domingo, 29 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18579: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): Fazer uma centena de quilómetros ao volante já é obra para alguns de nós (José Botelho Colaço)... Não vou dia 5 a Monte Real, mas vou dia 19, à Lourinhã... e talvez encontre alguns dinossauros (José Nascimento)


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca> Xime >  Enxalé > CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) > O José Nascimento na margem direita do Geba...

Foto (e legenda): © José Nascimento (2017). Todos os direitos resevados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentário (*) de José Nascimento ex-Fur Mil Art, CART 2520, Xime, Enxalé, Mansambo e Quinhamel, 1969/71) 


Água do Geba nunca bebi, mas dei uns bons mergulhos nele, quando me atirava do cais do Xime. Não vou dia 5 a Monte Real, mas espero ir dia 19 de Maio à Lourinhã conviver com os meus camaradas da CART 2520, talvez com alguns dinossauros.

Um abraço para todos, José Nascimento.



2. Comentário (*) do José [Botelho] Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65):



Luís,  a casa, a Tabanca Grande, em Monte Real,  a meio gás ou meio petróleo... parece-me que um dos maiores motivos não será a crise mas sim os entas dos tertulianos e as dificuldades na deslocação.

 Eu por mim digo,  muitos sentem já uma certa dificuldade em aguentar uma centena ou mais de quilómetros,. ao volante. Alguns já nem carta têm.  (**)

Um alfa bravo. José Botelho Colaço. 

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Guiné 61/74 - P18578: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (10): por que é que eu, que fui assíduo ao longo de 10 anos, deixei de poder ir a Monte Real (Raul Albino, ex-alf mil, CCAÇ 2402, Có, Mansabá e Olossato, 1968/70)


Monte Real, Palace Hotel > 4 de Junho de 2011 > VI Encontro Nacional da Tabanca Grande > ; Dois homens do Oio, que vão estar ausentes em 2018, com muita pena nossa:

(i) Raul Albino ( ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, ,Mansabá e Olossato, 1968/70);

(ii) e Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67). 

Em 2011 tive finalmente a oportunidade de conhecer, em carne e osso, o Rui (e a esposa, Regina Teresa), que vive em Santa Maria da Feira... O Raul, por sua vez, é de Vila Nova de Azeitão, e também veio acompanhado da esposa, Rolina. Raul, antigo quadro técnico da IBM, falou comigo sobre a necessidade de encontrar ou explorar novas soluções informáticas para um blogue que cresceu muito, demasiado até, sobretudo a partir de 2008... Não tenho podido ouvir os seus bons conselhos desde o X Encontro Nacional (2015). Vou tentar telefonar-lhe

Foto (e legenda): © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem,. com data de 26 do corrente, enviada pelo Raul Albino (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402 / BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70)

Amigo Vinhal,

A minha ausência nos dois anos anteriores tem uma explicação que vos devo comunicar, depois de uma presença regular de 10 anos seguidos.

Tinha de ser uma razão de peso, de saúde, evidentemente. Não é uma doença mortal, mas é uma doença incapacitante que me leva a alegria de viver e parece não ter solução médica, nem grande alivio para as dores. Estou a falar de problema da coluna vertebral com afetação do nervo ciático. 

O médico operador não lhe quer tocar após ter analisado uma Ressonância Magnética. Como as medicações existentes não produzem qualquer efeito aceitável, o médico cirurgião nem me receitou qualquer medicação, porque os efeitos adversos são enormes, sem que causem alivio assinalável. 

Já nem posso arriscar a conduzir o automóvel por distâncias superiores a 50 kms. Alguns dias as dores são toleráveis, mas não sei quais são, só sei que são raros. Dizem que, por vezes, o tempo resolve o assunto. Se isso algum dia acontecer, solicitarei a alguém que me dê uma boleia, sempre sujeita a cancelamento muito perto da viagem.

Que o vosso convívio corra pelo melhor. O relógio devia retroceder, mas sabemos que isso é impossível e a vida está-nos a abandonar aos poucos, afetando o quorum dos convívios. Um grande abraço para ti, para a Dina, para o Luís Graça e restantes tabanqueiros. Passem bem.

Raul Albino

2. Comentário do Carlos Vinhal:

Amigo Raul

Tenhamos esperança em dias melhores. Se a idade já não vai dando tréguas, o tempo resolve, às vezes, problemas que julgamos insanáveis.

De certeza que um dia te vais inscrever com a tua companheira Rolina, melhores dias virão.

As melhoras para ti e um beijinho meu e da Dina para a Rolina. Sois pessoas de quem falamos muitas vezes e de quem já temos alguma saudade.

Abraço grande do camarada e amigo
Carlos
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Nota do editor:

Último poste da série >  29 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18577: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (9): por que é que eu, este ano, e mais uma vez, não poderei estar presente nesse maravilhoso convívio, em Monte Real (Valentim Oliveira, ex-sold comd, CCAV 489 / BCAV 490, Como, Guidaje e Farim, 1963/65)

Guiné 61/74 - P18577: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande (9): por que é que eu, este ano, e mais uma vez, não poderei estar presente nesse maravilhoso convívio, em Monte Real (Valentim Oliveira, ex-sold cond, CCAV 489 / BCAV 490, Como, Guidaje e Farim, 1963/65)


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > O Valentim Oliveira e a neta Cyndia, então com 19 anos > 

O nosso camarada, que vive em Viseu, estava desolado por duas razões:

(i) o Rui Alexandrino, por motivos de saúde, não pôde comparecer à última hora. ele que tem sido uma presença frequente nos nos encontros; 

(ii) o Virgínio Briote e a Maria Irene desta vez também falharam... 

O Valentim, um bravo da Ilha do Como, fez nesse ano, em 2012,  em 5 de janeiro, a bonita idade de 70 anos... Recorde-se que ele foi Soldado Condutor da CCav 489/BCav 490, e portanto camarada do nosso coeditor Virgínio Briote (mesma companhia). Estava desolado por ser o único representante do batalhão... 

