quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13566: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte VIII: setembro de 1972: (i) ataque de envergadura ao Xitole; e (ii) as obras de manutenção e conservação nas tabancas em autodefesa "progridem, mas a ritim,o lento, dada a fraca propensão dos seus habitantes ao trabalho, o que sobrecarrega a [nossa] tropa"......



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Subsetor de Xitole > Carta de Xitole (1955) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Xitole, na margem direita do mítico Rio Corubal, no sul do setor L1... Ficava na estrada Bambadinca-Saltinho... Mais a sul, e antes do Saltinho, ficavam os as tabancas em autodefesa de Cambesse (ou Cambéssé) e Tangali. O setor L1, além dfo subsetor do Xitole, tinha ainda os subset6ores de Mansambo, Xime e Bambadinca.

Infografia: Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné (2013).


1. Continuação da publicação da história da unidade - BART 3873(Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

Destaque, no mês de setembro  de 1972, ainda na época das chuvas, para : (i) o ataque de grande envcergadura ao Xitole, por uma força IN estimada em 75 elementos; e (ii) trabalhos de manutenção das tabancas de autodefesa, fulas, sem aparente grande entusiasmo por parte dos seus habitantes, a quem o PAIGC tenta aliciar, sem deixar de intimidar. (LG)


Setembro de 1972: e  a guerra continua: 29 ações, envolvendo 76 Grupos de combate







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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de agosto de 2014 >

Guiné 63/74 - P13544: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte VII: Agosto de 1972: apresentação no Enxalé de 36 elementos pop sob controlo do IN

Guiné 63/74 - P13565: Convívios (621): Encontro do pessoal da CART 6250, realizado no dia 24 de Agosto de 2014 em Leiria (Luís Marcelino)

CONVÍVIO ANUAL DO PESSOAL DA CART 6250/72
REALIZADO NO PASSADO DIA 24 DE AGOSTO DE 2014 EM LEIRIA



1. Mensagem do nosso camarada Luís Marcelino (ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), com data de 1 de Setembro de 2014:

No passado dia 24 de Agosto, realizou-se o convívio anual da CART 6250/72, desta vez para comemorar o 40.º ano do regresso da Companhia da Guiné que ocorreu precisamente a 24 de Agosto.

O convívio foi realizado em Leiria, depois dos ex-militares se terem concentrado em Fátima, onde participaram na Missa.

Estiveram presentes um número significativo de militares, acompanhados por suas famílias, vivendo-se momentos de muita descontração, alegria, e confraternização.

O almoço, que consistiu em porco no espeto, foi bem regado pelos melhores vinhos das regiões dos presentes e adocicado com uma excelente variedade de bolos regionais.

Houve muita música que exteriorizou a alegria dos presentes.




Como tem sido hábito, houve muita animação, da responsabilidade de vários ex militares presentes, preenchendo agradavelmente o tempo do convívio.

A terminar, foi partido o bolo comemorativo.





No final, ficou a convicção de que todos se divertiram e a vontade de prosseguir, no futuro, com estes convívios, ficando já decidido que para o próximo ano, iremos até à Bairrada.

Um abraço
Luís Marcelino

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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13559: Convívios (620): O próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha será no dia 11 de Setembro de 2014, na estrada do Guincho, em Cascais (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P13564: Em busca de... (247): Afonso Pombinho, ex-Soldado da CART 676 (Pirada, 1964/66), procura camaradas

Foto: © Fernandino Leite (2010). Direitos reservados.


1. Mensagem de Maria Silva, filha do nosso camarada Afonso Pombinho da CART 676 (Pirada, 1964/66), com data de 1 de Setembro de 2014:

Boa tarde,
O meu pai fez parte da CART 676 na Guiné, o seu nome é Afonso de Jesus Pombinho, soldado 4620/63 e gostaria de promover um possível encontro com alguns dos seus camaradas.

Visto que ele já se encontra com bastantes limitações de saúde, gostaríamos de lhe fazer uma surpresa, uma vez que ultimamente e cada vez mais tem manifestado vontade de rever os companheiros de batalha.

Agradeço a sua ajuda, pois também estou disponível para ajudar no que for necessário
Maria Silva
(mariasilva@costaduarte.pt)
Telefone 351 213 504 440

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2. Comentário do editor:

Cara amiga Maria Silva,
Infelizmente, da Companhia de seu pai, CART 676, temos poucos registos. Em tempos tivemos contacto com o nosso camarada Liberal Correia que foi Furriel Miliciano da 676. Por outra via dou-lhe o seu endereço electrónico. Veja se o seu pai se lembra dele.

Fica aqui publicada a sua mensagem na hipótese de ser lida por alguém que nos possa dar uma ajuda. Da mesma vai ser dado conhecimento ao camarada Liberal..

Ficamos ao seu inteiro dispor.
Em nome dos editores e da tertúlia, aqui fica um abraço para o nosso camarada Pombinho, a quem desejamos a melhor saúde possível.

Amiga Maria, receba os nossos cumprimentos
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13445: Em busca de... (246): CISMI, 4ª Companhia, Tavira, agosto de 1963... a que pertenceu o vosso grã-tabanqueiro Manuel Luís Lomba... (Armando Sousa / Francisco Mota Lopes)

Guiné 63/74 - P13563: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (6): De Swanage para Faringdon, de Dorset para Oxford

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Julho de 2014:

Queridos amigos,
Nunca se esqueçam do que José Saramago escreveu em “A viagem a Portugal”: a viagem nunca acaba, o viajante é que se tem que afoitar à estação do ano, à luz do dia, passear-se com calor ou com frio, o espaço e o tempo acolhem-nos consoante estas dimensões do mês, da manhã, da tarde ou da noite.
É esta a grande prerrogativa da viagem, por mil vezes que visite aquele local há sempre diferenças, nuances, imprevistos. Aqui o imprevisto foi a falta de bateria.
Espero que gostem destas imagens de um Maio em sítios pouco usuais no turismo de massas.
Tive grandes alegrias e uma das maiores é oferecer-vos estas imagens, os olhos da minha sensibilidade.

Um abraço do
Mário


Biblioteca em férias (6)

De Swanage para Faringdon, de Dorset para Oxford 

Beja Santos 

À partida para Swanage em comboio ronceiro, veio a chuva, coisas do tempo inglês. Houvera um almoço regalado em casa do historiador Ben Buxton, um estudioso que mantém uma curiosidade exemplar por mundos em extinção, dedicou vários livros às gentes das ilhas Hébridas, gente desalojada que fugiu da vida inclemente, gente que lutou pelos direitos humanos e que sofreu muito. E fomos por ali fora, desculpem esta imagem pintalgada pela chuva, os jovens acenaram quando passámos, fica bem registar esta alegria espontânea com os passageiros desconhecidos, numa estação em nenhures. A seguir veio o bom tempo, acreditem ou não, apanhei esta estação seca, toda composta, exibindo malas do passado. A linha funciona porque há uma associação de voluntários que cuidam de tudo, digam o que disser a Grã-Bretanha do respeito pelos valores patrimoniais identitários é uma coisa muito séria.



