fotografias datados de 1929.
Boletim Cultural da Guiné Portuguesa - O Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicou durante 28 anos, entre 1946 e 1973, 110 números do Boletim Cultural da Guiné Portuguesa.
Boletim da Agência Geral das Colónias - O Boletim da Agência Geral das Colónias foi o órgão oficial da acção colonial portuguesa, tinha como objectivo "fazer a propaganda do nosso património colonial, contribuindo por todos os meios para o seu engrandecimento, defesa, estudo das suas riquezas e demonstração das aptidões e capacidade colonizadora dos portugueses".

Boletins dos Serviços Económicos do BNU - Entre os anos 40 e 70 do século passado, os Serviços Econónicos do Banco Nacional Ultramarino foram responsáveis pela manutenção de duas publicações periódicas de carácter económico: o
Boletim Semanal e o Boletim Trimestral, com um volume aproximado de 14.000 páginas repartidos pelas duas publicações.
Cadernos Coloniais - Colecção de setenta obras publicadas entre 1935 e 1941 com descrições sobre as colónias do Império português de então e com biografias de alguns dos heróis da colonização e África.
Colecção de Gravuras Portuguesas - Colecção de reproduções fotográficas publicada entre os anos quarenta e setenta do século XX.
Colecção de livros escolares - Colecção de Livros Escolares destinados ao programa de escolarização das populações rurais africanas na década de sessenta do Séc. XX que foi concebido e desenvolvido sob o lema "Levar a Escola à Sanzala". Este conjunto de obras foi cedido para digitalização, na sua maioria, pelo Dr. Amadeu Castilho Soares.
Colecção do Arquivo Histórico de S. Tomé - Espécimens de um vasto acervo fotográfico e arquivístico existente no Arquivo Histórico de S. Tomé. Desta vasta colecção foram digitalizados um número muito reduzido de fotografias e fichas de arquivo de modo a tipificar a riqueza daquele património.Foi ainda digitalizado o livro Le main d' oeuvre a S. Thomé et à l'Ille du Prince, onde são apresentados os extractos da conferência que ocorreu em 11 de Fevereiro de 1911 sobre o tema.
Colecção do Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento (CESA) - Colecção de Artigos e Estudos Científicos do Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa
Colecção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) - Esta colecção, neste momento com catorze obras, foi cedida para digitalização pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Portugal). Estas obras versam sobre matérias de diversos ramos da engenharia civil com enfoque especial na realidade dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, particularmente Angola e Moçambique.
Colecção do Museu do Dundo (Companhia de Diamantes de Angola / Diamang) - Colecção de publicações culturais do Museu do Dundo, Companhia de Diamantes de Angola (DIAMANG). A sua publicação iniciou-se em 1946.
Colecção João Vário - João Vário é um dos pseudónimos de João Manuel Varela que nasceu na cidade do Mindelo, ilha de S. Vicente, em Cabo Verde a 7 de Junho de 1937, local onde veio também a falecer em 7 de Agosto de 2007. Utiliza ainda os pseudónimos Timóteo Tio Tiofe e ainda G. T. Didial.
Floras de Cabo Verde - Neste momento estão disponíveis cinquenta e três títulos pertencentes a esta colecção.
História Geral de Cabo Verde - Colecção de três livros publicada pelo Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT) com a História geral de Cabo Verde. Estão disponíveis em formato digital os três volumes. O Vol III está esgotado.
Plantas Medicinais da Guiné-Bissau - Livro com uma colecção de floras medicinais da República da Guiné-Bissau.
Esta obra (que está esgotada) foi cedida à Memória Digital pela AD - Acção para o Desenvolvimento (Guiné-Bissau) e pela ACEP - Associação para a Cooperação entre os Povos (Portugal).


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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 27 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3804: Historiografia da presença portuguesa (17): A Exposição Histórica da Ocupação: A Guiné (Beja Santos)