terça-feira, 30 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17408: Meu pai, meu velho, meu camarada (56): um roteiro da cidade do Mindelo: parte I [álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943]


Foto nº 1 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Parada do Dia 14/8/1942. Foto Melo"...  No verso, escrito pelo punho de Luís Henriques: "Comemoração de Aljubarrota em São Vicente. Desfile de todas as tropas e viaturas. A 1ª e a 3ª companhaias do RI 5"...

[ O nosso camarada e grã-tabanqueiro Adriano Miranda Lima,. cor inf ref, natural do Mindelo, a viver em Tomar, descreve o sítio, num poste do blogue Praia de Bote,  como sendo a Rua do Coco, e chama a a atenção para o pormenor do comandandante da companhia em segundo plano, e que vem a cavalo, como era hábito ainda na época. O dia 14 de agosto é o dia da Infantaria, ]




Foto nº 2 >  Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 23/7/1941. Chegada à ilha e defile das tropas expedicionárias do RI 5. Lê-se no verso da foto:  "O senhor governador da colónia passando revista ao batalhão  expedicionário do RI  5,  acompanhado  pelo nosso comandante. Passa neste momento  [revista] à 3º companhia. Meu capitão  Martens (ou Martins ?)  Ferraz". Não tenho a certeza do sítio, talvez seja Praça Nova. O governador seria, na altura,  o capitão José Diogo Ferreira Martins.



Foto nº 3 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Rua do Coco > Legenda no verso:  "Depois da parada, o desfile das viaturas. No dia 14 de Agosto de 1942 [, Dia da Infantaria Portuguesa]. 


Foto nº 4 A > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1942 > "Homenagem do Mindelo a Sacadura Cabral e Gago Coutinho. Cabos da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do R.I. 5. Luís Henriques" [`, último do direita, na primeira fila].


Foto nº 4  > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1942 > "Homenagem do Mindelo a Sacadura Cabral e Gago Coutinho. Cabos da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do R.I. 5. Luís Henriques" [`, último do direita, na primeira fila]. [Há quem confunda este monumento com...  a Águia do Benfica...].




Foto nº 5 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cabo Verde >  Legenda no verso:  "O palácio do Governador. Maio de 1942"... Ao fundo, vê-se o Monte Cara...



Foto nº 6 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Julho de 1942 > Legenda no verso; "A antiga câmara [municipal] de Mindelo que hoje é hospital de soldados. Julho de 1942.  [É hoje de novo, o edifício da Câmara Municipal do Mindelo, fica no Largo da Pracinha].




Foto nº 7 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Dia 14 de agosto [de 1942], data gloriosa  para a nossa gente lusa (Aljubarrota). Recordando essa data em Mindelo com o içar da bandeira nacional junto ao liceu Gil Eanes e marchando o regimento de infantaria 5 nas ruas da cidade".

É um edifício com história, hoje conhecido como Liceu Velho... A elite do Mindelo passou por aqui... O liceu Gil Eanes (antes, Infante Dom Henrique]) funcionou aqui de 1938 a 1968. A sua construção data de meados do séc. XIX. Teve vários usos, além de estabelecimento de ensino, foi quartel e correios...  É  uma  pena a foto estar muito estragada.

Expedicionário do RI 7 (Leiria), o fur mil Manuel Ferreira (1917-1992), futuro capitão SGE e escritor, aqui conheceu aquela que virá a ser a sua muher e mãe dos seus filhos, também ela escritora, notável contista, Orlanda Amarílis (1924-2014). Ambos frequentavam este liceu. Orlanda era colega de turma do Amílcar Cabral (1924--1973) ... Manuel Ferreira acabou por ficar seis anos no Mindelo (1941-1947) e ser um dos cofundadotes e animadores da  revista  literária "Certeza" (1944), de vida efémera mas com impacto na vida cultural da ilha.




Foto nº 8 > Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Largo da Pracinha > Não é a igreja de S. Vicente, como vem no verso. mas sim a igreja paroquial  de N. Sra. da Luz. À esquerda, a Casa do Leão, na época uma importante casa comercial. Edifício hoje classificado e recuperado,

A igreja data de meados do séc. XIX, remodelada em 1927.  A Casa Leão, por sua vez, era um dos históricos estabelecimentos comerciais da cidade do Mindelo. Decretou falência em 2011, encerrou definitivamente as suas portas no fim desse ano,  Tinha cerca de 70 anos de existência. À à direita da Casa Leão, fica o edifício da Câmara Municipal (foto nº 6).  Li algures que foi aqui que nasceu a cidade do Mindelo...

Fotos (e legendas): © Luís Henriques (1920-2014) / Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Fotos do álbum de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, Mindelo, no Lazareto, entre julho de 1941 e setembro de 1943, em missão de soberania; este e outros batalhões, num total de mais de 3300 homnes,  foram entretanto integrados mais tarde no RI 23]. (*)

[Foto à direita, Luís Henriques > 19 de agosto de 1942 > "No dia em que fiz 22 anos, em S. Vicente, C. Verde. 19/8/1942. Luís Henriques ".]

Tal como os pais de vários camaradas nossos, membros da nossa Tabanca Grande  (Hélder Sousa, Augusto Silva Santos, Luís Dias...) (**),  o meu também foi mobilizado para Cabo Verde na II Guerra Mundial: esteve na Ilha de São Vicente, na cidade do Mindelo, de 23 de julho de 1941 a (?) de setembro de 1943.

Ao todo, foram 26 meses "a comer pó". recorda ele, sempre com  "morabeza".... Esteve aquartelado no Lazareto, a oeste da cidade do Mindelo (cidade, na época, mais importante que a Praia, capital político-administrativa do arquipélago, na Ilha de Santiago). Lembra-se de, ao regressar à sua terra, Lourinhã, a primeira coisa que quis comer foram uvas...

Mas a peluda só veio, oficialmente, em janeiro de 1944. O mundo inteiro vivia o pesadelo e a tragédia da II Guerra Mundial... E Portugal tinha milhares e milhares de homens espalhados pelos diversos territórios do seu Império, incluindo as estratégicas ilhas adjacentes, da Madeira e dos Açores.

Das colónias africanas, o arquipélago de Cabo Verde era o território que ficava mais perto da Europa e do teatro de operações do Atlântico Norte... Pelo seu posicionamento geoestratégico, e sua importância aeronaval, esteve na mira tanto dos Aliados como das potências do Eixo...(Os submarinos alemães movimentavam-se com um certo à vontade por aquelas águas; e os italianos também se sentima "em casa"...).


