quinta-feira, 15 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9607: O PIFAS, de saudosa memória (9): Dois terços dos respondentes da nossa sondagem conheciam o programa e ouviam-no, com maior ou menor regularidade...


1. Resultados da sondagem que correu no nosso blogue, de 8 a 14 de março de 2012... Pergunta: "Com que regularidade ouvias, no teu tempo, o programa de rádio das Forças Armadas, PFA ou PIFAS ?"

Responderam um total de 116 leitores. Naturalmente que os resultados não se podem generalizar... É uma mera consulta de opinião com resultados meramente indicativos ou tendenciais...



Assim, cerca de 2/3 dos respondentes conheciam e ouviam o PFA ou PIFAS: cerca de 39% ouviam-no "todos os quase todos os dias"; os restantes 27% só mais esporadicamente...

O restante terço que não ouvia o PFA ou PIFAS, apresenta as suas razões:

- 6% do pessoal não se interessa por este tipo de programas de rádio;
- 13% não tinham aparelho de rádio ou tinham dificuldade, no mato, em sintonizar o programa;
- Os outros 15% não são do tempo do PIFAS que, ao que sabemos, nasce no tempo do "consulado" de Spínola...

Obrigado a todos os que tiveram a gentileza de responder ao nosso pedido...

2.  Reproduzem-se a seguir alguns mails de camaradas nossos sobre a sondagem:

(i) José Paracana [, ex-alferes miliciano, da Cheret, QG, Bissau, CTIG, 1971/73]




Viva lá, camarada LG!



Posso informar que eu sempre estive no QG, em Bissau. E lembro que ouvia diariamente o Pifas! Uma tarde até estive ao microfone da rádio porque um sr. sargento (cujo nome esqueci), que estava à frente de uma das rubricas da estação, convidava à intervenção. E eu fui falar sobre Coimbra: a dos estudantes e suas praxes académicas. Descrevi as sessões de gozo dos caloiros; dos seus julgamentos (na cabe da Real República dos Kágados), da queima das fitas e sua organização, das Latadas,etc.


Lembro que, fugindo completamente à censura (anos 1961-1966) porque a Pide não actuava antes dos cortejos - empunhei um cartaz onde se escreveu o seguinte: "Em Lisboa há um Te(n)rreiro com 42 buracos/ tachos!" Claro que o visado era o Almirante do bacalhau...


Continuação do bom trabalho e até breve!


Abraço do José Paracana
 
(ii) Antonio Sampaio [, ex-Alf Mil na CCAÇ 15 e Cap Mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74]:
  
 Amigo, gostava de colaborar, mas com verdade. Não me recordo nada desse programa. Enquanto estive em Mansoa, tinha concerteza possibilidade de o ouvir. Depois em Barro já seria mais episódico. De qualquer maneira nunca fui muito de “telefonia”.


Recordo no entanto um bom amigo que esteve também em Mansoa e depois foi para a Rádio Bissau. Era já locutor na RR  [Rádio Renascença,] cá e conseguiu sair do mato para a cidade lá. Era o Fernando de Sousa (actualmente no internacional da SIC).  Por curiosidade o contacto directo com os tiros, só o teve muito mais tarde em Angola quando fazia uma reportagem no tempo da guerra civil. A coluna em que se deslocava foi atacada quando ele estava a fazer um directo. Um abraço, António Sampaio

(iii) Belmiro Tavares [,ex-Alf Mil, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66]

Caro Companheiro,

No meu tempo, que eu saiba, não havia PFA... nem PIFAS.

A Rádio Bissau trabalhava poucas horas por dia; havia um programa afamado – discos pedidos. Por mais estranho que pareça o disco – de longe – mais pedido era: “O Tango dos Barbudos”.


Aquele Abraço,
Belmiro Tavares


[Nota do editor: Belmiro, quem não se lembra, nos bailes dos bombeiros das nossas parvónias, de ouvir, em aordeão ou até guitarra elétrica, esse clássicos do tango, o Tango dos Barbudos ? ... Há músicas que levaremos para tumba e para a longa viagem do além, tal como a pensavam os antigos egípcios... Se calhar este tango, ouvido no rádio a pilhas em Binar, é um deles... BAqui tens uma versão instrumental, no You Tube, para matares saudades... E já  agora fica também com esta versão, mais fraquinha, em guitarras elétrica, duns rapazes do teu tempo, 1966... Os Blusões  Negros].


(iv) José Pereira [ex-1.º Cabo Inf, 3.ª CCAÇ e CCAÇ 5, Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68]

 Olá, sou o Zé Pereira, estive na CCAÇ 3 e na CCAÇ  5, na zona de Nova Lamego. Bepois vim para Bissau aguardar embarque e estive a fazer servico no Comando Chefe e no PFA onde estava o João Paulo Diniz, em 68 lembro-me muito bem o chefe era o major Magalhães.


Um abraço, José Pereira
 
[Nota do editor: Zé Pereira, há dias falei com o José Paulo Diniz, ele disse-me que esteve em Bissau, de entre agosto de 1970 e agosto de 1972 (mais ou menos)... Logo não poderá ser do teu tempo. Deves estar a fazer confusão com outro nome. Mas podemos esclarecer isso no nosso próximo encontro, em Monte Real, no dia 21 de abril... Ele vai lá estar. E tu ? Um abraço].


(v) Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74):

Meu Caro Camarada Carlos Vinhal,

No redescobrimento do PIFAS, cujos artigos tenho lido com alguma sofreguidão, pois sempre que possível lá o conseguíamos sintonizar, não posso deixar de recordar que também nós, no “buraco” que era Cabuca, também tínhamos uma estação de rádio, que com alguma dificuldade era ouvida em Bissau !

Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19H30 às 23H00.

Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.

A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.

Dos programas emitidos, relembro os seguintes :

- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.

E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.

Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!

Um abraço de amizade do camarigo,
Ricardo Figueiredo
Fur Mil At Art da 2ªCart/Bart 6523
Cabuca-Guiné

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9589: O PIFAS, de saudosa memória (8): "Emoções", programa de música, Antena 1, sábado, 10 de março, das 5 às 7h da manhã: ouvir a voz do João Paulo Diniz, 40 anos depois...

Guiné 63/74 - P9606: Parabéns a você (392): António Batista, ex-Sold At da CCAÇ 3490 / BART 3872, prisioneiro do PAIGG (Guiné, 1972/74)



Sobre o António Batista, ver mais postes aqui.

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Nota do editor:

quarta-feira, 14 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9605: Convívios (401): 17º Encontro do Pessoal do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), no passado dia 3, em Cantanhede, com a presença de conhecidos tabanqueiros: para além de mim, o Luís Nabais, o Ernestino Caniço, o César Dias e o Luís Camões (Jorge Picado)

Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72), com data de 7 de Março de 2012:


Caro Carlos
Envio-te um pequeno apontamento relativo ao "Encontro do Pessoal do BCaç 2885", para conhecimento e divulgação na Tabanca Grande.
Ao mesmo tempo aproveito para me inscrever no almoço de Monte Real.


Abraços
Jorge Picado


17.º ENCONTRO DO PESSOAL DO BCAÇ 2885
(Mansoa, 1969/71)

Este novo Encontro decorreu no passado sábado, dia 3 de Março.  no Restaurante Pingão, sito na Quinta do mesmo nome em Ançã, terra do concelho de Cantanhede.








Depois de um longo período invernoso sem ponta de chuva, eis que este dia se apresentou nubloso e chuvoso, obrigando os numerosos “jovens” e seus familiares a recolherem mais cedo ao interior do vasto salão, privando-os de maior tempo de convívio ao ar livre. Mas como o ditado diz “Bodas (festejos) molhadas por longos anos festejadas”, pode ser um bom sinal de que estes Encontros ainda tenham uma longa duração.


O mais veterano deste “Agrupamento” continuou a ser o ex-Cap Inf Fernando do Amaral Campos Sarmento, que era o Cmdt da CCaç 2588 e, dos conhecidos desta Tabanca, há a registar, além deste “escriba”, a presença do Luís Nabais (CCS), do Ernestíno Caniço (que era o Cmdt do Pel Rec Daimler 2208), do César Dias (CCS) e do Luís Camões (CCaç 2589).


Confraternizou-se, trocaram-se lembranças mais agradáveis, recordaram-se passagens mais amargas e homenagearam-se os que partiram, guardando-se um respeitoso minuto de silêncio.


Junto fotografias do encontro:



A “representação” da CCaç 2589, na qual identifico: de pé, começando da esquerda, Rufino Correia; Fernando Cabrita; António Ramos; Jorge Picado; Adelino Machado; Cunha; Carlos Costa; Jorge Cabrita; Moreira; Armando Alves; José Brogegas; Francisco Ramos; Mário Ramos; Martins (creio que o ultimo “pira” da unidade); José Torres; de joelhos, Pinto; Victor Vieira; “Avintes”; Luís Camões; Monteiro; João Ferreira e Amândio Aires.



Carlos Costa o 1.º Cabo condutor do “meu” jeep, oferecendo-me alguns exemplares das suas fotografias dessa época, também a serem observadas pelo Armando Alves que foi Sold At.



Nesta, rindo-me duma piada que o Moisir Pires, ex-Alf. Mil Mec., disse quando cumprimentava o José Brogegas, ex-Sold At, que sem nunca ter visto fazer pão, foi transformado em padeiro no Destacamento de Infandre.



Três dos “Tabanqueiros” presentes, antes do aparecimento da chuva, já “esbranquiçados e um tanto descapotáveis”, mas ainda prontos para “dar ao dente”: da esquerda para a direita, Luis Nabais,  Ernestino Caniço e Jorge Picado.


E por hoje é tudo.


Se no próximo ano formos vivos, a saúde permitir e a troika deixar, lá estaremos novamente, em qualquer local, para celebrarmos mais um aniversário.


Abraços para todos os camarigos.
Jorge Picado

Texto e fotos: © Jorge Picado  (2012). Todos os direitos reservados.
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Notas de CV:


(*) Vd. poste de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9197: In Memoriam (99): Homenagem aos combatentes mortos em todas as guerras em que as FAP estiveram envolvidas (Jorge Picado)


Vd. último poste da série de 9 de Março de 2012 > Guiné 63/74 – P9588: Convívios (321): Pessoal da CCS/BCAÇ 1861, dia 21 de Abril de 2012 em Ansião - Leiria (Júlio César)

terça-feira, 13 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9604: O Nosso Blogue em Números (30): Pela primeira vez Cabo Verde está no "top ten" dos países que...nos visitam

Gáfico: Nº de visitas ("page views) ao nosso blogue, de 7 a 12 de março de 2012... A linha a vermelha indica a tendência do período...




