1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 13 de Junho de 2011:
Caro Carlos Vinhal
Afogado na ausência de Monte Real e na visualização das respectivas e diversas fotos (incluida a novidade de arranjos PICASA)... sobrevivi.
A prova é que trago, agora, aquilo que, para mim, foi um outro regresso... o do padre capelão do meu Batalhão, que, como óbvio, não é já capelão, mas, também, não é já padre franciscano. Portanto, este escrito é sobre um livro que ele escreveu e cuja leitura desperta muito, muito interesse.
Um abraço
Alberto Branquinho
CONTRAPONTO (36)
"A construção e a desconstrução de um Padre"
O título, assim entre aspas, é mesmo o título de um livro. Da autoria de Horácio Neto Fernandes.
Mas o que tem o livro a ver com o “core business” deste blogue? – perguntarão os críticos, que se vêm já interrogando sobre a existência no blogue de matéria que extravasa a temática do mesmo.
É que, meus senhores e camaradas, o autor do livro é o ex-capelão do meu Batalhão, na Guiné – o BART 1913. Além disso, a sua requisição e mobilização para a Guiné se não foi causa, foi, pelo menos, o CATALISADOR da crise de consciência que levou este ex-padre franciscano a abandonar a vida eclesiástica.
Fui encontrar o Doutor Horácio Fernandes no passado dia 29 de Maio no encontro anual da CCS do BART 1913 em Alfeizerão/Alcobaça. Escusado será dizer que nunca mais o vira desde a minha saída de Bissau, portanto, há quarenta e tantos anos. Se não nos tivessem “re-apresentado”, não nos teríamos reconhecido.
Recordei-lhe que nos conhecemos em Bissau, antes de embarcar para Catió.
Preparava-me para regressar a Catió no Dornier do correio, quando, junto ao avião, o piloto me disse:
- Mandaram-me mais um cliente. É o padre capelão para Catió e tenho indicação de urgência. Vê lá isso. - E afastou-se, com uns papéis na mão.
Quando o capelão se aproximou do avião, gorducho, pouco à-vontade na farda militar, com pele de “periquito”, de olhos esbugalhados, eu disse-lhe que não havia problema – ele iria à frente, ao lado do piloto e eu atrás, sentado em cima dos sacos de correio. Fiquei com a impressão de que não entendeu nada. Entrou no Dornier quando o piloto regressou e lhe disse para entrar.
Agora, ao ler o livro, vejo que não faz qualquer referência ao “passageiro” que viajou na retaguarda…
O livro, que ele me ofereceu, consta de três partes:
Parte I - O contexto onde nasceu um padre
Parte II - A construção de um Padre
Parte III- Como se desconstroi um Padre
É nesta última Parte III que surgem a sua requisição para a Guiné e as experiências que o marcaram fora da actividade religiosa.
Esteve em Catió até Maio de 1969 e completou a comissão em Bambadinca, depois do nosso regresso.
O livro é uma análise longa, arrastada e sofrida do percurso de uma vida, um grito d’alma de quem se questionou por muito tempo. Uma transição causada por uma lenta e sofrida tomada de consciência de ruptura (pág. 125):
"Contudo é mais fácil rasgar cortinas de ferro do que de incenso. O ferro enferruja e perde coesão e o incenso continua a pairar no ar, mesmo depois de queimado".
As últimas páginas do Capítulo 4 da Parte III são, por outro lado, consequência da necessidade de se explicar, embora reconheça, na penúltima página do livro (pág.184), que hoje "Já poucos estranham o facto de um padre sair e casar".
É minha convicção (e parece resultar da leitura do livro) que foi a experiência resultante da requisição do Autor para capelão militar, a sua mobilização e colocação no BART 1913, em Catió, a vivência do clima de guerra, as realidades sociais, políticas e económicas existentes num interior da Guiné, que catalisaram a tomada de consciência de um diferente modo de “olhar” a sociedade e o homem, e, de uma forma lenta, continuada e sofrida, o fizeram percorrer o caminho da ruptura.
Transcrevo da pág. 175 as seguintes passagens (o Autor fala pela boca da personagem Fernando Caboz – ele próprio):
"Reflectindo, agora, chega à conclusão que a sua desconstrução de padre franciscano começou com o abrupto ingresso como capelão militar, começando por deslaçar os vínculos que o prendiam à comunidade.
(…)
Depois do ingresso no exército, esta erosão acentuou-se a cada passo que dava. Francisco pressentia-o, mas não tinha ninguém com quem desabafar."
Para terminar, esclareço que o padre capelão Horácio foi um de dois padres que conheci na Guiné que, recordando-os e fundindo-os, os escrevi no mini-conto “O Padre Aurélio”, incluído no meu livro “Cambança”, já citado aqui no blogue.
Alberto Branquinho
- “Francisco Caboz – A construção e a desconstrução de um Padre”
- Autor – Horácio Neto Fernandes
- Papiro Editora – Porto/Lisboa (Novº. 2009)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8363: Contraponto (Alberto Branquinho) (35): Teatro do Regresso - 10.º e último Acto - Estou velho com'ó caraças! - ...mas não cai o pano
Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra col0onial, em geral, e da Guiné, em particular (1961/74). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que sáo, tratam-se por tu, e gostam de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Guiné 63/74 - P8436: Da Suécia com saudade (30): O Gen Spínola enquanto Presidente da República não terá assinado a Lei 7/74, de 27 de Julho de 1974, que veio reconhecer o direito à autodeterminação dos territórios ultramarinos (José Belo)
1. Mensagem do nosso camarada José Belo:
2. Comentrário de L.G.:
3. Resposta do José Belo, na volta do correio:
Como se diz por estas paragens bárbaras........TACK SÅ VÄLDIGT MYCKET!......Ou seja.....Muitíssimo OBRIGADO! Um grande abraço.
4. Alguns respostas que já recebemos em relação a este pedido:
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 25 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8326: Da Suécia com saudade (29): O nosso blogue e o risco do pensamento de grupo (groupthink) e do politicamente correcto (José Belo)
De: Joseph Belo [ joseph.USA@telia.com ]
Data: 16 de Junho de 2011 13:28
Assunto: URGENTE!!!... Pedido de auxílio histórico-legal.
Caros Camaradas e Amigos. Estando a preparar intervenção em conferência sobre o colonialismo europeu, ao procurar entre documentos, artigos e livros, verifiquei que a Lei publicada em Diário do Governo relativa à autonomia e futura independência das colónias portuguesas..."misteriosamente"...não teria sido assinada por NINGUÉM.
A referida lei será datada de 27 de julho de 1974,quando o General Spínola era Presidente da República e a não assinou. O então Ministro da Coordenação Interterritorial, doutor Almeida Santos, disse não saber quem assinou a Lei. Refere que, tendo ficado muito admirado com a publicação da Lei, terá perguntado ao General Spínola se tinha sido ele a assiná-la. Ele terá respondido que não ,e mandando vir o Diário da República (o então Diário do Governo) verificaram que a Lei não estava assinada.
Uma Lei não assinada por quem de direito... não é válida! Uma Lei da importância, alcance Histórico ,e consequências nacionais como esta não assinada POR NINGUÉM?!
Diz o Marechal Costa Gomes: "Se assim foi, não seria válida, mas, no fundo, 'foi tornada válida'(!?) pelos acontecimentos,e ainda pelo célebre discurso de Spínola no dia 27 de julho de 1974". E diz mais: "Não tenho resposta para isso, ainda que me custe a crer que o responsável pelo Diário do Governo não tenha detectado a falha e não tentasse corrigi-la. De qualquer modo a responsabilidade foi assumida pelo General Spínola, através de um discurso que estava de acordo com a Lei Publicada". (Quereria com isto dizer o Sr.Marechal que "discursos em praça pública" validam Leis?). Num Estado de Direito ?
