sexta-feira, 7 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12803: Manuscrito(s) (Luís Graça) (24): O inferno do Xime: à memória do Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), ex-cmdt da CART 2715 (Xime, 1970/71)

O inferno 
da antiga picada 
do Xime-Ponta do Inglês




por Luís Graça







À memória do Vitor Manuel Amaro dos Santos  
(22/11/1944-28/2/2014), 
ex-cmdt da CART 2715 (Xime, 1970/71);
e aos nossos bravos camaradas 
Cunha, Ribeiro, Soares, Monteiro, Oliveira e Camará,
caídos em combate, 
na Op Abencerragem Candente, Xime, 
em 26/11/1970.



Não havia nada, na antiga estrada
do Xime-Ponta do Inglês,
ligando o Geba ao Corubal.
Não havia nada naquele lugar
que era de tormento,
àquela hora mortal da madrugada.
Nada, onde um homem
pudesse afogar a sua sede,
matar a sua fome,
aliviar o seu sofrimento,
espantar o seu medo.
Nem sequer um banco de pedra
como aquele em que agora me sento,
frente ao Tejo, 
fresco, límpido, matinal,
e onde alguém escreveu, em letra garrafal: 

Amo-te, Marta, és a razão do meu viver!

Hoje estou à beira Tejo
e não vou a caminho da Foz do Corubal.
O Tejo corre para o Atlântico,
e o Corubal para o Geba.
Em Lisboa tenho o azul do céu,
que é o azul do desejo
e, dizem, o azul mais puro do mundo.
No Geba, tenho uma G3,
tarrafo, lodo, merda,
dois cantis, 

duas granadas,
um céu de bronze,
e mil e uma razões 

para (sobre)viver.


Nem poderia haver
nenhum banco de pedra,
nem nenhum jardim,
nem nenhuma Marta à minha espera.
Nem muito menos nenhuma Marta
que fosse a minha razão de viver.
Quando muito, um fantasma,
surgido do cacimbo matinal,
por detrás do baga-baga, 
armado de Kalash!

Não tinha, de resto, nenhuma razão de viver,
raison d’ètre

diria a minha copine,
se eu fosse refratário, ou desertor,
e tivesse dado o salto para França.
Não tinha nenhuma razão de viver, 

não, senhor,
nem de morrer,
nem de matar,
não tinha sequer nenhuma razão
para estar ali, 
àquela hora.

Não, não havia nada na antiga picada, 
abandonada,
do Xime-Ponta do Inglês.
Nem um pub irlandês
com a ruiva Guiness, delambida,
a piscar-te olho, 
a ti, herói português, 
com um improvável genoma celta.
Nem sequer uma tasca afadistada
da tua saudosa Lisboa da Mouraria,
com a perna da morena, 

 esbelta,
a faca na liga, 
deixando antever, 
lânguida,
os doces mistérios da sua floresta-galeria.

Não, não havia nada,
nem uma decrépita gasolineira
dos filmes do Faroeste da tua infância,
onde abastecer a tua Daimler,
salta pocinhas, minas e armadilhas,
em que ias de Bambadinca ao Xime,
simplesmente para beber uma cerveja,
ou por pura bravata,
noutra estação, 

noutra paragem,
sem escolta nem picagem,
num jogo de roleta russa.
Nem muito menos a Marta-Mátria,
republicana e laica, 
verde e rubra,
de peito feito às balas,
dando a volta à cabeça dos rapazes,
mancebos, 

de viril membro,
em passada a Festa das Sortes,
na Feira Grande de Setembro,
Vai mais um tirinho, ó freguês!

Não, não havia nada,
nem sequer uma simples mulher,
uma fêmea de larga bunda,
ou até uma simples mulher polícia sinaleira,
cata-ventos, 

bailarina,
redondinha, 

assexuada,
de pelo na venta 

e apito na boca,
no cruzamento dos quatro caminhos.

Não, já não vou de G3 em punho,
em defesa da honra das donzelas
da minha Pátria, 
chamem-se elas
Marta ou Mátria!
Não, já não vou, 
cego, surdo e mudo,
a correr, disposto a morrer,
com ganas de gritar Pátria ou Morte!,
na velha picada, abandonada,
do Xime-Ponta do Inglês 

onde não havia nada,
nem ao menos um tosco espanta-pardais,
especado no meio do capim,
em vez do campo de mancarra do fula.
Ou do teu jardim, 

do teu Éden.
Ou até uma simples seta,
de pau tosco,
a apontar a meta,
a apontar-te a direção do inferno,
a maldição bíblica do pecado,
omnipresente, 
obsessivamente eterno.

Havia, apenas, o fim da picada,
o mal absoluto,
o inferno.
À minha espera, 
à nossa espera.
Às 8h45 da manhã 

do dia 26 de Novembro
de mil novecentos e setenta.
Da era de Cristo.
… E Conacri ali tão perto!

O caminho mais curto para o inferno ?
Não o vês, ó bravo soldado português?!,
a picada, abandonada, do Xime-Ponta do Inglês,
onde Cristo seguramente nunca parou
nem amou, 
nem penou,
nem sofreu, 
nem pecou,
nem muito menos rezou.
O teu Cristo etnocêntrico, judeu, semita,
que nem sequer era caucasiano,
e nem muito menos sabia 

onde era a Senegâmbia
ou sequer o Império do Mal(i).

Pensar global, 
sonhar alto, 
agir local,
meu sacana…
Ou melhor ainda: não pensar, 
muito menos sonhar,
tiro instintivo, 

a varrer o capim.
Eis a ordem do capitão 

que tem acima o major,
na sua avioneta, 

no seu PCV,
e no topo o general, 
o Com-Chefe, 
o Caco Baldé,
Herr Spínola, 
o Homem Grande da Guiné.

E à frente de todos,
com o seu inseparável cachimbo,
o Seco Camará, 

seco de carnes, 
velho e valoroso guia das NT,
pau para toda a obra, 
cão rafeiro, 
cão de fila, 
sábio e matreiro,
mandinga do Xime,
herói da minha galeria de heróis,
verdadeiro líder, 
etimologicamente falando,
aquele que vai à frente mostrando o caminho.
E que vai morrer.

Nesta guerra de baixa intensidade,
não dês vazão 

ao Tratado das Paixões da Alma.
E por favor, seus cabrões, poupem-me as munições!
Da NATO!
Dizem que a glória te espera, no mato,
com direito a cruz de guerra com palma!

escreveu um serial killer
roqueteiro,
com fama de fazer saltar cabeças a 50 metros,
ao longo da alameda dos bissilões.
Vai para casa, tuga, 
lá na cidade,
que a Marta, a tua namorada, 
põe-te os cornos!

