Abisko: Coordenadas: 68°21′N 18°49′E. País: Suécia. Município: Kiruna. Condado: Norrbotten. Província: Lapónia. Fonte: Wikipédia > Abisko
1. Comentário de José Belo [, foto à esquerda,] enviado para a nossa caixa de correio:
Data: 13 de Fevereiro de 2012 13:35
Assunto: Humildade Cristã e....'Diálogos provocadores'.
Caros Editores:
O extremo isolamento de se viver dentro do Círculo Polar Árctico e a 279 quilómetros da casa mais próxima, com temperaturas atuais e diárias de mais de quarenta graus negativos, nevões infindáveis e a demasiada falta de luz solar envolvente, não torna a tão saudável passeata diária, até à porta do vizinho para dois dedos de conversa mole, algo de facilmente realizável.
É então que o computador surge como a máquina 'milagrosa' que por vezes aparenta ser. Em curtos segundos está-se na quente e fraternal Lusitânia (para os mais cínicos, talvez mais quente e fraternal quanto maior a adistância com que é observada, mas, esses, nunca nunca terão vivido verdadeiramente longe!) ,em diálogos de 'vida ou de morte' com Camaradas e Amigos totalmente desconhecidos, não fora o termos em comum a...'bagatela' da guerra na Guiné.
Na busca de comunicação, contacto, camaradagem, memórias comuns, amizades, humor ,e não menos, tudo o que de culturalmente nos UNE, haverá por vezes exageros de entusiasmo participativo. Explicáveis, mas e de qualquer modo...exageros.
É demasiado fácil cair-se na busca de um 'diálogo provocador' talvez menos compreendido pelos que não fazem a mínima ideia do que é este extremo Norte do extremo Norte Europeu. É nestas alturas que, felizmente, uma certa humildade cristã bate à porta, mesmo dos não Cristãos como eu.
Um grande abraço.
Abisko, Kiruna, Suécia, 13 Feb 2012
[Foto acima: Abisko, estação de caminho de ferro; fonte: Wikipédia > Abisko ]
[ O José Belo, para quem entrou agora na Tabanca Grande, é um senhor que vive para lá de Kiruna, no extremo norte da Suécia, e que no século passado foi Alf Mil Inf da CCAÇ 2381,Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70]. (*)
2. Comentário de L.G.:
Querido tuga, camarada e amigo Zé Belo:
Apetecia-me agora pegar numa garrafinha de aguardente do vinho verde de Candoz, da amarelinha, de 60 graus (volume de álcool), numa salpicão (feito com vinho tinto verde!), numas cebolinhas do talho (,tudo de Candoz), numa malga de azeitonas, num azeitinho de Moura, num queijinho de Azeitão, num tintol do José Manel Lopes, da Quinta da Graça (Alto Douro Vinhateiro), numas ameijoas... com coentros ("Portuguese female small clams in garlic oil and coriander", vulgo Ameijoas à Bulhão Pato) - que eu acabo de comprar, vivíssimas, nos Frutos do Mar, Porto das Barcas, Lourinhã... e tomar o avião até Estocolmo e depois o comboio até Abisko e passar aí um fim de semana, no trecolareco, contigo e com as tuas renas...
O frio e a neve (que eu não sei o que são, em Lisboa) convidam a estas pestiqueiras, tão ao nosso gosto de povo lusitano, epicurista como o Ricardo Reis e chão como o Alberto Caeiro, o "guardador de rebanhos", amigo do Fernando Pessoa... Não esqueço que cá vieste, há tempos, de propósito, à Tabanca do Centro, comer um cozidinho à portuguesa... (A conta, à moda do Porto, deu a módica quantia de 8 euros e meio; e foi aí que eu te conheci: e foi aí, em Monte Real, que me ofereceste uma pedra-talismã do círculo polar ártico)...
Infelizmente, amanhã é mais um dia de aulas, reuniões, trabalho... Ah!, e é dia dos namorados e das namoradas! (Já nos rendemos também a estas americanices)... Mas aqui fica a sugestão e a confirmação - mais para as tuas renas do que para ti - de que nesta ponta da extrema ocidental da Europa ainda há pequenas coisas que valem a pena e dão sabor à vida... E que nos vão alegrando.
Mando-te também, para mostrares às tuas renas, dois postalitos com o pôr do sol na minha aldeia (que fica a escassos quilómetros, a sul, do Baleal da tua infância, ou do Baleal em que chegaste a pensar em comprar uma casa de verão)...
