por Luís Graça
De rio em rio
se alcança a foz
e se galga o mar.
Vais na torrente,
a bracejar.
De mar em mar
se vai ao longe:p’ra naufragar,
no oceano, largo e profundo,
ou p’ra encalhar,
no cabo do mundo
De estrela em estrela
navegas por toda a parte,
à boleia dos sonhos
que te venderam
a preço de saldo.
Do planeta ao planetário
vai um salto:
há apenas uma tela,
a separar-te
ou p’ra encalhar,
no cabo do mundo
De estrela em estrela
navegas por toda a parte,
à boleia dos sonhos
que te venderam
a preço de saldo.
Do planeta ao planetário
vai um salto:
há apenas uma tela,
a separar-te
do desastre humanitário.
Na deriva da vida
segues em contramão,
como um cavalo com o freio nos dentes,
fora da estrada,
sem seguro de acidentes.
num louco tropel.
Daqui para a frente,
vais pouco confiante e nada crente,
como num carrossel:
já não é caminhada,
já não é jogging,
é picada armadilhada,
é alucinação.
Preferes nada saber de astrofísica,
muito menos de metafísica.
Seria bom saberes algo mais
de economia.
Porque um dia,
vão-te cobrar a portagem,
no fim da viagem
ou numa qualquer paragem,
técnica,
quando o teu planeta azul
perder o contrato de concessão
ou a simples licença de habitação.
Um dia,
faça chuva ou faça sol,
vais ser despojado do teu corpo,
desalojado do teu habitáculo,
como a lagosta ou o caracol.
Quem te prometeu um tabernáculo,
ergonomicamente correto,
digno de um deus maior,
nada sabia de ergonomia
e muito menos era arquiteto.
Afinal,
não passas de um animal terrestre,
numa terra que não é tua:
na melhor das hipóteses,
és um erro de casting
do criador…
Alguém te há de lembrar
que não passas de um simples hóspede,
e que o hóspede e o peixe
ao fim de três dias… fedem,
como assegura o provérbio popular.
Na tua aldeia,
na hora da tua morte,
Na deriva da vida
segues em contramão,
como um cavalo com o freio nos dentes,
fora da estrada,
sem seguro de acidentes.
num louco tropel.
Daqui para a frente,
vais pouco confiante e nada crente,
como num carrossel:
já não é caminhada,
já não é jogging,
é picada armadilhada,
é alucinação.
Preferes nada saber de astrofísica,
muito menos de metafísica.
Seria bom saberes algo mais
de economia.
Porque um dia,
vão-te cobrar a portagem,
no fim da viagem
ou numa qualquer paragem,
técnica,
quando o teu planeta azul
perder o contrato de concessão
ou a simples licença de habitação.
Um dia,
faça chuva ou faça sol,
vais ser despojado do teu corpo,
desalojado do teu habitáculo,
como a lagosta ou o caracol.
Quem te prometeu um tabernáculo,
ergonomicamente correto,
digno de um deus maior,
nada sabia de ergonomia
e muito menos era arquiteto.
Afinal,
não passas de um animal terrestre,
numa terra que não é tua:
na melhor das hipóteses,
és um erro de casting
do criador…
que não passas de um simples hóspede,
e que o hóspede e o peixe
ao fim de três dias… fedem,
como assegura o provérbio popular.
Na tua aldeia,
na hora da tua morte,
tocará o sino,
a finados.
Alguém então quererá
a finados.
Alguém então quererá
dizer uma última palavra:
fostes um bom homem,
mas à tua porta não bateu a sorte.
Ninguém, por certo, perguntará
p'los teus sonhos... de menino.
Lisboa, março de 2015
_______________
Nota do editor:
fostes um bom homem,
mas à tua porta não bateu a sorte.
Ninguém, por certo, perguntará
p'los teus sonhos... de menino.
Lisboa, março de 2015
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 8 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14333: Manuscrito(s) (Luís Graça) (49): Primavera, em Dia Internacional da Mulher