Luís Henriques (1920-2012)

"No dia em, que fiz 22 anos tirei esta fotografia
em Mindelo:  encerra as minhas vinte e duas
primaveras felizes.  Senti neste dia  muitas 
saudades dos meus,  dos amigos e também da minha 
terra. Luís, em 19/8/1942, S. Vicente, Cabo Verde" .
(Foto: impressa em papel Ferrania)
2. Do Mindelo, o meu pai lembrava-se de pessoas e lugares: por exemplo, o seu 'impedido', o Joãozinho, com quem repartia o rancho, e que morreu, de doença, quando ele próprio estava internado no hospital,  durante 4 meses, com "problemas de pulmões" no 2º e 4º  trimestre de 1943)... 

Lembrava-se do Monte Cara, do Lazareto, da praia da Matiota, de São João da Ribeira, do Calhau, do Monte Sossego... Sei que nunca foi à Baía das Gatas, por exemplo (hoje conhecida por ser uma estância de turismo e pelo seu famoso festival de música)... nem nunca explorou muito bem o lado meridional da ilha... (Bastavam-lhe os longos e penosos exercícios físicos e marchas que faziam no interior da ilha, para se manterem em forma, mataremo tédio, esquecerem a fome, a sede e a saudade)...

Lembrava-se, além disso, dos nomes (e até dos números ) de alguns camaradas... Lembrava-se dos nomes e de alguns histórias dos seus oficiais (alguns, bem prussianos, militaristas, germanófilos, de acordo com  figurino da época, um deles herói da Guerra de Espanha, "com as pernas todas furadas por balas"!...).

Lembrava-se até dos resultados dos renhidos torneios de futebol e de voleibol que se realizavam no Lazareto, entre tropas de diferentes subunidades... Claro, lembrava-se das praias e dos tubarões, dos navios, e até dos espiões (que lá também os havia, como em Lisboa)... E chegada de qualquer navio era uma festa, tanto para os expedicionários como para os naturais da ilha...

Ia a missa aos domingos. E tinha uma menina, uma "Bia", que gostava dele, encontravam-se na igreja de N.Sra. Luz... Tinha o bom hábito de ler. Tinha uma bela caligrafia.  Fez a 4ª classe com 9 anos, e começou logo trabalhar. Era bom em números... Escreveu centenas e centenas, senão mesmo alguns milhares, de cartas, em nome daqueles que na época (e eram muitos...) não sabiam ler e escrever... Escrevia uma média de 20 e tal cartas por semana...

Muitas vezes eram os próprios putos cabo-verdianos, engraxadores de rua, escolarizados, alguns estudantes do liceu Gil Eanes (o único que havia nas ilhas, e cujo reitor era um professor goês, culto...) que liam as cartas recebidas pelos expedicionários, metropolitanos, analfabetos... Que triste ironia!... Para mais numa época de pavorosa seca e epidemia de fome que roubou a vida a dezenas de milhares de cabo-verdianos... Apesar de menos sentida na ilha de São Vicente do que nas outras ilhas, a fome foi também aqui mitigada graças à solidariedade dos nossos "velhos, pais e camaradas"...

Mas, fantástico, os ex-expedicionários de Cabo Verde desta época continuaram a encontrar-se durante muitos e muitos anos, até à década de 1990... O meu velhote costumava ir aos encontros do 1º Batalhão do RI 5, nas Caldas da Raínha... até que as pernas começarem a falhar e a maior parte deles, dos seus camaradas, acabou por morrer. O mesmo se passava com os outros regimentos: RI 7 (Leiria), RI (11 (Setúbal), RI 15 (Tomar)... Cabo Verde ficou-lhes no coração para sempre...

Os raros sobreviventes dessa geração  terão hoje 96/97 anos... É uma pena que as  memórias desta geração desapareçam com a morte física dos nossos pais... Todos eles trouxeram consigo algumas lembranças da ilha, e nomeadamente fotografias do célebre Foto Melo... Estas pequenas histórias fazem parte da história comum de Portugal e Cabo Verde...(LG)
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 26 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17397: Meu pai, meu velho, meu camarada (55): Artilharia de defesa de costa e antiaérea no Mindelo, na II Guerra Mundial: fotos do álbum fotográfico de Luís Henriques (1920-2012), natural da Lourinhã, ex-1º cabo at inf, nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5 [, Caldas da Rainha], que esteve em Cabo Verde, Ilha de São Vicente, entre julho de 1941 e setembro de 1943

(**) Vd. postes de:





segunda-feira, 29 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17407: (De) Caras (65): Definitivamente somos a Tabanca de Faro, aberta a todos os ex-combatentes da Guiné, residentes no concelho de Faro, e que já fez dois encontros anuais (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)


Faro > Tabanca de Faro > 2º Encontro > 20 de maio de 2017 > Foto de família (... são só homens, cerca de 4 dezenas, esperamos que as companheiras dos nossos camaradas de Faro também possam aparacer na foto de grupo do próximo encontro)


Foto : © José António Viegas (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda;  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Mensagem, com data de hoje, do nosso amigo e camarada José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54 (Enxalé e Ilha das Galinhas, 1966/68)


Caro Luís

Aí te envio a foto de grupo do nosso 2º. convívio {, dos ex-combatentes da Guiné. residentes no concelho de Faro, e que se realizou em Faro no passado dia 20] (ª)

Depois de consultar vários Camaradas ficou decidido que se passaria a chamar TABANCA DE FARO.

Um abraço

Viegas

2. Comentário do editor LG:

Olá, Zé Viegas. Assim é que é, já está decidido,  já temos o nome definitivo.  Eu mesmo tinha-te posto esse problema: vamos lá acertar o nome da Tabanca: do Algarve ? de Faro ? do Sul ? do Sotavento ?... 

Ficou então Tabanca de Faro, dada a delimitação geográfica dos combatenntes; são de Faro, não são de Silves.. Mas isso não vai impedir que os do Barlavento não possam também aparecer no próximo encontro...

