Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
1. Em mensagem do dia 20 de Dezembro de 2016, o nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327
e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto,
1971/73), enviou-nos esta história de Natal que poderia ter um fim bem diferente se a perigosa carga apreendida no aeroporto de Lisboa tivesse passado dissimulada.
Uma estória de Natal
No Destacamento de São João os serviços primários de assistência na saúde às nossas tropas e civis eram assegurados por dois maqueiros militares. Eles faziam o melhor que podiam.
Um deles, o Mota, do Pel Caç Nat 66, foi de férias ao continente. Nos serviços aduaneiros perguntaram-lhe se tinha algo a declarar. O nosso militar, fazendo jus aos melhores princípios de sinceridade respondeu que sim, tinha algumas granadas de mão.
Para quem transitou pelos aeroportos portugueses na altura pode imaginar a reação do agente aduaneiro, dito Guarda-Fiscal, perante aquela resposta.
Sem alertar as pessoas por perto, pediu ao nosso militar que as colocasse com muito cuidado em cima do balcão, no que foi obedecido de imediato. Nem queria acreditar no que estava a ver. Aqueles despojos de guerra não podiam seguir viagem e foi assim que o nosso maqueiro se viu livre do perigo que aqueles artefactos de guerra representavam para ele e para os seus contactos.
No seu regresso de férias ao Destacamento de São João, desolado pelo acontecido, o nosso maqueiro lá ia contando a sua desventura no Aeroporto de Lisboa. Era evidente que estava psicologicamente muito afectado. Mais que compreensível!
Perante a sua inocência, o Mota também não conseguia compreender como é que aquelas granadas, loiras e inofensivas, um produto da Escócia, devidamente encavilhadas e acondicionadas, podiam representar um perigo para ele e para os familiares e amigos. E rematava que já não havia respeito nenhum para quem dava o coiro na Guiné.
Respeito, ou a falta dele, que mudou desde então?
O Menino Jesus continua a nascer todos os anos no dia 25 de Dezembro.
Com ele o renovar das nossas esperanças em melhores dias.
Do amor, da amizade, da paz, saúde e até material. É humano que assim seja.
Mas o que tenho eu, que temos nós, para Lhe oferecer?
Tenham um Feliz e Santo Natal na companhia dos vossos familiares.
1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada,
1968/70), com data de 20 de Dezembro de 2016:
Meus caros editores. Como está a chegar o Natal, é tempo de pensarmos em mudança na nossa
forma de ESTAR, para que este Mundo se transforme no Paraíso Prometido -
com uma condição em quem ninguém está atento – Tem de ser cada um de
nós a construí-lo. Junto um pequeno poema que se entenderdes podeis publicar.
Com os meus melhores votos de um Santo Natal todo o ano. Zé Teixeira
PRESENTE DE NATAL
Antes de dar ou receber presentes de Natal, Eu quero ser Presente de Natal, Junto das pessoas do meu Mundo. Presente nos afetos que abrem corações. Presente nos sorrisos que dão vida à alma. Presente na dor para dar consolo. Presente na vida dos que mais precisam. Presente no combate à solidão que mata Presente nos abraços que transmitem calor. Presente em ti meu irmão.
Este “Ser Presente” não tem custo monetário. Não se gasta nem desgasta E pode usar-se todos os dias do ano.
Faz de mim uma pessoa feliz Porque recebo sorrisos gratuitos de felicidade.
UM SANTO NATAL Para todos os que ousarem ler esta mensagem e a tentarem pôr em prática.
1. Mensagem do nosso camarada Mário Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71):
Caros camaradas, amigos e família Desejo a todos os camaradas, amigos e suas famílias um Feliz e Bom Natal. Que o Ano Novo vos traga tudo que mais desejam Um abraço Mário Pinto https://www.youtube.com/watch?v=6bdF8QysDA0
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2. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72):
Amigos Nesta época Natalícia que já se vai vivendo, não me posso esquecer de todos aqueles que fazem parte do meu circulo alargado de amigos. Desta forma vos endereço os meus desejos de Feliz Natal e um Ano de 2017 bem melhor do que este que se aproxima do seu final. Muita Saúde, Alegria e tudo de bom para vocês e respectivas famílias. Com muita amizade Jorge Picado
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3. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá, Mansoa e Bissau,
1970/71):
Caro amigo Carlos: Votos de Boas Festas, Feliz Natal e um óptimo Ano 2017, especialmente com muita saúde até ao ano 2100. Aproveito o ensejo para anexar os votos Natalícios para todos os camarigos.
