quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7672: Ser solidário (100): Viagens Contra a Indiferença (Guiné-Bissau) (3) (Belarmino Sardinha / Fernando Nobre)



1. Fim da apresentação de parte do livro "Viagens Contra a Indiferença", de autoria de Fernando Nobre, médico, fundador e Presidente da AMI, lançado em Dezembro de 2004 pela Editora Temas e Debates, enviado pelo nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau), em 20 de Outubro de 2010.





Viagens Contra a Indiferença (3) Págs. 223 a 227, 313 e 314

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7666: Ser solidário (99): Viagens Contra a Indiferença (Guiné-Bissau) (2) (Belarmino Sardinha / Fernando Nobre)

Guiné 63/74 - P7671: Já nostálgico...antes de o ser!...Ou o fim da picada da Tabanca da Lapónia (José Belo)

1. Mensagem de Joseph Bello (ou Zé Belo, para os camarigos), "from Lappland with love"


Data: 22 de Janeiro de 2011 07:30

Assunto: Já nostálgico... antes de o ser!


Caríssimo:

Cedinho, cedinho, para acordar as renas, e tendo em conta que "numa boa página de prosa ouve-se nevar", informo-te ter a Histórica Tabanca da Lapónia atingido o seu apogeu intelectual, criativo e didático.Recomendo, e mais uma vez sem falsas humildades, uma visita in extremis a esta página única da Cultura Lusitana.Cultura täo firmemente implantada nas imensidões árticas, como o foi na saudosa Guiné, após mais de cinco séculos de etc, etc, etc. 

As muitas e variadas mensagens de um esoterismo profundamente criptogâmico (do tipo existente nas camisolas do Benfica) criam um espaco martirológico de meditações zeugmáticas para os proparoxítonos anos da vida que vai restando aos heróicos ex-combatentes de todas as Áfricas. E, terminando a um nível intelectual que, com sentida disciplina militar criada por muita órde unida, fui sabendo (durante estas longas décadas) inbuir aqui nas alimárias ruminantes....cito o Poeta quando se pergunta:
- Onde estarei eu hoje....em pequeno

Bem vindos ao Fim da Picada da Tabanca da Lapónia!

2. Comentário de L.G.:

A verdade, José,  é que eu dei com as trombas na parede (envidraçada), quando quis entrar na tua Tabanca... De duas uma: ou tu não pagaste a renda ao senhorio, ou as renas mudaram de dono, ou o dono mandou as renas para o matadouro... Estou sem bússola, confuso: mas tentando descodificar a tua mensagem, parece-me poder concluir que chegaste mesmo ao polo norte, e espetaste lá a nossa bandeira, verde e rubra, acrescentando mais um glorioso nome lusitano à lista gloriosa dos grandes conquistadores do planeta....

Sempre imaginei o polo norte como o fim da picada... Chega-se lá, exangue, e cai-se para o lado... E de lá, vai-se direitinho, na melhor das hipóteses,  para os cuidados paliativos que é afinal o tipo de cuidados que o nosso blogue deve administrar, segundo a douta opinião de um camarada nosso, médico, que nos espreita com regularidade... Estando em vias de extinção, à geração da guerra colonial não mais restaria  do que morrer em paz, em pijama, na cama, e sem chatear os vindouros... No mínimo, o que eu posso dizer da tua Tabanca e do teu regulado, é que viveste e deixaste viver, tinhas os teus impostos em  dia, deste o teu melhor, e que tens duas pátrias a quererem esquartejar o teu cadáver... Não tens que tomar nenhuma decisão hoje ou por estes dias mais próximos... Se virares a folha do calendário, verificas que tens outros tantos anos (a somar aos teus sixties...) para viver e para morrer... Por isso aceito a tua saudação patriótica: Da Lapónia com amor... Da minha parte, só espero que continues a surpreender-nos com o teu fino sense of humor... L.G.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7670: Núcleo Museológico Memória de Guileje (17): recuperação e reconstrução da antiga messe de oficiais (Pepito)

1. Mensagem e fotos do Eng Agr Carlos Schwarz, Pepito para os amigos, fundador e director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, enviada em 24 de Janeiro de 2011.
Guiledje - Novas recuperações – Fotos
Olá Luís,
Especialmente destinado ao pessoal de Guiledje, seguem os últimos acontecimentos.
Iniciámos a recuperação-reconstrução da antiga messe dos oficiais, que vai ser no futuro a sede da AD no Parque Transfronteiriço de Cantanhez.
Sob a orientação do nosso arqueólogo Domingos Fonseca, começaram as escavações que vieram mostrar o excelente estado de conservação do que estava subterrado.
De notar a inscrição de "Os Gringos" no degrau de acesso à casa.

