Fotos (e legendas): © Jaime Machado (2008).Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 2.º semestre de 1970 > Velhinhos e periquitos > A rapaziada, à civil, em Santa Helena, nos arredores de Bambadinca, a caminho do bife com batatas fritas da Transmontana e das bajudas de Bafatá. Malta da CCAÇ 12, na sua maioria, e da CCS do BART 2917 (1970/72). Eis a legenda do fotógrafo:
(...) "Passeio dominical à Transmontana, em Bafatá, para ir comer o célebre bife com batatas fritas, pois batatas era um luxo na messe. Reconhecem-se na 2.ª fila da esquerda para a direita: o 1.º não me lembro, o 2.º, de camisola azul, é o Bilocas da Cooperativa de Riba d'Ave, ex-alf mil dos reabastecimentos do BART 2917 [o Abílio Machado, de contabilidade e adminmistração]; o 3.º, fardado, era o alf mil de, julgo, transmissões do BART 2917; e o condutor era o Rocha da CCAÇ 12.
"Na 1.ª fila são todos da CCAÇ 12, a começar pelo José Luís Vieira de Sousa, furriel miliciano, o Zé da Ilha, tocador de viola, baladeiro, hoje mediador de seguros no Funchal; a seguir, o 2.º é o Pedrosa, que era o fur mil mecânico (periquito que foi substituir o nosso 1.º mecânico que era o Joaquim Moreira Gomes, do Porto e que quando cá veio de férias em 69 arranjou uma cunha no Hospital Militar lá no Porto e já não voltou à Guiné); em 3.º temos o Arlindo Teixeira Roda, fur mil, natural dos Pousos-Leiria, mas agora a residir em Setúbal onde dá, ou já deu, aulas (chmávamos-lhe o Tê Rodas); o 4.º é este ilustre vosso servo com 23 ou 24 anos (que saudades!) e vestido de verde, eu que até sou simpatizante, de meia tigela mas sou, do SLB; a seguir em 5.º é o António Manuel Martins Branquinho [1947-2103], fur mil. alentejano de Évora (trabalhou no Centro Regional de Segurança Social de Évora); e por último o alf mil José António Gonçalves Rodrigues, já falecido, e que trabalhava no Centro Regional de Segurança Social, aqui em Lisboa na Av Afonso Costa no Areeiro"(...)
Guiné > Região Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > 1970 > Era aqui a sede do Pel Caç Nat 63 e da 1.ª Companhia de Comandos Africanos... Diversos furriéis e alferes da CCAÇ 12 e da CCS / BART 2917, de visita a Fá Mandinga (e possivelmente a caminho de Bafatá para almoçar, em traje domingueiro, em meados de 1970: reconheço do lado direito, o alf Machado (CCS) e o alf Abel Maria Rodrigues (CCAÇ 12). Do lado esquerdo, também à civil, de camisola vermelha, o fur António Branquinho [1947-2013] e de camisola verde o fur Humberto Reis, ambos da CCAÇ 12.
Fotos (e legendas): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Esta série é dedicada à(s) "Memória(s) dos lugares"... Logo no princípio do nosso blogue, tínhamos, na badana (ou coluna estática) do lado esquerdo uma listagem (com links) de lugares por onde passámos, documentados com fotografias e infografias...
Ia já em 24 topónimos, mas faltavam muitos mais... Começámos a sua recuperação com o topónimo Bafatá, e depois Bambadinca.(***)
As imagens estavam originalmente alojadas na página pessoal do nosso editor, Saúde e Trabalho - Luís Graça, no servidor da ENSP/NOVA. Foi descontinuada, em 2022, com o redesenho da página oficial da instituição. Estamos agora a recuperá-la através das capturas feitas pelo Arquivo.pt, bem como dos ficheiros originais. É uma tarefa morosa e ingrata...
Luís Graça > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné > Antologia, preservada pelo Arquivo.pt
E vamos aproveitar para refrescar e atualizar os nossos álbuns fotográficos, por topónimos da Guiné (se não todos, pelo menos os principais). Afinal, trata-se de não perder as nossas "geografias emocionais". Muitas das fotos que vamos publicando estão dispersas. São de diferentes autores e anos... É agora a altura de as tentar reunir.
