Pombal > 2º Encontro Nacional da Tertúlia bloguística Luís Graça & Camaradas da Guiné > O nosso amigo, camarada e anfitrião, Dr. Vitor Junqueiro, servindo de cicerone na parte velha da cidade.
Foto:© Luís Graça (2007). Direitos reservados.
Pombal > 28 de Abril de 2007 > 2º Encontro Nacional da malta do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Restaurante O Manjar do Marquês.
Antes do almoço, o Vitor Junqueiro, na sua qualidade de nosso anfitrião e organizador do encontro, fez o discurso de boas vindas. Homem de princípios e de valores, mas também verdadeira caixinha de surpresas, preparou-nos uma cena que nos sensibilizou a todos: rodeado, à sua direita, por uma das suas três filhas e por uma das suas duas netas, e à esquerda, por mim e pelo A. Marques Lopes, fez questão de ser condecorado, com o atraso de... trinta e três anos. A condecoração, que tem a ver com a sua brilhante folha de serviços como oficial miliciano na Guiné, fora-lhe atribuído pelo Chefe do Estado Maior do Exército, estando prevista sua entrega no dia 10 de Junho de 1974, o que não chegou a acontecer por o 25 de Abril de 1974 ter vindo a alterar o curso dos acontecimentos...
Com escrevi na altura, a entrega da condecoração por dois camaradas seus da Guiné foi um gesto muito bonito num dia muito bonito, em que realizámos, mais uma vez, o sentido da palavra camarada... O Xico Allen estava lá para bater o instantâneo. O que ele seguramente não pôde registar foram as palavras do Vitor para mim:
- Eh!, pá, ó Luís, vê-se mesmo que não tens jeito para esta merda!
(L.G.)
Foto: © Xico Allen (2007). Direitos reservados.1. Mensagem, com data de 22 de Outubro de 2008, do Vitor Junqueira, médico, residente em Pombal, membro da nossa Tabanca Grande, organizador do nosso 2º Encontro Nacional, de saudosa memória, pai e avô babado, portentoso contador de histórias (com H), ex-garboso oficial da nossa ex-gloriosa marinha mercante, ex-Alf Mil Inf, CCAÇ 2753 - Os Barões (
Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá ,1970/72)...
Prezado camarada e amigo Carlos Vinhal,
Há já algum tempo que ando a adiar uma modestíssima e singela troca de impressões contigo a propósito da nossa comunidade virtual, o Blogue. Porque a outra, a dos amigos de carne e osso, está bem, recomenda-se e anda a pedir mais uma almoçarada e uns abraços de quebra-costelas.
Eu já sinto a vossa falta! Tenho andado um pouco mais ocupado do que o costume. Hoje, porém, tive uns minutos para passar uma vista de olhos pelos últimos posts, onde encontrei um comentário teu, aliás, dois, que achei do maior interesse. Num deles expressas a ideia de que devemos congratular-nos por um tão elevado número de visitas que, certamente, se deve à boa qualidade do material "afixado" e à grande categoria dos respectivos autores. Concordo! O outro, transportava nas entrelinhas, pareceu-me, uma subliminar "descasca" ao pessoal por estar a tornar-se preguiçoso. Uma espécie de toque a reunir, com o qual também concordo! Mas, o que está em causa, não é com toda a certeza uma dose exagerada de salutar preguiça. Até porque, os temas que tomaste como exemplo de uma certa hiporreactividade bloguista, são dos mais interessantes, e deveriam ter suscitado uma onda de
colaborações.
Entendo por isso que será oportuno fazer uma análise do fenómeno e, partindo de um diagóstico fundamentado, introduzir as alterações que se revelarem mais consistentes com o propósito de manter toda a nossa gente
on line. Porque, não reste qualquer dúvida, a escrita é o cimento que nos matém unidos. Para concretizar esse objectivo, nada melhor que cada um de nós assumir claramente as razões da própria desmotivação, chamemos-lhe assim. Se é que ela existe. E como não sou de arcas encouradas, passo a enumerar alguns tópicos de que não sou grande apreciador:
1 - Atrasos na publicação dos textos, algumas vezes por extravio, outras porque se estabeleceram certas prioridades, que não raramente, lhes retiram toda a oportunidade.Um texto no momento certo pode ser uma pérola, descontextualizado não passará de uma parvoíce ainda que produzido por autor de boa cepa. Tem calma, Carlos, que eu bem vi como te torceste todo na cadeira. Isto nada tem a ver contigo ou com o Briote! Eu conheço muito bem o vosso empenho a favor da causa e o número incontável de horas do vosso lazer que lhe dedicais. O que terá de ser eventualmente alterado é a metodologia. Para issso podemos ter de vir a considerar a postagem directa, com a responsabilização pessoal e jurídica, explícita, dos escribas, e a retirada imediata de um texto, som ou imagem, sempre que se constate existir ofensa à carta de princípios criada pelo Luís. E que tal a criação de um conselho de ética?