Um abraço Ernestino Caniço
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4. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68):
Ao aproximar-se mais uma quadra festiva, para todos nós muito importante, venho desejar a todos
os que pelas ruelas da Tabanca Grande, se vão cruzando, e conversando, um Feliz e alegre Natal. Desejo que a todos o MENINO JESUS, tão meiguinho, deixe no sapatinho muitas coisa boas.
Quanto ao velhote barrigudo, e barbudo, que até já trepa pelas paredes, para entrar pelas janelas,
que anda por aí a distribuir prendas enganosas - só coisas de nada - às crianças, não prestem atenção
especial.
BOAS FESTAS Domingos Gonçalves
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5. Do nosso camarada Luiz Fonseca, ex-Fur Mil Trms da CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73, o seu postal natalício:
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 20 de Julho de 2016:
Queridos amigos,
Dia de merecida folga, nada de compromissos para poder vagabundear pelos meus lugares míticos de Bruxelas e confrontar-me com algumas agradáveis surpresas de património até agora inobservado.
A estatuária é magnificente, aquele século XIX em que o rei da Bélgica era o proprietário do Congo refletiu-se em sumptuosidade privada, o rei Leopoldo tudo fez para pôr Bruxelas ao nível de Paris. Poucas capitais podem gabar-se do acervo de obras artísticas como Bruxelas. Mas a cidade tem outras dimensões cativantes de que não me farto de contar: a quinquilharia, a arte urbana, os parques.
É desse dia por minha conta que vos deixo aqui o relato. E nem vos conto o que levo nos sacos, os trastes que me dão tanto prazer.
Um abraço do
Mário
De novo em Bruxelas e a pensar nas Ardenas (4)
Beja Santos
Despeço-me a custo da Abadia de Nossa Senhora de Orval, fundada por monges beneditinos no século XI, a Abadia ganha esplendor no século XII e foi uma referência na vida monástica europeia até ao século XVIII, um caso especial de abadia cisterciense com agricultura desenvolvida, com fabrico de cerveja e queijaria, esta prosperidade foi reduzida a cinzas em 1793, era o tempo da Revolução Francesa. Percorre-se o seu museu e estão ali tesouros de espiritualidade, retive este crucifixo, virá da noite os tempos medievais e não resisti a fotografar um aspeto da farmácia, que foi referência na época. Acabou a visita a Orval. Sigo mais uma vez para a Basílica de Avioth, um caso ímpar, não é por acaso que lhe chamam a basílica dos campos, atravessa-se a floresta, um coberto florestal maciço e imprevistamente soergue-se a esplendorosa basílica, é aqui que se venera a mais de 900 anos a Virgem com o Menino.
Numa outra viagem aparentada com esta, aqui se fez larga referência a este monumento emblemático da arquitetura gótica. Foi edificada em meados do século XIII após o aparecimento considerado miraculoso de uma estátua da Virgem, hoje classificada como monumento histórico. Estamos no condado de Chiny a escassos quilómetros de Orval. No adro da igreja está uma edícula gótica flamejante, não vale a pena traduzir o intraduzível, la Recevresse, é considerada única no mundo, era o espaço que tinha por função receber as oferendas dos peregrinos sob a égide da Virgem com o Menino. Nossa Senhora de Avioth é considerada a patrona das causas desesperadas. O viandante circula emudecido, é uma pedra de areia que reverbera todo o edifício, não terá sido por acaso que todas estas imagens foram polícromas, tudo muito bem proporcionado: o coro, o transepto, o deambulatório, e o viandante vem cá para fora sentir como a luz do céu ensolarado, completamente límpido, doura o edifício da escadaria às agulhas, ali fica a meditar aquela estatuária misteriosa, os belos vitrais, vendo as gárgulas fantásticas. E vamos regressar a Bruxelas, está na hora, o viandante tem amanhã a cidade por sua conta.