Parabéns à rapaziada de Faro, parabéns  a ti, que passas a ser promovido a régulo,  por "dares a cara" e por puxares esta "carroça" (**). Muita saúde e longa vida para os novos tabanqueiros... E não te esqueças de  trazer, contigo, mais camaradas de Faro para a Tabanca Grande, sobretudo malta que tenha álbuns fotográficos e algum jeito para a escrita.... Ab, Luís

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Notas do editor:


Guiné 61/74 - P17406: Notas de leitura (962): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (3) (Mário Beja Santos)




1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Maio de 2017:

Queridos amigos,
Por vezes, perseguimos um livro, infatigavelmente, dispomos de informação de que há para ali filigrana. Outras vezes, acontece que nos oferecem um livro e ele fica para ali, à espera de uma oportunidade de ser desbastado. Foi o que me aconteceu com este extraordinário "Arcanjos e Bons Demónios", uma leitura obrigatória. Neste tempo que se fala a todo o instante em resiliência, assertividade, solidariedade, na ética do cuidado, esta estupenda obra de Daniel Gouveia é um encadeado de descobertas: do homem em si, perante aquela turbamulta vegetal, aquele enredado de usos e costumes, a construção da amizade, a proximidade da paz naquela tantã da guerra.
Memórias de um septuagenário sem rancores e azedumes, fascinando-se e fascinando-nos, como nos mostra no último episódio, com o milagre da vida a nascer.
Por favor, não percam este livro.

Um abraço do
Mário


Arcanjos e bons demónios: histórias de cuidado, de fraternidade e horror (3)

Beja Santos

“Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011, é um livro notável, seja qual for o prisma com que encararmos estas crónicas em que um alferes descobre um continente, novas dimensões da solicitude, impensáveis usos e costumes, mas também o medo, a camaradagem e o amor ao próximo. Digamos que são memórias a partir da senectude de alguém que se temperou em múltiplos ofícios, desde velejador oceânico, passando por gestor comercial à tradução edição de livros. Percebe-se que houve uma laboriosa congeminação para ter chegado a este documento ímpar. É timbre da melhor literatura de guerra pôr o homem perante os seus desafios, por caminhos em que se vê que ele está a crescer e que pela vida fora nada superará o que ali aconteceu, de armas na mão ou a ajudar os outros. Daniel Gouveia concebe as suas crónicas naquele saboroso estilo da narrativa das mil e uma noites, do tipo na sequência do capítulo anterior até chegarmos a um derradeiro episódio que nos deixa com vontade de saber mais.

É um bom observador, vejamos como ele descreve os transportadores do mato: “Eram desabridos nos gestos e grossos de aspeto. Grandes barrigas, fraldas da camisa de fora, palito ao canto da boca. Camionistas. Quase todos em segunda vida, que a primeira fora interrompida por um qualquer tropeço, em fêmea ou em artigo da Lei, compelindo-os a manterem-se longe da sociedade. Descarregavam a rudeza no ajudante, invariavelmente negro, com quem compartilhavam a cabina num mutismo quilométrico (preto era para trabalhar, não para conversar), dias e dias na picada, das grandes cidades aos destinos sertanejos”.
Noutro parágrafo, dilucida-se o que parece um contrassenso, mas não é: "África tropical e abrasadora! Quem disse tamanha mentira não experimentou, de certeza, uma época de cacimbo no planalto. Por causa desse lugar comum, agora as famílias não acreditavam nas cartas que referiam rondas feitas de capote e luvas, quartos de sentinela a bater com os pés no chão e de mãos nos bolsos. Havia quem improvisasse um garruço com uma toalha ou a rede mosquiteira, por baixo do quico, a tapar as orelhas e a aconchegar o pescoço. A névoa gelada corria pela madrugada, em gotinhas que se agarravam aos pelos da cara, ao cano da espingarda, pingavam do nariz”.

A descrição do “Alfacinha” é antológica, é para mim inconcebível que uma futura antologia com as melhores páginas da literatura da guerra não o inclua: “Filho do Casal Ventoso, sarralhâro-mecânico de profissão, arrastava as sílabas, o andar e, ocasionalmente, as mãos por cima do que não era seu. Esse pecadilho valera-lhe algum cadastro anterior ao serviço militar e, depois de mobilizado, o desterro para a selva. Inicialmente colocado na guarnição da cidade grande, aí se bandeara com uma quadrilha de outros camaradas de armas e de ferramentas, especializada em assaltos a ourivesarias. O tribunal militar brindou-o com uma pena relativamente leve mas, à cautela, transferiu-o para longe de montras (…) Usava uns óculos escuros à piloto comercial, oferta de ‘uma gaja da TAP que o gramava’. Por baixo do uniforme, um Cristo crucificado, ao dependuro de grosso cordão de ouro, fazia rondas por entre os cabelos do peito (…) Maravilhou todos quando se encravou a fechadura da caixa lateral de uma Berliet, onde se guardava a ferramenta. Não havia chave que demovesse a lingueta do bloqueio em que se obstinava. O Alfacinha andava por ali, pediu licença para tentar, rodou o que a chave consentia, encostou o ouvido à caixa dando à chave. Levantando-se, pediu, solene: - Um momentinho só… Foi à caserna, voltou com qualquer coisa escondida na mão, desprezou a chave, mandou o pessoal arredar-se. De novo acocorado sobre a caixa, deu uns trejeitos de pulso, um soco na tampa e zás, a caixa abriu-se”. Tudo vai correr mal a este Alfacinha, envolveu-se em mais um assalto a uma ourivesaria, foi descoberto por causa de um botão de camisa, imagine-se.

É um livro esplêndido, caleidoscópico, onde não falta, em doses comedidas, o terror e o horror, caso dos Grupos Especiais, autóctones vestidos de camuflado com os dentes incisivos limados em V invertido: “Tribos do mais recôndito interior, onde o pretexto da guerra se sobrepunha ao pormenor de contra quem a fazer, nada sabiam de política, nem de independência – sempre tinham sido independentes e continuavam a ser –, nem de exploração da mão-de-obra indígena. O branco tinha ali chegado em pouquíssima quantidade e quase só para caçar ou recolher diamantes. Viviam com as famílias em aldeias fortificadas, cumprindo o serviço de uma forma muito agradável, em que o quartel e o lar se misturavam. A principal missão era patrulhar a fronteira, descobrir trilhos de infiltração, movimentos inimigos”.

Houvera uma fuga de dois ex-guerrilheiros, um grupo especial foi no seu encalço. Eis a descrição do depois: “Quando os carros chegaram, o comandante da aldeia mandou buscar os prisioneiros. Aquilo que saiu de uma das casas foram dois farrapos humanos, magríssimos, quase nus, de mãos atadas à frente, arrastando passos curtos e denunciadores do padecimento que o simples andar provocava. A tortura sofrida às mãos dos captores estava patente, numa extensão que não poupara nenhuma parte do corpo. A pele castanha tinha largas zonas rosa-vivo, de epiderme arrancada a pancadas sabia-se lá de quê. As orelhas tinham parcialmente desaparecido. De um e de outro lado da cara pendia o que delas restava, em formas irregulares, de mistura com pastas de sangue seco. As cabeças estavam assimétricas. Quando os capturados tentaram ver a que nova situação eram expostos, levantaram os olhos tumefactos e piscos para a tropa com quem tinham convivido em tão boa harmonia, voltando a pousá-los no chão”.

