quarta-feira, 21 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13174: Tabanca Grande (435): Francisco Monteiro Galveia, a residir em Fronteira, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66), grã-tabanqueiro nº 656

Francisco Monteiro Galveia.
Foto atual

1. Resposta, de ontem,  do Francisco Monteiro Galveia, que passa a ser hoje o membro nº 656 da nossa Tabanca Grande


Aqui estou de novo, Xiko Galveia... A primeira foto foi tirada em Empada na varanda do Posto Administrativo em 1965. Vou procurar enviar novamente uma foto recente (vd. anexo).

Fiz a recruta em Quelus, especialidade em Campo de Ourique e Trafaria, mais  um mês de estágio em Estremoz e  um mês de férias, seguindo-se  a CCaç  616... Amadora, poucos dias,  e o barco Quanza a caminho da Guiné.

Os primeiros dias de viagem foram muito difíceis. O refeitório era no porão com um cheiro a tintas frescas, vómitos por tudo quanto era sítio... Valeu-me ter travado conhecimento com o chefe da cozinha do barco e, a partir daí, passei a ter rancho melhorado, fazendo parte da equipa da cozinha. Ainda levei umas sandes de bifanas para terra. 
1º cabo cripto Galveia,
na varanda do posto adminis-
trativo de Empada (c. 1964/66). 

Chegado a Bissau,  integrei o Centro Cripto local  enquanto a CCaç  616 esteve em Bissau, onde se trabalhava até à exaustão, das 9h às 21h,  com um pequeno intervalo para refeição, das 21h às 9h sem intervalo, mais a passagem de serviços uns aos outros. Quando se  trabalhava de noite, tinha que se descansar  de dia e dormir na caserna onde estava a CCaç  616 instalada com barulhos por todo o lado. 

O centro Cripto tinha pouco pessoal para o serviço que tinha, todos os dias se acumulava mais serviço, mensagens tipo rotina muitas não chegaram a ser decifradas (como haviam de ter resposta), e mesms as de  tipo urgentes passavam de uns dias para outros seguintes. 

As comunicações via rádio eram muito ruins, pelo que as mensagens chegavam sempre adulteradas, muitas vezes, depois de decifrar não se conseguia ler nada que fizesse sentido, chegava a passar por todos os operadores para as descriptar. 

Findo este período,  segue-se Empada em que eu era um desconhecido da maioria dos componentes da CCaç 616 e eu também conhecia poucos companheiros. Posteriormente falarei alguma coisa de Empada. 

Conheço bem o Joaquim Jorge, foi Comandante interino muito tempo da 616, é um homem com um H grande é a pessoa certa para falar dos acontecimentos que nos rodearam.

Um abraço.
Xico Galveia.

2. Comentário de L.G.:

Camarada Galveia, estás apresentado à Tabanca Grande, cabendo-te o lugar nº 656 (**). Podes agora sentar-te à vontade à sombra do nosso mágico, portentoso, protetor poilão. Acreditamos que há um irã bom, acocorado no alto do poilão da Tabanca Grande, que nos protege...contra os diabos maus da vida e do mundo. 

Como grã-tabanqueiro, tens direitos e deveres, sendo o mais importante o direito (e o dever) de honrar a memória de todos os nossos camaradas e de partilhar as tuas memórias.

Fazemos encontros, convívios, almoços, etc., a que não és obrigado a ir. Mas, por exemplo, gostávamos de te conhecer, em carne e osso, em Monte Real, no dia 14 de junho próximo, no IX Encontro Nacional da Tabanca Grande. Desafia o Joaquim Jorge para aparecer.

Um alfabravo (AB) do Luís Graça e demais editores e colaboradores do blogue.

PS - Se quiseres ser conhecido e tratado por Francisco Galveia (como consta na tua página do Facebook) diz-nos que a gente corrige...

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Notas do editor:

(*) Vd,. poste de 19 de maio de 2014 >  Guiné 63/74 - P13165: O nosso livro de visitas (177): Francisco Monteiro Galveia, que vive em Fronteira, Alto Alentejo... Foi 1º cabo cripto na CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) e pede para integrar a Tabanca Grande

(**) Último poste da série > 14 de maio de  2014 > Guiné 63/74 - P13138: Tabanca Grande (434): Luís Cândido Tavares Paulino, ex-Fur Mil da CCAÇ 2726 (Cacine e Cameconde, 1970/72) - Grã-Tabanqueiro 655

Guiné 63/74 - P13173: (De) Caras (18): Pedido de desculpas... Afinal não foi o oficial da GNR quem, em Portalegre, no antigo aquartelamento do BC1, nos mandou comprar a bandeira portuguesa na loja do chinês (Vasco da Gama, ex-cap cav, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74)

1. Com pedido de publicação, aqui vai um email, datado de 19 do corrente,  do nosso grã-tabanqueiro Vasco da Gama:


Camaradas, porque não me pareceu correcto colocar directamente nos comentários o texto que anexo, aqui estou a dar-vos conhecimento do mesmo para que vocês o possam fazer, acrescentando o que lhes aprouver.

Muito obrigado. Um abraço amigo do Vasco



Assunto - Pedido de desculpas (*)

Meus queridos Camaradas

Recebo amiúde telefonemas de Camaradas da minha Companhia a recordar este ou aquele acontecimnto, a perguntar pela saúde, se a consulta correu bem ou mal, a combinar novo encontro, a convidar para o baptizado do neto....enfim, vivências comuns entre Amigos.

Depois de vários deles me terem perguntado: “Já viu o nosso vídeo'”? (refiro-me ao vídeo da reunião da minha querida Companhia C.Cav. 8351 no passado 3 de Maio em Portalegre), hoje mesmo o fiz e atentei particularmente no meu discurso. Terei exagerado no que disse? Não importa agora falar sobre isso, pois o que está dito, dito está!

Na sequência da conversa que acabei de ter com o meu Camarada Parola, este esclareceu-me de que, ao contrário do que me foi dito em Portalegre e do que escrevi, o oficial de dia NÃO lhe disse : “vá comprar uma bandeira à loja dos chineses”.

O oficial apenas disse que o quartel não tinha bandeira disponível para nos ceder, tendo o meu Camarada Augusto Covas dito ao Parola: “Vamos comprar uma bandeira à loja dos chineses” e foi isso que fizeram! 

Aqui estou a pedir públicas desculpas por ter induzido em erro os Camaradas que se deram ao trabalho de ler o meu texto.

Tenho demasiado respeito e carinho por este local de encontro para me “ficar nas covas” .

Quanto ao resto, incluindo a não disponibilidade de uma bandeira de Portugal para cobrir a lápide onde figuram os nomes dos meus Companheiros que tombaram na Guiné, à falta de afecto e solidariedade para com a minha CCav. 8351, está dito e aqui o repito. Ninguém mo disse, vivi-o!

Tal como o grande José Régio, considerado por alguns dos intelectuais da nossa praça como poeta menor, também a minha querida CCav 8351 teve um tratamento pouco consentâneo com o respeito que lhe é devido.

Vasco A. R. da Gama

[Negrito, do autor; realce a amarelo, do editor]

2. Comentário de L.G.: 

Vasco, errar é humano. E pedir desculpas mais humano é. Muitos dos nossos conflitos (a começar pelos que temos tido, aqui, na Tabanca Grande, e que felizmente não têm sido muitos nem de maior gravidade, em 10 anos de existência...) resultam de problemas de perceção e comunicação, em última análise de "mal entendidos" (como diz o povo)...

