sexta-feira, 3 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11522: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (3): A emboscada de Ponta Coli, em 14 de novembro de 1968, em que morreu o fur mil SMA Fernando Dias, e sofremos 15 feridos









Guiné > Setor L1 (Bmabadina) >Xime > CART 1746 > Copia do relatório da emboscada, realizada em 14 de novembro de 1968, em que morreu o fur mil SAM Fernando Maria Teixeira Dias. Documento da autoria de António Vaz, e por ele digitalizado.

Fotos: © António Vaz (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Mensagem de 18 de abril último, enviada pelo nosso camarada António Vaz, ex-cap mil art, cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)  [, foto atual, à direita]

Olá,  camaradas

Quando estive no almoço anual da Tabanca em Monte Real em 2012,  tive, entre outros bons momentos, a oportunidade de conhecer o camarada Jorge Araújo,   também ele militar que passou pelo Xime e que sofreu, como eu e a minha CArt, a passagem pela Ponta Coli que ao longo da guerra se revelou um sítio nada recomendável.

Além da colaboração no Blog de J. Araújo,  teve ele naquela ocasião a amabilidade de oferecer dois textos de sua autoria em que relatava minuciosamente e saborosamente as duas emboscadas no trajecto Xime/ Bambadinca. Nomeadamente entre Ponta Coli / Taliuara, podemos considerar sem grande erro, zona onde muitos de nós sofreu alguns dos maus momentos na Guiné.

Embora já tenha ouvido críticas à descrição de emboscadas como se de casos menores se tratassem, coisa que eu não acho, não quero deixar de dar o meu testemunho da que a CArt 1746 sofreu em 14 de Novembro de 1968 naquele local,  cerca de 4 anos antes. Embora já tenha sido abordado pelo camarada Moreira este relato apenas o completa e confirma.

O relatório que junto foi o único documento que trouxe da Guiné e isso quererá dizer alguma coisa…

Passo assim a abordar o tema:

(1)  Durante a permanência da CArt 1746 no Xime, de Janeiro de 68 a Junho de 69,  fizeram-se, no mínimo, 820 vezes o percurso Xime/ Bambadincaa e volta no qual tivemos oito flagelações, sendo a citada de 14 de Novembro a mais grave.

(2) Este percurso nunca foi feito "à borla", tendo a Companhia, desde o princípio, tido a consciência que aquele era o percurso terrestre que nos ligava ao "resto do Mundo". Não houve dia nenhum em que o pessoal não o tivesse feito,  sobrepondo-se à Milicia de Amedalai, à época comandada pelo Carfala, indivíduo em quem tinha a maior confiança, tendo sido esse pessoal que detectou uma mina junto ao pontão na extremidade da bolanha ao alvorecer do dia 1 de Janeiro de 69.

(3) No dia 14 de Novembro nada se fez de muito diferente pois só a hora de saída mudava, mas não muito. O pessoal a pé composto por 2 Secções acompanhava o grupo dos picadores, seguiram até Ponta Coli, sem nada detectar, tendo montado a segurança.




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1955) > Escala 1/50 mil > A  sempre temível Ponta Coli, à saída do Xime...O traçado a vermelho indica a antiga estrada Xime-Bambadinca, passando por Taliuara, Ponta Coli, Amedalai, ponte do Rio Udunduma... Em dezembro de 1970, ainda estava em construção a nova estrada, a cargo da Tecnil... Será inaugurada em 1971 ou 1972, já não no meu tempo...(Saí em março de 1971) (LG).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).



(4) Algumas considerações:

(i) Os primeiros tiros foram de armas ligeiras,  logo seguidos por rockets. Saltei do Unimog (ou foi cuspido pela travagem brusca, seguindo eu sempre no "lugar do morto" normalmente com o pé direito no retrovisor) tendo um desses primeiros tiros atingido o condutor, comigo já no chão, o alvo portanto foi ele. A bala trespassou-o lado a lado sem atingir a coluna nem qualquer órgão vital.


(ii) A reacção do pessoal foi imediata,  tendo alguns dos feridos sido atingidos por estilhaços dum rocket que acertou na longarina da viatura em que vinha. Lembro-me, ainda, da onda de choque do calor e do cheiro do explosivo, tendo as minhas calças a ficar ensanguentadas embora nada me doesse.

(iii) Algumas imagens que recordo: o bazuqueiro ( Ramos ?), de pé, a disparar enquanto teve granadas disponíveis; o Caç Nat. Tcherno Baldé com um ferimento na cara segurando o globo ocular; ouvia os tiros na Ponta Coli,   o que significava que havia um grupo que atacava a segurança; a lama da laterite feita com o sangue dos feridos.

(iv) Com a chegada, precedida de tiros do pessoal do Xime que acorrera, à frente dos quais vinha o soldado Deodato apenas em cuecas, com a bazooka disparando sobre elementos que estavam na orla da mata tendo os tiros terminado.

(v) A lamentar acima de tudo os ferimentos em vários locais do corpo que vieram a causar a morte ao Furriel Fernando Dias, já no Xime enquanto aguardava, ele e os outros, pelos Helis para a evacuação. O Fur Dias,  depois de já estar no chão e para se proteger,  levantou-se, provavelmente para se abrigar melhor, e teve o azar de ser atingido. Contaram-me posteriormente outros Furrieis que a namorada que deixara na Metrópole, não quis acreditar na morte dele.

(vi) A batida feita à zona da parte da tarde pelo Pelotão do Alf [Gilberto] Madail encontrou do lado direito dum enorme baga-baga cartuchos vazios de G-3 e do lado esquerdo e oposto cartuchos vazios de 7.72 Soviet.

(vi) Junto ao sítio onde" aterrei " encontrou uma granada de mão de fabrico chinês, por rebentar, que ficou até ao fim da comissão em cima dum armário frente à minha mesa de trabalho.

(vii) Sem ser os casos anteriormente, todos lamentáveis, outro houve que teve grande gravidade: o Alferes António Teles não recuperou daquela acção. Manteve durante algum tempo um mutismo que não augurava nada de bom. Sendo uma pessoa reservada, essa reserva a meu ver tornava-se patológica. Respondia por monossílabos e tinha terrores por vezes nocturnos que punham em perigo a recuperação do pessoal. Contou-me o Furriel Martins que a meio da noite apareceu no abrigo empunhando a G-3, indagando onde estavam os aviões que não o deixavam dormir. Convenci o Alf Teles a ir comigo a Bambadinca falar com o médico Aferes David Payne, que merecia páginas de elogios, que o aconselhou a ficar lá uns dias até ir para Bissau. Daí foi evacuado no mesmo dia para Lisboa para o HMP que os soldados Antunes e Oliveira feridos na mesma emboscada. Só o voltei a ver no dia da chegada a Lisboa onde nos foi esperar e acompanhou até Torres Novas.

(viii) De notar que que da viatura em que seguia, apenas eu não fui evacuado.

(ix) Para finalizar: os minutos que durou a emboscada foram poucos mas os segundos pareciam não ter fim. Ainda hoje estou para saber porque escrevi no relatório ter sido atingido de raspão por um estilhaço quando, embora pequeno, se encontra ainda na minha perna. Mistério.