É impossível suster a leitura, salta-se de capítulo para capítulo e apetece regressar ao princípio. Não querendo ser abusivo, está ali a guerra toda, com um capelão caçador, as abelhas mortais, um médico espantoso no zelo e na deferência com os seus doentes e o nosso alferes a meter uma velhota com um dedo escavacado num avião.

É no derradeiro capítulo que temos uma descrição a que se pode chamar uma obra-prima absoluta, uma parturiente aos gritos com um filho atravessado. Enfermeiro e alferes travam-se de argumentos rotundos:  
“Olhando-se para a barriga da mulher, via-se que a criança estava atravessada, nunca em posição de ser expulsa. A esperança começou a diminuir. O enfermeiro alvitrou uma cesariana. 
- Você está maluco! Ninguém aqui tem competência para isso. 
- Então, meu alferes: é só abrir, tirar a criança, fechar com costuras em vários planos e pronto. 
- E se corre mal? Se é preciso uma transfusão? 
- Meu alferes, assim morre-nos a mulher nas mãos. 
- E você já alguma vez fez uma cesariana? Se fizer, o mais certo é a mulher morrer na mesma. 
- Sempre se safava a criança… 
- E o que é que o marido vai pensar disso, quando vir a mulher toda esquartejada? 
- A gente feche-a bem fechadinha. Dizemos que morreu e só depois é que a abrimos para sacar o filho. 
- Ouça lá: e se, por acaso, se vier a saber que um enfermeiro que era trolha na vida civil e um alferes com estudos de letras mandaram uma mulher para o galheiro com uma cesariana, o que é que acha que acontece?”.

Lá vai a desgraçada de jipe, à noite, a caminho do hospital, o alferes fica martirizado com a única solução que encontrou. Duas horas depois é acordado, quando chega à porta de armas ouve-se um choro de um recém-nascido. Pode não ter sido milagre, mas que houve um milagre da vida houve: “O condutor do jipe, de conluio com o enfermeiro, tinha resolvido acelerar para ver se a preta morria mais depressa. Quase por piedade. Para lhe acabar com o sofrimento. Secretamente, para não terem de fazer a viagem toda. Só que o jipe, lançado pela picada, voou a certa altura e aterrou uns metros adiante. Com a violência do embate, uma das molas da frente partiu-se. A negra deu um grito interminável. O enfermeiro voltou-se e apontou-lhe a lanterna ao rosto. Baixou o foco da lanterna para a barriga e reparou que tinha mudado de feitio. O vulto da criança, de atravessado, tinha passado a empinado para a frente, como devia ser”.

E aqueles militares rodeiam o enfermeiro que fazia sair com todo o cuidado a criança, aplaudiam e encorajavam. E desta forma memorável termina um dos livros mais belos que me foi dado conhecer do muito que tenho lido nesta literatura da guerra: “Imaginou a cena vista de muito alto, como no cinema (…) A música podia ser de Haendel ou de Bach, com muitos metais glorificando, em acordes maiores, a vitória da vida. A câmara ia subindo sempre, até aquele presépio bélico se resumir a um ponto luminoso no negrume geral da tela”.
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Notas do editor:

Postes anteriores de:

22 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17387: Notas de leitura (960): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (1) (Mário Beja Santos)

26 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17396: Notas de leitura (961): “Arcanjos e Bons Demónios, Crónicas da Guerra de África 1961-75”, por Daniel Gouveia, 4.ª edição, DG Edições, 2011 (2) (Mário Beja Santos)

domingo, 28 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17405: Falsificações da história (1): a fantasiosa versão do repórter de guerra e escritor sul-africano Al J. Venter sobre o ataque a Bambadinca em 28/5/1969


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > O alf mil  trms Fernando Calado, de braço ao peito, junto à parede, crivada de estilhaços de granada de morteiro, das instalações do comando, messe e dormitórios de oficiais e sargentos, na sequência do ataque de 28 de maio de 1969.

Esta era a parte exterior dos quartos dos oficiais (vd. ponto 6 da foto aérea abaixo reproduzida),  que dava para as valas, o arame farpado e a bolanha, nas traseiras do edifício do comando... Era uma parte mais exposta, uma vez que o ataque partiu do lado da pista de aviação.

Pelo menos aqui, caíram duas morteiradas:

(i) Uma das morteiradas atingiu o quarto onde dormia, com outros camaradas,  o fur mil amanuense José Carlos Lopes. Tinha acabado de sair.. Ainda hoje conserva um lençol crivado de estilhaços... Está vivo por uma fração de segundos... (Bancário reformado do BNU, vive em Linda a Velha e é membro da nossa Tabanca Grande.);

(ii) Outra morteirada atingiu o quarto onde dormia o Fernando Calado e o Ismael Augusto.  O Fernando ainda apanhou o efeito de sopro, tendo sido menos lesto que o Ismael, a sair logo que rebentou a "trovoada"...

Também podia ter "lerpado", como a gente dizia na época... Apesar de tudo, a sorte (ou a má pontaria dos artilheiros da força atacante, estimada em 100 homens, o que equivalente a 3 bigrupos) protegeu os nossos camaradas da CCS/BCAÇ 2852 e subunidades adidas (, entre elas, o Pel Caç Nat 63 cujos soldados, guineenses, dormiam a essa hora, com as suas bajudas, nas duas tabancas de Bambadinca, e que portanto estavam fora do arame farpado)...

Na foto acima , o Fernando Calado, membro da nossa Tabanca Grande (tal como o Ismael Augusto), traz o braço ao peito, não por se ter ferido no ataque mas sim por o ter partido antes, num desafio de... futebol. Infelizmente  temos poucas fotos dos efeitos (de resto, pouco visíveis) deste ataque.

Foto: © Fernando Calado (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  Invólucros de granadas de canhão s/r, deixadas na orla da mata contígua à pista de aviação, na noite do ataque a Bambadinca, 28 de maio de 1969... Ainda tenho bem presente, na minha memória, estes "objetos" de guerra, na nossa passagem por Bambadinca, a caminho de Contuboel, em 2 de junho de 1969...



