Viatura blindada BRDM-2, utilizada pelo PAIGC em meados de 1973 no sul da Guiné: Desenho e especificações... Cortesia de Nuno Rubim (2009)
1. O Nuno Rubim, Cor Art Ref, é um dos membros mais antigos do nosso blogue. Ele chegou até nós, no último trimestre de 2005, por mão do Virgínio Briote. Estiveram ambos nos comandos, na Guiné, em 1966.
O projecto museológico de Guileje acabou por se tornar numa paixão. Além de autor do diorama do quartel de Guileje, o Nuno Rubim foi também um dos oradores do Simpósio Interncional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008). Esteve duas meses na Guiné em missão de serviço, durante a guerra colonial.
É um especialista em museologia militar e em história da artilharia. É neste momento o maior investigador da história militar da guerra colonial na Guiné (1963/74) e, espera-se, que dentro em breve possa publicar, em livro, alguns dos resultados do seu trabalho científico. Congratulamo-nos por já haver editores interessados nesse trabalho (que aparentemente só interessa uma público potencialmente restrito).
Diga-se, só a talhe de foice, que ele já identificou pelos nomes mais de 3 mil guerrilheiros do PAIG, mais de três centenas de acampamentos; e que tem mais de 90 GB de informação, em texto e imagens, sobre a guerra colonial na Guiné, em geral, e sobre a região de Tombali, em particular. É um frequentador assíduo do Arquivo Histórico-Militar, que conhece como ninguém, e tem na Guiné-Bissau fontes privilegiadas de informação (oral). É casado com a Júlia, guineense, professora, e que é um encanto de pessoa (tive o privilégio, eu e a Alice, de conviver durante uma semana com o casal Rubim, em Bissau e no Cantanhez, no decurso do Simpósio Internacional de Guiledje).
Tenho, pelo Nuno Rubim, um grande admiração, na sua qualidade de investigador, metódico, rigoroso, crítico, incansável, E uma grande ternura pelo amigo e camarada. É, informalmente, sem nunca me pedir nada em troca (nem sequer o retrato na coluna do lado esquerdo do blogue, ao lado dos nossos editores!), o meu/nosso assessor para as questões técnico-miliatres. Tem, neste domínio, um conhecimento enciclopédico avassalador.
Reconheço que não tem um feitio fácil: não é homem para fazer fretes a ninguém, tem um elevado conceito da artilharia e dos artilheiros, não aparece nos nossos convívios, detesta que o distraiam das tarefas que ele leva, quotidianamente, a peito, que é o seu trabalho de investigação. Estoicamente, todos os dias, com gripe ou sem gripe. Arduamente, como um monge da Alta Idade Média, no seu retiro do Seixal... Donde só sai para ir ao Arquivo ou dar um conferência...
O Nuno reconhece o trabalho único, meritório, do nosso blogue para produção e reprodução da memória da guerra colonial ("Não há ninguém com este repositório colectivo de memórias no mundo, nem os Amercianos com o Vietname, ou os franceses comn a a Argélia"),,,, mas confessa que passa dias e dias sem nos visitar... O que não é grave: tem coisas muito mais importantes para fazer... De tempos a tempo é alertado, por amigos, para postes que lhe possam interessar. E nisso ele tem um enorme sexto sentido, um excepcional faro de rato de biblioteca, a intuição que é própria dos grandes investigadores...
Lisboa > Universidade Nova de Lisboa > Escola Nacional de Saúde Pública > 13 de Julho de 2006 > Visita de cortesia e reunião de trabalho do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento) - na foto, ao centro - e dois dos amigos que o apoiam no seu Projecto Guiledje: O capitão Zé Neto (à esquerda) e o coronel art ref Nuno Rubim, especialista em história da artilharia (à direita). Os três eram membros da nossa tertúlia. O anfitrião fui eu.
É um especialista em museologia militar e em história da artilharia. É neste momento o maior investigador da história militar da guerra colonial na Guiné (1963/74) e, espera-se, que dentro em breve possa publicar, em livro, alguns dos resultados do seu trabalho científico. Congratulamo-nos por já haver editores interessados nesse trabalho (que aparentemente só interessa uma público potencialmente restrito).