abraços
pepito

Texto e Fotos: © Pepito (2011). Todos os direitos reservados.____________

Guiné 63/74 - P7669: (In)citações (25): Os falhanços da cooperação e os erros das ONGD estrangeiras na Guiné-Bissau (Pepito)


Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desevolvimento > Foto da semana > Data de publicação: 17 de Outubro de 2010 > Data da foto: 18 de Setembro de 2010 > Título da foto:   Cerimónia do UAMPANHE > Palavras-chave: História, cultura.

Legenda: "Na vila de Quebo [, antiga Aldeia Formosa, na Região de Tombali] realizou-se no mês de Setembro de 2010 a Cerimónia tradicional de Uampanhe, cerca de 40 anos depois da última (1973) promovida então por Tcherno Rachid, juntando os agricultores e população dos regulados de Foréa e Corubal, convocados pelo seu filho Aladje Tcherno Aliu Djaló.  Trata-se de uma actividade tradicional dos Fulas, em que todos (homens, mulheres, idosos e jovens) fazem colectivamente a lavoura utilizando um instrumento de trabalho, o Féfé, que é uma espécie de arado de forma mais curta, feito de madeira com uma lâmina metálica e amarrado com rotim.  Os lavradores organizam-se em fila e combinam os movimentos (djaracici) sendo na ocasião sacrificado um boi para a alimentação de todos os participantes".

Foto (e legenda): ©  AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) (Reprodução com a devida vénia...)


1. Comentário do Pepito [, à esquerda com a nossa amiga Domingas, enfermeira, em dia de festa, em Cabedú, foto de Zé Teixeira], a pedido dos editores, ao poste P7640 (*)

Olá,  Luís.

Trata-se de um livro antigo [, Intervenção Rural Integrada, a experiência do norte da Guiné-Bissau, do antropólogo Mamadu Jao,  Bissau, INEP (**),   1999, 202 pp.] que retrata um projecto dirigido na realidade pela agência de cooperação sueca. Meteram cerca de 1 milhão e meio de USD por ano no projecto cujo plano era estabelecido em Estocolmo!!!!

Não se deve generalizar aos outros projectos integrados. A cooperação clássica, incluindo a portuguesa,  está ainda hoje cheia de exemplos desses. Somos nós,  cá em baixo,  a apanhar com a paulada da incompetência, mas se leres os relatórios da AD compreendes melhor porque me "amando" a eles.

Seria interessante que essas agências de cooperação fossem avaliadas em vez de passarem a vida a avaliar os outros e a desviar as culpas dos erros cometidos.

abraço

pepito  (**)

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Notas de L.G.:

(*) 19 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7640: Notas de leitura (191): Intervenção Rural Integrada, a experiência do norte da Guiné-Bissau, de Mamadu Jao (Mário Beja Santos)

(...) Moral da história: é melhor ouvir as pessoas, conhecê-las e saber gerir as suas aspirações e não substitui-las. A ajuda ao desenvolvimento tem que mudar sob pena de agravar o descontentamento dos chamados países em vias de desenvolvimento. E a Guiné-Bissau não é excepção, bem pelo contrário. (...)
 
(**) Do sítio do INEP:
 

(...) Fundado em 1984, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) tem como objectivos principais promover os estudos e pesquisas no domínio das ciências sociais e naturais relacionados com os problemas de desenvolvimento do país e contribuir para a valorização dos recursos humanos locais.

A actividade principal do INEP consiste na realização de investigação fundamental e na elaboração de estudos, sendo constituído por um corpo de investigadores nacionais permanentes e uma rede de investigadores associados nacionais e estrangeiros. Leva igualmente a cabo actividades académicas que incluem conferências, colóquios, seminários, jornadas de reflexão, que visam a difusão dos resultados das investigações científicas e o desenvolvimento do próprio Instituto.

Em poucos anos o INEP tornou-se um ponto de referência nacional e internacional de reflexão científica sobre a África Ocidental em geral e a Guiné-Bissau em particular. Dezenas de trabalhos sobre a realidade social guineense, uma centena de artigos e publicações periódicas permanentes confirmam a validade desde Instituto. (...)

