Tem este texro o fim de alertar consciêcias esquecidas neste nosso Portugal: refiro-me ao ostracismo e desprezo que os nossos governantes têm votado as Forças Armadas de Portugal e, mais concretamente, aos deficientes militares que depois de 40 anos do término da guerra colonial, continuam a clamar que lhe seja aplicado o Decreto Lei nº 43/76.
Refiro ainda que este texto foi publicado no jornal ELO, orgão da ADFA [,publicação que tem já 39 anos de existência].
Nunca o conceito de soldado esteve tão actualizado a meu ver e, nesse sentido, lembro aos nossos governantes uma lição que aprendi nos bancos da escola primária.
Então: o soldado é o homem a quem a pátria confia a sagrada missão de velar pela sua honra, de garantir a sua independência. Ao dar-lhe a farda e a arma ela diz-lhe:
"Aqui tens esta farda, pega nesta arma, de agora em diante és o meu defensor e conto contigo! Enquanto te exercitas no manejo das armas, te afazes ao frio, ao calor e á fadiga e te submetes à obdiência, o país, graças a ti, que velas por ele, pode entregar-se tranquilamente aos trabalhos da paz. Orgulha-te da tua missão; esta farda, respeita-a, livra-te de a desonrar. Desde o dia que pela primeira vez a vestires não deixes que o teu coração perca os sentimentos de dignidade e de coragem que convêm aos homens a quem Portugal, comete a nobre missão de velar pela sua honra e pela sua indepedência. Lembra-te que a nossa história nos dá belos exemplos do brio dos nossos soldados! Segue estes exemplos e a pátria ser-te à eternamente grata."
Ora seguindo estes exemplos, a ADFA é sua herdeira
e fiel depositária desse espirito. Então: à ADFA, a
todos os que partiram e aqueles que já têm a viagem marcada, aqui deixo o meu grito de revolta, clamando por justiça que não se acalma sem ver o Dec Lei nº 43/76 posto em prática e na íntegra, em tudo o que diz respeito aos deficientes das forças armadas, sem subtarfugios e invenção, de mais um [Dec Lei nº] 134/97, de tão má memória para todos nós.
e fiel depositária desse espirito. Então: à ADFA, a
todos os que partiram e aqueles que já têm a viagem marcada, aqui deixo o meu grito de revolta, clamando por justiça que não se acalma sem ver o Dec Lei nº 43/76 posto em prática e na íntegra, em tudo o que diz respeito aos deficientes das forças armadas, sem subtarfugios e invenção, de mais um [Dec Lei nº] 134/97, de tão má memória para todos nós.
Não podemos permitir que alguém, sem conhecer o nosso passado, se arrogue o direito de nos negar sem que primeiro, nos consultar sobre as nossas necessidades e mazelas que ao serviço da pátria, não regateamos esforços pela nossa condição; e que por via disso, se criou o Decreto Lei nº 43/76, para que a pátria reconheça todos os sacrificios passados!
Vêm agora uns senhores esbarrar connosco sobre um direito que é dos mais elementares; a saúde gratuita e extensiva ás nossas companheiras que, pelo o seu carinho,esforço mental e psicológico e também fisico, merecem estar em lugar cimeiro nesta nação Portugal.
Junto especifico a razão do texto.
2. Poema > Em louvor dos Deficientes das Forças Armadas (DFA) e demais combatentes
Mas como pode Portugal
Desprezar tantas familias,
Não cumprindo o seu dever
E os corpos devolver,
P'ra se fazer o funeral.
E deste mundo cruel,
Quando amanhã eu morrer,
Não levo saudade, mas levo a paz,
De tanto na vida sofrer.
Fui fazer guerra a um povo
Que. de tão martirizado.
E deste mundo cruel,
Quando amanhã eu morrer,
Não levo saudade, mas levo a paz,
De tanto na vida sofrer.
Fui fazer guerra a um povo
Que. de tão martirizado.
Pegou em armas de fogo
P'ra banir tanto diabo.
E, como se não bastasse,
Muitos de nós lá ficaram,
Cegos, amblíopes e estropiados.