Algum dos Camaradas ou Leitor do blogue, tendo acesso a documentação,ou conhecimento pessoal de factos relacionados com o "mistério", pode ajudar ao seu esclarecimento ? E,também, se a referida Lei acabou por ser assinada "posteriormente"(!),e, por quem? (Só se espera que não tenha sido um Terceiro Escriturário da Presidência da República de então.).
Um abraco do J.Belo.
Estocolmo/16 Jun/11.
Data: 16 de Junho de 2011 13:28
Assunto: URGENTE!!!... Pedido de auxílio histórico-legal.
Caros Camaradas e Amigos. Estando a preparar intervenção em conferência sobre o colonialismo europeu, ao procurar entre documentos, artigos e livros, verifiquei que a Lei publicada em Diário do Governo relativa à autonomia e futura independência das colónias portuguesas..."misteriosamente"...não teria sido assinada por NINGUÉM.
A referida lei será datada de 27 de julho de 1974,quando o General Spínola era Presidente da República e a não assinou. O então Ministro da Coordenação Interterritorial, doutor Almeida Santos, disse não saber quem assinou a Lei. Refere que, tendo ficado muito admirado com a publicação da Lei, terá perguntado ao General Spínola se tinha sido ele a assiná-la. Ele terá respondido que não ,e mandando vir o Diário da República (o então Diário do Governo) verificaram que a Lei não estava assinada.
Uma Lei não assinada por quem de direito... não é válida! Uma Lei da importância, alcance Histórico ,e consequências nacionais como esta não assinada POR NINGUÉM?!
Diz o Marechal Costa Gomes: "Se assim foi, não seria válida, mas, no fundo, 'foi tornada válida'(!?) pelos acontecimentos,e ainda pelo célebre discurso de Spínola no dia 27 de julho de 1974". E diz mais: "Não tenho resposta para isso, ainda que me custe a crer que o responsável pelo Diário do Governo não tenha detectado a falha e não tentasse corrigi-la. De qualquer modo a responsabilidade foi assumida pelo General Spínola, através de um discurso que estava de acordo com a Lei Publicada". (Quereria com isto dizer o Sr.Marechal que "discursos em praça pública" validam Leis?). Num Estado de Direito ?
Algum dos Camaradas ou Leitor do blogue, tendo acesso a documentação,ou conhecimento pessoal de factos relacionados com o "mistério", pode ajudar ao seu esclarecimento ? E,também, se a referida Lei acabou por ser assinada "posteriormente"(!),e, por quem? (Só se espera que não tenha sido um Terceiro Escriturário da Presidência da República de então.).
Um abraco do J.Belo.
Estocolmo/16 Jun/11.
2. Comentrário de L.G.:
Mandámos, pelo correio interno da Tabanca Grande, a seguinte mensagem, por volta das 13h30: "Camaradas: Quem pode AJUDAR, no prazo máximo de 24 horas
(!), um luso-lapão... à rasca ? Sejam admiráveis, insuperáveis,
criativos,imaginativos, liberalíssimos, generosos... e sobretudo DESENRASCADOS
que, dizem, é um dos nossos melhores predicados nacionais... José, sei que a
malta da Tabanca Grande não te vai decepcionar... Boa comunicação... Luís Graça"...
3. Resposta do José Belo, na volta do correio:
Como se diz por estas paragens bárbaras........TACK SÅ VÄLDIGT MYCKET!......Ou seja.....Muitíssimo OBRIGADO! Um grande abraço.
4. Alguns respostas que já recebemos em relação a este pedido:
(i) Carlos Pinheiro, 14h55
Luis Graça: Consultei o Centro de Documentação 25 de Abril da
Universidade de Coimbra, constato que, no que se refere ao mês de
Julho/74, de entre muitas outras
informações importantes, o seguinte:
Lei 7/74 de 27 de Julho de 1974, publlicada no Suplemento ao
DG nº 174, I Série: "estabelece o
reconhecimento do direito à autodeterminação, com todas as consequências,
inclui a aceitação da independência dos territórios ultramarinos e a derrogação
da parte correspondente do artº. 1º da Constituição Politica de 1933"; foi
promulgada em 26 de Julho de 1974 pelo Presidente da República António de
Spínola depois de Visto e aprovado pelo Conselho de Estado.
Se a mesma foi assinada ou não, isso já não sei, e também
não sei quem é que levantou essa questão e com que fundamentos. Se assim foi, acho isso muito estranho apesar de na altura
já se estar a viver o chamado PREC.
Nada mais posso adiantar para ajudar. Aliás esta informação
está acessivel a toda a gente.
Um abraço
Carlos Pinheiro
(ii) Torcato Mendonça, 16h43
Não estão a brincar pois não?
Aqui estou quase sem Net
Abraços T
(iii) José Martins, 17h05
Caro Belo & Companhia, daquém e de além circulo polar.
A existir assinatura é, como dizes no texto, "tão só o
nome de quem promulga a lei". A haver assinatura será em documento a enviar a lei para
publicação e, portanto, destinado a arquivo.
Quanto ao "tema", desconheço o que se passou. Sei
que as noticias sobre este período e o
conteúdo das resoluções era tanto apresentada como válida e, muitas vezes, a
seguir era desmentida. Recordo-me que "a promessa" da autodeterminação e
independência dos povos explorados e colonizados por Portugal, não era, na
altura que se refere, Julho de 74, um dado adquirido e, pela primeira vez que
se voltou a falar disso após a proclamação da Junta de Salvação Nacional em
25A74, foi no discurso que recordas.
Pode ter-se tratado de lapso (todos eram maçaricos em
política) ou foi premeditada, para fazer cumprir que o que "não tem
remédio, remediado está".
Nessa altura, pelos relatos que nos chegam, na nossa Guiné,
já toda a malta "negociava" com o PAIGC, enquanto ainda decorriam
contactos formais e informais com o mesmo, a Alto Nivel.
O Acordo de Argel, que confirmava a independência da Guiné,
foi assinado em 26 de Agosto e marcava a independência para 10 de Setembro (15
dias de intervalo) o que não permitia acautelar, ainda que em pensamento, o que
veio a acontecer com os Comandos Africanos e muita da malta das CCAÇ indígenas.
Da literatura que já li sobre a descolonização/fim do regime
(ou vice-versa) não me recordo de qualquer referência a este assunto.
Não ajudei nada, mas não quis deixar de dar umas dicas e
poder enviar-te um grande abraço,
José Martins
_______________
Nota do editor:
Último poste da série > 25 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8326: Da Suécia com saudade (29): O nosso blogue e o risco do pensamento de grupo (groupthink) e do politicamente correcto (José Belo)
Guiné 63/74 - P8435: Convívios (353): Almoço/Convívio dos ex-combatentes de Fão, no dia 10 de Junho de 2011 (Albino Silva)
1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva* (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 15 de Junho de 2011:
Boa tarde Carlos Vinhal
Depois de algum tempo sem contactar a nossa Tabanca, embora a visite no dia a dia, cá estou de volta a dar mais trabalho, este referente ao passado Dia 10 de Junho, Dia de Portugal, e já Dia do Ex-Combatente.
Uma vez que felizmente já se comemora um pouco por todo o País, aqui em Fão realizou-se pelo segundo ano consecutivo, com a promessa do Sr. Presidente de Junta, de que para o ano seja maior e melhor, esperando ainda mais Ex-Combatentes, e na verdade todos cabemos lá.
Lembro que nestes dois anos, os Ex-Combatentes pagaram para o almoço/convívio 7,00€, sendo grátis para as esposas, sendo a festa foi total.
Eu mesmo empenhado na ajuda à Organização, lanço desde já o convite a todos os Ex-Combatentes da nossa Tabanca, mas para o ano, próximo ao dia, cá estarei para lembrar.