(***) Último poste desta série > 22 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7652: (In)citações (28): Bemba di vida [O celeiro da vida], documentário sobre a biodiversidade e as áreas protegidas da Guiné-Bissau, produzido pelo IBAP (2009) (com a colaboração da AD - Acção para o Desenvolvimento)

Guiné 63/74 - P7668: O Alenquer retoma o contacto (2): Os primeiros grandes sustos (Armando Fonseca)

1. Mensagem de Armando Fonseca (ex-Soldado Condutor do Pel Rec Fox 42, Guileje e Aldeia Formosa, 1962/64), com data de 22 de Janeiro de 2011:

Caros camarigos,
Aqui vão mais umas narrativas para que, se bem entenderem, publiquem algumas fases da guerra passadas em 1964.

Armando Fonseca


O Alenquer retoma o contacto (2)

Os primeiros grandes sustos

Regressados a Mansoa, recomeçaram as escoltas diárias a caminho de Mansabá, Bissorã e Porto Gole, até que no dia 17 de Outubro de 1963 ao dirigir-me para Mansabá, próximo de uma tabanca denominada Mamboncó foram encontrados na estrada dois buracos provocados pelo rebentamento de fornilhos dois dias antes.

Foi o primeiro grande sinal de perigo, porque até aí ainda não tinham aparecido minas por aqueles lados.

No dia dezanove ao fazer outra escolta a Mansabá e depois de ter percorrido mais ao menos metade do percurso, rebentou uma mina mesmo na minha cara, mas por sorte minha e dos camaradas que seguiam no carro, foi comandada uns décimos de segundo antes do carro estar em cima dela, não provocando estragos.

Foram feitas umas rajadas para reconhecimento em todas as direcções pelas borzings, e entretanto um dos soldados da CCAÇ 413, que seguia na coluna e que se tinha apeado, viu um fio que vinha do mato para dentro da estrada e alertou o Furriel de minas e armadilhas que seguia na coluna, tendo este verificado que havia outra mina montada e sobre a qual eu já tinha passado.

Essa mina, que pesava quatro quilos cento e cinquenta, foi levantada com as devidas precauções e a viagem foi recomeçada e seguiu até ao destino.

Como a reacção do apontador das metralhadoras foi imediata não houve tempo para o IN despoletar a outra mina, caso contrário tinha sido uma chacina, haveria decerto mortes e muitos feridos. Esta foi a primeira de muitas das intervenções do meu bom anjo da guarda.

Em vinte, pelas cinco da manhã, lá ia a caminho de Enxalé e uns quilómetros depois de Porto Gole, perto da tabanca de Flora, estava a estrada cortada não permitindo a passagem dos carros. Depois da intervenção dos sapadores lá fomos passando mas passadas umas dezenas de metros começaram a rebentar sobre nós várias granadas e de seguida várias rajadas a baterem no carro. Agimos de imediato e a situação pareceu acalmar-se. Entretanto foram avistados vários elementos IN a fugir. Alguns camaradas foram em sua perseguição, mas como havia outra auto-metralhadora do outro lado do morro, era uma ação arriscada porque podiam ser confundidos com o IN e haver acidentes, como veio a acontecer.

Convencido de que o perigo tinha passado, avancei, e quando cheguei ao cimo do morro para me juntar ao restante grupo que se encontrava do outro lado, senti o rebentamento de outra granada mesmo em cima do carro e novas rajadas se notavam a bater no mesmo. Voltamos a reagir e entretanto quando tudo ficou calmo. Fomos até aos camaradas que estavam do outro lado e verificamos que eles tinham feito fogo sobre o grupo que tinha ido em perseguição do IN. Sem acidentes ao que se julgava, visto se terem apercebido que eram camaradas e não elementos do IN.

Esta nossa missão consistia em fazer passar uma auto-metralhadora e um granadeiro para Enxalé e, como a zona de perigo já estava passada, eles seguiram tendo a restante coluna regressado a Mansoa convencidos de que tudo não tinha passado de susto.

Ao chegar verifiquei que tinha uma roda furada e no outro dia ao desmanchá-la encontrei uma bala de nove milímetros introduzida entre a jante e o pneu, mas não ficou por aqui, porque pela noite comecei a ouvir uns rumores de que faltava um camarada da CCAÇ 413, que decerto teria ficado na operação do dia anterior. Assim, no dia vinte e dois de manhã lá me vejo de novo a caminho da tabanca de Flora, só que, cerca de um quilómetro antes do local de destino, rebentou uma mina na frente do meu carro, mas de novo sem consequências para nós. Entretanto o rebentamento foi precedido de novo ataque com a mesma intensidade do anterior. Respondemos ao ataque, tendo então um pelotão ido mato fora em busca do camarada perdido, sem resultado algum. Quando a escaramuça acabou, tanto eu como a restante guarnição do meu carro, estávamos intoxicados pelo fumo e pelos gases da pólvora que se acumularam dentro dele. Eu tive que ser assistido pelo médico, porque ao sair do carro se não me tivessem amparado tinha caído para dentro da bolanha.