Ainda é possível fazer certos filmes porque existem comboios de antanho, vejam como esta locomotiva está bem conservada, as carruagens estão bem decoradas, viaja-se festivamente entre os séculos XIX e XXI. Os ingleses sentem-se orgulhosos e os viajantes como eu regozijam pelo respeito a património nacional. A brincar, a brincar, eles foram obreiros da nossa civilização, tratam discreta e polidamente de manter esse passado.


Não é só na Feira da Ladra que busco papéis velhos, imagens apetecíveis para os meus devaneios. Numa dessas estações onde deixam revistas velhas, que cada um pode levar e, querendo, deixar uma pequena moeda para uma obra de ajuda humanitária, apanhei esta imagem, para mim é um testemunho eloquente desse povo a quem coube na rifa somar triunfos e ter praticamente o século XIX por sua conta. Olhem para esta satisfação, para esta exuberância:


Pronto, estamos em Swanage, mas muito longe da época balnear, deixou de chover mas o céu não esta simpático, há luz suficiente para captar um dos ângulos da baía, é tudo espaçoso, dá para perceber que este verde é eterno, foi a vontade de Deus.


Voltámos a Faringdon, esta é a velha town hall, foi pena o inábil fotógrafo não ter apanhado o topo do telhado, mas dá para perceber que é um belo edifício e bem circundado. Ainda hoje ostenta o nome de cidade com mercado, no passado tinha estrada para Londres, ali perto há monumentos de grande valor: o Vale do Cavalo Branco, uma preciosidade da Pré-História, Buscot Park, onde há uma casa opulenta em cujos salões um dos gigantes da pintura Pré-Rafaelita, Burne-Johns, deixou um obra surpreendente, espero que gostem:


O salão de Buscot House, com as pinturas de Burne-Johns

Esta é a porta principal da igreja de Todos os Santos, de Faringdon, templo anglicano. O mais importante está aqui, a pujança do tempo, o testemunho medieval, esta porta, acreditem, está datada do século XIV, é magnificente, carvalho um tanto carcomido e as ferragens são assombrosas. Só por esta porta vale a pena vir conhecer Faringdon.


O último passeio na região foi a Burford, é uma localidade que não falho quando visito o condado de Oxford. Muito bem preservada, tem vários ingredientes que me atraem como o mel atrai as abelhas: as lojas de velharias, é possível comprar por meia libra uma belíssima fotografia do século XIX; a igreja matriz tem vitrais genuínos, dá para perguntar como escaparam à fúria da Reforma, tal como a estatuária dos santos. Tive sorte no dia e na hora quando captei esta imagem, céu azul e nuvens em viagem, a seguir vim até à rua principal, vejam os cuidados com a arquitetura.

Havia muito mais a dizer, estes passeios de Maio prolongaram-se, a seguir viajou-se a Bath, aí descobri que a câmara me atraiçoava, a bateria descarregara, esquecera em Lisboa. Assim ficaram memórias na minha cabeça, de Bath até Derby, passando por Illum Hall e mesmo Ashbourne. Peço perdão pela minha aselhice. Como é velho e relho dizer-se, a viagem nunca acaba, o viajante é que tem que voltar. Voltarei quando se proporcionar. Com a promessa de que estarei em Inglaterra em Julho. Como irei contar. Estejam bem, fiquem à espera de notícias.


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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13537: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (5): De Oxfordshire para Derbyshire: os primeiros dias

Guiné 63/74 - P13562: Parabéns a você (782): Luís Gonçalves Vaz, Amigo Grã-Tabanqueiro

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13554: Parabéns a você (781): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Armas Pesadas da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13561: Lembrete (6): O I Encontro de Paraquedistas do Oeste é já no sábado, dia 6 de setembro... No Vimeiro, Lourinhã... Os demais ex-combatentes da guerra do ultramar também estão convidados... Atualização do programa: (i) saltos de paraquedas no estádio municipal da Lourinhã; e (ii) homenagem aos mortos do concelho na I Grande Guerra





1. É já no próximo sábado, dia 6 de setembro, que se realizar, em Vimeiro, Lourinhã,  o primeiro Encontro de Paraquedistas do Oeste (Vd. cartaz acima).

O convívio é aberto a todos  os camaradas dos três ramos das Forças Armadas, e nomeadamente os antigos combatentes da guerra do ultramar.

O nosso grã-tabanqueiro Jaime Bonifácio Marques da Silva, um dos entusiásticos organizadores deste encontro (e que foi alf mil paraquedista, 1ª CCP/BCP 21,  Angola, 1970/72), lembra a propósito, e muito oportuna e justamente,  "os camaradas da Marinha (Fuzileiros e Marinheiros), os camaradas da Força Aérea (Pilotos e Mecânicos dos aviões e helicópteros e de outras especialidades) e os do Exército (as Companhias que nos acolheram e apoiaram em pleno mato, bem como as companhias de Comandos com quem partilhámos muitos sacrifícios em África)" (*).

Todos serão bem-vindos. E o nosso blogue apoia a iniciativa, nomeadamente divulgando-a (**).

PS - Falando ao telefone com o Jaime, ele pediu para acrescentar duas coisas ao programa: vai haver (i) saltos de paraquedas no estádio municipal da Lourinhã;  e (ii) uma homenagem aos mortos do concelho na I Grande Guerra.

Guiné 63/74 - P13560: Memórias da CCAÇ 1546 (Domingos Gonçalves) (6) - Reportagens da Época (1967): Guidaje

1. Mensagem do nosso camarada Domingos Gonçalves, (ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68) com data de 4 de Agosto de 2014:

Prezado Luís Graça
Envio mais alimento para o Blogue.
Trata-se de mais algumas dicas sobre o dia a dia de um destacamento militar, concretamente, Guidage.

Um grande abraço, extensivo a todos os navegantes do Blogue.
Domingos Gonçalves


MEMÓRIAS DA CCAÇ 1546 (1967)   
REPORTAGENS DA ÉPOCA

6 - GUIDAJE 1967

Setembro
Dia 1

Pedi a evacuação da mulher de um soldado nativo que se encontra bastante doente. Antes consultei o médico via rádio.

Como o problema não tinha solução aqui, a doente foi enviada para Bissau, onde ficou internada.

Pelo meio-dia chegou o helicóptero. Em vez de uma mulher, levou duas.

Doentes para tratar é, infelizmente, o que mais temos aqui. Só os casos muito graves é que se enviam para Bissau, quando, como desta vez, surge a possibilidade de transporte.

O homem que veio do Senegal para se curar de uma doença venérea já regressou a casa.
A medicação que o enfermeiro lhe aplicou, produziu bom resultado. Curou-se relativamente depressa.
Se tiver juízo pode continuar a ser uma pessoa perfeitamente normal e cheia de saúde.

De tarde fui activar diversas armadilhas que estavam desactivadas para permitir a passagem das nossas tropas.

Informações vindas do outro lado da fronteira confirmam que os turras levaram para Ierã 8 mortos, tendo procedido ao enterramento de 4 na referida localidade, e de outros 4 na tabanca de Corumbo.
Pela mesma altura apareceram na referida localidade bastantes feridos.