Aqui fica o teu pedido de desculpas, mais um exemplo da tua grande nobreza de caráter, o que não invalida a constatação da desconsideração de que foram objeto os bravos tigres de Cumbijã, em Portalegre, nas antigas instalações do BC1, hoje centro de formação da GNR. Vemo-nos em Monte Real, no dia 14 de junho.  Guardo o meu alfabravo fraterno e solidário para te dar, ao vivo, nesse dia e lugar,  na festa anual da Tabanca Grande.
___________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 16 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13151: (De) Caras (17): A nudez da pedra, o Vasco da Gama e os seus "tigres do Cumbijã"... Convívio anual da CCAV 8351 (Cumbijã, 1972/74)

Guiné 63/74 - P13172: Blogpoesia (381): De Catió ao Cachil, na minha canoa, ao som da serenata de Schubert... (J. L. Mendes Gomes)


Guiné > Região de Tombali > Ilha do Como > Cachil > 1966 > Interior do aquartelamnento

Foto: © Benito Neves (2008). Todos os direitos reservados.



Guiné > Região de Tombali > Catió > BCAÇ 619 (1964/66) > Grupo de oficiais à mesa, no famoso bar Tombali, em Catió. Há dois palmeirins, da CCAÇ 728: o alf mil J.L. Mendes Gomes, o 2º a contar da direita, de óculos escuros, assinalado com um círculo vermelho; e o alf mil Gonçalves, o 1º a contar da esquerda. Os restantes pertenciam à CCS do BCAÇ 619, então sedeado em Catió, com destaque para o major Luís [António Moura] Casanova Ferreira [, hoje coronel reformado,] de bivaque na cabeça e camuflado, ao fundo (era o homem grande da logística do batalhão e foi um dos mentores e atores do 25 de Abril). Da direita para a esquerda, são ainda visíveis o alferes de transmissões do batalhão - o Teixeira; a seguir ao J.L.Mendes Gomes, o alferes, do Pel Art, de apelido Maia); e por fim, o alferes Pires Marques, de cavalaria (Pel Rec).

Foto do álbum do nosso camarada e amigo J. L. Mendes Gomes, ex-alf mil da CCAÇ 728, (Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), jurista reformado e poeta, vivendo entre Mafra e Berlim.

Foto (e legenda): © J. L. Mendes Gomes (2006). Todos os direitos reservados.



De Catió ao Cachil
(na minha canoa...)


por J.L. Mendes Gomes


Tomo minha canoa,
Dum tronco apenas.
Vou serenamente,
De Catió ao Cachil.

Rio Cumbijã ou seu afluente,
Já não lembro o nome.

Agora posso olhar
Ambas as margens,
Sem espingarda nas mãos.

Rio cinzento,
Sinuoso,
Ora tão largo,
Ora tão estreito.
Jacarés a dormir.

Há jagudis,
De asas tão largas,
Poisados nas árvores.
Parecem lacraus.
Onde metem o bico,
Tudo se vai.
Só dá para fugir.
Há tanta lama,
Debaixo dos ramos.
Fazem trincheira.
Ninguém se atreve
A pôr-lhe os pés.

Ao cabo dum dia,
Sempre a remar,
Chego esvaído
Ao cais do Cachil.

Ele lá está,
Chão de palmeira.
Que estrada-avenida,
Sempre a subir.

Vou a caminho.
Pé ante-pé.
Sobre os toros.

Lembro o passado.
Vestido de tropa.
Olhos trementes.
O inimigo à espreita.

Depois da granada,
Para espantar jacarés,
Lançávamo-nos ao rio,
Ó que banhoca.
Parecia uma praia,
Povoada de peixes,
Que o estrondo matou.

E aquele quartel,
Onde passei nove meses,
Era um palácio real,
Defendido com todos os dentes.
Hoje é repasto de rãs,
Cobras, serpentes.
Pedaços de vidas,
Tão jovens,
Que não mais voltam a ser.
Ali jazem sepultados.
Porquê?...E para quê!?...

Que fadário mais triste!.


Ouvindo “serenata de Schubert
Berlim, 10 de Maio de 2014
15h47m
Joaquim Luís Mendes Gomes


_____________

Nota do editor:

Último poste da série > 8 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13113: Blogpoesia (381): Gestor de ausências (António Eduardo Ferreira)

Guiné 63/74 - P13171: Efemérides (155): O baile dos alunos finalistas da Escola Técnica de Bissau na Associação Comercial, Industrial e Agrícola, em 5 de junho de 1965: "Alto lá e pára o baile!" (depoimentos de Virgínio Briote, João Parreira e Luís Rainha)



Guiné > Bissalanca > 1966 > Comandos a caminho de Bafatá, junto ao Dakota para operações na região do Xitole.


Marcelino da Matam, então 1º cabo,  é o primeiro da esquerda, na segunda fila, de pe.  O alf mil Briote é o segundo, a contar da esquerda, da primeira fila. O Capitão Rubim (hoje cor art na reserva) é o 6º da primeira fila, também a contar da esquerda.

Guiné > Bissalanca > 1966 > Comandos a caminho de Bafatá, junto ao Dakota para operações na região do Xitole. São essencialmente elementos do Gr Cmds Diabólicos, de que era comandante o nosso querido amigo, camarada, grã-tabanqueiro e editor (jubilado) Virgínio Briote, para quem mandamos um xicoração fraterno e que esperemos reencontrar em Monte Real, no dia 14 de junho próximo.


Foto: © Virgínio Briote (2005). Todos os direitios reservados [Edução: LG]


1. Vai fazer 50 anos, para o ano, o célebre baile dos finalista da Escola Técnica de Bissau (e não propriamente do Liceu  Honório Barreto), que ficou bem gravado na memória de alguns dos camaradas que pertenceram aos comandos do CTIG (Brá, 1965/66) como foi o caso dos nosso grã-tabanqueiros Virgínio Briote (, um histórico do nosso blogue, como autor e coeditor), João Parreira e Luís Raínha...

O Virgínio e o João já publicarm, na I Série, em 2005, a sua versão dos acontecimentos dessa noite, em que um grupo de militares, comandos e outros, forçaram a entrada no baile, por vol,ta das 2 h da manhã, e travaram-se de razões com os organizadores.  Os desacatos que se seguiram obrigaram à intervenção da Polícia Militar e da PSP. No final, acabou tudo à boa maneira portugesa, com umas porradas para uns bodes expiatórios e pedidos de desculpa do governador Schulz à Associação.

Não nos compete julgar o comportamento de nenhuma camarada nosso, de acordo com o espírito e a letra das nossas  normas editoriais.  Cenas destas passaram-se na metrópole, envolvendo civis e militares. Mas. neste caso, estamos num território em guerra, e numa cidade, Bissau, ainda em pleno desenvolvimento, mas com sinais de crispação entre os militares, metropolitanos, e a elite crioula...

Juntamos aqui 3 depoimentos, de camaradas nossos que estavam lá nessa noite: além do Virgínio e do João, o Luís Rainha (que é também o fundador., administrador e editor principal do blogue Comandos da Guiné- 1964 a 1966, co-editores: Júlio Abreu e João Parreira, os três também membros da nossa Tabanca Grande).

Os acontecimentos tiveram lugar na Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau, mesmo nas barbas do Governador Arnaldo Schulz.

Não encontrámos até à data nenhuma versão da parte dos civis,  organizadores do baile ou da direção da associação, muito menos do PAIGC (que ocupa hoje este edifício, de resto o melhor edifício da Bissau colonial, segundo a conceituada especialista em arquitetura colonial  estadonovista, a Ana Vaz Milheiro, já aqui vátias vezes falada).