Não, não havia nada
naquela picada, 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12802: Acordar memórias (Joaquim Luís Fernandes) (1): Monte Real, 8 de Junho de 2013, o primeiro contacto com a Tertúlia

1. Em mensagem do dia 24 de Fevereiro de 2014, o nosso camarada Joaquim Luís Fernandes (ex-Alf Mil da CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, 1973 e Depósito de Adidos, Brá, 1974), enviou-nos o primeiro texto para a sua série Acordar memórias:


ACORDAR MEMÓRIAS

1 - O PRIMEIRO CONTACTO COM A TERTÚLIA

Depois de há quase 40 anos ter deixado para trás a Guiné e o serviço militar obrigatório, com o sentimento de um esforço inglório e vão (que me tinha sido exigido em favor da Pátria, por um regime político e um governo que deplorava), enlevado no sonho de um país renovado, livre, democrático e feliz, que a “Revolução de 25 de Abril” prometia e ter optado pelo afastamento e esquecimento de tudo o que se relacionasse com a tropa e me recordasse a minha condição de ex-combatente na Guiné, talvez porque as desilusões tenham chegado a um ponto nunca esperado, iria estar pela primeira vez num encontro convívio de ex-combatentes da Guiné, que faziam parte de um Blogue que descobrira recentemente.

Se, há alguns meses, me dissessem que isto iria acontecer, eu negaria. Não estava nos meus interesses e planos.
O que se passara entretanto para mudar de atitude? Mais à frente explicarei.


Bissau, Maio de 1974 – Zona dos edifícios comerciais da baixa, perto da UDIB. Após os acontecimentos de 26 de Abril de 1974 em Bissau, principalmente após a chegada do Brigadeiro Carlos Fabião, as manifestações anticoloniais começaram a tomar expressões bem visíveis, fazendo-nos sentir que estávamos a mais e deveríamos regressar quanto antes à nossa terra. Era um sentimento que se contagiava.


8 de Junho de 2013, aqui estava eu agora em Monte Real, timidamente, como é o meu padrão de comportamento quando entre estranhos. Para melhor me integrar, tinha decidido que iria participar na missa planeada para início do encontro na pequena capela das Termas. Neste ambiente não me iria sentir tão deslocado. Já conhecia duas das pessoas presentes: o Joaquim Mexia Alves e o jovem padre Manuel Henriques. Depois, havia o sentimento de que naquela Assembleia seriamos irmãos em Cristo, reunidos, para na comunhão da mesma fé, celebrarmos a Eucaristia de Ação de Graças pelo dom da vida, da nossa, da dos ausentes e sufragando a daqueles que já partiram. Foi uma boa opção. E foi um bom começo! 


Capela de Sta. Rita de Cássia –Termas de Monte Real – (Com a devida vénia ao seu autor, Joaquim Mexia Alves) 

Monte Real, 8 de Junho de 2013 - VIII Encontro da Tertúlia - Joaquim Luís Fernandes à direita da foto
Foto: Rui Silva

E mais uma surpreendente coincidência desse dia, veio adensar (ou iluminar) o meu espírito: - A Igreja celebrava, nessa data, o Memorial do Imaculado Coração de Maria, que relacionei com alguns dos postes lidos na véspera: (P7059 ; P8964; P10030), do camarada José da Câmara, que me impressionaram, recordando-me “A Senhora que nunca nos abandonou” e que, por sua vez, tinha relacionado com uma experiência sensorial/emotiva, vivida há uns 5 anos, que me “transportou” às matas do Balenguerez – um dia escreverei sobre isso.

(Quando as vivências pessoais se tornam quase evidências e sustentam o sentimento da Fé)

Maio de 1973- Orla sul da Península do Balenguerez, próximo de Bamoial, entre Teixeira Pinto e Cacheu. A intensa atividade operacional que nos era exigida, em perigosas e duríssimas missões, levou-nos algumas vezes ao quase limite das forças, próximos da exaustão e da loucura.

O que se seguiu não irei descrever com minúcia. Assisti a efusivos cumprimentos e abraços entre camaradas de tertúlia ou de armas, que deixavam transparecer boa disposição, grande camaradagem e amizade. Também me senti bem acolhido pela simpatia que me dispensavam, mas eu ainda não era daquela guerra; tinha caído ali um pouco de paraquedas e a razão principal que aí me levara estava a ser defraudada.
O que me tinha atraído a Monte Real era a possibilidade de poder encontrar algum ex-camarada, que me desse notícias daqueles rapazes com quem tinha partilhado, há 40 anos, medos e sacrifícios, nessas sofridas, perigosas e infindáveis caminhadas, nas matas da Guiné, da assombrosa Península do Balenguerez até às “barbas” da tenebrosa Caboiana.
Sentia e sinto a necessidade de saber deles, de os encontrar e estar com eles, para lhes manifestar o meu apreço e sentimento de gratidão, pela forma respeitosa com que me aceitaram no grupo (“os Americanos” 4.º Pel/CCaç 3461), se submeteram ao meu comando, sendo eu mais novo e inexperiente e me ajudaram a crescer. Tanto que haveria para falarmos e celebrarmos... Mas nem um encontrei.


Teixeira Pinto – 24 de Julho de 1973 – Desfile de continência aos ilustres Comandantes e Chefes na Tribuna de Honra, no dia da elevação da vila à categoria de cidade. (A função faz o órgão... e o figurão) – O meu Pelotão. 


Perante esta circunstância, limitei-me a indagar nos presentes os que tivessem estado em Teixeira Pinto e me falassem das suas vivências nesse local, mas também pouco consegui. Porém, o ambiente foi-me agradável. Boa comida e bebida, os convivas da mesa foram próximos, como se sempre nos conhecêssemos e tudo acabou bem. Este encontro foi para mim uma imersão e uma aprendizagem e vim carregado de livros.
Iria levar por diante uma nova etapa, depois de 40 anos de esquecimento. Iria acordar as minhas memórias e predispor-me a reviver a Guiné daquele tempo, onde muito sofrera, mas onde também fora feliz.

Depois de 10 meses de Teixeira Pinto, onde fui usado como carne para canhão e me atribuíram as mais perigosas missões, para as quais não tinha sido preparado, mas que “cumpri” bem, fui agraciado pela sorte e cumpri 10 meses em Bissau, como oficial de justiça, nos Adidos em Brá. Quase civil e com a companhias da minha mulher.