1. Segundo o nosso contador (que é free, de borla), o Bravenet Free Counter, ontem, 2ª feira, 12 de março de 2012,  batemos mais um pequeno recorde: foi o dia em tivemos mais visitas, em oito anos de existência,  mais exatamente 4786 "page views"... Eis aqui o apanhado dos seis dias: Total=23880. Média diária: 3980

Mon, March 12, 2012 > 4,786
Sun, March 11, 2012  > 3,655
Sat, March 10, 2012   > 3,429
Fri, March 09, 2012   > 4,036
Thu, March 08, 2012  > 3,600
Wed, March 07, 2012 > 4,374

O nosso melhor dia da semana continua a ser a segunda feira (15,6% do total das visitas), seguido da terça (15,1%)... Os dois piores dias são o sábado (11,9%) e o domingo (13,1%)... As nossas duas horas (o "pico da audiância) é das 14/15h e das 15/16h: com 8,2% e 7,7% do total das visitas, respetivamente... As piores horas correspondem ao período que vai das 21h às 24h: menos de 1,8% do total...
 
Considerando apenas os dois primeiros meses deste ano, e ainda segundo as contas do Bravenet, tivemos cerca de 210 mil visitas...

Até ao final de dezembro de 2011: 3158400.
Janeiro de 2012: c. 110 mil.
Fevereiro: c. 100 mil.
Início de Março: 3368400.
Hoje, 13 de março, às 22h25: 3418890

Atingiremos os 3 milhões e meio de visitas no início do próximo mês de abril. Recorde-se que ultrapassámos os 3 milhões de visitas na 1ª quinzena de novembro de 2011. Os 2 milhões de visitas tinham sido atingidos em meados de setembro de 2010.

Já na segunda quinzena de novembro tínhamos mudado  o visual do nosso blogue. No dia 28, 2ª feira, desse mês utrapassámos, pela primeira vez, em quase oito anos de vida do blogue, a fasquia das 4 mil visitas num só dia… O que em parte é explicado pela nova interface do Blogger (o nosso servidor) que tem outras funcionalidades tais como a possibilidade de partilha dos nossos postes com a(s) nossa(s) página(s) no Facebook, nomeadamente a Tabanca Grande_Luís Graça_Guiné.

O número de membros inscritos na Tabanca Grande era de 542, o que quer dizer que desde o início de outubro de 2011 entraram mais 22 membros... Em Abril de 2011 celebrámos a entrada do nº 500. Em final de 2009, éramos 390, em Maio andávamos pelos 410 e em meados de Setembro de 2010 estávamos a caminhos dos 450. A média de entrada de novos desde Setembro de 2010 até agora anda à volta dos 5 por mês, ou um por semana...

Éramos pouco mais do que 100, em meados de 2006, quando passámos da I para a II Série (a atual) do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

O número de inscritos no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande que se vai realizar em 21 de abril próximo, em Monte Real, era de 87 (Compare-se com o final fe inscritos no ano passado: 110).

Utilizando agora outr fonte, o nosso prórpio servidor, o Blogger, podemos saber quem nos visita, por país (em relação a um histórico de pouco mais de um milhão e meio de visitas. O interessante é vermos, depois de Portugal (que continua a frente com 72,3% das visitantes) e do Brasil (que vem em segundo, com 13,4%), é vermos outro país lusófono, Cabo Verde, no "top ten": cerca de 0,2% do total de visitas feitas ao nosso blogue, vêm de Cabo Verde (Vd. quadro a seguir).



Quanto ao número médio de postes diários publicados nestes primeiros 72 dias do ano de 2012 é ligeiramente inferior à média ao ano passado: 4,2 (em 2012), contra 4,8 (em 2011), e 5,4 (em 2010, o ano em que batemos o recorde com um total de 1955 postes publicados).

Num histórico de cerca de 31 mil comentários, temos 2125 referentes aos primeiros 72 dias do ano de 2012, o que dá em média 29,5 comentários por dia / 885 por mês...


Amigos, camaradas, camarigos: Quem lê o nosso blogue, quem o edita, quem nele escreve, quem nele comenta, quem o critica, quem o elogia, quem o alimenta e acarinha, quem o divulga..., tem direito a saber as contas com que nos (des)cosemos... Aqui ficam. Esperemos que nos deem cavaco (em inglês, "feedback").

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Nota  do editor:

Último poste da série > 20 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9239: O nosso blogue em números (29): Opinião sobre o novo visual

Guiné 63/74 - P9603: Tabanca Grande (324): Alberto Sardinha, ex-Soldado Mecânico Desempanador Auto da CCS/BCAÇ 1877 (Teixeira Pinto e Bafatá, 1966/67)

No dia 19 de Fevereiro de 2012, recebemos esta curta mensagem do nosso novo tertuliano, camarada Alberto Sardinha, ex-Soldado Mecânico Desempanador Auto da CCS/BCAÇ 1877, Teixeira Pinto e Bafatá, 1966/67:

Fui Mecânico Desempanador Auto da CCS/BCaç 1877

Cheguei à Guiné em 1966, fiquei em Bissau no Quartel da Amura durante 9 meses, de seguida fui para Brá, perto do Aeroporto de Bissau, dali para Teixeira Pinto, dali para Bafatá.

Sou natural de Ponte de Sor e resido no Seixal

Estandarte do BCAÇ 1877 mobilizado pelo RI 15 de Tomar. Este Batalhão composto pelas Companhias operacionais 1499; 1500 e 1501, tinha como divisa "Firmes e Constantes"

Um abraço para todos os camaradas que fazem parte deste Blogue.

19/02/2012
Alberto Sardinha


2. Comentário do editor:

Caro Alberto Sardinha, desculpa começar esta conversa brincando, mas não és o primeiro da espécie no nosso Blogue, porque temos um tertuliano, dos velhinhos, chamado Belarmino Sardinha. Se quisermos continuar ainda no meio aquático encontraremos os camaradas Fernando Chapouto e Robalo Borrego.