O tempo continuou a passar com escoltas quase todos os dias, por vezes mais do que uma.

Entrou o mês de Outubro e nem no dia dos meus anos (10) tive descanso escoltas atrás de escoltas umas de dia outras de noite para colocar Pelotões ou a Companhia a fazer tentativas de emboscada ao IN. Numa destas operações, no dia 15, eu sofri uma entorse no dedo polegar da mão direita que me deixou um pouco debilitado. Ainda continuei a fazer os serviços que me eram destinados, mas com algum esforço. Um certo dia, devido a algumas dores e a um pouco de ronha, fui queixar-me ao capitão dizendo que não podia continuar a trabalhar e teria que ir a Bissau fazer uma radiografia à mão. Ele ficou um pouco atrapalhado, mas compreendeu o meu esforço e pediu-me para ir ter com o Furriel Mecânico para ver se ele arranjava quem fosse capaz de me substituir. Assim fiz e, em conjunto com o Furriel, preparamos um condutor que depois de umas breves noções já se desenrascava, era um camarada de Freixo de Espada à Cinta que pertencia à CCAÇ 413.

A sua primeira e única saída, no dia dezassete, foi para Bissorã, e passado algum tempo da coluna ter partido de Mansoa chegou uma comunicação via rádio de que tinha rebentado uma mina debaixo da auto-metralhadora e que o condutor tinha ficado ferido. Resultado, o carro ficou com a frente parcialmente destruída, tendo uma das rodas ido pelo ar e ficado em cima de uma árvore. Apenas o condutor tinha sofrido algumas escoriações no rosto e numa das pernas.

Mais uma vez o meu bom anjo intercedeu por mim e creiam que não ficou por aqui este meu fado.

Como o carro ficou inutilizado, no dia 18 de Outubro regressei a Bissau, substituído por outro carro e outra guarnição.
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 21 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7649: O Alenquer retoma o contacto (1): De Bissau para Mansoa com intervenções em Mansabá, Cutia, Bissorã e Porto Gole (Armando Fonseca)

Guiné 63/74 - P7667: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (48): Na Kontra Ka Kontra: 12.º episódio




1. Décimo segundo episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 24 de Janeiro de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


12º EPISÓDIO

Quando já eram horas de retomar os trabalhos, o Alferes Magalhães vai ao encontro do seu pessoal. Logo o Dionildo se lhe dirige:

- F… meu Alferes, sabe que dia é hoje?

- Sei lá, não ando a contar os dias.

- O dia da semana?

- Ah, isso sei, é sexta-feira.

- Sabe que a mulher que estava para parir já teve uma menina?

- Já me constou.

- F… sabe que nome lhe puseram?

- Não, não sei que nome lhe puseram, diz lá.

- Sextafeira. Podia ao menos ter nascido num domingo ou até num sábado e sempre lhe punham um nome mais decente.

- Queres então saber mais? Não deve ter sido só por ter nascido numa sexta-feira que lhe puseram esse nome. Não sabes, mas eu digo-te. As sextas-feiras são dias sagrados para os muçulmanos como para nós, católicos, os domingos. Os pais da bebé são com certeza muçulmanos.

Ao jantar, de imediato, o Dionildo informou o Alferes:

- F… o meu Alferes tinha toda a razão, a tal família é realmente muçulmana.

A comida, desta vez, foi mais uma variante de atum porque quando se abre uma lata tem que se comer em duas ou três refeições. Caso contrário pode estragar-se. O “legionário”, na sua grande frigideira, tinha sempre a arte de confeccionar pratos diferentes, mesmo sem variar os ingredientes.

Embora o Alferes não tocasse no pão às refeições principais, o resto do pessoal estava habituado a comê-lo em quantidade. O que tinham trazido de Galomaro há muito que tinha acabado. Andavam agora a comer umas bolachas grossas que nas rações de combate pretendem substituir o pão. Nos primeiros dias foi-se aguentando, mas estava a chegar-se a uma situação insustentável. Como não podia deixar de ser, o Dionildo abre as hostilidades.

- C… F… a merda destas bolachas já me está a entupir o goto. Ainda fico engasgado e tenho que ser evacuado. Para comer metade é preciso, pelo menos, uma cerveja.