Dia 2

Às oito e meia saí para o Cufeu a picar a estrada, mas a coluna não conseguiu passar.
Algumas viaturas ficaram atoladas na bolanha. Naquele sítio apenas se pode passar de barco, ou, então, em viaturas anfíbias!
Se tudo assim continuar, no fim da época das chuvas o transporte ideal para as nossas tropas passarem por ali deve ser o submarino.
Vou pensar em requisitar um!

Um grupo de 120 turras, desarmados, uns vestindo à civil e outros fardados, foram do Dungal para Corumbo.
Caminhavam ordeiramente, em formação, mas muito à vontade. O informador acompanhou-os.
O comandante dos tipos, suspeitando dele, quis prendê-lo. No entanto, como se tratava de um cidadão senegalês deixou-o ir em paz.

Os tipos movimentam-se em território do Senegal com a mesma liberdade que têm os cidadãos desse país.


Dia 3

Pela manhã fui ao Cufeu com o nosso Unimog. Fomos levar vinho, pão e marmelada ao pessoal que ficou durante a noite a guardar as viaturas.
Na coluna vinha a Companhia de Cavalaria nº 1747, que deverá permanecer em Guidage com a finalidade de efectuar uma operação. Todavia, o pessoal está muito cansado e aqui não têm condições para descansar.
A noite que passaram a guardar as viaturas atoladas na bolanha deixou-os demasiado cansados.
O trabalho que vinham realizar vai ter de ficar adiado no mínimo por alguns dias.
O comandante dessa companhia é um bom homem, inteligente e sensível, mas é também um revoltado.
Ele tem já bastante idade e foi de novo mobilizado. Tem mulher. Tem filhos. Tinha uma vida profissional organizada, construída com sacrifício e dedicação. E a tudo a mobilização veio, inesperadamente, colocar um ponto final.
Este é mais um dos horrores desta guerra sem fim e sem o mínimo de sentido.
Este capitão é mais um dos sacrificados neste altar da guerra.
Mais um, de entre tantos.
Dez anos depois de ter cumprido o serviço militar foi de novo convocado para cumprir uma comissão, aqui, na Guiné.
Desiludido com a vida, confessa com tristeza:
- Para mim tudo acabou.


Dia 5

Esperávamos que chegasse, de helicóptero, o Comandante de Batalhão, acompanhado pelo médico. Devido, talvez, ao mau tempo, não apareceram cá. Entretanto a Companhia 1747 vai descansando. É o que interessa.

O capitão Y, falou bastante comigo. Ele odeia tudo isto. Não se resigna a esta triste sorte. Estragaram-lhe a vida.
Tinha família constituída, bons clientes, tudo o que um homem de trinta e poucos anos pode desejar.
E quase tudo foi pela água abaixo. É uma tristeza...

À noite comeu-se uma magnífica frangalhada e fez-se festa rija. É a nossa homenagem aos homens desta Companhia de cavaleiros que nos vieram visitar.

Aplica-se perfeitamente a nós, oficiais, este pequeno texto retirado de um livro de J. Lateguy:

“A existência do oficial divide-se muito irregularmente entre alguns momentos de esforço e de fadiga, de perigos, e longos períodos de inacção e tranquilidade. Nesses momentos de esforço, o oficial pode ser levado a realizar, apesar do medo, da fome, do cansaço, actos extraordinários, que farão dele, mas apenas por um instante, um ser superior, mais desinteressado, mais resistente que os outros homens.
Nos períodos de repouso, move-se com a lentidão do urso entorpecido pelo Inverno, através de um pequeno mundo fechado.
O esforço é banido, ou pelo menos extremamente limitado por leis, ritos, hábitos.
Nele os gracejos são tradicionais, e a própria maldade codificada.”

A existência do oficial, aqui na Guiné, apesar da especificidade da guerra que fazemos, e da pequena dimensão das guarnições, é tudo isso e ainda muito mais.
Os momentos de heroísmo e de grandeza são quase nulos, e os de estupidez preenchem a quase totalidade da vida.
E tudo quanto nos rodeia contribui de forma mais ou menos acentuada para que não se possa fugir desse fatalismo.
Parece que o oficial existe para se mover num mundo feito de mediocridade. Todos nós sentimos de forma muito nítida a tentação de viver na trivialidade. É este o nosso mundo. O mundo que nós vamos dia a dia construindo e no qual vivemos, sem qualquer possibilidade de lhe fugirmos.
Somos prisioneiros da mediocridade que dia a dia vamos criando para nós próprios, tantas vezes com esforço e sacrifício enormes.

Domingos Gonçalves
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13469: Memórias da CCAÇ 1546 (1967) - Reportagens da Época (Domingos Gonçalves) (5): Guidaje 1967

Guiné 63/74 - P13559: Convívios (620): O próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha será no dia 11 de Setembro de 2014, na estrada do Guincho, em Cascais (José Manuel Matos Dinis)



1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 29 de Agosto de 2014:

Viva Carlos! 
Hoje venho pedir-te para publicitares no blogue, que no próximo dia 11 de Setembro, em Oitavos, na estrada do Guincho, vai realizar-se o próximo encontro da Magnífica. 

Desde já ficam todos convidados, e aqueles que pretendam estar presentes, terão que fazer o favor de comunicar comigo, ou com o Rosales, no sentido de identificarmos, e quantificarmos o número de candidatos para nova experiência de "bianda com estilhaços" da costa atlântica, uma ementa muito apreciada e que, ainda hoje, preserva um grande número de fanáticos apreciadores.

O meu contacto telefónico é o 913 673 067 
e o do Rosales é o 914 421 882. 
As marcações devem ser feitas até ao dia 9, terça-feira.

Espera-se uma enchente de vaidosos e bronzeados africanistas estivaleiros, com os palatos apurados, e sem problemas para o acompanhamento de bons vinhos nacionais. Tragam as mulheres para a condução desproblemática de regresso a casa, ou organizem-se, e venham em excursão. 

O preço da excelente vista a desfrutar, mantém-se nos 15 aéreos. 
A refeição completa continua a ser à borla. 
Onde é que já se viu coisa assim? 

Para aproveitamento das eventuais sobras, devem trazer o número suficiente de tupurweres, conforme indicação dos nossos tutores governamentais, que mandaram uma simpática mensagem de bom apetite, e a advertência para confraternizarmos enquanto é possível (obviamente).

E mais não digo, salvo que já sinto saudades da tertúlia.

Abraços fraternos
JDê
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13553: Convívios (619): Almoço do pessoal e comemoração do 40.º aniversário do regresso da Guiné das CCAV 8350 (Guileje) e 8352 (Caboxanque-Cantanhez), dia 30 de Agosto de 2014 em Estremoz (José Casimiro Carvalho)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13558: O nosso blogue em números (34): 6,3 milhões de visitas até ao final de agosto... Quem nos visita vem de Portugal (51%), EUA (16%), Brasil (9%), França (4%), Alemanha (3%)... mas também da Rússia, Reino Unido, China, Polónia e Canadá (cerca de 1% cada)... Do resto do Mundo são cerca de 12,5%.