A Cyndia, por sua vez, tinham estado na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, no IV Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 20 de Junho de 2009, com a mãe da Maria Irene e sogra do Virgínio, a senhora dona Irene Fleming (hoje com 100 anos!). Por outro lado, o Valentim estava orgulhoso da sua neta que, além de já ter carta de condução, é estudante de marketing, no Instituto Superior Politécnico de Viseu (e sabemos que já acabou, entretanto, o curso). 

Ficámos muito felizes por rever, em 2012 mas também em 2013,  nosso camarada e a sua neta.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Valentim Oliveira (ex-Soldado Condutor da CCAV 489/BCAV 490, Como, Guidaje e Farim, 1963/65), com residência em Viseu:

Data: sábado, 28/04/2018 à(s) 13:02


Assunto: Não me é possivel estar presente nesse maravilhoso convivio

Camarigo Carlos, e todos os outros que de uma maneira ou outra partilhamos os bons e maus momentos naquela terra agreste chamada Guiné.

Neste momento sinto saudade de algo de bom que por lá passei, mas também com a idade que tenho, ainda sinto em mim alguma amargura pelas atrocidades por lá vividas.

Enfim "dizem que o tempo cura as feridas", mas muitos de nós acabam por partir sempre com algo amargo, ou seja, a saber a fel .

Não tenho comparticipado nos nossos últimos encontros em Monte Real.

Este ano mais uma vez vou falhar por motivos de saúde. Já há muito tempo que ando um pouco abalado, mas não é de estranhar porque a idade não perdoa .

Dia 10 de Maio vou baixar ao Hospital da CUF em Viseu para mais um operação ...

Por eu não estar presente,  desejo a todos os que estiverem presentes que confraternizem em perfeita harmonia e bebam mais um trago por mim .

Um grande abraço para todos.


Valentim Oliveira
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Guiné 61/74 - P18576: Efemérides (279): O 25 de Abril de 1974... visto de Bissau, através de aerogramas enviados por Jorge Gameiro ( REP / ACAP / QG / CC) à sua esposa Ana Paula Gameiro e ao seu filhinho Nuno Gameiro... Documentação comprada no OLX, há 5 ou 6 anos (Carlos Mota Ribeiro, Maia) - Parte IV




Cabeçalho de panfleto do PCP (m-l)  (Partido Comunista de Portugal, marxista-leninista) com a palavra de ordem "Nem mais um só soldado para as colónias"...  Data: 26 de abril de 1974. 

Fonte: com a devida vénia ao Gualberto Freitas: 1969 Revolução Ressaca [documentos para a história de uma revolução]



Lisboa > Dia 28 de Abril de 1974, ao fim da tarde, na Rua Fontes Pereira de Melo, antes de chegar às Picoas. Começou espontaneamente o pessoal a aglomerar-se, já depois da Rotunda [do Marquês], e, enquanto o diabo esfregou o olho, estruturou-se uma manifestação, com muitos militares da Força Aérea, como se pode ver nas linhas da frente com farda azul e boina verde. As palavras de ordem: 'Nem mais um soldado para o ultramar'…  Manifestações e palavras de ordem como estas (*) começaram a ter um efeito psicológico negativo no moral das nossas tropas que estavam a milhares de quilómetros de casa, como se pode depreender do aerograma que abaixo se transcreve.

Foto (e legenda): © José Corceiro (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Imagem da primeira parte do aerograma, datado de Bissau, 4/5/74.



Desta vez o aerograma é dirigido à mesma pessoa, a esposa do Jorge Gameiro, Ana Paula Gameiro, mas com outro endereço postal: Rua Sampaio Bruno, 8, 3º Esq, Lisboa 3, em Campo de Ourique [ Código postal atual: 1350-283 Lisboa;  pertence à freguesia de Santo Condestável]. 



Remetente: Jorge Gameiro, ACAP, SPM 0348


1. Continuação da publicação dos aerogramas de Jorge Gameiro [ militar colocado na REP / ACP / QG /CC, Bissau, 1974], relativos aos acontecimentos pós-25 de abril...

Cópias desses aerogramas foram-nos enviadas pelo leitor (e futuro membro da Tabanca Grande, Carlos Mota Ribeiro, engenheiro, residente na Maia, filho do nosso querido amigo, camarada e coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro; estes documentos foram comprados por ele há 5 ou 6 anos no OLX).

Os aerogramas (o primeiro datado de Bissau, 30/4/1974) (**) eram dirigidos à esposa do Jorge Gameiro, Ana Paula Gameiro. O casal tinha um filho de tenra idade, Nuno Gameiro, cujo paradeiro o Carlos Mota Ribeiro gostaria de poder descobrir para lhe poder oferecer esta correspondência que ele provavelmente nunca terá lido. A Ana Paula Gameiro aparece com duas moradas: uma na Av Mouzinho de Albuquerque, 5-5- Esq, Lisboa-1, freguesia de Penha de França; e outra na Rua Sampaio Bruno, 8, 3º Esq, Lisboa 3, em Campo de Ourique, freguesia de Santo Condestável. Não sabemos ao certo onde é que o casal vivia. Nem sabemos como os aerogramas foram parar ao OLX: uma hipótese é a separação do casal; ou a  morte de um dos correspondentes...

Também não sabemos, até agora, quem é (ou foi) o Jorge Gameiro, a não ser que: (i) estava colocado, no QG/CC, na Amura, na Repartição ACAP - Assuntos Civis e Apoio à População; e (ii) em maio de 1974 estava a 4 meses de acabar a comissão... Especulando, achamos que podia ser arquitecto, na vida civil, ou estudante de arquitetura ou de engenharia ou coisa assim parecida. Devia ser miliciano, mas desconhecemos o seu posto e especialidade.

Como nos explicou o Carlos Mota Ribeiro [, foto atual acima, à direita]:

(...) Em relação aos aerogramas comprei-os a alguém no OLX, já foi há uns 5 ou 6 anos e não me recordo do nome da pessoa que mos vendeu, lembro-me que os comprei por terem o sentido histórico do 25 de Abril de 74 e os achei muito interessantes.

Como tenho um colega britânico que se interessa pela Revolução dos Cravos, enviei-lhe as fotos dos aerogramas com a tradução em inglês para ele dar uma leitura e compreender o sentimento que alguns jovens tinham naquela época e naqueles dias conturbados.


