sábado, 21 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25963: Os nossos seres, saberes e lazeres (646): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (171): As mulheres carregam o mundo, exposição de Lekha Singh, Museu Nacional de Etnologia (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Junho de 2024:

Queridos amigos,
No mínimo, saímos dali sobressaltados: porque elas são milhões, transportam milhões de quilos, e por milhões de quilómetros, transportam na cabeça, nas costas ou nas espáduas; carregam o mundo e não se sabe desde quando, transportam os filhos, a lenha, a água, a comida, tijolos, pedras, montanhas de algodão. As imagens de Lekha Singh desvelam os fardos que lhes pesam, é uma homenagem a não sei qual percentagem de mulheres do mundo, sabemos que praticam desportos, são mulheres de família, alimentam os filhos, são verdadeiras mulas humanas, olhamos cuidadosamente para os seus rostos de pele gretada e engelhada, pegamos nos números que nos dão as agências das Nações Unidas e ficamos a saber que há pelo menos 2000 milhares de milhões de pessoas que não têm acesso a água, é trabalho de mulheres e também de crianças; há regiões onde elas transportam à cabeça o equivalente a 70% do seu próprio peso. Mas também ficamos a saber, quando olhamos estas imagens, que pelo mundo fora estas mulheres estão num processo crescente de afirmação e rompendo com as barreiras de género.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (171):
As mulheres carregam o mundo, exposição de Lekha Singh, Museu Nacional de Etnologia


Mário Beja Santos

Não foram poucos os que me azucrinaram que era indispensável ir ver a exposição da Lekha Singh, no Museu Nacional de Etnologia. Esperei pelo último dia para ir contemplar este conjunto de imagens fora de série. Lekha Singh é uma artista visual norte-americana, o seu olhar e a sua sensibilidade têm o foco na enorme sobrecarga física que recai desde tempos imemoriais sobre a mulher, em inúmeros locais do planeta. Mas há outros alertas, a despeito do caráter vital das funções que as mulheres desempenham nas esferas familiar e económica, permanecem marcadas pela falta de reconhecimento. Fica por aqui a objetiva desta artista norte-americana, dá para que possamos ver as capacidades físicas das mulheres, tradicionalmente valorizadas apenas pela sua dimensão reprodutora, mas secundarizadas no que respeita à atividades produtivas; há como que um cuidado da artista em querer mostrar que as mulheres constituem uma crescente fonte de afirmação, estão a promover crescentes ruturas nas barreiras de género. Lekha Singh fotografou na Índia, no Butão, no Japão, em Marrocos, no Quénia, no Ruanda, na Tanzânia, na Namíbia e nos Estados Unidos da América. A sua obra fotográfica tem estado patente em instituições consagradas como a Smithsonian Institution, o Musée de l’Homme, ou The International Center of Photography de Nova Iorque.
Na apresentação desta exposição, observa o diretor do Museu Nacional de Etnologia, Paulo Ferreira da Costa, que “há virtuosismo da artista visual a tratar a condição feminina em sociedades de caráter tradicional ou moderno, Lekha Singh polariza-se nestas questões fundamentais em que nos desvela o mundo e a sociedade em que vivemos, mas também para pensarmos no mundo e as sociedades que queremos construir para o futuro, e o lugar que as mulheres neles devem ter.”
Cheguei tarde mas em boa hora para uma exposição notável. Não podendo o leitor desfrutá-la presencialmente, aqui lhe deixo uma mostra fotográfica de indiscutível valor que nos obriga a pensar sobre o modo de transporte não motorizado em que cabe à mulher deslocar de um lado para o outro cargas por vezes sobre-humanas.
Que desfrutem!