Manhã totalmente pedestre, regista-se em primeiro lugar algo que de há muito anda aprazado no coração do viandante, este conhece esta fachada com brasão de Portugal desde 1977, nessa altura o edifício ainda não estava qualificado. Foi um conceituado armazém de vinhos estrangeiros, a burguesia de Bruxelas, muito provavelmente na altura em que a Bélgica era a quinta potência industrial do mundo, não prescindia do Porto e do Madeira. A fachada foi lavada e os diferentes símbolos dos vinhos portugueses estão bem brunidos. Para que conste este marco do nosso europeísmo vitivinícola.
Também era tempo de aqui se deixar registado um monarca por quem o viandante tem um grande apreço, Alberto I. Os alemães, durante a I Guerra Mundial, ocuparam praticamente todo o território belga. Todo? Uma nesga de sol belga resistiu, ali viveu Alberto I a aguentar a fúria alemã. Esta escultura tem dignidade, está prantada na escadaria que leva ao Monte das Artes, que cujo cimo se desfruta uma das mais belas vistas de Bruxelas. Em frente a esta estátua puseram uma miniatura em pedra com a rainha consorte, Elisabete, a senhora que deu nome a um dos concursos musicais mais prestigiosos em todo o mundo. Não me atrevo a mostrar a estátua, quase caricata, pior do que aquilo só o Duarte Pacheco perto da ponte que é um dos seus trabalhos de referência. São bem estranhos os pesos e as medidas com que imortalizamos os nossos ancestrais.
E, por último, num quarteirão chique, o Grande Sablon apanhou o viandante uma fachada de recamado floral, vistoso como decorativo. E pumba, fotografia para revelar uma das dimensões da garrulice belga.
Quando se vagabundeia pelo centro da cidade, uma das surpresas são as peças escultóricas que aguentaram a pé firme a derrocada da belíssima arquitetura do século XIX, escultura que se impõe à arquitetura do vidro. Esta luta a cavalo tem proporções titânicas, mete respeito, tivesse o viandante uma máquina fotográfica de alto calibre e o paradoxo entre o classicismo escultórico e a envolvente de escritórios nesta cidade, em que o preço do metro quadrado é fogo, seria ainda mais gritante. Isto para abonar a tese de que a capital da Bélgica tem muito dos pecadilhos da Europa e guarda peças preciosas de património universal.
O viandante já está cansado, palmilhou a gosto, se há repouso do guerreiro também há merecimento para o repouso do turista. E a cidade está enxameada de belos lagos, este chama-se de La Cambre, é soberbo nas suas sinuosidades, lagos maiores e lagos menores. Sabe-se lá bem porquê, este entardecer com céu esbranquiçado, um tanto sujo, lembra a pintura de um dos expoentes máximos do surrealismo, René Magrite. O viandante tira-lhe o chapéu, curva-se respeitosamente perante a cidade, antevê um jantar delicioso, amanhã é o último dia, o viandante promete surpresas.
1. Recebemos, com natural curiosidade, notícias de um tal Joseph Josephsson. com perfil no Blogger desde novembro de 2016, administador do blogue Merely... Lapland, o que em português quer dizer, Simplesmente... Lapónia.
O misterioso senhor Joseph Josephsson vive em Kiruna, acima do círculo polar ártico... Espantosamente, a temperatuta local às 23h00 de ontem era de -3º, com céu limpo, . A previsão para a véspera de Natal, sábado, 24, era de queda de neve, com temperatura ambiente de -8º.
Eureca!, descascadas as várias camadas de neve que envolvem o tal blogue. descobrimos que o senhor Joseph Josephsson era, nem mais nem menos, do que o desaparecido lusolapão José Belo, nosso grã-tabanqueiro, capitão de infantria reformado, ex- alf mil, CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)...
Era ele mesmo, sob disfarce, o nosso José Belo que, tal como Deus, tem o dom da ubiquidade... Para nós, ele estava simplesmente desaparecido desde o seu dia de aniversário, 4 de fevereiro de 2016. Depois disso, imaginávamos que tivesse "hibernado" como o urso pardo que costima rondar a sua "lappland trähus", a sua casa de madeira lapã e onde, dizem, fabrica-se e bebe-se o melhor vodka da Lapónia...