Quando estava a transcrever o mencionado aerograma, fiquei a pensar no Nuninho (Nuno Gameiro) do aerograma e do carinho daquele pai pelo filho. Por isso entrei em contacto contigo para tentar encontrar o tal Nuninho e lhe fazer chegar a meia dúzia de aerogramas que tenho, enviados pelo seu pai, da Guiné Portuguesa para a Metrópole.

É claro que apenas lhos vou oferecer, se o Nuno Gameiro quiser esta recordação dos pais, pode nem querer saber deste assunto ou não dar qualquer valor sentimental aos aerogramas, mas como para mim este tipo de itens tem muito valor e são documentos que considero históricos, guardo-os religiosamente na minha coleção particular sobre o Ultramar Português. [...]


 Do aerograma do dia 4 de maio, que transcrevemos a seguir, só temos a primeira parte. segundo informação prestada pelo nosso coeditor Magalhães Ribeiro, que está a digitalizar estes documentos.

 2. Transcrição do aerograma de 4 de maio de 1974

Bissau 04.05.74
Minha Paula, meu amor:

Recebi hoje a tua cartinha do dia 28 [, de abril, de 1974], a qual me deixou muito feliz por te achar tão calma e feliz, calma essa que é contagiante e que para mim foi um bem, pois também eu com esta tua tão preciosa ajuda fiquei mais calmo, que é coisa que não consigo ter de há uns dias a esta parte.

A nossa situação aqui no ultramar continua sem ser definida, não há meio de se pronunciarem, mas pelos vistos as coisas em relação ao ultramar as mudanças serão muito significativas pois soube que ontem saiu um contingente de tropas, do qual a população pelos vistos não gostou muito pois até foram raptados 10 militares, mesmo do estilo “sacados” à mão do aeroporto. [***]

É claro e bem sei que isto não pode ser resolvido de um dia para o outro, e por isso penso que a atitude dessas pessoas até foi inconsciente, pois enquanto não houver nada resolvido,  as tropas terão de continuar a vir. E não é parar com as mobilizações que se podem resolver as coisas, pois assim os únicos prejudicados seriamos nós, aqueles que estão a terminar a comissão, não tendo rendição não nos poderíamos ir embora, o que não é justo. 

Mas esta espera, sem saber nada, torna a vida angustiante para todos nós os que aqui estamos. Resta-nos a consolação de que, mesmo se a situação aqui continuar a mesma,  quando voltarmos espera-nos um ambiente mais leve, mais puro, onde já não seremos espezinhados como dantes,  seremos livres mais que nunca e isso pelo menos,  apesar de não ser de maneira nenhuma uma compensação para os 2 anos que passamos aqui, já é pelo menos algo positivo e muito bom. 

Outra das coisas pela qual andamos doidos todos os que aqui continuamos,  é não pudermos partilhar mais de perto desses tão grandes momentos que se vêm passando desde o dia 25 [de Abril] até agora,  principalmente desse grandioso 1.º de Maio festa culminante da libertação de um povo dominado por uma ditadura fachista [sic] durante 48 dolorosos anos. E só espero, e o meu grande desejo, é que este grande passo que iniciou uma maravilhosa caminhada ,não seja afundado por minorias de esquerdistas a cometerem atos impensados como aquele que se passou no aeroporto, mas não isto é certamente precipitações dos primeiros dias causados pelos [...] [**]

Continua 
 

Fotos (e legendas): © Carlos Mota Ribeiro (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

[Revisão e fixação de texto: Carlos Mota Ribeiro / Luís Graça]


Translation to English:

Bissau 04.05.74

My Paula, my love:

I received today your letter of the 28th, which made me very happy to find you so calm and happy that is contagious and that for me was a good, because I too with this your precious help I am calmer, which is something that I can not get from a few days ago to this part, our situation here overseas is still not defined, there is no way to pronounce, but by the way things in relation to overseas the changes will be very significant because I knew that yesterday left a contingent of troops, of which the population was not very pleased because 10 military personnel were even kidnapped by the airport, of course, and I know that this can not be solved overnight, and so I think the attitude of these people was even unconscious, as long as nothing is resolved the troops will have to continue to come. And it is not to stop with the mobilizations that can solve things, therefore the only losers we would be those who are finishing the commission, not having surrender we could not leave what is not fair. But this waiting without knowing anything makes life anguish for all of us here. There remains the consolation that even if the situation here continues the same when we return, we expect a lighter but cleaner environment where we will not be trampled as before we will be free more than ever and this at least despite not being at all a compensation for the 2 years that we spent here, is already at least something positive and very good. Another of the things we are going crazy about here is that we can not share more closely those great moments that have been happening since the 25th until now, especially on this great May Day, the culminating celebration of the liberation of a people dominated by a fascist dictatorship for 48 painful years and I only hope and my great desire is that this great step that started a wonderful journey is not sunk by minorities of leftists to commit unthinking acts like the one that happened at the airport, but this is certainly not precipitation of the first days caused by

To be continued

[Translation by Carlos Mota Ribeiro]

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Guiné 61/74 - P18575: Parabéns a você (1427): Giselda Pessoa, ex-2.º Sargento Enfermeira Paraquedista da BA 12 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 27 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18566: Parabéns a você (1426): Coronel DFA Ref Hugo Guerra, ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 55 (Guiné, 1968/70) e Humberto Nunes, ex-Alf Mil Art, CMDT do 23.º Pel Art (Guiné, 1972/74)

sábado, 28 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18574: Os nossos seres, saberes e lazeres (264): De Estremoz para as Termas de S. Pedro do Sul (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 26 de Fevereiro de 2018:

Queridos amigos,
Saiu-se de Estremoz um tanto de asa murcha, bem se gostaria de ter andado um pouco mais por igrejas e capelas, já que o património é fértil, seguiu-se até Nisa, povoação que encanta pelo espraiamento por fora e o ensimesmamento do casco urbano, há por ali muita beleza ao abandono.
O que vai assombrando durante a viagem são as alterações na fisionomia da paisagem, saiu-se por estradas afogadas vendo montes, planícies e a típica florestação alentejana, mais adiante chegou-se ao território do granito e as primeiras notícias graves das calamidades dos incêndios, enfim, os terrenos pedregosos vão ganhando altura, vislumbra-se, como longo dorso, a Serra da Estrela, e depois é o prazer da aproximação de Monsanto, houvesse uma boa câmara e ter-se-iam registado as imagens, por sucessivas fases, da aproximação. Na ausência da tecnologia, levava-se entusiasmo e um livro que é uma pequena raridade, uma edição dedicada à atribuição do Galo de Prata em 1938 a Monsanto, há ali textos tocantes e fotografias de Tom e Carlos Botelho, e desenhos deste último.
Monsanto é inesquecível, amanhã será visitada em todas as direções, está prometido.