No Blogue "Nós fomos combatentes" os interessados podem ver as 130 fotos refentes ao acontecimento.
Sem mais de momento, deixo aqui abraços para todos os Tertulianos, em especial para os Chefes de Tabanca e a ti, Carlos.
Albino Silva
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8433: Convívios (346): Encontro de alguns elementos da CCAÇ 6, (Bedanda, 1971/73), no Almoço de Quarta-feira, dia 8 de Junho de 2011 da Tabanca de Matosinhos (Vasco Santos)
Guiné 63/74 - P8434: Notas de leitura (248): Eis a Guiné! Breve notícia da sua terra e da sua gente, de Fernando Rogado Quintino (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Junho de 2011:
Queridos amigos,
O ilustre estudioso da Guiné, Fernando Rogado Quintino, entra no nosso blogue pela porta alta, esta “breve notícia” da Guiné é um primor da escrita, denota paixão pelo objecto da escrita.
É tempo de se proceder a um inventário de algumas gemas literárias que correm o risco de ficar no olvido.
Um abraço do
Mário
Um belo cartão-de-visita na semana das colónias de 1946
Beja Santos
“Eis a Guiné! Breve notícia da sua terra e da sua gente” foi o título escolhido por Fernando Rogado Quintino para uma admirável monografia que ele escreveu no âmbito da semana das colónias de 1946 dedicada ao V Centenário do descobrimento da Guiné. Rogado Quintino foi administrador colonial e um dos mais laboriosos investigadores da Guiné, dos anos 40 aos anos 70. Deixou uma bibliografia impressionante, abrangendo a gramática balanta, o estudo das religiosidades guineenses e da antroponímia, escreveu sobre pintura e escultura, artefactos e totemismo, lutas corpo a corpo e arte popular. O seu nome pode ombrear com os de António Carreira, Fernando Galhano e Teixeira da Mota.
Considera Rogado Quintino haver 4 períodos na história da Guiné: desde a descoberta até à criação da primeira Capitania-mor (1446 a 1641); desde a criação desta capitania até ao estabelecimento da primeira Comarca (entre 1641 a 1835); os tempos da ocupação militar (1835 a 1915); e desde a pacificação a 1946.
Descreve o período esclavagista, as façanhas dos “lançados”, a concorrência com os ingleses e os franceses, os problemas postos pela Capitania-mor de Cacheu, a criação das companhias majestáticas, os tempos de Honório Pereira Barreto e as operações de pacificação. Descreve a situação geográfica, a orografia e a hidrografia, observa cuidadosamente o mosaico étnico e aborda, sem concessões exóticas, o clima da região. Vale a pena ouvi-lo: “A Guiné, sem grandes altitudes, com as suas inúmeras lalas e bolanhas, colocada a meia zona tropical, não pode desfrutar de um clima ameno. Neste particular, em relação às outras colónias, encontra-se numa posição de manifesta inferioridade. Um ou outro local, menos povoado de mosquitos, com limpezas e pequenas obras de saneamento, apresenta já melhores condições de salubridade (…) As derrubas de arvoredo, para culturas, em anos sucessivos, e as queimadas periódicas podiam também ter reduzido o número de insectos transmissores de doenças infecciosas; mas também isso pouco contribuiu para modificar o aspecto geral do clima.
Mais do que as derrubas e queimadas, o uso diário e metódico do quinino fez diminuir os escassos fatais de biliosas e perniciosas, no período que procedeu à guerra, logo, porém, que o quinino faltou essas perigosas doenças voltaram a ter o carácter maligno dos primeiros tempos. Os pântanos são muitos e sem a sua eliminação total não é possível transformar a colónia num território de fixação ou povoamento.
Duas estações, cada uma com as suas características distintas, se observam na Guiné: a seca, que vai de Dezembro a Maio e a chuvosa, que vai de Junho a Novembro.
A primeira principia com as grandes cacimbas e com um vento que sopra do leste, frio e desagradável. O termómetro desce a 15º em certos pontos do interior, como no Boé.
A partir de Fevereiro, a temperatura vai gradualmente subindo e o vento, embora soprando do mesmo lado, é cada vez mais seco e mais quente.
Em Abril e Maio, o sol e o vento tornam a atmosfera quase irrespirável: são os meses dos grandes calores, em que o termómetro chega a marcar 45º à sombra!
A zona pluviosa é anunciada por relâmpagos que nas noites abafadas de Maio se observam no horizonte.
Vem então os dias encobertos e às vezes no quadrante SE ressoam longe os trovões. O primeiro tornado, violento e chuvoso, coincide com uma das fases da lua. A terra endurecida e sedenta absorve, sôfrega, os aguaceiros caídos. Passado o tornado, espalha-se no ar o odor característico do oxigénio electrizado. O fim da época é caracterizado pelos chamados tornados secos, isto é, tornados sem chuva.”. Falando da instrução, Rogado Quintino observa que o ensino primário elementar é destinado às crianças europeias e assimiladas que, em elevado número, se concentram nas duas cidades de Bolama e Bissau. No interior, em alguns centros urbanos, funcionam escolas rudimentares regidas por professores menos habilitados, cuja função consiste apenas em dar às crianças as primeiras luzes sobre leitura, escritura e aritmética. E vai mais longe na sua análise: “A criança indígena precisa ser preparada para a vida – e a sua vida está ligada à terra, que lhe dá o pão. A aprendizagem literária não lhe traz benefício imediato e é, até, em certos casos, prejudicial. Indígena literariamente habilitado é, em geral, indígena roubado à actividade agrícola.
Também é um erro dar preferência ao ensino das artes e ofícios, em detrimento do ensino agrícola. Sendo a Guiné uma colónia essencialmente agrícola, parece aconselhável um procedimento diametralmente oposto. De resto, sem necessidade de abertura de escolas oficiais, os artífices formam-se com relativa facilidade nos centros de actividade particular: aprendizes de carpinteiro, de pedreiro, de ferreiro, etc, trabalham por toda a parte com os seus mestres. Escolas agrícolas, essas sim, são sem dúvida de uma importância capital para o desenvolvimento da economia geral da colónia”.
O registo que faz da flora e agricultura, bem como da fauna, é de uma grande beleza. Basta ver esta passagem relativa à fauna: “Todo o território é um sumptuoso jardim zoológico. O cientista minucioso, o naturalista beato e o desportista caçador encontram ali fortes emoções. As perdizes, as galinhas de mato, as chocas (codornizes), as rolas, levantam voo a cada instante. A onça, o búfalo, o sin-sin, gazela, a boca-branca, constituem para os espíritos mais exigentes um atractivo deveras fascinante. Os elefantes são em pequena quantidade e estão localizados na conhecida mata de Cantanhez, parte da qual forma hoje o chamado Parque Dr. Vieira Machado”. E não se cansa nos adjectivos sobre os símios, a hiena, a onça, os búfalos, os hipopótamos e os morcegos. Falando do comércio, refere como as firmas mais importantes: António Silva Gouveia, Lda., subsidiária da Companhia União Fabril; Eduardo Guedes, Lda., Sociedade Comercial Ultramarina, Barbosas e Comandita, Companhie Française de l’Afrique Occidentale d’Oeste Africaine e Aly Souleimane & Companhia.
E termina assim a monografia: “A Guiné, até há uma vintena de anos, jazia improdutiva, num atraso deveras constrangedor. Os cincos séculos decorridos, desde que Nuno Tristão e os seus companheiros ali perderam a vida, foram, na sua quase totalidade, consumidos em lutas constantes, para vencer a inospitalidade do meio, da sua exótica e aguerrida gente e da gente que àquelas plagas aportara, em aberta e desleal competição connosco. Foram cinco séculos de duros e pesados sacrifícios: vidas tombadas, lágrimas choradas, lares esfacelados, temores, aflições, trabalhos, apreensões – tudo para defender, conservar e alargar o património nacional. Aberto o caminho, resta agora elevar a colónia ao nível em que se encontram outras, como Angola e Moçambique”.