Não sabemos de eventuais ligações, nesta época, ao PAIGC; por parte da direção ou de alguns membros dos corpos sociais da Associação Comercial e Industrial de Bissau, como parece insinuar o Luís Rainha no seu depoimento. O EliséeTurpin foi secretário-geral desta  Associação, de 1973 a 1976,  e não em 1965 (como já escreveu algures o Virgínio Briote), O que é mais espantoso é como é que o homem conseguiu escapar às malhas da PIDE/DGS, vivendo à luz do dia em Bissau... Nunca foi preso... Afinal tratava-se, nada mais nada menos, de um dos fundadores do PAIGC, em 1956!... Só há uma explicação, quanto a mim: a escola de resistência do PCP-Partido Comunista Português, de que o Elisée Turpin também era (ou tinha sido) militante...

Esta junção dos três textos, para além de uma homenagem aos seus autores (e muito em particular ao nosso editor jubilado Virgínio Briote que superou um grave 'roblema de saúde, do foro oftalmológico, ainda não há muito tempo) , é também uma forma de dar a conhecer melhor, aos nossos leitores mais recentes (ou "piras"),  o ambiente que se vivia em Bissau, em meados de 1965,  no tempo do Arnaldo Schulz, o general que antecedeu o António Spínola.



Guiné > Bissau > s/d > Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 144". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal). O melhor edifício da cidade, segundo Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura colonial estadonovista. É hoje sede... do PAIGC!

Foto: © Agostinho Gaspar / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine   (20q0). Todos os direitios reservados [Edução: LG]



Guiné > Brá (?) > Setembro de 1965 >  Virgínio Briote, ao centro, tendo à sua esquerda o Marcelino da Mata e o Azecedo e *a sua direita o Black e o Valente

Foto: © Virgínio Briote (2005). Todos os direitios reservados [Edução: LG]


(i) A versão (ligeiramente ficcionada) do Virgínio Briote
ex-alf mil, comando, cmdt do Gr Cmds
Diabólicos (CTIG, Brá, 1965/66)

[Os parênteses retos, em itálico,  são da responsabilidade do editor,  LG]

Morreu um tipo de um país qualquer, o Salazar decretou 3 dias de luto e lá estamos nós a ouvir música de mortos com a nossa bandeira a meia haste. Custa-me engolir estas histórias quando os nossos mortos estão a ser ignorados.

Fala-se no próximo baile de finalistas, que vai ser uma festa de arromba! Alguns dos nossos vão roncar com as namoradas ou com os arranjinhos. O Uva   [, João Parreira,] anda todo satisfeito, até o Quintanilha, aquele alferes dos páras, mandou vir da metrópole um fato de cerimónia.

Quando estive de férias na metrópole logo a seguir à formação dos grupos, os Fantasmas accionaram uma mina e foi o que se sabe, 9 dos nossos já lá estão. Entre eles,  o meu grande amigo Artur. Morrem-nos 9 homens e a Emissora Nacional continua a twist e ié-ié. É isto que me custa engolir, estão a ouvir? E ainda por cima, cabo-verdianos e alguns sectores guineenses não vêem com bons olhos a nossa presença nas festas deles!

Mas que raio estava aqui a fazer? A Guiné não lhe estava a dizer nada, não a sentia como sua, até se sentia um intruso. Até com os civis brancos, poucos, duas dúzias se tanto, sentia-se sem convite.

Na esplanada do Bento, a 5ª Rep, como também era conhecida , bebia cerveja com mancarra, num grupo de 5 ou 6 comandos e páras. Um terá dito que naquela noite, na Associação Comercial de Bissau, havia o baile dos finalistas do Liceu [,  ou melhor, Escola Técnica de Bissau]. Outro lembrou-se de perguntar se alguém recebera convite. Eu não, tu não, aquele também não…Ninguém se lembrou de nós, como pode ser? Queres ir?

Dentro da Associação, no enorme salão de baile, finalistas e familiares todos animados a dançarem, com o Toni ao piano. Quando os viram entrar em fila, alto lá e pára o baile!... Depois, ninguém soube bem como tudo começou…

A princípio, as frentes pareciam bem delimitadas, os participantes em festa de um lado e a meia dúzia de intrusos do outro. Com o decorrer das hostilidades, as duas partes em confronto clarificaram-se ainda mais. Entre vivas ao camarada Presidente Amílcar, um pelotão da PM  entrou por ali dentro, despachou tudo o que lhe apareceu pela frente, trinta e tal tipos com escoriações para o hospital, a polícia civil e a pide também metidas. Vidros e loiças em cacos, cadeiras e mesas partidas, uma noite que nunca mais acabava.

Mesmo em frente ao Palácio do Governo, onde, soube-se depois, da janela, o Governador [, gen Arnaldo Schulz,] via aqueles gajos darem-lhe cabo da psico. Uma vergonha!

Os acontecimentos na Associação Comercial alteraram o ambiente na cidade. A desconfiança entre a população negra, cabo-verdiana e a tropa, os nervos crispados, a porcaria mais ou menos submersa, subiu tudo. Tentava-se levar a vida normal, mas via-se pouca gente nas ruas, sobretudo à noite. A PM aumentara os patrulhamentos. O PAIGC, como lhe competia, aproveitava e tirava dividendos.

Nos dias a seguir ao sucedido choveram exposições no Palácio, sete, dissera todo cheio de importância o ajudante de campo do Governador. O General Shulz recebera numerosas individualidades civis, apresentara desculpas formais à Associação Comercial e aos finalistas, prometera pagar os prejuízos, tomar providências enérgicas, o habitual nestes casos.

Em Brá, o capitão [, da CCmds / CTIG, Nuno Rubim,]  interrompeu os desenhos que estava a fazer quando o viu entrar. Começou por lhe dizer que as saídas para a cidade estavam proibidas. Depois, pediu-lhe explicações. Que se tudo tinha acontecido como se contava, que não tivesse dúvidas que haveria consequências. O Governo da Província estava a ver o programa de pacificação a andar para trás, que aguardasse o auto de averiguações, que era tudo, chutara o capitão, cada vez mais longe dele e dos outros. Logo a seguir deu-lhe ordem para ir para o Xitole, o grupo deveria manter-se lá até nova ordem, sem mais detalhes. Bater a zona, procurar o IN, dar-lhe caça, para que é que havia de ser?

Embarcaram num Dakota até Bafatá, depois apanharam boleia numa coluna auto que os levou para Fá, rumo ao Xitole, numa coluna a abarrotar de abastecimentos.

Até Fá Mandinga o percurso foi-se fazendo. Depois, até ao Xitole, foram sempre debaixo de chuva, os quilóemtros nunca mais acabavam, as viaturas civis que aproveitaram a boleia não estavam preparadas, metiam-se na lama até à carroçaria. O Corubal parecia o Atlântico quando o atravessaram. Chegaram no outro dia à noite, com os reabastecimentos reduzidos a metade, alguns destruídos pelas águas, outros desapareceram, ninguém soube dizer como.

Mantiveram-se lá quase 3 semanas, contactaram com o IN nas proximidades do Galo Corubal, em Satecuta [, subsetor do Xitole, na maregm direita do Rio Corubal]  , sem consequências para além de trocas de tiros à distância.

Da estadia no Xitole o que os marcou mais foi a chuva. E o toque a silêncio, tocado à noite por um profissional da corneta. Um solo de requinta, de arrepiar!

Percurso inverso, quase a mesma história, com a diferença de ter sido feito a pé até Bambadinca.

Dias depois em Brá, um capitão procurou-o, queria ouvi-lo para o tal processo que estava a decorrer, já tinha ouvido os outros, só faltava ele. O que tinha acontecido, como, quando, porque é que, quem fora o cabecilha, leia, assine aí em baixo, alferes Gil Duarte [, alter ego do autor.,]se estiver de acordo.