António Vaz
ex-cap mil art,
cmdt da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)

Guiné 63/74 - P11521: Notas de leitura (477): Homem de Ferro, edição de autor, por Manuel Pires da Silva (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Janeiro de 2013:

Queridos amigos,
É graças à solicitude da Teresa Almeida, da biblioteca da Liga dos Combatentes que tenho tido acesso a estes segredos bem guardados.
Manuel Pires da Silva, reformado em sargento-mor, fez três comissões na Guiné e uma em Angola.
Este Homem Ferro é o depósito das suas memórias. Comove e enternece o que escreve sobre a sua infância e adolescência. O acervo informativo da sua primeira comissão é um caudal precioso que bem pode ser compaginado com os dados oficiais, descreve minuciosamente a subversão do Sul e o seu alastramento ao Xime e ao Morés, de 1962 para 1963. E pelo registo que nos deixa da sua segunda comissão, as escoltas nos rios encontravam uma agressividade permanente.
Temos aqui um ex-combatente com muito contado e para contar.

Um abraço do
Mário


Homem Ferro, Memórias de um combatente (1)

Beja Santos

As memórias do fuzileiro Manuel Pires da Silva trazem surpresas, uma delas é abrir novas perspetivas ao que se passou na Guiné em 1962, ninguém desconhece que as investigações dirigem-se sempre para os acontecimentos a partir de Janeiro de 1963, há como que uma nebulosa sobre os preparativos da subversão e a respetiva resposta do lado português. Manuel Pires da Silva conta-nos como se fez marujo, ele levou uma vida atribulada em Vale de Espinho, concelho do Sabugal, mourejou no campo, trabalhou com o pai numa oficina de carpinteiro de carros de bois, andou a furar batentes de portas com martelo e formão, fez a instrução primária, andou no contrabando e apanhou alguns sustos. Adolescente, veio com o irmão mais velho para Lisboa, deram-lhe trabalhos de construção civil, foi depois carpinteiro de cofragem, sentia-se desalentado, queria ir mais longe. Inscreveu-se na Marinha, fez a recruta em Vila Franca de Xira, aos 17 anos era segundo-grumete voluntário. Em 1961, foi frequentar o curso de Fuzileiro Especial, recebeu a boina.

É incorporado no DFE 2, destinado à Guiné, ali chega em Junho de 1962. Fazem guarda ao Palácio do Governador, levam prisioneiros do PAIGC para a Ilha das Galinhas, são mandados para o Sul, onde o PAIGC já desencadeava ações de sabotagem. A primeira operação de reconhecimento visava obter informações das gentes das tabancas de Campeane, Cacine, Gadamael Porto, entre outros lugares; seguem depois para Bula, havia fortes suspeitas de guerrilheiros infiltrados naquela zona. Descreve o efetivo da Marinha, ao tempo. O DFE 2 é pau para toda a obra: operação Darsalame; vão ao rio Corubal em lanchas de fiscalização, “chegam às tabancas e só veem velhos, mulheres e crianças, que fogem para todo o lado. Rebentam-se canoas, interrogam-se pessoas, mas ninguém sabe nada”. Em Dezembro vão até Caiar. “Quando se tentava contactar com a população da tabanca, surge o tiroteio, o primeiro contacto com as armas de fogo do inimigo. O comandante é ferido no pé direito, tendo sido o primeiro fuzileiro ferido em combate”. Pouco antes do Natal, voltam ao rio Corubal, os botes são postos na água e vai de subir o rio. “Passada cerca de meia hora após largar do navio ouvem-se rajadas de pistola-metralhadora”. E escreve adiante: “A situação agravava-se de dia para dia. O comandante-chefe andava preocupado, pois Lisboa não mandava reforços suficientes. Esta preocupação era partilhada pelo comandante da Defesa Marítima, capitão-de-fragata Manuel Mendonça”.

Em Março de 1963, fazem batidas nas áreas de S. João, Tite e Fulacunda, no mesmo mês em que os guerrilheiros se apoderaram dos navios “Arouca” e “Mirandela” perto de Cafine. A situação agrava-se no rio Cobade e Cumbijã, os guerrilheiros atacam ousadamente as embarcações. Na sequência do acidente aéreo que vitimou um piloto e levou à captura do sargento-piloto Lobato, os fuzileiros bateram a zona, encontraram o cadáver do piloto sinistrado e os restos do avião. “Os guerrilheiros tinham a população do Sul completamente controlada. Os fuzileiros estavam ali sozinhos a remar contra a maré”.

Em Julho, com o apoio de um pelotão de paraquedistas, passam Gampará a pente fino. É nisto que foi necessário acudir na área do Xime, todos os dias há fugas para o mato; em Junho, vão até à tabanca de Jabadá e são recebidos a tiro. O inimigo já desencadeia ações violentas a partir da mata do Oio. “Entretanto, a ilha do Como começa a tornar-se intransitável devido à presença dos guerrilheiros”; a tabanca de Jabadá continua em pé de guerra, a aviação lança bombas de napalm, para intimidar os guerrilheiros, o destacamento desembarca e só encontra velhos e miúdos feridos. A guerra surge à volta de Porto Gole, o inimigo não se deixa intimidar e reage com muito fogo, os fuzileiros sentem-se encurralados, aproveitando uma aberta, eles retiram e pedem apoio da aviação. No dia seguinte voltam, desta feita assaltam o objetivo. “Quando o bombardeamento pára, o destacamento arranca para o assalto final. Depara-se com mais de 50 casamatas, algumas crianças feridas, a chorar, e dois ou três velhos, também feridos. Recebem-se as informações que eles querem dar. Quando estão a retirar, recebem instruções da aviação, um grupo de guerrilheiros voltou ao objetivo”. Os fuzileiros conversam entre si, tanto esforço e o inimigo não se apresenta. A seguir a este relato, o DFE 2 anda numa completa dobadoira, seguem para Gã Vicente e descobrem um novo inimigo, as abelhas. Por esse tempo vão chegando à Guiné mais reforços, o DFE 7, mas a subversão ultrapassa a capacidade de tomar sempre a iniciativa, a fazer fé em tudo quanto ele escreve, o Sul não dá parança. Em Novembro, é por de mais evidente que o PAIGC controla as ilhas de Como, Cair e Catunco. A resposta é a operação Tridente em que o DFE 2 participa. O DFE 9 chega em finais de Fevereiro.

Tudo se agrava no rio Corubal, as embarcações são constantemente alvo de emboscadas, atacam navegação na Ponta do Inglês, e mesmo no canal do Geba. Volta-se à península de Gampará, vão com o apoio de forças terrestres, conclui-se que o inimigo não estava até então implantado no terreno. E depois atacam Cafal Balanta, Cafal Nalu e Santa Clara, há fogo do inimigo que só deixa de reagir quando chegam os T6. E no mês de Junho acabou a guerra para o DFE 2. Volta à metrópole, à Escola de Fuzileiros, é convidado para dar instrução. Em Outubro de 1965, lá vai Manuel Pires da Silva no DFE 13 a caminho de Luanda. Toda a gente o trata por Homem Ferro, ele não quebra nem desfalece, resiste a qualquer tormenta é quase metal rijo. Quando regressa e se apresenta na Escola de Fuzileiros, depois de pensar duas vezes, frequenta o curso de sargentos, aí o temos na segunda comissão na Guiné, em Fevereiro de 1969. Simpatiza com a novidade trazida por Spínola, o novo dispositivo da organização territorial do exército tem a finalidade de melhorar o controlo das forças de maior atividade. Agora faz escoltas, temos aqui um extenso relatório de idas e vindas a Bedanda, rios Cobade e Cumbijã, Catió, leva presos ao Tarrafal, depois faz uma estadia em Ganturé, participam em reconhecimentos na zona de Sambuia. É numa dessas operações que desertam três marinheiros, foram de armas e bagagens para o Senegal. “Passados cerca de 15 dias, os três desaparecidos enviam duas ou três fotos da Holanda, dizendo ao pessoal que para eles tudo corria às mil maravilhas. O Homem Ferro voltaria a encontrar o Alfaiate em Bissau, tempos depois. Tinha-se apresentado voluntariamente, arrependido, e andava, com todo o secretismo, envolvido na preparação da operação Mar Verde. Chegariam mais tarde notícias de que ele se tinha enforcado devido à pressão que a DGS vinha exercendo sobre ele, a mesma DGS que, de acordo com uma outra notícia, teria liquidado o Pinto. Dos três apenas ficou o Santieiro, com quem o Homem Ferro gostaria de falar, caso esteja ainda vivo”.