Um abraço do
Mário


De Estremoz para as termas de S. Pedro do Sul (2)

Beja Santos

Sai-se de Estremoz e são quilómetros infindáveis de planície verdejante, gado à solta, sobreiros e azinheiras. Em dado momento, crescem os pedregulhos, encrespam-se os solos, sente-se no ar uma certa aridez e aquele céu translúcido que se experimentou de onde partimos ganha nuvens. E assim se chega a Nisa, está na hora de amesendar, há quem suspire por um queijo de ovelha, de lendária fama, acorda-se em hora e meia para andar por ali ao desafio. O viandante gosta de Nisa, mesmo sentindo melancolia por tanto desfalecimento e abandono, patente em solo urbano. É vila templária, está cercada de importantes vestígios megalíticos, há por ali pontes romanas à volta. O castelo sofreu as consequências da zanga de dois irmãos, um que era rei, e o outro que queria ser, e o outro que queria ser deitou as muralhas do castelo a baixo, felizmente ficaram umas amostras de panos de muralha e há esta fabulosa porta da vila para nos receber.




É muito belo e equilibrado este largo, tem imponência o edifício autárquico, que tem ao lado a Igreja da Misericórdia do séc. XVI, aparece na imagem com as laranjeiras à frente, tem portal de volta perfeita, inserido num alfiz retangular, enquadrado com pilastras, o mínimo que se pode dizer é que é uma fachada com caráter e elegância.



Deambula o viandante sem pressa e sem tino, sabe que ainda há outra porta da vila, que vale a pena bisbilhotar as cantarinhas e bilhas decoradas com pequenas pedras brancas, são um dos ex-líbris de Nisa, tal como as rendas de bilros, é um prazer cirandar pelas ruas sinuosas e apertadas, de belo empedrado, a despeito do manifesto abandono.



A Igreja Matriz, que data do séc. XVIII, tinha as portas fechadas, percorreram-se várias ruas à procura de distintos sinais do tempo e foi-se premiado. Olha-se para o relógio, estuga-se o passo, a fome aperta, sabe-se lá porquê recordou-se passeio anterior ali a cerca de 10 km de Nisa às águas minerais de Fadagosa, bem interessantes como estância termal, são quilómetros uns atrás dos outros num território que parece uma reserva da cultura megalítica. Basta de lembranças, há que comer e partir, o viandante traz de baixo do braço ainda o livro do Património Religioso de Estremoz, ficou um pouco amargado por não ter revisitado a Capela da Rainha Santa Isabel, a igreja e o convento de S. João da Penitência e, mais grave do que tudo, continua a adiar a visita à Igreja de S. Francisco, o que bem lamenta.


Nisa teimou e alcançou, tem cineteatro, agora acrescido, está vivo e recomenda-se, enquanto comia mesmo na sua frente, foi dando nota de filmes e eventos que por ali passam, fizeram um bonito acrescento e há sinais de que a vida cultural não deixou Nisa adormecida. Bom, até à próxima.





O viandante não é bibliófilo mas guarda algumas preciosidades, obras estimáveis, caso do livro sobre Monsanto editado pelo SNI, a propósito da atribuição do Galo de Prata a Monsanto, como “A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal”. Fazia parte do regulamento que as aldeias portuguesas do continente comprovassem uma maior resistência oferecida à decomposição e influências estranhas, tivessem um elevado estado de conservação na habitação, mobiliário e alfaia doméstica, trajo, artes e indústrias populares, vertente cultural e lúdica e uma panorâmica de altíssimo valor. Evocando Monsanto, escreveram Cardoso Martha e Adolfo Simões Muller:  

“Quem uma vez visitou a nobre aldeia beiroa, dificilmente a esquecerá. Fechamos os olhos e revemo-la na sua arquitetura de sonho, obra inicial de ciclopes que dispusessem penedos sobre penedos e rasgassem veredas entre fragas. São as suas casas disfarçadas na rocha, como que encapuchadas à maneira das mulheres da região. São as calhas pedregosas apostadas na escalada do monte, como se tivessem aprendido, na lição dos séculos, as manhas das hostes de assédio. São as suas casas solarengas, a sua igreja e as suas capelas; é o seu cemiteriozinho perdido no vale e que parece erguer para o céu as suas mãos verdes. E é sobretudo o seu castelo que a encima orgulhoso, na sua coroa de muralhas”.
Aqui chegámos, e amanhã também é dia de Monsanto. Esta edição foi enriquecida com desenhos de Carlos Botelho, com orgulho aqui se mostra um deles.


Largo do Cruzeiro, Monsanto, Carlos Botelho, 1941
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18547: Os nossos seres, saberes e lazeres (263): De Estremoz para as Termas de S. Pedro do Sul (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18573: (De)Caras (107): A minha guerra: o 'burro do mato' e como saí daqui vivo... Canquelifá, 3 de fevereiro de 1971 (Francsco Palma, ex-sold cond auto, CCAV 2748, 1970/72)


Guiné > Região de Gabu > Cnaquelifá > CCAV 2748 (1970/72) > O Unimog 411 ("burrinho do mato"), depois da explosão da mina A/C, em 16 de abril de 1972.