À noite fora até Bissau, encontrar-se com os companheiros do costume. Passaram-lhe para as mãos a Plateia, uma revista de cinema que saía em Lisboa. Folheou-a, os olhos na Brigitte Bardot a fazer festas no focinho de um burro, um pé da Sofia Loren num banco a tirar a meia preta com um tipo qualquer deitado numa cama, à espera. Parou numa página. Crónica da Guiné na Plateia, ora deixa ver! Uns arruaceiros tinham invadido as instalações da Associação, interromperam a festa dos finalistas e partiram tudo, à boa maneira dos teddy-boys de Liverpool e Manchester, escrevia escandalizado o correspondente [, que assinava Joaão Benamor]. Olharam uns para os outros, calados.

Fica assim, perguntou alguém? Que não, que era melhor falar com o correspondente, esclarecê-lo, tirar-lhe as dúvidas. Bissau era pequeno, foram até à esplanada do [Café] Bento [, a 5ª Rep], disseram que ele devia estar lá para cima, no café Império.

Encontraram-no, estiveram com ele, explicaram-se uns aos outros. Não foi logo na Plateia seguinte, mas a rectificação leram-na dois meses mais tarde, acompanhada de um cartão com os melhores cumprimentos.

Entraram no gabinete, fizeram-lhe a continência e puseram-se os 5 em linha, aprumados [, 2 alferes e 3 furrieis, todos dos Cmds / CTIG]. O Brigadeiro Sá Carneiro, Comandante Militar, mexia nuns papéis em cima da secretária, não encontrava, abriu gavetas, ah, estão aqui, satisfeito. Quando levantou os olhos para eles, mudou de cara.

Ora bem, meus senhores, antes de mais, devo manifestar-lhes a pena que tenho de os ter aqui nestas circunstâncias. Já tive convosco manifestações de apreço, quando o mereceram, o que não é o caso desta vez, infelizmente. Relatar aquilo que ficou apurado, é desnecessário…

Puno o alferes comando…., olhava primeiro para o citado, escrevia depois, três, cinco dias de prisão simples, o critério nunca se soube, porque no dia tal, às tantas horas,…grave prejuízo para a tranquilidade e bem-estar públicos…contrariando os esforços que o governo da Província…a lenga-lenga igual para todos.

Não sabia porquê, tinha apanhado três dias de prisão, a pena mínima, sabia lá, cara fechada para o Justo [1º cabo, guineense, do Gr Cmds Diabólicos, mais tarde, oficial graduado da 1º CCmds Africanos] que lhe perguntava porquê uma pena tão reduzida.

Desciam a escadaria quando o ouviu chamar outra vez, ó Gil, então, quando vais de férias?


(ii)   Depoimento do João Parreira  (ex-fur mil comando, Gr Cmds Fantasmas, CTIG, Brá, 1965/66)


[Foto à esquerda: O Joâo Parreira e o Vassalo Miranda, Bél+e, mo dia 10 de junho de 2010. Fotp de L,.G..]

[Os parênteses retos, em itálico,  são da responsabilidade do editor,  LG]



Conforme o prometido, passo a descrever a minha participação e os acontecimentos que deram origem à narração do V. Briote em 13/11/05 (*) sobre o baile dos Finalistas da Escola Secundária [, Escola Técnica, e não Lice«u],  realizado em Bissau, no Sábado, em 5 de Junho de 1965.

Na manhã daquele dia para me descontrair tinha ido com alguns camaradas para Quinhamel, uma vez que estava com grandes projectos para aquela noite. Semanas antes tinha conhecido a Helena,  uma moça cabo-verdeana, que era o que se costuma dizer uma “brasa” e andava todo entusiasmado.

Na véspera do baile, a Helena que era finalista, disse-me que me ia arranjar um convite para assim poder ir com ela . No próprio dia encontrei-me com ela da parte da tarde e ela disse-me que não tinha conseguido obter um convite, mas que me tinha comprado um bilhete. Assim dei-lhe os 100 pesos correspondentes ao preço do bilhete.

Estava a dançar com ela, já devia ser madrugada quando ouvi um grande borburinho, virei-me e reparei que o motivo era a entrada sem bilhete de vários militares desconhecidos e logo a seguir uma cara conhecida.

A música não parava de tocar e os pares continuavam a dançar. Várias finalistas e familiares encontravam-se sentadas em cadeiras que tinham sido colocadas junto às paredes. Alguns dos recém-chegados dirigiram-se de imediato a estas finalistas a pedir para dançar, mas não tiveram sorte.

No salão enorme, junto a uma das janelas encontrava-se uma mesa rectangular bastante comprida que dominava todo o salão e que estava totalmente ocupada com africanos e cabo-verdeanos que presumi serem os professores e o Principal [ , diretor] da Escola [Técnica].

Guiné > Bissau > Fevereiro de 1965 > O Furriel Miliciano Comando João Parreira, já depois de ter saído da CART 730... "Esta foto foi tirada numa esplanada em frente ao Hotel Portugal, creio que se chamava Café Universal".

Foto: © João Parreira (2005).Todos os direitos reservados


Notava-se que os ocupantes desta mesa ficaram furibundos com a intrusão. O alf Godinho, um dos “velhinhos”, foi um dos últimos a entrar, pelo que dirigiu-se logo para essa mesa e foi falar calmamente com um dos que se encontravam sentados no centro da mesa.

Desconheço o teor da conversa, mas o certo, pois eu estava a dançar perto, é que um deles lhe atirou com uma garrafa à cabeça. De imediato,  vindo da mesma mesa,  ouviu-se um deles gritar e logo a seguir outros a fazerem coro: "Se o nosso chefe estivesse aqui, e não em Conacri, nada disto acontecia”.

Com esta agressão e com as palavras insultuosas o ambiente ficou desde logo muito tenso.

Com todo este reboliço entraram de rompante 2 ou 3 camaradas que tinham ficado à porta do edifício, já que o porteiro não os tinha deixado entrar.

O Furriel V[assalo] Miranda alheio à situação e que na altura andava a passear o seu inseparável whisky, deixou-o ficar no hall de entrada à guarda de um porteiro, e também entrou.

O contacto físico em vários pontos do salão, não muito distante da pista de dança, começou já passava das 03h00 e prolongou-se por bastante tempo.

Apesar do que se estava a passar, a música não parava de tocar e parecia que todos os pares queriam estar alheios à situação. Como não podia deixar de ser, parei de dançar e pedi à Helena para não sair da pista pois ia ajudar os meus camaradas, e depois voltava.

Ela, que foi fantástica, disse-me para não ir pois podia ficar magoado, mas eu tranquilizei-a dizendo-lhe que em Lisboa tinha praticado boxe em clubes e tinha entrado em vários combates públicos.

Assim , por 3 ou 4 vezes, dava um pezinho de dança, atravessava a pista por entre os pares, ia a uma das zonas da pancadaria, envolvia-me como podia no meio de um dos grupos em contenda dava uns bons pares de murros e, quando me sentia satisfeito lá voltava novamente para junto da moça para continuar a dançar.

Dado o reboliço que se gerou também entraram no salão vários paraquedistas para darem uma ajuda aos que se encontravam em minoria. Entretanto alguém deve ter chamado a PM que entrou mais tarde e começou logo a tirar os nomes à rapaziada.

Tive mais sorte que o VB [, Virgínio Briote,]
e os outros camaradas pois logo que vi a PM entrar na nossa direcção apressei-me, sorrateiramente, a atravessar o salão pelo meio dos pares, a fim de ir ter com a Helena (a minha tábua de salvação) que estava a dançar sòzinha e agarrei-me logo a ela, pelo que a PM não deve ter percebido que eu também tinha andado no barulho.

Acabado o baile fui levar a Helena a casa, mas depois destes acontecimentos o ambiente não era propício pelo que vi gorados os projectos que tinha idealizado em Quinhamel.

Ao fim e ao cabo, feitas as contas tive sorte a dobrar pois livrei-me de ser punido e como tal de ter que ir passar uns tempos ao mato.