Passemos para terra firme para te dizer que esperamos que as tuas próximas mensagens venham mais compostas. Há sempre uma história para contar, já que todos nós guardamos na nossa memória peripécias várias. Terás por aí fotos que te lembrarão situações boas e más.
Como desempanador foste muitas vezes ao mato recuperar viaturas avariadas ou atoladas? Nos quartéis improvisavam quando não havia sobressalentes à mão?
Como vez já te sugeri assuntos para desenvolveres.

Ficamos então à espera das tuas próximas notícias. Até lá recebe um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 29 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9549: Tabanca Grande (323): Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74)

Guiné 63/74 - P9602: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (4): Documentação referente a negociações entre Portugal e o PAIGC com vista à desmobilização das tropas africanas que combateram por Portugal (Carlos Filipe)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Filipe Coelho* (ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 18 de Fevereiro de 2012:

Carlos Vinhal, Luís Graça e restantes editores.

Não querendo sobrepor-me aos excelentes e oportunos relatórios do Luís Gonçalves Vaz, que trouxe ao blogue de forma documental o que até aqui se falava entre nós, mas sem o rigor que é necessário para o aprofundar de conhecimentos sobre o que na verdade se passou, venho pôr à disposição da Tabanca Grande este documento, entre outros, que guardo desde o meu despedimento (desalojado à bomba - Emissores da Buraca) na Rádio Renascença em 1975.


Talvez ajude a fazer luz sobre as intenções e negociações entre Portugal e o PAIGC sobre a desmobilização das tropas africanas que combateram sob bandeira portuguesa.


Entre outras coisas ressalta a divisão em facções dentro dos comandos africanos e proposta de retirar para Portugal os elementos que mais dificuldade teriam em ser aceites pelas novas autoridades em virtude do seu passado.


Um abraço para todos.


PS. pessoal: 99,9 % dos sublinhados, são meus. Podem dar a introdução que entenderem conveniente.


Obrigado.
Carlos Filipe

2. Nota dos editores:

Por norma, e de acordo com a nossa deontologia, o blogue não deve publicar documentos anónimos, apócrifos, de autoria duvidosa ou desconhecida. Fazemos sempre questão de validar os documentos que aqui chegam,  começando por averiguar a sua proveniência, origem, autoria, ano, editor, local de edição ou impressão, etc.

Pedimos ao Carlos Filipe para tentar saber qual a origem ou proveniência do documento, a data em que foi emitido, etc.... Trata-se de uma cópia de um documento original, datilografado, que é uma espécie de ata da reunião havida em 29 de julho de 1974, em Cacine, entre uma delegação portuguesa, encabeçada entre o brigadeiro graduado Carlos Fabião, último governador da Guiné e com-chefe, e uma delegação do PAIGC, chefiada por Júlio Carvalho (comandante Julinho, como era mais conhecido nas fileiras do PAIGC). O original devia ter  uma capa, uma folha de rosto, com indicação da Repartição do QG/CC que elaborou o documento... Mas também pode ser um documento pessoal, ou até um rasccunho de acta, elaborado por alguns dos oficiais portugueses que participaram nesta reunião...

O conteúdo do documenrto não nos parece dever ser posto em causa.  Ainda não confirmámos a data e local desta reunião. No depoimento do Carlos Fabião, em 2002, no âmbito dos Estudos Gerais da Arrábida sobre o processo de descolonização,  o último governador da Guiné não faz uma referência específica a esta reunião de Cacine... Ele fala dos comandos, do Marcelino da Mata (de que era muito amigo), etc., mas não refere esta reunião, uma de entre muitas que deve ter tido com delegações do PAIGC, na sequência das negociações de paz e do plano de retração das NT.

Sobre a origem do documento, disse-nos o Carlos Filipe: "Caros, Luís Graça e Carlos Vinhal, não me dispensaria de enviar também a capa do documento se existisse. Mas, estarão a imaginar o ambiente da época e o local (rádio) onde caía lá tudo de comunicados. Entre a muita azáfama que tinha como ocupante da Emissora, só nas últimas horas é que tentei ''salvar'' o que na ocasião me interessava. Portanto não posso fazer nada. Um abração p/ ambos e um obrigado".Publica-se o documento com estas ressalvas. No Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, fom,os encontrar um documento sobre a Guuiné Bissau, com texto e fotos do Cap Duran Clemente. Publicam-se, com a devida dénia, duas fotos com dois dos protagonistas desta reuniãod e 29 de julho: netse caso, o Júlio Carvalho, caboverdiano, DO paigc,  e o comandante Patríci, da nossa Marinha, por ocasião da "transferência de poderes", em Cacine, em 12 de agosto de 1974. LG/CV.




Guiné > Região de Tombali > Cacine > 12 de agosto de 1974 (?) > Júlio Carvalho e comandante Patrício, presumivelmente por ocasião da cerimónia de "transferências de poderes", entre o PAIG e as Forças Armadas Portuguesas. Fotos do Cap Duran Clemente. Cortesia de Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.



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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9012: Blogoterapia (191): Na varanda e a Guiné-Bissau (Carlos Filipe)

Vd último poste da série 12 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9535: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (3): A Retirada Final: os últimos militares portugueses a abandonar o TO da Guiné (Luís Gonçalves Vaz / Manuel Beleza Ferraz)


Guiné 63/74 - P9601: Nós da memória (Torcato Mendonça) (14): O percevejo e o flautista - Fotos falantes IV

Mansambo > Foto falante 36 - IV série






1. Texto e Fotos Falantes (IV Série) do nosso camarada Torcato Mendonça (ex-Alf Mil da CART 2339 Mansambo, 1968/69) para integrar os seus "Nós da memória".