Foto (e legenda): © Francisco Palma (2017) Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Francisco Palma (ex-soldado condutor auto rodas, CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72):

Data: 27 de março de 2018 às 08:56

Assunto: A minha guerra: o burro do mato e como saí daqui vivo. Memórias da minha estadia nas termas de Canquelifá (1970-72)

Canquelifá. Guiné, 3 de fevereiro de 1971

No seguimento do meu relato sobre o ocorrido em 2 de Fevereiro de 1971 (*),  após uma noite horrível de forte ataque directo cerca das 2 horas, ao arame farpado por cerca de 150 tropas IN, onde ficaram mortos o "Comandante" e seu adjunto,  a cerca de 30 metros do aramado, e tendo soado que o IN tinha sofrido cerca de 30 baixas, seguido de ataque com mais quatro mísseis (foguetões 122),  cerca das 4h,  logo que rompeu a luz do dia,  saíram 3 grupos operacionais (1 da CCAV 2748 e 2 da CART 3332),  bem como 2 condutores, onde me inclui, e um Cabo mecânico, como voluntários, para bater,  em linha e posição de fogo, a retirada das tropas inimigas (turras), até perto da fronteira com o Senegal, 

Apesar do "stress" (e, porque não, do medo) de possível novo confronto com o IN, fomos dobrando capim até sentiremos "agulhas" a cravarem-se nos músculos tal era a dor após tanto esforço. Impressionante como no meio da savana, não se ouvia macaco ou pássaros a piar, captávamos no ar o odor a sangue e encontrávamos coágulos de sangue e pequenos ossos no meio do capim e outros sinais de ferimentos, nunca tinha imaginado que o ser humano teria tal capacidade, e se me o dissessem eu certamente duvidaria.

Cerca de 20/30 minutos mais, encontrámos dois cadáveres IN, cobertos com pasto, tendo um camarada tropeçado nos pés dos mesmos e tombado em cima de um dos corpos. Mais 30 minutos junto a uma bolanha,  fomos mandados a parar silenciosos. O silencio fazia zumbir e doer os ouvidos, e sentíamos que, no outro lado das árvores da bolanha seca, julgávamos ouvir sons baixos de conversas, perante tal fomos mandados retirar e, com as devidas cautelas retirámos de volta ao aquartelamento sem mais percalços.

Passados que são 41 anos ainda julgo sentir aquela sensação que,  embora forte, não rejeitávamos em avançar em procura de combater o IN. (**)

Francisco Palma
Cond Auto Rodas 10003269
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P18572: Convívios (852): Caldas da Rainha, 2 de junho de 2018, almoço-convívio, 48º aniversário da partida para o CTIG, CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72 (Francisco Palma)




Informação enviada pelo nosso camarada, amigo e grã-tabanqueiro Francisco Palma (ex-soldado condutor auto rodas, CCAV 2748 / BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72), nesta foto em primeiro plano,
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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de abrill de 2018 > Guiné 61/74 - P18569: Convívios (851): XXXIII Encontro dos Combatentes da CART 3494, dia 9 de Junho de 2018, em Oliveira do Hospital (Sousa de Castro)

Guiné 61/74 - P18571: Efemérides (279): O 25 de Abril de 1974... visto de Bissau, através de aerogramas enviados por Jorge Gameiro ( REP / ACAP / QG / CC) à sua esposa Ana Paula Gameiro e ao seu filhinho Nuno Gameiro... Documentação comprada no OLX, há 5 ou 6 anos (Carlos Mota Ribeiro, Maia) - Parte III


Cópia da segunda e última parte do aerograma de 6 de maio de 1974, enviada por Jorge Gameiro á sua jovem esposa Ana Paula Gameiro, mãe do Nuninho [Gameiro]. A família vivia então na av Mouzinho de Albuquerque, 5-5- Esq, Lisboa-1.



1. Continuação da publicação dos aerogramas de Jorge Gameiro [ REP / ACP / QG /CC, Bissau, 1974], relativos aos acontecimentos pós-25 de abril... 

Cópias desses aerogramas foram-nos enviadas pelo leitor (e futuro membro da Tabanca Grande, Carlos Mota Ribeiro, engenheiro, residente na Maia, filho do nosso querido amigo, camarada e coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro; estes documentos foram comprados por ele há 5 ou 6 anos no OLX).

Os aerogramas (o primeiro datado de Bissau, 30/4/1974) (*) eram dirigidos à esposa do Jorge Gameiro, Ana Paula Gameiro. O casal tinha um filho de tenra idade, Nuno Gameiro, cujo paradeiro o Carlos Mota Ribeiro gostaria de poder descobrir para lhe poder oferecer esta correspondência que ele provavelmente nunca terá lido.

Como nos explicou o Carlos Mota Ribeiro [, foto atual à direita]:

(...) Em relação aos aerogramas comprei-os a alguém no OLX, já foi há uns 5 ou 6 anos e não me recordo do nome da pessoa que mos vendeu, lembro-me que os comprei por terem o sentido histórico do 25 de Abril de 74 e os achei muito interessantes.

Como tenho um colega britânico que se interessa pela Revolução dos Cravos, enviei-lhe as fotos dos aerogramas com a tradução em inglês para ele dar uma leitura e compreender o sentimento que alguns jovens tinham naquela época e naqueles dias conturbados.

Quando estava a transcrever o mencionado no aerograma, fiquei a pensar no Nuninho (Nuno Gameiro) do aerograma e do carinho daquele pai pelo filho. Por isso entrei em contacto contigo para tentar encontrar o tal Nuninho e lhe fazer chegar a meia dúzia de aerogramas que tenho, enviados pelo seu pai, da Guiné Portuguesa para a Metrópole.

É claro que apenas lhos vou oferecer, se o Nuno Gameiro quiser esta recordação dos pais, pode nem querer saber deste assunto ou não dar qualquer valor sentimental aos aerogramas, mas como para mim este tipo de itens tem muito valor e são documentos que considero históricos, guardo-os religiosamente na minha coleção particular sobre o Ultramar Português. [...]


No primeiro aero [sic] deste dia 6 de maio, o Jorge Gameiro comenta o atraso do correio, devido à falta de transporte aéreo, bem como os acontecimentos ocorridos na Rua António Maria Cardoso, ao Chiado, por ocasião da rendição da PIDE/DGS. Foram os únicos quatro mortos conhecidos da "Revolução dos Cravos", todos jovens (o mais novo tinha 18 anos, o mais velho 37), 1 militar, Fernando dos Reis, e 3 civis, Fernando Gesteiro, João Arruda e José Barnetto. Os seus nomes foram esquecidos...