(Continua)

Guiné 63/74 - P12801: Memória dos lugares (264): Canquelifá, Agosto de 1970 a Maio de 1972, no tempo da CCAV 2748/BCAV 2922 (Francisco Palma)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Palma (ex-Soldado Condutor Auto Rodas da CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72), com data de 25 de Fevereiro de 2014:

Estimados Camaradas e amigos Luís Graça e Carlos Vinhal
A quem peço o favor da divulgação dirigida a todos os camaradas blogueiros e tabanqueiros e a quem mais tiver a curiosidade.

Não tendo grandes dotes para a explanação escrita, mas passados 42 anos do meu regresso, e apesar de ter acionado uma mina anticarro e ser Deficiente das Forças Armadas com 30,58% , não queria deixar de mostrar a muita gente que a Guerra Ultramarina dos Soldados Portugueses no TO da Guiné, não se limitava a passar férias nem tão somente a matar e a morrer e muito menos a estagiar dentro do arame farpado, como alguém já escreveu.
De facto para alem das saídas quotidianas para o mato a patrulhar e zelar pela segurança da população, ao responder aos ataques de aquartelamentos efetuados pelas tropas inimigas e todas as contingências do dia a dia e noites sem dormir, ainda havia tempo para conviver com as populações indígenas, e receber e dar carinhos às crianças e "Bajudas" e conviver com os adultos, os chamados Homens e Mulheres Grandes.

Escolhi algumas das minhas fotos pessoais para demonstrar que o ambiente dentro do arame era bastante amigo e afável entre a população e os militares da CCAV 2748 do BCAV 2922,  no período de Agosto 1970 a Maio 1972, em Canquelifá, Leste da Guiné.

Francisco Palma
Condutor Auto-Rodas







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Nota do editor

Último poste da série de 6 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12684: Memória dos lugares (263): O Xime, ao tempo da CART 2520 (1969/71), comandada pelo cap mil António dos Santos Maltez, natural de Aveiro (Renato Monteiro)

Guiné 63/74 - P12800: Blogoterapia (250): Assim, com muita honra, sou um "tabanqueiro", e só tenho pena de a falta de tempo me impedir de participar com mais assiduidade (Adriano Lima, Cor Inf Ref)

1. Mensagem do nosso tertuliano e camarada Adriano Miranda Lima (Cor Inf Ref, que cumpriu as suas comissões de serviço em Angola e Moçambique), chegada hoje, 6 de Março de 2014, ao nosso Blogue, a propósito do trabalho de Pedro Rosa Mendes: "Guiné-Bissau: Respostas de paz à impunidade e exclusão", que fizemos circular pela tertúlia:

Meus caros:

Sou membro de um blogue (http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/) de ex-militares de unidades militares portuguesas que serviram na Guiné durante a guerra colonial. Os membros do blogue, na sua maioria esmagadora cidadãos que cumpriram o serviço militar obrigatório, são designados por "tabanqueiros", termo que advém da tabanca guineense. Embora eu não tenha prestado serviço na Guiné, o editor do blogue e seus colaborantes tiveram a gentileza de me aceitarem como tabanqueiro, pela circunstância de me ter cruzado acidentalmente com eles por ocasião de uma pesquisa que efectuei no espaço cibernético. Assim, com muita honra, sou um "tabanqueiro", e só tenho pena de a falta de tempo me impedir de participar com mais assiduidade.

É um blogue muito participado e com actividade bastante meritória. Esses antigos ex-militares, não obstante as circunstâncias em que conheceram e viveram na Guiné durante 2 anos das suas vidas, ficaram tão emocionalmente ligados àquela terra que quase se pode dizer que têm nela uma segunda pátria, ou uma pátria adoptiva. O facto de terem andado de armas na mão contra um "inimigo" declarado pelo poder político de então não lhes obscureceu a consciência nem os impediu de separar o trigo do joio. Tanto que, passados mais de 40 anos, continuam a amar aquela terra e as suas gentes. São frequentes as viagens para matar as saudades da Guiné e recordar tempos que bem prefeririam ter sido de paz e concórdia entre todos. E é por isso que não faltam também gestos e iniciativas de solidariedade, individuais ou colectivas, para com as gentes da Guiné, testemunho sincero de laços emocionais que o tempo não apaga. Creio que isto é uma marca distintiva do coração português.

De entre as actividades correntes do blogue, releva-se a divulgação de factos, notícias e publicações sobre a vida daquele país, cujas vicissitudes por que tem passado são acompanhadas com o coração compungido, tal o anseio de ver aquela terra enveredar por um rumo diferente, como bem merecem as suas amáveis e pacíficas gentes.

Este intróito serve para vos enviar um trabalho sobre a Guiné-Bissau da autoria de Pedro Rosa Mendes, divulgado pelo blogue. Leiam quando tiverem oportunidade e reencaminhem se bem o entenderem.

Um abraço
Adriano


2. Comentário do editor CV:

Os nossos leitores vão perdoar-nos esta descarada imodéstia, mas não podíamos deixar de publicar esta mensagem do nosso camarada e amigo Adriano Lima, Cor Inf Ref.
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE FEVEREIRO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12756: Blogoterapia (249): Reflexões sobre a vida e a morte (Juvenal Amado, Galomaro, 1971/74)

Guiné 63/74 - P12799: Agenda cultural (303): Vila Nova de Famalicão > Ciclo de Conferências 2014 > Ideias e práticas do colonialismo português: dos fins do séc. XIX até 1974 > 14 de março de 2014, 21h30 > Conferência do prof doutor Paulo Jorge Fernandes (CEAUP): "As Ideias Colonialistas de Aires Ornelas"




Vila Nova de Famalicão > Ciclo de Conferências 2014 > Ideias e práticas do colonialismo português: dos fins do séc. XIX até 1974 > 14 de março de 2014, 21h30 > Cinferência do prof doutor Paulo Jorge Fernandes: "As Ideias Colonialistas de Aires Ornelas".


Sobre o militar e o políitico Aires de Ornelas (Funchal, 1866-Lisboa, 1930) vd aqui.

Aires de Ornelas (1866-1930), destacado militar, político e escritor do último período
da Monarquia Constitucional Portuguesa. Efígie em nota de cem escudos, em circulação
em Moçambique na época colonial. Imagem do domínio público. Cortesia de Wikipédia.

1. Divulgação, a pedido do Museu Bernardino Machado.

Entretanto, decorreu já. no passao dia 14 de fevereiro, a primeira conferência deste ciclo subordinado ao título Ideias e práticas do colonialismo português: dos fins do séc. XIX até 1974.