Aliás, temos dúvidas que ele tenha chegado a ler as quadras populares que lhe mandámos na altura, na ciaxinha de comentários, e que rezavam asssim:
Não importa onde estejas, Em dia de aniversário: Zé Belo… Feliz ? Pois que o sejas, Muitos anos, até ao cent'nário.
Estocolmo ou Kiruna, Key West ou Empada ? Tens no blogue uma tribuna, E um abraço de camarada.
Tu, José, lusolapão, Dos vikings, conquistador, Toma lá xicoração Do Luís, teu editor.
Vemos agora, com alegria redobrada, que o nosso Zé Belo continua por lá, na sua adorada Lapónia, e na sua tabanca, sempre, sempre em busca, senão da suprema, pelmenos da relativa felicidade que os deuses consentem aos homens na terra... Agora com o Trump na Casa Branca, ficamos para ver se ele na próxima primavera sempre voltará a levar as suas renas até Key West...
Para ele, e família, filhos e amigos mais próximos, vão daqui, de Lisboa (que no sábado, 24, terá céu limpo, e 17º de temperatura) um xicoração fraterno e festivo, em nome da nossa Tabanca Grande onde se reunem, sob o poilão sagrado e com a benção de todos os irãs bons, os amigos e camaradas da Guiné. (LG)
O Bando do Café Progresso, a Junta de Freguesia de Crestuma e o Centro Associativo Cultural de Crestuma (CRASTUMIA) associaram-se ao lançamento do livro "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria de José Ferreira da Silva, na sua terra de adopção, Crestuma.
José Ferreira da Silva é natural da freguesia de Fiães (Santa Maria da Feira) mas pelo casamento radicou-se na freguesia de Crestuma (Vila Nova de Gaia), onde se tornou um cidadão socialmente activo. Quer nos Bombeiros Voluntários locais, quer no Crastumia, quer na Canoagem, de que foi fundador do clube local, quer noutras iniciativas, o José Ferreira tem a sua pegada. De salientar ainda que o nosso camarada foi em 1983 eleito Presidente da Federação Portuguesa de Canoagem e é actualmente Sócio Honorário, por aclamação, desta instituição.
A apresentação das "Memórias Boas da Minha Guerra", associada ao Almoço de Natal do Bando do Café Progresso, levado a efeito desta vez em Crestuma, no Salão da Junta de Freguesia, foi a combinação perfeita para esta merecida homenagem ao autor José Ferreira na sua terra de coração.
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A sessão marcada para as 11 horas do dia 17 de Dezembro, foi aberta pelo Inspector Alberto Guedes de Moura que deu as boas-vindas aos presentes, passando depois a palavra ao Dr. Romualdo Mota e Silva, que enalteceu as qualidades de cidadão interventivo, do José Ferreira, na freguesia de Crestuma. Do livro falou pouco já que havia quem, na sua perspectiva, para o efeito estava mais habilitado.
A Mesa, presidida pelo Inspector Alberto Guedes de Moura, de pé, Presidente da Assembleia Geral da Crastumia (Centro Associativo Cultural de Crestuma), era composta ainda, da esquerda para a direita: por José Ferreira, autor do livro Memórias Boas da Minha Guerra; General Art Manuel de Azevedo Maia, ex-Cap Art ex-CMDT da CART 1689; Dr. Romualdo Mota e Silva, Presidente da Direcção da Crastumia e Carlos Vinhal, em representação do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Duas perspectivas do Salão da Junta de Freguesia, onde decorreu a sessão de apresentação do livro
O Dr. Romualdo Mota e Silva falando aos presentes
Em representação da Tabanca Grande, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, esteve o co-editor Carlos Vinhal, que também na qualidade de editor no Blogue dos textos do José Ferreira, pela segunda vez em pouco tempo, falou deste seu livro de Memórias. Desta vez até deu para ler uma hilariante história em que o nosso amigo Zé levou uns sopapos de um tal Lapin, um tipo franzino, que supostamente não podia com um gato pelo rabo.