“Homem Ferro, Memórias de um combatente”, por Manuel Pires da Silva, edição de autor, Maio de 2008, é uma agradável surpresa que comprova que os livros de memórias nunca devem ser esquecidos pelos historiadores.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11502: Notas de leitura (476): Triângulo Nublado, de J. Loufar (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11520: Parabéns a você (571): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAV 3366 (Guiné, 1971/73)

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Nota do editor

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11510: Parabéns a você (570): José Carlos Neves, ex-Soldado Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1974)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11519: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (40): Respostas (nº 78/79/80): Carlos Pedreño Ferreira, ex- Fur Mil Inf Op COMBIS e COP 8 (Bissau e Nhacra, 1971/73); Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador, BART 1913 (Catió, 1967/69) e Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703 (Cufar e Buruntuma, 1964/66)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Pedreño Ferreira (ex-Fur Mil Inf Op, COMBIS, Bissau e COP 8, Nhacra, 1971/73) com as suas respostas ao questionário enviado à tertúlia: 

Boa tarde!
O blogue e os editores continuam de parabéns por este "TO" de camaradagem e de recordações, por vezes com algumas efabulações e picardias à mistura.

Somos humanos e ainda bem.
Mas vamos ao inquérito:

(1) Quando é que descobriste o blogue?
R - Descobri o blogue em 2011.

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
R - Farto de "ver" os sucessivos acontecimentos da Guiné pós independência resolvi pesquisar no Google a Guiné dos meus tempos.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?
R - Sou membro da Tabanca Grande desde Mar/Abr 2012

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
R - Diariamente e logo ao pequeno almoço o blogue serve de "entrada" para o dia.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?
R - Ainda não enviei nada. Tenho tentado alinhavar aquilo que me recordo, por vezes confronto algumas recordações com depoimentos que encontro no blogue mas, é difícil acertar uma vez que sendo de rendição individual não criei raízes de camaradagem e depois do retorno nunca mais falei com alguém sobre o período da Guiné. No entanto irei concerteza enviar as minhas recordações "abertas" à correção de todos.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?
R - Conheço a pagina do Facebook

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
R - Prefiro o blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
R - Todas as descrições de experiências vividas na primeira pessoa bem como os elementos históricos que nos dão uma visão da situação no TO a cada momento.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
R - Tudo o que envolve picardias pessoais. Somos humanos e... cada cabeça sua sentença, já diziam os antigos. Devemos procurar exprimir a opinião de cada um sem ofender ninguém. Quem não o conseguir fazer deve abster-se de fazer "esse" comentário. Poderá participar noutros assuntos.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
R - Não

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook?
R - Reviver o passado e sentir a camaradagem de quem teve vivências muito fortes na estadia na Guiné

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?
R - Não

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de Junho, em Monte Real?
R - Não

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?
R - Penso que tem pernas para andar, desde que haja contributos

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
R - Tenho pouco tempo de permanência no blogue para poder fazer uma apreciação fundamentada, no entanto penso que tudo o que não diz respeito à Guiné é capaz de estar a mais. Gostava de ver mais trabalhos do tipo do que está a ser feito para Gadamael e penso que já vi qualquer coisa sobre Guilege. A hipótese de se pensar na publicação em livro(s) de parte dos depoimentos agrada-me. Penso que seria interessante um apanhado de todos os livros que tenham sido publicados sobre a Guiné nomeadamente as edições de autor.

Carlos Pedreño Ferreira

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2. Respostas ao questionário do nosso camarada Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69:

1 - Há cerca de 6 anos

2 - Por informação de um colega que fazia parte da Direção da LCNOAZ, António Almeida.

3 - Só da Tabanca Grande, por dificuldades em deslocações longas não faço parte das tertúlias

4 - Semanalmente sensivelmente.

5 - Nos últimos tempos não tenho enviado nada.

6 - Sim,  conheço e vejo com maior regularidade.

7 - Vou mais vezes ao Facebook.

8 - Tudo que tenho observado tenho gostado.

9 - Não me apresenta qualquer de ideia de critica.

10 - N/R

11 - Penso que é uma mais valia, permite recordar o passado e como recordar é viver!

12/13 - Não,  pela razão apontada

14 - Penso que enquanto existir os ex-Combatentes deverá existir força anímica para continuar.

15 - Penso que está bem organizado, graças aos seus fundadores e a todos que trabalham para o manter vivo 

Um bem haja para todos e um grande abraço.
Alcides Silva

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3. Respostas do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, BissauCufar e Buruntuma, 1964/66): 

1 - Em princípios de 2012 

2 - Por um acaso, decorrente da minha desastrada relação com as novas tecnologias

3 - Sim

4 - Diariamente 

5 - Algum; recebo muito mais do que envio

6 - Não

7 - Apenas ao blogue 

8 - Lentidão no acesso, frequentemente 

9 - Aprecio a diversidade e a pluralidade de opiniões e comentários 

10 - Não propriamente, salvo a referida em 8), talvez devido à minha aselhice como utilizador

11 - O blogue constituiu a ferramenta do registo vivo das memórias dos factos acontecimentais, de vida e de morte, do Povo em Armas e da sua hierarquia (os do QP), interveniente na Guerra da Guiné, narrados na primeira pessoa. Presta um "serviço público" de grande dimensão, inestimável, - excepção de contraditório à tendência dos políticos da lavagem para a história da verdade dos mesmos factos. Para os políticos, na sua generalidade, conta o que acreditam e não o acontecido de verdade. A pureza do patriotismo, subjacente às manifestações da generalidade dos bloguistas é admirável. A nossa geração foi a última a carregar os 500 anos de sonhos de engrandecimento de Portugal, legado por gerações e gerações de antepassados; reivindicamos ter vestido as fardas das nossas Forças Armadas como soldados, no cumprimento dos nossos deveres geracionais e não admitimos que nos tratem como espantalhos. 

12 - Não

13 - Ante a vossa vontade e determinação, só a lei da morte, que vai libertando os ex-combatentes, poderá reservar a solução de continuidade ao Blogue

14 - Admiro a iniciativa e a tenacidade do fundador e editores. Na esteira do sugerido pelo camarada João Rebola, sugiro que se junte à preocupação de preservar os seus registos informatizados a preocupação de os tratar e passar a suporte de papel, a livros, perspectivando um trabalho de equipa, para o qual poderei disponibilizar os modestos dons da minha pessoa. 