É um texto colorido, primorosamente elaborado, sensível, saído de um plumitivo culto, arguto e amante daqueles lugares. São páginas grandiloquentes sentidas, dignas de constar em qualquer antologia da literatura colonial.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8418: Notas de leitura (247): O Império Colonial Português, Secretariado da Propaganda Nacional (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
O ilustre estudioso da Guiné, Fernando Rogado Quintino, entra no nosso blogue pela porta alta, esta “breve notícia” da Guiné é um primor da escrita, denota paixão pelo objecto da escrita.
É tempo de se proceder a um inventário de algumas gemas literárias que correm o risco de ficar no olvido.
Um abraço do
Mário
Um belo cartão-de-visita na semana das colónias de 1946
Beja Santos
“Eis a Guiné! Breve notícia da sua terra e da sua gente” foi o título escolhido por Fernando Rogado Quintino para uma admirável monografia que ele escreveu no âmbito da semana das colónias de 1946 dedicada ao V Centenário do descobrimento da Guiné. Rogado Quintino foi administrador colonial e um dos mais laboriosos investigadores da Guiné, dos anos 40 aos anos 70. Deixou uma bibliografia impressionante, abrangendo a gramática balanta, o estudo das religiosidades guineenses e da antroponímia, escreveu sobre pintura e escultura, artefactos e totemismo, lutas corpo a corpo e arte popular. O seu nome pode ombrear com os de António Carreira, Fernando Galhano e Teixeira da Mota.
Considera Rogado Quintino haver 4 períodos na história da Guiné: desde a descoberta até à criação da primeira Capitania-mor (1446 a 1641); desde a criação desta capitania até ao estabelecimento da primeira Comarca (entre 1641 a 1835); os tempos da ocupação militar (1835 a 1915); e desde a pacificação a 1946.
Descreve o período esclavagista, as façanhas dos “lançados”, a concorrência com os ingleses e os franceses, os problemas postos pela Capitania-mor de Cacheu, a criação das companhias majestáticas, os tempos de Honório Pereira Barreto e as operações de pacificação. Descreve a situação geográfica, a orografia e a hidrografia, observa cuidadosamente o mosaico étnico e aborda, sem concessões exóticas, o clima da região. Vale a pena ouvi-lo: “A Guiné, sem grandes altitudes, com as suas inúmeras lalas e bolanhas, colocada a meia zona tropical, não pode desfrutar de um clima ameno. Neste particular, em relação às outras colónias, encontra-se numa posição de manifesta inferioridade. Um ou outro local, menos povoado de mosquitos, com limpezas e pequenas obras de saneamento, apresenta já melhores condições de salubridade (…) As derrubas de arvoredo, para culturas, em anos sucessivos, e as queimadas periódicas podiam também ter reduzido o número de insectos transmissores de doenças infecciosas; mas também isso pouco contribuiu para modificar o aspecto geral do clima.
Mais do que as derrubas e queimadas, o uso diário e metódico do quinino fez diminuir os escassos fatais de biliosas e perniciosas, no período que procedeu à guerra, logo, porém, que o quinino faltou essas perigosas doenças voltaram a ter o carácter maligno dos primeiros tempos. Os pântanos são muitos e sem a sua eliminação total não é possível transformar a colónia num território de fixação ou povoamento.
Duas estações, cada uma com as suas características distintas, se observam na Guiné: a seca, que vai de Dezembro a Maio e a chuvosa, que vai de Junho a Novembro.
A primeira principia com as grandes cacimbas e com um vento que sopra do leste, frio e desagradável. O termómetro desce a 15º em certos pontos do interior, como no Boé.
A partir de Fevereiro, a temperatura vai gradualmente subindo e o vento, embora soprando do mesmo lado, é cada vez mais seco e mais quente.
Em Abril e Maio, o sol e o vento tornam a atmosfera quase irrespirável: são os meses dos grandes calores, em que o termómetro chega a marcar 45º à sombra!
A zona pluviosa é anunciada por relâmpagos que nas noites abafadas de Maio se observam no horizonte.
Vem então os dias encobertos e às vezes no quadrante SE ressoam longe os trovões. O primeiro tornado, violento e chuvoso, coincide com uma das fases da lua. A terra endurecida e sedenta absorve, sôfrega, os aguaceiros caídos. Passado o tornado, espalha-se no ar o odor característico do oxigénio electrizado. O fim da época é caracterizado pelos chamados tornados secos, isto é, tornados sem chuva.”. Falando da instrução, Rogado Quintino observa que o ensino primário elementar é destinado às crianças europeias e assimiladas que, em elevado número, se concentram nas duas cidades de Bolama e Bissau. No interior, em alguns centros urbanos, funcionam escolas rudimentares regidas por professores menos habilitados, cuja função consiste apenas em dar às crianças as primeiras luzes sobre leitura, escritura e aritmética. E vai mais longe na sua análise: “A criança indígena precisa ser preparada para a vida – e a sua vida está ligada à terra, que lhe dá o pão. A aprendizagem literária não lhe traz benefício imediato e é, até, em certos casos, prejudicial. Indígena literariamente habilitado é, em geral, indígena roubado à actividade agrícola.
Também é um erro dar preferência ao ensino das artes e ofícios, em detrimento do ensino agrícola. Sendo a Guiné uma colónia essencialmente agrícola, parece aconselhável um procedimento diametralmente oposto. De resto, sem necessidade de abertura de escolas oficiais, os artífices formam-se com relativa facilidade nos centros de actividade particular: aprendizes de carpinteiro, de pedreiro, de ferreiro, etc, trabalham por toda a parte com os seus mestres. Escolas agrícolas, essas sim, são sem dúvida de uma importância capital para o desenvolvimento da economia geral da colónia”.
O registo que faz da flora e agricultura, bem como da fauna, é de uma grande beleza. Basta ver esta passagem relativa à fauna: “Todo o território é um sumptuoso jardim zoológico. O cientista minucioso, o naturalista beato e o desportista caçador encontram ali fortes emoções. As perdizes, as galinhas de mato, as chocas (codornizes), as rolas, levantam voo a cada instante. A onça, o búfalo, o sin-sin, gazela, a boca-branca, constituem para os espíritos mais exigentes um atractivo deveras fascinante. Os elefantes são em pequena quantidade e estão localizados na conhecida mata de Cantanhez, parte da qual forma hoje o chamado Parque Dr. Vieira Machado”. E não se cansa nos adjectivos sobre os símios, a hiena, a onça, os búfalos, os hipopótamos e os morcegos. Falando do comércio, refere como as firmas mais importantes: António Silva Gouveia, Lda., subsidiária da Companhia União Fabril; Eduardo Guedes, Lda., Sociedade Comercial Ultramarina, Barbosas e Comandita, Companhie Française de l’Afrique Occidentale d’Oeste Africaine e Aly Souleimane & Companhia.
E termina assim a monografia: “A Guiné, até há uma vintena de anos, jazia improdutiva, num atraso deveras constrangedor. Os cincos séculos decorridos, desde que Nuno Tristão e os seus companheiros ali perderam a vida, foram, na sua quase totalidade, consumidos em lutas constantes, para vencer a inospitalidade do meio, da sua exótica e aguerrida gente e da gente que àquelas plagas aportara, em aberta e desleal competição connosco. Foram cinco séculos de duros e pesados sacrifícios: vidas tombadas, lágrimas choradas, lares esfacelados, temores, aflições, trabalhos, apreensões – tudo para defender, conservar e alargar o património nacional. Aberto o caminho, resta agora elevar a colónia ao nível em que se encontram outras, como Angola e Moçambique”.