No segundo aero [sic], o Jorge Gameiro tranquiliza a esposa, dizendo que voltou tudo à normalidade em Bissau [, com recolher obrigatório só a partir da meia noite...) , e que não há notícia de combates no mato [sic], ou seja, fora de Bissau:  (...) "para nós, em Bissau, nem chegamos a saber que há guerra. a não ser por aquilo que nos contam os que estão no interior (no mato)".

É um homem apaixonadíssimo que espera, com ansiedade, os 4 meses que lhe faltam para acabar a comissão. Está.se já no início da época das chuvas.


2. Segunda parte do aerograma de 5 de maio de 1974

Continuação do aero [sic] dia 6.5.74:


[Esperemos mais algum tempo. pelo menos o cessar-fogo imediato já era um grande passo em frente, assim terminaria a morte estúpida e sem justa causa dos homens que]

lutam no mato. 

Isto aqui por Bissau já voltou tudo à normalidade, o recolher obrigatório ontem e hoje já passou a ser à meia-noite,  pelo mato as coisas têm andado calmas sem ataques de parte a parte, o que é para admirar pois este mês costuma a ser o mais quente e fértil em matéria de porrada, como aconteceu o ano passado, pois é o mês em que se começam as chuvas e depois da chegada destas,  com as bolanhas inundadas,  ficam os guerrilheiros em desvantagem. 

Por isso se pensa que esta calma seja já o reflexo do que vem acontecendo desde o dia 25 [de Abril]. Era já muito bom um cessar-fogo,  mesmo que isto continuasse com mobilizações por mais algum tempo, era uma grande vitória para os tipos do mato, já que para nós, em Bissau, nem chegamos a saber que há guerra. a não ser por aquilo que nos contam os que estão no interior (no mato).

Esperemos agora o desenrolar dos acontecimentos. Agora vou terminar,  esperando e desejando ardentemente que chegue a amanhã para ver se já recebo alguma cartinha tua,  meu amor, depois do dia 25.

Beijinhos ao nosso querido Nuninho do papá que o adora. Do teu Jorge,  toda a minha vida numa longa e terna união de nossos corpos e lábios tradutora de todo o grande amor que nos une, adoro-te minha Paula querida. Quero que tudo isto termine, quero voltar voltar finalmente para ti para juntos com o nosso Nuno irmos para a nossa casinha,  recomeçarmos a viver a nossa verdadeira vida pela qual tanto ansiamos e que tantos obstáculos se nos tem deparado, mas a vitória está para breve,  apenas mais quatro mesitos, que eles passem depressa. Preciso tanto de calma, de ti, meu amor, de viver, VIVER.  Adoro-te, Paula, adoro-te, teu, só teu para sempre:

Jorge

Amo-te,  minha mulherzita adorada. Quero-te com todas as minhas forças, Amor, Amor.

Fotos (e legendas): © Carlos Mota Ribeiro (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

[Revisão e fixação de texto: Carlos Mota Ribeiro / Luís Graça]


Translation in English:

Continuation of Aero 06-05-74

Fight in the bush. This here for Bissau everything has returned to normal, the obligatory curfew yesterday and today has already become midnight through the bush things have been calm without attacks from part to part, which is to admire because this month is usually the warmer and more fertile in the matter of beating as happened last year, because it is the month when the rains begin and after the arrival of these with the flooded bolanhas the guerrillas are disadvantaged. That is why it is thought that this calm is already the reflection of what has been happening since the 25th. It was already very good a cease-fire even if this continued with mobilizations for some time, it was a great victory for the types of the bush since for us in Bissau we have not even come to know that there is War except for what we are told by those inside (in bush). Let us now wait for the events to unfold. Now I will end up waiting and longing for tomorrow to see if I already receive any letters from you, my love, after the 25th. Kisses to our beloved Papa Nuninho who adores him. From your Jorge all my life in a long and tender union of our bodies and lips translator of all the great love that unites us, I adore you my Paula dear I want all this to end I want to return finally come back to you to together with our Nuno we go to our little house to begin to live our true life for which we have longed and so many obstacles have come to us, but victory is soon four more tables, that they pass quickly need so much calm, you my love, to live, to live I adore you, Paula, I adore you and only yours forever:
Jorge
I love you, my beloved little lady.
I want you with all my strength, my love

A remark:

Bolanha (from the Guinea-Bissau Creole) - Vast swampy and fertile terrain, usually used for growing rice.

[Translation by Carlos Mota Ribeiro]
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 25 de abril 2018 > Guiné 61/74 - P18558: Efemérides (275): O 25 de Abril de 1974... visto de Bissau, através de aerogramas enviados por Jorge Gameiro ( REP / ACAP / QG / CC) à sua esposa Ana Paula Gameiro e ao seu filhinho Nuno Gameiro... Documentação comprada no OLX, há 5 ou 6 anos (Carlos Mota Ribeiro, Maia) - Parte II

(**) Último poste da série > 27 de abril de  2018 > Guiné 61/74 - P18570: Efemérides (278): Cerimónia levada a efeito no dia 12 de Novembro de 2017, pela Câmara Municipal de Loures e Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra (José Martins)

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18570: Efemérides (278): Cerimónia levada a efeito no dia 12 de Novembro de 2017, pela Câmara Municipal de Loures e Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra (José Martins)




1. Com atraso considerável, mas para memória futura, aqui fica a notícia da cerimónia levada a efeito no dia 12 de Novembro do ano transacto, pela Câmara Municipal de Loures e Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra, enviada pelo nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), nesse mesmo dia.


