Capa do livro "As colónias portuguesas", 2ª ed. Lisboa: David Corazzi, 1884, 63 pp., (Col "Biblioteca do povo e das escolas", 25)
[Sobre a casa editora David Corazzi, ler aqui: tratou-se de uma caso de grande sucesso,. no mercado livreiro de Portugal e do Brasil; A coleção "Biblioteca do Povo e das Escolas" totalizou 237 livros, publicados durante 42 anos, entre 1881 e 1913. "Os volumes eram publicados quinzenalmente, nos dias 10 e 25 de cada mês, cada um com rigorosas 64 páginas, em formato de 15,5 X 10 centímetros , de composição cheia. A edição dos dois primeiros volumes foi de 6 mil exemplares cada. A partir do terceiro volume começaram a ser impressos 12 mil exemplares de cada vez. A tiragem subiu para 15 mil exemplares a partir do volume 10. A cada seis volumes, os livros recebiam uma única encadernação de capa dura, constituindo uma série. Ao longo dos 42 anos em que a coleção circulou, foram encadernadas 29 séries."]
pp. 26-30
O rei dom Luís I, de Portugal (1885). Fotografia de Augusto Bobone.
Lisboa, Palácio Nacional da Ajuda. Imagem do domínio público. Cortesia de
Comentário dos editores: É espantoso que, antes da separação (administrativa) da Guiné e de Cabo Verde, em 1879, o recenseamento da população guineense, que estava debaixo da bandeira portuguesa, fosse exatamente de 6154 habitantes, distribuídos por 1386 fogos, circunscritos a Bolama, Bissau e Cacheu... Estes números dão-nos uma ideia do "raio de ação" da soberania portuguesa no tempo da Monarquia Constitucional. Em 1879 era rei Dom Luís I... E o primeiro governador da província portuguesa da Guiné era Pedro Inácio Gouveia (1881-1884), um homem belicoso, conhecido por "frasquinho do veneno"...
Dos povos da Guiné, há um destaque para os mandingas, "os mais civilizados, industriosos e ativos dos povos de África" e, para mais, "alegres, dóceis e amigos dos europeus" (sic)... Reconhece-se que a província está atrasada em muitos aspetos a começar pela "instrução pública": na época só havia 7 (sete) escolas primárias, todas para rapazes, obviamente... Indústria colonial não havia e a pouca agricultura que existia estava nas mãos dos caboverdianos...
O orçamento da província era deficitário, sendo a principal receita a provenientes dos direitos alfandegários... O défice orçamental era suprido por "subsídios da metrópole" (sic)... Não se fala de "imposto de palhota", mas de "contribuição predial"... Findo o "odioso" (sic) comércio de escravos, que alimentou "grandes fortunas", o principal produto de exportação, no ano econonómico de 1877/78, era já a mancarra (40 milhões de litros)... As principais casas comerciais eram... francesas, e Marselha o principal porto europeu para os produtos provenientes da (e destinados à) Guiné... Havia um vapor, da carreira da África ocidental, que escalava todos os meses Bolama...
O tom do livrinho era de otimismo em relação ao futuro do território, na condição de "continuar a reinar a paz com os gentios"... Falsa ilusão: a chamadas "campanhas de pacificação" já estavam em marcham, desde 1882 e iriam até meados dos anos 30 do séc. XX com o objetivo de assegurar a ocupação efetiva do território... (LG).
O orçamento da província era deficitário, sendo a principal receita a provenientes dos direitos alfandegários... O défice orçamental era suprido por "subsídios da metrópole" (sic)... Não se fala de "imposto de palhota", mas de "contribuição predial"... Findo o "odioso" (sic) comércio de escravos, que alimentou "grandes fortunas", o principal produto de exportação, no ano econonómico de 1877/78, era já a mancarra (40 milhões de litros)... As principais casas comerciais eram... francesas, e Marselha o principal porto europeu para os produtos provenientes da (e destinados à) Guiné... Havia um vapor, da carreira da África ocidental, que escalava todos os meses Bolama...
O tom do livrinho era de otimismo em relação ao futuro do território, na condição de "continuar a reinar a paz com os gentios"... Falsa ilusão: a chamadas "campanhas de pacificação" já estavam em marcham, desde 1882 e iriam até meados dos anos 30 do séc. XX com o objetivo de assegurar a ocupação efetiva do território... (LG).
1. Continuação da publicação dos excertos da obra "As colónias portuguesas" (Lisboa, 2ª edição. 1884) enviados em suporte digital, pelo nosso camarada António J. Pereira da Costa
[,cor art ref, ex-alf art na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567,Mansabá, 1972/74]...
II (e última parte) (**)
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Nota do editor:
Vd. poste de 2 de janeiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15568: Historiografia da presença portuguesa em África (68): As colónias portuguesas: a província da Guiné, vista em 1884, em livro da biblioteca do povo e das escolas (Lisboa, David Corazzi, Lisboa, 2ª ed.) - Parte I (António J. Pereira da Costa, cor art ref)