É um texto colorido, primorosamente elaborado, sensível, saído de um plumitivo culto, arguto e amante daqueles lugares. São páginas grandiloquentes sentidas, dignas de constar em qualquer antologia da literatura colonial.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8418: Notas de leitura (247): O Império Colonial Português, Secretariado da Propaganda Nacional (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P8433: Convívios (352): Encontro de alguns elementos da CCAÇ 6, (Bedanda, 1971/73), no Almoço de Quarta-feira, dia 8 de Junho de 2011 da Tabanca de Matosinhos (Vasco Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Vasco Santos (ex-1º Cabo Op Cripto da CCAÇ 6 (Onças Negras), Bedanda, 1972/73), com data de 14 de Junho de 2011:
Caro Amigo Carlos,
Como te tinha informado, conseguimos reunir alguns amigos, que estiveram em Bedanda/Guiné, nos anos de 1971/1973.
Pena só agora estar a entrar em contacto contigo mas, acontece que tive a minha "geringonça" inoperacional.
Impossível será descrever as emoções sentidas, ao fim de 40 anos passados mas, foi um dia inolvidável.
Caso te seja possível publicar esta pequena missiva, gostaríamos de informar todos os Camaradas que estiveram em Bedanda, independentemente do ano que lá estiveram que, ficou "decretado" que nos iremos reunir, em Outubro, no centro do Pais, em data e hora a combinar. Todos os interessados poderão entrar em contacto, quer através de mim (vascosan@vodafone.pt ou vasco_lin@hotmail.com) ou através do nosso querido ex-Alf Mil Teixeira (toniteixeira@gmail.com).
Aproveito a oportunidade para enviar um abraço a todos os camaradas que estiveram presentes na Tabanca de Matosinhos, no passado dia 8 de Junho.
Os meus agradecimentos pela tua colaboração e, um abraço de amizade,
Vasco Santos
Ex-Op Crípto
Bedanda
1971/1973
Da esquerda para direita: Ex-Fur Mil Vermelho, ex-Alf Mil Teixeira, ex-1º. Cabo Azevedo, ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo, ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Alf Mil Figueiral, ex-Fur Mil Ferreira, ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo, Coronel Ayala Botto (Cmdt Cª. e ex-Ajudante de Campo do Gen. Spinola) e, finalmente, eu, ex-1.º Cabo Op Crípto Vasco Santos.
Da esquerda para direita: Ex-Alf Mil Teixeira (segundo), ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo, Coronel Ayala Botto e Ex-Fur Mil Enf Dias.
Coronel Ayala Botto (centro mesa). À direita: ex-Alf Mil Médico Dr Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Figueiral, ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Fur Mil Art Ferreira e ex-1º.cabo Op Cripto Vasco. À esquerda (segundo plano): ex-Fur Mil Vermelho.
A partir da esquerda: ex-Alf Mil Teixeira, ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo. Ao centro: Coronel
Ayala Botto. À direita: ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo e ex-Alf Mil Figueiral.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8427: Convívios (345): Pessoal da CCAÇ 16 - Manjacos - Dia 25 de Junho de 2011 em Almeirim (José Romão)
Caro Amigo Carlos,
Como te tinha informado, conseguimos reunir alguns amigos, que estiveram em Bedanda/Guiné, nos anos de 1971/1973.
Pena só agora estar a entrar em contacto contigo mas, acontece que tive a minha "geringonça" inoperacional.
Impossível será descrever as emoções sentidas, ao fim de 40 anos passados mas, foi um dia inolvidável.
Caso te seja possível publicar esta pequena missiva, gostaríamos de informar todos os Camaradas que estiveram em Bedanda, independentemente do ano que lá estiveram que, ficou "decretado" que nos iremos reunir, em Outubro, no centro do Pais, em data e hora a combinar. Todos os interessados poderão entrar em contacto, quer através de mim (vascosan@vodafone.pt ou vasco_lin@hotmail.com) ou através do nosso querido ex-Alf Mil Teixeira (toniteixeira@gmail.com).
Aproveito a oportunidade para enviar um abraço a todos os camaradas que estiveram presentes na Tabanca de Matosinhos, no passado dia 8 de Junho.
Os meus agradecimentos pela tua colaboração e, um abraço de amizade,
Vasco Santos
Ex-Op Crípto
Bedanda
1971/1973
Estandarte da CCAÇ 6 - "Onças Negras"
Da esquerda para direita: Ex-Fur Mil Vermelho, ex-Alf Mil Teixeira, ex-1º. Cabo Azevedo, ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo, ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Alf Mil Figueiral, ex-Fur Mil Ferreira, ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo, Coronel Ayala Botto (Cmdt Cª. e ex-Ajudante de Campo do Gen. Spinola) e, finalmente, eu, ex-1.º Cabo Op Crípto Vasco Santos.
Da esquerda para direita: Ex-Fur Mil Enf Dias, ex-1º. Cabo Azevedo e ex-Fur Mil Vermelho.
Da esquerda para direita: Ex-Alf Mil Teixeira (segundo), ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo, Coronel Ayala Botto e Ex-Fur Mil Enf Dias.
Ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Alf Mil Figueiral e ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo.
Coronel Ayala Botto e ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo.
Coronel Ayala Botto (centro mesa). À direita: ex-Alf Mil Médico Dr Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Figueiral, ex-Fur Mil Enf Dias, ex-Fur Mil Art Ferreira e ex-1º.cabo Op Cripto Vasco. À esquerda (segundo plano): ex-Fur Mil Vermelho.
A partir da esquerda: ex-Alf Mil Teixeira, ex-Alf Mil Médico Dr. Mário Bravo. Ao centro: Coronel
Ayala Botto. À direita: ex-Alf Mil Médico Dr. Amaral Bernardo e ex-Alf Mil Figueiral.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de15 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8427: Convívios (345): Pessoal da CCAÇ 16 - Manjacos - Dia 25 de Junho de 2011 em Almeirim (José Romão)
Guiné 63/74 - P8432: Efemérides (71): 42ª Aniversário da morte em combate do Sold At Vítor Manuel Parreira Caetano, CART 2519 (Mário Pinto)
1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a seguinte mensagem:
Camaradas,
Ao aproximar-se o dia 20 de Junho de 2011, toda a CART 2519 “Os Morcegos de Mampatá” relembra o fatídico dia (jamais esquecido), do falecimento de um camarada nosso, que acompanhava a construção da maldita estrada nova Buba – Aldeia Formosa.
«Logo ao nascer do sol seguiu na frente da coluna constituída por máquinas da TECIL, capinadores, outros Grupos de Combate e uma força da CART 2519, constituída por 2 Grupos de Combate comandados pelo Alf Mil Frade - 2.º Comandante da Companhia -, em direcção aos trabalhos da estrada nova Buba-Aldeia Formosa.
Enquanto duas Secções picavam a estrada, o 2º. Grupo de Combate flanqueava o lado esquerdo da estrada em direcção a Sare Usso, num cruzamento que dividia a estrada velha da nova, local sempre considerado de grande tensão e perigo iminente, pois era um dos locais mais perigosos e fatídicos da ZO.
Passado o local sem incidentes seguiu a força, com a mesma disposição, em direcção a Sare Dibane onde se iriam começar os trabalhos desse dia.
Antes da nossa chegada à Zona dos trabalhos desse dia a mesma iria ser batida por granadas de obus 14 cm, como previamente estava estabelecido tendo nós - os flanqueadores -, recebido ordens para quando chegássemos a um determinado sector comunicar com o quartel, para que se iniciassem os disparos do obus, o que veio acontecer.
Como não houve resposta, progredimos em direcção ao objectivo, atingindo-o pouco depois.