2. Fá Mandinga ficava na margem esquerda do rio Geba Estreito. Durante anos foi sede de batalhão (ou de subunidades de diversas armas: infantaria, cavalaria, artilharia), sucedendo-lhe Bambadinca (como sede do Sector L1).
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Fá (Mandinga) > 1968 > CART 2339 (1968/69) > Parada do quartel: o grupo de combate do alf mil Torcato Mendonça (1944-2021), cerimónia do arriar da bandeira... Os "Viriatos" estiveram aqui três meses (de fevereiro a maio de 1968) antes de partirem para Mansambo para ali construirem um quartel, novo, de raiz. (**)
Foto (e legenda): © Torcato Mendonça (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(...) "Passeio dominical à Transmontana, em Bafatá, para ir comer o célebre bife com batatas fritas, pois batatas era um luxo na messe. Reconhecem-se na 2.ª fila da esquerda para a direita: o 1.º não me lembro, o 2.º, de camisola azul, é o Bilocas da Cooperativa de Riba d'Ave, ex-alf mil dos reabastecimentos do BART 2917 [o Abílio Machado, de contabilidade e adminmistração]; o 3.º, fardado, era o alf mil de, julgo, transmissões do BART 2917; e o condutor era o Rocha da CCAÇ 12.
"Na 1.ª fila são todos da CCAÇ 12, a começar pelo José Luís Vieira de Sousa, furriel miliciano, o Zé da Ilha, tocador de viola, baladeiro, hoje mediador de seguros no Funchal; a seguir, o 2.º é o Pedrosa, que era o fur mil mecânico (periquito que foi substituir o nosso 1.º mecânico que era o Joaquim Moreira Gomes, do Porto e que quando cá veio de férias em 69 arranjou uma cunha no Hospital Militar lá no Porto e já não voltou à Guiné); em 3.º temos o Arlindo Teixeira Roda, fur mil, natural dos Pousos-Leiria, mas agora a residir em Setúbal onde dá, ou já deu, aulas (chmávamos-lhe o Tê Rodas); o 4.º é este ilustre vosso servo com 23 ou 24 anos (que saudades!) e vestido de verde, eu que até sou simpatizante, de meia tigela mas sou, do SLB; a seguir em 5.º é o António Manuel Martins Branquinho [1947-2103], fur mil. alentejano de Évora (trabalhou no Centro Regional de Segurança Social de Évora); e por último o alf mil José António Gonçalves Rodrigues, já falecido, e que trabalhava no Centro Regional de Segurança Social, aqui em Lisboa na Av Afonso Costa no Areeiro"(...)
Guiné > Região Leste > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > 1970 > Era aqui a sede do Pel Caç Nat 63 e da 1.ª Companhia de Comandos Africanos... Diversos furriéis e alferes da CCAÇ 12 e da CCS / BART 2917, de visita a Fá Mandinga (e possivelmente a caminho de Bafatá para almoçar, em traje domingueiro, em meados de 1970: reconheço do lado direito, o alf Machado (CCS) e o alf Abel Maria Rodrigues (CCAÇ 12). Do lado esquerdo, também à civil, de camisola vermelha, o fur António Branquinho [1947-2013] e de camisola verde o fur Humberto Reis, ambos da CCAÇ 12.
Fotos (e legendas): © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 > Bambadinca > Carta de Bambadinca (1955), escala 1/50 mil (1955) > Posição relativa de Fá Mandinga, a escassa meia dúzia de quilómetros de Bambadinca, na direção de Bafatá. Ficava na margem esquerda do rio Geba Estreito. Foi, durante anos, sede de batalhões e também Centro de Instrução Militar: nele foi formada, por exemplo, a 1.ª CCmds Africanos.
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Carta de Bambadinca (1955) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Nhabijões, Mero e Santa Helena, três tabancas consideradas, desde o início da guerra, como estando "sob duplo controlo", ou seja, com população (maioritariamente balanta) que tinha parentes no "mato" (zona controlada pelo PAIGC) e que recebiam "visitas do mato"...