Os outros camaradas foram-se manifestando de forma idêntica e o nosso Alferes não deixou de pensar que ao pequeno-almoço muita falta lhe fazia um pouco de pão. Depois de continuarem a comer num silêncio algo significativo, este é quebrado pelo Alferes Magalhães:

- Camaradas, o mais tardar daqui a dois dias vão ter pão.

Todos deixaram cair ruidosamente os garfos no prato e levantaram a cabeça na direcção do Alferes.

- O meu Alferes deve estar a brincar.

- Já sei, vamos ser reabastecidos.

- Isso não, pois não recebemos nenhuma mensagem nesse sentido. Diz o radiotelegrafista.

- Neste fim de mundo onde o meu Alferes vai arranjar pão?

- Farinha temos… Diz outro.

E quando todos se apressavam a molhar os bocados de bolacha no delicioso molho feito pelo “legionário”, o Alferes abre o seu jogo:

- Rapazes, embora eu não coma pão às refeições, também tenho sentido a sua falta, mas mais por vós, resolvi que vai haver pão. Hoje mesmo vou falar com o João Sanhá sobre isso.

- F… meu Alferes, como é que o João vai arranjar pão?

- Calma, muita calma, Dionildo. Vou pedir-lhe que me arranje barro. Nas palhotas é sempre aplicado muito barro e portanto deve haver muito por aí.

- F… pão, barro, o João, o meu Alferes deve estar a ficar apanhado pelo clima, e muito…


Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7664: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (47): Na Kontra Ka Kontra: 11.º episódio

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7666: Ser solidário (99): Viagens Contra a Indiferença (Guiné-Bissau) (2) (Belarmino Sardinha / Fernando Nobre)





1. Continuação da apresentação de parte do livro "Viagens Contra a Indiferença", de autoria de Fernando Nobre, médico, fundador e Presidente da AMI, lançado em Dezembro de 2004 pela Editora Temas e Debates, enviado pelo nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau), em 20 de Outubro de 2010.




Viagens Contra a Indiferença (2) Págs. 216 a 222

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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 23 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7663: Ser solidário (98): Viagens Contra a Indiferença (Guiné-Bissau) (1) (Belarmino Sardinha / Fernando Nobre)

Guiné 63/74 - P7665: Memória dos lugares (124): As visitas 'sanitárias' do Alf Mil Médico Mário Bravo (Bedanda, Dez 1971/Mar 72): Guileje, Gadamael, Cacine





Guiné > Região de Tombali > Guileje > s/d > O Mário Bravoi junto a um abrigo






Guiné > Região de Tombali > Cacine > s/d > O Mário Bravo junto ao rio Cacine, com um outro alferes





Guiné > Região de Tombali > Guileje > s/d > O brasão da CCAÇ 3325 (a companhia do Cap Jorge Parracho, que esteve em Guileje enrtre Janeiro e Dezembro de 1971)

Fotos: © Mário Bravo (2011). Todos os direitos reservados








Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3325 (Jan / Dez. 1971) > Crachá... Esta imagem foi-nos enviada em tempos por um camarada desta subunidade, o Alexandre  Agra: "(...) Ao fazer uma pesquisa de trabalho fui cair em Guileje! Agradavelmente surpreendido, começo por dar o meu primeiro contributo para a história de Guileje enviando o crachá da CCAÇ 3325, que lá esteve entre Janeiro e Dezembro de 1971, sucedendo à famosa Companhia dos Magriços de Guileje [, CCAÇ 2617,] e antecedendo a [CCAÇ] 3477. De lá partimos para Nhacra" (...) (**).


Falei posteriormente  com o ex-enfermeiro da CCAÇ 3325, Vitor Manuel Rodrigues Fernandes, mais conhecido na época como o Fininho, que conhece o Alexandre Agra. O Vitor mora na área da Grande Lisboa e é gráfico. Não conhecia o nosso blogue. Não tinha Internet em casa. Mas ficou entusiasmado com as notícias que lhe dei a nosso respeito. Costuma reunir-se com a malta da sua unidade todos os anos, e está regularmente com o Cor Ref Jorge Parracho.  A história da unidade ainda não estava pronta. Nenhum destes camaradas da CCAÇ 3325 voltou a dar notícias...


Foto: © Alexandre Agra (2007). Direitos reservados.