Infografia: Blogger e blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. O nosso blogue  atingiu, em finais de agosto último a cifra de 6,3 milhões de visitas, segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger (4,6 milhões, desde maio de 2010, a que acrescem mais 1,7 milhões desde 23/4/2004, início da I Série, que vai até 30/5/2006). No espaço de um ano (de agosto de 2013 a agosto de 2014) tivemos um aumento de 1,3 milhões de visualizações de páginas.

2. Quem nos visita vem de Portugal (50,6%), EUA (16,1%), Brasil (9,4%), França (4,2%), Alemanha (3,2%)... mas também da  Rússia (1%),  Reino Unido (0,8%), China (0,7%), Polónia (0,7%) e Canadá (0,7% )... 

Do do resto do Mundo são 12,4%.  A China, mas também a Polónia, aparece pela primeira vez no "top ten"... O Brasil é destronado do 2º lugar, agora ocupado pelos EUA. Para além de Portugal e do Brasil, não há mais nenhum país lusófono nos dez primeiros lugares, mas há seguramente importantes comunidades lusófonas (portugueses, guineenses, caboverdianos  e outros) por detrás dos números de país como a França, a Alemanha, o Reino Unido ou o Canadá, ou até a Rússia e a China.

Um em cada quatro dos nossos visitantes pertence a (ou vive em) o Novo Mundo (Américas): EUA, Brasil, Canadá...

3. Por navegador, o Internet Explorer vai à frente (41%), seguido do Chrome (27%) e do Fire Fox (22%). Os restantes juntos somam 10% do total dos visitantes.

Por sistema operativo, o Windows ainda é o rei e o senhor (84%), destacadíssimo da concorrência:  McIntosh (6%), Linux (5%) e outros (5%).

4. No final do ano de 2013, tínhamos 636 membros inscritos na Tabanca Grande. No final de agosto de 2014, eram já 664, ou seja, uma média de 3,5 por mês, sensivelmente a mesma do que em 2013 (3,4/mês).

5. Recorde-se, por fim, os camaradas e os/as amigos/as que nos deixaram, deixando mais pobre a Tabanca Grande, nestes últimos oito mesxes:

António Rebelo (1950-2014)
Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014)
Fernando Brito (1932-2014)
João Henrique Pinho dos Santos (1941-2014)
Manuel Moreira (1945-2014)
Maria Manuela Pinheiro (1950-2014).

(LG)
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12557: O nosso blogue em números (33): Um em cada cinco dos nossos visitantes vem do Novo Mundo (Brasil, EUA e Canadá)... Cabo Verde é o 10º país do nosso "top ten"... Atingimos os 5,3 milhões de visualizações, 12500 postes, 3500 descritores... e somos 636, os membros da Tabanca Grande... (Luís Graça)

(...) Em 31 de dezembro de 2013, os visitantes do nosso blogue oriundos de Portugal representavam menos de 2/3 do total... Vinham, em segundo lugar, os brasileiros (12,2%), seguidos dos norte-americanos (7,6%) (...)

Se considerarmos o Brasil, os EUA e o Canadá, em conjunto, os visitantes do Novo Mundo representam já 20,5% do total... Desses, seguramente, muitos serão portugueses da diáspora, antigos camaradas de armas a quem saudamos, neste início de ano novo, desejando-lhe força para continuarem a atravessar a ponte que os liga às suas raízes... E o nosso blogue também é (ou pretende ser) uma ponta da e para a lusofonia. (...) 


Guiné 63/74 - P13557: Blogpoesia (389): Da minha janela... (J. L. Mendes Gomes)

da minha janela...


[ ex- alf mil da CCAÇ 728 (Cachil, Catió e Bissau, 1964/66)]


desde manhã,
me apoio no parapeito
da minha janela, aberta.

fico à espreita.
e à espera.

tudo que mexa
eu vejo, remexo e meço.
fico desperto.
meus olhos.
ouvidos
e sentidos escondidos.

melhor que radares,
de último grito.
seu servidor,
embora distante,
está sempre ligado
e atento.
como um farol.
sabe de tudo,
mais que a internet.
nada me cobra.


vejo as cores da natureza.
como elas se enlaçam,
fazendo figuras,
em movimento constante.

vejo as nuvens enormes,
que voam,
parecem dormir.
mudando de forma,
num pronto a servir.

e a bola de fogo
que vem lá do fundo,
uma fornalha esparzindo,
luz e calor,
fogueira de amor,
um rio de lava benigna,
alimentando,
sementeira de vida,
no chão e no ar.

oiço sonidos ocultos,
reais,
que passam correndo,
não sei donde vêm.
consolam-me a mente,
de música constante,
relaxam meus nervos
das cargas pesadas
que trago aos ombros.

e sinto, lá longe,
o cheiro do mar,
num baile sem fim,
baforadas frementes
das algas dançantes,
vestido comprido,
nos braços das ondas
que se espraiam na areia.

minha alma, mais leve,
fica orando e cantando,
voltada para a vida,
cheia de ânimo.
contando segundos e horas,
com outro sabor...

benditas janelas
que me ligam ao mundo
e me fazem viver...

ouvindo a sonata "Moonlight",  de Beethoven, por Tiffany Poon
a noite, vestida de negro...

Mafra, 1 de Setembro de 2014, 
5h47m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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Último poste da série > 30 de agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13548: Blogpoesia (388): O helicóptero (Jorge Cabral)

Guiné 63/74 - P13556: Notas de leitura (628): A Tricontinental: Quando Amílcar Cabral se tornou num teórico mundial da revolução (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Fevereiro de 2014:

Queridos amigos,
A Tricontinental não teve impacto previsto pelo Terceiro Mundo, o processo revolucionário foi encontrando escolhos uns atrás dos outros, desde a morte de Che, o modo como os revolucionários da América Latina foram sendo neutralizados, a própria doutrina da “coexistência pacífica”, os golpes de Estado que assolaram África, a ascensão de ditadores sanguinários como Sékou Touré, por exemplo. Mas Cabral viu reconhecida a sua fórmula teórica, a partir daquele momento o seu prestígio catapultou: os cubanos forneceram materiais, abriram-se as portas junto da social-democracia europeia, os soviéticos foram cedendo armamento de ponta face ao conflito com as tropas portuguesas. Aquele dia 6 de janeiro de 1966 foi fausto para Cabral.