Em Finete, Missirá e Fá Mandinga havia destacamentos das NT. Entre Bambadinca e Fá Mandinga ficava Ponta Brandão. Havia aqui uma destilaria, de cana de acúcar... Bambadinca era sede de posto administrativo e tinha correios, telégrafo e telefone, além de um posto sanitário ("missão do Sono")... Era, além disso, um importante porto fluvial. Era banhado pelo caprichoso Rio Geba (ou Xaianga), temível em Mato Cão... Até 1968 as LDG da Marinha chegavam até lá... Depois, já em 1969, ficavam-se pelo Xime que passou a ter "porto fluvial" (na realidade, um cais acostável)... De Bambadinca a Bafatá (cerca de 30 km) a estrada era já alcatroada... no tempo da CCAÇ 12 (1969/71).
Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014).
Ia já em 24 topónimos, mas faltavam muitos mais... Começámos a sua recuperação com o topónimo Bafatá, e depois Bambadinca.(***)
As imagens estavam originalmente alojadas na página pessoal do nosso editor, Saúde e Trabalho - Luís Graça, no servidor da ENSP/NOVA. Foi descontinuada, em 2022, com o redesenho da página oficial da instituição. Estamos agora a recuperá-la através das capturas feitas pelo Arquivo.pt, bem como dos ficheiros originais. É uma tarefa morosa e ingrata...
Luís Graça > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné > Antologia, preservada pelo Arquivo.pt
E vamos aproveitar para refrescar e atualizar os nossos álbuns fotográficos, por topónimos da Guiné (se não todos, pelo menos os principais). Afinal, trata-se de não perder as nossas "geografias emocionais". Muitas das fotos que vamos publicando estão dispersas. São de diferentes autores e anos... É agora a altura de as tentar reunir.
2. Fá Mandinga ficava na margem esquerda do rio Geba Estreito. Durante anos foi sede de batalhão (ou de subunidades de diversas armas: infantaria, cavalaria, artilharia), sucedendo-lhe Bambadinca (como sede do Sector L1).
E, mais tarde, foi centro de instrução militar: no 1.º semestre de 1970, foi lá que se formou a 1.ª CCmds Africanos, comandada pelo cap graduado 'comando' João Bacar Jaló. Foi de lá que partiu, a 1.ª CCmds Africanos, para a aquela que viria a ser mais tarde, em 22 de novembro de 1970, a Operação Mar Verde (invasão anfíbia de Conacri). E a seguir à 1.ª, vieram lá formar-se as 2.ª e 3.ª CCmds Africanos, com as quais se constituiu mais tarde o Batalhão de Comandos Africanos.
Fonte: José Martins (2014) (com correções do nosso saudoso Jorge Cabral: (i) O Pel Caç Nat 63 foi para lá em julho de 1969; e (ii) a 1ª CCmds Africanos chegou em fevereiro de 1970.
(...) Finalmente chegaram. Já a tarde ia alta e Fá Mandinga aí estava. Não parecia um aquartelamento. A entrada tinha a cancela com arame farpado, uma leve protecção para o militar da porta de armas e, enquanto rolavam aquartelamento dentro, iam aparecendo os edifícios adaptados à tropa.
Também foi sede do Pel Caç Nat 63, ao tempo do nosso glorioso "alfero Cabral" (1969/70), antes de ser transferido para Missirá em meados de 1970.
Aparentemente Fá (Mandinga, havia outra, Balanta, perto de Santa Helena) teve um papel discreto na guerra... Pertencia ao regulado de Badora. Ao que parece, nunca foi atacada ou flagelada, contrariamente a Missirá (que já pertencia ao regulado do Cuor).
Durante muito tempo esteve associada, erradamente, ao nome do engº agrónomo Amílcar Cabral. De facto, a estação agrária experimental de Fá tinha boas instalações, entretanto desafetadas com o início da guerra. Mas Amílcar Cabral nunca ali trabalhou, e muito menos lá viveu. Ele e a sua primeira esposa, portuguesa, Maria Helena Rodrigues, silvicultora, viveram e trabalharam na estação agrária experimental de Pessubé, nas imediações de Bissau, entre setembro de 1952 e março de 1955, como recordou o nosso amigo Pepito, também ele engenheiro agrónomo (1949-2014) (****)
Também houve aqui, em tempos (1947), uma moderna serração mecânica, do empresário Fausto da Silva Teixeira, antigo deportado político.