Despeço-me com amizade.
Vou retomar os meus desabafos com a garrafa do "Pera Manca", a cumprir a tradição deste meu dia.
Dizem que foi o vinho que Nuno Tristão terá levado para a descoberta da Guiné. Talvez o seu espírito tenha inspirado aquela malta a descobrir a constelação do Cruzeiro do Sul, que virá a orientar-nos para descoberta do Brasil...
Manuel Luís Lomba
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Nota do editor:

Último poste da série de 2 de Maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11518: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (39): Respostas (nº 75/76/77): Constantino (ou Tino) Neves (CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71); João Melo ( CCAV 8351, Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74); e Fernado Costa (CCS / BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, mar73 / set74)

Guiné 63/74 - P11518: Agenda Cultural (267): Divulgação | sessão de lançamento da obra "Tao Te Ching / Livro da Via e da Virtude", um clássico da literatura chinesa, em edição bilingue, com tradução do António Graça de Abreu: Auditório da Delegação Económica e Comercial de Macau em Portugal, Lisboa, 7 de maio, 18h00



Convite para a sessão de lançamento do "Tao Te Ching / Livro da Via e da Virtude", Lisboa, Auditório da Delegação Económica e Comercial de Macau em Portugal, 7 de maio, 18h00


1. Convite que nos chega da CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa):

Caros Membros do CLEPUL,

No próximo dia 7 de Maio, pelas 18H00, decorrerá no Auditório da Delegação Económica e Comercial de Macau em Portugal a sessão de apresentação do livro TAO TE CHING | LIVRO DA VIA E DA VIRTUDE da autoria de Lao Zi (Lao Tsé), uma edição bilingue com tradução direta do chinês, prefácio e notas de António Graça de Abreu, distinto investigador do CLEPUL.

Nesta sessão usarão da palavra o Embaixador João de Deus Ramos, o Doutor António Graça de Abreu e o Editor Assírio Bacelar.

O convite segue em anexo [vd.l acima].

Com os melhores cumprimentos,

Luís Pinheiro
Membro da Direção / Assessor do Diretor

CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Alameda da Universidade
1600-214 Lisboa - PORTUGAL
Telef.: 00351 21 792 00 44













2. Duas mensagens de António Graça de Abreu [, membro da nossa Tabanca Grande, poeta, investigador, tradutor, sinófilo]

(1) 30 de abril de 2013 
Meu caro Luís

Se achares que é de meter no blogue, avança. Agradeço-te muito. Leva este texto.

É o meu livro novo. Tenho todo o gosto em ter a vossa presença, terça, 7 de Maio,  a Av. 5 de Outubro, Lisboa, ao lado do Ministério da Educação,  para a apresentação de mais esta tradução de um grande clássico da literatura chinesa. 2.500 anos depois, Lao Zi (Lao Tsé) está vivo, ao alcance de todos os nossos entendimentos e fascíínios.

O que é que o Tao Te Ching tem a ver com a nossa Guiné? Tudo.  É um tratado de sabedoria universal.
Abraço,  António Graça de Abreu

(ii) 2 do corrente:

Luís, caríssimo

Peço-te, outra vez, que deixes o convite no blogue. Gostava de mais divulgação, de ter lá alguma da rapaziada da Guiné e o texto, sobre o "bom governo e o bom comportamento" dos homens
é universal.

Abraço, António Graça de Abreu

3. Comentártio de L.G.:

António: como vês, está publicado o convite na Agenda Cultural. E agora mesmo acabei de o fazer circular internamente pelo pessoal da Tabanca Grande. Parabéns. Boa sorte para mais este teu filhote. A grande literatura não tem nacionalidade, pertence à humanidade. Vou ver se posso aparecer. Um Alfa Bravo. Luís
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Guiné 63/74 - P11517: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (39): Respostas (nº 75/76/77): Constantino (ou Tino) Neves (CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71); João Melo ( CCAV 8351, Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74); e Fernado Costa (CCS / BCAÇ 4513, Aldeia Formosa, mar73 / set74)

Resposta nº  73> Constantino (ou Tino) Neves [, ex- 1º Cabo
Escriturário da CCS do BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71)]
(1) Quando é que descobriste o blogue ? (*)
Setembro de 2006. Ainda o blogue não era conhecido por Tabanca Grande.

(2) Como ou através de quem ?
Apesar de não ter carta de marinhagem, naveguei, naveguei e descubri.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Desde o dia 3 de Outubro de 2006. [Vd. poste P1146]

(4) Com que regularidade visitas o blogue ?
Diariamente.

(5) Tens mandado material?
Ultimamente não. Falta de estórias.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook ?
Fui lá uma vez, mas como não aprecio (não sou fã) do Facebook, nunca mais lá fui. Abri conta lá, por ter recebido muitos convites. Pus lá algumas fotos iniciais e mais nada.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
Já respondi atrás.

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
As histórias individuais, e em especial as da minha zona (Gabú).

(9) O que gostas menos do Blogue ?
Ainda não encontrei nada para responder a isso.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ?
Na verdade, no arranque e na mudança de página, há uma certa demora, mas não é desesperante.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook? Guiné, Guiné e Guiné, tudo o que se leia ou veja sobre a Guiné mexe comigo (suponho que também todos os Tabanqueiros tenham sido picados por esse bichinho). E a camaradagem entre todos.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
Nos 3 primeiros.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
Não.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
SIM, SIM, SIM, SIM, sim, sim ...

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
Não me ocorre nada neste momento.


Resposta nº  >  João Melo [, ex-1.º Cabo Op Cripto,  CCAV 8351, Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74] ]

Camarada Luís Graça.

Ainda me mantendo em "banho maria",  após o encontro anual  da minha família dos "Tigres de Cumbijã" onde, além dos elementos que por norma nunca falham, tivemos o prazer e o privilégio da presença dos nossos camaradas e amigos José Casimiro Carvalho e Magalhães Ribeiro que mais uma vez responderam à chamada...

Relativamente ao inquérito do blogue, vou responder de seguida, antecipando o meu pedido de desculpas a todos os que fazem um esforço desmedido para o manterem vivo, devido à minha pouca participação no mesmo que afinal é de todos nós.

1. O blogue descobri-o há cerca de 5 anos.

2. Através do meu ex comandante,   cap Vasco da Gama. [Ou foi o contrário ?]

3. Sou membro [da Tabanca Grande] desde essa data. 

4. Já visitei com mais frequência. Ultimamente, tenho-o visitado com menos regularidade.

5. Já enviei e prometo que enviarei mais...

6. Não conheço a página no facebook, mas vou já explorá-la.

7. Ao facebook vou diariamente

8. No blogue, gosto sinceramente de todos os postes  (concorde ou não com eles) mas, eles definem um modo de estar com cariz pessoal. 

9. Não tenho o direito de não gostar de alguma coisa. Todos os que o enriquecem com as suas vivências e experiências, dão o seu melhor.

10. Há já bastante tempo, achava o blogue algo lento. Ultimamente está bastante melhor.

11. [O que o blogue representa para mim...] Recordações, conhecimentos novos de vivências de camaradas e uma nostalgia que acho salutar.

12. Nunca participei nos encontros nacionais [da Tabanca Grande].

13. Estou a ponderar este ano. Falámos sobre isso[ no encontro da nossa companhia]

14. Claro que, a garra, a genica,o fôlego e a força anímica do blogue são inversamente proporcionais aos anos que por todos nós passam!.

15. Criticas, sugestões e comentários:  irei incluir numa das minhas próximas prestações.

Um Alfa Bravo dos fortes


 Resposta nº 75 > Fernando Costa [, ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, mar73 / set74)]


(1) Quando é que descobriste o blogue ? Talvez há 4 anos.