2 - Textos fortemente "editados". Se por um lado podem esconder a alma de quem os concebeu, não terão também o inconveniente desencorajar ou inibir aqueles que se sentem menos à vontade com a escrita?
3 - Transcrições longas e enfadonhas de manuais ou seus excertos.Aqui incluo a pré-apresentação de livros sob a forma de folhetim que, conjecturo eu, não atrairá o interesse geral. Confesso que nunca tive pachorra para ler nem uns nem outros e não devo ser caso único. A este respeito, o blog apresenta com demasiada frequência muitas parecenças com o
site de uma qualquer editora.
4 - O controverso, o contraditório e a polémica são o sal e a pimenta dos nossos cozinhados literários. Ultimamente tem-se notado uma certa falta destes tempêros.E lá porque um ou outro tem ataques de azia, não será por isso que nos devemos resignar ao desenxabido consensual. Como homens de guerra que somos (fomos), honremos a guerra, agora com a língua e a caneta!
5 - Quase todas as semanas se apresenta mais um camarada, atraído para o nosso convívio. Isso agrada-me. Mas cadê a historiazinha a contar o drama, a peripécia, a barracada de que foi protagonista ou de que teve conhecimento enquanto membro das gloriosas FA de Portugal?Muitos têm-se esquecido. Mas isto não é o clube dos amigos de Alex, há que apresentar serviço!
Para finalizar, um curto relato. Fui contactado há uns meses por um homem por quem tive sempre muito respeito. E para além do respeito, afeição. O Manuel dos Santos, antes e depois da tropa, dedicou-se sempre à indústria da restauração. Como empregado. Encontrámo-nos pela última vez há-de haver para aí uns cinco anos, em Santa Comba Dão. Sempre muito respeitoso e educado, quase tímido, viu-se que ficou feliz por ter podido reencontrar-se com os
seus antigos furriéis e alferes. Prometeu que estaria presente no encontro seguinte, nos Açores, mas não compareceu.
Agora, gravemente doente, abandonado pela mulher, rejeitado pelos amigos da onça, posto de lado por uma filha que formou, estava sem recursos para enganar o estômago e pagar a renda de um barraco que lhe servia de habitação ali para os lados de Leça. Muito envergonhado, pedia-me um pequeníssimo empréstimo que tencionava devolver quando recebesse a prestação seguinte da Segurança Social.
Nunca mais tive notícias suas, nem sequer tive possibilidade de saber se ainda está entre nós.
Durante mais de dois anos, o 1º cabo corneteiro Manuel dos Santos zelou pelo nosso bem-estar. Como responsável pela messe e despenseiro servia-nos, no prato, as melhores refeições que podiam ser cofeccionadas com os parcos meios de que dispunha, procurando sempre que estivessem a nosso contento, tudo fazendo para que estivessem.
Como o do Manuel, haverão imensos casos de camaradas nossos em maus lençois. Dentro ou fora da esfera profissional, será que ainda vamos a tempo de fazer o gesto que se impõe? Em que medida é que através do blog poderíamos chegar a alguns aflitos?Continuação de um excelente serão.