Guiné - Bissau > Regiáo autónoma de Bissau > Pessubé >2013 > Fotografia atual da casa onde Cabral e Maria Helena viveram na Granja Experimental de Pessubé, de 400 hectares. Num notável artigo sobre o Amíllcar Cabral enquanto engenheiro agrónomo na Guiné, o nosso amigo Pepito (1949-2014) escreveu:
(...) Ele e Maria Helena instalam-se na casa da Granja Experimental do Pessubé, atribuída ao seu diretor, na altura situada muito longe do centro de Bissau, num bairro popular da periferia e numa zona isolada e de difícil acesso. A Granja dispunha de cerca de 400 ha onde existia grande número de essências florestais e um pequeno número avulso de algumas espécies frutícolas, como por exemplo cacaueiros.
Nesta altura, quando começa a exercer a sua profissão, Amílcar está convencido de que o processo de independência decorrerá de forma pacífica, nos moldes como se virá a processar nos outros países africanos, pelo que decide começar a construção do novo edifício conceptual agrícola que iria substituir gradualmente o modelo colonial existente.
A Granja de Pessubé vai ser o ponto de partida, para começar a pôr em prática uma estratégia, em três vertentes principais, que ele considera importantes para o desenvolvimento da agricultura guineense- (...) (****)
Nesta altura, quando começa a exercer a sua profissão, Amílcar está convencido de que o processo de independência decorrerá de forma pacífica, nos moldes como se virá a processar nos outros países africanos, pelo que decide começar a construção do novo edifício conceptual agrícola que iria substituir gradualmente o modelo colonial existente.
A Granja de Pessubé vai ser o ponto de partida, para começar a pôr em prática uma estratégia, em três vertentes principais, que ele considera importantes para o desenvolvimento da agricultura guineense- (...) (****)
Foto (e legenda): © Carlos Schwarz (2013). Todos os direitos reservados, [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Unidades que passaram por Fá Mandinga
Unidade | Origem | Chegada | Saida | Destino |
BCaç 697 - CCS | RI 15 | Jul 64 | Abr 66 | Fim comissão |
CCaç 674 | RI 16 | Jul 64 | Jul 64 | Fajonquito |
CCav 678 | RC 7 | Set 64 | Jan 65 | Ponta do Inglês |
Pel Rec Daimler 809 | RC 6 | Nov 64 | Jan 66 | Dulombi |
BCaç 1856 - CCaç 1417 | RI 1 | Set 65 | Mai 66 | Bajocunda |
Pel Mort 1028 | RI 2 | Set 65 | Nov 66 | Bambadinca |
BCaç 1888 - CCS | RI 1 | Abr 66 | Nov 66 | Bambadinca |
BCav 705 - CCav 702 | RC 7 | Abr 66 | Mai 66 | Fim comissão |
BCaç 1887 - CCaç 1547 | RI 1 | Mai 66 | Set 66 | Bula |
Pel Rec Daimler 1133 | RC 6 | Ago 66 | Out 66 | Bambadinca |
BCaç 1887 - CCaç 1546 | RI 1 | Out 66 | Dez 66 | Bissau |
BCaç 1888 - CCaç 1551 | RI 1 | Nov 66 | Jan 67 | Xitole |
BCaç 1894 - CCaç 1589 | RI 15 | Dez 66 | Abr 67 | Madina do Boé |
CCaç 817 | BC 10 | Jan 67 | Fev 67 | Fim comissão |
CCaç 818 | BC 10 | Jan 67 | Fev 67 | Fim comissão |
CArt 1661 | RAC | Fev 67 | Abr 67 | Enxalé |
BCaç 1912 – Ccaç 1685 | RI 16 | Abr 67 | Out 67 | Fajonquito |
CCaç 1426 | RI 16 | Abr 67 | Mai 67 | Fim comissão |
CCaç 1439 | BII 19 | Abr 67 | Mai 67 | Fim comissão |