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada): Pesquisa na Net,

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Sou membro desde essa altura.

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) Ultimamente tenho visitado pouco, mas já fui um leitor quase diário.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) 
Já enviei muito material para o Blogue.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ? Sim

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ? Não

(8/9) O que gostas mais (e menos) do Blogue ? E do Facebook ? Saber da opinião de quem esteve na Guiné.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...). Não.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook? Como sou saudosista, é uma ligação ao passada, e foi através dele que consegui encontrar alguns camaradas.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ? Nunca,.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ? Nunca me posso comprometer porque como sou músico, estou sempre sujeito a ter serviços principalmente aos fins de semana.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ? Acho que tem todas as condições para continuar.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer: Só faço votos para que possamos estar em contacto durante muitos anos. Um abraço.
_________________

Nota do editor:

Último poste da série de 1 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11514: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (38): Respostas (nº 73/74): Mário Bravo (ex-alf mil médico, CCAÇ 6, Bedanda, dez 71/mar 72; e HM 241, Bissau, 1972); José Cancela (ex-sold apont metr, CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70)

Guiné 63/74 - P11516: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (5): Viaturas Berliet destruídas pela FAP, na sequência do ataque à coluna Farim-Guidaje em 9/5/1973


Foto nº 209


Foto nº 209-A 


Foto nº 212


Foto nº 212 -A


Foto nº 024


Foto nº 024 - A 


Guiné > Região do Oio > "Três fotos das Berliets destruidas aquando do ataque à coluna Farim-Guidage em 9/05/73". Acrescente-se: foram destruídas pela FAP, para evitar que caíssem nas mãos do PAIGC. Fotos do álbum de Carlso Fraga, adquiridas a alguém em Mansoa, em data posterior. (LG).

Fotos (e legendas): © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados [Edição: LG]

1. Mensagem de Carlos Fraga:

Data: 27 de Abril de 2013 à23 17:31
Assunto: Novidades


Caro Luís

Fui ao almoço da CCS/BCAÇ 4612/72.

Conheci um ex-soldado condutor auto que me disse que foi a ele a quem adquiri as fotos a preto e branco do armamento apreendido ao PAIGC e apenas essas e que foi ele que as tirou. Terá sido armamento apreendido pelas NT de Mansoa e, posteriormente, enviado para Bissau.

Chama-se Angelo Gago. Email (...). Portanto nessas podes pôr que foram cedidas por mim mas tiradas pelo Angelo Gago... O seu a seu dono.

Conheci também lá um senhor chamado João Catarino Teodósio, email (...). O que  ele me disse é que era fotógrafo militar em Mansoa e que tem uma carrada de fotos de lá inclusive (estas vi algumas) do início das conversações das NT com o PAIGC. Disse-lhe que te ia passar a informação.

Abraço
C. Fraga


2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Carlos Fraga, recentemente admitido como membro da nossa Tabanca Grande (nº 611) (*). Recorde-se que ele esteve em Mansoa, nos últimos meses de 1973, como alf mil, indo depois comandar uma companhia em Moçambique, já depois de 25 de abril de 1974. Publicam-se hoje "3 fotos das Berliets destruidas [pela FAP] aquando do ataque à coluna Farim-Guidage em 9/05/73". (**)

3. Sobre a "história" destas fotos, o Carlos Fraga mandou-me depois uma mensagem que se anexa a este poste:

As fotos das Berliets obtive-as em Mansoa não sei a quem (talvez aos paraquedistas quando andaram por Mansoa de passagem). A história que me contaram é que na emboscada à coluna Farim-Guidage acabaram por ter de ser abandonadas e que a Força Aérea foi lá bombardeá-las para que não pudessem ser aproveitadas pelo PAIGC fosse como viaturas fosse como propaganda política. Teá sido a FA a destrui-las e não o PAIGC.

A história que me contaram foi que essa coluna foi emboscada dentro da estratégia do PAIGC que pretendeu apoderar-se de Guidage e que era uma coluna de reabastecimento. Felizmente para eles levavam munições à barda pelo que combateram toda a noite mas não terão conseguido passar ou se conseguiram tiveram de qualquer forma de abandonar essas viaturas.

Depois terá havido uma 2.ª coluna (Não sei se houve uma 2ª emboscada) que teve de abrir uma picada paralela por causa da minagem e que ainda terá havido uma 3.ª picada e depois de acabar o cerco a Guidage terá ainda havido uma 4ª. Se foi assim ou não não sei. 

Em 9 de Maio de 1973 não estava na Guiné. Cheguei em Julho ou Agosto,  cerca de 15 dias ou pouco mais depois de Guileje. Abraço. C. Fraga.

4. Comemntário de L.G.:

Guidaje, Guileje, Gadamael... são dossiês que nunca mais fecharemos, enquanto houver um combatente vivo que queira falar desses dias dramáticos e heróicos de maio e junho de 1973...Por sinal, Guidaje, Guileje, Gadamael... foram há 40 anos!.. É uma efeméride que temos de lembrar, m ais uma vez aqui, e as tuas fotos podem bem  ser o ponto de partida para se abrir uma, ou mais umas novas séries no nosso blogue.

No caso de Guidaje, os historiógrafos militares Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso falam em 6 colunas, realizadas nas seguintes datas:

1ª coluna: 8 a 9 de maio de 1973;
2ª coluna: 10 de maio
3ª coluna: 12 de maio;
4ª coluna: 15 de maio;
5ª coluna: 22 de maio [, a terá que rompido efetivamente o cerco, segundo alguns autores;]
6ª coluna; 29 de maio.

(In: Os anos da guerra colonial: volume 14: 1973 - Perder a guerra e as ilusões. Matosinhos: QuidNovi. 2009, p.45).

Por outro lado, Carlos, o abandono de Guileje dá-se a 22 de maio de 1973... Tu terás chegado a Mansoa  um mês e meio ou dois meses depois (julho/agosto de 1973).

O nosso camarada Manuel Marinho, outro estudioso de Guidaje, diz que as colunas foram mais (vd. comentário ao poste P9934):

1ª - Dia 8 / 9 Maio – Não passa (é a minha).

2ª- Dia 10 Maio – A coluna chega a Guidaje (apenas 1 dia depois da nossa), é rompido o cerco.

3ª Dia 12 Maio – A coluna chega sem incidentes a Guidaje

 4ª Dia 15 Maio- A coluna chega sem incidentes a Guidaje

5ª Dia 19 Maio – Guidaje-Binta – A coluna não passa

6ª Dia 23 Maio – Coluna não passa, mas ao paras da 121 chegam a Guidaje

7ª Dia 29 Maio – Coluna chega a Guidaje ( vou nesta)

8ª Dia 30 Maio – Regresso a Binta das colunas retidas desde 15 Maio

9ª Dia 11 e 12 fazem~se mais duas colunas ida e volta

Balanço: 2 Colunas que não chegam (Binta – Guidaje). 1 Coluna que não chega (Guidaje – Binta).

Depois disto tudo (mês infernal em Guidaje), nada mais acontece de extraordinário na nossa zona de acção, até começamos a fazer a estrada para Guidaje em princípios de 1974, e houve apenas uma emboscada onde sofremos 1 morto mas o IN teve muitos mais.

A situação em Binta e arredores não era em Abril de 1974, diferente daquela dos começos de Janeiro / 73.