Um xicoração para ti, que és um tabanqueiro muito estimado, eu direi mesmo único (ou pelo menos és o único lusolapão que eu conheço, considero e estimo). Volta sempre. Luís
Lourinhã > Porto das Barcas > 11 de fevereiro de 2012 > 19h06/19h07 > Pôr do sol sobre oceano atlântico no extremo oeste da Europa...
Foto: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
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O extremo isolamento de se viver dentro do Círculo Polar Árctico e a 279 quilómetros da casa mais próxima, com temperaturas atuais e diárias de mais de quarenta graus negativos, nevões infindáveis e a demasiada falta de luz solar envolvente, não torna a tão saudável passeata diária, até à porta do vizinho para dois dedos de conversa mole, algo de facilmente realizável.
É então que o computador surge como a máquina 'milagrosa' que por vezes aparenta ser. Em curtos segundos está-se na quente e fraternal Lusitânia (para os mais cínicos, talvez mais quente e fraternal quanto maior a adistância com que é observada, mas, esses, nunca nunca terão vivido verdadeiramente longe!) ,em diálogos de 'vida ou de morte' com Camaradas e Amigos totalmente desconhecidos, não fora o termos em comum a...'bagatela' da guerra na Guiné.
Na busca de comunicação, contacto, camaradagem, memórias comuns, amizades, humor ,e não menos, tudo o que de culturalmente nos UNE, haverá por vezes exageros de entusiasmo participativo. Explicáveis, mas e de qualquer modo...exageros.
É demasiado fácil cair-se na busca de um 'diálogo provocador' talvez menos compreendido pelos que não fazem a mínima ideia do que é este extremo Norte do extremo Norte Europeu. É nestas alturas que, felizmente, uma certa humildade cristã bate à porta, mesmo dos não Cristãos como eu.
Um grande abraço.
Abisko, Kiruna, Suécia, 13 Feb 2012
[Foto acima: Abisko, estação de caminho de ferro; fonte: Wikipédia > Abisko ]
[ O José Belo, para quem entrou agora na Tabanca Grande, é um senhor que vive para lá de Kiruna, no extremo norte da Suécia, e que no século passado foi Alf Mil Inf da CCAÇ 2381,Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70]. (*)
2. Comentário de L.G.:
Querido tuga, camarada e amigo Zé Belo:
Apetecia-me agora pegar numa garrafinha de aguardente do vinho verde de Candoz, da amarelinha, de 60 graus (volume de álcool), numa salpicão (feito com vinho tinto verde!), numas cebolinhas do talho (,tudo de Candoz), numa malga de azeitonas, num azeitinho de Moura, num queijinho de Azeitão, num tintol do José Manel Lopes, da Quinta da Graça (Alto Douro Vinhateiro), numas ameijoas... com coentros ("Portuguese female small clams in garlic oil and coriander", vulgo Ameijoas à Bulhão Pato) - que eu acabo de comprar, vivíssimas, nos Frutos do Mar, Porto das Barcas, Lourinhã... e tomar o avião até Estocolmo e depois o comboio até Abisko e passar aí um fim de semana, no trecolareco, contigo e com as tuas renas...
O frio e a neve (que eu não sei o que são, em Lisboa) convidam a estas pestiqueiras, tão ao nosso gosto de povo lusitano, epicurista como o Ricardo Reis e chão como o Alberto Caeiro, o "guardador de rebanhos", amigo do Fernando Pessoa... Não esqueço que cá vieste, há tempos, de propósito, à Tabanca do Centro, comer um cozidinho à portuguesa... (A conta, à moda do Porto, deu a módica quantia de 8 euros e meio; e foi aí que eu te conheci: e foi aí, em Monte Real, que me ofereceste uma pedra-talismã do círculo polar ártico)...
Infelizmente, amanhã é mais um dia de aulas, reuniões, trabalho... Ah!, e é dia dos namorados e das namoradas! (Já nos rendemos também a estas americanices)... Mas aqui fica a sugestão e a confirmação - mais para as tuas renas do que para ti - de que nesta ponta da extrema ocidental da Europa ainda há pequenas coisas que valem a pena e dão sabor à vida... E que nos vão alegrando.
Mando-te também, para mostrares às tuas renas, dois postalitos com o pôr do sol na minha aldeia (que fica a escassos quilómetros, a sul, do Baleal da tua infância, ou do Baleal em que chegaste a pensar em comprar uma casa de verão)...
Um xicoração para ti, que és um tabanqueiro muito estimado, eu direi mesmo único (ou pelo menos és o único lusolapão que eu conheço, considero e estimo). Volta sempre. Luís
Foto: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9412: Da Suécia com saudade (34): A doce nostalgia de uma terra… que já não existe (José Belo)