Domingo, 6 de Junho de 1965, às 19h00 dirigi-me com o V [assalo] Miranda e alguns fuzileiros para a Praça do Império onde se encontravam vários grupos de africanos em atitudes provocadoras e hostis, para tentarem tirar, talvez, ainda mais dividendos dos acontecimentos daquela madrugada.

Não sei bem como tudo começou, mas um deles apanhou o Miranda distraído e aplicou-lhe um tremendo murro que fez com que ele vacilasse, e depois fugiu. Corremos atrás dele mas não o apanhámos na rua pois foi refugiar-se no cinema UDIB. O porteiro, cabo-verdeano, que estava já a correr a porta de lagartas para o proteger não o conseguiu fazer, já que, com a ajuda do meu cinturão foi persuadido a não a fechar, e assim o Miranda entrou e ficou a sós com o seu agressor.

Voltámos para a Praça do Império onde o número de africanos tinha aumentado de uma forma incrível e notavam-se as mesmas atitudes agressivas. Como estávamos, mais uma vez, em grande desvantagem numérica, e com o intuito de os intimidar e evitar o confronto, mandei pedir a Brá para quem nessa altura estivesse disponível viesse ao nosso encontro.

Passada meia-hora chegou um jeep com o condutor e um Alferes (o único que vinha armado para o que desse e viesse) e logo atrás uma Mercedes com mais pessoal.

Infelizmente a intenção não deu resultado pois, ao aperceberem-se da chegada,  os africanos atiraram-se a nós à tareia usando os punhos e os pés.

Assim cada um de nós estava a ser agredido por 3 ou 4 pelo que, para evitar o pior, decidimos resolver o assunto com a máxima rapidez, e para esse fim usámos os nossos cinturões a torto e a direito, o que teve o condão de os obrigar a fugir. 

Com a Praça vazia usámos os mesmos veículos e regressámos a Brá.


(iii) Depoimento do Luís Raínha, ex-alf mil, comando, 
cmdt do  Gr Comandos Centuriões, CTIG,
Brá, 1965/66  (***)

A minha narrativa vai ser um pouco diferente, pois, eu fui ao baile convidado por uma Família de um dos finalistas, ou seja, todo o mundo sabia, sabe e sempre soube que eu tive uma grande paixão e amor por uma moça da família Barbosa. Uma das famílias mais importantes da Guinè, a Lu, como carinhosamente a tratava e ainda hoje a lembro com saudade.

Muitas coisas se fizeram contra este amor, a tudo ele foi resistindo, mas houve uma altura que caíu.
Bem, vamos ao que interessa, que é o Baile de Finalisatas do Liceu Honório Barreto de Bissau. Já lá vão cerca de quarenta e cinco anos e ainda me parece que foi ontem.

Pelas 19H00 do dia 05Jun65, o condutor do meu Grupo foi-me levar a Bissau e perguntou-me se era necessário ir-me buscar. Respondi que não, pois eu me arranjaria. Deixou-me junto à porta de casa de minha namorada e foi-se embora, dizendo um breve , até amanhã.

Fui buscar a Lu e fomos jantar ao Grande Hotel e de lá fomos para o baile. Não há que  contar novamente tudo, pois os meus camaradas já o fizeram e como tal interessa só o que se passou connosco, o que vi e ouvi. 

Já durante a jantar fui ouvindo que se estava preparar algo contra os brancos, informo que a minha Companheira era morena - muito bonita, pois não os iam deixar entrar no referido baile, como mais tarde aconteceu.

Depois do jantar, como era cedo ainda passámos por casa e os rumores continuavam; chegando ao ponto da própria me alertar de que podia ir descansado pois estava convidado. Chegados ao baile fomos à mesa que nos estava reservada e a seguir fomos dançar, mas o ambiente era tenso e ainda nem sequer se via nada de anormal. Cerca das duas horas da manhã é que as coisas começaram a azedar com a entrada em cena da tropa branca, que logo foi rodeada pelos cabo-verdianos aos gritos e insultos.

Estava declarada a guerra há tanto tempo esperada pelos cabo-verdianos. O pior de tudo é que os nossos Chefes não viram ou não quiseram ver as coisas como elas eram e estavam a acontecer. Enviaram as PM e a Policia civil para dar em tudo que fosse branco.

Eu, a única coisa que fiz foi proteger a senhora que estava comigo, por consequência à minha guarda. Colocando um dos meus braços por cima dos seus ombros e com o cartão de oficial do exército lá fui abrindo caminho pelo meio da multidão e dos Policias, estes distribuindo cacetada por tudo quanto era sítio, não poupando ninguém, tentavam aclamar os ânimos.

Quando íamos a caminho de casa vimos o General Shulz à varanda em pijama a ver o espectáculo.
Claro, que quando os cabo-verdianos quiseram a coisa acabou.

De tudo isto, podem-se tirar várias conclusões, mas duas  há que saltam logo aos olhos de qualquer pessoa medianamente inteligente. Toda a barraca foi muito bem preparada pelo PAIGC e os nossos Chefes da altura caíram que nem uns patinhos. E porquê? Por causa da ''psico-social', uma palermice em que os nossos governantes acreditavam ou queriam acreditar.

[Luis Rainha, foto atual à esquerda] 

Assim, acabou um episódio (****)que podia ter facturado para o nosso lado, mas pela incompreensão dos Chefes Militares foi o adversários que ficou com os louros.

Mas, sempre foi assim, nós havemos de ser os eternos coitadinhos.

(iv) Punições a que  foram sujeitos 4 dos 5 comandos alegadamente envolvidos nos incidentes do "baile dos alunos finalistas da Escola Técnica de Bissau" (*****)  

(Felizmente,  estes incidentes entre nuilitares e civis não pocdem ser comparados com os que tiveram lugar, em Bissau, precisamente dois anos depois, envolvendo paraquedistas e fuzileiros, e de que resultaram 2 mortos) (******).





Cópias da Ordem de Serviço nº 70, de 27 de agosto de 1965, do CTIG em que são punidos com prisão disciplinar 3 furrieis milicianos e um alferes miliciano da CCmds / CTIG, Brá, 1965/66. Rasurados os seus nomes. (Cortesia do blogue Comandos da Guiné- 1964 a 1966).

________________

Notas do editor:

(*) Vd. I Série  do nosso blogue > 13 de novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXVII: O 'baile dos comandos' na Associação Comercial [Virgínio Briote]

(**) Vd. I Série do nosso blogue > 13 de dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXIII: O baile dos finalistas do Liceu de Bissau de 1965 (João Parreira)

(***) Vd. blogue Comandos Guiné - 1964 a 1966 > 24 de abril de 2010 >  G.C.G. - A0032: Uma histórica verídca de vez em quando- 2ª Parte > O Celebérrimo "Baile na Associação Comercail de Bissau"

(****) Último poste da série > 4 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P12094: Efemérides (151): Dia da Mãe... Para celebrar, hoje como ontem, com poesia (Joaquim Luís Fernandes)

(*****) Recorde.se aqui a criação e a extinção da CCmds / CTIG, Brá, 1965/66

 Para dar continuidade à formação de Grupos de Comandos é criada a Companhia de Comandos do CTIG (CCmds / CTIG) sendo nomeado seu comandante o Cap Art "Cmd"  Nuno Varela Rubim. Em 20 de Fevereiro de 1966 é nomeado comandante da CCmds / CTIG o Cap Art.«Cmd» José Eduardo Garcia Leandro.

