O MURAL DO PAI NATAL DA TABANCA GRANDE 2010 (9)
1. Mensagem de José Corceiro (ex-1.º Cabo TRMS, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71), com data de 18 de Dezembro de 2010:
Caros amigos, Luís Graça, Carlos Vinhal, E. Magalhães.
Natal feliz para todos.
Atendendo à quadra Natalícia, envio este escrito que publicarão se acharem que vale a pena.
Um abraço e Boas Festas
Foi no dia de Natal de 2009, que me foi concedido o passaporte para ingressar na Tabanca Grande. Já passou um ano e tenho a sensação que foi ontem!
Esta noção desfasada da mensuração do tempo, será consequência da força da saudade do ontem? Estarei a ser espicaçado pelo desejo de voltar ao passado da minha meninice? Ou está-me a invadir o sentimento de regresso às origens? Não será este um sinal de que a velhice me começa a rondar?! Pois já tenho dois netos para contar histórias!
Ao fazer uma retrospectiva da apreciação da minha presença, durante este ano, no Blogue, quero exteriorizar o meu apreço por todos os tertulianos, porque duma maneira ou outra, têm-me enriquecido o conhecimento, através da leitura que faço dos vossos artigos, que tenho lido com muito interesse, assim como desejo confessar a minha gratidão por lerem os meus. Permitam-me que divulgue o meu testemunho, do quão benéfico e salutar têm sido os momentos de empenho, que dediquei ao Blogue, pois raro é o dia que passo sem visitá-lo, e alguns dias mais que uma vez. Não posso deixar de manifestar a minha estima por todos os tertulianos, embora só conheça pessoalmente cinco, mas para todos a minha incondicional admiração; pois aceito as qualidades e respeito as opiniões diversificadas de cada um!
Uma vista de parte da minha aldeia, Vale de Espinho.
Estamos na quadra Natalícia, festa de eleição nobre da família! Para mim, o Natal são momentos mágicos, de recordações vividas na minha aldeia durante a minha infância, onde com simplicidade e sem ostentação, na noite de consoada predominava o afecto e a união, em que a família se reunia à volta da lareira a crepitar, pois era frequente que no exterior estivesse a nevar! Nesta noite, na mesa de consoada, não podia faltar o bacalhau cozido com batatas e couves, regado com azeite novo já extraído do lagar, que tinham um sabor muito especial, assim como era obrigatório enfeitar a mesa com filhoses, rabanadas e o arroz-doce decorado com canela. Era hábito, após consoar, as famílias irem assistir à celebração da missa do galo, e ao sair da igreja todo o povo se dirigia ao adro, para degelar as mãos, na fogueira do madeiro que ardia, obra da juventude que organizava e acendia a fogueira do Natal, para louvar e aquecer o Menino Jesus.
Corceiro, há mais de 40 anos na sua terra, Vale de Espinho, no dia de Natal, em que fomos prendados com um forte nevão.
Natal, é sinónimo de amor, em que devemos compartilhar com os irmãos um pouco de ternura, doçura, compaixão e compreensão, para com aqueles que por diversas contingências da vida, vivem num desabitado gélido, triste e sombrio, que já não sabem dar, nem pedir, e vivem num silêncio que os remete à saudade deles próprios e precisam da nossa solidariedade.
Natal, é dar prendas, que as crianças ansiosamente esperam que lhe sejam colocadas no sapatinho, e o nosso gesto é gratificado pelos olhitos das crianças, que mais parecem duas luzentes estrelas.
Natal, é presépio atapetado com os sedosos musgos verdes, serpenteado com os trilhos por onde caminham as figurinhas típicas de barro, a levar os presentes ao Menino.
Natal, são cânticos de louvor alusivos à festa, entoados na missa com muito fervor.
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Alegrem-se o céu e a terra/ Cantemos com alegria/ Já nasceu o Deus Menino/ Filho da Virgem Maria… - Oh! Meu, Menino Jesus/ Oh! Meu, menino tão belo/ Logo vieste nascer/ Na noite do caramelo!
Natal, é beijar o Deus Menino no fim da missa, que se reveste dum simbolismo ímpar, não será Natal, sem a acção de beijar o Menino.
Natal, é confraternizar com os amigos, aos quais se deseja felicidade, e na companhia dos quais se bebe um mata bicho.
Natal, é tristeza, lembrando aqueles que já não se sentam connosco à mesa.
Natal, é saudade da nossa meninice, e dos tempos passados.
Natal, foi também sofrimento e melancolia em Canjadude, na Guiné, onde passei o de 69 e o de 70, com os meus camaradas da CCAÇ 5.
Natal de 1970 em Canjadude, Guiné, no refeitório. Lado direito com máquina a tiracolo Corceiro, Viriato, sentado José Carlos Freitas, atrás deste Pinto, com cinturão Faria atirador, atrás deste Pimenta, de óculos Faria de transmissões, Santos, Coias e Almeida.
Natal de 1970 em Canjadude. Cenário que me serviu para fazer o cartão de boas festas de Natal. Neste caso o do Viriato.
Natal, é alegria, ao desejar a todos os membros da Tabanca Grande que sejam bafejados com bênçãos de Momentos de Serenidade, Paz, Compreensão, Tranquilidade, Fraternidade e União. Haja Amor. A Vida sem Amor não tem qualquer sentido! A vida é tão curta e a empreitada de vivê-la é tão difícil, e quando começamos a aprender a vivê-la, já é hora de partir e deixá-la. Vamos caminhar e viver calmamente, porque tudo passa, e se transforma. Haja Espírito de Natal, durante todo o Ano que se apróxima!
Feliz Natal e um Abraço para todos
José Manuel Silva Corceiro
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2010 >
Guiné 63/74 - P7467: O Mural do Pai Natal da Tabanca Grande (2010) (8): Noite de Natal de 1969 em Bissau (Carlos Pinheiro)