Quanto aos fascículos, sou também de opinião que não se deveriam levar a sério, por carecerem de verdade, toda a gente pode escrever o que quiser, mas ser o blogue a dar cobertura a lixo pretensamente literário sobre a guerra na Guiné, é outra coisa diferente.  Um abraço, Manuel Marinho.


______________

1ª – Coluna Dias 8 / 9 Maio:

1º Cabo Mil Bernardo Moreira Castro Neves, 1ª/Bcaç 4512
Sold António Júlio Carvalho Redondo, 3ª/Bcaç 4512
Fur Mil Arnaldo Marques Bento, Ccaç 14
Sold Lassana Calissa, Ccaç 14 (...)


(...) 9 de Maio de 1973

Saímos de Mansoa [, sede do CAOP1,] com destino a Farim, com uma coluna que leva abastecimentos para a fronteira. Íamos só com a missão de chegar a Farim e voltar. Passámos a noite em Farim, mas fala-se já que não iremos voltar. A coluna que viemos acompanhar, destina-se a Guidaje.

Guidaje, onde nenhuma coluna consegue chegar. Fala-se aqui que da útima coluna que tentou passar: ficaram pelo caminho mais de 20 mortos. Guidaje onde a situação é caótica, onde a aviação já não dá cobertura.

Em Farim assisti à chegada do que restou da última coluna que tentou passar. Vi militares chegarem a pé, sozinhos, completamente aterrados com o que passaram. 


Continuamos em Farim e com a chegada da noite ficamos a saber que somos nós quem vai seguir com a coluna para Guidaje.(...)

21 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5310: O assédio do IN a Guidaje (de Abril a 9 de Maio de 1973) - II Parte (José Manuel Pechorrro)

(...) Falou-se que tiveram 10 feridos graves, cerca de 15 ligeiros e 4 mortos:

- CCaç 14, Fur Mil At 13969971, Arnaldo Marques Bento, de Vila do Conde
- CCaç 14, Sold At Lassana Calisa, 82121669, de Bentém – Nova Lamego
- 1.ª CCAÇ/BCaç 4512/72, 1.º Cab Mil Inf 089943371, Bernardo Moreira de Castro Neves, de Valongo.
- 3.ª CCAÇ/BCaç 4512/72, Sold At 06853872, António Júlio Carvalho Redondo, de Barrela–Vreia de Jales–Vila Pouca de Aguiar.

Deve ter custado aos rapazes, para não deixarem o reabastecimento, aguentaram sitiados, sem comunicações. Penso nos gemidos e lamentações dos feridos, a escuridão, os gritos de guerra dos adversários, o som das armas automáticas, o medo. Aguentaram, não fugiram!


A FAP acorreu e não actuou logo com receio de matar alguém das NT, em sítio não localizado. Acabou por bombardear e incendiar as viaturas a fim de impedir a sua captura. Tinham avistado pessoas em cima delas… Tentaram contacto com a coluna, não obtendo resposta e confirmando via rádio com Binta e Guidage, chegou à conclusão que eram turras… (...)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11515: Blogpoesia (335): Estamos à espera de quê ?...(J. L. Mendes Gomes)


Lourinhã > Praia de Vale de Frades > 10 de agosto de 2011 > Rochas antropomórficas...

Foto: © Luís Graça  (2013). Todos os direitos reservados-



Estamos à espera de quê?...


Há salteadores prantados
No nosso quintal.
Roubam-nos os trastes
Onde dormimos.
Saqueiam as heranças
De nossos avós…

Nem o pão que guardamos
Com tanto suor,
Eles poupam…
Tudo lhes serve
Para levar nos bornais.

E nós assistimos,
Impávidos e serenos,
Como se tivéssemos morrido.
Só ladram os cães…
Ninguém lhes resiste…
Parecemos drogados,
Perante os chacais.

Não há carabinas,
Nem há varapaus.
Uma cambada de anjinhos
É o que somos.

Onde está nossa honra?...
E o sangue de heróis
Que nos corre no corpo,
Que deixaram os pais?...

Parecemos uns vermes,
Uns caracóis.
Só restam paredes,
E covas bem fundas,
Onde iremos parar.


Nem sinos a rebate,
Tocam nas igrejas!...
Ó cemitério
De palácios reais!...


Ovar, 1 de Maio de 2013, 20h58

Joaquim Luís M. Mendes Gomes
[ex-alf mil, CCAÇ 728, (Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]

________________

Nota do editor:

Último poste da série > 28 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11493: Blogpoesia (334): Regressei da Guiné (Joaquim Luís Mendes Gomes)

Guiné 63/74 - P11514: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (38): Respostas (nº 73/74): Mário Bravo (ex-alf mil médico, CCAÇ 6, Bedanda, dez 71/mar 72; e HM 241, Bissau, 1972); José Cancela (ex-sold apont metr, CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70)


Resposta nº 73 >  Mário [Silva] Bravo , [ex-Alf Mil Médico, que passou por Bedanda, neste caso pela CCAÇ 6, entre Dezembro de 1971 e Março de 1972 e depois por Teixeira Pinto, ficando o resto da comissão no HM 241, em Bissau]

Amigo e Camarada Luis Graça

Boa tarde: Começo por pedir desculpas pelo atraso na resposta ao questionário, mas chama-se a isto a " preguiça dos 67 ". Para simplificar, vou nomear as alíneas do questionário e responder :


1- Descobri o blogue em 2007.

2- Conheci o mesmo através do camarada Amaral Bernardo, aquando duma visita ao Hospital de Sto. António, Porto.

3- Sou membro [da Tabanca Grande] desde Janeiro de 2007.

4- Visito diariamente o nosso blogue.

5- Tenho mandado material para o Blogue. Não mando mais por falta de inspiração ou fotos alusivas à minha estadia na Guiné.

6- Conheço a página do Facebook.

7- Visito de modo semelhante o Facebook e o Blogue.

8-  [O que mais gosto:] A vertente informativa e de relato de acontecimentos relativos à vivência na Guiné.

9- Não há nada que possa definir como o que não gosto.

10- Houve uma época em que tinha algumas dificuldades em aceder ao Blogue. Essa fase passou e poderia estar relacionada com anomalias no meu PC.

11- O Blogue e o  Facebook representam um mecanismo de comunicação com antigos camaradas e amigos.

12- Já participei num Encontro Nacional e gostei. [ VI Encontro Nacional, 2011]

13 - Este ano não posso participar, pois coincide com uma comemoração familiar de importância relevante.

14/15- Sinto e entendo que o Blogue não irá sofrer de "agonia".  Poderá haver fases em que pode ter menos actividade, mas pode ser uma consequência da "crise".

Vamos caminhando e "siga a marinha" . Lembram-se deste dito atribuído a um major que conheci em Bissau.!!! Piadas de guerra !

E após responder a todos os quesitos, dou por terminado o inquérito e aguardo as conclusões do mesmo !!!!!!

Um grande ABRAÇO para todo o Comando do Blogue e também para todos os comandados. Boa saúde.


