UM NOVO MONUMENTO AOS QUE TOMBARAM PELA PÁTRIA!
Aos que construíram uma terra!
Ligação entre Loures e Odivelas
É certo e a história comprova-o que, antes destas terras serem portuguesas, eram mouras e, muito antes dos mouros, outros povos a habitaram, deixando vestígios da sua passagem e das suas civilizações.
Mas, desde a tomada de Lisboa em 25 de Outubro de 1147, que se tornaram nos arrabaldes da cidade, para onde ela se havia de expandir além dos muros do castelo que, sucessivamente foram sendo alargados e sendo abertas novas portas.
Como atrás dizíamos, os arrabaldes, que tomaram o nome de Termos em 1385 e assim se mantiveram, embora perdendo território aqui ou ali. As suas gentes, composta por cristãos, mouros e judeus, mantinham as suas tradições e rituais, liberdade de culto, assim como as suas festas.
Em 1527, em resultado de um censo populacional aos Termos de Lisboa, constata-se que é formado pelas vilas de: Cascais, Sintra e Torres Vedras, a Poente; Enxara dos Cavaleiros, Sobral de Monte Agraço e Aldeia Galega da Merceana, pelo lado Norte; Alverca, Alhandra, Vila Franca de Xira, Povos e Arruda dos Vinhos, para nascente, onde ainda hoje, na Estrada Nacional 10, existem, entre o Forte da Casa e Alverca, dois padrões que delimitam os Termos de Lisboa.
O Termo tinha como autoridade máxima o Corregedor do Crime, que durou até 20 de Agosto de 1624, data em que um Decreto extinguiu o cargo e nomeia, em sua substituição quarenta e dois Corregedores do Crime que tomariam o seu cargo em cada uma das trinta e três freguesias. Dada a extensão, não só territorialmente mas também pelo número de habitantes, para algumas freguesias foram nomeados mais que um corregedor. Neste documento também se verifica que a área aumentou, em virtude da inclusão de novas freguesias nestes territórios. Na lista que está indicada no documento citado, lá se encontram muitas das freguesias que, hoje, ainda fazem parte dos Concelhos de Loures e Odivelas, figurando estas como freguesias.
Os Termos, pensa-se, vai mantendo a sua estrutura na base de cerca de três dezenas de freguesias porem, se entretanto se verifica a saída de alguma delas, outras são subdivididas, mas, a partir de 1759, começa a perder as freguesias que se encontram mesmo nos limites territoriais, pela inclusão destas nas vilas que, entretanto, tinham passado a concelhos.
Com a Divisão Administrativa de 1836, as freguesias são reduzidas para vinte e duas, até que, em 1852 os Termos de Lisboa são extintos e, em sua substituição, são criados dois concelhos na zona de Lisboa: Belém e Olivais.
É nesta altura que Loures e Odivelas se afastam administrativamente, passando a pertencer a concelhos diferentes: Loures a Olivais, e Odivelas a Belém.
Porém, o curso da história não pára e, por carta de lei do dia 18 de Julho de 1855, é extinto o concelho de Belém, cuja eficácia tem início no primeiro dia do ano seguinte.
Odivelas junta-se, de novo, a Loures, ficando as duas freguesias a pertencer ao concelho dos Olivais, até que nova reforma administrativa, de 22 de Julho de 1866, é extinto o concelho dos Olivais e em 25 de Julho de 1866, por Decreto Real, é criado o concelho de Loures, onde as freguesias de Loures e Odivelas são incluídas.
Loures é elevada à categoria de vila em 26 de Outubro de 1926 e a cidade em 9 de Agosto de 1990.
Odivelas, que sofre o fenómeno de sobre urbanização, entre 1950 e 1970, tendo aumentado a sua população em quase nove vezes, passando de cerca de 6700 habitantes, para mais de cinquenta mil. Este facto vem originar a elevação da localidade a vila, em 3 de Abril de 1964 e a cidade em 10 de Agosto de 1990. Em 19 de Novembro de 1998 é criado o concelho de Odivelas, mas só assume esse estatuto, com a Lei 84/98, em 14 de Dezembro de 1998.
O Novo Monumento
A construção de um novo monumento que perpetue a memória dos que partiram, rumo além-mar e por lá combateram, desde 22 de Agosto 1415 (Conquista de Ceuta) até 11 de Novembro de 1975 (Independência de Moçambique), não é só um acto de justiça mas, porque não, o pagamento duma dívida de gratidão a quem, honrando o Juramento feito a Portugal e à sua Bandeira, tombou pela Pátria, deixando um vazio, primeiro nos camaradas que o acompanhavam, e depois nos familiares e amigos, vazio esse mais difícil de preencher, quando os corpos não retornavam a casa, ou pela prática da época ou por outra razão, como a não recuperação do corpo.
Loures - Parque da Cidade
Foto © José Martins
A forma de erigir “um marco histórico” numa das localidades que temos vindo a referir - Loures ou Odivelas - já que estão unidas por laços de centenas de anos, pode revestir-se de diversas formas.
Os locais que adiantamos, quer um quer outro, são frequentados por imensas pessoas, dado tratar-se de um local público e aprazível, convidativo ao lazer e à meditação: o Parque da Cidade, em Loures, e o Parque da Memória, em Odivelas.
Odivelas – Parque da Memória
Foto © José Martins
Poderá ter a forma de uma ponte, como a ponte de Sacavém, aliás onde começou a construção do que haveria de ser, além de território português, o espaço onde começaram os Termos de Lisboa. Uma ponte que ligasse o “passado ao futuro”; ou um aqueduto que transporta a “água que é símbolo de vida”, como os aquedutos de Caneças ou de Santo Antão do Tojal; um pórtico, qual “entrada dos heróis” para a eternidade.
Projecto monumento “Pórtico”
Desenho José Martins
Poderá ter a forma de um triângulo, a figura geométrica mais simples, mas de um equilíbrio estável, tão só, um triângulo equilátero que pode significar:
• Para os Cristãos, a Santíssima Trindade;
• Os três ramos das Forças Armadas: Exército, Marinha e Força Aérea;
• As religiões monoteístas: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo
• As classes de militares: Oficiais, Sargentos e Praças;
• Os territórios onde, as Forças Armadas Portuguesas, desenvolveram maiores esforços: Angola, Guiné e Moçambique.
Projecto / plano de Monumento “Prisma Triangular”
Desenho José Martins
Se vários triângulos se “sedimentarem ao longo dos anos”, elevar-se-ão do solo e formarão um sólido, mantendo a forma indeformável, como o espírito que formou e uniu os combatentes em campanha.
Projecto de Monumento “Mural” (2 faces)
Maqueta de José Martins
Poderá ter a forma de muro, em pedra resistente, num único bloco, simbolizando a unidade ou, em partículas ou tijolos, como que a vontade de todos e cada um de nós que, juntando forças, transformamos a aparente fragilidade numa unidade, que permite enfrentar todas as adversidades.
Mas, tenha a forma que tiver, receberá as placas que identificarão, não só a memória a que se destina, os últimos Soldados de Portugal que tombaram a defender a Bandeira das Quinas em África, mas também recordará, ”Os Combatentes Desconhecidos” de todas as épocas, porque a história se esqueceu de registar os seus nomes.
Terá necessariamente um mastro, em forma de Cruz, que servirá para hastear as bandeiras que, por direito - além da Bandeira Nacional - estarão a flutuar ao vento.
(Continua)
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Nota de CV:
Vd. primeiro poste da série de 6 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9143: Um novo Monumento aos que tombaram pela Pátria, aos que construíram uma terra (1) (José Martins)