Relatório da 2ª REP/QG/CTIG (1975), p. 47. Sobre a emboscada do 9 de maio de 1974 na estrada Jugudul-Bambadinca, vd. aqui o poste do Jorge Canhão.
Relatório da 2ª REP/QG/CTIG (1975), p. 48
Relatório da 2ª REP/QG/CTIG (1975), p. 49. Segundo o nosso camarada José Zeferino, a violenta emboscada no itinerário Bambadinca-Mansambo-Xitole, junto à ponte do Rio Jagarajá, em 15 de maio de 1974, terá sido a última emboscada do PAIGC, com mortos (2) do nosso lado, na zona leste. QA 18 e a 26 de maio, ainda haverá duas emboscadas no itinerário Farim-Jumbembem, na zona oeste (de acordo com o presente relatório).
Relatório da 2ª REP/QG/CTIG (1975), p. 50
Relatório da 2ª REP/QG/CTIG (1975), p. 51... Referência a Bobo Queta, ou Bobo Keita, do PAIGC, que comandava então a zona leste.
Excertos do "Relatório da 2ª Repartição do QG do CTIG”, Relativo ao período de 1Jan73 a 15Out74... Reprodução das páginas 47-51 (Síntese da atividade de guerrilha, por zona (oeste, lestte e sul) > 1. Ações de guerrilha do PAIGC depois do 25 de abril de 1974; 2. Outras ações)... Neste período o aquartelamento das NT mais flagelado foi Jemberém, no Cantanhez: 7 vezes (a 1, 2, 6, 9, 13, 24 e 27 de maio de 1974).
Como já foi dito anteriormente, o relatório tem 74 páginas, é datado de 28 de Fevereiro de 1975 (data da sua publicação ?), não está numerado (seria um exemplar para o CEM?), mas é um original pelo aspecto, e está assinado pelo Major de Infantaria, Tito José Barroso Capela (que o Luís Vaz soube, entretanto, ter agora o posto de major general, reformado).
O relatório contem as seguintes indicações: "SECRETO [carimbo a vermelho]. Exemplar nº [em branco] . CL/QG/CTIG. 2ª Repartição. Lisboa. 2810hFev75... Relatório da 2ª Rep CC/FAG (Relativo ao período de 1Jan73 a 15Out74)"..
Imagens: © Luís Gonçalves Vaz (2011). Todos os direitos reservados.
2. Continuamos, por outro lado, a publicar excertos que o Luís Vaz teve a gentileza de adaptar e transcrever:
(...) Análise da atividade de guerrilha:
Avaliado pelo quantitativo de ações, a atividade de guerrilha da iniciativa do PAIGC em 1973 aumentou cerca de 35% em relação ao ano anterior. Por sua vez em 1974, no final de Abril, aquele quantitativo era 50% superior ao total registado nos primeiros quatro meses de 1973.
A ação do PAIGC vinha sendo caracterizada por um aumento significativo das ações de fogo, em detrimento das ações de terrorismo (raptos e roubos), orientando-se este, cada vez mais, para ações de terrorismo seletivo e sabotagens.
Pág. 13 do relatório: Síntese da atividade do PAIGC (ações de fogo, ações de terrorismo e outras): Ano de 1972, ano de 1973, ano de 1973 até 30Abr73, ano de 1974 até 30Abr874....
Fonte: Relatório da 2ª Rep /CCGAF [1975]
Era notória a evolução no sentido do abandono progressivo da atividade de guerrilha dispersa em superfície, em proveito das ações maciças contra objetivos definidos, obrigando a grandes balanceamentos de meios, por vezes, envolvendo elementos de todo o Teatro de Operações.
Estas características eram indicadores seguros do aumento de agressividade das FARP e da sua maior capacidade ofensiva, potencial e eficiência.
Em reforço da conclusão precedente, menciona-se o aparecimento de novas armas durante o período considerado (Míssil Strela e viaturas blindadas) e um maior emprego de outras (Morteiro 120 mm, Foguetão 122 mm, Canhão 85 mm, Canhão 130 e minas especiais).
Finalmente, a situação militar revelou nítido agravamento a partir de Dezembro de 1973, em especial nas Zonas Sul e Leste do Território [, como se pode ver nas páginas - de 47 a 51 - reproduzidas acima].