Resposta nº 74 > José [Manuel Moreira] Cancela [, ex-Soldado Apontador de Metralhadora da CCAÇ 2382, Bula, Buba, Aldeia Formosa, Contabane, Mampatá e Chamarra, 1968/70]

[Foto à esquerda: O Cancela e a sua lavadeira. Foto da sua página no Facebook]

1) Em finais de dois mil e nove.
2) Por mero acaso,procurava no Google algo da Guine,.........e  Luís Graça &  Cmaradas da Guiné, bingo!
3) Sim [, sou membro da Tabanca Grande.] A partir da descoberta. [9 de fevereiro de 2009].
4) Visito o blogue] diariamente, e mais que uma vez.
5) Quase nada. Mas vou repensar. Como sabes, em dois anos de Guiné, também tive as minhas aventuras e desventuras.
6) Conheço [o facebook] , mas gosto mais de visitar o blogue.
7) O facebook para mim é mais uma campainha que avisa....Há qualquer coisa nova no blogue.
8) !!!!!!
9) Detesto o lavar de roupa suja, entre camaradas, e algumas histórias a cheirar a ficção.
10) Nem por isso.
11) Mais que muito, foi graças ao blogue que encontrei amizades fantásticas.
12) Sim.desde que o nosso encontro é no Palace Hotel, [em Monte Real], portanto desde 2010.
13) Claro que sim, fui dos primeiros a inscrever-me.
14/15) É meu desejo que continue,e vai continuar...
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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11509: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (37): Respostas (nº 71/72): Armando Faria, ex-Fur Mil da CCAÇ 4740 (Cufar, 1972/74) e Raul Albino, ex-Alf Mil da CCAÇ 2402 (Có, Mansabá e Olossato, 1968/70)


(...) Questionário ao leitor do blogue:
(1) Quando é que descobriste o blogue ?

(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?

(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?


(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?

(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?

(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook?

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Guiné 63/74 - P11513: Bom ou mau tempo na bolanha (7): És pessoal do Lisboa? (Tony Borié)

Sétimo episódio da série do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), Bom ou mau tempo na bolanha.




O Cifra abre o seu diário de guerra e nessa página lê-se que nesse dia, que era 4 de Novembro, que devia de ser de 1964, foi jantar a casa do Primeiro Sargento de uma parte da Companhia de Engenharia que estava estacionada em Mansoa durante a construção do novo aquartelamento, e que vivia com a esposa na vila, sendo o responsável por tudo o que dizia respeito a cimento que se usava nas obras do aquartelamento. Dizia-se que o camião de três rodados que transportava os sacos de cimento da capital, não era lá muito seguro, pois deixava “cair” alguns antes de chegar a Mansoa, pois o referido camião quase sempre chegava pouco mais que meio. O Cifra era operador cripto, não era polícia, portanto vamos continuar a ler o diário. Foi um grande convívio, e comeu-se uma gazela assada no forno do aquartelamento, com batatas cozidas com a pele, regadas com muito vinho. Devia ter sido também batatas e vinho roubados no aquartelamento, não explica porque o convidaram, mas falando no forno do aquartelamento, devia ter metido o Arroz com Pão, que era o cabo do rancho e o “Tótó”, que era o padeiro e responsável pela distribuição do vinho, que eram seus amigos, e não faziam nenhuma “patuscada” sem avisarem o Cifra. Gostavam da “farra”, tanto ou mais que o Cifra.


Numas páginas mais à frente, vem a dizer, numa linguagem um pouco primitiva, que por certo vão desculpar, que veio à capital da província, no carro dos doentes, na companhia do furriel miliciano que andava sempre a fumar um cigarro feito à mão, que não tinham doença nenhuma, estavam única e simplesmente de folga das suas tarefas. Vieram sem qualquer licença, portanto “desenfiados”, andaram a visitar os pontos de referência que normalmente os militares visitavam quando vinham do “mato” à capital, meteram-se nos “copos” e não regressaram no carro dos doentes. Dormiram num local, que diz no diário que era “piolhoso”, próximo do quartel general, onde havia uma grande tabanca com muitas “moranças” e raparigas africanas, que não falavam crioulo, nem usavam somente um pano em volta da cinta, não tinham “mama firme” e argolas no pescoço e nas pernas a servir de enfeite. Não andavam descalças e vestiam roupas com uma cor “berrante”, justas ao corpo, principalmente a segurarem a mama, que já não era “firme”, lábios com alguma pintura, um perfume barato a cheirar a álcool, e com gestos sensuais e provocatórios. Quando se aproximavam do Cifra, já falavam aquelas palavras obscenas em português, que todos os antigos combatentes conheciam, e diziam mesmo:
- És pessoal do Lisboa? Queres água ou licor do Lisboa? Olha aqui, “mama firme”, anda dá “patacão”!


O diário continua a dizer que ao outro dia acordaram não sabem onde, mas sem perderem a calma, e com uma certa compostura, retiraram algumas garrafas já vazias de bebida, do seu redor, sem nenhum “patacão” nos bolsos, que não sabem se foram roubados ou se simplesmente gastaram tudo, e sentindo muito orgulho no que tinham feito, com o braço no ombro um do outro, pois mal se continham em pé, apresentaram-se no aeroporto militar de Bissalanca, pregando uma grande mentira, que tinham sido “agredidos e roubados”, mas que agora estavam bem, mas tinham que regressar já a Mansoa. O furriel Honório, o “Pardal”, pois era assim que era conhecido no aquartelamento em Mansoa, que tinha correio e medicamentos para Mansabá, trouxe-os na avioneta. Quando a secção de combate foi prestar segurança e recolher os sacos do correio, onde não havia correio nenhum, deparando com o Cifra e com o furriel miliciano, que andava sempre a fumar um cigarro feito à mão, ambos com um aspecto de pessoas abandonadas, logo disseram:
- Só podiam ser vocês, o comandante vai dar-vos uma “porrada”, que estão fod...!

O Cifra nunca soube porquê, mas nada aconteceu. Que “porrada” maior podiam levar, se tinham sido “agredidos e roubados”, e mesmo assim, obedientes, voltaram ao local de tortura?

____________

Nota do editor

Último poste da série de 27 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11483: Bom ou mau tempo na bolanha (6): A ida da sua aldeia para Nova Iorque (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P11512: Agenda cultural (266): Último encontro do 1.º ciclo da tertúlia Fim do Império na Invicta, dia 9 de Maio, na Messe da Batalha/Porto


1. Convite que nos foi enviado por Manuel Júlio Matias Barão da Cunha (hoje Coronel reformado e que foi CMDT da CCAV 704/BCAV 705, 1964/66): 

Caros camaradas e amigos nortenhos, seria útil e agradável se pudéssemos contar com a presença de quem puder no último encontro do 1.º ciclo da tertúlia Fim do Império na Invicta, dia 9, na Messe da Batalha. 

Irei de Lisboa com o general Chito Rodrigues. 



Ficai bem, abraços de M Barão da Cunha 

____________ 
Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P11511: No 25 de abril de 1974 eu estava em... (18): Canquelifá, Pirada, Bissau, Gadamael (Carlos Costa, Carlos Ferreira, Mário Serra Oliveira, C. Martins)



Guiné > Bissau > c. 25 de abril de 1974 > As primeiras manifestações da população local: Abaixo a DGS... Viva o Spínola... Fotos do álbum J. Casimiro Carvalho.

Fotos: © J. Casimiro Carvalho (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


 A. Comentários ao poste P11470 (*), de 4 leitores (e camaradas nossos):

(i) Carlos Costa, ex-fur mil BCAÇ 4516  

Nesse dia estava eu em Canquelifá, a notícia foi recebida com natural surpresa e curiosidade de saber o que na verdade se estaria a passar. Escutavamos a rádio avidos de saber notícias. 