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Bidões de combustível atingidos pelo fogo do IN, no ataque da noite de 28 de maio de 1969. Recorde-se aqui o sistema de cores dos nossos bidões de combustíveis e lubrificantes: Vermelho (gasolina), verde claro (petróleo branco), azul (gasóleo), amarelo (óleos)...No caso dos combustíveis para aeronaves, os bidões também eram verde-claro, mas de tampa (topo do bidão) de cor branca.

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > c. 1970 > Vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca

Do lado esquerdo da imagem, para oeste, era a pista de aviação (1) e o cruzamento das estradas para Nhabijões (a oeste), o Xime (a sudoeste) e Mansambo e Xitole (a sudeste). Vê-se ainda uma nesga do heliporto (2) e o campo de futebol (3). A CCAÇ 12 (julho de 1969/março de 1971) começou também a construir um campo de futebol de salão (4), com cimento "roubado" à engenharia nas colunas logísticas para o Xitole.

De acordo com a fotografia, em frente, pode ver-se o conjunto de edifícios em U: constituía o complexo do comando do batalhão (5) e as instalações de oficiais (6) e sargentos (7), para além da messe e bar dos oficiais (8) e dos sargentos (9). As messes de oficiais e sargentos, tinham uma cozinha comum (10).  Na noite de 28 de maio de 1969, uma granada de morteiro explodiu no ponto 7.

Do lado direito, ao fundo, a menos de um quilómetro corria o Rio Geba, o chamado Geba Estreito, entre o Xime e Bafatá. O aquartelamento de Bambadinca situava-se numa pequena elevação de terreno, sobranceira a uma extensa bolanha (a leste). São visíveis as valas de protecção (22), abertas ao longo do perímetro do aquartelamento que era todo, ele, cercado de arame farpado e de holofotes (24). A luz eléctrica era produzida por gerador... Junto ao arame farpado, ficavam vários abrigos (26), o espaldão de morteiro (23), o abrigo da metralhadora pesada Browning (25). Em 1969/71, na altura em que lá estivemos, ainda não havia artilharia (obuses 14).

A caserna das praças da CCS (11) ficava do lado oeste, junto ao campo de futebol (3). Julgava-se que o pessoal do pelotão de morteiros e/ou do pelotão Daimler ficava instalado no edifício (12), que ficava do outro lado da parada, em frente ao edifício em U. Mais à direita, situava-se a capela (13) e a secretaria da CCAÇ 12 (14). Creio que por detrás ficava o refeitório das praças. Em frente havia um complexo de edifícios de que é possível identificar o depósito de engenharia (15) e as oficinas auto (16); à esquerda da secretaria, eram as oficinas de rádio (17).

Do lado leste do aquartelamento, tínhamos o armazém de víveres (20), a parada e os memoriais (18), a escola primária antiga (19) e depósito da água (de que se vê apenas uma nesga). Ainda mais para esquerda, o edifício dos correios, a casa do administrador de posto, e outras instalações que chegaram a ser utilizadas por camaradas nossos que trouxeram as esposas para Bambadinca (foi o caso, por exemplo, do alf mil António Carlão, nosso camarada da CCAÇ 12).

Esta reconstituição foi feita por Humberto Reis, Gabriel Gonçalves e Luís Graça.

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Já muito se escreveu aqui sobre o célebre ataque a Bambadinca em 28 de maio de 1969 (*), por coincidência uma data simbólica para o regime político então em vigor: em 28 de maio de 1926 deu-se um golpe de Estado que pôs fim à I República, instaurou a Ditadura Militar e institucionalizou o Estado Novo, derrubado 48 anos depois, em 25 de abril de 1974.

A data nunca foi esquecida por quem, como o Fernando Calado e o Ismael Augusto, estava em Bambadinca nessa noite e foi brutalmente acordado pelas explosões dos canhões sem recuo e dos morteiros 82, e pelas rajadas de armas automáticas... 

O simbolismo da data é reforçado pelo facto de tudo ter acontecido  pouco mais de dois meses depois da grande Op Lança Afiada, em que as NT varreram  toda a margem direita do Rio Corubal, desde a foz do mítico rio até à floresta do Fiofioli, considerado um bastião do PAIGC. Cerca de 4 mil almas deveriam viver, sob controlo do PAIGC, desde o início da guerra, nos subsetores do Xime e do Xitole. Cerca de 1300 homens, entre militares e carregadores civis. participaram nesta grande "operação de limpeza". de 10 dias, que não se voltaria a repetir, no setor L1.

Refeito dos desaires sofridos (nomedamente, a desarticulação e/ou destruição de boa parte dos seus meios logísticos, incluindo moranças e meios de subsistência da guerrilha e das populações sob o seu controlo: toneladas de arroz, dezenas e dezenas de cabeças de gado, centenas de galináceos e porcos...), o PAIGC decidiu atacar em força Bambadinca, porta de entrada da zona keste. 

Na história do BCAÇ 2852, o ataque (ou melhor, "flagelação") a Bambadinca é dado em três linhas, em estilo seco, telegráfico:

"Em 28 [de Maio de 1969], às 00H25, um Gr In de mais de 100 elementos flagelou com 3 Can s/r, Mort 82, LGFog, ML, MP e PM, durante cerca de 40 minutos, o aquartelamento de Bambadinca, causando 2 feridos ligeiros. " (...).


2. Sobre este ataque a Bambadinca lemos há dias o seguinte excerto da versão contada pelo escritor e jornalista sul-africano Al J. Venter que, em missão de reportagem à Guiné,  visitou o aquartelamento, um ano depois, já no tempo do BART 2917 (1970/72) e que falou, entre outros com o comandante de batalhão. O excerto é reproduzido pelo nosso crítico literário, Mário Beja Santos (**):


(...) “O último ataque [a Bambadinca] ocorrera exatamente um ano antes de eu chegar: um grupo infiltrado tinha-se dirigido para Norte do outro lado da fronteira  [com a República da Guiné-Conacri] a partir de Kandiafara [corredor de Guileje] para tentar cortar a estrada de Bafatá. 

"Num final da tarde, os guerrilheiros atacaram Bambadinca a partir do outro lado do rio [ Corubal ? ],  retirando-se depois para uma posição pré-determinada, onde esperaram pelo dia seguinte antes de se juntarem a outros dois grupos. Esta força combinada iria então atacar outras posições durante o assalto. Foi então que algo correu mal. 

"Um grupo de pisteiros da força atacante colidiu com uma patrulha de Bambadinca e foi capturada intacta, sem ter sido disparado um único tiro. Um dos homens era um alto oficial do PAIGC. 