Estimava-se que, em 1973/74, o potencial humano do PAIGC tenha atingido cerca de 7 500 combatentes, 4 500 integrados no Exército Popular e 3 000 nas Forças Armadas Locais. Além disso, os elementos disponíveis permitiam estimar que no princípio de 1974, se encontravam em instrução no CIPM de Kambera (dita Madina do Boé) cerca de 300 elementos por trimestre e que nos CI (centros de instrução) dos países de Leste da Europa e Cuba permaneciam 500 elementos dos seus quadros em diversos graus de preparação.
Durante a ofensiva de Maio/Junho de 73 e 1º trimestre de 1974, foi referenciado a presença de elementos estranhos ao PAIGC, provavelmente mercenários, de tez clara, não se conseguindo avaliar o seu efetivo nem determinar a sua nacionalidade (+).
Quanto a meios aéreos, apesar de várias notícias o referirem com insistência, o PAIGC ainda não dispunha de Aviação para apoio aéreo eficaz. Sabia-se da existência de Aviões ligeiros na República da Guiné e era referenciado grande número de sobrevoos suspeitos, nomeadamente com MIG-17 [ foto à esquerda,] e helicópteros.
Admitia-se, entretanto que a situação evoluísse, e que o PAIGC pudesse vir a dispor de alguns aviões (cedidos pela República da Guiné-Conacri). Sabe-se, de fonte segura, que estavam na Rússia, para frequentar um curso de pilotagem (desconhece-se o tipo de avião), 28 recrutas do PAIGC.
Neste contexto, em Abril de 1974, face ao aumento do potencial militar do PAIGC, ao recrudescimento da guerrilha que se verificava desde Abril de 1973, a alguns êxitos espectaculares da mesma (abandono de Guileje, no Sul, e Copá, no Leste) e ao alastramento de atos de sabotagem ou terrorismo aos principais centros Urbanos, incluindo Bissau onde o próprio QG/CTIG não foi poupado (++), o anterior sentimento de proteção pela força existente no seio da população que se acolhia junto das nossas tropas estava muito afetado. Para isso muito contribuía a redução das evacuações por meios aéreos, originada pelo aparecimento dos mísseis Strela, e a fraca dissuasão obtida pela artilharia das nossas tropas face aos frequentes ataques com Foguetão 122mm [, foto acima, de Nuno Rubim].
Começaram a ser frequentes os pedidos, formulados por diversas povoações, solicitando melhor proteção e que as guarnições fossem dotadas de armamento mais eficaz, em especial artilharia de maior alcance que o Foguetão 122 mm. (...)
Continua
Adaptado por: Luís Gonçalves Vaz (Tabanqueiro nº 530)
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Notas de Luís Gonçalves Vaz:
(+) Vd nota do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, Chefe do Estado-Maior do CTIG, de 7 de Janeiro de 1974:
"(...) Soubemos hoje à noite, que em Canquelifá, foram mortos em combate, 6 Cubanos (?) e mais 6 Africanos do IN. Uma equipa fotográfica do Batalhão Fotocine seguiu de madrugada para lá, a fim de obter imagens" (...)."].
(++) Ver nota do Coronel Henrique Gonçalves Vaz, Chefe do Estado-Maior do CTIG, de 22 de Fevereiro de 1974:
" (...) Cerca das 19h e 10 min, quando me encontrava na gabinete do brigadeiro Comandante Militar, com este e com o Brigadeiro 2º Comandante, rebentou um explosivo colocado na casa de banho que a destruiu, assim como algumas das dependências contíguas. A forte deslocação do ar rebentou a porta e os vidros que foram projectados em frente, onde se encontrava o Brigadeiro 2º Comandante, de pé, e que caiu na direcção onde eu me encontrava sentado. O Brigadeiro Comandante Militar sentado na minha frente ainda sofreu. O 2º Comandante foi levado para o Hospital de Bissau, visto sangrar bastante de uma ferida na parte posterior da cabeça. Eu tive leves arranhões, de que me tratei no posto de saúde da CCS.. Estavam também presentes, no Gabinete Central, o Major Ferreira da Costa e o Tenente Abrantes ….Ninguém ficou ferido gravemente. Foi um verdadeiro milagre!" (...)
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Nota do editor:
(*) Vd. postes anteriores da série >
18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)
18 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)
19 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9372: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte II)