Diga-se, só a talhe de foice, que ele já identificou pelos nomes mais de 3 mil guerrilheiros do PAIG, mais de três centenas de acampamentos; e que tem mais de 90 GB de informação, em texto e imagens, sobre a guerra colonial na Guiné, em geral, e sobre a região de Tombali, em particular. É um frequentador assíduo do Arquivo Histórico-Militar, que conhece como ninguém, e tem na Guiné-Bissau fontes privilegiadas de informação (oral). É casado com a Júlia, guineense, professora, e que é um encanto de pessoa (tive o privilégio, eu e a Alice, de conviver durante uma semana com o casal Rubim, em Bissau e no Cantanhez, no decurso do Simpósio Internacional de Guiledje).
Tenho, pelo Nuno Rubim, um grande admiração, na sua qualidade de investigador, metódico, rigoroso, crítico, incansável, E uma grande ternura pelo amigo e camarada. É, informalmente, sem nunca me pedir nada em troca (nem sequer o retrato na coluna do lado esquerdo do blogue, ao lado dos nossos editores!), o meu/nosso assessor para as questões técnico-miliatres. Tem, neste domínio, um conhecimento enciclopédico avassalador.
Reconheço que não tem um feitio fácil: não é homem para fazer fretes a ninguém, tem um elevado conceito da artilharia e dos artilheiros, não aparece nos nossos convívios, detesta que o distraiam das tarefas que ele leva, quotidianamente, a peito, que é o seu trabalho de investigação. Estoicamente, todos os dias, com gripe ou sem gripe. Arduamente, como um monge da Alta Idade Média, no seu retiro do Seixal... Donde só sai para ir ao Arquivo ou dar um conferência...
O Nuno reconhece o trabalho único, meritório, do nosso blogue para produção e reprodução da memória da guerra colonial ("Não há ninguém com este repositório colectivo de memórias no mundo, nem os Amercianos com o Vietname, ou os franceses comn a a Argélia"),,,, mas confessa que passa dias e dias sem nos visitar... O que não é grave: tem coisas muito mais importantes para fazer... De tempos a tempo é alertado, por amigos, para postes que lhe possam interessar. E nisso ele tem um enorme sexto sentido, um excepcional faro de rato de biblioteca, a intuição que é própria dos grandes investigadores...
Lisboa > Universidade Nova de Lisboa > Escola Nacional de Saúde Pública > 13 de Julho de 2006 > Visita de cortesia e reunião de trabalho do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento) - na foto, ao centro - e dois dos amigos que o apoiam no seu Projecto Guiledje: O capitão Zé Neto (à esquerda) e o coronel art ref Nuno Rubim, especialista em história da artilharia (à direita). Os três eram membros da nossa tertúlia. O anfitrião fui eu.
O Zé Neto , infeleizmente, já não está entre nós. O nosso querido Zé Neto (ex-2º sargento da CART 1613, Guileje, 1967/68, e na altura capitão reformado, com 10 anos de Macau), era o veterano da nossa tertúlia, dotado de uma invejável energia e de uma memória fabulosa. Na altura, eu só conhecia pessoalmente o Pepito, o dinâmico e entusiástcio fundador e director executivo da AD, embora já tivesse falado ao telefone com o Zé Neto e o Nuno Rubim. E sobre este escrevei, na legenda de uma das fotos que tirei: "Nuno Rubim, ex-capitão da CCAÇ 726, Guileje, 1964/74, um dos oficiais mais condecorados da Guiné (onde fez duas comissões), hoje coronel na reforma e historiador militar. Teve a gentileza de me oferecer um das suas publicações, além de um CD-ROm com os seus trabalhos. Um dia destes prometo falar um pouco mais do currículo académico deste homem que é um poço de estórias e de cultura"...(*)
Foto: © Luís Graça (2006). Direitos reservados.