O 2º.Curso de Comandos tem início em 7 de Julho de 1965, terminando em 4 de Setembro do mesmo ano, com a formação de 4 Grupos de Comandos designados por:

«Diabólicos» Alf. Mil. «Cmd» Virgínio Silva Briote
«Centuriões» Alf. Mil. «Cmd» Luís Almeida Rainha
«Apaches» Alf. Mil. «Cmd»  Neves da Silva
«Vampiros» Alf. Mil. «Cmd» Pereira Vilaça

O 3º. Curso de Comandos, realizado pela CCmds / CTIG aquartela da em Brá, tem início em 9 de Março de 1966 terminando a 28 de Abril de 1966, constituído por militares voluntários pertencentes a Unidades sediadas na Guiné e que se destinavam a recompletamento de Grupos de Comandos.

(...) Com a chegada a Bissau da 3ª.Companhia de Comandos, vindos do CIOE - Lamego, é extinta em 30 de Junho de 1966, a CCmds / CTIG, ficando, somente em actividade, até finais de Setembro de 1966 o Grupo de Comandos «Diabólicos»,  data em que a maioria dos militares que o integravam terminava a sua comissão de serviço.

Fonte:  Regimento de Comandos > História dos Comandos > CCmds / CTIG,  Brá, Guiné

(******) Vd. poste de 2 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5580: FAP (44): A verdade sobre os incidentes, em Bissau, em 3 de Junho de 1967, entre páras e fuzos... (Nuno Vaz Mira, BCP 12)

(...) Na noite de 3 de Junho de 1967, no final dum jogo que parecia ter decorrido de forma idêntica a tantos outros, entre o ASA – acrónimo de Atlético Sport Aviação, o clube dos militares da Força Aérea – e a equipa onde alinhavam os marinheiros, sucedeu o inesperado: estes, depois de trocarem insultos e provocações com os pára-quedistas, como era hábito, abandonaram o recinto desportivo, numa atitude pouco consentânea com os seus comportamentos recentes.

Os páras correram atrás deles pelas ruas da cidade, não imaginando que, algumas centenas de metros à frente, emboscado num prédio em construção, um grupo de fuzileiros armados com G-3 se preparava para os atacar a tiro. Custa a entender onde aqueles homens foram buscar ânimo para levar a cabo semelhante acto, mas a verdade é que foram capazes de abrir fogo à queima-roupa sobre camaradas de armas desarmados, matando de imediato o 1.º cabo Ismael Santos e o sold. Fernando Marques, para além de terem provocado ferimentos noutros soldados. (...)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13170: Convívios (598): Rescaldo do Encontro do pessoal da CCAÇ 816, realizado no passado dia 10 de Maio de 2014 nas Caldas das Taipas ( Rui Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 12 de Maio de 2014:

Caro e estimado amigo Vinhal:
Recebe um abração!

No passado sábado, e como é habitual fazer no segundo sábado de Maio, a Companhia de Caçadores n.º 816, que esteve na Guiné entre 1965 e 1967, realizou mais um Convívio anual e que, mais uma vez, teve, para grande satisfação da malta, uma boa presença.

Cerca de 60 (!) militares da Companhia conviveram alegre e fraternalmente durante praticamente todo o dia. Esposas, muitas, filhos e netos – não faltará muito para haver bisnetos- juntaram-se também à grande festa da 816.

O evento realizou-se desta feita nas Caldas das Taipas (Guimarães), terra do seu realizador, o grande amigo “Manel das Taipas”, um elemento da 816, claro está.

A festa começou com a concentração do pessoal no Largo da Feira junto aos bombeiros.
Seguiu-se a habitual missa por Ação de Graças dos que faleceram, os muito saudosos e queridos da Companhia, o Furriel Silva e o soldado Manso que deixaram a vida em combate, e outros que entretanto e ao longo do tempo nos foram deixando. A Missa teve lugar na bonita Igreja de Sande S. Martinho onde pontificavam bonitos altares em talha dourada e pinturas no teto adequadas à religião.
Um bonito Grupo Coral deu mais brilho à cerimónia.

No restaurante Albino, também na localidade de Sande S. Martinho, seguiu-se o almoço de confraternização.
Pelo meio da tarde, o momento solene da divisão do Bolo tradicional, sempre com o emblema da 816 destacado, e com o champanhe a acompanhar.

O Capitão, Comandante da Companhia (hoje Tenente Coronel reformado) Luís Riquito, fechou a cerimónia com a habitual e reconfortante alocução.

A despedida teve então lugar com abraços e mais abraços agora já com lágrima a aflorar nos olhos (sempre são quase 50 anos que partimos para a Guiné) de muitos, pois, como alguém disse, a vivência na guerra da Guiné tornou-nos muito, muito mais, que amigos.

Eu, com o amigo Jorge, figura incontornável da Companhia que veio com esta para Portugal. Viveu e cresceu com a família Marques (o Luís José Marques, Furriel da Companhia) que o acolheu e protegeu de forma insuperável

 A cerimónia litúrgica na bonita Igreja de Sande S. Martinho

 Na escadaria da Igreja houve lugar à foto de família (só os ex-militares)

A sala do restaurante preenchida com os militares da 816 e suas famílias

O bolo tradicional muito bem desenhado e confecionado

O Capitão Luís Riquito parte o bolo com a “ajuda” de um neto do “Manel das Taipas”
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13168: Convívios (597): Rescaldo do Convívio da CART 2679 e Pel Caç Nat 65, realizado nos passados dias 10 e 11 de Maio de 2014 em Tomar (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P13169: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte XIIV): De regresso a casa, no avião da TAP. e, 18/1271970,. com um relógio Longines no pulso, comprado no Taufik Saad, com os últimos pesos...



Factura de compra de um relógio, da prestigiada marca suiça Longines, na loja libanesa Taufik Saad, Lda, no valor de 2950 escudos guineenses



Bilhete de avião de regresso a Lisboa, em 18 de dezembro de 1970


Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Publicação das últimas imagens de uma seleção do álbum fotográfico do Valdemar Queiroz [, foto atual à esquerda].

Treminada a comissão, o nosso camarada Valdemar Queiroz, que era de rendição individual como todos os outros graduados e praças esepcialistas da CART 11, passou por Bissau, onde gastou os últimos pesos e tomou o avião da TAP de regresso a casa, 18/12/1970, como se pode comprovar no documento acima reproduzido.  Tão quanto sei, nunca mais voltou à Guiné, agora República ds Guiné-Bissau.

PS - Sobre o comércio de Bissau e o que os militares compravam, no regresso a casa, veja-se aqui o marcador Patacão.

Guiné 63/74 - P13168: Convívios (597): Rescaldo do Convívio da CART 2679 e Pel Caç Nat 65, realizado nos passados dias 10 e 11 de Maio de 2014 em Tomar (José Manuel Matos Dinis)

Saída em desfile, do 4.º Pelotão da CCAÇ 2679, do acanhado BII-19 para o porto do Funchal, onda apanharam o Uíge com rumo à Guiné, onde, não tenho a certeza, parece que acabaram com a guerra. Ainda hoje se ouvem choros de bajudas, depende da orientação do vento.


1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 12 de Maio de 2014:

Viva Carlos!
Não sei se vou ser muito chato (porque sem aquela medida de quantidade, já sei que sou), por enviar uma troca de meiles depois do encontro de confraternização da CCaç 2679 e Pel Caç Nat 65 realizado durante o último fim-de-semana (10 e 11) em Tomar.

Sob a batuta da Donzília e do Leal tudo se revelou com grande afinação.
Reunidos em permanência na Estalagem Sta Iria, no jardim que margina o Nabão, no centro da cidade, ninguém foi nabo, mesmo os madeirenses Valentim e Agostinho, que eram escoltados por uma tropa de familiares, só chegaram atrasados, por causa dos atrasos de vida do rent-a-car, mas ainda tiveram ocasião para matar a malvada e participar activamente nas actividades lúdico-culturais que decorreram durante a tarde, sempre aconchegadas com bolinhos regionais e líquidos de boa cepa, produtos da dedicação do alfero.