1. Mensagem recente do Mário Bravo (que esteve em Bedanda, como Alf Mil Médico, entre Dezembro de 1971 e Março de 1972, tendo nessa altura sido colocado em Catió) (*):


Luís Graça:


Aquando das minhas visitas "sanitárias" a Guileje, Gadamael e Cacine, tive ocasião para fazer uns bonecos (fotos). Não são muitas, mas são as que tenho. Deste modo quero colaborar para encontrar amigos de tempos difíceis, mas ao mesmo tempo cheios de amizade e respeito.


Cumprimenta, Mário Bravo.


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 Notas de L.G.:


(*) Poste anterior desta série: 

23 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7656: Memória dos lugares (123): O Alf Mil Médico Mário Bravo em Bedanda, na CCAÇ 6 (Dezembro de 1971 / Março de 1972)



(**) As unidades sediadas em Guilele, por ordem cronológica (e respectivo contacto):




CCAÇ 495 (Fev 1964/Jan 1965)


CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) (contactos: Teco e Cor Art Ref Nuno Rubim)


CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966) ( contacto: Cor Art Ref Nuno Rubim )


CCAÇ 1477 (Dez 1966/Jul 1967) (contacto: Cap Rino)


CART 1613 (Jun 1967/Mai 1968) (contacto: Cap Neto, já falecido)


CCAÇ 2316 (Mai 1968/Jun 1969) (contacto: Cap Vasconcelos)


CART 2410 (Jun 1969/Mar 1970) (contacto: Armindo Batata)


CCAÇ 2617 ( Mar 1970/Fev 1971) > Os Magriços (contacto: Cap Abílio Delgado)


CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971) (contacto: Cor Ref Jorge Parracho)


CCAÇ 3477 (Nov 1971 / Dez 1972) > Os Gringos de Guileje (contacto: Amaro Munhoz Samúdio)


CCAV 8350 (Dez 1972/Mai 1973) > Os Piratas de Guileje (contacto: José Casimiro Carvalho)

Guiné 63/74 - P7664: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (47): Na Kontra Ka Kontra: 11.º episódio




1. Décimo primeiro episódio da estória Na Kontra Ka Kontra, de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), enviado em mensagem do dia 23 de Janeiro de 2011:


NA KONTRA
KA KONTRA


11º EPISÓDIO

- E quanto ao fanado? Aqui as bajudas vão ao fanado?

- Que eu me lembre nesta tabanca nunca houve festa do fanado das bajudas. Como sempre houve pouca gente e poucas bajudas, as “mulheres grandes” nunca se interessaram com isso.

- João, se algum dia precisar da sua ajuda para conseguir uma bajuda, posso contar consigo?

O João sorriu como querendo dizer que sabia de que bajuda se tratava e respondeu que sim, que podia contar com ele.
O nosso Alferes sente-se satisfeito. Tinha conseguido o seu primeiro objectivo. Teria o caminho livre para definitivamente abordar a Asmau. Agora sim, apercebe-se que relampeja ao longe e sente-se como que mais leve. Tinha saído um peso de cima dele. Logo que o João se despede e se vai deitar, o Alferes Magalhães faz o mesmo. Na morança deita-se vestido como está, em cima da cama, coloca o auscultador no ouvido, liga o pequeno gravador e não demora a adormecer.

O Alferes Magalhães acorda cedo, como é costume, mas com uma noite de sono completa. A conversa com o João tinha sido o sedativo de que andava a precisar. Agora sabia que podia contar com ele para apadrinhar a próxima conversa com o pai da Asmau. A pressa sentida em se juntar à Asmau como que se tinha desvanecido. Era como se já a considerasse sua. Agora era uma questão de tempo. Pouco tempo, pensa. Sentia-se calmo como não acontecia desde a chegada a Madina Xaquili.

Apesar de ter dormido bem, teve que fazer alguma ginástica matinal. Ter dormido vestido e calçado deixara-o um pouco trôpego. Chamou o Dionildo para, conforme as normas que estabelecera, lhe fazer a segurança até à orla de mata, onde vai fazer as suas “necessidades”. Logo que retorna à tabanca, e já dentro do “arame”, dispensa o seu companheiro e vai sozinho à fonte onde toma um banho de água fresca que, naquele clima, é divinal.

Quando vai à fonte, normalmente leva a máquina fotográfica, pois está sempre esperançado de ver por lá novamente a “sua” bajuda. Desta vez ela não está. Apenas algumas mulheres dos milícias a lavar roupa. Tenta conversar com algumas, sem êxito, pois só falam os seus dialectos e pouco crioulo. Nota que uma delas tem o peito e a barriga “decorados” com cicatrizes, que teriam sido feitas com qualquer objecto cortante. Por gestos pede permissão para a fotografar. Ela ri imenso porque o Alferes acha graça às “tatuagens”.