NÓS DA MEMÓRIA - 14
(…desatemos, aos poucos, alguns…)

10 – O Percevejo e o Flautista

Foto a merecer legenda mais alongada.
Nela já se vêem bem os balneários, a zona de protecção ao poço e parte de um abrigo caiado de branco. Esse pormenor é que motivou esta recordação.

O abrigo, em parte caiado de branco, e aquele lavatório eram um luxo. Recordar a importância que tinha para nós aquele poço, aberto muitos meses depois do início da construção do aquartelamento, e os balneários. Antes toda a água vinha da fonte e os banhos eram lá tomados e com segurança à volta. Não só por uma questão de segurança mas, isso sim, porque era muito mais natural a higiene ser feita assim com normalidade. Além disso, quase toda a água vinha dali e tinha qualidade.

Aquele luxo, de uma bacia de plástico colocada em cima de uma cadeira e o fundo de branco caiado, ficou a dever-se aos percevejos. Não era um local qualquer. Na metade daquele abrigo em L era o comando, messe de oficiais e sargentos, bar, centro de convívio e muito mais. Parece é um espaço exíguo. Pois com certeza que podia assim considerado mas, com engenho e boa vontade virava a Salão Diamante. Até um frigorífico a petróleo tinha, com um contra. Este frigorífico tinha um vidro circular a proteger a chama. Se os obuses 10.5 trabalhavam e o vidro não tivesse sido retirado, ia para o caneco. Uma maçada.

Porque apareceu ali uma parede caiada? Devido a uma praga, a uma infestação de percevejos.
Apareceram silenciosamente. Viajaram, um dia, em alguns velhos colchões de palha que acompanhavam, indevidamente, digo eu agora, os verdes colchões de espuma.

Em pouco tempo, devido a um afrodisíaco qualquer ou porque eram mesmo assim, reproduziram-se e espalharam-se pelos abrigos. Instalaram-se nos buraquitos dos blocos de cimento, nas camas, mosquiteiros e onde lhes fosse mais confortável. Eram os senhores dos abrigos.

Não era nada confortável, para os humanos, a partilha do espaço. Eram bichos de ataque nocturno, para isso já tínhamos os mosquitos e outros bem mais fortes para lá dos arames. Estes, os percevejos, sugavam o sangue. Eram esmagados facilmente. Só que o cheiro a coentros e a pasta deixada era incomodativa. Aberta uma luz rapidamente desertavam. Curta deserção pois voltavam ao ataque mal a escuridão voltasse. Uns sem vergonha.

Para conter ou acabar com ataques sugadores vieram gentes peritas em desinfestações. Foi uma balbúrdia mas a bicharada desapareceu. Parecia, se bem me lembro, um milagre. Como isto de milagres é controverso ainda pensei que tinha sido alguém que atacara pela calada. Porque não, como na lenda, um Flautista de Hamelin e, á falta de ratos – que os havia mas fazendo parte da mobília – tocara o Flautista a sua flauta e os percevejos atrás dele caminharam até á fonte ou acampamento IN. Porque não?

O interior dos abrigos foi bem caiado. Certamente sobrou cal, para futura eventualidade de regresso de tão incómodos bicharocos. Foram então caiados alguns locais mais. Os menos visíveis, claro, ou tínhamos alvos para alinhamento de pontaria IN. Para isso já bastava a enorme árvore por onde eram alinhadas as armas pesadas, sem grandes resultados depois dos 10.5.

Eu vos digo que a cal tornou tudo mais bonito. Pareciam casas. Só as víamos em Bambadinca ou Bafatá, principalmente em Bafatá. Casas com portas e janelas, de branco e outras cores pintadas e com homens, mulheres e crianças. Gentes com sorrisos e vestidos com roupas de cores diferentes do verde-azeitona ou do camuflado.

Eu vi também muitas em Bissau quando ia de férias. Desanuviava e ria feliz. Mas questiono eu? E os soldados que não tiveram essa oportunidade e estiveram 23 meses no mato? Um fulano ficava atormentado ou pior.

Não será assim?
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 8 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9582: Nós da memória (Torcato Mendonça) (13): Mansambo - Fotos falantes IV

segunda-feira, 12 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9600: Álbum fotográfico de João Martins (ex-Alf Mil Art, BAC1, Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69) (2): Ainda a viagem, de LDG, em setembro de 1968, de Bissau a Bambadinca, com o meu Pel Art a caminho de Piche


Foto nº 2/199: Aproximação a Bissau, do avião da TAP que trouxe o nosso camarada João Martins, de regresso da metrópole, depois das suas férias em julho de 1968...


Foto nº 58/199: O Rio Geba, visto de Bissau, ao pôr do sol...



Foto nº 62/199: A LDM [, Lancha de Desembarque Média] 311, a navegar no canal do Geba, nas imediações do Ilhéu do Rei, frente ao porto de Bissau. (Distância aproximada: 1,5 km).



Foto nº 66/199: A LDG [Lancha de Desembraque Grande] nº 101, pronto a zarpar, rio Geba cima, carregada de artilheiros e de artilharia, rumo a Bambadinca, aproveitando a maré cheia...


Foto nº 70/199:  Margem direita do Rio Geba, Porto Gole... Ou não ?  Parece-me ser Porto Gole, pelo perfil do casario... A distância aproximada entre as duas margens é de 6,5 km..