O primeiro conferencista foi  o prof. Adriano Vasco Rodrigues, investigador do Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras do Porto [, CEAUP]. Apresneta-se a seguir uma súmula da sua intervenção, de acordo o texto inserido na página do Museu Bernardino Macahadio:

Vivências de Angola

(...) O prof. Vasco Rodrigues considerou que “as nossas colónias não foram paraísos” e, por outro lado, recorrendo à autoridade historiográfica, “não é nas colónias que o império se perde; é na metrópole”.

Anunciando o processo da colonização no seu processo inicial face aos descobrimentos, o prof. Vasco Rodrigues, para além de analisar o processo de descolonização a seguir ao pós-25 de Abril, considerando que a colonização não acabou, mas continuando noutros moldes, evocou que o que então aconteceu no início do século XX foi a “rapina de África” dos estados europeus face ao seu mesmo imperialismo.

Se numa fase inicial os portugueses se fixaram ni litoral (caso de Angola), só numa fase posterior foram-se deslocando para o interior, através dos missionários e dos “pombeiros”, isto é, dos vendedores ambulantes.

Considerando a sua experiência pedagógica e científica, nomeadamente influenciado pela pedagogia francesa através dos “Cahiers Pédagogiques”, salientou o prof. Vasco Rodrigues que, quando saiu de Angola, esta detinha 11 liceus, face aos 4 quando chegou.

Salientou que Portugal foi o primeiro país europeu a ter o ensino primário obrigatório,  em Angola. Em termos sociais, Angola era a “terra das macas”, isto é, era a terra das irritações, das zangas, das explosões, das invejas, tudo isto provocado pelas sucessivas depressões.

Para além do problema da compreensão da linguagem (verificado na política da integração), a sociedade angolana era uma terra de bom-humor, da má-língua contundente, assim como de uma fantástica solidariedade.

A prepotência dos quadros administrativos, o desconhecimento da lei, a demora das respostas face aos processos administrativos de Lisboa, eram igualmente outras características da sociedade angolana." (...)

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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12798: Agenda cultural (305): O livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau - Um Roteiro", co-autoria de Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, vai ser apresentado no próximo dia 9 de Abril de 2014, pelas 18 horas, no Palácio da Independência. Apresentadores: Julião Soares Sousa e Eduardo Costa Dias

Guiné 63/74 - P12798: Agenda cultural (303): O livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau - Um Roteiro", co-autoria de Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, vai ser apresentado no próximo dia 9 de Abril de 2014, pelas 18 horas, no Palácio da Independência. Apresentadores: Julião Soares Sousa e Eduardo Costa Dias


"Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau: Um Roteiro" 

Sessão de apresentação no Palácio da Independência, 9 de Abril, pelas 18h 
Apresentadores: Julião Soares Sousa e Eduardo Costa Dias


As razões por que escrevemos este livro
A documentação histórica sobre a Guiné portuguesa já estava profundamente desatualizada quando se deu a independência. E a caminho das quatro décadas da independência de facto, a República da Guiné-Bissau continua a não dispor de uma narrativa em sequência desde a luta da libertação até acontecimentos recentes.

Atendendo a esta inaceitável lacuna, os autores procuraram nalgumas centenas de páginas compendiar o que, na sua lógica, pode ser entendido como mais relevante sob a presença dos portugueses na Guiné, como se desenrolou a guerra de libertação e o que tem sido a vida do novo Estado, logo sacudido por intentonas, cisões, a rutura entre a Guiné e Cabo Verde, uma guerra civil e crise endémicas intermináveis.

O arco histórico vai, pois, desde a chegada dos navegadores a esse território indefinido da Senegâmbia, em meados do século XV, até ao golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.
Trata-se de um roteiro destinado a equipar estudiosos ou mesmo leitores meramente curiosos por essa fascinante e assombrosa Guiné, propiciar-lhes uma vasta gama de leituras e referências bibliográficas, mostrar os protagonistas envolvidos e determinantes (como é o caso de Amílcar Cabral).

Não é uma enciclopédia nem uma antologia de textos avulsos, é uma rosa-dos-ventos que pode vir a sugerir aos investigadores ideias para estudos mais abalizados. É um roteiro sem intuitos doutrinários, fica ao dispor principalmente dos leitores de Portugal e da Guiné-Bissau, já que os autores estão plenamente esperançados que este livro irá incitar estudos mais desenvolvidos que deem continuidade à modéstia do presente empreendimento.

Esta obra mais não pretende do que atrair mais e melhor estudo sobre a História da Guiné portuguesa e da Guiné-Bissau.

Francisco Henriques da Silva
Mário Beja Santos


Sobre os autores:

Francisco Henriques da Silva
Licenciado em História, foi Alferes Miliciano de Infantaria na Guiné, de 1968 a 1970. 
Ingressou no serviço diplomático em 1975.
Serviu nos Estados Unidos da América, em França, no Canadá e na Comissão Europeia na qualidade de perito nacional destacado.
Foi Director dos Serviços do Médio Oriente e Magrebe. 
Vice-Presidente do Instituto Camões e Director-Geral dos Assuntos Multilaterais do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Exerceu as funções de Embaixador na Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Índia, México e Hungria.
Possui a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
É autor da obra "Crónicas dos (des)Feitos da Guiné" e de diversos outros trabalhos.


Mário Beja Santos
Licenciado em História, foi Alferes Miliciano de Infantaria na Guiné, de 1968 a 1970. 
Toda a sua vida profissional entre 1974 e 2012 esteve orientada para a política do consumidor.
É autor de mais de três dezenas de títulos relacionados com as temáticas da política dos consumidores.
Foi professor do ensino superior, colaborou durante mais de duas décadas em emissões radiofónicas ligadas à defesa do consumidor e foi autor e apresentador de programas televisivos e teve uma participação activa no consumo europeu.
Alguns dos seus últimos livros foram dedicados à Guiné: "Diário da Guiné - Na Terra dos Soncó", Diário da Guiné - O Tigre Vadio", "Mulher Grande", "A Viagem do Tangomau" e "Adeus, Até ao Meu Regresso", um levantamento da literatura sobre e de combatentes na Guiné.

