1. Chefiada por Fernando Frade, a Missão Zoológica da Guiné decorre entre dezembro de 1944 e maio de 1946. Nesse período a que corresponderam cerca de 300 dias de trabalho de campo, a equipa deu um importante contributo para o conhecimento da fauna terrestre e marítimo-fluvial da província. Andou por sítios que muitos de nós conhecemos como a ilha de Bissau, Enxalé, Cuor, Bambadinca, Bafatá, Contuboel, Xitole, Buba, Catió, Cacine, Piche, Madina do Boé...
Um primeiro relatório, com 5 partes, é logo publicado em 1946, como separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais. Não tivemos ainda acesso a essa publicação, os excertos (texto e fotos) que aqui publicamos são possíveis graças à divulgação (e à cortesia) da página lusófona Triplov (leia-se: Triplo Vê), superiormente dirigida e animada por Maria Estela Guedes.
Escritora e crítica literária, Maria Estela Guedes (n. 1947), também bebeu, como nós, a "água do Geba": viveu na Guiné entre 1955 e 1966, para onde foi com os pais, emigrantes ( e sobre esse tempo, de que guarda uma viva e apaixonada memória, escreveu um livrinho de poesia, Chão de Papel, Lisboa: Apenas Livros Editora, 2009, 48 pp.)...
É também investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL). O sítio (ou portal) é dedicado a Ernesto de Sousa e é uma verdadeira caixa de surpresas, merecendo amiudadas e prolongadas visitas, já que os interesses científicos, estéticos e culturais de Maria Estela Guedes são tão vastos como o mundo e tão profundos como a vida, as artes, as ciências, o esoterismo. É diretora da revista digital TriploV de Artes, Religiões e Ciências.
FRADE, F. Amélia Bacelar, e Bernardo Gonçalves (1946) - Relatório da missão zoológica e contribuições para o conhecimento da fauna da Guiné Portuguesa. Separata dos Anais da Junta de Investigações Coloniais, Lisboa, Vol. I. Trabalhos da Missão Zoológica da Guiné (1-5): 259-416. Fernando Frade. Guiné-Bissau. Zoologia.
A equipa era constituída por: (i) Fernando Frade (professor extraordinário da Faculdade de Ciências de Lisboa), (ii) Amélia Bacelar (naturalista do Museu Bocage) e (iii) Bernardo Gonçalves (assistente investigador da JIC - Junta de Investigações Coloniais.
2. Alguns notas biográficas sobre Fernando Frade Viegas da Costa (1898-1983), recolhidas por L.G.:
(i) Nasceu em Lisboa, em São Mamede, em 27 de abril, e morreu, também em Lisboa, em 15 de abril., à beira de completar os 85 anos;
(ii) Era casado com Amélia Vaz Duarte Bacelar (n. 1890), também sua companheira da aventura científica (integrou, por exemplo, a missão zoológica na Guiné);
(iii) Em 1924, por concurso, Fernando Frade é nomeado naturalista do Museu Bocage; nessa qualidade organizou os catálogos sistemáticos das Aves e dos Mamíferos existentes no Jardim Zoológico de Lisboa.
(iv) Em 1938 é eleito Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, ao tempo do presidente Eduardo Rodrigues Carvalho (1930-44) que veio substituir o Duarte Pacheco (, nomeado ministro das Obras Públicas e Comunicações), e o nome ficará para sempre ligado ao parque florestal de Monsanto.
(v) Chefiou várias missões científicas ao ultramar português;
(vi) Entre 1922 e 1980 publicou publicou centenas de artigos científicos ou de divulgação científica, capítulos de livros e livros, muitas vezes em colaboração com a sua esposa, Amélia Bacelar;
(vii) Era um cientista da natureza, e sobretudo um zoológo, no sentido amplo em que a revista Garcia de Orta entende a Zoologia, abrangendo os seus diferentes ramos (Mamalogia, Ornitologia, Herpectologia, Ictiologia, Entomologia, Planctonologia, Helmintologia, etc.);
(viii) Foi muito importante o seu contributo para o conhecimento científico da fauna das antigas províncias ultramarinas portuguesas, com destaque para a Guiné, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
(Continua)
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Nota do editor:
Último poste da série > 11 de março de 2011 > Guiné 63/74 - P7925: Historiografia da presença portuguesa em África (41): A Carta de Chamada (A. Rosinha / A. Branquinho / C. Cordeiro / M. Joaquim / J. Amado / A. Guerreiro)