2. Contrinuando: Mandei-lhe, ao Nuno, há dias cópias das fotos do Luís Guerreira, ex-Fur Mil da CART 2410, que também passou por Guileje (e Gadamael) (**). E isso foi um pretexto para uma troca de telefonemas e de mails. Falaámos das viaturas blindadas, de origem soviética, BRDM que o PAIGC estava em condições de começar a utilizar em 1973 nos ataques aos nossos aquartelamentos fronteiriços, da existência (e do estranho cancelamento da produção em série, pela Engenharia) das temíveis minas AP de tipo Claymore (haveria 30 ou 40 à volta de Guileje...), da estranha retirada em 1969 do quartel de Mejo e de outros no corredor de Guileje, por decisão de Spínola, desguarnecendo completamente a defesa da fronteira sul, da impossibilidade de uma vitória militar clássica do PAIGC em 1973 (9 mil homens contra 40 mil), da tábua de salvação que foi para o Amílcar Cabral o aparecimento da artilharia pesada (dado o esgotamento da infantaria, a sangria em homens, provocada pelo prolongamento da guerra), etc., etc.
Falámos ainda da dificuldade, para os leigos, em distinguir, nas fotos, a peça 11,4 e o obus 14 que, em dada altura, guarneceram em simultâneo Guileje: a peça 11,4 tinha um cano mais comprido, e os seu alcance era maior: chegava por exemplo a Kandiafara (base do PAIGC na Guiné-Coancri). O Nuno falou ainda do papel heróico dos nossos artilheiros, completamente expostos - nos seus espaldões, desguarnecidos - contra o tiro traiçoeiro e certeiro dos morteiros... Da desregulação do obus 14, cujas tiros nunca incomodaram os homens do PAIGC que eestva em redor de Guileje... O Nuno manifestou ainda a vontade de falar com o Alf Mil Barros Moura, da CART 2410, bem como com o Fur Mil do Pel Art 15, Luís Paiva (vive em Lamego, e é membro do nosso blogue).
Aproveitou a circunstância para lhe dizer que já andávamos com saudades dele e dos seus escritos... Prometeu-me vir cá mais vezes "assinar o ponto" ou, como se diz agora, "deixar a dedada"... Para mim é uma honra, um privilégio e um prazer publicar os pequenos/grandes apontamentos do Nuno. Como este, por exemplo, que a seguir se reproduz, com a sua devida autorização. Espero que ele nunca esqueça o endereço da nossa Tabanca Grande, o trajecto, a picada, que vai do seu retiro no Seixal até ao nosso blogue... Também sei que o temos de merecer e acarinhar. Um Alfa Bravo, Capitão Fula!... Do teu amigo e camarada, Luís Graça.
3. Mensagem do Nuno Rubim, de 12 do corrente:
Foto: © Luís Graça (2006). Direitos reservados.
2. Contrinuando: Mandei-lhe, ao Nuno, há dias cópias das fotos do Luís Guerreira, ex-Fur Mil da CART 2410, que também passou por Guileje (e Gadamael) (**). E isso foi um pretexto para uma troca de telefonemas e de mails. Falaámos das viaturas blindadas, de origem soviética, BRDM que o PAIGC estava em condições de começar a utilizar em 1973 nos ataques aos nossos aquartelamentos fronteiriços, da existência (e do estranho cancelamento da produção em série, pela Engenharia) das temíveis minas AP de tipo Claymore (haveria 30 ou 40 à volta de Guileje...), da estranha retirada em 1969 do quartel de Mejo e de outros no corredor de Guileje, por decisão de Spínola, desguarnecendo completamente a defesa da fronteira sul, da impossibilidade de uma vitória militar clássica do PAIGC em 1973 (9 mil homens contra 40 mil), da tábua de salvação que foi para o Amílcar Cabral o aparecimento da artilharia pesada (dado o esgotamento da infantaria, a sangria em homens, provocada pelo prolongamento da guerra), etc., etc.
Falámos ainda da dificuldade, para os leigos, em distinguir, nas fotos, a peça 11,4 e o obus 14 que, em dada altura, guarneceram em simultâneo Guileje: a peça 11,4 tinha um cano mais comprido, e os seu alcance era maior: chegava por exemplo a Kandiafara (base do PAIGC na Guiné-Coancri). O Nuno falou ainda do papel heróico dos nossos artilheiros, completamente expostos - nos seus espaldões, desguarnecidos - contra o tiro traiçoeiro e certeiro dos morteiros... Da desregulação do obus 14, cujas tiros nunca incomodaram os homens do PAIGC que eestva em redor de Guileje... O Nuno manifestou ainda a vontade de falar com o Alf Mil Barros Moura, da CART 2410, bem como com o Fur Mil do Pel Art 15, Luís Paiva (vive em Lamego, e é membro do nosso blogue).