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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE MARÇO DE 2014 > Guiné 63/74 - P12791: Agenda cultural (304): Homenagem a Carlos Schwarz (Pepito), dia 7 de Março de 2014, pelas 18h00 no Auditório da Fundação Mário Soares, Rua de S. Bento, 160, Lisboa

Guiné 63/74 - P12797: A cidade ou vila que eu mais amei ou odiei, no meu tempo de tropa, antes de ser mobilizado para o CTIG (20): Tavira e o CISMI: Nunca um fim-de-semana à inglesa rendia tanto como naquele tempo: tudo nele cabia - família, namorada, amigos e muito desejo de viver (Tony Levezinho, CCAÇ 12, 1969/71)




Tavira > Quartel da Atalaia > CISMI > 3º turno de 1968 > Pormenor do jantar do dia do juramento de bandeira... O Tony Levezinho, visto de perfil, aao centro, tendo em frente (lado direito da foto, a olhar para a máquina) o César Dias, que por sua vez tem à sua direita o Fernando Hipólito... Os três tiveram destinos diferentes: o Hipólito foi para Angola, o Levezinho e o Dias para a Guiné, um para Bambadinca e outro para Mansoa... Na foto original, há duas marcas de caneta de feltro, a vermelho e a verde, sinalizando o Tony e o César, respetivamente. 


Foto:: © César Dias (2014). Todos os direitos reservados.[Edição: L.G.]


1. Mensagem do António (Tony, para os amigos) Levezinho, com data de 3 do corrente

Assunto: À volta das memórias de Tavira (CISMI)


Olá,Luis

Tentei, na passada 6ª feira, deixar diretamente no blog um comentário a propósito do tema em título, mas fui mal sucedido.

Assim, peço-te o favor de encaminhares o texto abaixo.

Um beijo para a Alice e um grande abraço para ti.

Tony Levezinho



Tony Levezinho e Henriques, à civil,
Bambadinca, 1969. Foto: LG
2. Semana inglesa no CISMI, ou o até já, Tavira!

por Tony Levezinho (ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) [, foto à esquerda, com o nosso futuro editor Luís Graça, Bambadinca, 1969]



No contexto da ronda que tem vindo a ser feita por aqueles que tiveram o início da sua carreira militar no CISMI, a propósito da semana-inglesa, recordo o seguinte:
Despois de uma semana em que as "diversões" eram muitas e variadas, chegava o sábado redentor.

Tudo na vida tem um preço, bem sabemos e, assim, tal dia começava com um crosse, bem puxado, com arma e que aumentava 1 km, em distância, em cada semana que passava.

Com efeito, o fim-de-semana começava já só perto das 13.00h. e só para aqueles que, depois de uniformizados com a farda nº 2 e prontos para a revista, em plena parada, beneficiavam do ámen do oficial de dia, isto é, não eram vítimas de qualquer reprensão quanto ao seu aprumo final, o que, a acontecer, podia significar o cancelamento do seu "passaporte".

A propósito da benevolência, ou da falta dela, por parte dos oficiais, o César lembrou, há dias, a lamentável figura do senhor tenente Madeira que, na sua antipática voz de falsete,  fazia questão em afirmar-se, perante os indefesos instruendos, com as atitudes mais mesquinhas e atentatórias da nossa dignidade de que era capaz e, neste campo, sou testemunha, ele podia muito (interrogo-me, hoje, como eram as suas competências militares em cenário de guerra – se é que ele alguma vez os experimentou?). Parecia até que a sua capacidade de atingir um orgasmo estava intimamente ligada e dependente de tal comportamento.

Mas adiante, porque os autocarros não esperavam…
Vencida a porta de armas lá estavam eles, os autocarros, perfilados e preparados para rumarem à capital (normalmente dois). Começava então outra chamada, esta com sabor bem diferente, uma vez que se destinava a distribuir os passageiros inscritos para a viagem.

Como já referido, esta iniciativa, semanal, era levada à prática por um cabo miliciano, jovem empreendedor, alfacinha, do bairro da Graça (lamento não recordar o seu nome) que viu uma janela de oportunidade, como agora se diz, com este tipo de iniciativa, uma vez que os clientes estavam garantidos.

Pela minha parte, durante os seis meses que passei em Tavira, na recruta  [, 3º turno de 1968, 3ª companhia,]  e na especialidade, apenas num fim-de-semana não fiz e também não houve a tal viagem para a liberdade. Na verdade, aconteceu aquilo que muitos ansiavam e que, alguns até, de tanto esperarem, já duvidavam se tal dia chegaria – Salazar é afastado do poder [, em 27 de setembro de 1968, 6ª feira,  por motivo de incapacidade, na sequência da  "queda da cadeira", em 3 de agosto de 1968,] e o "preço" imediato foi o de vermos as portas do CISMI fecharem-se, com toda a gente lá dentro, de prevenção.

Com o roncar dos motores das viaturas, em movimento, já ninguém duvidava que o fim-de-semana (à inglesa, pois claro) tinha começado. Vencida a serra do Caldeirão, alguns quilómetros mais à frente, tinha lugar a única paragem. Ali (já não recordo a localidade) serviam-se umas sandes de presunto divinais (delas ainda retenho o seu cheirinho tentador). A azáfama era grande, mas o dono da tenda, dada a rotina, estava treinado e preparado para a pacífica invasão militar semanal, tudo indicando que, também aqui, havia uma relação comercial com o promotor das viagens.

De regresso à estrada, quem conseguia, deixava-se embalar pelos balanços do autocarro e fazia uma soneca. A ânsia da chegada ao seu mundo real não permitia, no entanto, a uns quantos, tão retemperador momento. Confesso que me incluía no lote destes últimos.

Finalmente, entre as 18:00 e as 19:00.  ali estava ele, o Campo das Cebolas, a dar-nos as boas vindas, mas a lembrar também que, no dia seguinte, pelas 24:00h, os autocarros fariam o percurso inverso, para, logo pela manhã de 2ª feira, nos devolverem às incontornáveis práticas, sendo a primeira uma indesejada sessão de aplicação militar, quase sempre nas salinas - punição demasiada para tão poucas horas de fruição.

Apesar de tudo, ainda hoje acredito que nunca um fim-de-semana à inglesa rendia tanto como naquele tempo. Tudo nele cabia - família, namorada, amigos e muito desejo de viver.

(Quaisquer imprecisões e/ ou incorreções são, peço desculpa, devidas a este meio século que nos separa dos acontecimentos)

Um Grande Abraço,

Tony Levezinho




Lisboa > Campo das Cebolas, visto da Casa dos Bicos (sede da Fundação José Saramago) > 6 de outubro de 2013 > Em 1968, o aspecto do local onde paravam as camionetas que vinham de Tavira seria bastante diferente... Durante anos, o Campo das Cebolas funcionavam como terminal rodoviário e era uma zona degradada... Há um projeto atual, com a assinatura do arquiteto Carrilho da Graça,  para a sua requalificação... Prevê_se que as obras possam começar em 2015...

Foto:: © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados.


Guiné 63/74 - P12796: In Memoriam (185): Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, ex-cap art, cmdt, CART 2715 (Xime, 1970/71)...