Foto nº 71/199: Margem esquerda do Rio Geba, depois da foz do Corubal, quando o rio começava a estreitar, antes do Xime... A temível Ponta Varela, onde era habitual os fuzileiros das LDG fazerem fogo de morteirete, apanhando de surpresa os "viajantes"... Este era um dos pontos referenciados como provável local de ataque do PAIGC às embarcações... Mas, em geral, o IN não se metia com as LDG, tinha-lhes "muito respeitinho"... Atacava de preferência as embarcações civis, indefesas... A distância aproximada entre as duas margens era de 400 metros...


Foto nº 73/199: O inconfundível porto fluvial de Bambadinca e instalações do destacamento da Intendência... Era penosa a viagem pelo Geba Estreito, do Xime até Bambadinca, passando pelo perigoso Mato Cão, devido ao curso "tortuoso" do rio... De LDG, só na maré vazia... Hoje este troço do rio está completamente assoreado... A distância aproximada entre as duas margens era ligeiramente superior a 100 metros...

Fotos: © João José Alves Martins (2012). Todos os direitos reservados. (Fotos editadas por L.G.; legendas do autor das fotos e do editor).


Guiné > Zona leste > Rio Geba (Xaianga) Estreito > Percurso entre o Xime e Bambadinca > Carta de Bambadinca (1955) > Escala 1/50 mil> Detalhe


1. Segunda parte da mensagem, enviada ontem, por João José de Lima Alves Martins, respondendo à seguintes perguntas dos editores, a seguir listadas: (A primeira parte da mensagem será publicada, oportunamente, noutro poste, noutra série):

Gostavamos que o João Martins nos confirmasse:



(i) o trajeto da viagem (Bissau-Xime ou Bissau-Bambadinca, pelo Rio Geba);


(ii) o tipo de embarcação (inclinamo-nos para a LDG, já que uma LDM não aguentava com viaturas, 3 peças 11.4, caixas de granadas, mais os homens de um Pel Art e o resto da tralha, desde garrafões de vinho a colchões...).


A viagem pela picada Xime-Bambadinca, em meados de 1968, não era segura... Acreditamos que a LDG tenha ido mesmo até Bambadinca (aproveitando a maré cheia).  Nessa época, a passagem por Ponta Varela, antes do Xime, sempre temida, mas não tanto pelo Mato Cão, já no Geba Estreito. Eu fiz esse percurso, a caminho de Contuboel, nove meses depois, de Bissau, em LDG, partindo de madrugada com a maré cheia, mas só até ao Xime... O resto do percurso (Xime-Bambadinca-Bafatá-Contuboel) foi por estrada, onde chegámos ao fim da tarde... (LG).


2. Recorde-se que o João José Alves Martins foi Alf Mil Art do BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/69). Entrou para a Tabanca Grande em 12 de Fevereiro de 2012.

Na sua página, no Facebook, o João Martins  tem um notável álbum fotográfico, com 199 imagens, obtidas a partir de diapositivos, relativas à sua comissão de serviço no TO da Guiné. Parecem estar ordenadas cronologicamente e uma boa parte delas estão legendadas. O que nos permite, por exemplo, seguir o o nosso camarada e o seu Pel Art, ao longo da viagem desde BAC1 [ Bateria de Artilharia de Campanha nº 1], em Bissau, até Piche... Viagem essa que não foi em julho de 1968, como supunhamos inicialmente, mas sim em setembro.

3. Explicações dadas pelo João Martins:


Luís Graça


É com muito prazer que recordo o tempo que passei na Guiné; lá, encontrei a alma e a coragem dos nossos antepassados, e toda uma obra de colonização que, ao contrário do que muitos pensam, nos deve orgulhar. (...)

Quanto às tuas perguntas, a viagem para Piche fez-se em Setembro de 68, depois de ter regressado de férias, pelo rio Geba e até Bambadinca numa LDG.

É claro que para chegarmos a Piche, passámos por Bafatá e por Nova Lamego; no caminho [ entre Nova Lamego e Piche], como afirmas, apanhámos um valente susto porque ficámos "parados sozinhos" com um furo, e fomos ajudados por uns naturais aos quais dei umas moedas, mas que, se tivéssemos tido azar,  seriam de "outra cor"...(faz parte das minhas memórias).

Passei por Farim, mas foi no regresso, e ainda me lembro do Dakota que tremia que nem varas verdes e fazia uma barulheira que só visto...


Quanto ao dia 21 de Abril [, dia do nosso VII Econtro Nacional, em Monte Real], teria muito prazer em estar convosco, mas acontece que estou a fazer grandes obras numa casa que tenho em S. Martinho do Porto e vou lá aos sábados para as acompanhar pelo que terá que ficar para outra oportunidade.


Um grande abraço,


João Martins
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P9599: Os nossos seres, saberes e lazeres (42): Saltar de pára-quedas, um sonho realizado depois dos sessenta (Paulo Santiago)

1. Em mensagem do dia 11 de Março de 2012, o nosso camarada Paulo Santiago* (ex-Alf Mil CMDT do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72), enviou-nos a notícia da concretização de mais um sonho, voar.


VOANDO


Sonhava com esta experiência: saltar de pára-quedas !!!
Aconteceu hoje à tarde no PARACLUBE DE ÁGUEDA.

Medo? Claro que tive algum, não sou louco, mas dominei-o bem antes da entrada para o avião, confiando no instrutor, Jaime Silva, meu acompanhante no tandem.

Da descolagem, até atingir, os 10.000 pés (3000 metros) foram 25 minutos de voo, uma bela visão, a tarde estava explêndida, e fui recebendo as últimas indicações do instrutor.

A saída da aeronave para o espaço livre foi óptima a que se seguiu uma cambalhota no ar. Sensação única, estabilização ventral (não sei se é o termo correcto) com queda livre até aos 1500 pés (à volta de 45 segundos) onde se processa a abertura do pára-quedas.