Carlos Vinhal, a quem coube a incumbência de, em nome deste Blogue, mais uma vez falar sobre o livro do José Ferreira
Interveio depois o antigo Comandante da CART 1689, General Manuel Azevedo Maia, que fazendo jus à sua experiência militar, falou das guerras que mais directamente afectaram Portugal, nomeadamente a I Grande Guerra e a do Ultramar. Lembrou tempos, companheiros de armas e episódios da CART 1689. Como no dia do lançamento do livro em Vila Nova de Gaia, foi um prazer ouvi-lo.
O senhor General Manuel Maia, falando da sua experiência enquanto militar
Seguiram-se algumas intervenções a partir da assistência, entre elas a do Bandalho Presidente, não confundir com Presidente Bandalho, Jorge Teixeira (jteix), que confessou não ter lido ainda o livro, mas conhecer através do Blogue as histórias publicadas. Com algum humor de bom gosto, dispôs bem quem o ouviu.
O Combatente Jorge Teixeira (jteix), falando na qualidade de Presidente do Bando do Café Progresso
Em tom mais sério, o Combatente Joaquim Coelho, que foi paraquedista em Angola e Moçambique, também ele com livros já publicados, na qualidade de dirigente do Movimento Cívico de Antigos Combatentes, lembrou o quanto foram e continuam a ser ignorados os Combatentes da Guerra do Ultramar, alguns a viver na rua, cheios de mazelas herdadas do tempo em que foram militares.
O Combatente Dionísio, protagonista da história "É guerra, é guerra... (será?)", que se pode ler na página 119, também se dirigiu à plateia, não para falar de si, como talvez se esperasse, mas para caracterizar a Guiné quanto à sua geografia, clima e tipo de guerra. Falou das dificuldades que aquela terra, pelas suas particularidades, impunham a quem para lá ia combater e das soluções inexistentes para o fim da guerra colonial, cujo desfecho só podia ser político.
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O Combatente Dionísio falando sobre a Guerra na Guiné.
Também o camarada Ricardo Figueiredo teve uma interessante intervenção, falando do autor do livro, das suas histórias e do contexto em que elas foram vividas e agora passadas a livro.
O Combatente Ricardo Figueiredo falando a partir da assistência
Já toda a gente se preocupava com o leitão que nos esperava no restaurante ali ao lado, quando o José Ferreira da Silva começou a sua alocução. Agradeceu a todos os que antes dele intervieram as palavras que lhe foram dirigidas e que não merecia, e agradeceu mais uma vez à família e aos amigos que o ajudaram a levar por diante a publicação deste livro. Teceu palavras de reconhecimento à Junta de Freguesia pela cedência do salão e à Crastumia pela colaboração na organização desta sessão de apresentação e ainda ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, nas pessoas dos editor e co-editor, respectivamente Luís Graça e Carlos Vinhal.
Finalizou o acto, o José Ferreira que agradeceu aos presentes todo o carinho dispensado.
Seguir-se-ia o almoço de Natal do Bando do Cafá Progresso, este ano com muitos mais participantes.
1. O "Sintra", ou seja, o nosso camarada e grã-tabanqueiro Joaquim [Nunes] Sequeira, "não brinca em serviço"... Onde se mete é para valer... O seu CV é curto e grosso:
"Comecei a Trabalhar aos 10 anos e ainda não parei em escola da vida; andei na Escola Secundária de Santa Maria - Portela de Sintra"; vive em (e é natural de) Mucifal, Sintra; é casado; foi 1º cabo canalizador, BENG 447, Bissau, 1965/67; frequenta com assiduidade a Tabanca da Linha; é membro. nº 608, da nossa Tabanca Grande desde 8/3/2013; é 1º vogal da direção do Núcelo de Sintra da Liga dos Combartentes, e o seu porta-estandarte...
Ao serviço do BENG 447, conheceu meia Guiné: Pelundo, Nhacra, Mansoa, Cutia, Mansabá, K3, Farim, Binta, Lamel, Jumbembem, Canjambari, Bambadinca, Cuntima, Bafatá, Nova Lamego, São João, Bolama, Jabadá, Tite, Enxudé, Fulacunda, Ilha das Galinhas, Ilha das Cobras, Nova Sintra, Olossato, e Bissorã...