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > c. 1969/70 > Vista aérea da tabanca do Xime, onde estava sediada uma unidade de quadrícula... Em 26 de novembro de 1970, era a CART 2715 / BART 2917, comandada pelo jovem cap art Vitor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014).

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Através do Rui Santos Silva [, nascido em 1945, oficial de cavalaria, que terminou o curso da Academia Militar em 1969,  fez  uma comissão no TO da Guiné, em 1971/73, e é residente em Coimbra,] em mensagem publicada na página do Facebook da União dos Antigos Combatentes da Guerra do Ultranar, com data de 1 do corrente, tivemos a triste notícia do desaparecimento de mais um camarada da Guiné:

Informo que faleceu ontem (dia 28 de Fevereiro) o Ex-Combatente Cor de Artilharia Vitor Manuel Amaro dos Santos,  residente em Coimbra. O funeral realizar-se hoje para Foz do Arouce, Lousã.
Nascido a 22-11-1944,  tem 3 comissões no Ultramar: Guiné, Angola, Angola.

2. Nota de pesar do nosso editor L.G. e do nosso blogue [, uma outra versão foi publicada no Facebook]:

Conheci-o na Guiné... Pertencia ao BART 2917 (zona leste, setor L1, Bambadinca, 1970/72)... 

A sua companhia, a CART 2715 (Xime, 1970/72),  sofreu, juntamente com a minha, a CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) uma violentíssima emboscada, no decurso da Op Abencerragem Candente, a 26/11/1970..., quatro  dias depois da invasão de Conacri... Resultados: 6 mortos e 9 feridos, incluindo o meu amigo fur mil Joaquim Araújo Cunha, com quem tinha estado a meio da noite, talvez por volta das 3 horas da manhã, a beber um copo antes de sairmos de novo, a caminho do inferno...

O jovem cap art Vitor Manuel Amaro dos Santos, então com 26 anos, nunca mais terá sido o mesmo!... Falei com ele duas ou três vezes ao telefone... A nossa última conversa, há dois anos atrás, não foi fácil... Ele adorava o blogue mas tinha reservas em relação a  algumas referências à Op Abencerragem Candente e ao facto do seu nome estar associado a esta tragédia.

Diria mesmo que ele acompanhava, com emoção e paixão, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...  Convidei-o, no devido tempo, a integrar a nossa Tabanca Grande, e publicar a sua versão dos acontecimentos que levaram à morte de cinco dos seus homens (a que se deve juntar a morte do guia e picador das NT Seco Camará, desde sempre ligado ao Xime, mas na altura ao serviço da CCS/BART 2917, e a viver em Bambadinca)... Essas mortes causaram-lhe profunda amargura... Por razões de saúde, vê-se obrigado a deixar o comando da sua CART 2715, logo em  1 de janeiro de 1971. Era DFA.

Prometo publicar, em breve, um poste complementar em homenagem à memória que lhe é devida... Como comandante operacional, o cap art Amaro dos Santos era um camarada nosso que devemos respeitar, e cujo nome eu gostaria de ver aqui ao lado dos nossos camaradas e amigos que da lei da memória se foram libertando...

Para a sua família e para os nossos camaradas da CART 2715/BART 2917, vão os nossos sentidos votos de pesar e de solidariedade na dor (**)...  (LG)

_________________

Notas do editor:

(*) Vd poste de 9 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9335: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Baixas: mortos e feridos (Benjamim Durães)


(...) CAPÍTULO III > BAIXAS SOFRIDAS, PUNIÇÕES, LOUVORES E CONDECORAÇÕES
A - BAIXAS SOFRIDAS PELAS NT

1 – EM COMBATE

a) - MORTOS

(i) CCS /BART 2917

- Picador Seco Camará, assalariado: Morto em 26/11/70 na Operação “Abencerragem Candente”, está sepultado em Nova Lamego.

(...) (iii) CART 2715

- Alferes Mil Atirador João Manuel Mendes Ribeiro, nº 17853469; morto em 04/10/71 na Operação “Dragão Feroz”; está sepultado em Castelo Branco;

- Furriel Mil Mec Auto Joaquim Araújo Cunha, nº  14138068; morto em 26/11/70 na Operação “Abencerragem Candente”; sepultado em Barcelos;

- 1º Cabo Atirador José Manuel Ribeiro, nº 18849069, morto em 26/11/70 na Operação “Abencerragem Candente”, sepultado em Lousada;

- Soldado Atirador Fernando Soares, nº 06638369, morto em 26/11/70 na Operação  “Abencerragem Candente”,  sepultado em Fafe;

- Soldado Atirador Manaule Silva Monteiro, nº  17554169, morto em 26/11/70 na Operação “Abencerragem Candente”, sepultado em em Condeixa-a-Nova;

- Soldado Atirador Rufino Correia Oliveira, nº 17563169, morto em 26/11/70 na Operação “Abencerragem Candente”, sepultado em Oliveira de Azeméis;

- Guia Nansu Turé, assalariado, morto em 04/10/71 na Operação “Dragão Feroz", sepultado em Bafatá. (...)

quarta-feira, 5 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12795: Convívios (566): 40º aniversário do regresso da CCAÇ 3547 (Os Répteis de Contuboel, 1972/74)... Santa Maria de Lamas, 31/5/2014



Crachá da CCAÇ 3547 (Contuboel, 1972/74) e guião do BCAÇ 3884 (Bafatá, 1972/74)




1. Anúncio do próximo convívio anual [vd. acima] e  História da CCAÇ 3547, transcrita, com a devida vénia da sua página no Facebook [, Companhia de Caçadores Répteis]:


CCAÇ 3547:  Chaves (Portugal) e Guiné (Contuboel, Sonaco, Bambadinca Tabanca, Sare Bacar, Nova Lamego, Madina Mandinga; Galomaro e Dulombi).

A CCaç.3547) era uma subunidade do BCAÇ 3884, com origem no BC10, unidade militar sediada na cidade de Chaves (Portugal).

A mobilização e a missão das novas unidades operacionais tinham por destino o teatro de guerra na então província ultramarina da Guiné. Quase em simultâneo também Angola e Moçambique combatiam a política colonial portuguesa na busca das respectivas independências, o que viria a acontecer, não sem antes deixar um rasto de morte e muitas outras sequelas (...).

O Batalhão partiu para a Guiné no fim de Março de 72. Aí chegado, foi aquartelado no Cumeré para fazer a IAO que durou cerca de um mês. 