O 2.º Grupo de Combate recebeu ordens para se instalar na periferia e fazer protecção aos trabalhos de estrada, tendo iniciado a capinação do mato.
Os trabalhos foram decorrendo com normalidade e, nesse dia, tudo parecia calmo, sem o IN dar sinal de vida o que era uma raridade.
Antes da nossa chegada à Zona dos trabalhos desse dia a mesma iria ser batida por granadas de obus 14 cm, como previamente estava estabelecido tendo nós - os flanqueadores -, recebido ordens para quando chegássemos a um determinado sector comunicar com o quartel, para que se iniciassem os disparos do obus, o que veio acontecer.
Como não houve resposta, progredimos em direcção ao objectivo, atingindo-o pouco depois.
O 2.º Grupo de Combate recebeu ordens para se instalar na periferia e fazer protecção aos trabalhos de estrada, tendo iniciado a capinação do mato.
Os trabalhos foram decorrendo com normalidade e, nesse dia, tudo parecia calmo, sem o IN dar sinal de vida o que era uma raridade.
Já passava das 14H00, perto de iniciarmos o regresso a Mampatá, quando a tragédia aconteceu. Um grupo do IN, estimado em 20 elementos aproximou-se do local onde se encontrava a força de protecção, sem ser detectado e abriu fogo de RPG 2 e tiro de metralhadora ligeira sobre a NT durante alguns minutos.
Primeiro foi a surpresa e logo depois a nossa reacção ao fogo do IN, que devido a nossa resposta retirou em direcção a Samba Sabali.
Nesta acção, o IN causou as primeiras 3 baixas à CART 2519: Primeiro foi a surpresa e logo depois a nossa reacção ao fogo do IN, que devido a nossa resposta retirou em direcção a Samba Sabali.
- Sold. At. N.º 17618068 - Vítor Manuel Parreira Caetano - Morto;
- ..."....."....".. 14218368 - José Ferreira Rodrigues Serrano - Ferido;
- ..."....."....".. 19101268 - António Relha Chouriço - Ferido.
Sob a protecção dos T-6, que entretanto levantaram da Pista de Aldeia Formosa, deu-se a evacuação dos feridos e o transporte do nosso camarada morto em combate, para Bissau, num helicóptero solicitado para o efeito.
Nesse dia á noite a consternação foi enorme nas hostes da Companhia, sabendo que no dia a seguir teríamos que voltar ao mesmo local. Felizmente o pessoal recuperou bem e, nos dias seguintes da construção da estrada, a CART 2519 cresceu, amadureceu e deixou de ser “PIRIQUITA”, pois as amarguras da guerra já a tinham marcado.
Os restos mortais do Vítor Manuel Parreira Caetano, estão sepultados no cemitério de Beringel, Distrito de Beja, de onde era natural.
Os seus camaradas nunca o esqueceram e todos os anos por esta altura vários elementos da Companhia da zona de Beja depositam uma coroa de flores na sua campa em nome da CART 2519.»
Descansa em PAZ camarada!
Mário Pinto
Fur Mil At Inf da CART 2519
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série de 12 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)
Sob a protecção dos T-6, que entretanto levantaram da Pista de Aldeia Formosa, deu-se a evacuação dos feridos e o transporte do nosso camarada morto em combate, para Bissau, num helicóptero solicitado para o efeito.
Nesse dia á noite a consternação foi enorme nas hostes da Companhia, sabendo que no dia a seguir teríamos que voltar ao mesmo local. Felizmente o pessoal recuperou bem e, nos dias seguintes da construção da estrada, a CART 2519 cresceu, amadureceu e deixou de ser “PIRIQUITA”, pois as amarguras da guerra já a tinham marcado.
Os restos mortais do Vítor Manuel Parreira Caetano, estão sepultados no cemitério de Beringel, Distrito de Beja, de onde era natural.
Os seus camaradas nunca o esqueceram e todos os anos por esta altura vários elementos da Companhia da zona de Beja depositam uma coroa de flores na sua campa em nome da CART 2519.»
Descansa em PAZ camarada!
Mário Pinto
Fur Mil At Inf da CART 2519
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série de 12 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8410: Efemérides (50): A nossa malta no 10 de Junho, em Belém (Miguel Pessoa)
Guiné 63/74 - P8431: Parabéns a você (273): Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872 (Tertúlia / Editores)
PARABÉNS A VOCÊ
DIA 17 DE JUNHO DE 2011
JUVENAL AMADO
1. Belíssimo postal de aniversário de autoria do nosso camarada Miguel Pessoa
2. Mensagem do nosso camarada Armandino Oliveira, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1897
Embora não seja da minha época, desejo ao Juvenal Amado um feliz aniversário, mas acima de tudo muita saúde e muita esperança no futuro.
Na nossa idade só deveríamos nos preocupar com a saúde e ter o carinho da nossa família, para quem nos dedicamos toda uma vida.
Abraços
Armandino
Fur Mil
BCAV 1897
Guiné, 1966/1968
3.Mensagem de Luís Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 3491
"Camarigo Juvenal
Uma das grandes bênçãos da vida é a experiência que os anos vividos nos concedem. Viver um aniversário é explorar e invocar o prazer de estar vivo, de reconhecer que a esperança deambula à nossa frente e que o amanhã poderá manifestar-se de maneira favorável e que o futuro pode ser risonho e trazer-nos ainda dias saborosos.
Estes sintomas de felicidade traduzidos em optimismo, fé, empenho, solidariedade e alegria de viver, encontram-se à nossa volta e não podem ser desperdiçados e ignorados.
Hoje é o dia do teu aniversário e desejo que este dia seja um renovar de energias, uma clareira aberta à tua vontade e uma janela estendida às amizades, que tu tão bem cultivas. És uma pessoa amiga e solidária e, por isso, sei que muita gente, familiares e amigos, vão estar à tua volta a dar-te um fraternal abraço a felicitar-te e a desejar um dia em cheio.
Que este dia se repita por muitos anos e que possas continuar a presentear-nos com as tuas histórias, com a tua vivência daqueles dias,daquele tempo que nos uniu.
Parabéns, uma vida longa e felicidades para ti e para a tua família e amigos.
Que Deus te ilumine, todos os dias da tua vida.
Um abraço do tamanho de todas as Tabancas de Dulombi e Galomaro
Luís Dias"
4. Mensagem do camarada Mexia Alves, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52
PARABÉNS, JUVENAL!
Ora muito bem, falemos então do Juvenal Amado, que hoje faz anos!
Conheci-o pessoalmente numa ida à Tabanca de Matosinhos para nos fazermos presentes na apresentação do livro do Manuel Maia.
O Juvenal telefonou-me e foi ter comigo a Monte Real, de onde seguimos juntos no seu carro, para irmos buscar o Vasco da Gama a Buarcos, e o Manuel Reis a Aveiro.
Confesso que pelos escritos que já tinha lido do Juvenal, tinha percebido que estávamos tão distantes “politicamente”, como Washington e Moscovo durante a guerra fria, e pensava cá com os meus botões: «o que é que raio eu vou falar com este camarada enquanto estivermos sozinhos a viajar?»
Feitas as apresentações sentamo-nos na viatura e lá partimos na demanda das belezas de Buarcos, tão gabadas pelo “Almirante” Vasco da Gama.
A conversa foi-se fazendo e curiosamente demos connosco a concordar mutuamente com pontos de vista, quer de um, quer do outro.
Mas mais ainda, pois estabeleceu-se muito rapidamente uma empatia que tornava a conversa fluída e fácil.
Não havia cá exageros de convicções, nem tiradas grandiloquentes, mas apenas conversa sensata e risonha de dois amigos que o pareciam ser há muito tempo.
Depois na viagem, e com a entrada do Vasco da Gama e do Manuel Reis, a conversa alargou-se e posso afirmá-lo foi uma jornada que muito me agradou e que recordo com saudade.