Um abraço do
Mário


A Tricontinental: 
Quando Amílcar Cabral se tornou num teórico mundial da revolução (2)

Beja Santos

Havana, desde as primeiras horas de 1 de janeiro de 1966 está em ebulição, a todo o momento desembarcam os convidados que vêm participar na Tricontinental, vietnamitas, venezuelanos, africanos, as comitivas da Europa de Leste. Aqui e acolá pergunta-se onde está Che Guevara, parece ser o grande ausente. Por todo o lado faixas anunciando o ano da solidariedade e a Tricontinental. Há festa por toda a parte, os participantes enchem todos os andares dos hotéis Habana Libre, Habana Riviera e Capri. A rádio também está eufórica, a cantora mexicana Consuelo Velázquez, entoa com a sensualidade de Joséphine Baker: Bésame, Bésame mucho,/ Como se fuera esta noche la última vez! O presidente Dorticós faz a saudação inaugural. A delegação do PAIGC é constituída por Amílcar Cabral, Pedro Pires, Domingos Ramos e Vasco Cabral. Joaquim Pedro Silva, Barô, que está na escola de guerrilheiros, também é cooptado. Amílcar cedo revela os seus dotes, logo na entrevista que concede à Granma, deixa entender que a sua visita será curta pois o dever de um revolucionário é estar a fazer a revolução e explica a sua posição perante o conflito sino-soviético: “Somos por um não alinhamento ativo. Não seguimos a estratégia de nenhum grupo ou bloco, o nosso movimento não é influenciável por eles. Como disse a Fidel, nós não temos necessidade da cabeça dos outros para pensar”.

Há encontros de delegações por toda a parte, os jornalistas de todo o mundo andam febris, nunca tiveram tão à mão a parada de estrelas revolucionárias. Já foram cumpridas as cerimónias protocolares, a conferência tem o seu discurso inaugural feito por Raúl Roa, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros. Os vietnamitas falam a seguir sobre a sua luta, intelectuais proeminentes como Morávia, Vargas Llosa, Régis Debray fazem alocuções aos trabalhadores. Depois do Vietname, depõem o Laos, a República Dominicana, o Congo Léopoldville, os chineses sempre insinuantes e recalcitrantes. É um desfile de declarações por vezes aplaudidas apoteoticamente. Será assim até ao final do dia 5. E no dealbar de 6, o auditório rende-se a um teórico inesperado, há gente que se mexe e remexe nas cadeiras, estão a ouvir coisas inacreditáveis, à revelia dos dogmas.


Cabral dispõe de muito tempo, tal como os vietnamitas, ele vem falar em nome de todos aqueles que estão a combater o colonialismo português. Presta homenagem ao povo cubano, considera corajosa a política de “porta aberta para a saída dos inimigos da revolução”. E o seu discurso teórico começa por um provérbio africano: “Quando a tua casa está a arder não serve de nada o tam-tam”. Isto para dizer que não é a proferir injúrias contra o imperialismo que se chega à sua liquidação, é a combater, é a estudar a solução dos problemas vitais de cada um dos nossos países e da luta em comum. Lança-se numa autocrítica, ao reconhecimento das próprias fraquezas: “A nossa luta é a expressão das contradições internas da realidade económica, social e cultural em cada um dos nossos países. Estamos convencidos que toda a revolução nacional ou social que não possui como base fundamental o conhecimento desta realidade arrisca-se ao insucesso”. O auditório está preso, sabem que aquele dirigente político é um agrónomo que preparou passo a passo o início da luta armada. “A libertação nacional e a revolução social não são mercadorias de exportação, são o produto de uma elaboração local, nacional, mais ou menos influenciada por fatores externos, mas essencialmente determinada e condicionada pela realidade histórica de cada povo. Devemos reconhecer que não temos sabido dar toda a tenção necessária a este problema importante da nossa luta comum. O defeito ideológico, para não dizer a falta total de ideologia, no seio dos movimentos de libertação nacional, constitui uma das maiores, se não a maior fraqueza da nossa luta contra o imperialismo”. E surge uma declaração que vai agitar os soviéticos e companheiros de estrada: “Aqueles que afirmam que a força motriz da História é a luta de classes estarão certamente de acordo em rever esta asserção a fim de lhe dar um campo de aplicação ainda mais vasto, caso eles conheçam as caraterísticas essenciais de certos países colonizados. De facto, na evolução geral da humanidade, as classes não aparecem nem como fenómeno generalizado e simultaneamente na totalidade destes grupos nem como um todo acabado, perfeito, uniforme e espontâneo”.

A sala segue-o atentamente, o inesperado já aconteceu, Cabral pergunta se a história começa somente a partir do momento em que se desenvolve o fenómeno “classe” e por consequência a luta de classes. Se assim fosse, muitos grupos humanos de África, da Ásia e da América Latina, viviam fora da história no momento em que foram submetidos ao jugo do imperialismo. E diz que há história nos Balantas da Guiné e nos Maconde de Moçambique, por exemplo. A libertação nacional é a reconquista da personalidade histórica. A seguir, tece considerações sobre a situação neocolonial de um grande número de países que acederam à independência política e procura a justificação para concluir que os compromissos com o imperialismo são inoperantes. E dirige-se ao auditório: “Não queremos escandalizar esta assembleia afirmando que a via única e eficaz para a realização definitiva das aspirações dos povos é a luta armada”.

Enunciando a sua conceção de luta de classes, Cabral releva o papel da pequena burguesia a quem compete um papel revolucionário mas que consomada a revolução deverá fundir-se com o povo libertado, “deve ser capaz de se suicidar como classe”. Praticamente em terminar a sua intervenção, Cabral comete em confidência de anunciar que o PAIGC se está a preparar para lançar operações em Cabo Verde. Insiste que está a falar em nome de todos aqueles que lutam contra o colonialismo português, apela à luta com as armas na mão, termina dizendo: “Nós venceremos”.

Não é por acaso que em “Tricontinentale”, Roger Faligot, Éditions La Découverte, Pais, 2013, esmiúça inusitadamente o discurso de Cabral, a peça dará volta ao mundo e tornar-se-á um texto sagrada do Terceiro Mundo Militante, um pouco à semelhança do discurso que Guevara proferira em Argel, meses antes. Mais adiante Osmany Cienfuegos dará uma declaração em nome da delegação cubana insistindo para que se construa uma organização tricontinental permanente. A seguir a Cabral falou o orador que iria também ser muito ovacionado, Turcios Lima, explicou, em nome das FAR guatemaltecas, a situação no seu país. É nesta altura que Cabral questiona o guatemalteco, assim: “Estou intrigado camarada, porque é que não há índios no teu exército, como, aliás em quase nenhum exército de libertação latino-americano?”. Turcios Lima respondeu impassível, “Guardo-os de reserva!”, sem saber se se tratava ou não de um dito espirituoso. Falando para outros guineenses, Cabral comentou: “É esta a fraqueza deles, há cinco séculos que os índios são colonizados, continuam na mesma depois dos espanhóis terem partido”. Porque esta era a força que Cabral exibia junto de todo e qualquer interlocutor, a de querer fazer convergir para a luta toda as etnias, muçulmanos ou animistas, todos os chamados assimilados cabo-verdianos.

