O CATETERISMO DE DEUS
Nestes últimos dois dias, (regressei há pouco a casa), por causa de algumas “suspeitas” com a minha saúde, tive de fazer um cateterismo no hospital.
Um
cateterismo, em palavras muito simples, é um exame médico, que também
pode servir de tratamento, e que é, “grosso modo”, a introdução de um
cateter numa veia para poder examinar o estado das artérias, bem como do
coração.
Para
além do exame, por contraste, esse mesmo cateter também pode introduzir
medicamentos onde necessário e desobstruir os vasos sanguíneos que
possam estar de alguma forma obstruídos, pelas “gorduras”, etc.
Que
me perdoem os profissionais de saúde pela explicação “bacoca”, mas o
meu fim não é explicar o que é um cateterismo, mas sim a reflexão que
fiz sobre o que o Espírito Santo me quis “dizer” acerca de tal facto na
minha vida.
E
perdoem-me também os conceitos que possam envolver a medicina no
seguimento do texto, mas que são apenas para fazer a analogia que me foi
suscitada pela minha reflexão.
Podemos
então entender que o cateterismo, ao servir para “examinar, tratar e
curar” o que possa estar mal no coração, bem como em todo o processo de
afluxo sanguíneo no corpo humano, acaba por “tocar” todas as vertentes
do mesmo, visto que nenhum órgão pode viver sem o sangue que lhe dá
vida.
Temos
no nosso corpo vários sistemas, dos quais saliento o sanguíneo e o
nervoso, por serem aqueles que, de uma forma simplista, mais tocam toda a
nossa existência.
Tenho
então para mim, que temos também um “sistema espiritual”, e que esse
sim, toca toda e qualquer parte do nosso corpo, porque é aquele que nos
faz exactamente o que somos e como somos, «feitos à imagem e semelhança
de Deus», ou seja, a presença de Deus em nós é no todo que nós somos, e
não apenas numa parte específica do nosso corpo.
Ora,
se para tratar do coração e do nosso sistema sanguíneo Deus deu ao
homem a capacidade de descobrir o cateterismo, sem dúvida que Deus
também tem para o homem um “tratamento” para o seu “sistema espiritual”!
E é claro que tem e todos nós o conhecemos muito bem, pois chama-se Confissão.
Para
fazermos um cateterismo, temos que ir ao hospital, colocarmo-nos nas
mãos de um médico, e disponibilizarmo-nos para receber o tratamento,
para além de nos comprometermos a seguir as indicações do médico quanto à
nossa vida futura, o que por vezes irá implicar alguns sacrifícios de
mudança de vida, no que diz respeito a hábitos alimentares, de
comportamento, etc.
Para
recebermos o “cateterismo de Deus”, a Confissão, temos que nos dirigir à
Igreja, (e não me refiro a um edifício), colocarmo-nos nas mãos de um
sacerdote, aceitarmos o perdão que nos é dado e fazermos um firme
compromisso, um firme propósito de emenda, que também nos irá exigir
vigilância contínua e o desistirmos de algumas práticas mundanas que põe
em causa os efeitos perenes do “tratamento”.
No
cateterismo, o cateter percorre o “sistema sanguíneo”, até ao coração,
(“fonte” do nosso sangue/vida), tudo examinando para descobrir problemas
que possam existir, e, se for necessário, vai deixando o medicamento
apropriado para curar, tratando o que é necessário tratar.
Podemos
então reflectir que na Confissão, o cateter é o amor de Deus, que
percorrendo o nosso “sistema espiritual” nos vai fazendo examinar a nós
próprios, até chegarmos ao coração, receptáculo e fonte do amor de Deus.
Perante
a evidência de alguma “doença”, (rancor, falta de perdão, vícios
vários, etc.), é necessário o “medicamento” apropriado, pelo que, o amor
de Deus, (o cateter da Confissão), leva o perdão a todos os pontos
doentes de modo a que, libertos do mal que os envolvia, possam então
cumprir a sua missão de, (fazendo o homem completo), ser testemunhas do
amor de Deus.
Tal
como no seguimento de um cateterismo é necessário que a pessoa tome
muito cuidado com o modo de viver no seu futuro, também após a Confissão
o homem deve ficar vigilante e fugir do pecado, resistindo-lhe com
todas as armas que Deus lhe der.
Obviamente
que as diferenças entre um cateterismo e a Confissão são imensas, (não
são aliás comparáveis), mas este texto serve apenas para meditarmos mais
um pouco neste tempo de Quaresma, (como se fossemos ao hospital fazer o
tal cateterismo!), e por isso mesmo gostaria de salientar pelo menos
duas dessas diferenças:
O
cateterismo tem sempre, apesar de tudo, um risco para a saúde do
doente, e até alguns possíveis efeitos secundários, por força da
“invasão” a que sujeita o paciente, bem como, não pode ser repetido
demasiadas vezes ou muito frequentemente.
A
Confissão não tem qualquer risco para a saúde espiritual, mental ou
física do homem, (antes pelo contrário), não tem quaisquer efeitos
secundários que não sejam bons, (até porque nunca se trata de uma
“invasão”, mas de uma aceitação), pode ser repetida sempre e até o deve
ser muito frequentemente.
O
cateterismo, embora muito bem feito e com todas as condições, pode não
resultar, e o doente ter que ser sujeito a outros tratamentos mais
complicados e perigosos.
A
Confissão bem celebrada alcança sempre o melhor resultado, pela graça
de Deus, e o homem fica totalmente curado, até que, por sua exclusiva
vontade, volte a pecar.
E
no mundo tão materialista em que vivemos, ainda podemos perceber que,
enquanto o cateterismo tem custos financeiros para o doente e para o
estado, a Confissão é fruto gratuito do “imensamente” infinito amor de
Deus.
Por
isso mesmo, preparei o cateterismo que fui fazer, com uma prévia
Confissão, pois de uma coisa tenho a certeza: o “cateterismo de Deus”
não falha, e por Sua graça, alcança-me a salvação.
Deus seja louvado!
Nota:
«O
cateterismo cardíaco é um procedimento no qual é inserido um pequeno
tubo (cateter) através de um grande vaso sanguíneo no braço ou na perna,
que, em seguida, é dirigido até ao coração. Os médicos utilizam o
cateter para medir a pressão e os níveis de oxigénio dentro das câmaras
cardíacas e, assim, avaliar o funcionamento do coração. Através do
cateter, os médicos podem igualmente injectar um corante especial que
proporciona uma imagem radiológica da estrutura interna do coração e dos
padrões de fluxo de sangue. Em alguns doentes, o corante radiológico é
igualmente injectado nas artérias coronárias para identificar áreas que
se tornaram estreitadas, procedimento denominado angiografia coronária.
Os
cateteres cardíacos podem ser utilizados para transportar instrumentos
cirúrgicos especiais até ao coração, possibilitando abrir artérias
coronárias estreitadas (um procedimento denominado angioplastia
coronária) ou corrigir determinados defeitos cardíacos congénitos (de
nascença) nas crianças.»
Marinha Grande, 7 de Março de 2012
JMA
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 26 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9667: Blogoterapia (204): Não tenho palavras para agradecer o calor que trouxeram ao meu coração (Joaquim Mexia Alves)