Depois foram-se sucedendo os encontros na Tabanca do Centro, a troca de mails, de telefonemas, e a amizade foi-se consolidando de tal modo que para mim é sempre um prazer imenso ver e rever o Juvenal.
E tudo isto para dizer o quê?
Que tenho orgulho em conhecer o Juvenal e ser seu amigo, e por isso mesmo, neste dia do seu aniversário, levanto o meu copo, canto a plenos pulmões os “parabéns a você”, e dou-lhe um enorme e camarigo abraço.
Joaquim Mexia Alves
5. Do nosso camarada José Eduardo Oliveira, ex-Fur Mil da CCAÇ 675
PARABÉNS JUVENAL
Natural de Alcobaça, Juvenal é um homem de múltiplos talentos.
Quem sai aos seus não degenera e o seu Pai , Natálio Amado, foi um grande e prestigiado artista da lendária “Secção de Pintura”, da Fábrica CRISAL-Cristais de Alcobaça.
Aliás, Juvenal veio anos mais tarde a passar pela CRISAL onde não deixou os méritos da família por mãos alheias. Mais tarde, com alguns colegas de trabalho, fundou a “DARTE 5”, no lugar da Boavista, nos arredores de Alcobaça. Esta firma dedicou-se à decoração de vidro e cristal e teve merecida reputação no seu sector durante um largo período.
Trabalhou depois por sua conta e por circunstâncias diversas veio a fixar-se em Fátima, passando de uma “Terra de Paixão” (Alcobaça) para uma “Terra de Fé”.
No nosso blogue é conhecido como apreciado contador de “estórias” e também como poeta.
Daqui, da terra da sua naturalidade, o saudamos com particular estima e apreço.
Votos de um feliz aniversário e que o apetite não te falte.
Até porque quem não é bom para comer também não é bom para trabalhar.
Força Juvenal.
JERO
6. Da nossa amiga Felismina Costa...
Meu Caro Juvenal!
A vida, passa a correr!
Mas, o importante, é vivê-la, saber vivê-la!
Quando a ambição, não se sobrepõe ao prazer de viver, descobrimos a cada momento... coisas magníficas!
Há uma terra que pisamos, firme!
Há um sol que brilha, que nos aquece, nos ilumina!
Há uma brisa fresca, que nos desperta, que nos anima!
Há um céu azul, que nos fascina!
E... há os amigos, que nos dão a cor... o sal da vida...
E... há... a Família!
E... há... a Família, que nos continua... nos multiplica... desmultiplica
Há choros e risos, tristeza, alegria!
E... há as lembranças...
E há a certeza, de termos vivido... até este dia!
Parabéns pela vida!
Por mais um dia....
Felismina Costa
Um abraço com toda a minha amizade.
7. Do nosso camarada, Hélder Sousa, ex-Fur Mil TRMS STM, mesmo ao fechar da porta:
Bem, desta vez calha o Juvenal fazer anos…
Pois é, acontece a todos. E todos os anos.
Tal como já referi para muitos outros amigos ‘que por aqui andam’ também não conhecia o Juvenal Amado antes de nos cruzarmos nestas paragens.
Há quem diga, e com toda a propriedade, que o Juvenal “é um excelente contador de histórias, mas também poeta, conversador, e ainda melhor camarigo”. Nada mais justo.
Quem já leu algumas das suas colaborações neste Blogue percebe logo que se trata de alguém com grande sensibilidade, poder de observação, narrativa fácil, interessante e interessada. Refiro as memórias, as reflexões, as histórias, mas não raro o mesmo se passa com a escrita poética. Normalmente profunda, carregada de ‘leituras’.
Como conversador é da ‘velha guarda’, de quando se gastava tempo a conversar, argumentando, dizendo, ouvindo, repensando, contradizendo, enfim, crescendo.
Neste aspecto o Juvenal e o Mexia Alves fazem um par bastante curioso e que faz com que se acredite que ainda é possível haver um relacionamento vertical, sério, fraterno entre homens de boa vontade, independentemente das visões que tenham.
Quanto ao aspecto de ser solidário, o nosso ‘homem de Galomaro’ não necessita de grandes manifestações para ser reconhecido por isso. Aliás, o seu desempenho é, nessa área como noutras, bastante discreto, até como convém. Há um amigo que necessita de uma palavra de conforto, de incentivo? Pois o Juvenal não regateia esforços.
Ainda muito recentemente, no decurso do nosso Encontro, houve a oportunidade de ofertar uma obra sua, um quadro que foi leiloado e cuja receita reverteu para as obras de solidariedade de “Tabanca de Matosinhos”. A sua acção foi tão discreta que se fez passar a ideia que teria sido outro o autor do trabalho.
Por outro lado o nosso Juvenal é também, e ainda, uma vítima da situação actual do ‘estado a que chegámos’ já que também faz parte das estatísticas daqueles a quem o emprego ‘fugiu’ depois de uma intensa vida de trabalho e dedicação. No entanto, apesar disso, mantém a espinha direita e a cabeça erguida como um lutador e em si mesmo um vencedor.
Como já o referi aquando de depoimentos sobre outros camaradas, a minha opinião sobre o Juvenal é que se trata de um “amigo inquestionável, daqueles de quem parece que conhecemos desde sempre, daqueles com quem se pode discutir e discordar porque a verdadeira amizade não está em se ser cópia de alguém mas sim em se poder aceitar diferenças e, com elas, criar pontes”.
Hoje é o seu dia de aniversário e como tal aqui deixo umas palavras sobre o que dele penso, o que, conforme se depreende do que acima escrevi, é o melhor possível.
Parabéns!
Hélder Sousa
8. Dos editores e restante tertúlia
Caro Juvenal, nem todos os tertulianos têm a capacidade de exprimirem por palavras os seus sentimentos, e daí algum silêncio que não será sinónimo de indiferença pela passagem do aniversário.
Durante o dia de hoje vais receber dezenas de mensagens de camaradas que comungam da tua alegria pelo acrescento de mais um ano de vida, mas muitas mais receberias se todos soubéssemos alinhar as palavras de modo a que pudéssemos qualificar-te sem pecar por defeito.
No Blogue todos te conhecemos pessoalmente ou através dos teus textos, em prosa e em verso, textos estes que espelham o bom ser humano que reside em ti. Este ano, no VI Encontro da Tabanca Grande, surpreendeste-nos com uma bela pintura, oferecendo generosamente o valor do seu leilão ao povo da Guiné-Bissau.
Sabemos do orgulho que sentem a tua esposa e a tua filha pelo marido e pelo pai que têm, e nós sabemos que somos mais ricos por termos um amigo como tu.
Falando em modo pessoal, sabes, Juvenal, o quanto te admiro, porque além de ser o teu editor habitual, tive o prazer conversar contigo longas horas, sobre assuntos muito variados, normalmente tabus, sem nos preocuparmos com as prováveis e naturais divergências de opinião. Desculpa estar a classificar-te, mas acho-te uma pessoa interessante e intelectualmente honesta. Olha que não me deixo convencer muito facilmente. Homem do norte tem sempre um pé atrás.
Neste fim de poste, quero deixar-te os nossos (da Tertúlia e dos Editores) votos de um dia de aniversário bem passado junto da família e amigos. Fica com a certeza de que estaremos sempre por perto porque mereces, por seres como és.