"Os quatro homens foram levados de helicóptero para Bambadinca onde foi oferecida ao oficial a opção de contar tudo ou aceitar as consequências. Era uma situação sem saída, e o rebelde foi suficientemente inteligente para aceitar”. (...)

O referido ataque a Bambadinca foi a 28/5/1969 (ou "flagelação", segundo a história da unidade...), estava o Mário Beja Santos em Missirá, a comandar o Pel Caç Nat 52,  e eu a chegar a Bissau no "Niassa", ainda deu no dia 2 de junho, ao passar por lá, vindo de Bissau de LDG até ao Xime, a caminho de Contuboel, para ver os estragos (relativamente poucos... ) mas sobretudo sentir as reações e emoções da malta da CCS/BCAÇ 2852 e subunidades adidas...

Ora eu nunca ouvi esta versão Al J. Venter / Domingos Magalhães Filipe, ou a melhor, a versão contada pelo comandante do BART 2917 (que rendeu o BCAÇ 2852) e registada pelo escritor e jornalista sul-alfricana... Será que o inglês do Magalhães Filipe e o português do Venter eram assim tão maus ?

Parece que alguém está a delirar... ou trocou as cassetes... ou está deliberadamente a falsificar a história. Não fazemos "juízos de valor", interessa-nos apenas a verdade dos factos.

Recorde-se que o BART 2917 chegou a Bambadinca em finais de maio de 1970... O BART 2917 foi mobilizado pelo RAP 2. Embarcou para a Guiné em 17/5/1970 e regressou à Metrópole em 24/3/1972. Foi colocado no Sector L1, em Bambadinca, substituindo o BCAÇ 2852 (1968/70). O seu primeiro comandante foi o ten cor art Domingos Magalhães Filipe. Unidades de
quadrícula: CART 2714 (Mansambo); CART 2715 (Xime; teve 5 ncomandantes); e CART 2716 (Xitole).

O Venter deve, portanto, ter falado, talvez em junho ou mesmo princípios de junho de 1970, com o então ten cor art Domingos Magalhães Filipe, que irá ser substituído pelo famoso ten cor inf Polidoro Monteiro. O Spínola, recorde-se, pôs-lhe os "patins"...

Por que não me parecia que esta história tivesse pés e cabeça, confrontei alguns camaradas de Bambadinca desse tempo, e nomeadamente   o Fernando Calado e o Ismael Augusto, dois bem colocados oficiais milicianos da CCS/BCAÇ 2852, ambos membros da nossa Tabanca Grande.

Mais uma vez o Fernando Calado, que foi  alf mil trms (e, portanto, um oficial bem por dentro do sistema de informação e comunicação do setor L1) contou-me ao telefone a sua versão, que vem desmentir a versão do Al J. Venter / Domingos Magalhães Filipe,  e que ele prometeu passar a escrito, para "memória futura":

(i) o relato do escritor sul-africano Al J. Venter é uma falsificação da história;

(ii) ele e o Ismael já estavam deitados, o ataque terá sido perto da 1 hora da noite; e apanhou toda a cheia desprevenida;

(iii) a sorte de Bambadinca foi os canhões s/r (ele diz que eram seis, a história da unidade fala em três...) ao fazerem tiro direto, no fundo da pista, se terem enterrado ligeiramente (, estava-se já na época das chuvas), pelo que as canhoadas passaram a razar as instalações do quartel; mais certeiras foram algumas morteiradas que fizeram estragados (inckuindo nos quartos dos sargentos);

(iv) não houve prisioneiros nenhuns, nem muito menos foi apanhado à unha nenhuma figura grada do PAIGC; em suma, ninguém foi trazido de helicóptero para Bambadinca para ser interrogado;;

(v) o comandante do BCAÇ 2852, ten cor Manuel Maria Pimentel Basto (, de alcunha, o "Pimbas"),  não estava em Bambadinca nem ele nem a esposa; [o que é difícil de comfirmar a partir da história da unidade: a 14 de maio, o cor Hélio Felgas, cmdt do Comando de Agrupamento 2957 (Bafatá) tinha, juntamente com o ten cor Pimentel Basto, visitado Mansambo, Ponte dos Fulas, Xitole, Saltinho, Quirafo, Dulombi e Galomaro; e a 25, Bambadinca tinah sido visitada pelo Cmdt Militar e e pelo Cmdt Agr 2957; onde é que poderia estar o Pimentel Basto em 28 ? Em Bissau ?]

(vi) a única senhora que vivia no quartel era a esposa do tenente SGE Manuel Antunes Pinheiro, o chefe de secretaria do comando do BCAÇ 2852, e que era açoriano (se não erro);

(vii) o Fernando Calado conirma que houve algumas "cenas de histeria" a nível do comando de Bambadinca... (entre o major  inf Viriato Amílcar Pires da Silva, oficil de op inf, e o 2º cmdt, o maj inf Manuel Domingues Duarte Bispo).

Sabemos, pela história da unidade, que a 2 de junho de 1969, cinco depois do ataque a Bambadicna,os destacamentos de milícias e tabancas autodefesa de Amedalai,  Dembataco e Moricanhe foram flagelados, durante a noite, em simultâneo por 3 grupos não estimados, usando um arsenal impressionante: 7 canhões s/r, 8 mort 82, 13 LGFog, metralhadoras pesadas 12.7, além de armas automáticas, "causando 1 morto e 3 feridos milícias, 1 morto e 4 feridos civis, e danos materiais nas tabancas"... O mês de junho de 1969, já em plena época das chuvas,  foi, de resto, um mês de intensa atividade operacional do PAIGC no setor L1...

Para o comando e CCS do BCAÇ 2852, houve de imediato consequência deste ousado ataque do PAIGC:

(i) ainda em maio  o maj op info Herberto Alfredo do Amaral Sampaio vem substituir o maj Manuel Domingues Duarte Bispo, "transferido para o QG" (sic);

(ii) em julho o ten cor Pimentel Basto, "transferido por motivos disciplinares" (sic), é substituído pelo ten cor inf Jovelino Pamplona Corte Real;

(iii) em agosto, o cap inf Eugénio Batista Neves, cmdt da CCS, é também "transferido por motivos disciplinares", sendo substituído pelo cap art António Dias Lopes (que fica pouco tempo em Bamabadinca: logo em setembro é também substituido, pelos mesmos motivos, pelo cap inf Manuel Maria Fontes Figueiras);

(iv) nesse mesmo mês de setembro, chega a vez do maj inf Viriato Amílcar Pires da Silva: "transferido por motivos disciplinares", é substituído pelo maj art Ângelo Augusto Cunha Ribeiro, o nosso conhecido "major elétrico"...