À velocidade vertiginosa e ruído da deslocação de ar, sucede-se um silêncio e uma descida calma mirando a magnifica paisagem.

Uma boa aterragem, onde me esperava o meu amigo Victor Tavares, Pára-quedista e ex-combatente na Guiné, onde também andei.

A foto acima foi tirada após aterragem. Nesta, como noutras aventuras, acompanhou-me a Rosário Azevedo.

Sexagenários, como eu, experimentem estas emoções, são únicas!!! Perigo? Até existe ao sair da cama.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9469: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (51): Dois amigos, Paulo Santiago, aguedense, e Vasco Pires, anadiense​, reencontra​m-se, no blogue, ao fim de 50 anos!

Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9229: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (41): Comprei um computador pequeno e lentamente fui aprendendo a navegar na Net (Fernandino Vigário)

Guiné 63/74 - P9598: Notas de leitura (341): Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: O Caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Fevereiro de 2012:

Queridos amigos,
Aqui se põe termo às recensões ao trabalho de indiscutível importância que constitui a tese de doutoramento do nosso confrade Leopoldo Amado. Pressinto que com trabalhos como este, o do Julião Soares Sousa, o do António Tomás, os livros do António Duarte Silva, há já ingredientes suficientes para a constituição de equipas de historiadores luso-guineenses, independentemente dos olhares nacionais este teatro de operações foi o elemento transformador de dois países e não se pode abdicar de tal realidade. Venho pedir ao Leopoldo Amado que opine sobre as críticas de fundo que destaco nas recensões: o ser totalmente inadmissível que não se procure aprofundar os fundamentos da tese da unidade Guiné/Cabo Verde, porventura um argumento de peso para alavancar a organização da luta armada mas que não tem fundamento real, como a História comprovou; a tese sibilina da responsabilidade da PIDE no assassinato de Cabral sem documentação de provas, fugindo à análise de que o complô foi exclusivamente guineense e tinha como rastilho a indignação dos guineenses serem monitorados por cabo-verdianos.

Um abraço do
Mário


Guerra Colonial versus Guerra de Libertação Nacional:
O caso da Guiné-Bissau (5)

Beja Santos

Vamos hoje concluir um punhado de reflexões sobre a tese de doutoramento do nosso confrade Leopoldo Amado “Guerra Colonial versus Guerra de Libertação Nacional – O caso da Guiné-Bissau” (IPAD, 2011), obra que classificamos, sem qualquer hesitação, como doravante indispensável na literatura de referência, como os livros de António Duarte Silva sobre a luta da independência na Guiné-Bissau, o trabalho de Julião Soares Sousa sobre Amílcar Cabral ou os depoimentos que o próprio Leopoldo Amado recolheu junto de dirigentes e combatentes do PAIGC e que fazem parte do livro atribuído a Aristides Pereira.

Entre a introdução de foguetões, ainda em 1970, e o aparecimento dos mísseis terra-ar Strella, em 1973, a sucessão de acontecimentos político-militares e diplomáticos tornou-se progressivamente desfavorável ao governo de Lisboa e às tropas portuguesas. Logo a operação Mar Verde abriu as portas à marinha soviética que veio até Conacri, a pedido de Sekou Touré, a NATO não gostou e mais abertamente criticou a agressão portuguesa. De imediato, logo em Janeiro de 1971, o PAIGC reformulou o seu dispositivo, deu sinal de que ia aumentar a sua eficiência combativa, simulou mesmo uma perda de iniciativa, por exemplo do corredor de Bafatá-Xitole, mas o mesmo não sucedeu na área de Guilege-Gadamael, intensificou-se a pressão na região Sul. Os anos de 1971 e 1972 correspondem ao período de uma ofensiva diplomática por parte de Amílcar Cabral e que custou uma maior animosidade internacional contra o governo de Lisboa. Nas suas viagens a países comunistas e ocidentais, Cabral não joga só com o trunfo das áreas libertadas, exibe outras provas como os ataques aos centros urbanos, Bissau, Bolama, Gabu. Os contactos com Senghor têm como pano de fundo a insistência das Nações Unidas quanto à necessidade de Portugal abrir as negociações com os movimentos de libertação e ao facto de Spínola já não encontrar resposta para uma contenção militar duradoura. Os resultados do encontro foram transmitidos a Marcello Caetano que, como é sabido, mandou pôr termo a novas conversações. A “guerra de nervos” desenvolvida pelos serviços de informações, pela ação dos agentes duplos e pela intensa propaganda radiofónica agravava feridas e desorientava por vezes os contendores. Só dois exemplos: O boato segundo o qual Osvaldo Vieira teria assumido as funções de secretário-geral do PAIGC, desde 2 de Maio de 1972, porque os filhos da Guiné estavam descontentes porque Amílcar Cabral só os mandava para o mato enquanto os cabo-verdianos ocupavam funções de comandantes. O boato de que Momo Turé teria mostrado a Amílcar Cabral uma carta escrita por Nino Vieira a Rafael Barbosa, em que o primeiro lamentava o comportamento de Amílcar Cabral para com os guineenses, o que comprometeu o seu autor e que, por isso, no Conselho de Guerra, fora destituído. Papel fulcral corresponde à visita, em Abril de 1972, de uma delegação do Comité de Descolonização da ONU, precedida por uma ofensiva militar de grande envergadura do lado português. O Comité de Descolonização, depois da visita, reconheceu o PAIGC como o único e autêntico representante do povo do território e apelou aos organismos das Nações Unidas para atuarem de colaboração com a Organização da Unidade Africana, a fim de puderem apoiar a luta do PAIGC.