Terminada a formação,  as unidades partiram para os “seus perímetros de acção”, o Leste da Guiné, a saber:  (i) CCS e Comando Operacional do BCaç 3884 em Bafatá; (ii) a CCaç 3547 em Contuboel; (iii) a CCaç 3548 em Geba; e (iv)  a  CCaç.3549 em Fajonquito.

A CCaç 3547 foi logo rebatizada pelos seus membros de “Os Répteis de Contuboel” e pela rádio do PAIGC como “As Almas Brancas”. Para além da sua sede – Contuboel – , tinha na vila de Sonaco um “destacamento”, composto por um Grupo de Combate e um pelotão de  Milícias.

Por força (?) da sua boa localização (um subsetor sem guerra), a Companhia  ficou, logo no iníci, e até ao fim da comissão, mutilada nos seus efectivos, por ausência quase permanente, de dois dos seus "grupos de combate", em destacamento/reforço de outras Companhias, nomeadamente Bafatá, Bambadinca Tabanca, Sare Bacar, Nova Lamego, Madina Mandinga, Galomaro e Dulombi.

Cedeu igualmente alguns dos seus graduados para as Companhias de Caçadores Africanas e Delegado/Agente de ligação para, em  representação de todo o Batalhão junto das Direcções de Serviços e Quartel Mestre General,  providenciar toda a logistica necessária à actividade do Batalhão.

A Companhia, na sua sede, funcionou como Centro de Instrução de Milícias (forças paramilitares), cujos formandos tinham por missão dar apoio e defesa local às populações nativas.

Ao longo da sua Missão e, apesar de teoricamente a área de actuação ser um paraíso, a Companhia, não conseguiu sair incólume aos efeitos da Guerra. Logo no início, num estúpido acidente de viação um dos seus homens ficou gravemente ferido, de que resultou numa paraplegia. Outras mazelas surgiram mas sem consequências de maior, porém, se a "missão" começou mal, terminou ainda da pior maneira; mesmo na recta final e a escassos dias de completarmos 24 meses, uma traiçoeira mina “rouba”, na plenitude da juventude, a vida a um dos nossos melhores!...

A Companhia regressa em fins de Junho de 1974 e termina a sua “missão”. A desmobilização vem a acontecer no dia 30 de Julho de 1974.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de fevereiro de 2014 >Guiné 63/74 - P12781: Convívios (565): CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71): Alverca, Quinta Marquês da Serra, em 22/3/2014... Organização: Joaquim Lessa, da Tipografia Lessa, Maia, que também é o editor da brochura "Histórias da CCAÇ 2533"

Guiné 63/74 - P12794 : Memória dos lugares (264): Contuboel e Sonaco, junho/julho de 1969, ao tempo da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Humberto Reis / Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Setor L2 (Bafatá)  > Contuboel > Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71) > O alferes miliciano de operações especiais Francisco Moreira, no meio do Humberto Reis (à sua direita) e do Tony Levezinho (à sua esquerda). O nosso Moreira era o homem de confiança do comandante da companhia, o Cap Inf Carlos Alberto Machado Brito (, hoje cor ref). O Moreira passou por Lamego,  pelo CIOE, tal como o Reis.



Guiné > Zona Leste > Setor L2 (Bafatá)  > Contuboel > 15 de Julho de 1969 > CCAÇ 2590/CCAÇ 12 (1969/71) > O alferes miliciano Francisco Magalhães Moreira (1º Gr5 Comb), à esquerda, acompanhado pelo Tony Levezinho (furriel) (2º Gr Comb), o António Fernando R. Marques (furriel), o José António G. Rodrigues (alferes, já falecido) e o Joaquim Augusto Matos Fernandes (furriel) (estes três últimos do 4º Gr Comb), preparando-se para sair até Sonaco (a nordeste de Contuboel).




Guiné > Zona Leste > Setor L2 (Bafatá) > Contuboel > "Em 10 de Julho de 1969, numa canoa no Geba a caminho de Sonaco... Reconhecem-se da esquerda para a direita o Tony Levezinho, eu, o alf Francisco Moreira, o Rocha, condutor, o alf Rodrigues, já falecido, e o djubi, manobrador da canoa, de pé" (HR).

A CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) realizou os exercícios finais da instrução de especialidade dos seus soldados africanos,  entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel.  Sonaco era um destacamento do subsetor de Contuboel, tendo em permanência um grupo de combate da unidade de quadrícula de Contuboel mais um pelotão de milícias. Não me consta que alguma vez tenha sido atacada ou flagelada, tal como Contuboel. (LG)


Fotos: © Humberto Reis (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.


1. A propósito de uma recente referência a Contuboel e a Sonaco (*), dois topónimos de que se fala pouco, aqui no nosso blogue (, e em especial, Sonaco, que só tem meia dúzia de referências)...

O Humberto Reis, autor das fotos que acima publicamos (, que nâo têm de resto, a qualidade a que nos habituou: são de formato reduzido e fraca resolução,,,)  diz que "foi a Sonaco duas, ou três  vezes em passeio", no tempo em que a CCAÇ  2590/CCAÇ 12 esteve em Contuboel, ou seja, menos de dois meses, de 2 de Junho a 18 de Julho de 1969, na fase de instrução de especialidade dos nossos soldados do recrutanmento local . (Só um terço da companhia, os quadros e os especialistas, eram de origem metropolitana).

Sonaco era "um local sem quaisquer problemas", garante o Humberto... E eu confirmo:  pelo menos, não havia risco de emboscada ou de minas, nesse tempo... O braço armado do PAIGC não chegava até lá... Havia vários tampões, entre a fronteria com o Senegal e o subsetor de Contuboel a que pertencia Soncao. A terra tinha vários comerciantes, quer portugueses quer libaneses.

Não sei como as coisas evoluiram, depois... Enfim, era um sítio onde a malta do leste, de outros setores (como o L1,  de Bambadinca)  ia comprar vacas... O Torcato Mendonça, por exemplo, que "vivia" em Mansambo, já aqui referiu que chegou a comer alguns bifinhos das vacas de Sonaco... E eu também, em Bambadinca...

Igualmente havia quem fosse, de Bafatá, a Sonaco para pescar peixe, no rio Geba, à granada...como era o caso do Manuel Mata, (do EREC 2640, Bafatá, 1969/71). (E, a propósito, passei um belíssímo fim de semana na terra dele, o Crato; telefonei-lhe, mas ele já não usa o nº de telefone fixo que eu tinha na agenda).

A CCAÇ 2590 (mais tarde, CCAÇ 12) realizou os exercícios finais da instrução de especialidade dos seus soldados africanos, entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel.  Andámos por lá a brincar às guerras, com balas de salva (!)... Só os graduados de cada grupo de combate (alferes, furriéis e cabos metropolitanos) levavam nas cartucheiras algumas balas a sério, não fosse o diabo tecê-las...