De comboio fomos até ao Convento de Cristo - que foi visto a retorcer-se de inveja para integrar o animado grupo; visitaram-se as dependências do imóvel, e a janela do Capítulo foi centro de atraqueções; adquiriram-se recuerdos; voltámos ao comboio que, lampeiro, nos transportou ao Museu do Fósforo; recebemos indicações sobre os magnos estabelecimentos onde se aconchegam os estômagos de delícias tradicionais, mas o pessoal queria era ordem unida, pelo que até ao jantar e depois dele, a varanda foi ponto de encontro, de emboscadas, de armadilhas, tudo sabiamente neutralizado, e depois convenientemente regado e celebrado.

Lá para a uma da matina, quando acabaram os very-lights, o pessoal cansado, mas muito bem disposto, recolheu ao tabancal, onde as respectivas bajudas já aguardavam os heróis.
Como dizia o outro, depois da tempestade vem a bonança.

Se tiveres pachorra, e não encontrares inconveniências, peço-te que dês notícia da feliz ocorrência.

Com um abraço
JD

************

2. Diz também a propósito do Convívio o nosso camarada Cândido Morais (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71):

Caros amigos
De regresso do nosso encontro deste ano em Tomar, deixo aqui expressa a minha satisfação pela forma cordial como decorreu, e pela comunicação que proporcionou.
Gostaria que a todos tivesse corrido bem a viagem de regresso, tal como nos aconteceu a nós.
Foi bom rever alguns rostos que já não víamos há algum tempo e expresso a minha pena por não poder enviar esta mensagem a todos, pois a exemplo do Guerra ou do Calvo ou do Vítor, não tenho os respectivos endereços.

Ao Leal e à esposa, os melhores agradecimentos. Acho que acabaram por ter prejuízo pessoal com a nossa presença em Tomar, mas sei que o fizeram com prazer e sem reservas de qualquer espécie.
Sendo certo que tudo correu da melhor maneira, tal só aconteceu devido aos cuidados que tiveram para nos receber.

Quanto aos licores... bem, acho que que deveriam comercializá-los, para vergonha de algumas coisas que circulam por aí nos mercados.

Um grande abraço para presentes e ausentes, pois a amizade está cimentada entre todos.
Cândido Morais

De cima para baixo: Tito e Aquino; Abreu e Salvador; Gonçalves e Dinis; Marino e Azevedo; Morais; Ramalho e Vieira de Sousa; Viçoso e Pedro. 
Particularidade: nota-se, bastante evidentemente, que estes cavalheiros estão prontos a ingressar noutra guerra, com pose e determinação.
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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE MAIO DE 2014 > Guiné 63/74 - P13146: Convívios (596): V Encontro do pessoal da CCAÇ 617/BCAÇ 619 e do Pel Mort 942 (Catió, Cachil, Ilha do Como, 1964/66), dia 31 de Maio de 2014, na Tocha

Guiné 63/74 - P13167: (Ex)citações (233): Venho manifestar o meu apoio ao camarada Veríssimo Ferreira pelo repto que faz ao camarada Manuel Vitorino (Manuel Luís Lomba)

[...]
- "A MINHA COMPETIÇÃO FOI OUTRA"
- "A GUERRA DA GUINÉ SÓ PODIA SER GANHA PELO PAIGC"
- "...UMA COLUNA DE «TEMÍVEIS GUERRILHEIROS DO PAIGC ULTRAPASSOU O ARAME FARPADO E VEIO FRATERNALMENTE AO NOSSO ENCONTRO"
[...]
Manuel Vitorino (jornalista e ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4518/73, Cancolim, 1973/74) no post 12955

************

[...]
Mas muito calmamente, vamos lá ao contraditório:

- "COMPETIÇÃO" significa disputa.
E então o camarada estava a competir ou a lutar, cumprindo o seu dever enquanto militar integrado no Exército, que lhe ensinou e pagou, para defender a Pátria?


- "SÓ PODIA SER GANHA PELO PAIGC"
Não consigo chegar a tal conclusão, nem tão pouco a admito, embora a tenha ouvido já algumas vezes, e ouvido o contrário por muitas mais. Ou será que eu e os que pensamos que a guerra podia ser ganha por nós PORTUGUESES, somos heróis, e aqueles que pensam o contrário são cobardes?


Estou convencido que uns e outros coexistiram em quaisquer dos casos, mas só que os heróis, não renegam...
NÃO COMPETIAM MAS LUTARAM...
SOFRERAM...
VIRAM AMIGOS A DESAPARECER...
COMBATERAM POR SI E PELOS SEUS, PARA SE DEFENDEREM, que essa era a sua missão.


Mas aquela: "UMA COLUNA DE TEMÍVEIS GUERRILHEIROS, etc etc etc... fez-me rir e lastimar o autor destas opiniões que o sendo, mereceriam o meu desprezo mas que aqui postadas como afirmações sem nexo, apenas repudio com nojo.

Brincamos ou quê?
[...]
Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil da CCAÇ 1422/BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, Pelundo e Bissau, 1965/67) no Post 13066

************

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil da CCAV 703/BCAV 705, BissauCufar e Buruntuma, 1964/66), com data de 9 de Novembro de 2013:

Camarada Veríssimo Ferreira:
Venho manifestar o meu apoio ao repto que fazes ao camarada Manuel Vitorino, em reacção à substância activa do seu post 12955, a desafiá-lo ao debate acerca de quem merecia ganhar a nossa última guerra da Guiné, perdida pela desistência do MFA, que se antecipou à desistência do PAIGC, depois de os nossos antepassados, de cá e de lá, se haverem defrontado em cerca de 150 guerras, desde 1474 (500 anos, certinhos...), sem haver vitoriosos nem derrotados.

E porquê?
Porque a organização social da Guiné assentava no tribalismo (não consubstanciava um povo) e a maioria das suas tribos valorizava e acabava por apoiar a presença portuguesa.

Quando o MFA “libertador” levou a cabo essa desistência, a História estaria em vias de se repetir, para grande decepção dos arautos internos e externos do “anticolonialismo” - a grande moda das elites políticas de então - e da perda total dos vultuosos investimentos em armamento e financeiros dos interesses que não tiveram outro meio de correr Portugal senão a tiro, para a Guiné lhes abrir a caixa de Pandora às ubérrimas Angola e Moçambique.

Quando da capitulação do MFA, na mata de Morés, na sequência do 25 de Abril, que o Acordo de Argel ainda tentou lavar, cerca de 85% dos guineenses manifestavam-se pela presença portuguesa, contra os cerca de 15% de paigcistas; o efectivo, militar e militarizado, da guarnição da Guiné, ascendia a 45 000 homens, em oposição aos “temíveis guerrilheiros” das FARP e milícias, inferior a 4000.

Se as nações fazem exércitos, os exércitos não fazem nações. Após ter corrido com a presença portuguesa, rompendo o tecido conjuntivo da sociedade guineense (e não a cabo-verdiana), o PAIGC voltará as suas armas contra o próprio povo...

Quando Amílcar Cabral se “apoderou” do PAIG e o transformar em PAICV, havia 500 anos que a Guiné era portuguesa, ao passo que a governação salazarista só tinha 30 anos... Herdamos dos antepassados romanos a condição cívica de soldados: defender o império e o imperador...
...E como os Portugueses fizeram de Portugal um império, a partir da “época Gâmica”... O povo humilde, que lutou na guerra da Guiné, foi entregar-se à luta pelo país, não pelo regime político. A defesa do “império e do imperador” era da ordem de grandeza dos militares profissionais, nomeadamente da poderosa classe dos capitães... Fizemo-lo, na esmagadora maioria, por consciência, convicção e sem criar complexos de superioridade moral ante os refratários e até os desertores (com ressalva para os que foram pegar em armas contra os seus compatriotas e camaradas).