VJ
2. Mensagem do Carlos Vinhal, com data de 27 de Outubro, remetida aos editores LV e VB:
Caros companheiros:Para vosso conhecimento e reflexão, já que o Vitor é um excelente crítico. Aguardo as vossas doutas opiniões.AbCarlos OBS:-Este reenvio tem, como é logico, aprovação do autor, já que não é um mail pessoal.3. Comentário dos editores LG/CV/VB:
Querido Vitor:
(i) Como há dias escrevia o Luís Graça, tu já tens, no nosso blogue e na nossa Tabanca Grande, o estatuto de
senador... Tal significa o direito a algumas prerrogativas (ou, como diziam os romanos,
privi + legiu > lei privada);
(ii) Tens, por exemplo, o
privilégio de poder falar alto e bom som, enquanto a gente
baixa a bolinha (para melhor te poder ouvir);
(iii) Estás isento de horário de trabalho, tens licença ilimitada de entrar e sair a qualquer hora; e de passar, inclusive,
longas temporadas fora da nossa Tabanca Grande (temos ciúmes mas não o podemos demonstrar em público...):
(iv) Tens todo o direito de mandar
bitaites a estes teus pobres e humildes editores; estás a exercer a tua soberaníssima e inalienável
liberdade de expressão;
(v) As cinco críticas que nos fazes, acertaram na
mouche: são pertinentes, contundentes, oportunas, etc. ;
(vi) Sem termos a veleidade de te responder nem muito menos contestar, deixamos-nos apenas alegar em nossa defesa o seguinte:
(a) o blogue cresceu demasiado, depois de Pombal, a partir de meados de 2007, e nem sempre, nós, os três, conseguimos dar boa conta do recado; no máximo, podemos publicar 5 postes por dia, com muita coordenação, trabalho, inspiração, transpiração; em média, 2 a 3 por dia; nas férias, 1 a 2 por dia; compare-se, a seguir, a nossa produção bloguística no mês das férias (Agosto) e nos meses de Outubro e Novembro de 2008: no gráfico de barros, pode-se ver a nossa produção semanal (em número de postes), produção essa que depende não só dos textos enviados aos editores como da capacidade de edição destes últimos...
Fonte: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008)
(b) a correspondência recebida (e expedida) é volumosa, a ponto de ficarmos por vezes afogados em mails; estamos, agora, por exemplo, a fazer a
limpeza (periódica) à nossa caixa de correio;
(c) há atrasos que, por vezes, podem ser irremediáveis, tirando oportunidade e sentido aos textos que nos são enviados (sobretudo em questões que estão encadeadas, que têm perguntas e respostas, etc.);
(d) procuramos quase sempre manter o espírito da mensagem quando,
por mor do português de lei, somos obrigados a corrigir a forma; não queremos o mau exemplo que vai por aí, por essa blogosfera fora; não somos um blogue literário, mas queremos entender-nos...
em bom português, entre portugueses e outros lusófonos, incluindo os nossos amigos, camaradas e irmãos da Guiné;
(e) vamos ter em conta o teu reparo sobre o
excesso de transcrições (de livros, relatórios, etc.) e de outros sinais exteriores de eventual
novo riquismo literário;
(f) não queremos ser um clube dos
amigos de Alex (muito menos de
poetas mortos...), vamos manter a tarifa
1 homem, 1 história, como preço de ingresso na Tabanca Grande; quem quer entrar, pede licença, apresenta-se e conta história;
(g) e, claro, estamos de acordo: o
contraditório, a exposição de pontos de vista contraditórios, a crítica, a discussão de pontos de vista, o debate, a saudável polémica, etc. são o sal da vida bloguística, são o que (também) dá pica à vida e ao blogue; mas,
tal como o stress, tem de ser q.b.;
(h) Por fim, e não menos importante, quanto ao
conselho de ética... Está prometido há meses, temos que cumprir a promessa... O que tu, no fundo, estás a fazer é o papel de
provedor do blogue, uma figura que pode ser individual ou de pequeno grupo de
senadores (ou, melhor
homens grandes) como tu...
E a
solidariedade entre camaradas, sobretudo nas más horas, como no nosso tempo, na Guiné ? Como vamos manifestá-la ? Publicamente, discretamente, efectivamente ? Casos como o António Batista ou do Manuel dos Santos
não podem deixar-nos indiferentes...
E pronto. Temos dito. E, com um atraso de quase um mês, publicado. Não cremos que o texto tenha perdido
acuidade e actualidade. Mas tu dirás da tua justiça. Aliás, é uma excelente oportunidade para outros camaradas e amigos se pronunciarem também sobre o blogue do
nosso contentamento, às vezes descontente, parafraseando o nosso grande lírico, o nosso Luís de Camões, o maior e o melhor de todos nós...
Um Alfa Bravo destes três cavaleiros andantes, nos seus cavalos já velhos, cansados, ronceiros, mas ainda voluntariosos, Luís, Carlos e Virgínio.
PS - Obrigados pelo privilégio de voltarmos a ler as tuas Histórias (com H). Estamos a pensar também em... próximo livro, teu, ou colectivo, de antologia (por exemplo, com as nossas melhores 25 histórias), brochado, de preferência, de capa dura, como deve ser, a um preço razoável, acessível a todos (ou à maior parte de nós)... E, claro, com direito a festa rija, de lançamento, que
o texto é também pretexto para a festa da amizade e da camaradagem, festa que o nosso blogue procura celebrar todos os dias... Se nem sempre o consegue, é por culpa dos oficiantes, da comissão de festas, e dos... artistas (que afinal de contas somos todos nós).