Rindo por o Alferes achar graça às suas tatuagens

Não deixa de pensar mais uma vez naquela questão de os guineenses tomarem banho várias vezes ao dia pois sempre tinha ouvido dizer que os africanos, em geral, cheiravam muito a suor. Na Guiné foi-se apercebendo de que era raro sentir esse cheiro. Também as mulheres gastavam grande parte do seu tempo a lavar a roupa dos familiares, aliás de uma forma bem peculiar: A roupa ensaboada era batida com muita força sobre uma pedra ou então pisada dentro de uma selha.

Mais uma vez encontrando-se várias mulheres junto da fonte surge, encosta a baixo, uma bajudinha a avisar que determinada mulher estava para parir e precisava de ajuda. Embora nem todas tivessem as funções de parteiras, as “mulheres grandes” meteram as roupas nas suas meias cabaças e dirigiram-se para a tabanca para ajudarem no que pudessem.

O Alferes ainda permanece junto à nascente congeminando a forma de melhorar a captação da água. No início tinha que se apanhar a água de uma poça, agora já corria à altura de se poder encher um garrafão de pé. Com mais uma escavação de uns dois metros na direcção do veio de água, passar-se-ia a ter um autêntico fontanário. Sim, porque não se sabia o tempo que se ia permanecer em Madina Xaquili e era imperioso melhorar todas as condições que propiciassem uma melhor vivência.

Ficar ali sozinho não era conveniente. Estava fora do “arame”. Embora achasse que, a haver uma aproximação dos guerrilheiros, ela aconteceria pelo lado da picada de Padada e não por esta zona baixa de onde nem sequer se viam as moranças, o nosso Alferes dirige-se para a tabanca. Pelo caminho cruza-se com os dois camaradas encarregados do abastecimento de água, quer para cozinhar quer para o filtro de água para beber.

O abrigo destinado à população civil, bem no centro da tabanca, estava quase pronto. Já podia albergar todos mas era necessário escavar mais um pouco para o acabar de cobrir com troncos de palmeira. O Alferes, bem disposto e cheio de forças, dá fisicamente uma ajuda. Antes do almoço tem que ir tomar outro banho, tão suado estava. O pretexto de encontrar por lá a Asmau também contava. Desta vez não tem sorte.

Depois de um almoço de esparguete com atum e chouriço, que o “legionário” sempre na sua grande frigideira, prepara divinamente, o nosso Alferes, como todos os camaradas, vai dormir a sesta.

Quando já eram horas de retomar os trabalhos, o Alferes Magalhães vai ao encontro do seu pessoal. Logo o Dionildo se lhe dirige:

- F… meu Alferes, sabe que dia é hoje?

- Sei lá, não ando a contar os dias.

- O dia da semana?

- Ah, isso sei, é sexta-feira.

- Sabe que a mulher que estava para parir já teve uma menina?

- Já me constou.

- F… sabe que nome lhe puseram?


Fim deste episódio
Até ao próximo camaradas.
(Fernando Gouveia)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7648: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (46): Na Kontra Ka Kontra: 10.º episódio

domingo, 23 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7663: Ser solidário (98): Viagens Contra a Indiferença (Guiné-Bissau) (1) (Belarmino Sardinha / Fernando Nobre)

1. Mensagem do nosso camarada Belarmino Sardinha (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, 1972/74, Mansoa, Bolama, Aldeia Formosa e Bissau), com data de 20 de Outubro de 2010:

Luís e Carlos,
Trago até vós este texto sobre ajuda humanitária ao povo da Guiné por, embora extenso, parecer-me bastante interessante e ajudar a perceber as dificuldades que, por vezes, impedem melhor e mais rápida ajuda. Trata-se dum período de seis dias, no início da revolta militar em Junho de 1998, vividos pelo médico Fernando Nobre, membro fundador e actual presidente da AMI.

Junto as respectivas autorizações para salvaguarda do blogue.

Deixo, como sempre, a decisão de publicação ao vosso critério, contudo, embora saiba ser uma prática vossa, pedia o favor de colocarem no início ou no fim: Os agradecimentos ao autor e ao editor. In- "Viagens Contra a Indiferença" de Fernando Nobre (Excerto), Edição de Temas e Debates/Círculo de Leitores

Um abraço,
BSardinha





"Viagens Contra a Indiferença", livro de autoria de Fernando Nobre, médico, fundador e Presidente da AMI, lançado em Dezembro de 2004 pela Editora Temas e Debates.