No dia seguinte o capitão chamou,  a uma reunião, sargentos e oficiais, comunicando-nos que tinha duas mensagens para nos transmitir, um seria dada a conhecer naquele momento e a outra passadas 24 horas. Assim a mensagem lida de imediato anunciava que estaria iminente mais um ataque do PAIGC. 

Passaram-se as 24 horas, debaixo de uma enorme tensão, à espera do primeiro "bum" que não chegou a acontecer. Foi então lida a 2ª mensagem que revelava ter havido os primeiros contactos do MFA com os movimentos de libertação das colónias, tendo sido acordado que as escaramuças seriam evitadas: não haveria mais ataques e, se encontros houvesse no mato, haveria apenas alguns tiros para o ar, sinalizando a presença, seguindo cada força em sentidos opostos. 

Os dias que se seguiram foram calmos,  com uma excepção,  com os paraquedistas em segurança de uma coluna,  um deles pisou uma mina, perdeu a vida. 

Como eu era do batalhão de intervenção da Guiné 4516, passado algum tempo regressámos a Bissau e,  até Setembro, mês do regresso à metrópole,  fizemos segurança à cidade.

(ii) Carlos Ferreira, ex-fur mil at cav,  3ª CCav/BCav 8323

Um dia inesquecível, para mim. Estava em Pirada, em uniforme nº. 2, pronto para embarcar numa aeronave, com destino a Bissau, via Lisboa, para gozar as minhas férias disciplinares. Nesse interim, fomos atacados pelo IN, com um potencial de fogo muito superior ao do ataque que tivemos em Março.

Saltei para a vala mais próxima e aguardei que acabasse a flagelação. Não houve vítimas militares, mas pereceram, creio que 8 senegaleses, que se encontravm ao balcão, de uma loja, de um comerciante local.

(iii) Mário [Serra] de  Oliveira [, ex-1.º Cabo Escriturário, BA12, Bissalanca, Bissau, 1967/68; empresário, vive atualmente nos EUA]

Preados camaradas:

Primeiro, refiro-me á mensagem do camarada Cerqueira (*), por mencionar Bissorã onde, se não estou em erro de nome, um amigo meu de apelidos Lavinas, tinha um café, cervejaria e restaurante. Lá dormi num fim-de-semana bem passado, já depois da independência.

No dia 24 de Abril, corria o "ram-ram" do dia-a-dia, comigo na cidade de Bissau às compras para o meu restaurante "O Ninho de Santa Luzia", localizado na estrada do QG.

No dia 31 de Março tinha feito as escrituras por trespasse (400 contos) na aquisição daquilo que foi inicialmente "A Meta" mas que, na ocasião, se chamava "A Tabanca", junto ao campo de futebol.

O local andava em remodelação, na intenção de abrir no 1º de Maio [de 1974].

Assim, eu ali na cidade, .tendo deixado a minha R4L estacionada junto ao café Bento, em frente da Casa Gouveia", oiço um alarido enorme vindo do lado do Grande Hotell, na estrada que segue para o QG. Olhei e vejo uma enorme multidão de africanos expressando toda a espécie de contentamento e fazendo alguns desacatos (especialmente nalguns carros por ali estacionados),  com gestos e algazarra diversa.

Ora, estando a minha famila para além da multidão, eu não sabia o que se tinha passado até ali, uma vez que o Ninho ficava na rectaguarda da multidão, na direcção do QG. Agarrei, meto-me no carro, entro na avenida e sigo direito ao Palácio. Faço uma direita, logo uma esquerda em direcção ao Ninho.

Chego, dei ordens para não se abrir...(seriam umas 11:30). Ali fui confrontado com uma situação de uma familia,  ainda meus parentes em 3º grau, cujo marido era radiotelegrafista da DGS. A mulher ali a choramingar, porque o marido (meu 3º primo) tinha saído para ir à DGS, passando antes pelo Dr. de crianças. Creio que foi o que lhe valeu porque, horas mais tarde,  a tropa ocupou aquilo, dando ordens a que todos os agentes se entregassem na Amura.

Já contei antes, noutra mensagem, que dali fui ao consultório do Dr. à procura de pai e filho, para acalmar a mulher e mãe. Encontrei-os e trocamos de carro porque o dele era conhecido como sendo da DGS e o meu não. A ideia seria...se atacassem o carro pensando que ia lá dentro um da DGS, eu mostrava a cabeça dizendo que era eu.

Porquê? Não era porque não tivesse medo mas sim porque eu tinha "boa reputação" entre o pessoal local. Ao mesmo tempo, com o meu primo na minha carrinha, confiei - e saiu certo - que não iriam atacar uma "coisa" minha, pela reputação do dono. 

Entretanto, eu tinha as chaves de um armazem que antes tinha sido a "fábrica das malas" na Estrada de Antula, junto ao Ninho, saindo da estrada de Sta Luzia, junto ao QG.

Ali escondi o carro do meu primo a quem dei guarida até o convencermos a entregar-se na Amura. Ele não queria mas lá foi. Depois foi com todos os outros para o Cumuré.

Entrentanto, vou à Tabanca e digo ao pessoal que "nem mais um prego" espetam até se ver como vão ficar "as coisas". Dali em diante..."turbulência" enorme e decisões nem sempre as mais acertadas. E por ali fiquei até 1981. 

Só abri a Tabanca creio que em Novembro de 1974, tal com tinha ficado no dia 25 de Abril de 1974. O 1º jantar foi um calote do Governo que demorou a pagar tanto como um bebé a nascer - não prematuro, mas com dias de atraso. Recordo que foram ter comigo ao Ninho para que abrisse "aquilo" para receber a 1ª delegação estrangeira à Guiné depois da Independência. Era da Argélia. Na ocasião, era o único local com ar condicionado, porque o resto ainda não estava nada a funcionar com deve ser. Só eu é que tinha algo operacional, excepto o Grande Hotel. O Pelicano não tinha ar condicionado que eu saiba. Ventoinhas, sim. Enfim, uma longa história já contada em parte.

Hei-de tentar arranjar as memórias para publicar no bloge "http://pidjiguiti.blogspot.com

Abraço a todos e Viva o 25 de Abril.

(iv) C. Martins [,ex-cmdt Pel Art 23, Gadamael, 1972/74]

Bem,eu estava em Gadamael,e após fazer a minha ronda higiénica,  liguei o rádio em onda curta e percorri as ondas do "éter"..."rádio Habana, Cuba, território libre in America", nada; "rádio Moscovo", nada; "Deutchsvella", nada: "rádio Globo", nada.."BBC.. golpe militar em Portugal, general Spinola, coiso e tal"... O  quê ?... Porra,.finalmente!...

Contactei o Sr. comandante H.Patrício, dizendo-lhe que estava a decorrer um golpe militar,e este pergunta se era o nosso General Spínola que estava à frente... E eu..claro que é.. (eram 7 da manhã e eu não fazia a mais pequena ideia)... Ah, sendo assim eu alinho...BOA.

Não houve a flagelação da ordem, já não saiu uma companhia para o mato  e o resto continuou tudo como dantes... Apenas troca intensa de mensagens com Bissau, que pouco ou nada sabiam,ou não queriam dizer.

Foi assim o meu 25A.

Guiné 63/74 - P11510: Parabéns a você (570): José Carlos Neves, ex-Soldado Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1974)

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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11497: Parabéns a você (569): A nossa ilustre Enf.ª Pára-quedista Giselda Pessoa (BA 12, 1972/74)