O assassínio de Amílcar Cabral tem largo destaque no documento. Leopoldo Amado procede a um levantamento das atividades da PIDE/DGS e dos agentes infiltrados, já foi dito que o relacionamento entre os dois contendores também se fazia por agentes duplos. De novo surge Momo Turé como instigador da conjura, o que é inconcebível, Momo não possuía requisitos políticos e intelectuais para uma empreitada destas. O autor refere a existência de tensões, dissidências e clivagens mas não explicita porquê e com que resultados, levanta mesmo a hipótese de haver círculos concêntricos de informadores e instigadores a soldo da polícia política portuguesa, o que pode ser muito interessante no campo especulativo mas é inaceitável na historiografia. Mais a mais, é o próprio Leopoldo Amado quem reproduz uma mensagem da PIDE de Bissau para Lisboa no dia seguinte ao assassinato, sugerindo que a responsabilidade da insurreição era da linha guineense contra os cabo-verdianos e os mestiços. De igual modo, como há um silêncio absoluto sobre as teses da unidade Guiné/Cabo Verde, em que assentou a mobilização de Cabral, sem qualquer fundamentação ou rigor histórico, e que Leopoldo Amado não comenta, e que mesmo que os atritos entre guineenses e cabo-verdianos possam até ter sido explorados pelos agentes da PIDE e pela própria propaganda, eles existiram, os guineenses e os cabo-verdianos recusam-se a falar do que sempre foi um profundo conflito étnico, o autor também silencia na apresentação da conspiração o que podia ser o elemento detonador para esse conflito étnico e que hoje salta à vista de todos: em 1973, o aparelho de Estado tinha ao mais alto nível a preponderância cabo-verdiana e é esse mesmo conflito que vai desembocar no 14 de Novembro de 1980. Branco é galinha o põe, a historiografia, na ausência de documentos escritos, tem forçosamente de recolher depoimentos de todas as partes. Em 20 de Janeiro de 1973 foram só guineenses que se insurgiram e prepararam a insurreição, não há lá um só cabo-verdiano. Para quê deitar poeira nos olhos ou atribuir à PIDE uma responsabilidade que não está comprovada.

Leopoldo Amado assesta a sua atenção sobre os mísseis Strella, o fim da superioridade aérea e as operações sobre Guilege, Guidage e Gadamael, narra os preparativos da ofensiva prevista para 1974, o abandono de Copá e o assédio a Canquelifá. Chegamos assim ao 25 de Abril, detalha as negociações entre o PAIGC e Portugal, um itinerário de negociações entre Londres e Argel, foi aqui que se estabeleceu o acordo com cessar-fogo e o reconhecimento por Portugal da república da Guiné-Bissau e a retirada das Forças Armadas Portuguesas até 31 de Outubro de 1974. O legado político de Cabral a um texto de grande recorte quanto às principais linhas de pensamento do líder do PAIGC, mas com uma grave omissão, em meu modesto ponto de vista, nunca se vê explicado e documentado onde se alicerça a teoria da unidade Guiné/Cabo Verde. É facto, e Julião Soares Sousa também alude no seu trabalho a esse fenómeno do início da década de 1960, o pan-africanismo e as doutrinas de unidade intraestatal fizeram o seu percurso, como se sabe com mais insucessos que com bons resultados. Nada abona, porém, que houvesse uma opinião pública e uma corrente política que abonasse a favor desta unidade, foi um lampejo que passou pela mente de um líder sobredotado que não mediu, nem ele nem a direção política, as consequências de uma tese dada como indiscutível. É evidente que Cabral não podia denunciar uma questão de fundo: não tinha dirigentes guineenses e na ausência de condições favoráveis para implantar guerrilha no arquipélago atraiu gente altamente capaz que o cercou em cargos de responsabilidade e operações de comando militar de grande melindre, onde se exigiam elevados conhecimentos técnicos e tecnológicos. Era Cabral marxista? Há quem conteste, mas o seu método de análise bebia nessas águas, era convictamente socialista, adepto do partido-Estado e era suposto que a Guiné-Bissau, com a constituição do Boé, tivesse um regime socialista autoritário. Como, mesmo com todos os desvios e delírios da era Luís Cabral, teve. Reconheça-se que Cabral, como regista Leopoldo Amado, foi uma das figuras mais marcantes do século XX, não há investigador que hesite em considerá-lo como o verdadeiro teórico dos movimentos de libertação da África portuguesa.

As investigações de Leopoldo Amado, insiste-se, passam a ocupar um lugar do maior relevo na historiografia luso-guineense. Direi mesmo que existem agora condições para um trabalho conjunto dos historiadores dos dois países. Porque houve dois contendores e os olhares da historiografia precisam de distância e aproximação, de medir o verso e o reverso. E no caso da Guiné-Bissau dá-se o aspeto transcendente de ter sido ali que catapultou o movimento que originou o 25 de Abril. Não é por acaso que os dois povos têm toda a potencialidade para manter um olhar fraterno e dirigido ao futuro.
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Nota de CV:

Vd. postes das recensões anteriores de:

27 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9540: Notas de leitura (337): Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: O Caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado (1) (Mário Beja Santos)

2 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9553: Notas de leitura (338): Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: O Caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado (2) (Mário Beja Santos)

5 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9560: Notas de leitura (339): Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: O Caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado (3) (Mário Beja Santos)
e
9 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9591: Notas de leitura (340): Guerra Colonial & Guerra de Libertação Nacional 1950-1974: O Caso da Guiné-Bissau, de Leopoldo Amado (4) (Mário Beja Santos)