Quénia, desde que se casaram que transportam à cabeça a alimentação da sua família, é trabalho que fazem desde pequeninas, como farão as suas filhas, e depois as suas netas
Quénia, aquele cesto é todo o seu património
Índia, elas transportam grandes cestos de algodão
Índia, ao fundo da escadaria corre o rio onde ela lavou a roupa da família, agora sobe-a levando na cabeça toda essa roupa molhada
Butão, faça chuva ou faça sol o trabalho agrícola nunca falta, transporta-se às costas ou na cabeça
Estados Unidos da América, esta mulher transporta o seu filho, foi assim no passado, é no presente e será no futuro
Quénia, esta mulher percorreu uma longa distância para trazer à cabeça uma pedra que é fundamental para a lareira onde preparará a comida da sua família
Índia, esta mulher caminha para o rio Ganges, transporta todos os seus haveres à cabeça, o seu filhinho também se irá banhar no rio sagrado
Tanzânia, nas margens do lago Tanganica, esta mulher transporta um enorme pote de barro à cabeça, já percorreu uma longa distância com ele vazio, vai regressar a casa com o pote cheio de água, pesará 22 quilos
Índia, mesmo com o rosto protegido, esta mulher transporta ramos de acácia para fazer a sua lareira, a lenha continua a ser a fonte de energia mais usada pelos muito milhões de gente pobre de todo o mundo
Quénia, esta mulher, pertencente ao povo Pokot, usa pesados anéis de missangas ao pescoço, que nunca deverá retirar. Cada círculo representa uma determinada dimensão da sua biografia: marido, filhos e estatuto social. As missas são ainda investidas de significados próprios, consoante a cor: o amarelo promove a paz, o branco representa o leite, o verde simboliza a erva, o negro a pele, o vermelho o sangue, o laranja a beleza e o azul Deus nos céus.
Índia, trabalha-se em qualquer idade e por toda a vida
Estados Unidos da América, halterofilista que detém 7 recordes mundiais de levantamento de pesos
Índia, ela leva à cabeça a comida para toda a família
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Nota do editor

Último post da série de 14 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25942: Os nossos seres, saberes e lazeres (645): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (170): Restos de coleção de visitas inesquecíveis ou lugares esplendentes (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25962: Parabéns a você (2313): José Macedo ex-2.º Tenente Fuzileiro Especial do DFE 21 (Bissau, 1973/74)

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Nota do editor

Último post da série de 19 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25956: Parabéns a você (2312): José Emídio Marques, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro da 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4616/73 (Jumbembém, Farim e Canjambari, 1974)

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25961: Notas de leitura (1728): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, ano de 1875 e 1876) (21) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Junho de 2024:

Querido amigos,
Entre o dia de Natal de 1875 e ao longo de 1876, assistimos a uma realidade, o Governador da Guiné, António José Cabral Vieira, envia pendularmente para a cidade da Praia pequenos relatórios sobre o estado do distrito, segundo ele há bastante animação comercial, os problemas sanitários são poucos, metem a epidemia das bexigas e a varíola. Há permanentes dores de cabeça com o presídio de Farim, há guerras interétnicas, problemas no presídio de Geba, temos um negociante que se suicida numa canoa fazendo-a explodir e matando toda a família. Poder-se-á entender que a situação alimentar não levanta problemas já que por toda a Guiné prevalece um quadro de auto-abastecimento, mesmo quando os médicos de saúde pública falam de doenças jamais questionam as deficiências nutricionais. E recomenda-se vivamente a informação dada por um farmacêutico na Praia, é mensagem publicitária em que ele anuncia o que tem ao seu dispôr na farmácia, é um rol impressionante que talvez mereça a atenção dos estudiosos para se saber mais sobre a Farmacopeia do último quartel do século XIX.

Um abraço do
Mário



Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX
(e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, anos de 1875 e 1876) (21)


Mário Beja Santos

Entre o final de 1875 e o verão de 1876, ocorre da leitura do Boletim Official de Cabo Verde e da Costa da Guiné duas singularidades de que me permite chamar à atenção do leitor: com regularidade pendular o Governador da Guiné, António José Cabral Vieira, vai enviado ao Governador-Geral pequenos relatórios do estado do distrito, são registos muito úteis para qualquer investigador ter em conta quanto à leitura que o Governo da Guiné fazia dos acontecimentos e assuntos internos; e aparece no Boletim Official em junho uma relação de produtos farmacêuticos que me parece ser um verdadeiro achado, merecia ser enviada para todas as instituições universitárias que se interessem pela Farmacopeia.

No Boletim Official n.º 52, de 25 de dezembro de 1875, é enviado ao Governador Geral a seguinte síntese: “É regular o estado sanitário nos concelhos de Bissau e Bolama, e está quase extinta a epidemia de bexigas no concelho de Cacheu. Continua a colheita de arroz o qual, já em maior escala, vai aparecendo no comércio. Posteriormente ao meu ofício n.º 190, de 12 de novembro, não tive participação alguma oficial sobre o presídio de Farim, constando-me, aliás, extraoficialmente, que não têm continuando as impertinências dos Fulas. Não conta que os gentios tivessem por enquanto atacado o presídio de Geba, nem qualquer outro ponto sujeito ao Governo português. Continuam ainda em poder dos Fulas prisioneiros cristãos a que se refere o meu ofício n.º 186, de 19 de novembro.”