Este surpreendente thriller de Roger Faligot é agora a obra incontornável sobre a Tricontinental, a despeito de pequenos dislates, alguns deles que têm a ver com a questão guineense, dizendo que a mãe de Cabral era guineense, que as tropas portuguesas tinham sido expulsas da Ilha do Como, etc. A conferência teve o seu fecho oratório no dia 11, com uma resolução sobre Ben Barka e a constituição de um comité de solidariedade, seguiu-se a pompa do encerramento. Cabral vai ficar mais uns dias, conseguirá de Fidel uma ajuda militar significativa e o envio de técnicos, Oscar Oramas será, a pedido de Cabral, nomeado embaixador cubano na Guiné-Conacri e Victor Dreke, que tinha acompanhado Guevara no Congo, será enviado para junto do PAIGC como o elemento de ligação cubano.

As conclusões de Faligot quanto à Tricontinental merecem leitura atenta. Tudo jogou a desfavor destes eventos de Havana: o alinhamento de Fidel com Moscovo; o refluxo do movimento revolucionário na América Latina e a morte do Che na Bolívia; a consagração da doutrina da “coexistência pacífica” que obrigou os soviéticos a permanentes jogos de cintura com os acontecimentos africanos e asiáticos; a ascensão de ditaduras ao longo das décadas seguintes, envolvendo figuras sinistras como Sékou Touré e Robert Mugabe. Resta a Organização de solidariedade com os povos da Ásia, de África e da América Latina (OSPAAAL), criado em janeiro de 1966, continua a existir, é uma pequena ONG reconhecida pela ONU que pode organizar um colóquio à memória de Che, um seminário sobre a revolução sandinista ou apelar à ajuda quando há um tremor de terra no Haiti.
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13543: Notas de leitura (627): A Tricontinental: Quando Amílcar Cabral se tornou num teórico mundial da revolução (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13555: Directivas emanadas pelo COM-CHEFE, Brigadeiro António de Spínola em 1968 (3) (José Martins)

1. Fim da publicação de mais um trabalho de pesquisa do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), desta feita dedicado às Directivas de 1968 do COM-CHEFE do CTIG, Brigadeiro António de Spínola.


Directivas do CTIG emanadas pelo COM-CHEFE, Brigadeiro António de Spínola, no ano de 1968



Directiva 43/68 
Reordenamento de populações e organização em autodefesa

1. O reordenamento das populações e a sequente organização das tabancas em autodefesa é um problema complexo e que requer técnica especializada.

2. Com efeito, o problema do reordenamento das populações não pode ser encarado com a superficialidade com que o tem sido, antes requer meditação e estudo profundo em íntima ligação com os serviços do Governo da Província, no sentido de se definirem as áreas economicamente ricas que, num reordenamento bem planeado, se deverão transformar em pólos de desenvolvimento económico-social. Para além do aspecto episódico da defesa da população, problema de reordenamento das populações surge-nos como um imperativo de progresso dos povos, e como deverá ser encarado, por forma a que as áreas reordenadas se transformem simultaneamente em «pólos de atracção das populações e de irradiação de progresso». Ao equacionar-se o problema do reordenamento, não se pode deixar de atender à compartimentação étnica da Província, a qual não só deverá ser respeitada como até fomentada.

3. O problema da defesa das áreas reordenadas (conjuntos de tabancas em autodefesa) também requer aprofundado estudo, com vista a estabelecerem-se «esquemas de dispositivo» suficientemente flexíveis para permitirem a escolha e adaptação daquele que, para cada caso, melhor se ajuste às condições locais. Independentemente do trabalho de planeamento, haverá ainda que dar assistência técnica nas diferentes fases de execução, até que o conceito de «autodefesa» se transforme numa realidade efectiva e não num conceito simbólico sem qualquer significado prático. Não se deve perder de vista que a organização de uma tabanca em autodefesa envolve responsabilidade da nossa parte perante a respectiva população, a qual perderá totalmente a confiança em nós se a defesa não se revelar eficaz em relação às reacções do IN.

4. Porque os problemas enumerados em 2 e 3 se revestem de alta importância, e têm necessariamente que ser equacionados à escala provincial, o seu estudo foi centralizado num os departamentos do gabinete militar do Comando-Chefe, a que competirá: estabelecer ligação com os serviços da Província com interferência directa ou indirecta na resolução do problema; centralizar o estudo, controlo e fiscalização de todos os problemas de reordenamento e autodefesa da Província; elaborar «normas gerais para o reordenamento das populações e organização em autodefesa»; colaborar CTIG (Comando de Agrupamento e Batalhões Independentes) e com as autoridades administrativas locais no reordenamento das populações, e dar a necessária assistência técnica no desenvolvimento do planeamento traçado.

5. A execução dos planos de reordenamento e de autodefesa é da responsabilidade dos respectivos comandantes, em colaboração com as autoridades administrativas locais.

6. Deve ser dado conhecimento desta directiva até escalão companhia, ficando interdito aos comandos e autoridades administrativas tomar decisões em matéria de reordenamento e autodefesa sem prévia consulta ao gabinete militar do Comando-Chefe.

Bissau, 30 de Setembro de 1968.
O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro.

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Directiva 48/68 
Operações psicológicas Alfa 

Generalidades
1. Os temas que se apresentam deverão ser adequadamente desenvolvidos e «personalizados» com elementos respeitantes a cada área, recorrendo, especialmente, a factos actuais. No Apêndice I a este anexo apresenta-se um exemplo elucidativo.

2. O CTIG deverá remeter ao GABMIL todos os elementos que possam auxiliar o desenvolvimento dos temas constantes deste anexo, a fim de serem utilizados na informação e propaganda radiofónica a conduzir.

3. Os temas difundidos na Directiva Propaganda N.° 1, do COMCHEFEGUINÉ, de 30SET68, deverão continuar a utilizar-se nas Op. Psic. Alfa. II. Temas a utilizar.

1. Visando preservar as populações sob nosso controlo
a) A tropa portuguesa luta por uma Guiné melhor, onde todos tenham paz, progresso e bem-estar.
b) A tropa branca veio da Metrópole à Guiné ajudar os seus irmãos pretos a defender o seu chão contra os terroristas. Os pretos estão a combater juntamente com os dos brancos, contra os terroristas.
c) A tropa, os navios, os aviões e a artilharia vão destruir os terroristas.
d) Os terroristas raptam as populações e obrigam-nas a trabalhar eles.
e) No chão da Guiné, portugueses pretos e brancos vão construir uma vida melhor.
f) Os terroristas trouxeram a guerra e querem a desgraça dos povos da Guiné.

2. Visando dissociar o binário Pop/In
a) Os terroristas protegem-se com a população. Não se importam que a população sofra com os tiros e as bombas lançadas por causa deles.
b) Os terroristas enganam o povo com promessas que não são capazes de cumprir (concretizar no desenvolvimento do tema).
c) Os chefes terroristas estão vendidos aos estrangeiros que lhes fornecem armas. Querem vender a Guiné.
d) A tropa, os navios, os aviões e a artilharia vão acabar com os bandidos que pretendem roubar a paz e o bem-estar aos povos da Guiné.
e) Os chefes terroristas vivem bem, no estrangeiro, gastando o dinheiro do povo, enquanto que o povo sofre, na mata, com doenças e fome.
f) Os terroristas levam o arroz e o dinheiro; em paga, trazem a guerra e o sofrimento para o povo.
g) A tropa vai acabar com os bandidos para ganhar a paz e o bem-estar para o povo da Guiné.
h) Quem não quiser sofrer com as bombas dos aviões, com os tiros da artilharia e com a guerra, deve separar-se dos bandidos.
i) O pessoal que vive na mata tem muita doença; quando se apresenta, é tratado pelas autoridades, passando a viver melhor.
j) Quem quiser continuar a sofrer, fica com os terroristas na mata; quem preferir viver em paz, apresenta-se às autoridades.