Aproveitou a circunstância para lhe dizer que já andávamos com saudades dele e dos seus escritos... Prometeu-me vir cá mais vezes "assinar o ponto" ou, como se diz agora, "deixar a dedada"... Para mim é uma honra, um privilégio e um prazer publicar os pequenos/grandes apontamentos do Nuno. Como este, por exemplo, que a seguir se reproduz, com a sua devida autorização. Espero que ele nunca esqueça o endereço da nossa Tabanca Grande, o trajecto, a picada, que vai do seu retiro no Seixal até ao nosso blogue... Também sei que o temos de merecer e acarinhar. Um Alfa Bravo, Capitão Fula!... Do teu amigo e camarada, Luís Graça.
3. Mensagem do Nuno Rubim, de 12 do corrente:
Assunto - Mais noticias da Cart 2410
Caros Luís Graça e Luís Guerreiro
Obrigado pelas fotografias que agora já apresentam resolução suficiente para um melhor estudo da minha parte.
Caros Luís Graça e Luís Guerreiro
Obrigado pelas fotografias que agora já apresentam resolução suficiente para um melhor estudo da minha parte.
Continuo interessado em saber quando se iniciou a construção dos abrigos em cimento armado [, em Guileje,] que, a meu ver, estará relacionada com o aparecimentos dos Grad e sobretudo dos morteiros de 120 mm.
Em Gadembel os trabalhos começaram logo após a ocupação, Abril de 68. E, de acordo com os dados que tenho (oficiais) os primeiros bombardeamentos com o 120 iniciaram-se no final de Agosto, mas é assunto ainda em aberto.
Infelizmente não encontrei nada, até agora no AHM [, Arquivo Histórico Militar]. O "processo" do BEng 447 não existe. O Cmdt da altura já faleceu ! ! ! Tenho contactado com camaradas meus de Engenharia, também sem sucesso.
Julgo que em Guileje a construção terá começado pouco antes de Jun 69, de acordo com o que me disse o camarada José Barros Rocha.
Julgo que em Guileje a construção terá começado pouco antes de Jun 69, de acordo com o que me disse o camarada José Barros Rocha.
Está também ainda em aberto a problemática da instalação das minas AP tipo Claymore, na periferia do aquartelamento, orientadas para Leste.
Luís, junto te envio cópia de um documento emanado pela 2ª Rep / Com-Chefe Guiné sobre os BRDM 2. Também existem no AHM referências ao modelo 1.
Luís, junto te envio cópia de um documento emanado pela 2ª Rep / Com-Chefe Guiné sobre os BRDM 2. Também existem no AHM referências ao modelo 1.
Há uma carta do A. Cabral para o Pedro Pires (Dez 72 ) a "sugerir" a utilização dos blindados nos ataques a alguns dos nossos aquartelamentos fronteiriços no Sul. Na Net encontrarás farta documentação sobre essas viaturas.
Quanto ao abandono de Guileje, a minha opinião já está de há bastante tempo formada: face ao manifesto e provado desinteresse sobre a gravidade da situação local (só falta apurar as razões...) do Com-Chefe, o Cor Coutinho e Lima não teve outra alternativa senão a que tomou. Acrescento até que ainda encontrei mais documentos, inéditos até agora, que de alguma forma reforçam essa tese. (**)
Abraços aos dois camaradas,
Nuno Rubim
_______________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 14 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1174: Três homens de Guileje: Nuno Rubim, Zé Neto e Pepito (Luís Graça)
(**) Vd. poste de 12 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5637: Dossiê Guileje / Gadamael (21): Uma especial e pública saudação cordial ao Coronel Coutinho e Lima, a quem pessoalmente ficarei grato até ao final dos meus dias (Luís Paiva, ex-Fur Mil, 15º Pel Art, Guileje, Gadamael e Bula, 1972/74)