Recebe um abraço especial do teu camarada e amigo
Carlos
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Notas de CV:
Juvenal Amado foi 1.º Cabo Condutor na CCS do BCAÇ 3872 que esteve em Galomaro nos anos de 1972 a 1974
Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8396: Parabéns a você (272): Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador da CCS/BART 1913 (Tertúlia / Editores)
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Guiné 63/74 - P8430: As mulheres que, afinal, foram à guerra (17): Um filme dentro do filme, a aventura das primeiras mulheres de armas... as enfermeiras pára-quedistas
Maria Arminda Santos > s/l, s/d
Rosa Serra > s/l, s/d [Possivelmente, na Guiné, entre os balantas]
Maria Arminda Santos e Maria Ivone Reis (do lado direito) > "1ª Missão a Angola. Partida da Portela a 22/8/1961"... Ambas conheceram bem a Guiné... A Maria Arminda faz parte desta grande família virtual que se senta debaixo do poilão da Tabanca Grande... A Ivone Reis, infelizmente, está doente...
Cristina Silva > s/l, s/d [Moçambique, c. 1967]
Cristina Silva > s/l, s/d [Moçambique, c. 1967] [A única enfermeira pára-quedista que foi ferida em combate; ainda não integra a nossa Tabanca Grande, por falta de zelo apostólico e agressividade proselitista do nosso missionário... Miguel Pessoa]
Giselda Antunes (hoje, Pessoa, por casamento, em Outubro de 1974, com o Ten Pilav Miguel Pessoa) > s/l, s/d [Esteve na Guiné, em 1972/74, e a sua história dava um romance... ou um filme]
Natércia Neves e Cristina Silva > s/l, s/d [ Possivelmente Moçambique, c. 1967]
Natércia Neves > s/l, s/d
Júlia Lemos > s/l, s/d
Júlia Lemos > s/l, s/d
Rosa Serra > s/l, s/d ]Esteve nos 3 teatros de operações em
África; esteve no BCP 12, na Guin+e, em 1969]
Rosa Serra > s/l, s/d [, Ela própria reconhece no filme quão importante era, ao fim da tarde, terminado o dia e o serviço, vestir-se à civil e assumir-se como uma rapariga do seu tempo]
Imagens de algumas nossas camaradas de armas, enfermeiras pára-quedistas em diferentes épocas e teatros de operações... Com excepão da Ivone Reis, integram o elenco do filme Cristina Silva, Giselda Pessoa, Maria Arminda Santos, Natércia Neves, Rosa Serra, Júlia Lemos, a Aura Teles e a Ercília Pedro... A Aura Rico Teles passou a integrar, muito recentemente, a nossa Tabanca Grande; esteve na Guiné por três vezes (1965, 1968, 1971, Se considerarmos as que estão vivas, e em boa forma, a Tabanca Grande alberga 10% do total... o que faz das enfermeiras pára-quedistas o corpo militar que está mais (e talvez melhor) representado...
Fotos: Marta Pessoa / Quem Vai à Guerra (Facebook) (2011) (Reproduzido com a devida vénia...)
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Nota do editor:
Último poste da série > 16 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8429: As mulheres que, afinal, foram à guerra (16): Em dia de estreia do filme Quem Vai à Guerra, em Lisboa, Porto e Aveiro: Pequenas histórias da História com H grande (Marta Pessoa / Clementina Rebanda / José Martins)
Guiné 63/74 - P8429: As mulheres que, afinal, foram à guerra (16): Em dia de estreia do filme Quem Vai à Guerra, em Lisboa, Porto e Aveiro: Pequenas histórias da História com H grande (Marta Pessoa / Clementina Rebanda / José Martins)
(i) O conselho é: que vejam o filme, quem está interessado, obviamente, "logo nos primeiros dias" (sic); a concorrência é feroz, e este tipo de cinema, documental, independente, português, não costuma aguentar-se no cartaz (leia-se: no circuito comercial), durante muitas semanas; infelizmente, o filme só poderão ser visto, para já, em Lisboa, Porto e Aveiro; mais tarde, será editado em DVD. como é habitual nos filmes produzidos pela Real Ficção;
(ii) Alguns reparados e pedidos de correcção, em comentário da Marta Pessoa (*), mas também da Clementina Rebanda e do José Martins:
As mulheres que aparecem no final do filme fazem parte da Associação APOIAR e integram um Grupo de Ajuda Mútua. Deste grupo, só a Isilda Alves [, foto à esquerda], é que é viúva.
Logo, na foto 4 [, à direita, acima], a Anabela Oliveira não é viúva.
Na foto 9, a Maria de Lourdes Costa [, foto à direita, irmã do nosso José Martins, ] não acompanhou o marido a Angola. Foi uma das namoradas que ficou à espera. Aliás o Cesário Costa tem publicado um livro muito bonito, intitulado "Morto Por Te Ver", com a correspondência dele para a Maria de Lourdes durante esse período.
Conheci a Clementina Rebanda [, foto à direita], através da ADFA e não da APOIAR. O marido dela, Armando Sérgio Rebanda, ainda é vivo e encontra-se internado numa casa de saúde. Muito ficou por contar da história desta senhora tão corajosa cujo marido desenvolveu uma esquizofrenia e foi abandonado (não encontro expressão melhor) pelo Exército. Tal como ela conta no filme, já depois do marido ter tido crises e manifestar sintomas de problemas psiquiátricos, o Exército agiu como se nada se passasse e mobilizou-o para Angola!...
Comentário da Clementina Rebanda (*):
Senhor Luis Graça: O meu marido não me infernizou a vida. Quando conheci meu marido em Nova Lisboa, Angola, Armando Sérgio Rebanda, era uma pessoa educada e de respeito.Por isso, foi aceite na minha família. Se não tivesse sofrido um acidente no teatro de guerra, em Tite, Guiné, 1967., não tinha sofrido traumatismo craniano e hoje seríamos um casal feliz . Que infernalizou a nossa vida foi o Exército Português que abandonou os Deficientes Militares, na saúde e na doença .E agora também o senhor Luís Graça. Tenha um pouco mais de respeito pelos seus camaradas. Espero sua correcção. Tenha uma boa tarde. Clementina Rebanda.
Continuação do comentário da Marta Pessoa (*):
Na foto 2 [à esquerda], Ana Maria Gomes acompanhou o marido, médico e Alferes Miliciano do Exército, a Macalage, Moçambique.
Na foto 3 [, à esquerda,] Rosa Redondo, acompanhou o marido à Guiné, como ela própria refere no filme:
"E não foi uma África turística, porque foi para a Guiné que nós fomos!"
Na foto 4, Odete Barata [, à direita], não chegou a acompanhar o marido, pois nas vésperas de partir para Angola com os dois filhos recém-nascidos, quando já tinha as vacinas tomadas, o bilhete na mão e as malas despachadas, recebeu a notícia de que o marido havia morrido num acidente de avião.
Mais algumas informações e rectificações, por parte da realizadora do filme, Marta Pessoa (**):
Na foto 8 [, à esquerda], posso acrescentar que Manuela Mendes acompanhou o marido, que era Alferes miliciano da Marinha, e médico, ao Lago Niassa, em Moçambique.
[E, a este propósito, o próprio Zé Martins comentou (**): O 'papel' de Maria de Lourdes Costa no filme é a de namorada que aguardou o regresso do namorado.... É muita informação que o filme tem, pelo que é impraticavel conseguir 'digerir' tudo no espaço de tempo de projecção do filme. Daí, e noutro poste, eu ter sugerido a edição, em livro, dos depoimentos de todas as mulheres que fizeram a guerra. Assim será muito mais fácil apreender o texto e o contexto em que tudo aconteceu.]. (***)
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Notas do editor:
(*) 18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8289: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (6): Mais fotos da rodagem do filme "Quem vai à guerra"...
(*) 18 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8289: As mulheres que, afinal, também foram à guerra (6): Mais fotos da rodagem do filme "Quem vai à guerra"...
(***) Último poste da série > 12 de Junho de 2011 >Guiné 63/74 - P8409: As mulheres que, afinal, foram à guerra (15): Filme do dia: Quem Vai à Guerra (Diana Andringa)
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