Entrámos no novo ano e no Boletim Official n.º 3, de 15 de janeiro, o Governador da Guiné leva ao conhecimento do Governador Geral que à saída do palhabote Carlota do porto desta vila de Bissau é regular o estado sanitário deste distrito, excetuando no concelho de Cacheu onde ainda reina, mas com pouca intensidade, a varíola, é bastante animado o comércio. Em Farim, segundo as últimas notícias, havia-se recuperado o sossego. Paralisaram, por enquanto, as guerras dos gentios circunvizinhos e com elas as exigências ao presídio, que vai sendo mais respeitado em presença da força que para ali se mandou. Em Geba acha-se ainda estacionada a pendência. A força dos Fulas havia-se retirado para o interior, sem, contudo, haverem dado ao presídio a satisfação completa que lhe é devida, pelos roubos e aprisionamentos ali feitos, existindo ainda em poder deles três pessoas do presídio. No Boletim Official n.º 13, de 25 de março de 1876, publica-se o estado do distrito no mês de fevereiro:
“Concelho de Bolama: regular o estado sanitário e o alimentício, e bastante animado o comercial. No dia 7 deste mês, pelas 7h do dia, apresentaram-se na propriedade denominada Bissau, uma porção de Biafadas de Beduque, que ali, dirigindo-se ao negociante Rufino Pereira Barreto, o aceitaram-se, bem como a um seu caixeiro, aos quais açoitaram barbaramente. Tive, em seguida, notícia deste acontecimento e tomei as providências necessárias, conseguindo obter a prisão do chefe dos criminosos, que se acha entregue ao poder judicial.
Concelho de Cacheu: regular o estado comercial e alimentício. É pouco lisonjeiro o estado sanitário, por isso se desenvolve em Farim com bastante intensidade a epidemia da varíola. Por participação ultimamente recebida consta que no dia 13 do mês findo se suicidara o negociante-chefe do presídio de Farim, Pedro Pereira Barreto. O infeliz havia sido quase reduzido à indigência pelos gentios Mandigas que, atribuindo-lhe ser partidário dos Fulas, lhe roubaram quase tudo que possuía, em resultado de que perdendo o uso da razão, meteu-se numa canoa com toda a sua família, com pretexto de se retirar para Cacheu, e disparando um tiro de revólver sobre uns barris de pólvora que se achavam na mesma canoa, resultou em ato continuo uma grande explosão de que foi vítima ele, sua mulher e dois filhos menores.
Concelho de Bissau: é regular o estado sanitário, comercial e alimentício. Tranquilidade pública em todo o concelho.”
Assina, como tem sido sempre, António José Cabral Vieira.

No Boletim Official n.º 16, de 15 de abril, o Governador escreve: “Largando hoje deste porto de Bissau com destino ao da cidade da Praia o cutter Cabo Verde, cabe-me a honra de participar V.ª Ex.ª que ao presente é satisfatório o estado sanitário nos concelhos de Bissau e Bolama, não acontecendo assim no de Cacheu, onde infelizmente ainda continua a epidemia de varíola. É regular o estado comercial, bem como alimentício em todo o distrito. Continuam as desavenças entre os gentios Fulas, Biafadas e Mandigas, havendo desconfianças que vai breve haver hostilidades entre os dois régulos vizinhos de Antim e Antula.”

Vejamos agora a surpreendente notícia intitulada “Ser velho e teimoso, dom que Deus me deu”:
“O signatário deste tem a honra de participar que lhe chegaram de Lisboa, vindos no vapor D. Pedro, mais medicamentos e que são os seguintes:
Xarope de lacto-fosfato de cal de Dusart, para fazer nascer os dentes às crianças e para todas as mulheres que dão de mamar. Vinho de quina Laroche, para todas as pessoas de constituição fraca, e muito principalmente para senhoras e meninas que sofrem do peito e têm fastio. Ponto alívio, pilulas e xarope do Dr. Radway, para depurar o sangue, como purgativo e para acidentes, até hoje o único medicamento que combate tais moléstias. Licor ferruginoso de Carrier, pilulas de Blancard, xarope de quina ferruginoso, ferro de Quevene e de Girard, pílulas de pepsina ferruginosas, óleos de fígado de bacalhau com ferro, confeitos de lactato de ferro, xarope de rábanos iodado, chocolates de lactato de ferro, carbonato de ferro e de iodoreto de ferro, únicos preparados até hoje descobertos para as senhoras que sofrem por lhe faltar a menstruação e para as escleróticas. Pastilhas de Belmeth, pílulas de óleo calcário, óleo de fígados de bacalhau preparado pelo Dr. Hogg e de Chevrier, xarope de seiva de pinheiro marítimo e grânulos de Vivien, para padecimentos do peito, quando a moléstia tem feito muitos estragos e já estão desenganados. Altos peitorais de carne, de James, racahut dos árabes, revalenta simples e achocolatada, elixir alimentício de Ducro e de pepsina, tapioca, sagú, cevadinha, chocolates de saúde, de salepo e de musgo, para os convalescentes e fracos, xarope de James, dito de nafé, pasta de nafé, de Regnoold e de louro cerejas, para catarros e constipações. Inga da Índia, para dores de cabeça. Pomada do Dr. Queiroz, para moléstia da pele e queimaduras.