Em suma, o comando do BCAÇ 2852 é completamente "decapitado" devido ao ataque a Bambadinca de 28/5/1969... que não conseguiu prever e para o qual também não se preparou convenientemente (em termos de defesa e de resposta)...



Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de outubro de 2013 > Sessão de lançamento do livro do José Saúde, "Guiné-Bissau, as minhas memórias de Gabu, 1973/74" (Beja: CCA - Cooperativa Editorial Alentejana, 170 pp. + c. 50 fotos) > Aspeto parcial da assistência: em primeiro plano, o Fernando Calado  e o Ismael Augusto, dois oficiais milicianos da CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) que estava em Bambadinca na noite do ataque do PAIGC, em 28/5/1969; o primeiro era o oficial de transmissões e o segundo o oficial de manutenção.

Foto (e legenda) : © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados



3. Seria interessante que os camaradas da CCS/BART 2917 se lembrassem da visita deste jornalista e escritor Al J. Venter, a Bambadinca, logo no início da comissão, portanto em finais de maio ou princípios de  junho de 1970.

Eu estava lá e não dei por nada, mas também não admira, já que a malta da CCAÇ 12 andava sempre por fora, no mato... Mas, de vez em quando, apareciam por Bambadincas jornalistas e personalidades estrangeiras que em geral "simpatizavam" com o regime de então... Eram visitas discretas, a maioria da malta não se apercebia... Vinham de heli ou DO 27 diretamente de Bissau, com carta branca do Spínola... Lembro-me de um grão-duque qualquer, com um título pomposo... mas também de dignitários religiosos muçulmanos... como o Cherno Rachid...


Em 28/5/1969, as forças que estavam em Bambadinca, sede do setor L1 eram as seguintes:

(i) o comando e a CCS/BCAÇ 2852;

(ii) o Pel Caç Nat 63;

(iii) o Pel Rec Daimler 2046;

e (iv) o Pel Mort 2106 (com secções destacadas em Xime, Mansambo, Xitole e Saltinho.

No total seriam apenas 200 homens em armas...Só a partir de 18 de julho de 1969, Bambadinca passa a ter a mais 160 homens, a CCAÇ 2590 (futura CCAÇ 12), constituída por 60 graduados e especialistas metropolitanos e 100 praça do recrutamento local...

Por sua vez, as subunidades de quadrícula, no setor L1, em 28/5/1969, eram as seguintes:

(i) CART 1746 no Xime;

(ii) CART 2339 em Mansambo (irá depois. no dia seguinte, destacar um pelotão para a defesa da ponte do Rio Udunduma, na estrada Xime-Bambadinca, ponte que fora dinamitada e parcialmente destruída);

(iii) CART 2413 no Xitole (com um pelotão destacado na Ponte dos Fulas´);

(iv) CART 2405 em Galomaro (com um pelotão destacado em Samba Cumbera e outro, depois, na ponte do Rio Udunduma, e outro ainda, mas reduzido, em Fá Mandinga):

(v) CCAÇ 2406 no Saltinho  (com um pelotão depois destacado para a ponte do Rio Udunduma);

(vi) Pel Caç Nat 52 em Missirá;

(vii) o 8º Pel Art / BAC  (-) em Mansambo;

(viii) e pelotões de milícias em Missirá e Cansamange (101), Finete (102), Quirafo (103), Taibatá e Amedalai (104),  Dembataco e Amedalai (105=) Dulombi (144), Moricanhe (145),  Madina Bonco (146), Madina Xaquili (147)...



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) >  Ponte do Rio Udunduma, afluente do Rio Geba, na estrada Xime-Bambadinca > Possivelmente no(s) dia(s) seguinte(s) ao ataque ao quartel de Bambadinca, em 28 de maio de 1969. Nessa noite, esta ponte, vital para as comunicações com todo o leste da província (o eixo Xime-Bambadinca era a porta de entrada do leste), foi objeto do "trabalho" dos sapadores do PAIGC... Os estragos, embora visíveis, não abalaram felizmente a sua estrutura. Era uma bela ponte, em cimento armado, construída no início dos anos 50. Continuou a funcionar, sem quaisquer reparações por parte da engenharia militar... Passou a ser defendida permanentemente por um grupo de combate (que ia rodando pelas subunidades de quadrícula do batalhão e subunidades adidas), até à inauguração anos depois da nova estrada alcatroada Xime-Bambadinca.

Esta foto é "histórica". O José Carlos Lopes, furriel mil  amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852, teve de "alinhar no mato", nesta dramática ocasião,  posando aqui para... a "posteridade".

Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. [Edição  e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Guiné 61/74 - P17404: Blogpoesia (511): "A força mágica de um sorriso"; "Delírios de pão e paz..." e "Serenas e átonas", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Searas ao sol
Com a devida vénia a Entre Linhas e Espaços


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:



A força mágica dum sorriso

Os olhos brilham.
A alma assoma ao rosto.
A boca esboça um sorriso.
E uma força indomável se desprende.

Atrai. Segreda e entra adentro.
Nos devassa. E ilumina.
Com a força dum raio
Que o sol semeia.

Nos aquece. Nos sacia.
Reluz a vida
E a vontade de existir.

Não precisa de palavras.
Sua linguagem é fluida como a água pura.
Refresca e lava.

É seiva interna que alimenta.
É a arma em riste que desarma,
Sempre à mão…

Ouvindo “Rapsódia” de Rachmaninov
Berlim, 23 de Maio de 2017
8h4m
Jlmg

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Delírios de pão e de paz...

De repente, vindas dos escaninhos recônditos do espírito,
Assomam à luz estilhaços e chispas vulcânicas, em chama.

Tecem crateras fermentes de lava.
Calcinam as cinzas.
Se transformam em húmus.

Espalham verdes vestidos de musgos,
Urzes raiadas de cores.
Vestem encostas e vales.

Álacres perfumes selvagens
Se evolam em chama.
Atraem as aves e feras.

Nas entranhas do solo,
Medram as larvas,
Repasto feérico
Dos melros e cucos.

Zumbem abelhas em séries.
Enchem os vales de mel.
Estendidas ao sol,
Aloiram searas,
Carregadinhas de grão.

Delírios de pão e de paz...

ouvindo Smetana
Berlim, 26 de Maio de 2017
8h28m
Jlmg

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Serenas e átonas

Serenas e átonas,
As gotas de orvalho,
Poisadas nas giestas.
Pérolas estreladas,
Batidas de sol.
As pedras cravadas
No chão do caminho.
De arestas moídas,
Adoçando os passos.
E as lajes dormentes
No fundo dos rios,
Banhadas de águas correntes.
Sons apagados
De trombetas caladas.
Aves famintas debicando as folhas.
Ramos pendentes,
Sem rosas,
Cravados de espinhos.
Negras amoras,
Nascidas das silvas.
Melros calados,
Sedentos de grão,
Povoando caminhos.
Sinos plangentes
Chorando os defuntos.
Lírios nos campos,
Sedentos de sol.

Ouvindo música clássica variada
Berlim, 27 de Maio de 2017
7h12m
jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17386: Blogpoesia (511): "Sucessão de formas concêntricas"; "Dedos famintos, desalmados" e "Lavar na fonte", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P17403: Dossiê LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste: Foi há 15 anos, em 20/5/2002, que Timor se tornou independente (João Crisóstomo, hoje em Dili, rezando por todos os que morreram por esta causa)




Fonte: João Crisóstomo - LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste, edição de autor, Nova Iorque, 2017, p. 157 (com a devida autorização do autor, conhecidao ativista de causuas sociais,  nosso camarada da dáspora lusitana, a viver nos EUA desde 1975, e ex-alf mil da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67)

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Nota do editor:

Último poste da série > 25 de maio de  2017 > Guiné 61/74 - P17393: Dossiê LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste: Hoje, cerimónia solene, em Dili, no Museu da Resistência, lançamento do livro e entrega da documentação original, na presença do 1.º ministro, Rui Maria Araújo, e outros líderes históricos como Xanana Gusmão e Mari Alkatiri; (ii) missa de sufrágio em memória de todos os que tombaram na luta pela independência, domingo, dia 28, na igreja de Motael e, se possível, nas muitas igrejas das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo (João Crisóstomo, em Dili)

Vd. poste anterior:

10 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17340: Dossiê LAMETA - Movimento Luso-Americano para a Autodeterminação de Timor-Leste: um documento para a história, um livro do nosso camarada da diáspora, João Crisóstomo (Nova Iorque)... Parte I - A documenrtação original vai ser entregue dentro de dias em Dili... Uma cópia é entregue hoje, pessoalmente, ao Presidente da República Portuguesa

sábado, 27 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17402: Efemérides (254): Ponte de Lima homenageia, no próximo 10 de junho, os seus bravos, mortos pela pátria, na I Grande Guerra (n=27) e na Guerra do Ultramar (n=52)... Será apresentado igualmente o livro "História do Dia do Combatente Limiano" (Mário Leitão)


Capa do livro "História do Dia do Combatente Limiano", da autoria de Mário Leitão



1. Mensagem do nosso camarada [António] Mário Leitão, com data de ontem, 23h15



Caro Amigo, aqui envio o meu convite pessoal para me dar o prazer de estar presente no lançamento do livro História do Dia do Combatente Limiano, que relata um pouco das cinco cerimónias já realizadas em homenagem aos Militares Limianos caídos pela Pátria.

Recordo que estas homenagens remontam a 1986, quando o Presidente da Câmaram  Dr. Francisco Abreu Lima,  tornou Ponte de Lima no primeiro concelho do Pais a homenagear os seus Heróis Combatentes do Ultramar.

Lembro também que, apesar dos seus 27 Mortos na I Grande Guerra, decorreram 100 anos sem que Ponte de Lima perpetuasse, nem que fosse numa simples lápide, os seus nomes para a posteridade.
Com o meu abraço de Amizade!
Mário Leitão


Convite 

Estimado Amigo:

Além das celebrações programadas pelo Lions Clube de Ponte de Lima, entidade promotora dessa 6ª Homenagem Concelhia, irei apresentar nesse dia um livro que descreve como foi criado o Dia do Combatente Limiano, cuja génese remonta a 1986.

O Programa geral é o seguinte:

10 horas – Apresentação do livro História do Dia do Combatente Limiano, no Consistório da Santa Casa da Misericórdia.

11 horas – Missa na Igreja da Misericórdia.

12 horas – Romagem até ao Memorial dos Heróis da Guerra do Ultramar.

Devido ao elevado significado desta Homenagem e considerando a minha elevada estima e consideração para com V. Exª, convido-o vivamente a assistir a estas cerimónias.

Agradeço antecipadamente a sua presença e apresento os meus melhores cumprimentos.

Mário Leitão


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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17400: Efemérides (253): No passado dia 20 de Maio de 2017 comemorou-se, em Matosinhos e Leça da Palmeira, o Dia do Combatente e o VIII aniversário do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes (2) (Carlos Vinhal)

Guiné 61/74 - P17401: Homenagem aos limianos que morreram pela Pátria nas guerras do ultramar (Mário Leitão) - Parte V (e última)





Mário Leitão,  farmacêutico reformado, 
residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de Farmácia, Luanda, 1971/73. 



(Continuação)









Total = 52

1. Última parte artigo publicado na Revista Limiana (I Série, 2007-2014, nº 37, abril de 2014, director: José Pereira Fernandes), da autoria do nosso camarada e grã-tabanqueiro Mário Leitão (*).

Proprietário da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo, farmacêutico reformado, residente em Ponte de Lima, ex-fur mil de farmácia, Luanda, 1971/73, o Mário Leitão merece o nosso apreço e gratudão pela tarefa a que se tem dedicado,  com abnegação, de há uns a esta parte, da da recolha e tratamento da informação relativa aos limianos,  os naturais do concelho de Ponte de Lima, mortos nos TO de Angola, Guiné e Moçambique bem como no continente ou outros territórios, no cumprimento do serviço militar, no período que abarca a guerra  colonial (1961/74).

A lista, agora completa, compreende 52 nomes no total,  e é enriquecida com fotos e valiosas notas biográficas.

Acabamos de saber, hoje mesmo, que no próximo 10 de Junho, Ponte de Lima irá  mais uma vez prestar homenagem aos seus  bravos, 75 ao todo, que deram a vida pela Pátria na I Grande Guerra e na Guerra do Ultramar. Oportunamente divulgaremos o programa e o convite que nos foi enviado.

Além das celebrações programadas pelo Lions Clube de Ponte de Lima, entidade promotora dessa 6ª Homenagem Concelhia, o nosso camarada Mário Leitão irá apresentar nesse dia um livro que descreve como foi criado o Dia do Combatente Limiano, cuja génese remonta a 1986 ("História do Dia do Combatente Limiano").
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