Mandou-me há dias uma mensagem, com votos natalícios: "Luis graça, vai a foto para publicar no blogue, um abraço para toda a malta".
"Primeiro uma explicação, o aerograma foi para ver se há mais companheiros que tenham outros pois até hoje só vi este que guardo religiosamente e que me foi enviado por um conterrâneo da Força Aérea que já não está entre nós. Transcrição do teor do aerograma:
"Bissalanca, 27 dez 65
Caro amigo:
Com os meus votos de felicidades, quero-lhe participar que já tenho em meu poder a encomenda que fez o favor de trazer de Colares [, Sintra].
Terei muito prazet em conversar consigo, mas não sei onde está, pois ignoro onde é o SPM 1588, mas se for perto [?] de Bissau, escreva-me para saber como está. Todas as 3ªs, 5ªs, sábados e domingos estou à noite no Café Universal.
Até breve, Teves Costa."
Folha de rosto do aerograma enviado ao 1º cabo Joaquim Nunes Sequeira, [BENG 447, Bissau]. SPM 1588, pelo 1º sargentyo MMA (?), Teves Costa (?), [BA 12, Bissalanca], SPM 0078 (?).
Vídeo (1' 41'').- Alojado em You Tube > Luís Graça
São Martinho do Porto > "Casa do Cruzeiro" na estrada do Facho > Almoço-convívio. 7 de Agosto de 2008.> Anfiriões Clara Schwarz da Silva (1915-2016) e seu filho Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (1949-2014)... Violinista: João Graça, executando um, "freylach". Homenagem às raízes judaicas, polacas e russas, da anfitriã (que nasceu em Lisboa, em 1915)... Tratou-se de um trecho de música klzemer, a música tradicional dos judeus da Europa de leste, os asquenazes. Na imagem, o Pepito aparece à esquerda, de pé, e a sua mãe, então com 93 anos, à direita, sentada.
Vídeo carregado no You Tube em 07/08/2008, com a devida autorização ao artista...que é membro da nossa Tabanca Grande desde pelo menos 2011 (, tendo, cerca de uma centena de referências no nosso blogue). É cofundador e membro, desde 2006, do grupo Melech Mechaya.
O João Graça, que por razões profissionais não pôde despedir-se da sua amiga, por quem tinha grande estima e admiração, pede-nos para publicar este vídeo, mesmo antigo e gravado ao ar livre, em condições precárias, como homenagem derradeira, por sua parte, à dona Clara que, também ela cursara, como ele, o Conservatório Nacional de Música de Lisboa e tocava violino, o seu instrumento preferido. (LG)
Foto nº 1
Foto nº 1A> > Crematório de Barcarena, Oeiras > 14 de dezembro de 2016 > 15h32 > Funeral de Clara Schwarz (1915-2016) > O arco-íris e o seu forte simbolismo para os seres humanos: na foto nº 1, é difícil distinguir a sequência das 7 cores do espectro solar, mas aqui (foto nº 1A) pode identificar-se melhor ou pior o vermelho, o laranja, o amarelo, o verde, o azul, o índigo (ou anil) e o violeta (ou roxo).
É um arco-íris de homenagem à nossa amiga e decana da Tabanca Grande, uma homenagem a um vida que atravessou dois séculos e que, por onde passou, deixou luz, amor, humor, felicidade, beleza, conhecimento, simpatia, tolerância, amizade...
Foto nº 2 > Crematório de Barcarena, Oeiras > 14 de dezembro de 2016 > Funeral de Clara Schwarz (1915-2016) > A urna, os cravos, a caixinha para as cinzas...Uma imagem que nos vem lembrar a nossa condição humana: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris" [Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te tornarás. Fonte: Antigo Testamento, Génesis, 3, 19].
Foi uma cerimómia singela: não éramos mais de meia centena, mas os familiares e amigos vieram de vários pontos, de Bissau, de Paris, de Lisboa (*)...
O João Schwarz da Silva foi o "mestre de cerimónias", discreto, comedido, num ambiente que ainda é estranho para muitos de nós, a antecmara do forno crematório (neste caso, o de Barcarena, Oeiras).