Opodeldoc com arnica e simples, para reumatismo, feridas e contusões. Pílulas de Haut, de Haloay, pagaliano, pílulas do Dr. Ganckes, e do Dr. Casenave, citrato de magnésia, como purgantes os mais usados em qualquer tratamento ou sem ele, e em todo o estado. Pérolas de éter e pílulas nevrálgicas, para ataques do coração. Pomadas do Dr. Lebel, chá, solução benzoica e pílulas de escórdio, para hemorroidas internas e externas, Robe de Laffecteur e arrobe depurativo, essência de salsaparrilha de Bristol, para dores venéreas e reumatismo articular. Quina Labarraque, para quem tem febres periódicas e falta de apetite. Injeções de Royer, au matico, de Boyer, de Brou, e vegetal de Chevallier, para gonorreias. Cápsulas de Raquin, de alcatrão, au matico e de alcatrão com cupaiva, para flores brancas e gonorreias. Grânulos antimoniais com bismuto e ferro e só com bismuto, para padecimentos de estômago e azia. Águas cesarina de Hebé e circassiana, para dar a primitiva cor ao cabelo da cabeça e da barba. Águas alcalinas de Vidago, de Vichy, das Pedras Salgadas e de Moura, para padecimentos do estômago e areias na bexiga.

Além dos medicamentos há fundas para quebraduras de um só lado para ambos, urinol de guta-percha para homem que sofra de diabetes, aspiradores pneumáticos de Dienlafoy para extração das urinas e líquidos aquosos, cujo tratamento deverá ser feito por facultativo. E, para todo o desgraçado que for atacado pela terrível moléstia de asma há cigarretas de spica, indianas, antiasmáticas, tubos de Levasseur, papéis de Fruneau e cartão antiasmático de Carrier, máquinas de fazer gelo e fazer café a vapor, tinta para marcar roupa e dita de ouro para escrever.
Também se encarrega de qualquer encomenda vinda de Lisboa ou de França, por pequena comissão, assim como tem na sua farmácia tudo quanto anteriormente tem anunciado.
Praia, 26 de maio de 1876, Francisco Maria Paula Serpa, farmacêutico.”

Planta da Praça de Bissau, por Bernardino António d’Andrade, 1796
(continua)
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Notas do editor

Vd. post de 13 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25940: Notas de leitura (1726): Factos passados na Costa da Guiné em meados do século XIX (e referidos no Boletim Official do Governo Geral de Cabo Verde, ano de 1874) (20) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 16 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25948: Notas de leitura (1727): "A Guerra Colonial: realidade e ficção" (livro de actas do I Congresso Internacional), organização do professor universitário e escritor Rui de Azevedo Teixeira; Editorial Notícias, 2001, com o apoio da Universidade Aberta e do Instituto de Defesa Nacional (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25960: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (14): Da Maia para Vila Franca do Campo (São Miguel, Açores), do Abílio Machado para o Arsénio Chaves Puim, falando "de baleias e outros mamíferos, .... e da amizade que é uma coisa sublime"



Título: A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores
Autor: Arsémio Chaves Puim
Editora: Letras Lavadas, Ponta Delgada, São Miguel, RA Açores
Ano: 2024
Nº de pp. : 160 
Preço de capa: 18,00 €

Sinopse: A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria e Açores

«Com o livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, o investigador / escritor Arsénio Puim vem tirar a sua ilha do obscurantismo nesta saga, dando-lhe (também) a relevância merecida, assim como dar precioso contributo para a história mais alargada e profunda da Baleação nos Açores, agora mais enriquecida com a presente obra.

O livro “A Pesca à Baleia na Ilha de Santa Maria”, para além de compulsar o enquadramento histórico da saga, nesta ilha, desde a influência à implantação local; a destrinça das duas épocas da baleação ocorridas; registos de vivências bem-sucedidas ou fatídicas e o relevante impacto socio-económico da atividade, incorpora também um importante “Glossário Baleeiro”, de base fortemente oral e com formas aportuguesadas de empréstimos do Inglês (influência americana)».