3. Visando captar as populações sob duplo controlo
a) Os terroristas estão a perder a guerra e, para esconder a sua derrota, prometem coisas que não podem dar. Nunca cumpriram o que prometeram.
b) O terrorista explora o povo. Rouba e nunca paga.
c) Os terroristas querem a confusão, para poderem roubar à vontade a terra, os bens e as mulheres de cada um.
d) Os terroristas só querem a guerra e a desgraça do povo da Guiné.
e) A tropa, os navios, os aviões e a artilharia vão acabar com os bandidos que pretendem roubar a paz e o bem-estar aos povos da Guiné.
f) Aqueles que vivem na mata, com os terroristas, têm má casa, más culturas e muita doença.
g) Os terroristas levam o arroz, as mulheres, os filhos e o dinheiro; em paga, trazem a guerra e o sofrimento para o povo.

Bissau, 29 de Outubro de 1968,
O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro

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Directiva 60/68 
Campanha psicológica de recuperação

1. Como vimos afirmando, o aspecto de fundo de um «plano de contra-subversão» não se projecta no campo imediato da força das armas, mas sim no campo da promoção social e cultural das populações. Por outras palavras, a guerra da Guiné não se ganha pela força das armas, mas sim pela força da razão. E a razão conquista-se na medida em que a Província atinja um nível de bem-estar social que satisfaça os anseios imediatos das populações, anseios que lhes foram instigados pelo inimigo e que estão na base da sua propaganda, constituindo a sua principal força.

2. O nosso «plano de contra-subversão» visa a rápida consecução desse nível de bem-estar, que se traduz no slogan: UMA GUINÉ MELHOR. Se atingirmos esse nível de bem-estar em tempo útil, furtaremos ao IN a força da razão, e com esta as populações - objectivo final de «um plano de contra-subversão».

3. Dentro desta linha de pensamen¬to, que está na base da orientação do Governo da Província - e que constitui a nossa principal «ideia-força» - é natural que o inimigo combatente e as populações da Guiné, presentemente desorientadas, se desequilibrem para o lado da razão, isto é, para o lado da nossa causa.

4. Neste pressuposto, torna-se absolutamente necessário rever o nosso procedimento à luz de nova conduta, agindo em conformidade com os princípios morais e civilizadores que estão na essência da nação portuguesa e informam a sua estrutura jurídica. Há que esquecer aspectos tristes do passado - para os quais, temos de reconhecer, também contribuímos - e restabelecer um clima de recíproca confiança entre portugueses metropolitanos e portugueses guineenses (autóctones), condição absolutamente necessária à recuperação da Província para a vida normal e pacífica. Há que saber perdoar, sendo generoso para com aqueles que, respondendo ao nosso grito de UMA GUINÉ MELHOR, desejem trocar o caminho da subversão pelo da paz e da ordem. Neste sentido, impõe-se lançar uma campanha de mentalização das Forças Armadas, autoridades administrativas e policiais, campanha que vai ser iniciada na presente época do Natal com a libertação de vários elementos inimigos presos na ilha das Galinhas, depois de devidamente integrados na actual linha de rumo. Torna-se necessário que as Forças Armadas, autoridades administrativas e policiais, e em especial a Divisão de Acção Psicológica do Comando-Chefe e a PIDE, orientem, desde já, o seu esforço de acção psicológica na linha de acção expressa na presente directiva.

Bissau, 17 de Dezembro de 1968,
O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro

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Directiva 62/68 
Fiscalização e controlo do cumprimento das missões operacionais 

1. Na Directiva n.º 44/68 de 01OUT68, definiram-se genericamente as atribuições dos vários escalões de comando no processamento da acção operacional no TO da Guiné. Posteriormente, a prática revelou-nos a necessidade de esclarecer melhor as referidas atribuições em matéria de planeamento, execução, controlo e fiscalização da actividade operacional, para que fiquem claramente definidas as esferas de responsabilidade dos diversos escalões de comando do TO, que seguidamente se definem:
a) Comando-Chefe. Define o conceito de manobra à escala do TO (reunião mensal de comandos/directiva mensal); providencia para que a manobra se concretize num adequado dispositivo terrestre (directivas executórias); conduz o desenvolvimento da manobra, coordenando a acção dos três ramos das Forças Armadas (reunião diária de comandos); exerce a fiscalização superior da actividade operacional no TO (reunião semanal no CTIG e contacto directo com as unidades.
b) Comando Territorial Independente da Guiné Concretiza, em trabalho conjunto com os comandos subordinados, a manobra do comando-chefe articulando convenientemente as forças (dispositivo); fixando zonas de acção; fixando missões; garante a execução da conduta da manobra fixada diariamente pelo comando -chefe; alerta, em tempo útil, as unidades das FT sempre que nas respectivas ZA se realizem operações das forças de intervenção ou acções de fogo independentes da FA; fiscaliza a actividade operacional das unidades sob a sua dependência, em ordem a assegurar o cumprimento das missões atribuídas a todos os escalões do comando; garante assistência técnica aos comandos de agrupamento e batalhões independentes, bem como aos escalões inferiores de comando quando lhes for solicitado pela via hierárquica; resolve, em tempo útil, os problemas operacionais que lhe forem apresentados pelos comandos subordinados, e quando a sua resolução exceda o quadro das suas possibilidades providencia junto do comando--chefe.
c) Comando de agrupamento Propõe superiormente o reajustamento do dispositivo, em conformidade com a missão recebida; fixa as missões, de carácter permanente aos batalhões de acordo com a manobra, submetendo-as à aprovação do CTIG; submete à aprovação do CTIG as missões de carácter permanente atribuídas às companhias, depois de corrigidas ou sancionadas fiscaliza a actividade operacional das unidades sob a sua dependência, ordem a assegurar o cumprimento das missões atribuídas a todos os escalões de comando; dá a necessária assistência técnica aos comandos subordinados, por iniciativa própria ou sempre que lhe seja solicitado; planeia e coordena operações ao nível agrupamento, quando necessário; resolve, em tempo útil os problemas operacionais que lhe apresentados, e quando a sua solução exceda o quadro das suas possibilidades providencia junte do CTIG.
d) Comando de batalhão Propõe superiormente o reajustamento do dispositivo, em conformidade com a missão recebida; fixa as missões às companhias, em conformidade com o seu conceito de operação, submetendo-as à aprovação superior; fiscaliza a actividade operacional das companhias, em ordem a assegurar o cumprimento das respectivas missões: garante a necessária assistência técnica às companhias, em especial quando comandadas por oficiais menos capacitados (equipas itinerantes - Directiva N.° 23/68); planeia e coordena operações no quadro do conceito operacional do batalhão; garante às companhias os meios necessários à sua actividade operacional normal, reforçando a acção na respectiva área quando necessário.
e) Comando de companhia Garante, em continuidade, a actividade operacional na respectiva zona de acção, no quadro da missão recebida, por cujo cumprimento é totalmente responsável; providencia junto do comando superior, no sentido de lhe serem atribuídos os meios de reforço julgados indispensáveis para o cumprimento da missão.