O livro reune 6 histórias e 16 diários de viagem: ao Irão em 1981, Zaire em 1994, Iraque em 1995 e 2003, Argélia, Palestina, Ruanda, em 1996, Nepal em 1995, Senegal, México e Colômbia em 1997, Guiné-Bissau e Honduras em 1998, Timor em 1999 e Chade em 2004.





Viagens Contra a Indiferença (1) Págs. 209 a 215

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7601: Ser solidário (97): III Concurso de Fotografia a levar a efeito pelos Lions Clube da Senhora da Hora (Jaime Machado / Álvaro Basto)

Guiné 63/74 - P7662: (Ex)citações (127): Um lição de artilharia... A propósito do obus 14, de Bedanda, bem como dos artilheiros e infantes... (C. Martins)

1. Reunião de três comentários do nosso leitor e camarada C. Martins ao Poste P7632, com data de 19 do corrente.


(i) Não sei qual era o nº do Pel Art de Bedanda em 1972.

Quero rectificar os dados referidos do obus 14: o alcance máximo era de 16.600 metros com carga 4 e num ângulo de 45º, o peso da granada era de 45kg.

Quero ainda dizer que os cálculos de tiro eram feitos em jardas porque o obus era de origem inglesa e o peso da granada era em libras. Os dados referidos em cima são a conversão para o sistema métrico e decimal.

Os cálculos tinham ainda em linha de conta a densidade do ar, que variava com a temperatura e humidade e ainda o chamado ângulo de sítio para a crista se houvesse um obstáculo à frente do obus, por isso, meus caros infantes, era muito difícil aos artilheiros calcularem com exactidão o local exacto do impacto da granada, mesmo hoje com GPS é difícil.

Aquela velha anedota de "Deus no livre da nossa artilharia, que da do IN nos livramos nós", só por ignorância, mas nós, artilheiros, aceitamos com bonomia.

Para terminar quero dizer que a velocidade de saída da granada do tubo dependia da carga mas era sempre superior à velocidade do som, por isso fazia aquele som tão característico e se estivesse cacimbo então era cá um "ronco". O custo de cada tiro era apenas a módica quantia de 2.500$00.

Sempre disposto a dar lições de artilharia aos infantes...ah.ahh
Um artilheiro com "MANGA SABURIA NOS CABEÇA", segundo os meus soldados, tá claro.

C. Martins

(ii) Mais uma lição, tá bem, é à borla...

O maior perigo ao fazer fogo era o chamado rebentamento à boca… Estão a imaginar a granada explodir à saída do tubo… mas estão mesmo, mesmo, mas mesmo mesmo. Não tenho conhecimento que tal tenha acontecido na Guiné mas sei que aconteceu na EPA, em Vendas Novas.

O raio de acção da granada ao explodir era teoricamente de 400 metros. Em Vendas Novas vi pinheiros com o tronco com 40 cm de diâmetro completamente cortados. Na artilharia considera-se que um erro de 100 metros é um tiro no alvo.

Se quiserem posso continuar a dar algumas explicações...são gratuitas.

ATENÇÃO: é extremamente ofensivo para um artilheiro chamarem canhões aos obuses e peças assim como cano ao tubo. Na artilharia não há canhões nem canos, ouviram ?!

O pseudo-catedrático em artilharia
C. Martins

(iii) Bom, havia em toda a Guiné Pel Art independentes, de obus 14 ou 10,5 e peças de 11,4 destacados pelo GAC 7, que era constituídos por três bocas de fogo, tendo cada uma delas uma dotação de 10 serventes e eram comandadas por um furriel, tendo obviamente como comandante do Pel Art um alferes.

Os soldados, como todos sabem, eram do recrutamento local.

Admirados com o custo de cada tiro ? ...Oh meus desgraçados infantes, julgam que não gastavam dinheiro ?! Cada tiro que davam com a G3 eram 7$50.. ou pensavam que era à borla ? Gastou-se muito dinheiro em Bedanda e nos outros sítios, em contrapartida comiam farinha de arroz com "estilhaços" que era para aprenderem a não gastar tanto dinheiro com o material bélico

O Catedrático... ou mais

C. Martins

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Nota de L.G.:

Vd. poste de 16 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7621: (Ex)citações (126): Irã cego, de Carla (ou Clara) Amante (José Brás)

Foto acima: O obus 14... Região de Tombali, Bedanda, 1972... Foto de Vasco Santos (ex-1º Cabo Cripto, CCAÇ 6, 1972/73)