E, se a vida que eu carrego,
Fosse minha por um segundo,
Não me importava ser cego
P'ra depois ver este mundo!
Uma criança corria
Com seu arco na bagagem,
Era o brinquedo que tinha
P'ra ser mais breve a viagem.
Sua mãe fora doçura,
Mas seu pai o pôs andar,
De casa com amargura,
Por não haver que lhe dar.
Disse adeus à sua terra
E às coisas belas que tinha,
Feito homem foi p'ra guerra,
Com saudades da mãezinha.
Com vinte anos de vida
O ensinaram a manejar
Uma arma assassina,
P'ra em terra estranha matar!
Uma criança corria
Com seu arco na bagem,
Era o brinquedo que tinha
Naquela mata que ardia!
E fugia, fugia.
De Coimbra para Coimbra,
Um comboio circulava
P'ra banir tanto diabo.
E, como se não bastasse,
Muitos de nós lá ficaram,
Cegos, amblíopes e estropiados.
E, se a vida que eu carrego,
Fosse minha por um segundo,
Não me importava ser cego
P'ra depois ver este mundo!
Uma criança corria
Com seu arco na bagagem,
Era o brinquedo que tinha
P'ra ser mais breve a viagem.
Sua mãe fora doçura,
Mas seu pai o pôs andar,
De casa com amargura,
Por não haver que lhe dar.
Disse adeus à sua terra
E às coisas belas que tinha,
Feito homem foi p'ra guerra,
Com saudades da mãezinha.
Com vinte anos de vida
O ensinaram a manejar
Uma arma assassina,
P'ra em terra estranha matar!
Uma criança corria
Com seu arco na bagem,
Era o brinquedo que tinha
Naquela mata que ardia!
E fugia, fugia.
De Coimbra para Coimbra,
Um comboio circulava
E outro que de lá vinha,
Em Coimbra ele parava.
Gente, muita gente,
E eu estava no meio,
Coimbra e mais gente apressada!
Para onde irão com tanta pressa?
E eu, sem pressa, aqui estou,
À espera, embebedando-me
Com a paisagem
De água
E comboios
E gente.
Estou a viver um sonho
Do qual não posso fugir,
É um processo medonho
Que tenho que concluir.
Não faço parte da terra,
Não faço parte do todo,
Mas fiz parte duma guerra
Em terras de outro povo.
Fiz um poema à lua
E não é que ela gostou?
Mas disse-me que era só tua
Porque por mim já passou!
Vê lá bem essa malvada...
Em Coimbra ele parava.
Gente, muita gente,
E eu estava no meio,
Coimbra e mais gente apressada!
Para onde irão com tanta pressa?
E eu, sem pressa, aqui estou,
À espera, embebedando-me
Com a paisagem
De água
E comboios
E gente.
Estou a viver um sonho
Do qual não posso fugir,
É um processo medonho
Que tenho que concluir.
Não faço parte da terra,
Não faço parte do todo,
Mas fiz parte duma guerra
Em terras de outro povo.
Fiz um poema à lua
E não é que ela gostou?
Mas disse-me que era só tua
Porque por mim já passou!
Vê lá bem essa malvada...
Que luar não mais me deu!
E disse que era só tua,
P' não me preocupar com nada
Porque está a chegar ao fim,
A minha noite de breu
Por onde tenho caminhado.
E sair fora de mim,
Deixando-te o meu legado.
E disse que era só tua,
P' não me preocupar com nada
Porque está a chegar ao fim,
A minha noite de breu
Por onde tenho caminhado.
E sair fora de mim,
Deixando-te o meu legado.
Marques de Almeida
PS - Aquele abraço a toda a Tabanca Grande. Luis, eu não tenho por hábito dar titulo ao que escrevo por isso se lhe quiseres dár-lhe, estás á vontade. Um grande abraço, meu amigo.
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Nota do editor:
Último psote da série > 10 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11548: Prosas & versos de Ricardo Almeida, ex-1º cabo da CCAÇ 2548, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71) (8): K3, Madrinha de guerra