BArt 1913 - CArt 1689 | RAP 2 | Mai 67 | Jul 67 | Catió |
BArt 1904 - CArt 1646 | RAP 2 | Ago 67 | Jan 68 | Xitole |
BArt 1904 - CArt 1646 | RAP 2 | Set 67 | Out 69 | Fim comissão |
BCaç 1933 - CCaç 1790 | RI 15 | Out 67 | Jan 68 | Madina do Boé |
BCaç 1888 - CCaç 1551 | RI 1 | Nov 67 | Jan 68 | Fim comissão |
CArt 2338 | RAL 3 | Jan 68 | Abr 68 | Nova Lamego |
CArt 2339 | RAL 3 | Fev 68 | Mai 68 | Mansambo |
CCaç 2383 | RI 2 | Mai 68 | Jul 68 | Nova Lamego |
CArt 2413 | RAP 2 | Ago 68 | Set 68 | Xitole |
BCaç 2852 - CCaç 2405 | RI 2 | Dez 68 | Dez 68 | Galomaro |
BCaç 2851 – Ccaç 2403 | RI 1 | Fev 69 | Abr 69 | Mansabá |
1ª CCmds Africana | CTIG | Jul 69 | Jul 69 | Bajocunda |
1ª CCmds Africana | CTIG | Set 70 | Jul 71 | Brá |
Pel Caç Nat 52 | CTIG | Jan 71 | Jul 71 | Missirá |
2ª CCmds Africana | CTIG | Abr71 | Out 71 | Brá |
3ª CCmds Africana | CTIG | Abr 72 | Set 74 | Extinção Unidade |
Pel Caç Nat 52 | CTIG | Abr 72 | Jul 72 | Ponte R Unduma |
Pel Caç Nat 63 | CTIG | Jul 69 | Ago 74 | Desativada |
BArt 3873 - CArt 3493 | RAP 2 | Dez 73 | Jan 74 | Bissau |
Fonte: José Martins (2014) (com correções do nosso saudoso Jorge Cabral: (i) O Pel Caç Nat 63 foi para lá em julho de 1969; e (ii) a 1ª CCmds Africanos chegou em fevereiro de 1970.
3. Estranhamente não temos muitas fotos de Fá Mandinga, a não ser as que se salvaram do álbum do Jorge Cabral (1944-2019). Mas temos cerca de 150 referências a este topónimo.
Em contrapartida, temos alguns descrições do aquartelamento. Escolhemos três:
(i) Armandino Alves [1944-2014] , ex-1.º Cabo Aux Enf,
CCAÇ 1589 (1966/68)
(...) Sobre o Aquartelamento de Fá Mandinga, ainda recordo que:
Em Dezembro de 1966, a minha CCAÇ 1589, recebeu guia de marcha para Fá Mandinga. Embarcámos em Bissau numa LDG em direcção a Bambadinca e daí seguimos em viaturas, pela estrada em terra batida, que estava a ser aberta pelo Batalhão de Engenharia, em direcção a Bafatá [mais tarde alargada e asfaltada, no 2º semestre de 1967].
A certa altura virámos à esquerda e entrámos na picada que nos ia levar a Fá. Era tão estreita que mal lá cabiam uma GMC ou uma Mercedes. Passámos o Aquartelamento de Fá de Cima e começámos uma íngreme descida até Fá de Baixo.
O Aquartelamento era constituído por 4 grandes barracões, dois de cada lado, com uma grande parada no meio. À volta era só capim, que era preciso desbastar para podermos ver mais longe e evitar surpresas “desagradáveis”, embora o pessoal de Fá de Cima nos protegesse pois, devido à sua posição no cimo da colina, viam muito mais longe. Mas, pelo que eu sei, Fá nunca foi atacada.
A partir daqui fizemos várias operações, com outras Companhias que tinham a sua base em Porto Gole. A maior delas foi à mata do Saraoul, durou 10 dias e foi feita a nível de Batalhão.
(...) Pouco tempo depois recebemos guia de marcha para Madina do Boé.
Quanto ao quartel de Fá, lembro-me que o 1.º barracão se situava do lado direito de quem entrava no quartel e servia de caserna dos praças e quartos dos sargentos, e o 2.º destinava-se aos Comandantes e, creio que também, a camarata dos oficiais.