Por vontade expressa da nossa decana, Clara Schwarz, foi uma cerimónia simples, em cima da urna, vários ramos de cravos vermelhos (como a Clara gostava), além da caixa de madeira para guardar as cinzas... Houve depois quatro ou cinco intervenções de familiares e amigos, que quiseram tomar a palavra:
(i) o filho João, e a seu lado, o Henrique;
(ii) a neta Mariana (filha do João, que vive em Paris e que estava emocionadíssima, era também uma neta muito ligada à avó);
(iii) uma afilhada da Clara, cujo nome não retive;
e por fim (v) o editor do nosso blogue, amigo da família...
Alguém fez questão de passar, muito apropriadamente, dois trechos de música, sinfónica e klezmer, de que a Clara muito gostava... E no final depois batemos palmas... à nossa heroína (que ultrapassou a fasquia dos 100 anos), à vida, à saudade, à amizade, ao amor, ao futuro (representado pelas novas gerações a quem compete pegar no "testemunho" dos que partem...)
A família, que não é numerosa, estava lá: os filhos João e Henrique, os netos (a Pepas, o Ivan, a Catarina, do lado do Pepito e da Isabel), a Marina e o Martin (?), do lado do João... Até a última bisneta, a Lara, com escassos meses, filha da Catarina... e a avó Isabel Levy Ribeiro (que regressa, coma a filha e a neta, a Bissau, no princípio de janeiro... porque "a vida continua"!)...
Do lado da Tabanca Grande, além de mim e da Alice, vi (e estive com) o Carlos Silva, o António Estácio, o Eduardo Costa Dias... Conheci mais algumas camaradas, nascidos ou crescidos na Guiné, e que foram alunos da prof Clara Schwarz, no liceu Honório Barrreto (um dos que fixei o nome tem por calcunha o "Manuel Balanta" e é hoje colega, na EDP, do nosso colega Eduardo Magalhães Ribeiro) (**).
A prof Clara Schwarz tinha fama de disciplinadora e os alunos respeitavam-na e temiam-na, mas todos asseguram que foi graças a ela que aprenderam a dominar o francês. Todos me têm falado dela com saudade. Por ocasião do seu 100º aniversário, o nosso camarada Manuel Amante da Rosa, então embaixador de Cabo Verde em Roma, evocava-a nestes termos:
(...) "Cincoenta anos passados e ainda me lembro de como entrou pela primeira vez, altiva e austera, no nosso 1º ano B, com o Bonjour da ordem, pasta em cima da mesa, livro de ponto aberto e caderneta nova, com as nossas fotos, ainda por preencher nos recantos das notas e chamadas orais. Iniciar ela própria a chamada da praxe para nos ir identificando pelo primeiro nome, um sorriso e olhar maternal ocasional para os mais amedrontados dissiparem o respeito que nos incutia.
Não me lembro nunca de ter visto algum aluno a ser expulso das suas aulas ou levar falta de material. Ela teria o dom da disciplina sem ter que castigar. Uma admoestação verbal dela caía fundo porque era dada de frente para o aluno, olhando-lhe bem nos olhos. Muito preocupada sempre com aqueles que sabia serem os mais carenciados e carentes de locais para estudo. Poucos olhares se mantinham fixos nela quando por detrás das lentes procurava um de nós para as chamadas orais.
Durante quatro anos tive o privilégio de a ter como minha Professora de Francês e ao mesmo tempo educadora. Como eram os Professores antigamente. Fui expulso algumas vezes de outras aulas. Éramos irrequietos, jovens e sempre à procura de algo diferente mas nas classes da Clara Silva e mais um ou outro Professor imperava a atenção e a disciplina." (...)
Reencontrei o Rui Miranda e a esposa Isabel Miranda, que trabalham na AD, e que eu conheci em 2008, em Bissau... (Desejo ao Rui boa continuação do tratamento hospitalar a que está a ser sujeito e Lisboa!... Lembro-me do Pepito sempre o tratar, com graça, por "furriel Miranda", já que ele havia servido o... exército colonial!...Também ele foi aluno da prof Clara Schwarz).