Em 20/6/1969, escrevi no meu diário:

 "O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Piche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! Contuboel é ainda um oásis de paz, com um raio de uns escassos quilómetros"...

Tenho ideia de lá ter ido também, a Sonaco, mas não tenho grandes memórias do sitio... Muito menos uma foto, mas pode ser que apareçam mais (**)... (LG)



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Mapa de Sonaco (1957) (Escala 1/50 mil) > Pormenor da posição relativa de Sonaco, na margem esquerda do Rio Geba, a nordeste de Contuboel... Era uma região bastante povoada e próspera...

Os vagomestres das nossas companhias no leste conheciam Sonaco, onde iam comprar vacas... Pelo menos até ao início dos anos 70, e antes da intensificação da guerra na região fronteiriça, a norte, era um região calma... E acho que continuou calma... até ao fim.

Temos apenas meia meia dúzia de referências a Sonaco no nosso blogue... Era posto administrativo e pertencia ao subsetor de Contuboel. Tenho ideia de que, no meu tempo (junho/julho de 1969) havia lá um pelotão destacado, da unidade de quadrícula de Contuboel (, que já não recordo qual fosse, mas em princípio não podia ser a CART 2479 / CART 11; seria talvaz a CCAÇ 2436, 1968/70: passou por Bissau, Galomaro, Contuboel e Fajonquito; ou ainda a  CCAÇ 2436, que esteve em Quinhamel, Fajonquito, Contuboel e Nhacra; ambas pertenciam ao BCAÇ 2856, sediado em Bafatá).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).



Guiné > Zona Leste > CAOP2 > Setor L2 (Bafatá) > Guão do BCAÇ 3884 (Bafatá, 1972/74) com unidades de quadrícula em Contuboel (CCAÇ 3547), Geba (CCAÇ 3548) e Fajonquito (CCAÇ 3549).
Guiné > Zona Leste > CAOP2 > Setor L2 (Bafatá) > Susetor de Contuboel >   1972/74 > Em Contuboel estava a CCAÇ 3547 (Répteis de Contuboel),   do nosso camarada Manuel Oliveira Pereira, ex-fur mil. (Trabalha, ou trabalhou em tempo, no Hospital da CUF). É membro da nossa Tabanca Grande desde a 1ª série do blogue. A CCAÇ  3547 tem página no Facebook.

Quem também passou por Contuboel e Sonaco foi o nosso camarada açoriano, e notável escritor, Cristóvão Aguiar (n. 1940), ex-al mil da CCAÇ 800 (1965/67), uma companhia independente. O seu diário de guerra foi publicado no nosso blogue, organizado pelo nosso devotado colaborador, amigo e camarada José Martins. (***)

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de:

3 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12790: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte IV): Passaram os quatro primeiros meses... Em Contuboel, ainda longe da guerra...

(...) No romance, os militares pertencem a um CCAÇ 666 (que nunca existiu, no TO da Guiné). O nosso camarada José Martins, entretanto, conseguiu,  com o seu olho clínico, identificar, a partir da leitura do livro (e da consulta do 8º Volume, Tomo II da CECA, Fichas História das Unidades, Guiné, pag. 342), a subunidade a que pertenceu o Alf Mil Luís Cristóvão Dias de Aguiar, e que era a CCAÇ 800 (Contuboel, 1965/67):

Companhia de Caçadores nº 800

Unidade Mobilizadora: RI 15 – Tomar.

A subunidade foi formada com data de 1 de Janeiro de 1965, conforme Ordem de Serviço nº 2 de 4 de Janeiro de 1965 do Regimento de Infantaria 15 de Tomar. Destinava-se, inicialmente, ao arquipélago de Cabo Verde, tendo a partida prevista para a data de 13 de Abril de 1965.

Comandante: Capitão Inf Carlos Alberto Gonçalves da Costa, sustituído em Setembro de 1965 pelo Capitão Miliciano de Cavalaria António Tavares Martins (que tinha vindo da CCav 489/Bcav 490) (...).

Constituíam o quadro de Oficiais subalternos os Alferes Milicianos:

João Belchurrinho Baptista;
Luís Cristóvão Dias Aguiar;
João Faria Cortesão Casimiro;
e João Baptista Alves.

Partida: Embarque em 17 de Abril de 1965; desembarque em 23 de Abril de 1965; Regresso: Embarque em 20 de Janeiro de 1967 (...).

A CCAÇ 800 actuou sobretudo no subsetor de Contuboel, a nordeste de Bafatá.

terça-feira, 4 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12793: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte V): Fotos de Nova Lamego




Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) &gt > Na porta d'armas com a respectiva lavadeira" (1)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) &gt > Na porta d'armas com a respectiva lavadeira" (2)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  Da esquerda para a direita, furriéis Queiroz, Macias e Pinto


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O Valdemar Queiroz ao lado do  alf mil Pina Cabral e o 4º.Pelotão (1)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > O Valdemar Queiroz ao lado do  alf mil Pina Cabral e o 4º.Pelotão (2)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Parte do 4º.Pelotão 


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) > Rua Principal de Nova Lamego (com candeeiros de iluminação pública)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  O Valdemra Queiroz,  no aeródromo... Um T6 em terra com andorinhas e bombas (1)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  O Valdemra Queiroz, no aeródromo... Um T6 em terra com andorinhas e bombas (2)



Guiné > Zona leste > Região de Gabu > Nova Lamego > CART 2479 / CART 11 (1969/70) >  Vista geral do aeródromo...  


 Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]
 ;

1. Continuação da publicação das Memórias de um Lacrau > Texto e fotos enviadas, em 9 de fevereiro  último, pelo Valdemar Queiroz, nosso novo tabanqueiro, nº 648 [, em Contuboel, 1969, à esquerda] (*)


Diz a última parte do texto, muito laconicamente: "Depois, a partir de Nova Lamego, andámos em intervenção na zona leste, a nível de dois pelotões, por Cabuca, Cancissé, Madina Mandinga, Dara, Piche, Ponte Caium, Dunane, com permanência perlongada em Canquelifá, até nos fixarmos em Paunca e Guiro Iero Bocari."

Vamos apresentar fotos, com legendas destes vários lugares por onde passou o nosso camarada Valdemar Queiroz, esperando que ele e outros "lacraus" complementam esta
informação.  Hoje são fotos de Nova Lamego,
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Nota do editor

Último poste da série > 3 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12790: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte IV): Passaram os quatro primeiros meses... Em Contuboel, ainda longe da guerra...