No advento do MFA, havia apenas dois impérios no mundo: o da então União Soviética e o de Portugal. Enquanto havia civis e militares portugueses empenhados na expansão soviética ao império de Portugal, não havia portugueses empenhados na expansão de Portugal ao império soviético.

A guerra do Ultramar entrava no seu advento e Álvaro Cunhal, no seu discurso ante o X Congresso do PC da União Soviética, criticou duramente a China, por ainda não ter corrido com Portugal de Macau, estabelecido desde 1557 (400 anos, certinhos...). Virá a ser a única parcela portuguesa ultramarina sujeito duma “descolonização exemplar”, cerca de 42 anos depois... De onde se infere que se o MFA e os seus “progressistas” não tivessem renegado à vocação colonizadora de Portugal, talvez tivesse bastado uma década, após o 25 de Abri, para a Guiné, Angola e Moçambique haverem ascendido a nações livres, prósperas e pacíficas. Nem todas o conseguiram iniciar, 40 anos depois...

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Região do Xime > 2º Grupo de Combate da CCAÇ 12, deslocando-se numa bolanha em zona controlada pela guerrilha do PAIGC... 
Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).

Os ex-combatentes do Ultramar estão em vias de extinção, mas perseverantes em rezingar, enquanto documentos vivos, transmissores históricos, dos factos acontecimentais dessa guerra, resistindo à sua lavagem.

Não será muito, pedir-se mais decoro no endeusamento dos protagonistas e na invocação do 25 de Abril, politicamente correto, à náusea.
Sem desmerecimento da sua substância libertadora, a verdade é que Descolonização ultramarina, obra e graça do MFA, constitui a maior derrota de Portugal, após a sofrida em Alcácer-Quibir. Por causa dela, passamos para a Espanha, em 1580; como sequela dessa “Descolonização exemplar”, fomos sujeitos a 3 ciclos de governação externa, em 30 anos, a última chamada de troika, que se limita a pôr a babete aos governantes das elites políticas emergidas do 25 de Abril e a impor-lhes o óbvio de toda e qualquer governação.

Sofremos e sofreremos essa disciplina imposta do exterior, de longa duração. E os povos que abandonámos passaram a chamar Pobregal, ao país pelo qual esta geração grisalha tanto lutou e sofreu.

E voltando à Guiné, nos 12 anos da sua guerra apenas houve soldados portugueses derrotados pela morte, num total de 2070, em combate, por acidentes com armas, outros e por doença, nativos e metropolitanos, conforme a contabilidade apurada pelo camarada José Martins.

Na Batalha de La Lys, na Flandres, em apenas 4 horas sofremos 7500 baixas, em combate, feridos graves, desaparecidos e prisioneiros...

Com a devida vénia a Almanaque Republicano
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de Maio de 2014 > Guiné 63774 - P13159: (Ex)citações (232): "Tristes artilheiros solitários" no meio dos infantes... (Vasco Pires, (ex-alf mil art, cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72)

Guiné 63/74 - P13166: Parabéns a voce (736): Mário Pinto, ex-Fur Mil Art da CART 2519 (Guiné, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13161: Parabêns a você (735): Francisco (Xico) Allen, ex-1.º Cabo At Inf da CCAÇ 3566 (Guiné, 1972/74)

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Guiné 63/74 - P13165: O nosso livro de visitas (177): Francisco Monteiro Galveia, que vive em Fronteira, Alto Alentejo... Foi 1º cabo cripto na CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) e pede para integrar a Tabanca Grande


Guiné > Região de Quínara > Empada > CCAÇ 616 (1964/66)> O então 1º cabo cripto Francisco Monteiro Galveia.

Foto: © Francisco Monteiro Galveia (2014). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem,  de ontem, do nosso leitor e camarada Francisco Monteiro Galveia:


Sou Francisco Monteiro Galveia, vivo em Fronteira. 

Fui Operador Cripto da CCAÇ 616 (Amadora, Bissau e Empada,1964/1966)

 Peço para integrar a sua Tabanca, 

Só nesta altura tive conhecimento da sua existência, por indicação dum amigo que esteve também na Guinè. Se estiver no sitio certo, posteriormente vou dar mais indicações.

2. Comentário do editor L.G.:

Camarada Galveia, vamos começar por nos tratar por tu. Como camaradas que somos, tratamo-nos por tu, aqui no nosso blogue e nos nossos convivios. Como costumamos dizerm "camarada não tem que ser amigo; é aquele que dorme no mesmo buraco, na mesma cama, no mesmo abrigo"... O tratamento por tu facilita a comunicação entre os camaradas da Guiné. 

Vamos agora ao teu pedido. Mandaste-nos duas ou três fotos, mas só conseguimos abrir a primeira, que puiblicamos acima. Vem sem legenda, presume-se que tenha sido tirada em  Empada, Na volta do correio, manda-nos uma foto atual, tipo passe. Ficam assim cumpridas as regras que estabelecemos para te apresentar. Ah, já me esquecia, foste lacónico a teu respeito, tens que nos dizer mais qualquer coisa do teu tempo na Guiné, enquanto militar da CCAÇ 616. Se tiveres uma ou mais pequenas histórias, manda através do nosso endereço de email que já usaste.

Tínhamos até agora apenas 3 referências à  CCAÇ 616/ BCAÇ 619 (Empada, 1964/66). 

Há duas referências a militares da CCAÇ 616:

(i) O 1º Cabo nº 2514, Fernando das Neves Ferreira, mais conhecido por Cabo 14, e já  falecido, que  está representado na nossa Tabanca Grande pela sua filha Ana Paula Ferreira, desde 2006; 

(ii) O ex-alf mil Joaquim da Silva Jorge, ou  só Joaquim Jorge, natural de Ferrel, Peniche, de que te deves lembrar, e que chegou a comandar a companhia; foi o organizador do encontro do pessoal, em 2013, em Fátima; estou à espera que ele, depois de aceite meu convite, formalize a sua entrada na Tabanca Grande; costuma visitar o nosso blogue e interessa-se pelas histórias da guerra da região de Quínara, contadas por camaradas de outras companhias que vieram depois de vocês para Empada.

Dito isto, tu, camarada Galveia, estás em boa posição de ser o primeiro representante da CCAÇ 616 a sentar-se à sombra do "poilão" da nossa Tabanca Grande que é um espaço virtual onde todos cabemos, os canaradas da Guiné, dos mais "velhinhos", do princípio da guerra (os de 1961/63, aos "piras", os  de 1973/74, que fecharam a guerra...  Em suma, um sítio na Internet onde cabemos todos com  tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa.

Temos muito gosto em aceitar o teu pedido para ingressar na Tabanca Grande. Para mais vens de uma  região rica em história e património, que merece ser melhor conhecida e visitada. Se nos responderes de imediato, serás o grã.-tabanqueiro (membro da Tabanca Grande) nº 656, passando o teu nome a constar da lista alfabética de A a Z publicadada na coluna do lado esquerdo. 

 Isto quer  dizer, que o nosso blogue representa já mais do que um batalhão (=4 companhias x 150 homens). . Precisamos, de resto, que entrem 5 a 6 novos membros por mês, para alimentar o blogue com histórias e fotos.  Publicamos também uma média de 4 a 5 postes (textos) por dia.

Aqui fica uma alfabravo (ABraço) da nossa equipa de editores, em serviço, Luís Graça, Carlos  Vinhal e Eduardo Magalhães Ribeiro.

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Nota do editor. 

Último poste da série >

19 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13008: O nosso livro de visitas (176): Sou descendente orgulhoso de um camarada que passou por Bambadinca e procuro os organizadores do convívio anual do pessoal de 1968/71 (A. Martins, filho do fur mil Fernando Martins, já falecido)