Nas traseiras do 1.º barracão estava instalado o “meu” Posto de Socorros e o reboque com o material de Campanha do SS, que nunca foi usado. O 2.º pavilhão, do lado esquerdo, só estava meio ocupado por nós, pois a outra metade estava vedada com rede e tinha guardado o material, para a fazenda do Amílcar Cabral [informação errónea, já que o eng agr Amilcar Cabral nunca trabalhou aqui, mas sim na Granja de Pessubé, a norte de Bissau (LG)].
Não me lembro onde ficavam a cozinha nem as oficinas auto. (...) (*****)
Em Dezembro de 1966, a minha CCAÇ 1589, recebeu guia de marcha para Fá Mandinga. Embarcámos em Bissau numa LDG em direcção a Bambadinca e daí seguimos em viaturas, pela estrada em terra batida, que estava a ser aberta pelo Batalhão de Engenharia, em direcção a Bafatá [mais tarde alargada e asfaltada, no 2º semestre de 1967].
A certa altura virámos à esquerda e entrámos na picada que nos ia levar a Fá. Era tão estreita que mal lá cabiam uma GMC ou uma Mercedes. Passámos o Aquartelamento de Fá de Cima e começámos uma íngreme descida até Fá de Baixo.
O Aquartelamento era constituído por 4 grandes barracões, dois de cada lado, com uma grande parada no meio. À volta era só capim, que era preciso desbastar para podermos ver mais longe e evitar surpresas “desagradáveis”, embora o pessoal de Fá de Cima nos protegesse pois, devido à sua posição no cimo da colina, viam muito mais longe. Mas, pelo que eu sei, Fá nunca foi atacada.
A partir daqui fizemos várias operações, com outras Companhias que tinham a sua base em Porto Gole. A maior delas foi à mata do Saraoul, durou 10 dias e foi feita a nível de Batalhão.
(...) Pouco tempo depois recebemos guia de marcha para Madina do Boé.
Quanto ao quartel de Fá, lembro-me que o 1.º barracão se situava do lado direito de quem entrava no quartel e servia de caserna dos praças e quartos dos sargentos, e o 2.º destinava-se aos Comandantes e, creio que também, a camarata dos oficiais.
Nas traseiras do 1.º barracão estava instalado o “meu” Posto de Socorros e o reboque com o material de Campanha do SS, que nunca foi usado. O 2.º pavilhão, do lado esquerdo, só estava meio ocupado por nós, pois a outra metade estava vedada com rede e tinha guardado o material, para a fazenda do Amílcar Cabral [informação errónea, já que o eng agr Amilcar Cabral nunca trabalhou aqui, mas sim na Granja de Pessubé, a norte de Bissau (LG)].
Não me lembro onde ficavam a cozinha nem as oficinas auto. (...) (*****)
(ii) Torcato Mendonça [1944-2021], ex-alf mil art, CART 2338
(Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69)
(...) Finalmente chegaram. Já a tarde ia alta e Fá Mandinga aí estava. Não parecia um aquartelamento. A entrada tinha a cancela com arame farpado, uma leve protecção para o militar da porta de armas e, enquanto rolavam aquartelamento dentro, iam aparecendo os edifícios adaptados à tropa.
Coluna parada e ordem para desembarcarem. Deu-se então o reencontro com um alferes e um sargento que, umas semanas antes, por via aérea os tinham precedido a fim de tratarem das burocracias e instalação da Companhia Independente. Tiveram recepção calorosa e a vida, de burocracias e instalação facilitada. Breve formatura, material diverso arrumado e está a tratar da instalação.
A ele e ao outro alferes indicaram-lhe uma “vivenda”. Já lá estava o outro alferes instalado. A dita vivenda, certamente de algum antigo colaborador de Amílcar Cabral, tinha quartos para os alferes, messe de oficiais e sargentos, cozinha e arrumos e duas ou três casas de banho. Não sabia que aquele quarto, que agora ocupava e onde ia arrumando as suas roupas, livros e demais haveres, seria o primeiro e único quarto onde viveu na Guiné. Nunca mais teve tal luxo. No futuro seria o abrigo, a morança das tabancas ou, se pernoitasse em Bambadinca ou noutra cidade, lá teria o quarto de empréstimo. Houve outros poisos mas são outras vidas…
Bateram à porta e disse:
- Entre.