Estranha coincidência ou não, foi o mesmo crematório, o de Barcarena, onde o nosso Pepito foi incinerado. N a altura, estranhei, eu e a Alice, ninguém quer dizer uma palavar de despedida, antes da entrada da urna no forno crematório... Provavelmente a família não estava, ali, preparada para dar a palavra a quem que fosse... Aliás, a morte, repentina, do Pepito tinha-nos deixado a todos consternados e sem palavra... Fiquei agora a saber que as suas cinzas foram levadas para Bissau onde o pai, Artur Augusto Silva, morrera, em 1983 e onde fora sepultado.
Transmiti aos presentes, e nomeadamente à família Schwarz, os votos de pesar de toda a Tabanca Grande, pela morte da nossa decana, uma grande senhora que soube viver e morrer com toda a dignidade. E relembrei dois ou três (quadras populares) das que publicámos no nosso blogue por ocasião dos seus aniversários:
(...) Fazer anos, que maçada, Já não tenho, p’ra isso, idade, Mas estou-vos muito obrigada, P'los votos… de eternidade!
Decana, eu ? Ah, pois sou, Com muita honra e prazer! E ao blogue ainda vou, Mesmo sem poder escrever.
Nesta terra querida, Tive mundo, e tive amor, Não me posso queixar da vida, Tive tudo, e também dor. (...)
(...) Há festa no Tabancal,
Os seus anos celebramos De Lisboa ao Corubal, Nossa decana saudamos.
Fez da vida maratona, A nossa grã-tabanqueira, Clara, senhora e dona, É atleta de primeira.
É um mix de culturas A nossa aniversariante, Passou por muitas agruras, Mas foi sempre adiante.
De polaco pai e russa mãe, Tem alma rubra e verde, Apaixonou-se também Por um filho de Cabo Verde.
Artur foi o seu 'cretcheu', Que lhe deu três belos filhos, Pepito é o guinéu, Sempre metido… em sarilhos!
Quem anda, tropeça e cai, Parte braço, mas recomeça, Mais vale dizer ai!, Do que perder… a cabeça! (...)
PS - Ah!, esqueci-me de mencionar a presença da na nossa querida e amiga tabanqueira Júlia Neto, a viúva do nosso saudoso capitão Zé Neto (1929-2007), que me deu notícias das filhas e dos netos... Reencontrei-os na Tabanca de São Martinho do Porto, depois de os ter conhecido no funeral do pai e avô. Fiquei a saber que a Júlia é bisavó... Lembram-se da conversa, aqui, do Zé Neto, o capitão José Neto, o primeiro dos nossos grã-tabanqueiros a deixar-nos ?
Na altura, em 2006, ele era o "patriarca" da nossa tertúlia (ainda não dizíamos Tabanca Grande...). Chegou ao nosso blogue com a seguinte mensagem, que eu adorei, porque vi logo que era um homem de palavra e com sentido de humor, um excelente camarada, para além de amigo do Pepito:
(...) "Meu caro Luis: depois de muito meditar cheguei à conclusão de que, pelo menos tu, mereces a minha confiança para partillhar contigo uma parte 'muito significativa' das memórias da minha vida militar. São trinta e três páginas retiradas (e ampliadas) das 265 que fui escrevendo ao correr da pena para responder a milhentas perguntas que o meu neto Afonso, um jovem de 17 anos, que pensava que o avô materno andou em África só 'a matar pretos' enquanto que o paterno, médico branco de Angola, matava leões sentado numa esplanada de Nova Lisboa (Huambo). Coisas de família" (...).
Pois é, o nosso Afonso é hoje um respeitável chefe de família e já deu à Júlia um bisneto... A nossa querida, Leonor, a mana do Afonso, por sua vez, tirou comunicação social, trabalhou na TVI, está agora fazer outras coisas e faz companhia à avó...
Uma bela família, também... Gostei de rever a Júlia, mesmo que o sítio e a ocasião não fossem os mais adequados...A Júlia soube da notícia da morte da Clara através do Facebook da Tabanca Grande.
Guiné > Região de Tombali > Mampatá > CART 6250, "Os Unidos de Mampatá" (1972/74) > Um foto aérea de povoação e aquartelamento... A esquerda o heliporto. Era uma tabanca fula, ,logo muçulmana.
Original foto de Canjude, região de Gabu, com votos de Boas Festas, enviada pelo José Martins [ex-fur mil trms, CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70)