Com um abraço
No dia 12 de Novembro, a Câmara Municipal de Loures e o Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, levaram a efeito uma cerimónia junto ao Monumento aos Mortos da Grande Guerra.
A cerimónia teve a presença do Presidente da Câmara Municipal e Presidentes de Juntas de Freguesia; representante da Assembleia Municipal, Comandante do Regimento de Transportes, representante dos Bombeiros Voluntários de Loures, Direcção do Núcleo de Loures da Liga dos Combatentes, a que se associaram alguns Lourenses.
As honras militares foram prestadas por uma secção do Regimento de Transportes e os toque da ordenança, pelos clarins da secção de Bandas e Fanfarras do Exército.
Usaram da palavra o Presidente do Núcleo, um combatente e o Presidente da Câmara.
Seguiu-se a homenagem com colocação de coroas de flores junto do Monumento.

José Martins

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Nota do editor

Último poste da série de 25 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18563: Efemérides (277): Homenagem a minha mãe, Georgina Araújo (1928-2015) e ao 25 de Abril (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P18569: Convívios (851): XXXIII Encontro dos Combatentes da CART 3494, dia 9 de Junho de 2018, em Oliveira do Hospital (Sousa de Castro)





1. Em mensagem de hoje, dia 27 de Abril de 2017, o nosso camarada Sousa de Castro (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista, CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74) enviou-nos para publicação o anúncio do XXXIII Almoço/Convívio do pessoal da Companhia, a levar a efeito no próximo dia 9 de Junho, em Oliveira do Hospital.


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Nota do editor

Último poste da série de 20 de Abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18541: Convívios (850): A Tabanca de Matosinhos, que está a ter problemas com o "senhorio" (...o Faceboook), continua a fazer gala da sua proverbial alegria, boa disposição e melhor mesa... O próximo encontro semanal, 4ª feira, 25 de Abril, Dia da Liberdade, será em Vila do Conde (José Teixeira)

Guiné 61/74 - P18568: Notas de leitura (1061): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (32) (Mário Beja Santos)

Interior do BNU em Bissau


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Dezembro de 2017:

Queridos amigos,
Os efeitos do conflito mundial, como temos vindo a observar, fizeram-se sentir na colónia da Guiné na perda de poder aquisitivo, na perda de receitas devido ao contrabando, à rarefação de matérias-primas, até que chegamos a 1945e verificam-se duas velocidades: o Governador Sarmento Rodrigues traz projetos e meios de financiamento e a praça revitalizou-se, foram duas situações nem sempre coincidentes. Mas chegara a prosperidade e até conflitos noutro extremo do globo, caso da guerra da Coreia, trouxeram benefícios económicos, o preço da borracha subiu bastante e conforme anota o gerente do BNU as matérias-primas, todas elas, deram um salto. É uma década completamente diferente das anteriores, basta pensar que muito do arroz que se come na metrópole é arroz da Guiné.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (32)

Beja Santos

É no final da década de 1940 que é possível retomar os relatórios de exercícios do BNU em Bissau. Como se constatará mais abaixo, há uma relativa discrepância entre o surto desenvolvimentista, inegável, contemporâneo da governação de Sarmento Rodrigues e o que se vai escrever. Mudou a gerência, aproveita-se a circunstância para se fazer o ponto da situação e assim se escreve para Lisboa:

“Excelentíssimos Senhores:
Em cumprimento das disposições em vigor, foi este relatório elaborado com inteira observância das normas de há muito estabelecidas, pelo que apresenta, nos seus vários capítulos e mapas que o acompanham, todos os elementos indispensáveis ao exacto conhecimento e apreciação de como decorreu a acção desta dependência nos dois últimos exercícios de 1949 e 1950.
Ao assumirmos a gerência desta filial, em 15 de Agosto de 1949, viemos encontrar a colónia no auge da segunda crise comercial que a atingira depois da última guerra, ambas resultantes de ter cessado o avultado e rendoso comércio praticado com os territórios vizinhos.
Da primeira vez, ocorreu isso em 1944, quando, libertada a França do jugo alemão, as suas colónias da África Ocidental passaram a importar tecidos americanos e dispensaram os da indústria nacional, que o comércio da Guiné importou e lhes forneceu, em grande escala, nos três anos anteriores; da segunda vez, em meados de 1948, quando novamente cessou esse comércio, que se voltara a fazer em 1947, porque as perturbações internas daquele país e a desvalorização da sua moeda haviam dificultado a importação dos países de meda forte, tanto de tecidos como de muitas outras mercadorias.

Na desmedida ânsia de auferir os excessivos lucros que dessa situação lhes adivinha, só curou o comércio de importar o máximo possível e o resultado foi ao falharem depois esses mercados, poucos serem os que não ficarem com colocação imediata para os stocks que constituíram.
E a isso, claro está, seguiu-se o sudário de letras protestadas e o consequente descrédito da praça.
Ao findar, porém, o ano de 1949, já a situação se havia desanuviado um pouco, porque, nesse lapso de tempo, não só se verificou o aumento dos preços como da produção dos principais produtos da colónia, o que veio elevar o poder aquisitivo do indígena e possibilitar o escoamento de uma boa parte dos excedente importado, não sem que, todavia, o comércio o tivesse de fazer com prejuízo, porque, entretanto também, mexeram os preços dos tecidos e houve que sacrificar mercadorias para realizar dinheiro e satisfazer compromissos, tudo isso nos levando a querer que alguns exportadores da metrópole terão ainda por algum tempo os seus créditos em mãos do comércio da colónia, sobretudo no libanês, se todos conseguirem reaver.

No decurso do ano 1950, circunstâncias várias contribuíram para que essa melhoria se acentuasse, pois, à regular campanha de produtos que nesse ano se verificou, seguiu-se a inconsequência da guerra na Coreia, uma razoável alta nos preços dos tecidos e a procura da borracha desta colónia, que passou a ser extraída pelo indígena em grandes quantidades e que tendo começada a ser vendida ao comércio a 8 escudos o quilo, ao findar do ano já atingia 16 escudos, o que tudo se crê que é permitido o completo escoamento desses tecidos. E a resolução que tomou o governo central, já no início de 1951, de providenciar o aumento de 20 centavos na cotação da mancarra estabelecida pelos industriais da metrópole, como também que fosse elevado para 40% o contingente da exportação para o estrangeiro do coconote, onde se obtêm preços elevadíssimos em comparação com os que se cotam na metrópole, permitirão certamente que o comércio se refaça completamente dos prejuízos que sofreu.
No respeita à posição da filial, com a prudência de que se tem rodeado, a crise que afligiu o comércio nos últimos anos, embora não desejável, só lhe trouxe benefícios, pois a excessiva importação que a originou em muito contribuiu para os elevados resultados verificados nesse período”.