José de Andrade Melo


 
Abílio Machado , o nosso querido "Bilocas" de Bambadinca, grande amigo dos velhinhos da CCAÇ 12, o Luís Graça, o Tony Levezinho, o Humberto Reis, o Gabriel Gonçalves, entre outros; ex-alf mil, contabilidade e administração, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72; e foi também um dos fundadores do grupo musical "Toque de Caixa"; vive na Maia; é natural de Guardizela, Guimarães, tem uma forte ligação a Riba d'Ave; é autor, entre outros títulos, do "Diário dos Caminhos de Santiago" (Porto, 2013).


1. Mensagem de Abilio Machado, dirigida ao Arsénio Puim, ex-alf mil graduado capelão, CCS/ BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)

Arsénio Puim, Vila Franca
do Campo (2023), São Miguel,
Açores

Assunto - Das baleias e outros mamíferos...

Data - quarta, 18/09/2024 , 18:30

Caro(íssimo) amigo Puim:

Vai esta com conhecimento - reconhecido - ao Luis Graça, pois foi ele que me deu conhecimento do lançamento do teu novo livro sobre a pesca à baleia na tua ilha querida de Santa Maria - um estranho às ínsulas açoreanas diria caça, dada a espécie e o avantajado do pescado. 

Mas como podemos nós, pobres pescadores de sardinha e atum e respigadores de cereais, meter foice em seara alheia? A foice é bem mais fácil de manejar que um arpão de uns bons quilos, que - imagino eu - exigirá, além de precisa pontaria, um poder de braço e pulso de que nem Teseu se ufanaria. 

Na verdade, só heróis mitológicos se alçariam a tais cometimentos, pensávamos nós, se desconhecêssemos que nas ilhas de bruma homens comuns se lançavam, ao sopro do búzio, em frágeis embarcações no encalço de seres mastodônticos que nem Deus saberá como criou. Não perseguiam nenhuma Moby Dyck, mas tão só o sustento diário para famintas bocas que em terra, mãe e filhos, rezavam para que a baleia cansasse e não arrastasse o pai - os pais todos - para os longes sem fim do oceano.

A amizade é uma coisa sublime, como sublimes são todas as coisas, como o amor, que mesmo não presenciais, têm a eficácia dos actos diários e rotineiros.

Ninguém nos arranca do peito nem deslaça o nó que sentimos quando, mesmo longe, pensamos nos amigos que a vida nos ofertou - porque é um ofertório e não destino o cruzarmos a nossa com outras almas que, diversas ou iguais, se engraçaram entre si. E foram muitas, para meu deleite, as que comigo se enlaçaram.

Como dizia o Luis, parabéns, parabéns, parabéns!!!, por mais uma obra que só do amor entranhado pela tua terra nasceria.

Grande, grande abraço para ti, esposa e filhos.
Do coração,
Abilio Machado

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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25959: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (13):  no rio Corubal, na travessia para o  Cheche (e Madina do Boé), que agora tem jangada nova... (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz "Embaló")

Guiné 61/74 - P25959: Verão de 2024: Nós por cá todos bem (13): no rio Corubal, na travessia para o Cheche (e Madina do Boé), que agora tem jangada nova... (Cherno Baldé / Valdemar Queiroz "Embaló")





Guiné > Região de Gabu >  Rio Corubal >  15 de setembro de 2024 >  Travessia  para o Cheche, na margem esquerda > A jangada (que não havia em 1969)

Foto (e legenda): © Chern0 Baldé (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






Valdemar Queiroz "Embalõ" , ex-fur mil art, CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (o "Embaló" é um #"nickname", uma alcunha carinhosa, que o Cherno Baldé lhe pôs em tempos, pela tua forte ligação aos fulas)


Cherno Baldé, o "nosso correspondente" em Bissau
 (tem 303 referências no nosso blogue)


Data - quarta, 18/09/2024, 21:55 
Assunto - Guiné, travessia para Che-Che


Luís, nova jangada a sério,  da travessia do Rio Corubal para o Cheche.

Por que razão  a nossa Engenharia não "produziu" uma jangada como esta ?  Não teria havido aquele desastre com dezenas de mortos na evacuação de Madina do Boé, Beli e Che-Che.

Esta foto foi-me enviada pelo Cherno Baldé numa viagem que fez a Madina.

Valdemar



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Rio Corubal > Rampa de acesso ao outro lado do rio, Cheche  > 21 de abril de 2021 > Acidente com a jangada: queda de um camião ao rio, ao entrar na jangada, do lado de Béli.  Trânsito interrompido dos dois lados.


Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 > Rampa de acesso, do lado do Gabu, na margem direita



Guiné-Bissau > Região do Boé > Rio Corubal > 30 de junho de 2018 >  Rampa de acesso, na margem direita; lavadeiras-


Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Região de Gabu > Carta de Jábia (1961) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Ché Ché, na margem esquerda do Rio Corubal. 

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


2. Comentário do editor LG:

Valdemar e Cherno, obrigado pela foto. Nunca lá estive, e apesar das inúmeras fotos que temos publicadas no blogue, sobre este lugar que nos traz trágicas memórias, às vezes também eu faço confusão:   a rampa, mostrada nas fotos acima,  fica na margem  direita do rio Corubal; Cheche, onde até à retirada de Madina doo Boé, em 6 de fevereiro de 1969, havia um destacamento militar, ficava na margem esquerda, como de resto bem documena a carta de Jábia (1961).

Portanto, está correta a tua legenda:  a jangada que faz a travessia do Rio Corubal para o Cheche, ou seja de norte para sul, da margem direita para a margem esquerda.

Obrigado, Cherno, pela tua lembrança. Pode não ser verão aí  (é ainda tempo das chuvas), mas não se está mal por essas bandas, no rio Corubal, para mais com uma "jangada nova" que não vai ao fundo...

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Nota do editor

Último poste da série > 13 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25939: Verão de 2024: Nõs por cã todos bem (12): ...menos as andorinhas, vítimas dos "ocupas", as abelhas asiáticas e os javalis, predadores! (Luís Graça, Tabanca de Candoz)

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25958: Agenda cultural (859): Convite para a sessão de apresentação do livro "O (Ainda) Enigma da Vida Intelectual e Científica de João Barreto", de Mário Beja Santos, dia 10 de Outubro de 2024, pelas 16h00, na Sociedade de Geografia de Lisboa

C O N V I T E


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Setembro de 2024:

Meus caros,
Meti-me numa alhada que não sei como é que vai acabar, já gastei a ponta dos dedos a folhear Boletins Officiais de Cabo Verde e da Costa da Guiné e também da Província da Guiné, até já pedi ajuda ao Philip Havik por causa da Escola de Medicina Tropical, e tenho que saber o que é que este meco andou a fazer desde que se reformou (1931), a única coisa que sei é que viveu sempre em Lisboa até que partiu para as estrelas em 1 de dezembro de 1940. Não me podia ter metido noutra alhada maior, eu que andava com o Boletim Official da Província da Guiné à volta de 1890... Peço, pois, a amabilidade de fazerem a notícia nos próximos dias e um pouco antes do 10 de outubro. Grato.

Um abraço do
Mário



CONVITE

O que falta saber sobre a obra científica do autor da única História da Guiné, apresentação do livro na Sociedade de Geografia de Lisboa, 10 de outubro, pelas 16h00.

João Barreto (de seu nome João Vicente Sant’Ana Barreto) foi aluno distintíssimo da Escola Médico-Cirúrgica de Nova Goa, ali lecionou cerca de um ano, antes de partir para Lisboa apresentou um trabalho de estrutura invulgarmente moderna sobre a peste na Índia portuguesa. Continuará os seus estudos em Lisboa, parte em 1916 para Cabo Verde, onde permanecerá durante toda a Primeira Guerra Mundial. Segue depois para a Guiné, é louvado pelo seu desempenho no combate à peste em Cacheu, exerce outros cargos em Bafatá, em 1923 é nomeado delegado na Junta de Saúde de Bissau. Parte para a Índia, onde permanecerá cerca de meio ano. É no seu regresso à Guiné que os seus trabalhos científicos ganham reconhecimento. É então enviado para a Presidência da República uma proposta de condecoração como Cavaleiro da Ordem de Avis.

É uma parte deste percurso que este estudo aprecia, há ainda significativas lacunas a preencher, haverá que decifrar o que vai levar este notável epidemiologista a lançarse num empreendimento da única História da Guiné, que dará à estampa dois anos antes de falecer.

A pedido de um seu bisneto, lancei-me neste empreendimento, é empolgante tudo quanto escreveu (fora o que ainda não se conhece), incluindo os seus comentários quando foi delegado de saúde na Ilha do Fogo, no auge do conflito mundial.

A apresentação deste estudo será precedida, em homenagem à sua memória, a uma visita à Sala da Índia, seguindo-se uma passagem pela Sala de Portugal para visitar os tesouros artísticos da Índia portuguesa, visita que decorrerá entre as 15h30 e as 16h00.

A sessão de apresentação contará com Valentino Viegas, professor universitário aposentado, o autor e o comentário final de Aires Barreto, bisneto do biografado.

Seguir-se-á um Porto de Honra.
Por decisão do autor da edição, os participantes receberão gratuitamente um exemplar da obra.
Bolama no tempo em que lá viveu João Barreto, ali se tornou cidadão emérito
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Nota do editor

Último post da série de 22 de agosto de 2024 > Guiné 61/74 - P25868: Agenda cultural (858): O nosso camarada Fernando de Jesus Sousa, (ex-1.º Cabo At Inf DFA da CCAÇ 6, Bedanda, 1970/71), vai estar presente no próximo dia 24 de Agosto, sábado, às 18 horas, na Feira do Livro do Porto, Jardins do Palácio de Cristal, para uma sessão de autógrafos no Pavilhão 118

Guiné 61/74 - P25957: Manuscrito(s) (Luís Graça): Museu Nacional do Azulejo: A "caça ao leopardo" (séc. XVII), uma das peças emblemáticas...

 












1. Título: Caça ao Leopardo.
Criador: Olaria de Manuel Francisco (?)
Data de Criação: 1650/1675.
Localização física: MNAz, Museu Nacional do Azulejo, Lisboa, Portugal.
Dimensões físicas: 150 cm x 189.5 cm.
Proveniência: Quinta de Santo António da Cadriceira, Turcifal, Torres Vedras.

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2024). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 1. O Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, é um dos mais importantes (e visitados) museus de Portugal (*):

(i) possui uma coleção ímpar no contexto internacional (completíssima e rica amostra  do azulejo português mas também holandês: as encomendas que vinham para Portugal tinham particularidades, nomeadamente em termos temáticos);

(ii)  o azulejo é, desde há 5 séculos,  uma forma  artística altamente diferenciadora da nossa cultura;

(iii) o edifício só por si, um antigo mosteiro,  vale uma visita,

Trata-se do Mosteiro da Madre de Deus que foi fundado em 1509 pela rainha D. Leonor (1458-1525), irmã de Dom João II e mulher de Dom Manuel I, e fundadora das misericórdias portuguesas.

Em finais do século XVII, o rei D. Pedro II (1648-1706) mandou, entretanto, proceder a um restauro profundo do edifício. É hoje considerado um dos melhores conjuntos do barroco nacional.

 2. A "Caça ao Leopardo", do 3º quartel do século XVII, é  uma das peças mais emblemáticas, fascinantes, do Museu. 

Como de resto acontecia com  toda a azulejaria figurativa, foi concebido a partir de  uma ou mais gravuras sobre a caça ao leopardo por europeus, sendo um belíssimo exemplo da capacidade das nossas oficinas para adoptar e reformular modelos que vinham de fora (por exemplo, gravuras com temas exóticos associados â fauna e flora do Novo Mundo, da África ou da Ásia). Neste caso,  os caçadores são os próprios indígenas do Novo Mundo que usam como  armadilha para atrair a presa um espelho (que obviamente eles não usavam, não fabricavam, nem tinham tecnologia para tal)...
 
Segundo o especialista e investigador do Museu (e seu atual diretor interino), João Pedro Monteiro, o uso do azulejo (vocábulo que vem do espanhol azulejo, do árabe hispânico al-zuléig.) não é exclusivo de Portugal mas foi no nosso país que, ao longo de uma produção de cinco séculos,  "assumiu uma especial importância no contexto universal da criação artística», tornado-se portanto um elemento identitário da nossa cultura.

Por três razões, que ele enumera: 

(i) "uso continuado ao longo de cinco séculos"; 

(ii) "modo de aplicação, como elemento estruturante das arquitecturas, através de revestimentos, muitas vezes monumentais, no interior e exterior dos edifícios" (palácios, mosteiros, conventos, quintas);

(iii) " e enquanto suporte da renovação do gosto e de registo de imaginários".

 Não é uma "arte pobre", bem pelo contrário, o azulejo podia chegar a representar um quarto dos custos de construção de um edifício. E não é por acaso que atingiu "o seu apogeu no reinado de D. João V, quando a chegada do ouro do Brasil permitia custear os mais ricos edifícios barrocos».

Caro leitor, se és um antigo combatente, aponta aí na tua agenda uma visita (obrigatória)  a este Museu, de acesso gratuito para ti (*)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 2 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25592: Manuscrito(s) (Luís Graça) (250): A "macacaria", o azulejo polícromo, burlesco e satírico, do séc. XVII

(**) Vd. poste de Instituto Camões > Exposição O Azulejo em Portugal: Uma opção identitária. Encarte Camões no JL n.º 144 Suplemento da edição n.º 1019, de 21 de outubro a 3 de novembro de 2009, do JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias.