Abre-se a porta e aparece um africano com um sorriso alvar e franco.
- Sou o Lali e trabalho aqui para os oficiais. Venho acender o Lion Brand.
- Vem acender o quê? - disse.
O Lali ria, mostrava uma caixa e disse:
- É para os mosquitos fugirem.
Foi a vez de ele rir. Depois de acender, perguntou se ele precisava de alguma “coisa”.
- Sente-se aí, que quero fazer umas perguntas.
De pronto o Lali respondeu:
- Não posso sentar…
Olhou-o e compreendeu.
- Logo falamos então.
Saiu e dirigiu-se às instalações do Grupo, apanhando o ar, ainda quente, do final da tarde, sentindo aqueles cheiros e sons tão diferentes. Estava tudo a correr bem, conversaram um pouco, viram escalas e serviços e sentia-se, os outros também certamente, deslocado naquele ambiente. Depois do jantar veio até cá fora um pouco e não tardou a regressar ao quarto. Agora é que era e “a dança ia começar”. (...) (**)
(*) Vd. poste de 5 de junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2918: História da Cavalaria em Bambadinca (1): Pel Rec Daimler 1133 (1966/68) adido ao BCAÇ 1888 e ao BART 1904 (Jaime Machado)
(**) Vd. poste de 11 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4809: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): Fá Mandinga, o único sítio onde tive direito ao luxo de um quarto
(iii) António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto,
CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba
e Bissau, 1972/74)
(...) Em Fá Mandinga, local onde passámos "uma espécie de férias”, existiam instalações de grandes dimensões em que as telhas que as cobriam, pelo menos algumas, tinha sido fabricadas na então metrópole, na região de Porto de Mós, onde existiam muitas fábricas, o que me tocava ainda mais dada a proximidade da minha terra.
Existia também no local, um espaço em mau estado com vários motores inoperacionais que noutro tempo ali teriam funcionado para produzir energia. Um pouco mais abaixo, junto à bolanha, havia mais instalações, onde os padeiros da nossa companhia iam fazer o pão. Creio que não estou errado… foi há muito tempo...
Dizia-se que aquelas instalações pertenciam a Amílcar Cabral quando a guerra começou. Mas diziam-se tantas coisas…
Durante o tempo que lá estivemos, para além do pessoal da cozinha e os padeiros, não me lembro que mais alguém tivesse feito qualquer serviço, eu sei que não fiz assim como os outros condutores. Mas o lado psicológico não deixava ninguém tranquilo. A mais pequena coisa... levava a comportamentos nada comuns. (...) (******)
Dizia-se que aquelas instalações pertenciam a Amílcar Cabral quando a guerra começou. Mas diziam-se tantas coisas…
Durante o tempo que lá estivemos, para além do pessoal da cozinha e os padeiros, não me lembro que mais alguém tivesse feito qualquer serviço, eu sei que não fiz assim como os outros condutores. Mas o lado psicológico não deixava ninguém tranquilo. A mais pequena coisa... levava a comportamentos nada comuns. (...) (******)
___________
Notas do editor:
(**) Vd. poste de 11 de agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4809: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): Fá Mandinga, o único sítio onde tive direito ao luxo de um quarto
(***) Último poste da série > 19 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24153: As nossas geografias emocionais (2): Bambadinca, zona leste, região de Bafatá, sector L1 - Parte I: Fotos de Humberto Reis (ex-fur mil op esp, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, 1969/71)
(****) Vd. poste de 19 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10966: Amílcar Cabral, um agrónomo antes do seu tempo (Carlos Schwarz, Pepito, eng agr) (Parte I)
(******) Vd. poste de 2 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21033: Memória dos lugares (410): Fá Mandinga, local onde passamos "uma espécie de férias” (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo CAR)
(****) Vd. poste de 19 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10966: Amílcar Cabral, um agrónomo antes do seu tempo (Carlos Schwarz, Pepito, eng agr) (Parte I)
(*****) Vd. poste de 11 de junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4510: Memória dos lugares (31): Fá Mandinga, CCAÇ. 1589 (1966/68) (Armandino Alves)