Passara pois a haver progresso, desafogo, valorização dos produtos da terra. É neste contexto que o relatório introduz a novidade de nos informar quais as instituições então existentes que realizam operações consideradas bancárias, devidamente autorizadas. Diz o gerente que não se poderiam considerar concorrentes e explica porquê: “É bem de ver que se usássemos os mesmos processos, todas essas operações seriam canalizadas para o nosso banco porque a nossa organização lhes permitiriam serem prontamente atendidos, sem terem de aguardar, como naquelas, os dias marcados, semanas seguidas e até meses, para que apurem os fundos necessários”.

As instituições em causa eram três: a Caixa Económica Postal, fazendo empréstimos a funcionários, a diferentes taxas de juro, consoante os meses de liquidação da dívida; a Caixa de Aposentações e Pensões às Famílias dos Funcionários Públicos da Colónia e da Guiné, dispunha de um migalheiro que, por falecimento do sócio ou do pensionista inscrito assegurava aos herdeiros um capital de 50 contos, a Caixa também facultava empréstimos aos seus sócios e pensionistas; o Montepio das Alfândegas da Guiné, que tem como fins estabelecer pensões de sobrevivência, conceder subsídios de reforma, dar subsídios de luto, auxiliar os seus sócios por meio de empréstimos incluindo a construção ou compra de moradias.

Sendo a maior riqueza da Guiné a sua agricultura, entende-se que é por aí que o relator inicia a situação da praça. Tece um comentário lisonjeiro:

“Porque foram maiores as áreas cultivadas e o tempo se manteve sempre propício, permitindo que as plantações se conservassem em excelente estado até às colheitas, esperava-se que a produção fosse superior no corrente ano agrícola, tanto da mancarra como do arroz, mas se é certo que com este cereal isso se está a verificar, tanto em qualidade como em quantidade, outro tanto não sucede com aquela oleaginosa, pois há já informações seguras de que se apresenta este ano muito leve, com uma quebra sobre o peso normal que se computa em 20 a 25%. Esta circunstância aliada ao grande contrabando que dessa oleaginosa se está a fazer para os territórios vizinhos, porque ali a pagam por preço muito superior, um pouco mais do dobro, permite prever-se uma diminuição em relação ao ano anterior de umas 8 a 10 mil toneladas na sua exportação. Estão, porém, longe de ser fidedignos os dados fornecidos pelas estimativas, pois não sendo possível conseguir do indígena o manifesto da produção esta é calculada grosso modo”.

Dá um enfoco das obras que correm nos portos e sobre as vias de comunicação. Revela-se seguramente informado, os dados que envia constam de vários documentos oficiais, até de relatórios anteriores: “Depois que a ponte-cais de Bissau se arruinou totalmente, passou-se a utilizar a velhíssima ponte-cais do Pidjiquiti, resto de um velho fortim colocado fora do recinto das antigas fortificações da cidade”. E faz menção do que se já se escrevera em 1852, notificando o estado desastroso em que se encontrava a ponte-cais de Bissau. E então anuncia que se espera que dentro do ano seja o porto de Bissau dotado de uma excelente ponte-cais que está em construção e refere as suas caraterísticas.

Falando das vias de comunicação, tem boas novas a dar: “Têm sido consideravelmente melhoradas nos últimos anos, mas não o bastante ainda para evitar que se danifiquem na época das chuvas e com as fortes pressões da rodagem dos camiões, sobretudo na ocasião das campanhas de compra da mancarra, do que resulta estarem pouco tempo durante o ano em bom estado de conservação". A sua extensão total aproxima-se dos 3 mil quilómetros, mas não especifica as estradas em terra-batida, macadamizadas e alcatroadas.

Outra novidade é a de terem sido iniciadas, a 10 de Julho de 1948, os trabalhos de construção da ponte de Ensalmá, que vai ligar a ilha de Bissau ao continente. E apresenta a obra ainda em curso no canal do Impernal: “Consta essencialmente de três tramos metálicos, os dois extremos apoiados em encontros nas margens e em pilares no leito do rio e o tramo central, móvel, apoia-se nos outros dois. O vão útil do tramo móvel é de 9,5 metros e permite, folgadamente, a passagem de embarcações que fazem a navegação pelos canais, cuja largura não chega a atingir 6 metros. Cada um dos pilares que serve de apoio aos tramos fixos é constituído por 2 cilindros de ferro fundido de 1,8 metros de diâmetro, cravados por havage e cheios de betão, cravados ao lado do outro e contraventados. A fundação dos encontros é feita empregando estacas de madeira com 20 centímetros de diâmetro”.

Este início da década de 1950 dá sinais claros de que a agricultura prospera e as exportações aumentam, para o gerente de Bissau o contexto internacional é facilitador: “Pode dizer-se, de um modo geral, em 1951 a situação voltou a prosperar, o que de resto só se poderia esperar de uma praça que viu os seus produtos valorizados e a sua exportação aumentada em 22%, mercê da procura que durante alguns meses e em consequência da guerra na Coreia voltou a ter a borracha desta província melhores preços. Enquanto que em 1950, o preço médio dos principais produtos de exportação – a mancarra, o coconote, o óleo de palma, os couros, a cera e, eventualmente, a borracha, foram de 2$19, 2$46, 3$79, 15$00, 20$99 e 5$55, por quilo, respectivamente, em 1951 subiram para 2$62, 2$99, 6$46, 21$33, 31$07 e 15$32. E melhor o atesta o pequeno número de letras protestadas existentes em carteira”.

(Continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 20 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18542: Notas de leitura (1059): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (31) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18553: Notas de leitura (1060): “Integração Nacional na Guiné-Bissau desde a Independência”, por Christoph Kohl, no Caderno de Estudos Africanos do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, n.º 20, Janeiro de 2011 (Mário Beja Santos)