2. Definidas as atribuições e as inerentes esferas de responsabilidade dos vários escalões de comando, o comandante-chefe, sempre que notar que o rendimento operacional das companhias não é compatível com a missão atribuída e os meios disponíveis, responsabilizará solidariamente pelo incompleto cumprimento da missão o respectivo comandante de companhia, e os escalões superiores de comando, responsáveis pela fiscalização da actividade operacional.

3. Para a fiscalização da actividade operacional ao nível CTIG, o CZACVG reservará diariamente para o efeito um avião DO-27, cuja capacidade de transporte deverá ser totalmente aproveitada. Os comandos de batalhão deslocar-se-ão normalmente por via terrestre, só utilizando o transporte aéreo nos casos de reconhecida impossibilidade de utilização do transporte terrestre ou fluvial.

4. O comandante-chefe inicia em Janeiro próximo a sua visita de inspecção operacional às unidades, com o objectivo de se esclarecer acerca da evolução da situação no quadro da missão atribuída ao respectivo escalão de comando. A inspecção processar-se-á da seguinte forma: leitura da missão atribuída à unidade ou subunidade; implantação da missão na carta 1/50 000; exposição sobre a situação do IN na área; conceito operacional do respectivo comando; exposição da actividade operacional no quadro do cumprimento da missão; resultados práticos obtidos.

5. Para controlo da actividade operacional das FT no TO da Guiné, passa a realizar-se todas as quintas-feiras, pelas 08H00, uma reunião no CTIG, com a assistência do comandante-chefe. Além dos elementos do CTIG, assistem à reunião o chefe do gabinete militar do comando-chefe e os adjuntos para as informações e operações especiais. Esta reunião deve desenvolver-se na seguinte base: implantação na carta da situação (1/50 000), de toda a actividade operacional do último período (uma semana); implantação, na mesma carta, da actividade operacional dos últimos seis meses, o que obviamente implica o levantamento semanal da sinalização referente ao da semana excelente; descrição sumária da semana; crítica ao rendimento operacional obtido; resultados práticos obtidos; implantação da actividade operacional, numa carta à escala 1/1.000.000, a arquivar em pasta própria; análise da actividade anterior das NT por consulta da pasta anteriormente referida.

6. Diariamente, pelas 18H00, dever-me-á ser presente no comando-chefe, o SITREP diário do CTIG com a actividade operacional implantada numa carta de escala 1/500 000.

Bissau, 23 de Dezembro de 1968,
O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro

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Directiva 63/68 
Procedimento para com os informadores secretos da PIDE 

1. Sempre que se apresente a autoridades administrativas ou militares qualquer elemento autóctone que declare desejar prestar informações exclusivamente à PIDE, deve ser considerado como um informador secreto daquela polícia, adoptando-se o seguinte procedimento: aceitar a apresentação; mantê-lo preso ou sob vigilância; avisar o agente da PIDE, agindo seguidamente em conformidade com a sua indicação, comunicando a ocorrência ao escalão hierárquico imediatamente superior, nomeadamente comandos militares ou autoridades administrativas; quando não houver agente local da PIDE, providenciar, por iniciativa própria, junto: do escalão hierárquico imediatamente superior; o CTIG providenciará, junto do CZACVG, no sentido do referido informador ser urgentemente transportado para Bissau e entregue à PIDE, a administração civil providenciará de igual forma através da via comando-chefe; é expressamente proibido fazer interrogatórios a elementos que declarem só desejarem prestar informações à PIDE não devendo, em qualquer caso, ser exercida pressão sobre os mesmos; as autoridades locais administrativas e militares devem explorar imediatamente qualquer informação de carácter urgente e interesse local que lhes seja fornecida.

2. Os informadores secretos da PIDE são merecedores do nosso mais vivo reconhecimento pelos relevantes serviços que vêm prestando à causa nacional, devendo obviamente ser tratados em conformidade.

Bissau, 28 de Dezembro de 1968,
O Comandante-Chefe,
António Sebastião Ribeiro de Spínola,
Brigadeiro

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BIBLIOGRAFIA
A Guerra de África (1961-1974)
José Freire Antunes - Circulo dos Leitores . VOL. I

(Fim)
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Nota do editor

Postes anteriores da série de:

30 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13550: Directivas emanadas pelo COM-CHEFE, Brigadeiro António de Spínola em 1968 (1) (José Martins)
e
31 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13552: Directivas emanadas pelo COM-CHEFE, Brigadeiro António de Spínola em 1968 (2) (José Martins)

Guiné 63/74 - P13554: Parabéns a você (781): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Armas Pesadas da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13539: Parabéns a você (780): António Barbosa, ex-Fur Mil Cav do Pel Rec Panhard 1106 (Guiné, 1966/68) e José Corceiro, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1969/71)

domingo, 31 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13553: Convívios (619): Almoço do pessoal e comemoração do 40.º aniversário do regresso da Guiné das CCAV 8350 (Guileje) e 8352 (Caboxanque-Cantanhez), dia 30 de Agosto de 2014 em Estremoz (José Casimiro Carvalho)

 

1. O nosso Camarada José Casimiro Carvalho, ex-Fur Mil Op Esp / RANGER da CCAV 8350 “Piratas de Guileje”, (1972/74), enviou-nos algumas fotos da festa que juntou duas companhias de cavalaria. 

Almoço comemorativo dos 40 anos do regresso das CCav 8350 e CCav 8352

Estremoz e Cabeço de Vide, 30-08-2014

CCav 8350 - Guilege + CCav 8352 – Caboxanque - 1972/74 


Camaradas. Regressamos em 30 de agosto de 1974, há 40 anos… lindo! 

Este convívio de irmãos foi maravilhoso, uns do Porto, outros do Algarve, outros de… sei lá! 

Uma coisa é certa, estamos aqui a relembrar os bons e maus momentos, os camaradas que tombaram, os que entretanto foram partindo e os que por este ou outro motivo não puderam comparecer, mas que sempre estarão presentes. 

Houve um pequeno “quid pro quo” acerca dos emblemas no bolo que eu considero de somenos importância, mas todos temos direito à nossa opinião…claro! 

Espero que não seja isso que nos vai dividir, já temos idade para colocar essas “ninharias” para trás, nas costas… 

Aqui vão umas fotos do convívio das duas companhias… FRATERNIDADE! 










Um abraço camaradas e até 2015, 
José Casimiro Carvalho
Fur Mil Op Esp / RANGER da CCAV 8350 “Piratas de Guileje”

Mini-guiões de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Notas de M.R.: 

Ver também o seguinte poste:
Vd. último poste desta série em: