Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Conversa, à mesa, discreta, entre o Virgínio Briote e o Amadu Djaló (que vive com duas filhas, há cinco anos em Portugal; para grande desgosto dele, elas ainda não têm a nacionalidade portuguesa):
- Ó Amadu, ainda só vamos em 1974/75, no 1º volume das tuas memórias... Eu já tenho 30 MB da tua vida de guerreiro fula, desde 1958... Diz-me lá quantas luas ainda faltam para a gente chegar a 2009, e ao pleno exercício do meu e do teu direito ao descanso do guerreiro... Amadu, meu filho, é que já não temos 20 anos...
- Alfero Briote, manga de bom pessoal, irmon mesmo ... mas guerra muito, muito cumprido... Agora Amadu quer mesmo é dar condiçon de português às minina...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O Santos Oliveira (Vila Nova de Gaia), ao centro, tendo à esquerda o Zé Martins e à direita o Belarmino Sardinha, dois vizinhos de Odivelas... Como se vê, o mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande.
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita, o Amadu Djaló, o Santos Oliveira, o Luís Graça eo Carlos Silva (também conhecido como o régulo de Farim)... Eu aqui trocava impressões com o nosso jurista sobre a miserável condição, em Portugal, de camaradas guineenses como o Amadu Djaló... (LG)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Dina e Carlos, provalvelmente o par mais romântico e fotogénico do dia, segundo opinião dos paparazzi que cobriram o acontecimento para as revistas cor de rosa... Dina, vai tendo paciência com o Carlos, e sobretudo connosco que lhe roubamos a paciência e o tempo...
(LG)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > O criador do nosso blogue com ar de quem estava em pleno gozo de férias... (LG)
Fotos: © Virgínio Briote (2009). Direitos reservados
1. Mensagem do nosso querido co-editor Virgínio Briote, valoroso ex-comando do CTIG, chefe (!) dos Diabólicos (1965/67), e sobretudo valiosíssimo e inalienável activo humano deste blogue (não tem preço a sua cláusula de recisão):
Carlos Vinhal, Joaquim e Eduardo,
Foi assim que, um dia depois, o Amadu me telefonou para agradecer o convite:
"É um prazer fazer parte desta Tertúlia. Tolerância, convívio saudável. Correu tudo muito bem. Olha, pessoas muito simpáticas, amigáveis comigo. Gostei muito. Nunca vou esquecer, não sei como agradecer, não tenho as direcções deles".
E agora escrevo eu (*). Ao Carlos Vinhal, especialista único na manutenção do nosso espaço, mesmo em tempos menos calmos; ao Eduardo os parabéns pela facilidade e capacidade de integração; e ao Luís Graça nunca é demais realçar a capacidade invulgar em manter o fio aprumado. Um exemplo a servir de escola para todos, velhos Camaradas da Guiné e não só.
Um obrigado a todos.
Imagens de Fernando Santos Oliveira. Um gosto enorme ver este homem!
Para o LG: por um lapso qualquer aparece num post a info que a Mãe fazia anquele dia 98 anos. Tem noventa e sete só, noventa e oito em 4 de Nobvembro. De qualquer forma obrigado pela referência à Mãe.
___________
Nota de L.G.:
(*) Vd.. poste de 24 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4570: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (13): Operação Ortigosa!... Obrigado Camaradas, Familiares e Amigos! (Magalhães Ribeiro)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Guiné 63/74 - P4574: Blogues da Nossa Blogosfera (17): Um raio de luz e fez-se luz (António Santos)
1. Do nosso Camarada António Manuel da Conceição Santos, que foi Furriel Miliciano de Operações Especiais/RANGER, na CCAÇ 4540 – CADIQUE (Região de Cantanhez – zona libertada) 1972/74, recebemos a mensagem que a seguir reproduzimos:
Camaradas,
Acabo de publicar mais um trabalho, da minha autoria, em “.pps” no meu blogue, cujo endereço (é só clicar 2 vezes):
Tem o título:
FAZEMOS nesta cidade de Faro.
Vejam e oiçam... também... o poste sobre a fauna e a flora, perfeitamente conjugadas com o meio ambiente… na beleza paisagística ímpar da Ria Formosa, aqui na minha maravilhosa e linda Terra - Faro.
As fotos anexas servem apenas para “aperitivo”.
Fotos: © António Manuel Conceição Santos (2009). Direitos reservados.
Para quem está mais longe, um grande abraço Amigo do,
António Santos
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
18 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4209: Blogues da Nossa Blogosfera (16): Coisas do MR (Magalhães Ribeiro)
Guiné 63/74 - P4573: Tabanca Grande (154): António Tavares, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72
1. Mensagem de António Tavares, ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72, com data de 12 de Junho de 2009:
Caros amigos,
Acabei de ler vários escritos sobre a Guiné que desconhecia existir em blogue.
Parabéns aos autores pelas fotos, textos e suas memórias.
Obrigado por me terem lembrado e visto HOMENS, alguns já falecidos.
Em 1970/72 estive em Galomaro, dentro e fora do arame farpado tendo viajado por Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Saltinho e muitas tabancas.
Tive sorte de nunca ter dado um tiro apesar de ter estado sob fogo e tido muitos sustos!
Amiga G3 saíste da minha mão virgem e limpa conforme te recebi e com toda a certeza que me agradeceste o descanso que te dei durante 23 meses embora muitas vezes estivesses engatilhada para me ajudar!
Amiga G3 foi desumano o transporte para Bambadinca dos nossos amigos defuntos caídos na emboscada da noite de 01-10-1971... e no regresso trazer 6 urnas para reserva... (*)
Amiga G3 vamos pertencer a uma Tabanca Grande, diferente das outras onde estiveste mas é bom recordar a História e Estórias dos ex-combatentes.
As histórias:
- Assisti no mercado de Bafatá à algazarra e disputa dos guineenses para comprar por 2$50 pesos uma iguaria que era uma enorme cabeça de macaco.
- O cão no Batalhão que uivava antes do hastear e do arriar da bandeira.
- Tratava todos pelo nome mas o Comandante do Batalhão reuniu os Oficiais e Sargentos para dar uma reprimenda porquanto os Soldados tratavam-se pelo número e não pelo nome.
- O Gen Spínola dizia que os nossos Soldados eram os melhores do mundo mas não tinham comandos à altura deles.
Enfim!… a guerra não era minha/nossa - milicianos - e infelizmente cheguei à triste conclusão de que os serviços prestados àquele bom Povo foram em vão.
Envio uma fotografia do nosso 16.º Convívio, na Covilhã em 06-06-2009, agradecendo a todos os meus ex-camaradas as alegrias e tristezas compartilhadas e passadas juntos.
Com um abraço do,
António C S Tavares
Fur Mil SAM
CCS/BCAÇ 2912
Galomaro
1970/72
2. Mensagem resposta enviada ao nosso camarada Tavares no dia 13:
Caro Camarada
Obrigado pelo teu contacto
Depois de lermos o que escreveste, só podemos convidar-te a aderires à nossa Tabanca Grande, assim se chama o nosso Blogue.
Como poderás verificar pela nossa apresentação, no lado esquerdo da nossa página, somos uma tertúlia de ex-combatentes da Guiné que mais não quer que deixar estórias, ou histórias, contadas na primeira pessoa, aos nossos vindouros, para que a nossa memória não seja esquecida. Não nos move sentimentos de saudosismo, mas não queremos ser esquecidos. O nosso sacrifício pode ter sido em vão, na realidade aquela terra não era nossa, mas não temos que nos envergonhar por termos respondido à chamada.
A prova de que não deixámos inimigos na Guiné, hoje Guiné-Bissau, é a maneira como somos recebidos, mesmo por aqueles que nos combatiam.
Caro camarada, se quiseres contribuir com as tuas histórias e as tuas fotografias, manda-nos uma foto do teu tempo de tropa e outra actual, tipo passe de preferência, em formato JPEG.
Vendo a fotografia de grupo que mandaste, julgo reconhecer um amigo que está à direita da foto, com calças claras e cabelo branco. Será o Francisco Figueiredo, ex-Fur Mil?
Caro Tavares, somos quase vizinhos, moro em Leça da Palmeira e devo ter sido teu contemporâneo nas Caldas da Rainha (Abril de 1969/6.ª Companhia do Cap Curado). Fui para a Guiné em Abril de 1970 e regressei em Março de 1972. Estive 22 meses em Mansabá.
Fico a aguardar as tuas notícias.
Um abraço
Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
3. Mensagem de António Tavares com data de 17 de Junho:
Caro Carlos Vinhal,
Agradeço o convite, que desde já aceito!
O Francisco M L Figueiredo, ex-Cabo Escriturário, foi um dos camaradas do Porto que reuni dentro de uma tenda fechada - o depósito de bebidas - para festejar o meu aniversário… e saímos todos muito alegres e contentes que foi preciso levarem-me ao abrigo e deitarem-me... tal foi a festança!.
Apesar dos maus momentos passados gostei da Guiné pelo que vi, ouvi, senti e aprendi com os guineenses e todos os que não queriam aquela guerra mas foram obrigados a ir.
Tenho lido algumas coisas sobre a Guiné e sou associado da A.P.V.G. e da Liga dos Combatentes, respectivamente com os n.ºs 21 898 e 63 146… o que desconhecia era o vosso blogue e o que os seus diversos escritos fielmente descrevem.
Fui incorporado, no R.I. 5, Caldas da Rainha, na 4.ª Comp.ª, com o n.º 615/69, em 08JAN69.
Nasci em 13JUL48, sou reformado, casado, moro na Foz do Douro e trabalhei no Porto e em Matosinhos numa Companhia de Seguros.
Fui sócio do Leixões SC e no campo de Santana assisti a tiros num jogo entre o Leixões SC e o Sporting CP e à queda de neve noutro jogo com o Vitória Guimarães.
Estudei na Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, actual João Gonçalves Zarco.
Com este historial de pessoas, entidades e localidades é quase certo que já nos cruzamos aqui ou na Guiné onde estive, 23 meses e 22 dias, de 01-05-70 a 23-03-72.
Um abraço do,
António C S Tavares
4. Mensagem de CV para António Tavares no mesmo dia:
Caro camarada
Ao olhar a tua foto actual, pensei, conheço esta cara perfeitamente. De repente fez-se luz. Eras funcionário da Companhia de Seguros existente na esquina da Rua Brito Capelo com a Rua Tomás Ribeiro. Fui vosso segurado durante muitos anos. Conheço o vosso colega A. O. desde infância.
Somos contemporâneos da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, mas não tenho presente como eras então.
Eu era do Curso de Formação de Montador Electricista e entre outros tive como colegas, o João (bébé do Leixões), julgo que ex-combatente da Guiné; o Veiga Pereira que jogou hóquei no Leixões, ex-combatente na Guiné (CCAÇ 2405); Carlos Veiga, que morava em frente ao Campo de Santana, primo do outro Carlos Veiga que jogou no Leixões e no Sporting; António Maria, que mora agora em Leça da Palmeira, ex-combatente na Guiné (Esq Rec Fox 2640); Lima Ferreira, ex-combatente na Guiné (BENG 447) e o Soeiro, julgo que também ex-combatente na Guiné. E mais não lembro.
Sou da segunda incorporação de 1969 das Caldas, como já te disse e depois fui para Vendas Novas. Ainda fiz Minas e Armadilhas, fui parar à Madeira 4 meses e finalmente 23 na Guiné.
Caro Tavares, não prometo apresentar-te à tertúlia esta semana, porque tenho isto tudo numa barafunda por causa do encontro de sábado, mas para a semana ficas apresentado.
Um abraço e muito obrigado, mais uma vez, por te teres dirigido a nós
Carlos Vinhal
5. Mensagem do dia 20 de Junho de António Tavares:
Caro Vinhal,
Com tantas coincidências tinha a certeza que nos conhecíamos!
O A.O. foi meu colega de trabalho e de estudos, à noite no SPI, na Escola Comercial Oliveira Martins, na Rua do Sol, no Porto… como via mal ficava à frente e tapava a visão aos outros colegas! (1)
Eu tenho o Curso Comercial e frequentei uma turma mista, naquele tempo havia diferenciação nas escolas – femininas e masculinas!
Na Comercial as meninas ficavam nas carteiras da frente e só depois os rapazes.
A escola Industrial e Comercial estavam divididas pelo edifício da antiga Biblioteca Florbela Espanca, onde estava o Director Eng Machado Gouveia, e um palacete na Rua Conde Alto Mearim – Comercial - e posteriormente unificou-se no actual local.
O jornal Matosinhos Hoje n.º 617, de 29-06 a 05 de Julho de 2005, trazia um suplemento sobre os 50 Anos da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, actual Escola Secundária João Gonçalves Zarco, onde constam várias histórias de alunos e o nome de conhecidos professores, contínuos e alunos.
Agradeço a substituição da foto da recruta por esta até porque foi tirada no dia do meu aniversário, conforme escrito no verso, antes da festança descrita no anterior e-mail.
Um abraço e um óptimo convívio,
António C S Tavares
6. Comentário de CV:
Caro Tavares, sê bem-vindo à nossa Tabanca.
Podes instalar-te à vontade. Poderás verificar que o Concelho de Matosinhos, em particular, e o Grande Porto, de modo mais abrangente, estão muito bem representados no nosso Blogue. Estás portanto em família. Não quero com isto dizer que os outros camaradas não mereçam a nossa especial amizade. Claro que sim. Não diferenciamos, sexos, postos militares, antigos e actuais, idade, habilitações literárias, posições na sociedade e tudo o mais que possa interferir numa saudável e franca camaradagem. Une-nos mais que qualquer outra coisa o termos pisado o chão da Guiné, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Ter sido grande operacional ou Escriturário não faz grande diferença. Cada um viu a Guiné e a Guerra conforme o local, época e especilaidade. Todas as experiências são válidas.
És nesta tertúlia, mais um camarada que conheço de longa data, curiosamente não me lembro de ti na Escola, porque como descreves, ela estava dividida em dois edifícios, tu num lado e eu noutro, mas lembro-me de te ver no teu local de trabalho, onde ia com alguma frequência.
Lembro-me perfeitamente do Director Eng.º Machado Gouveia, substituído, aquando da inauguração do edifício actual, pelo Dr. Fortes Lima, que curiosamente tinha ido de Director de uma escola secundária de Bissau para Director da Escola de Matosinhos. Ouvi muitas histórias da Guiné contadas por ele, sem imaginar que um dia iria lá parar.
Sobre o teu Batalhão há alguns postes já publicados por camaradas teus. Para procurares, basta que na janela de pesquisa escrevas "CAÇ 2912" e clicar em Pesquisar no Blogue.
Caro Tavares ficamos à espera das tuas histórias, mesmo sem tiros, eu também não disparei contra ninguém, felizmente.
Recebe, da tertúlia, o abraço fraterno de boas-vindas, do qual sou portador, para ti.
CV
(1) - O nosso comum amigo A.O. mede só 2,04 metros de altura. Eu e o Tavares pouco mais somos que pigmeus junto dele.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 12 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2529: PAIGC: Emboscada a forças do BCAÇ 2912, na estrada Galomaro-Bangacia (Duas Fontes), em 1 de Outubro de 1970 (Luís Graça)
Vd. último poste da série de 18 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...
Caros amigos,
Acabei de ler vários escritos sobre a Guiné que desconhecia existir em blogue.
Parabéns aos autores pelas fotos, textos e suas memórias.
Obrigado por me terem lembrado e visto HOMENS, alguns já falecidos.
Em 1970/72 estive em Galomaro, dentro e fora do arame farpado tendo viajado por Bafatá, Bambadinca, Nova Lamego, Saltinho e muitas tabancas.
Tive sorte de nunca ter dado um tiro apesar de ter estado sob fogo e tido muitos sustos!
Amiga G3 saíste da minha mão virgem e limpa conforme te recebi e com toda a certeza que me agradeceste o descanso que te dei durante 23 meses embora muitas vezes estivesses engatilhada para me ajudar!
Amiga G3 foi desumano o transporte para Bambadinca dos nossos amigos defuntos caídos na emboscada da noite de 01-10-1971... e no regresso trazer 6 urnas para reserva... (*)
Amiga G3 vamos pertencer a uma Tabanca Grande, diferente das outras onde estiveste mas é bom recordar a História e Estórias dos ex-combatentes.
As histórias:
- Assisti no mercado de Bafatá à algazarra e disputa dos guineenses para comprar por 2$50 pesos uma iguaria que era uma enorme cabeça de macaco.
- O cão no Batalhão que uivava antes do hastear e do arriar da bandeira.
- Tratava todos pelo nome mas o Comandante do Batalhão reuniu os Oficiais e Sargentos para dar uma reprimenda porquanto os Soldados tratavam-se pelo número e não pelo nome.
- O Gen Spínola dizia que os nossos Soldados eram os melhores do mundo mas não tinham comandos à altura deles.
Enfim!… a guerra não era minha/nossa - milicianos - e infelizmente cheguei à triste conclusão de que os serviços prestados àquele bom Povo foram em vão.
Envio uma fotografia do nosso 16.º Convívio, na Covilhã em 06-06-2009, agradecendo a todos os meus ex-camaradas as alegrias e tristezas compartilhadas e passadas juntos.
Com um abraço do,
António C S Tavares
Fur Mil SAM
CCS/BCAÇ 2912
Galomaro
1970/72
2. Mensagem resposta enviada ao nosso camarada Tavares no dia 13:
Caro Camarada
Obrigado pelo teu contacto
Depois de lermos o que escreveste, só podemos convidar-te a aderires à nossa Tabanca Grande, assim se chama o nosso Blogue.
Como poderás verificar pela nossa apresentação, no lado esquerdo da nossa página, somos uma tertúlia de ex-combatentes da Guiné que mais não quer que deixar estórias, ou histórias, contadas na primeira pessoa, aos nossos vindouros, para que a nossa memória não seja esquecida. Não nos move sentimentos de saudosismo, mas não queremos ser esquecidos. O nosso sacrifício pode ter sido em vão, na realidade aquela terra não era nossa, mas não temos que nos envergonhar por termos respondido à chamada.
A prova de que não deixámos inimigos na Guiné, hoje Guiné-Bissau, é a maneira como somos recebidos, mesmo por aqueles que nos combatiam.
Caro camarada, se quiseres contribuir com as tuas histórias e as tuas fotografias, manda-nos uma foto do teu tempo de tropa e outra actual, tipo passe de preferência, em formato JPEG.
Vendo a fotografia de grupo que mandaste, julgo reconhecer um amigo que está à direita da foto, com calças claras e cabelo branco. Será o Francisco Figueiredo, ex-Fur Mil?
Caro Tavares, somos quase vizinhos, moro em Leça da Palmeira e devo ter sido teu contemporâneo nas Caldas da Rainha (Abril de 1969/6.ª Companhia do Cap Curado). Fui para a Guiné em Abril de 1970 e regressei em Março de 1972. Estive 22 meses em Mansabá.
Fico a aguardar as tuas notícias.
Um abraço
Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné
3. Mensagem de António Tavares com data de 17 de Junho:
Caro Carlos Vinhal,
Agradeço o convite, que desde já aceito!
O Francisco M L Figueiredo, ex-Cabo Escriturário, foi um dos camaradas do Porto que reuni dentro de uma tenda fechada - o depósito de bebidas - para festejar o meu aniversário… e saímos todos muito alegres e contentes que foi preciso levarem-me ao abrigo e deitarem-me... tal foi a festança!.
Apesar dos maus momentos passados gostei da Guiné pelo que vi, ouvi, senti e aprendi com os guineenses e todos os que não queriam aquela guerra mas foram obrigados a ir.
Tenho lido algumas coisas sobre a Guiné e sou associado da A.P.V.G. e da Liga dos Combatentes, respectivamente com os n.ºs 21 898 e 63 146… o que desconhecia era o vosso blogue e o que os seus diversos escritos fielmente descrevem.
Fui incorporado, no R.I. 5, Caldas da Rainha, na 4.ª Comp.ª, com o n.º 615/69, em 08JAN69.
Nasci em 13JUL48, sou reformado, casado, moro na Foz do Douro e trabalhei no Porto e em Matosinhos numa Companhia de Seguros.
Fui sócio do Leixões SC e no campo de Santana assisti a tiros num jogo entre o Leixões SC e o Sporting CP e à queda de neve noutro jogo com o Vitória Guimarães.
Estudei na Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, actual João Gonçalves Zarco.
Com este historial de pessoas, entidades e localidades é quase certo que já nos cruzamos aqui ou na Guiné onde estive, 23 meses e 22 dias, de 01-05-70 a 23-03-72.
Um abraço do,
António C S Tavares
4. Mensagem de CV para António Tavares no mesmo dia:
Caro camarada
Ao olhar a tua foto actual, pensei, conheço esta cara perfeitamente. De repente fez-se luz. Eras funcionário da Companhia de Seguros existente na esquina da Rua Brito Capelo com a Rua Tomás Ribeiro. Fui vosso segurado durante muitos anos. Conheço o vosso colega A. O. desde infância.
Somos contemporâneos da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, mas não tenho presente como eras então.
Eu era do Curso de Formação de Montador Electricista e entre outros tive como colegas, o João (bébé do Leixões), julgo que ex-combatente da Guiné; o Veiga Pereira que jogou hóquei no Leixões, ex-combatente na Guiné (CCAÇ 2405); Carlos Veiga, que morava em frente ao Campo de Santana, primo do outro Carlos Veiga que jogou no Leixões e no Sporting; António Maria, que mora agora em Leça da Palmeira, ex-combatente na Guiné (Esq Rec Fox 2640); Lima Ferreira, ex-combatente na Guiné (BENG 447) e o Soeiro, julgo que também ex-combatente na Guiné. E mais não lembro.
Sou da segunda incorporação de 1969 das Caldas, como já te disse e depois fui para Vendas Novas. Ainda fiz Minas e Armadilhas, fui parar à Madeira 4 meses e finalmente 23 na Guiné.
Caro Tavares, não prometo apresentar-te à tertúlia esta semana, porque tenho isto tudo numa barafunda por causa do encontro de sábado, mas para a semana ficas apresentado.
Um abraço e muito obrigado, mais uma vez, por te teres dirigido a nós
Carlos Vinhal
5. Mensagem do dia 20 de Junho de António Tavares:
Caro Vinhal,
Com tantas coincidências tinha a certeza que nos conhecíamos!
O A.O. foi meu colega de trabalho e de estudos, à noite no SPI, na Escola Comercial Oliveira Martins, na Rua do Sol, no Porto… como via mal ficava à frente e tapava a visão aos outros colegas! (1)
Eu tenho o Curso Comercial e frequentei uma turma mista, naquele tempo havia diferenciação nas escolas – femininas e masculinas!
Na Comercial as meninas ficavam nas carteiras da frente e só depois os rapazes.
A escola Industrial e Comercial estavam divididas pelo edifício da antiga Biblioteca Florbela Espanca, onde estava o Director Eng Machado Gouveia, e um palacete na Rua Conde Alto Mearim – Comercial - e posteriormente unificou-se no actual local.
O jornal Matosinhos Hoje n.º 617, de 29-06 a 05 de Julho de 2005, trazia um suplemento sobre os 50 Anos da Escola Industrial e Comercial de Matosinhos, actual Escola Secundária João Gonçalves Zarco, onde constam várias histórias de alunos e o nome de conhecidos professores, contínuos e alunos.
Agradeço a substituição da foto da recruta por esta até porque foi tirada no dia do meu aniversário, conforme escrito no verso, antes da festança descrita no anterior e-mail.
Um abraço e um óptimo convívio,
António C S Tavares
6. Comentário de CV:
Caro Tavares, sê bem-vindo à nossa Tabanca.
Podes instalar-te à vontade. Poderás verificar que o Concelho de Matosinhos, em particular, e o Grande Porto, de modo mais abrangente, estão muito bem representados no nosso Blogue. Estás portanto em família. Não quero com isto dizer que os outros camaradas não mereçam a nossa especial amizade. Claro que sim. Não diferenciamos, sexos, postos militares, antigos e actuais, idade, habilitações literárias, posições na sociedade e tudo o mais que possa interferir numa saudável e franca camaradagem. Une-nos mais que qualquer outra coisa o termos pisado o chão da Guiné, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Ter sido grande operacional ou Escriturário não faz grande diferença. Cada um viu a Guiné e a Guerra conforme o local, época e especilaidade. Todas as experiências são válidas.
És nesta tertúlia, mais um camarada que conheço de longa data, curiosamente não me lembro de ti na Escola, porque como descreves, ela estava dividida em dois edifícios, tu num lado e eu noutro, mas lembro-me de te ver no teu local de trabalho, onde ia com alguma frequência.
Lembro-me perfeitamente do Director Eng.º Machado Gouveia, substituído, aquando da inauguração do edifício actual, pelo Dr. Fortes Lima, que curiosamente tinha ido de Director de uma escola secundária de Bissau para Director da Escola de Matosinhos. Ouvi muitas histórias da Guiné contadas por ele, sem imaginar que um dia iria lá parar.
Sobre o teu Batalhão há alguns postes já publicados por camaradas teus. Para procurares, basta que na janela de pesquisa escrevas "CAÇ 2912" e clicar em Pesquisar no Blogue.
Caro Tavares ficamos à espera das tuas histórias, mesmo sem tiros, eu também não disparei contra ninguém, felizmente.
Recebe, da tertúlia, o abraço fraterno de boas-vindas, do qual sou portador, para ti.
CV
(1) - O nosso comum amigo A.O. mede só 2,04 metros de altura. Eu e o Tavares pouco mais somos que pigmeus junto dele.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 12 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2529: PAIGC: Emboscada a forças do BCAÇ 2912, na estrada Galomaro-Bangacia (Duas Fontes), em 1 de Outubro de 1970 (Luís Graça)
Vd. último poste da série de 18 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...
Guiné 63/74 - P4572: Convívios (150): 7º Encontro da CART 3521 - Piche, Bafatá e Safim (1971/74), em Santo Tirso (Henrique Castro)
1. Mensagem do Henrique Castro, Soldado Condutor da CART 3521:
Camaradas,
Mais uma vez, este ano, me coube organizar o convívio anual da minha companhia sendo este o 7º.
Devido à actual conjuntura do país, já era de esperar uma fraca adesão, mas mesmo assim, realizou-se no passado dia 10 do corrente mês (dia de Portugal, das Comunidades e de Camões), em Monte Córdova - Santo Tirso -, junto ao Mosteiro da Nossa Senhora da Assunção.
Por estar um dia bastante chuvoso não nos foi possível sair do restaurante, para ver a beleza exterior e interior do mosteiro, assim como o belíssimo e grandioso parque florestal que o rodeia.
Quero deixar aqui o meu sincero agradecimento á Câmara Municipal de Santo Tirso por ter disponibilizado umas t-shirts, bonés e esferográficas, podendo todos os convivas levar para casa uma lembrança de Santo Tirso, dispensando assim a aquisição do habitual brinde, cujo acrescento tornaria mais dispendiosa o pagamento final do convívio.
Quero também agradecer á filha do nosso camarada Esbrita e ao seu marido, por o excelente trabalho que fizeram, quer nas fotografias, quer no filme.
Quem quiser ver o filme, entra no site www.chaosdanossaterra.tv e clica de seguida na freguesia de Santo Tirso.
Este nosso convívio sofreu um intervalo de 4 anos, em relação ao anterior, que foi em Junho de 2005. Claro que foi muito tempo, pelo que, daqui para o futuro, os convívios serão anuais, independentemente dos locais e da importância monetária que os mesmos acarretem.
Tenho a certeza que há sempre alguém, que não deixará de comparecer dando-me assim bastante força e alegria para continuar.
Faço-o com muito gosto, já o disse no postal de entrada, para o blogue sem qualquer lucro pessoal. Não ganho um euro com isto, apesar de eventualmente alguém pensar que o possa ganhar (o que para mim me é completamente indiferente).
Posso garantir que, antes pelo contrário, pago do meu bolso alguns euros em fotocópias, selos, envelopes, telefonemas e deslocações, para organizar os nossos convívios, além do excessivo trabalho que os mesmos me dão.
Mas, como diz o ditado: Quem corre por gosto não cansa!
Foto 1 – Conjunto dos convivas da CART 3521, excluindo o alferes Sá Fernandes, primeiro tabanqueiro da CART 3521,que teve que se ausentar. Assim, a começar pelo Afonso (casaco branco e óculos), Albano, Leite, Marques, Magalhães, Castro, Esbrita, Capitão, Desidério, Vieira, Sousa, Silveira, Moura, Soares, Matos, Brás Moura, Josué Franco, Brito, Abreu, Caetano e Massarelos.
Foto 2 – As nossas esposas e familiares.
Foto 3 - Eu e minha esposa altamente bem dispostos já depois de comer bem e beber melhor.
Foto 4 - Massarelos e Josué Franco (agora quase vizinhos).
Foto 5 - O nosso capitão junto da minha esposa, a esposa do Albano e a esposa do Magalhães. Parecem preparar uma estratégia de “defesa” mediante um eventual ataque dos maridos. Ao fundo, o Vieira certamente a pensar na vida. O bolo da companhia sem a referência ao “7º convívio da CART 3521”, facto a que sou alheio.
Foto 6 - O capitão e o furriel Albano partem o bolo, eu atrás, e o furriel Magalhães ao lado, observámos o “trabalho” atentamente.
Fotos: © Henrique Castro (2009). Direitos reservados.
Os meus cordiais cumprimentos,
Henrique Castro,
Soldado Condutor da CART 3521
___________
Nota de M.R.:
Vd. último poste da série em:
Guiné 63/74 - P4571: Dando a mão à palmatória (21): Irra é “AB” de Abraços, ou de Alfa Bravo e não de Almeida Bruno (Jorge Teixeira/Portojo)
1. Mensagem de Jorge Teixeira, ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões s/recuo 2054 (Catió, 1968/70), esteve adido aos BARTs 1913 e 2845, com data de 19 de Junho de 2009:
Camaradas,
Há dias assim...
Deve ser da idade, como diz a minha médica, ou de outra coisa qualquer, digo eu.
Lendo os comentários que a malta generosamente deixou no meu "poste", sobre Desertores e Afins, interpretei errada e distraidamente o “AB”, ali empregue no fim da mensagem, que o António Matos deixou escrito.
E também a referencia ao pedido de desculpas. Até respondi que infelizmente não conhecia o homem e comentei que… talvez ele um dia apareça.
Hoje de manhã ao ler os "postes" da malta, lá vejo num deles uma referência a AB, que logo deduzi “Alfa Bravo”, iniciais da palavra ABRAÇOS.
Mas só depois de ler a sua célebre frase: "Toma nota Bruno" - que é verdadeira, pois um dia ouvi-a da boca do próprio -, é que a minha mona começou a girar ó pra trás e veio relembrar-me o AB do comentário do Matos… eheheheheheh…
Acreditem, acredita Matos, que o que escrevi em relação ao teu comentário foi com o pensamento bem longe do homem “AB” de quem tanto gostamos.
Foi uma autêntica ingenuidade.
Há dias assim...
A talhe de foice, deixo aqui uma boca que foi ouvida na Tabanca de Matosinhos na quarta-feira.
Um dos camaradas disse-me que ele, o AB, foi deixar flores no nosso monumento em Lisboa.
Pesquisei, já pedi ao camarada “Pira de Mansoa” para investigar, por aí no blogue, se alguém confirma.
Pura curiosidade...
Terá sido uma “piada” dele?
Um abraço para toda a Tabanca.
Um abraço especial para ti do,
Jorge/Portojo
___________
Nota de M.R.:
(*) Vd. poste anterior, desta série em:
Guiné 63/74 - P4570: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (13): Operação Ortigosa!... Obrigado Camaradas, Familiares e Amigos! (Magalhães Ribeiro)
Nome de código: OPERAÇÃO ORTIGOSA.
Local: Atabancamento na Quinta do Paúl/Monte Real/Leiria.
Data: 20 de Junho de 2009.
Coordenadas Geográficas: 39º 50' 27" Norte; 8º 50' 24" Oeste.
Comandantes Operacionais: Miguel Pessoa, Joaquim Mexia Alves, Luís Graça e Carlos Vinhal.
Tropa Operacional efectiva: Companhia Tertuliana.
Tropas Reforços: 2 Pelotões de Familiares e Amigos.
Objectivos da Missão: Conhecer pessoalmente o pessoal "Tertuliano", reforçar laços de amizade, confraternizar, matar a fome de intercâmbio de informação, saberes, conhecimentos e outras conversas mais banais.
O Jogre Canhão e o Gaspar da 3ª Cia do BCAÇ 4612/72
Camaradas,
Apesar de ter "apagado" e reescrito várias partes deste escrito, volto sempre ao princípio e às mesmas palavras, pelo que, lembrei-me de iniciá-lo com uma pergunta, a que não me consigo esquivar, que acho muito estúpida e irrespondível: - Quem é que estaria mais satisfeito e comovido com a nossa animada, concorrida, única, festiva, fraterna e incomparável "campanha" que decorreu na maravilhosa Quinta do Paúl, em Ortigosa: o Luís Graça, o Carlos Vinhal, o Mexia Alves, o Miguel Pessoa, o Virgínio Briote, o Amadu Jaló, o Pedro Neves, o Tomás Carneiro, o Jorge Canhão, o Jorge Picado, o Belarmino Sardinha, o Torcato Mendonça, o... (éramos tantos)?
Éramos tantos, como tantos foram os sinais espelhados nos rostos dos presentes de satisfação, alegria e camaradagem, que me leva a dizer que, caso as nossas vidas pessoais e o nosso poder de compra assim o permitissem, "isto" se devia repetir, pelo menos, uma vez por mês. E não digo uma vez por semana, porque alguns de nós para se deslocarem para estes inesquecíveis encontros, além dos inúmeros quilómetros enfrentam também estradas em estado muito pouco recomendáveis.
Mas não era só nas nossas caras que se viam os mencionados sinais, pois também os nossos familiares e amigos, que se nos juntaram, contribuíram sobremodo para um redobrado ambiente festivo e amistoso.
Entre eles vi numa menina ainda novinha, linda, muito simpática e com ar de bem-estar, cujo nome registei: Cyndia Valentim, é neta do Valentim Oliveira (que faria qualquer avô "babar-se" de orgulho e vaidade, e com razão digo eu), e se manteve ali, sempre junta do seu querido familiar. Achei muito interessante como ela devorava atenta e curiosamente as nossas mais simples palavras e gestos.
Também vi um belo busto, pleno de porte e postura, que denota ser uma Grande Senhora deste nosso contraditório país, sempre com um lindíssimo sorriso na face. Já não é a primeira vez que nos dá o prazer de conviver connosco, chama-se Irene Fleming e é sogra do nosso estimado Camarada Virgínio Briote. Atenção que agora esta frase corrente fica absolutamente entre nós, amigo leitor, peço absoluto segredo, pois a idade das senhoras não se deve divulgar, disseram-me alguns camaradas entre admirados e algo cépticos, que esta Senhora tem 97 anos de idade (leram bem noventa e sete anos). Parabéns pela sua presença, demonstração de beleza, frescura e lucidez que nos impõe Dª Irene. Deus permita que nos acompanhe por muitos e bons anos.
Também vi lá, e conversei com ele, o incrível sobrinho do Alf Mil Manuel Sobreiro da CART 1612 (1967/69), morto num lamentável acidente com um granada defensiva, em Mampatá, em Fevereiro de 1968, o Nelson Domingues (advogado estagiário) nosso amigo Tertuliano, que assim, por direito "substituiu" o seu falecido tio. Um raríssimo exemplo da juventude sã e solidária que nós tanto queremos e defendemos, que saiba honrar, defender e preservar a memória dos seus entes queridos e, em especial, aqueles que, como o seu tio, tombaram um dia em África, na guerra.
Também estiveram lá o Tertuliano, 1º Ten da Armada Carlos Valentim & Esposa. Na foto, à conversa com o Carlos Vinhal e que, segundo as suas palavras, fez muito gosto pessoal em ter estado ali connosco.
Também vi lá mais um periquito da minha "classe", mobilizado para a Guiné, imagine-se no dia 24A74 e "mandado" para a Guiné no pós-25A74, o Carlos Neves. Imagine-se o que foi ser mobilizado para a Guiné (leia-se INFERNO) no dia 24A74 e ver acontecer o 25A74 no dia a seguir. Que prazer eu tive em conhecê-lo pessoalmente, ainda por cima meu conterrâneo, trocar conversa e... “fazer” mais um bom amigo!
Como se tudo isto não bastasse, junte-se devidamente enquadrado na boa disposição geral evidente, um excelente serviço de restauração, onde houve abundância e variedade, com muita qualidade à mistura, durante o dia todo.
Calma que ainda não acabei, pois ainda tivemos uma excelente sessão de canto pelo Grande (em todos os sentidos e na verdadeira acepção da palavra) Camarada Mexia Alves, que foi responsável e competentemente acompanhado à guitarra e viola, pelo David Guimarães e Álvaro Basto.
Bem "berrou" o Mexia com toda a sua pachorra para se fazer ouvir, no meio daquele "aborrecido" ruído da vozearia “converseira” do pessoal, mas a fome de conversa era tanta e o tempo tão pouquinho, que, salvo raras e dignas excepções, restou apenas um ouvido para as canções, e outro para a conversa do Camarada do lado.
É verdade:
Aquilo foi festa forte e danada
Com malta Lusa... de lés a lés
Eram p'ra cima duma centena
Maneis, Joaquins e Josés
Um até veio dos Açores
Coisa incrível de acontecer
Qu'enorme força de vontade
Um exemplo d'enaltecer
Deu-se ao dente bem e farto
Molhou-se o "bico" tanto que baste
Falou-se mil horas a fio, mas...
Ninguém acusou o desgaste
Houve caras novas e não só...
Reencontros, fotos e lágrimas
Discursos, abraços e risos
Gritos, palmas e cantigas
E coisa que vem sendo habitual
A toda a Tertúlia dedicado...
Oito RANGERS unidos gritaram
O seu grito de guerra afinado
Que festança esta meu Deus!
Qu'esta gente dá altas lições
De fraterna e sã camaradagem
De convivência e emoções
E se alguém tiver dúvidas
Pró ano está convidado
Apareça e testemunhe
Com'a Guiné foi nosso fado
Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74
___________
Nota de M.R.:
(*) Vd. poste anterior, desta série em:
Guiné 63/74 - P4569: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (12): Há fotos que valem por mil palavras... (Luís Graça)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > De um lado, os 16 aninhos, que tem a Cyndia, a neta do Valentim Oliveira, que está, em Viseu, a frequentar o 10º Ano (Ensino Secundário)... Ela é um amor de miúda, e o Valentim tem todas as razões para ser um avô babado e feliz, agora que recuperou do seu problema de saúde (recorde-ae que ele esteve hospitalizado em Coimbra e em Viseu, em Fevereiro passado)...
Do outro lado, a serenidade, a sabedoria e a graciosidade dos quase 98 anos, da Sra. Dona Irene Fleming, um presença constante nos nossos encontros anuais... (Tomem boa nota: faz 98 no próximo dia 4 de Novembro de 2009, o que quer dizer que nasceu em 1911, um ano depois da implantação da República). O Virgínio Briote trata-a, com a delicadeza e a nobreza com que ele trata toda a gente, por Mãe... Não é a sogra, mas a Mãe, a mãe da Maria Irene, outras das nossas companheiras que, segundo creio, ainda não falhou nenhum dos nossos encontros anuais... (Como sabem desta vez, a família engrossou, além dos três, veio mais um, o Amadu Djaló)...
À Dona Irene Fleming, de origem escocesa (os seus antepassados vieram para o Porto trabalhar, na 1ª metade do Séc. XIX no sector dos seguros, um ramo de actividade que então nascia, sob o liberalismo, com o desenvolvimento do capitalismo industrial), a Tabanca Grande deseja continuação de boa saúde e longa vida com a graça e a qualidade de vida que ela orgulhosamente ostenta...
Coincidência ou não, tanto o Valentim como o Virgínio têm outras coincidências: além de começarem por V (que é o V da Vitória, da Valentia, da Virtude e da Vida), têm um coração grande (que às vezes nem cabe bem lá no sítio...) e pertenceram originalmente à mesma unidade (um Soldado Condutor, o Valentim; o outro, o Virgínio, Alferes Miliciano): refiro-me à CCav 489/BCav 490 (1963/65).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Do outro lado, a serenidade, a sabedoria e a graciosidade dos quase 98 anos, da Sra. Dona Irene Fleming, um presença constante nos nossos encontros anuais... (Tomem boa nota: faz 98 no próximo dia 4 de Novembro de 2009, o que quer dizer que nasceu em 1911, um ano depois da implantação da República). O Virgínio Briote trata-a, com a delicadeza e a nobreza com que ele trata toda a gente, por Mãe... Não é a sogra, mas a Mãe, a mãe da Maria Irene, outras das nossas companheiras que, segundo creio, ainda não falhou nenhum dos nossos encontros anuais... (Como sabem desta vez, a família engrossou, além dos três, veio mais um, o Amadu Djaló)...
À Dona Irene Fleming, de origem escocesa (os seus antepassados vieram para o Porto trabalhar, na 1ª metade do Séc. XIX no sector dos seguros, um ramo de actividade que então nascia, sob o liberalismo, com o desenvolvimento do capitalismo industrial), a Tabanca Grande deseja continuação de boa saúde e longa vida com a graça e a qualidade de vida que ela orgulhosamente ostenta...
Coincidência ou não, tanto o Valentim como o Virgínio têm outras coincidências: além de começarem por V (que é o V da Vitória, da Valentia, da Virtude e da Vida), têm um coração grande (que às vezes nem cabe bem lá no sítio...) e pertenceram originalmente à mesma unidade (um Soldado Condutor, o Valentim; o outro, o Virgínio, Alferes Miliciano): refiro-me à CCav 489/BCav 490 (1963/65).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
Guiné 63/74 - P4568: IV Encontro Nacional do Nosso Blogue (11): Um modelo de gestão de conflitos: Vasco da Gama, Luis Rainha, Rui Ferreira...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Um dos passos importantes para a resolução construtiva de um conflito é evitar a fulanização e as situações em que é preciso "salvar a face", tipo "Com aquele gajo, só por cima do meu cadáver"...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: António Carvalho, Rui Ferreira, Luís Rainha e Vasco da Gama... Ao fundo, do lado direito, o Francisco Godinho (que mora no Seixal) , ex-Fur Mil, CCAÇ 2753, Madina Fula, Bironque, K3 e Mansabá... (Julgo que não se deu conta desta animada negociação de paz, da iniciativa do Vasco).
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Diz o provérbio popular: "Os homens conhecem-se pelas palavras e os bois pelos cornos"...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Fnalmente, o bacalhau da reconciliação e da paz, acarinhado pelo Vasco, testemunhado pelo Carvalho e fotografado pelo Luís Graça...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > (*) Julgo que foi aqui, pela primeira vez, que se encontraram, face a face, o Luís Rainha e o Rui Ferreira, em tempos protagonistas de um conflito, que teve por origem uma troca de nomes no livro do último, Rumo a Fulacunda (2ª edição, Viseu, Palinage, 2003, pp. 106/107). O Luís publicou no nosso blogue uma carta de protesto, o Rui por sua vez reconheceu e procurou reparar o erro (*)... Conversaram então os dois, inclusive, ao telefone.
Isto passou-se em Agosto de 2008. O Carlos Vinhal, que estava nesse mês de serviço, como editor, lidou de maneira impecável e exemplar com esta situação difícil e potencialmente explosiva... O assunto ficou encerrado. Faltava, no entanto, o tête à tête, e o abraço de reconciliação...
O nosso IV Encontro Nacional foi o pretexto para o Vasco, amigo de infância do Luís, pôr os dois a falar e a esclarecer o que ainda havia a esclarecer e dar, por fim, o abraço (ou pelo menos o bacalhau) da paz...
Admirei, aplaudi e registei não só o gesto do Vasco da Gama, como a postura dos dois protagonistas, Luís Rainha e Rui Ferreira... (Na utilíssima presença, diga-se de passagem, do António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Os Unidos de Mampatá, Mampatá, 1972/74, hoje autarca em Gondomar, e habituado também ele a lidar com conflitos e suas sequelas).
Não é fácil, na vida real, gerir conflitos, não fácil a negociação, não é fácil arbitrar conflitos... Fica aqui o exemplo, vivo e didáctico, de que na nossa Tabanca Grande nós fomos capazes, quase sempre, de resolver de maneira construtiva e sem mágoas as nossas pequenas guerras, pessoais ou grupais...
Falo em bacalhau da paz por que tanto o Vasco como o Luís são da Figueira da Foz, cidade com gloriosas tradições na pesca e na conservação do bacalhau. Aém disso, o pai do Vasco era muito amigo do pai do Luís, o Dr. Rainha, médico de saúde pública e autoridade de saúde na Figueira... A amizade entre os dois estava muito para laém das suas posições públicas e políticas. O pai do Vasco era um homem da oposição democrática e republicana. O pai do Luís era um homem do sistema vigente.
É agora a boa altura para convidar o Luís Rainha a formalizar a sua entrada na nossa Tabanca Grande. Segundo elementos apurados pelo Carlos Vinhal que na altura lidou, com sabedoria, lisura e isençã, esta história, o ex-Alf Mil Luís Rainha teve o seguinte percurso militar:
(i) Além do Curso de Oficiais Milicianos, fez um estágio de Educação Física Militar e frequentou também com aproveitamento o Curso de Operações Especiais, em Lamego;
(ii) Foi colocado no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa;
(iii) Incorporado no BCAV 705/CCAV 704, foi mobilizado para a Guiné (1963/66);
(iv) Os primeiros meses passou-os na CCAV 704 e os restantes nos Comandos do CTIG, em Brá;
(v) Foi formado pelos então Major Monteiro Dinis, Cap Nuno Rubim, Alf Mil Justino Godinho, Pombo dos Santos e Maurício Saraiva, Sargento Mário Dias e Furriel Miranda (participantes na mítica Op Tridente, Ilha do Como, Jan/Mar 1964, com excepção dos dois primeiros);
(vi) Foi Comandante do Grupo de Comandos Centuriões, de que fez parte o nosso Amadu Djaló;
(vii) foi contemporâneo dos Alf Mil Cmd António Vilaça, Neves da Silva, Vítor Caldeira, Virgínio Briote e do então Cap Comd Garcia Leandro (hoje Maj Gen, reformado);
(viii) foram-lhe atribuídos dois louvores, um ao serviço do BCAV 705 e outro ao serviço dos Comandos do CTIG atribuído pelo Comandante Militar da Guiné;
(ix) mais tarde foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe, por feitos em combate.
____________
Nota de L.G.:
(*) Vd. postes de:
29 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3155: Ainda o "Rumo a Fulacunda" e o ex-Alf Mil Luís Rainha (Carlos Vinhal/Luís Rainha/Rui Ferreira)
22 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3144: Dando a mão à palmatória (15): Alf Mil Rainha era comandante do Gr Cmds Centuriões (Rui A. Ferreira)
Vd. também:
17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1285: Bibliografia de uma guerra (14): Rumo a Fulacunda, um best seller, de Rui Alexandrino Ferreira (Luís Graça)
1 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1718: Lendo de um fôlego o livro do Rui Ferreira, Rumo a Fulacunda (Virgínio Briote)
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: António Carvalho, Rui Ferreira, Luís Rainha e Vasco da Gama... Ao fundo, do lado direito, o Francisco Godinho (que mora no Seixal) , ex-Fur Mil, CCAÇ 2753, Madina Fula, Bironque, K3 e Mansabá... (Julgo que não se deu conta desta animada negociação de paz, da iniciativa do Vasco).
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Diz o provérbio popular: "Os homens conhecem-se pelas palavras e os bois pelos cornos"...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 >Da esquerda para a direita: Luís Rainha, Vasco da Gama, Rui Ferreia e António Carvalho > Fnalmente, o bacalhau da reconciliação e da paz, acarinhado pelo Vasco, testemunhado pelo Carvalho e fotografado pelo Luís Graça...
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > IV Encontro Nacional do nosso blogue > 20 de Junho de 2009 > (*) Julgo que foi aqui, pela primeira vez, que se encontraram, face a face, o Luís Rainha e o Rui Ferreira, em tempos protagonistas de um conflito, que teve por origem uma troca de nomes no livro do último, Rumo a Fulacunda (2ª edição, Viseu, Palinage, 2003, pp. 106/107). O Luís publicou no nosso blogue uma carta de protesto, o Rui por sua vez reconheceu e procurou reparar o erro (*)... Conversaram então os dois, inclusive, ao telefone.
Isto passou-se em Agosto de 2008. O Carlos Vinhal, que estava nesse mês de serviço, como editor, lidou de maneira impecável e exemplar com esta situação difícil e potencialmente explosiva... O assunto ficou encerrado. Faltava, no entanto, o tête à tête, e o abraço de reconciliação...
O nosso IV Encontro Nacional foi o pretexto para o Vasco, amigo de infância do Luís, pôr os dois a falar e a esclarecer o que ainda havia a esclarecer e dar, por fim, o abraço (ou pelo menos o bacalhau) da paz...
Admirei, aplaudi e registei não só o gesto do Vasco da Gama, como a postura dos dois protagonistas, Luís Rainha e Rui Ferreira... (Na utilíssima presença, diga-se de passagem, do António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Os Unidos de Mampatá, Mampatá, 1972/74, hoje autarca em Gondomar, e habituado também ele a lidar com conflitos e suas sequelas).
Não é fácil, na vida real, gerir conflitos, não fácil a negociação, não é fácil arbitrar conflitos... Fica aqui o exemplo, vivo e didáctico, de que na nossa Tabanca Grande nós fomos capazes, quase sempre, de resolver de maneira construtiva e sem mágoas as nossas pequenas guerras, pessoais ou grupais...
Falo em bacalhau da paz por que tanto o Vasco como o Luís são da Figueira da Foz, cidade com gloriosas tradições na pesca e na conservação do bacalhau. Aém disso, o pai do Vasco era muito amigo do pai do Luís, o Dr. Rainha, médico de saúde pública e autoridade de saúde na Figueira... A amizade entre os dois estava muito para laém das suas posições públicas e políticas. O pai do Vasco era um homem da oposição democrática e republicana. O pai do Luís era um homem do sistema vigente.
É agora a boa altura para convidar o Luís Rainha a formalizar a sua entrada na nossa Tabanca Grande. Segundo elementos apurados pelo Carlos Vinhal que na altura lidou, com sabedoria, lisura e isençã, esta história, o ex-Alf Mil Luís Rainha teve o seguinte percurso militar:
(i) Além do Curso de Oficiais Milicianos, fez um estágio de Educação Física Militar e frequentou também com aproveitamento o Curso de Operações Especiais, em Lamego;
(ii) Foi colocado no Regimento de Cavalaria 7, em Lisboa;
(iii) Incorporado no BCAV 705/CCAV 704, foi mobilizado para a Guiné (1963/66);
(iv) Os primeiros meses passou-os na CCAV 704 e os restantes nos Comandos do CTIG, em Brá;
(v) Foi formado pelos então Major Monteiro Dinis, Cap Nuno Rubim, Alf Mil Justino Godinho, Pombo dos Santos e Maurício Saraiva, Sargento Mário Dias e Furriel Miranda (participantes na mítica Op Tridente, Ilha do Como, Jan/Mar 1964, com excepção dos dois primeiros);
(vi) Foi Comandante do Grupo de Comandos Centuriões, de que fez parte o nosso Amadu Djaló;
(vii) foi contemporâneo dos Alf Mil Cmd António Vilaça, Neves da Silva, Vítor Caldeira, Virgínio Briote e do então Cap Comd Garcia Leandro (hoje Maj Gen, reformado);
(viii) foram-lhe atribuídos dois louvores, um ao serviço do BCAV 705 e outro ao serviço dos Comandos do CTIG atribuído pelo Comandante Militar da Guiné;
(ix) mais tarde foi condecorado com a Cruz de Guerra de 2.ª Classe, por feitos em combate.
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Nota de L.G.:
(*) Vd. postes de:
29 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3155: Ainda o "Rumo a Fulacunda" e o ex-Alf Mil Luís Rainha (Carlos Vinhal/Luís Rainha/Rui Ferreira)
22 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3144: Dando a mão à palmatória (15): Alf Mil Rainha era comandante do Gr Cmds Centuriões (Rui A. Ferreira)
Vd. também:
17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1285: Bibliografia de uma guerra (14): Rumo a Fulacunda, um best seller, de Rui Alexandrino Ferreira (Luís Graça)
1 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1718: Lendo de um fôlego o livro do Rui Ferreira, Rumo a Fulacunda (Virgínio Briote)
Guine 63/74 - P4567: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (2): Cambajú, uma janela para mundo
Guiné > Zona Leste > Contuboel > Tabanca dos arredores > CCAÇ 2479 (1968/69) > Centro de Instrução Militar > Um instruendo, de etnia fula, cuja identificação se desconhece...
A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas, a norte: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...
Foto: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.
1. Publicação da segunda de cinco pequenas histórias que o Cherno Baldé, novo membro da nossa Tabanca Grande, nos enviou, com memórias da sua infância e adolescência (*):
Em Cambajú, pequeno centro comercial, começou o despertar da minha infância, altura em que, saído da pequeníssima aldeia de Sintchã Samagaya, fundada por meus pais, aterrei-me numa aldeia de muito maior concentração de moranças e de gente.
Cambaju estava situada mesmo na linha da fronteira com o Senegal, o que lhe emprestava um certo ar cosmopolita onde se cruzavam pessoas de várias origens e destinos e um certo movimento de vaivém de pessoas e mercadorias com as suas três ou quatro casas comerciais, algumas pequenas boutiques e o contrabando pra cá e pra lá das duas fronteiras.
O meu pai era encarregado de uma das casas de comércio, e aquele movimento a que não estava habituado, fascinava-me e me prendia a atenção ao lado do meu pai ocupado a atender as pessoas que vinham comprar mercadoria diversa. Ele nunca tinha tempo para mim e as minhas inúmeras perguntas.
Junto ao balcão, havia um velho aparelho de rádio que ora passava músicas do Mali em língua Bambara ora transmitia discursos intermináveis em Surua (Olof). Eu não gostava nem de uma nem de outra, todavia queria saber como é que aquelas pessoas tinham conseguido entrar lá dentro daquela caixa pequena e ficar por lá durante todos esses dias a falar e a cantar sem precisar de água ou comida, era a questão que me intrigava.
Todavia o meu pai não respondia às minhas questões ou porque não tinha tempo a perder comigo ou porque também tinha lá as suas dúvidas não esclarecidas, normais, na altura, para um aldeão iletrado como ele, mesmo trabalhando para gente da cidade. Quando não negociava com os comerciantes ambulantes que traficavam para o Senegal, atendia as mulheres que pediam conselhos sobre a escolha de tecidos para as próximas festas, no meio de risos e galanteios banais.
Ele tinha um jeito especial de atender as mulheres e via-se mesmo que o fazia com muito prazer. As mulheres, também, ao que parece, não eram indiferentes à simpatia do meu pai que todos consideravam um homem bem parecido. Ele raras vezes ficava irritado o que só acontecia quando alguém, de forma inesperada, mudava a sintonia do rádio e sobretudo se calhava que fosse a rádio da Guiné-Conakri onde de repente explodia a voz imponente de Sékou Turé.
Não era segredo para ninguém que as autoridades coloniais portuguesas não apreciavam aqueles que ouviam esta rádio e o meu pai, certamente, fazia parte das pessoas de bom senso. Ele tinha consciência clara da importância da formação escolar, numa altura em que o analfabetismo e o obscurantismo eram dominantes e se fazia sentir a entrada em força da religião islâmica na sua forma mais primitiva e intolerante importada por homens semi-letrados de Futa Toro e Futa Djalon.
Uma vez, ouvi-o lamentar, numa conversa com a minha mãe, a sua condição de analfabeto, pois este facto aprofundava a sua dependência e impotência 'vis a vis' dos seus patrões que vinham executar balanços regulares e que, não raras vezes, elogiavam seu desempenho financeiro, sem qualquer contrapartida, certamente, devido aos enormes lucros acumulados, numa zona de fronteira aberta ao tráfico e contrabando de mercadorias e de câmbio de divisas dos dois lados.
Esta constatação não será alheia ao facto de o nosso pai, insistir mais tarde, apesar da adversidade do ambiente reinante, na nossa educação escolar, já em Fajonquito, para onde o meu pai foi transferido, precisamente para trabalhar numa loja ainda mais importante, em jeito de prenda pela sua dedicação, mas também porque o acesso à localidade de Cambaju estava cada vez mais perigosa devido aos ataques e minas colocadas pelos guerrilheiros na estrada que ligava Fajonquito a Cambajú.
Cherno Abdulai Baldé, Chico
Natural de Fajonquito,
Sector de Contuboel, Região de Bafatá
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores:
19 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhão
18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...
A placa rodoviária assinala alguns das povoações, mais importantes, mais próximas, a norte: Ginani (17 km), Talicó (22 km), Canhamina (27 km), Fajonquito (30 km), Saré Bacar (39 km), Farim (96 km)...
Foto: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.
1. Publicação da segunda de cinco pequenas histórias que o Cherno Baldé, novo membro da nossa Tabanca Grande, nos enviou, com memórias da sua infância e adolescência (*):
CAMBAJU: O primeiro contacto com o mundo exterior
por Cherno Baldé
Em Cambajú, pequeno centro comercial, começou o despertar da minha infância, altura em que, saído da pequeníssima aldeia de Sintchã Samagaya, fundada por meus pais, aterrei-me numa aldeia de muito maior concentração de moranças e de gente.
Cambaju estava situada mesmo na linha da fronteira com o Senegal, o que lhe emprestava um certo ar cosmopolita onde se cruzavam pessoas de várias origens e destinos e um certo movimento de vaivém de pessoas e mercadorias com as suas três ou quatro casas comerciais, algumas pequenas boutiques e o contrabando pra cá e pra lá das duas fronteiras.
O meu pai era encarregado de uma das casas de comércio, e aquele movimento a que não estava habituado, fascinava-me e me prendia a atenção ao lado do meu pai ocupado a atender as pessoas que vinham comprar mercadoria diversa. Ele nunca tinha tempo para mim e as minhas inúmeras perguntas.
Junto ao balcão, havia um velho aparelho de rádio que ora passava músicas do Mali em língua Bambara ora transmitia discursos intermináveis em Surua (Olof). Eu não gostava nem de uma nem de outra, todavia queria saber como é que aquelas pessoas tinham conseguido entrar lá dentro daquela caixa pequena e ficar por lá durante todos esses dias a falar e a cantar sem precisar de água ou comida, era a questão que me intrigava.
Todavia o meu pai não respondia às minhas questões ou porque não tinha tempo a perder comigo ou porque também tinha lá as suas dúvidas não esclarecidas, normais, na altura, para um aldeão iletrado como ele, mesmo trabalhando para gente da cidade. Quando não negociava com os comerciantes ambulantes que traficavam para o Senegal, atendia as mulheres que pediam conselhos sobre a escolha de tecidos para as próximas festas, no meio de risos e galanteios banais.
Ele tinha um jeito especial de atender as mulheres e via-se mesmo que o fazia com muito prazer. As mulheres, também, ao que parece, não eram indiferentes à simpatia do meu pai que todos consideravam um homem bem parecido. Ele raras vezes ficava irritado o que só acontecia quando alguém, de forma inesperada, mudava a sintonia do rádio e sobretudo se calhava que fosse a rádio da Guiné-Conakri onde de repente explodia a voz imponente de Sékou Turé.
Não era segredo para ninguém que as autoridades coloniais portuguesas não apreciavam aqueles que ouviam esta rádio e o meu pai, certamente, fazia parte das pessoas de bom senso. Ele tinha consciência clara da importância da formação escolar, numa altura em que o analfabetismo e o obscurantismo eram dominantes e se fazia sentir a entrada em força da religião islâmica na sua forma mais primitiva e intolerante importada por homens semi-letrados de Futa Toro e Futa Djalon.
Uma vez, ouvi-o lamentar, numa conversa com a minha mãe, a sua condição de analfabeto, pois este facto aprofundava a sua dependência e impotência 'vis a vis' dos seus patrões que vinham executar balanços regulares e que, não raras vezes, elogiavam seu desempenho financeiro, sem qualquer contrapartida, certamente, devido aos enormes lucros acumulados, numa zona de fronteira aberta ao tráfico e contrabando de mercadorias e de câmbio de divisas dos dois lados.
Esta constatação não será alheia ao facto de o nosso pai, insistir mais tarde, apesar da adversidade do ambiente reinante, na nossa educação escolar, já em Fajonquito, para onde o meu pai foi transferido, precisamente para trabalhar numa loja ainda mais importante, em jeito de prenda pela sua dedicação, mas também porque o acesso à localidade de Cambaju estava cada vez mais perigosa devido aos ataques e minas colocadas pelos guerrilheiros na estrada que ligava Fajonquito a Cambajú.
Cherno Abdulai Baldé, Chico
Natural de Fajonquito,
Sector de Contuboel, Região de Bafatá
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Nota de L.G.:
(*) Vd. postes anteriores:
19 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4553: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (1): A primeira visão, aterradora, de um helicanhão
18 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4550: Tabanca Grande (153): Cherno Baldé (n. 1960), rafeiro de Fajonquito, hoje engenheiro em Bissau...
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