Guiné 61/74 - P25956: Parabéns a você (2312): José Emídio Marques, ex-1.º Cabo Aux. Enfermeiro da 3.ª CCAÇ / BCAÇ 4616/73 (Jumbembém, Farim e Canjambari, 1974)

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Nota do editor

Último post da série de 15 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25943: Parabéns a você (2311): Manuel J. Ribeiro Agostinho, ex-Soldado Radiotelegrafista da CCS/QG/CTIG (Bissau, 1968/70)

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Guiné 61/74 - P25955: Historiografia da Presença Portuguesa em África (443): a história (atribulada) de Bolama, segundo o Padre J.A.V (1938)


 Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, "ao luar"...


Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant, vista de dia... (A estátua original, em bronze,  desapareceu, há uns largos anos; esta da foto é uma réplica... em cimento)



Guiné-Bissau > Bolama > Junho de 2021 > A estátua de Ulysses Grant > Base: inscrição (parcial):    
[...] Grant,   [...]  dente dos 
Estados Unidos da 
América do Norte justo
árbritro na causa de
Bolama    21 - IV-18970

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. O que sabíamos nós sobre a história da Guiné quando nos mandaram para lá "defender a Pátria" ? Nada, e muito menos desta ou daquela cidade ou vila, como Bolama, Bissau, Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Tite, Buba, Cacheu, Catió, Teixeira Pinto, etc.

Cinquenta anos depois ainda temos direito a saber algo mais... sobre aquela terra a quem pagámos o  devido "imposto de sangue, suor e lãgrimas"... Por exemplo, sobre a história (atribulada) de Bolama: muitos camaradas passaram por lá, fizeram a  IAO e até foram "saudados" pela "rapaziada do PAIGC com uns foguetões 122 mm, felizmente com fraca pontaria...

O nosso colaborador permanente Mário Beja Santos (uma das pessoas que em Portugal mais sabe sobre a historiografia da presença portuguesa na Guiné) tem escrito imenso sobre estes temas, e nomeadamemnte sobre Bolama. 

Isso não nos impede de publicar aqui um apontamento com "uma resenha histórica" de Bolama, escrita por um padre, de que só conhecemos as iniciais (Pe. A. J. D.). O artigo faz parte do nº único do jornal "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938 (pp. 1, 6 e 7 de 12). É um artigo de divulgação, já com quase 90 anos, escrito por um missionário (que seguramente tinha uma grande amor àquela terra).

Recorde-se que Bolama foi elevada à categoria de cidade, com a República, em 1913. O seu plano urbano também tem a marca da época. E foi a capital da antiga Guiné Portuguesa até 1941 (portanto, ao longo de escassas sete décadas). 

O século XIX (e sobretudo o período entre 1830 e 1870) é marcado pela  disputa, npor vezes violenta.  em relação à soberania da ilha, entre portugueses.  ingleses e ilhéus. 

Correu-se até o  risco até de cair num conflito militar entre as duas potências coloniais, se bem que "velhos aliados",  o que terá sido  evitado  graças à iniciativa de  António José de Ávila (Horta, Ilha do Faial, Açores,  1807 — Lisboa, 1881) (futuro Duque de Ávila e Bolama), que pediu a intervenção de Ulysses S. Grant, presidente dos Estados Unidos, a favor de Portugal,  

 Os bolamenses erigiram-lhe uma estátua, em homenagem à sua justa arbitragem  a favor de Portugal. Infelizmemnte, há uns anos atrás a estátua (ou parte da estátua), em bronze, desapareceu...Em total decadència, a Bolama de hoje parece não saber ou poder conseguir tomar contar dos vivos, quanto mais dos mortos...

Hoje é também uma ilha de fantasmas. onde por certo por lá pára ainda a alma errante do Caetano José Nozolini (ilha do Fogo, Cabo Verde, 1800 — Bissau, 1850), grande esclavagista cabo-verdiano de origem italiana... Mas também o Bento José Nogueira, o Bevaer, o Nozolini, o Honórito Barreto,  o  Grant e tantos outros, sem esquecer os régulos bijagós e biafadas.




Jornal-programa (sic) editado pelo "Sport Lisboa e Bolama", novembro de 1938. Composto e impresso pela Imprensa Nacional da Guiné, Bolama. Nº de páginas: 12 (doze).Visado pela Comissão de Censura,


Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital >  Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938 (com a devida vénia).
































(Seleção, introdução, recortes, revisão / fixação de texto: LG)


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Nota do editor: