segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17964: Manuscritos(s) (Luís Graça) (129): o deus-sol ou... quem disse que uma imagem vale mil palavras ?...






Lourinhã > Praia da Areia Branca > 11 de novembro de 2017 > Das 17h59 às 18h02 > Pôr do sol  >

Fotos (e legenda) : © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


O deus-sol

por Luís Graça (*)


Quem disse que uma imagem vale mais 
do que mil palavras ?
Quem o disse, com tanta segurança,
é porque  conhece o poder da imagem
mas não o poder da palavra.
Uma e outra digladiam-se.
Uma e outra são armas e podem ser letais.
Mas entre a imagem e a palavra
eu tomo o partido da palavra.

Sou um compulsivo espetador do pôr do sol...
Confesso: é uma adição, 
o espetáculo do pôr do sol,
mesmo que seja uma treta: 
o gajo volta aparecer-nos, todas as manhãs,
depois de nos pregar a partida da noite, do breu, das trevas...
O gajo vai dar uma volta,
enquanto nos manda  fazer xixi e cama,
ao mesmo tempo que tomamos consciência
da nossa humana fragilidade:
somos seres circadianos,
com um delicada cronobiologia,
e sobretudo tememos a noite,
como o diabo, dizem, teme a cruz...

O sol dá-nos tanga, 
vai dar um volta,
vai bronzear os gajos e as gajas esculturais,
nossos vizinhos, 
nas praias que ficam na ponta mais a oeste,
enquanto nós, a leste,  afiamos as facas e os punhais.
A noite é má conselheira,
a noite é criminosa,
a noite é a cama de todos os pesadelos,
de todas as insónias,
de todas as matanças,
de todas as conspirações...
Mas é o sol, afinal,  que alimenta a vida e a morte,
a coragem e a perfídia.
E também o sonho.
E os poetas malditos.
Por mim, confesso a minha secreta adição:
não perco um pôr do sol, na praia...
E tenho dificuldade em viver na montanha
onde o sol se põe atrás de outra montanha...

Todos, de resto, temos uma adição,
do sexo às caminhadas,
do "shopping" às redes sociais,
das "slot-machines" ao álcool,
dos psis à escrita...
Mas o pôr do sol é um espetáculo tão esmagador
que ficamos sem palavras...

É difícil legendar a imagem de um pôr do sol, 
sem dizer trivialidades,
lugares-comuns,
frases feitas...
Mais: é difícil arranjar mil palavras
para contrapor a uma imagem.
Achamos que uma imagem se basta a si própria,
mas é pura ilusão.
Sem os teus olhos, sem os teus óculos,
nunca saberás ler
uma imagem.

Os poetas desistem de fazer poemas ao pôr do sol...
É mais fácil adorá-lo, ao sol, como um deus.
E um deus não precisa de adjetivos,
porque é um fenómono metasíco total.
Um deus, como o sol, é o conteúdo e o continente.
O sol é o puro deleite e o puro terror.

Luís Graça,
Praia da Areia Branca, 11 de novembro de 2017
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(...) Confesso que sou um adorador do sol. Venero o sol como um deus. Devo a vida ao sol. Perturbam-me os eclipses, totais ou parciais do sol. Extasio-me com o pôr do sol, e não tanto com o nascer. Sei que o sol é um dado adquirido. Mas um dia, daqui a alguns milhões de anos, o sol apaga-se. Pensava-o imortal: quando descobri, aos catorze ou quinze anos, que um dia o sol vai morrer, tornei-me ateu.

Nunca liguei ao sol na Guiné. Ou melhor: odiei-o, com um ódio de morte. Não tinha o mar, no interior, no mato, para me deslumbrar com o nascer e o pôr do sol. Além disso, detestava o sol porque havia guerra, e penosas operações que nos levavam à desidratação e, "in limine", à morte. Odiei o sol na Guiné, razão por que sempre preferi a noite. Dormia de dia, sempre que podia. E, quando morrer, e se eu ainda puder escolher, quero morrer ao pôr do sol. Ainda não escrevi o meu testamento vital, mas quero lá pôr essa cláusula. Minha querida Chita, não posso morrer na tua/nossa Quinta de Candoz, onde o sol se põe às cinco da tarde, emparedado pelas montanhas. (...)

Guiné 61/74 - P17963: Parabéns a você (1339): José Manuel Lopes, ex-Fur Mil Art da CART 6250 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17954: Parabéns a você (1338): António Garcia de Matos, ex-Alf Mil Inf MA da CCAÇ 2790 (Guiné, 1970/72) e Jorge Araújo, ex-Fur Mil Op Esp da CART 3494 (Guiné, 1971/74)

domingo, 12 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17962: Blogpoesia (537): "Entro no mar...", "As minhas sombras..." e "Assombramento...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Foto: © Carlos Vinhal


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Entro no mar...

Como Pablo Neruda na sua Isla Negra,
entro no mar, pensando na metáfora do Universo.
Que nos contém e nos abraça.

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Abraço as ondas ternas num vaivém constante.
Me deleito na suavidade da sua água tépida.
Mergulho meu corpo leve
e saboreio a doce sensação da intimidade.
Meus pés na areia ocultos,
agradecem o grato alívio que o mar lhes dá.
Olho ao longe a linha ténue do horizonte infindo.
Escorre-me na pele a frescura da água que me banha a mente.
Poiso minhas pálpebras para que os olhos sonhem.
Outra galáxia se abre à frente
onde, radioso, o belo mora em plenitude.
Me enlevo olhando tantas cores bailando.
Desenham formas tão belas, nunca meus olhos viram.
Se não viesse da noite o frio,
Quereria aqui ficar eternamente...

Ouvindo Maria João Pires tocando Mozart
Berlim, 7 de Novembro de 2017
7h45m
Jlmg

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As minhas sombras…

Há tanto, começou a viagem.
Vai longa. Se perde no tempo.
São imensas as sombras na sepultura.
Umas de longe. De ouvir falar.
Pelo jornal e rádio. Televisão, internet, depois.
Outras, muitas, de ao pé de mim.
Os meus vizinhos, onde nasci.
Ali bem ao sol. Na linda encosta.
Depois cresci. Me fiz ao mundo.
Os vejo a todos.
Lhes oiço o falar. As suas vozes.
O seu sorrir.
Eram tão puros. Pobreza enorme.
Com tão pouco viviam.
Eram felizes.
Me ponho a contá-los.
Tantas centenas.
Todos com nome.
Tanto me deram.
Ainda vivo deles.
Há muitos anos.
As minhas sombras benignas.
Das outras, não,
Todas esqueci…

Berlim, 8 de Novembro de 2017
8h15m
Jlmg

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Assombramento…

Assombrado, deixo-me levar nas asas do sonho, pelo mundo fora.
Por desertos e pradarias.
Oásis e recantos de maravilhas.
Vou na busca da felicidade,
Essa mágica sereia estonteante, tão esguia e fugidia.
Busco a paz da consciência e a alegria abrasadora da harmonia.
Quero banhar-me no mar sossegado da mansidão.
Atrair a mim a serenidade inebriante da beleza iluminada.
E como uma estrela refulgente permanecer ao alto apaixonado pela grandeza do universo.
Sou amante da vida que me foge.
Arde fogo no meu peito com as labaredas do infinito…

Ouvindo, concerto n.º 1 por Hélène Grimaud ao piano
Amanheceu cinzento e gelado
Berlim, 11 de Novembro de 2017
8h24m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17937: Blogpoesia (536): "A Terra e o Sol...", "Aquela força..." e "Cantos e recantos...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

sábado, 11 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17961: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capº 1: Aprovado para todo o serviço militar




















Ontem e hoje: o José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74. Nascido em Penafiel, em 1950, criado pela avó materna, reside hoje em Amarante. Está reformado como bate-chapas. Tem o 12º ano de escolaridade. Foi um  "homem que se fez a si próprio", sendo hoje autor, com dois livros publicados (um de poesia e outro de ficção). Senta-se debaixo do poilão da Tabanca Grande no lugar nº 756. (*)

Fotos: © José Claudino da Silva (2017).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Vamos começar a publicar uma nova série, da autoria do José Claudino da Silva, com excertos das memórias que ele deixou registadas nas cartas que trocou com a futura esposa, ao longo da sua comissão de serviço no CTIG (1972/74). 

Em 18 de outubro último, ele já tinha concorado com "a publicação de alguns episódios do livro 'Em Nome da Pátria', com a seguinte ressalva: "O que estiver a negrito mesmo que contenha erros vou manter inalterado pois quero ser fiel ao que escrevi há 45 anos. No restante agradeço alguma revisão que seja necessária."

Originalmente o livro era para se chamar  "Em Nome da Pátria"... Alguém, do nosso blogue, o nosso crítico literário Mário Beja Santos, alertou-o para o facto de esse título já estar registado (Em nome da Pátria: Portugal, o Ultramar e a Guerra Justa,  da autoria de João José Brandão Ferreira: Lisboa, Livros d'Hoje, 2009,  608 pp.; prefácio do prof Adrinao Moreira).

Então ele e nós pensámos em outros títulos possíveis...Por exemplo, "O Que Te Aconteceu, Soldado ?!... Acabou por comunicar-nos a sua últimna decisão: " Mudei o nome para: 'AI DINO! O QUE TE FIZERAM! Foi uma frase que me disse a minha avó quando me viu fardado pela 1ª vez."

E assim vai ser... esperando nós que ninguém, outro Dino, lhe roube o título... [O subtítulo, a usar no blogue, é da nossa responsabilidade: Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)... Naturalmente é demasiado comprido e obstruso para um livro.).

Vamos começar então a publicar as suas memórias, não na íntegra (, porque ele vai querer editar e vender o livro em papel, falta-lhe apenas escolher a editora...), mas através de uma seleção de capítulos, feita pelo próprio... Temos, para já, disponíveis, os seguintes capítulos, num total de 20 páginas:  1, 6, 13, 16, 20, 23, 30, 41, 50, 63.

Entretanto, no mesmo dia (22 de outubro último) ele decidiu "enviar a versão completa já com uma primeira revisão" e a seguinte observação:  "Ando a tentar encontrar um preço menos oneroso que a Chiado Editora para publicar o livro".

Esta "versão definitiva" tem data de 7 de outubro último: são 7 dezenas de capítulos, 119 pp, incluindo imagens. Temos que esclarecer ainda se ele nos autoriza a fazer a pré-publicação, na íntegra, deste seu "manuscrito" (ainda com o título "Em Nome da Pátria")... Se sim, é um privilégio que ele concede aos seus camaradas da Guiné, esperando em contrapartida os seus comentários,  generosos sem deixar de ser críticos. (LG)


2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capº 1: Aprovado para todo o serviço militar


POR AQUILO QUE JÁ LI SOBRE A GUERRA COLONIAL, NAS ANTIGAS PROVÍNCIAS ULTRAMARINAS, PARECE-ME QUE A MINHA GUERRA FOI OUTRA.

A MINHA GUERRA FOI ESCRITA NA ÉPOCA. POR VEZES, HORA A HORA.

TODOS OS CAPÍTULOS SE BASEIAM NO QUE ESCREVI ENTRE O DIA 4 DE JANEIRO DE 1972 E O DIA 9 DE JUNHO DE 1974. NESSE PERÍODO, ENVIEI, POR ESCRITO, E SÓ PARA UMA PESSOA, MAIS DE 400.000 PALAVRAS, UMA MÉDIA DE 450 PALAVRAS DIÁRIAS.

COMEÇOU… ASSIM!
CICA  1 - Centro de Instrução de Condutores Auto-rodas

Foi ali, junto ao Palácio de Cristal, um local paradisíaco, que comecei a minha luta "Em Nome da Pátria".


1º Capítulo: APROVADO PARA TODO O SERVIÇO MILITAR

Entre o dia 27 de Junho de 1970 e o dia 17 de Outubro de 1974, fui apenas um número, e os números são insensíveis. Afinal, são apenas 1.358 dias, ou 32.592 horas. Em minutos, apenas 1.955.520 e uns míseros 117.331.200 segundos. Pois bem, durante cento e dezassete milhões, trezentos e trinta e um mil e duzentos segundos, eu deixei de ser José Claudino da Silva e passei a ser o 158532/71.

Se acreditam que, de facto, os números são insensíveis, não leiam mais, mas em contrapartida, se já foram apenas um número, e, se por qualquer razão, o vosso possa ter afinidades com o meu, venham comigo.

É pela ordem cronológica das cartas que escrevi, há 45 anos, para a dona Maria Amélia Moreira Mendes que faço o relato do que vivi na guerra colonial. A primeira carta foi escrita no dia 4 de Janeiro de 1972. A última no dia 9 de Junho de 1974. No dia 10 do mesmo mês, recebi um dramático telegrama.

Em momento algum me passou pela cabeça fugir, para evitar a tropa. Fervoroso admirador do Major Alvega e da guerra aos quadradinhos, nos anos 60 do século XX, estava longe de pensar, quando assentei praça nas forças armadas do meu país, que iria mesmo participar numa guerra real.
Filho duma mendiga que tinha mais cinco filhos, a viver com a minha avó e uma prima que dependiam de mim para sobreviver, enviarem-me para a guerra colonial. Qual filme, o regresso do soldado Ryan, foi um crime que deveria ter sido julgado pelo tribunal dos direitos humanos.

Passei a pertencer às forças armadas em 27 de Junho de 1970, mas só tive a real noção de que não era meu dono no dia 3 de Janeiro de 1972.Durante estes meses, já a minha avó e eu vivíamos numa espécie de tortura psicológica e, sempre que o carteiro trazia uma carta, a minha avó, analfabeta, dizia-me:
– Dino, chegou uma carta, deve ser da tropa.

Acreditem! Foi uma libertação a chegada do dia em que assentei praça; a espera tinha acabado, eu ia mesmo para a tropa. Talvez não fosse para a guerra. Afinal, eu não era lá muito corajoso.

(Continua)
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Notas do editor:


18 de outubro de  2017 > Guiné 61/74 - P17875: Tabanca Grande (449): José Claudino da Silva, ex-1º cabo cond auto, 3ª CART /BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74, escritor, natural de Penafiel, a residir agora em Amarante... Passa a ser o novo grã-tabanqueiro nº 756

17 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17868: O nosso livro de visitas (195): José Claudino da Silva, ex-1º cabo condutor auto, 3ª CART / BART 6520/72, Fulacunda, 1972/74, autor do livro de ficção "Desertor 6520" (Lisboa, Chiado Editora, 2016, 418 pp.)

Guiné 61/74 - P17960: O poemário de Mário Vitorino Gaspar: Ler poesia faz bem ao cérebro e a minha proposta de leitura para hoje é... (2): "O Morteiro", paródia do poema "Lágrima", de Guerra Junqueiro (1888), da autor desconhecido, possivelmente alferes do CEP, que esteva na Flandres em 1917


"O Morteiro" é uma paródia ao poema  'A Lágrima', de Guerra Junqueiro, incluído no 'Relatório de combate de 9 a 12 de Abril de 1918 - Lembranças', caderno manuscrito por Raul Pereira de Araújo, alferes de artilharia, transmontano,  sobrevivente da Batalha de La Lys. 

O autor do poema é desconhecido, mas foi seguramente escrito por um alferes.

Como escreveu Guilhermina Mota, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbram (2006, p. 92): " Muitos dos poemas de guerra são de autores desconhecidos (...). É provavelmente o caso de "O morteiro". Não restará dúvida, porém, pelo que se depreende da leitura, que foi escrito por um alferes. Pelo que, se os versos não pertencem ao nosso relator [,o alferes de artilharia Raul Pereira d'Araújo], com eles devia sentir forte identificação. Neles, não é a qualidade literária que mais importa, mas sim a manifestação do sentir. Através de uma critica verrinosa, o autor deixa entrever uma grande desilusão com as patentes superiores, insinuando a sua inépcia, a sua tibieza, o seu diletantismo, destacando no "velho solar antigo" a sua origem de classe."

Raul Pereira de Araújo [, foto à esquerda, acima, reproduzido da Ilustração Portugueza. II série, n.° 596 (23 de Julho de 1917), p. 651, cit por Guilhermina Mota, 2006]:

(i) nasceu em Trás-os-Montes, na vila de Mesão Frio, em 15 de Janeiro de 1892;

(ii) ali fez a instrução primári,  rumando depois à cidade do Porto,  onde completaria,  no Liceu Rodrigues de Freitas o "Curso Complementar de Sciencias,com inglez", em 1912;

(iii) assentou praça em 15 de Janeiro de 1913, tendo feito a recruta no Regimento de Infantaria 23, em Coimbra, em cuja Universidade se encontrava a estudar;

(iv) concorreu à Escola de Guerra, no ano lectivo de 1914-1915, tendo terminado o curso em 1916;

(v) foi depois promovido a aspirante a oficial, e colocado no Regimento de Artilharia 7, em Viseu, tendo passado antes pela Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas, a fazer o curso de tiro.

(vi) promovido a alferes de artilharia, em 28 de maio de 1917, parte no mês seguinte parte para França para integrar o Corpo Expedicionário Português, tendo sido colocado na 3ª  Bateria do 2.° Grupo de Baterias de Artilharia.

(vii) viive os meses seguintes nas trincheiras da Flandres e encontrava-se na frente em 9 de abril de 1918, quando se deu a Batalha de La Lys;

(viii) foi um dos sobreviventes da batalha de La Lyz, traumática para o exército português e para o país, ao ponto de ter chegado  a ser descrita na época como o "Novo Alcácer-Quibir"...

Fonte: MOTA, Guilhermina -  Batalha de La Lys: um relato pessoal. "Revista Portuguesa de História" t. XXXVIII (2006) pp.77-107


1."O morteiro", paródia à "Lágrima" de Guerra Junqueiro
(Mota, 2006, pp. 104-107)


Noite de frio intenso, uma trincha escavada,
Lúgubre, sepulcral, agoirenta... e mais nada,
Trincheira onde a morte apanha vis pancadas
Em banquetes de sangue arrancado em ciladas
Na trincha oposta, onde o boche reina e impera
Em rasgos e expansões de forte besta-fera.
Um oficial audaz, olho do batalhão,
Descobriu, dum morteiro grosso, a posição,
Maquinismo feroz que se cumpre o dever,
Ao perto e ao longe tudo faz estremecer.

Eis que passa um general com seu estado-maior,
Tenentes, capitães e creio que um major
E, ao saber que existia ali a posição,
Caiu sobre os joelhos e disse: - Perdão!
Consente-me que passe; sabes que é preciso
Dar exemplo ao soldado, fingir o sorriso,
Para que ele veja em mim virtude, um nobre exemplo
De guerreiro d' outrora. Mas eu te contemplo
Com o maior respeito; nunca te fiz mal.
É certo que por vezes do Quartel-General,
Em notas irritantes cheias de iniquidade,
Ordeno muito tino, muita actividade,
Mas nada mais; já vês portanto que o meu crime
É bem banal e encerra apenas, ele exprime
A pretensão sabuja de mostrar tesura
Que não tenho, confesso. Mas a morte é dura
E eu não quero morrer; por isso tem paciência,
Esparge sobre mim um pouco de clemência
Que a minha cobardia, com respeito e agrado,
Te dirá sempre: mil vezes muito obrigado.

E o morteiro feroz com seu enorme bojo...
Sorriu... tremeu de raiva... e cuspiu com nojo.

Passa depois o chefe de certa brigada,
Muito pressuroso e proa alevantada,
E, ao conhecer a história do grosso morteiro,
Deixou de ser um chefe... para ser sendeiro
Titubeou, vacilou, perturbou-se e caiu.
Depois de um silêncio enorme quando sentiu
Reanimar-se, disse assim: - Morteiro amigo!
Eu tenho, em Portugal, velho solar antigo
Cheio de raridades ao mais alto preço!
Pois bem, deixa-me passar, eis o que te peço,
Dez minutos somente de tréguas na guerra
E prometo-te levar-te para a minha terra.
Para no meu solar servires de ornamento
Em rico salão nobre e cheio de espavento
E, se um dia morrer, hei-de deixar escrito
Que tu foste a mais nobre arma deste conflito,
E assim atestarás depois à eternidade
Como nós espalhamos a...Fraternidade!


E o morteiro feroz com o seu norme bojo
Sorriu... tremeu de raiva... e cuspiu com nojo.



Aproximou-se então um cachapim tonante,
Com ar superior, nojento, revoltante.
Imensas ordenanças quais tristes jumentos,
Carregam com mil mapas e regulamentos
Mas, ao saber ali da triste aparição,
Ficou desnorteado e gaguejou então:
- Com a minha inteligência eu posso num momento
O kaiser derrubar e o próprio firmamento!
Com um papel e um lápis, arte, génio e manha,
Eu faço derruir num ápice a Alemanha!
Olhando bem para mim, assim de frente a frente
Vê-se logo que eu tenho um cérebro potente!
E, para corroborar tudo isto, afinal,
Olhai-me bem e vede as palmas e o braçal.
Pois palmas e braçal tudo isto eu dou, morteiro!
Se prometeres deixar-me o meu corpinho inteiro
E eu dou-te mais ainda planos de extermínio
Para espalhares a dor, a dor e o teu domínio
E se não estás contente ainda, paciência,
Só posso dar-te mais e minha inteligência
E assim poderás tu encher a tua pança
À custa de mil bifes e da própria França.

E o morteiro feroz, com seu enorme bojo
Sorriu... tremeu de raiva... e cuspiu de nojo.


De súbito um alferes, que tudo tinha visto,
Assoma na trincheira como um imprevisto,
Vem nervoso, colérico, d'olhos em brasa,
O seu olhar crepita, fere, mata, abrasa.
E, meditando assim em tanta vilania
Que por ali passava em todo aquele dia,
Estremece, febril; e, como um furacão,
Dirige-se para a linha todo em convulsão
E, quando chega ali, subindo ao parapeito,
Assim fala ao morteiro descobrindo o peito:
- Que pena a minha Pátria, terra de brasões,
Agasalhar em si canalhas e poltrões!
Nunca julguei em terra de heróis e guerreiros
Pudesse haver assim tamanhos embusteiros!
Nunca, jamais, em tempo algum sequer um dia
Pensei de Portugal em tanta covardia,
Nunca julguei que em campo de heróis e façanhas
Pudessem aparecer sabujices tamanhas!
Que nunca ninguém saiba os crimes deste dia,
Que eu não quero viver em tanta porcaria,
Por isso, ó morteiro, te peço bem do fundo,
Dispara um tiro só, leva-me do mundo.

E o morteiro bojudo, o morteiro audaz
Expediu um pesado... e matou o rapaz.

[Revisão e fixação de texto: LG]


2. Poema original, "A Lágrima", de Guerra Junqueiro, datado de 1888 [, texto recuperado aqui]



Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada, 
Sêca, deserta e nua, à beira d'uma estrada. 

Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha, 
Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha. 

Sôbre uma folha hostil duma figueira brava, 
Mendiga que se nutre a pedregulho e lava, 

A aurora desprendeu, compassiva e divina, 
Uma lágrima etérea, enorme e cristalina. 

Lágrima tão ideal, tão límpida, que ao vê-la, 
De perto era um diamante e de longe uma estrêla. 

Passa um rei com o seu cortejo de espavento, 
Elmos, lanças, clarins, trinta pendões ao vento. 

- "No meu diadema, disse o rei, quedando a olhar, 
Há safiras sem conta e brilhantes sem par, 

"Há rubins orientais, sangrentos e doirados, 
Como beijos d'amor, a arder, cristalizados. 

"Há pérolas que são gotas de mágua imensa, 
Que a lua chora e verte, e o mar gela e condensa. 

"Pois, brilhantes, rubins e pérolas de Ofir, 
Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir 

"Nesta c'roa orgulhosa, olímpica, suprema, 
Vendo o Globo a teus pés do alto do teu diadema!" 

E a lágrima deleste, ingénua e luminosa, 
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa. 

Couraçado de ferro, épico e deslumbrante, 
Passa no seu ginete um cavaleiro andante. 

E o cavaleiro diz à lágrima irisada: 
"Vem brilhar, por Jesus, na cruz da minha espada! 

"Far-te hei relampejar, de vitória em vitória, 
Na Terra Santa, à luz da Fé, ao sol da Glória! 

"E à volta há-de guardar-te a minha noiva, ó astro, 
Em seu colo auroreal de rosa e de alabastro. 

"E assim alumiarás com teu vivo esplendor 
Mil combates de heróis e mil sonhos d'amor!" 

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa, 
Ouviu, sorriu, tremeu e quedou silenciosa. 

Montado numa mula escura, de caminho, 
Passa um velho judeu, avarento e mesquinho. 

Mulas de carga atrás levavam-lhe o tesoiro: 
Grandes arcas de cedro, abarrotadas d'oiro. 

E o velhinho andrajoso e magro como um junco, 
O crânio calvo, o olhar febril, o bico adunco, 

Vendo a estrêla, exclamou: "Oh Deus, que maravilha! 
Como ela resplandece, e tremeluz, e brilha! 

"Com meu oiro em montão podiam-se comprar 
Os impérios dos reis e os navios do mar, 

"E por esse diamante esplêndido trocara 
Todo o meu oiro imenso a minha mão avara!" 

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa, 
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa. 

Debaixo da figueira, então, um cardo agreste, 
Já ressequido, disse à lágrima celeste: 

"A terra onde o lilaz e a balsamina medra 
Para mim teve sempre um coração de pedra. 

"Se a queixar-me, ergo ao céu os braços por acaso, 
O céu manda-me em paga o fogo em que me abraso. 

"Nunca junto de mim, ulcerado de espinhos, 
Ouvi trinar, gorgear a música dos ninhos. 

"Nunca junto de mim ranchos de namoradas 
Debandaram, cantando, em noites estreladas... 

"Voa a ave no azul e passa longe o amor, 
Porque ai! Nunca dei sombra e nunca tive flor!... 

"Ó lágrima de Deus, ó astro, ó gota d'água, 
Cai na desolação desta infinita mágoa!" 

E a lágrima celeste, ingénua e luminosa, 
Tremeu, tremeu, tremeu... e caíu silenciosa!... 

E algum tempo depois o triste cardo exangue, 
Reverdecendo, dava uma flor côr de sangue, 

Dum roxo macerado, e dorido, e desfeito, 
Como as chagas que tem Nosso Senhor no peito... 

E ao cálix virginal da pobre flor vermelha 
Ia buscar, zumbindo, o mel doirado a abelha!...

Guiné 61/74 - P17959: Bibliografia (40): "Um Legado de Espiões", por John le Carré, Publicações Dom Quixote, 2017 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Outubro de 2017:

Queridos amigos,
Este prodigioso escritor, de 86 anos de idade, continua a publicar obra assombrosas.
Para gente da nossa idade, é um estímulo, um incentivo a manter os neurónios em movimento.
John le Carré é consensualmente reconhecido como um grão-mestre da literatura sobre a Guerra Fria e a espionagem que lhe foi inerente. Com a queda do muro de Berlim, reconverteu-se admiravelmente e todas as suas obras posteriores passaram a espelhar a nossa contemporaneidade: o crime financeiro na globalização; o tráfico de armas e de droga; os escândalos da indústria farmacêutica; as manipulações à volta do terror provocado pelo fundamentalismo islâmico, etc.
Temos agora este admirável retorno à Guerra Fria, urge recuperar todo quanto se passou durante a operação Bambúrrio, curiosamente a trama central do prodigioso romance "O Espião que Saiu do Frio".
Não percam esta obra-prima absoluta.

Um abraço do
Mário


Um Legado de Espiões, obra-prima absoluta de John le Carré

Beja Santos

Para usufruir os melhore sabores deste incontornável romance, sugiro ao leitor que leia ou releia três livros importantíssimos de John le Carré: "O Espião que Saiu do Frio", "A Toupeira" e "A Gente de Smiley". Com estes três romances de qualidade excecional encena-se a atmosfera envolvente deste (novamente) indispensável "Um Legado de Espiões", por John le Carré, Publicações Dom Quixote, 2017. Não basta dizer que é John le Carré no seu melhor, é um portentoso regresso às experiências da Guerra Fria, ao ilusionismo das informações muitas vezes cozinhadas por agentes duplos ou traidores, é um ressuscitar de um mundo onde os ingleses já não são jogadores no plano mundial, estão hoje transformados numa potência secundária, é esta a amarga mensagem que sela um encontro entre velhos espiões possuidores de segredos tenebrosos, no termo de uma viagem labiríntica, alucinante.

A escrita possui esse dom de nos agarrar no primeiro parágrafo e de nos retirar o fôlego, entramos no tufão de uma narrativa obsidiante, deste modo: “O que se segue é o relato verídico, tanto quanto me é possível fazê-lo, do meu papel na operação de embuste britânica que teve o nome de código Bambúrrio, montada contra o Serviço de Informações da Alemanha de Leste (Stasi) em finais da década de 1950 e princípios da de 1960 e da qual resultou a morte do melhor agente secreto britânico com que alguma vez trabalhei e da mulher inocente pela qual deu a vida”. E para se perceber a dureza do interrogatório a que um velho espião vai ser submetido por uns garotos da nova escola, quem faz um relato tem um importante esclarecimento prévio a fazer: “Um oficial de informações profissional não é mais imune aos sentimentos humanos do que o resto da humanidade. O que lhe importa é a medida em que é capaz de os reprimir, que era em tempo real, quer, no meu caso, cinquenta anos a fio”. O agente chama-se Peter Guillam, foi discípulo dileto de George Smiley, nos Serviços Secretos britânicos, também conhecidos por Circus. Goza num total anonimato a sua reforma na costa Sul da Bretanha quando é discretamente convocado pelo seu antigo serviço a Londres. Vamos regressar à Guerra Fria, em grande tormenta.

O autor desvela com alguma antecedência a jigajoga e os elementos constitutivos de um interrogatório: “Em qualquer interrogatório a negação é o ponto de viragem. Pouco importam as delicadezas que tenham havido antes. A partir do momento da negação, as coisas nunca mais voltam a ser iguais. Ao nível do polícia secreto, a negação é suscetível de provocar uma imediata retaliação, tanto mais que o polícia secreto mediano é mais estúpido do que o seu sujeito. O interrogador sofisticado, em contrapartida, ao levar com a porta na cara, não tenta imediatamente forçá-la a pontapé. Prefere reorganizar-se e avançar sobre o alvo a partir de um ângulo diferente”. Voltamos ao mundo do Circus, recorda-se a “toupeira”, Bill Haydon, o homem que mandou para a morte muitos espiões ocidentais. Ressuscita-se a atividade de Alec Leamas, a personagem principal de "O Espião que Saiu do Frio". Aquele interrogatório é uma teia de aranha que se monta e desmonta, reaparecem velhas operações, havia desconfiança de que existia uma toupeira num posto elevado de decisão do Circus, George Smiley cria um mecanismo protetor onde ele só conversa com os seus fiéis. Vêm à baila as razões de fundo deste interrogatório: os filhos das principais vítimas da operação Bambúrrio reclamam uma reparação pesada, os serviços secretos querem apurar responsabilidades, daí este assombroso regresso ao passado. Peter Guillam percorre esconderijos, conversa com gente da velha guarda, quer ter acesso a documentos, o leitor emaranha-se nesses antiquíssimos relatórios, há um agente alemão oriental de nome Karl Riemeck que tem acesso a informações secretíssimas de todo o bloco comunista, são-lhe entregues através de Tulipa, nome de código da secretária de um manda-chuva da Stasi, em dado momento é necessário tirar Tulipa da Alemanha Oriental, Peter Guillam conduz operação, é um dos momentos mais primorosos do romance esta deserção e exfiltração da subfonte Tulipa.

Tulipa não irá acabar bem, um espião de alto coturno, Mundt provocará a sua morte, descoberto aceitará transformar-se num estranhíssimo agente duplo, um dia será chamado a Moscovo e desaparece. A operação Bambúrrio foi um somatório de equívocos, para cada um a sua versão.

Entrámos num fase superior do ilusionismo, Peter Guillam já conversou com o filho de Alec Leamas, desapareceram relatórios, ninguém sabe quem fala verdade e diz mentiras, ressuscita-se o processo do julgamento de Alec Leamas na RDA e como Mundt ganhou poder. Peter Guillam interroga-se permanentemente porque estes novatos não ouviram em primeiro lugar o chefe de operação, George Smiley, não obtém respostas conclusivas.

Peter Guillam viera da Bretanha já com um esquema montado para desaparecer, em caso de necessidade. E desaparece sub-repticiamente, com passaporte falso, procura um velho agente, Jim Prideaux, que lhe dá o contacto de Smiley, na Suíça. Haverá um frente a frente pacato, antes uma penosa reflexão: “Bem, agora vamos ao ajuste de contas, por fim. Agora vamos a respostas diretas a perguntas difíceis como: você, George, propôs-se conscientemente suprimir a humanidade que há em mim, ou também eu fui um dano colateral? Como: e quanto à sua humanidade e por que razão é que ela teve sempre de estar em segundo plano em relação a uma causa mais elevada e mais abstrata que eu já não consigo identificar? Ou, dito de outra maneira: de quanto do nosso sentimento humano podemos prescindir em nome da liberdade antes de deixarmos de nos sentir humanos ou livres?”.

Nesse encontro sereno de velhos espiões, George Smiley compromete-se a divulgar os papéis da operação Bambúrrio. Um final de desilusão, em que se questiona o que os espiões fizeram por Inglaterra: “Mas a Inglaterra de quem? Qual Inglaterra? Eu sou europeu Peter. Se eu tinha uma missão, se alguma vez tive consciência de alguma para além da nossa questão com o inimigo, era para com a Europa. Se eu era desumano, era desumano pela Europa. Se tinha um ideal inatingível, era o de conduzir a Europa das suas trevas a uma nova era da razão. Ainda tenho”.

Vale a pena enfatizar: uma obra-prima absoluta.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12686: Bibliografia (39): Um pouco mais do meu livro "Bissaulónia" (Mario Serra de Oliveira)

Guiné 61/74 - P17958: Tabanca Grande (451): António Joaquim de Castro Oliveira, ex-1.º Cabo Quarteleiro da CART 1742 (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), 760.º Tabanqueiro

1.  Por iniciativa do nosso camarada e tertuliano Abel Santos, vamos inscrever na Tertúlia o seu companheiro de luta na CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), o 1.º Cabo Quarteleiro, António Joaquim de Castro Oliveira.

Pensamos que este novo amigo não terá possibilidade de comunicar connosco através de meios informáticos pelo que o elo será o Abel.

Como é timbre, ficaremos ao dispor para receber, para publicação, as suas memórias escritas e/ou fotografadas.

Emblema dos Panteras da CART 1742


O António Joaquim Oliveira passa a ser o 760.º elemento da nossa tertúlia. Pode-se sentar sob o nosso poilão, já agora, junto ao Abel, seu camarada dos tempos de Nova Lamego e Buruntuma, lá em cima, mesmo junto à fronteira norte da Guiné.

Bissau, 1967 - À esquerda o Abel Santos e o António Oliveira à direita
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17888: Tabanca Grande (450): António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), natural da Vila de Fernando, Elvas, e novo membro da Tabanca Grande, com o nº 757... Faz parte da Associação de Alunos da Universidade Sénior de Vila Franca de Xira

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Guiné 61/74 - P17957: Louvores e condecorações (12): Atribuição da Medalha da Defesa Nacional de 1.ª Classe ao Programa Fim do Império, em cerimónia que se vai realizar amanhã, sábado, 11 de Novembro, às 10h15, no Forte do Bom Sucesso

Oeiras, 2010.11.18, General Ramalho Eanes entrega um exemplar do 2.º livro, da coleção Fim do Império, em lançamento, ao combatente Manuel Dá Mesquita, que também participa nesse livro e que viria a falecer pouco depois; reconhecendo-se, também, editor Daniel Gouveia e autor e coordenador M. Barão da Cunha.


A propósito da cerimónia da atribuição da Medalha da Defesa Nacional de 1.ª Classe ao Programa Fim do Império, que se vai realizar amanhã, sábado, 11 de Novembro, às 10h15, no Forte do Bom Sucesso, aqui se deixa um texto e algumas fotos que resumem a actividade deste Programa, criado em 2009, iniciativa da Liga dos Combatentes (LC), Comissão Portuguesa de História Militar (CPHM) e Câmara Municipal de Oeiras (CMO), com coordenação do Coronel Manuel Barão da Cunha


O Programa Fim do Império foi criado em 2009.01.19, com o fim de promover a divulgação e publicação de obras literárias relacionadas com o período histórico do final do nosso 4.º Império, considerando o 1.º, do Norte de África; o 2.º, do Oriente; o 3.º, do Brasil…

Foi uma iniciativa da Liga dos Combatentes, da Comissão Portuguesa de História Militar e da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), tendo como coordenador, em regime de voluntariado, o coronel e dr. Manuel Barão Cunha (sócio da Liga dos Combatentes, assessor principal reformado da CMO).

O Programa integra duas vertentes, a das tertúlias e a da coleção literária.

A das tertúlias iniciou-se na Livraria Galeria Municipal de Oeiras/Verney, em 2009.01.19, onde continua a decorrer, normalmente, à 3.ª terça-feira, 15h00 («333»); em 2010 começou em Lisboa, no Palácio da Independência, onde se desenvolve, em princípio, na 4.ª segunda-feira, às 15h00 («423»), com apoio da Sociedade Histórica da Independência de Portugal; a 3.ª tertúlia iniciou-se, no Porto, na Messe Militar situada na Praça da Batalha, em 2011, na 2.ª quinta-feira, 15h00 («253»); a 4.ª tertúlia começou em 2017.04, no Centro de Apoio Social das Forças Armadas, em Oeiras, desenvolvendo-se na 1.ª quarta-feira; e esperamos começar a 5.ª no Clube do Alto da Barra, em Oeiras, na 4.ª sexta-feira.

Nestes quase nove anos do Programa realizaram-se, até à data de 2017.11.08, 185 sessões em tertúlias regulares, já referidas, e pontuais, nomeadamente, em Abrantes, Coimbra, Estremoz, Évora, Lagoa, Leiria, Linda-a-Velha, Lisboa, Pinhal-Novo, Porto e Setúbal...

Na vertente da coleção literária, publicaram-se 30 títulos até à data, incluindo seis reedições, quatro edições geminadas e cadernos sobre bibliografia temática e o próprio Programa, em articulação com DG Edições, Caminhos Romanos, Esfera Poética e Âncora Editora. Prevêem-se mais edições, nomeadamente:
em 2017.11.27, 2.ª edição de 23.º livro, Luvuéi, de sargento comando Antero Pires (Angola);
em 2017.12.12, 31.º título, África, quatro ases e uma dama, de fotógrafos Fernando Farinha, Daniel Gouveia, Conde Falcão e Pedro Cunha e escultora moçambicana Maria Morais (Angola, Guiné, Moçambique e Cabo Verde).

Como autores existem oficiais do Exército, Marinha e Força Aérea, mas também sargentos e militares não profissionais e, ainda, civis, homens e mulheres. A maioria escreve como testemunho, mas também há trabalhos de investigação.

Em reconhecimento do trabalho desenvolvido até hoje, vai ser agraciado no próximo dia 11 de Novembro, pelas 10h15, no Forte do Bom Sucesso, pelo Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, com a Medalha da Defesa Nacional de 1.ª classe (ver Diário da República em anexo).

E será referido no programa Mar de Letras. da RTP África, emitido no dia 06 de dezembro com o seguinte horário:
Praia: 20h30;
Lisboa, São Tomé e Príncipe e Bissau: 21h30;
Luanda: 22h30;
Maputo: 23h30.


Oeiras, 2012.04.17, na mesa: Coronel Ataíde Montez; Dr. Vieira Pinto, autor; Ten-General Chito Rodrigues; Prof. Doutor Adriano Moreira e coordenador, Coronel Manuel Barão da Cunha.

2014.11.05, Fundação Marquês de Pombal: Mestre Georgina de Mello, Diretora-Geral da CPLP; editor Daniel Gouveia; Superintendente Isaías Teles; coordenador, Coronel Manuel Barão da Cunha; Almirante Castanho Paes e Dra Paula Saraiva.

2016.05.28, na Livraria Municipal de Oeiras, comemoração de Dia de África, com lançamento de 5.ª edição de 2.º livro, "Tempo Africano". Na mesa: Superintendente Isaías Teles; Embaixadora de Cabo Verde, Dra Madalena Neves; Vereadora da CMO, Doutora Marlene Rodrigues; Vice-Presidente da CMO, Carlos Morgado; na assistência, Vice-Presidente de Associação Cabo-Verdiana de Lisboa, Dr. Offner Almada…

Oeiras, 2016.10.18, Capitão Comando Mamudo Seidi e Mesa, com: Ten-Generais, Figueiredo Valente e Chito Rodrigues; Coronel Ataíde Banazol; Dr. Dias Antunes e coordenador, Manuel Barão da Cunha.

Livraria Municipal, 2016.11.15, lançamento de 25.º livro: coordenador, Manuel Barão da Cunha; Vice-Presidente da CMO; Generais, Ramalho Eanes e Rocha Vieira; Dra Manuela Eanes e Vereadora, Doutora Marlene Rodrigues.


Com a devida vénia, publica-se parte da página 14234 do Diário da República, 2.ª Série - N.º 131 - 10 de Julho de 2017 com um louvor conferido ao Coronel Manuel Barão da Cunha pelo seu trabalho de coordenador do Programa Fim do Império: 

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Nota do editor

Último poste da série de 22 de maio de 2017 > Guiné 61/74 - P17385 Louvores e condecorações (11): CCAV 252 (Bafatá, Bula, Mansabá e S. Domingos, 1961/63) (Mário Magalhães, grã-tabanqueiro nº 742, um dos nossos "veteraníssimos")

Guiné 61/74 - P17956: Notas de leitura (1013): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (8) (Mário Beja Santos)

BNU em Bolama, em toda a sua pompa


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Setembro de 2017:

Queridos amigos,
Caminhamos para os últimos anos da I República, na Guiné, a despeito de inúmeras dificuldades económicas e financeiras, aparece um surto empresarial, praticamente tudo cairá na água.
Velez Caroço é uma figura invulgar na governação, terá os seus incondicionais e detratores, as desavenças entre Republicanos a tal obriga. Mas os relatórios que saem de Bolama, não escondendo que existe um grane apreço pelo trabalho do governador, que pugna por rasgar estradas e pôr ordem na administração, revelam inúmeras mazelas, uma delas passa pela agricultura.
É neste contexto, quando todos falam que já se vive em pacificação que eclode uma revolta na ilha de Canhambaque, como veremos no próximo texto.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (8)[1]

Beja Santos

Em 1923, a Companhia de Fomento Nacional dá os seus primeiros passos em Aldeia do Cuor, a informação é prestada num longo ofício dirigido ao gerente do BNU em Bissau. Vejamos como o administrador da firma localiza o empreendimento:
“O rio Geba banha numa extensão de 18.436 metros, devido às suas sinuosidades, a frente dos terrenos de exploração, sendo os mesmos atravessados na sua maior largura pelo rio Gambiel e o seu afluente Mansomine, constituindo estes cursos de água uma grande riqueza, mais o primeiro é navegável como é sabido e o segundo é suscetível de ser em parte por em embarcações de menor calado, concorrendo para facilitar a exploração podendo ao mesmo tempo, como já sucede, fornecer-lhes água para irrigação. São ainda os mesmos terrenos atravessados numa extensão aproximadamente de 20 quilómetros por uma estrada aberta pela circunscrição a qual está ligada à sede de Aldeia do Cuor por um ramal de 7. Os terrenos da conceção são na maioria constituídos pelas chamadas ‘terras altas’ cobertas de vegetação arbórea e arbustivas, entre as quais encontramos árvores produtoras de excelentes madeiras, como o mogno, o pau de sangue, a manconia e o pau conta, etc, e um quinto aproximadamente da sua extensão por planícies extensas, bordejando os cursos de água, designados pelo nome de ‘lalas’ cobertas quase que exclusivamente por vegetação herbácea. Estas planícies põem-se pois facilmente em cultura, sendo nelas que se cultiva o arroz e a cana-sacarina e possivelmente outros produtos como a mancarra, procedendo-se a obras de defesa e drenagem”. 
Descreve as instalações da empresa em Aldeia do Cuor, bem como o importantíssimo material agrícola, daí a necessidade de serralheiros, ferreiros, carpinteiros e pedreiros. Fica-se igualmente a saber que em 1922 a parte cultivada atingira mais de 115 hectares. A propósito das construções, escrevia com a ponta de orgulho que estavam ali muitas centenas de metros quadrados de alvenaria, muitos metros cúbicos de madeiramentos e milhares de telhas, estavam ali muitas centenas de contos. Havia igualmente duas pontes lançadas sobre o rio Gambiel que permitiam a sua travessia por todos os mecanismos de lavoura e transporte.
Multiplicavam-se empreendimentos como este. Noutros relatórios de Bolama para Lisboa far-se-ão apreciações negativas da generalidade destas empresas, caíam na insolvência, por gestão errática, por desinvestimento e algo mais.


O Governador Velez Caroço vai procurar pôr ordem na administração e na orgânica do governo. Pretende que se abram estradas que sejam mais do que caminhos de pé posto, apela aos administradores para que se desenvolvam estradas macadamizadas, pontões e pontos de alvenaria; reorganiza a força militar na Guiné, estendem-se pelo território as comunicações radiotelegráficas e o serviço postal; recebe e visita autoridades gentílicas, não hesitará numa campanha militar nas ilhas Bijagós, enfim, é um governador a vários título modelar.

Os relatórios do BNU neste período não deixam de espelhar, de algum modo, a nova realidade. Ocorrem aumentos nos vencimentos dos funcionários públicos, o gerente refere que o governo lutava com falta de fundos e contraiu um empréstimo em cerca de mil contos, previa-se uma melhoria da situação depois de cobrar o imposto de palhota. As recriminações continuam:
“Ainda sobre aumentos de vencimentos, vamos relatar sucintamente um incidente que define bem o caráter da maioria do funcionalismo público desta Província, muito especialmente dos de Bolama: 
Em 4 de Setembro (de 1923), poucos dias depois da posse do novo diretor dos serviços de Fazenda Alfredo de Rosário Rodrigues, foi este suspenso por não querer, ou não poder, cumprir uma ordem do Encarregado do Governo, transmitida por intermédio do seu factótum, José Luís da Luz, Secretário Interino, respeitante ao abono de 15% sobre os ordenados poucos antes aumentados dos funcionários, que aquele garantia, e garante, ser ilegal, enquanto não for sancionado pelo governo central, ou autorizado pela auditoria fiscal.
A tal ponto chegou o procedimento daqueles senhores que apuparam-no, já depois de suspenso! A nosso ver isto constitui uma violência escusada por quanto bastaria aguardar a solução de Lisboa, ou o parecer da referida auditoria. O governo adquiriu por 500 contos a propriedade urbana e rústica da Empresa Comercial de Bijagós, destinada a instalação das oficinas navais, tribunal civil e residência de funcionários.
É nossa opinião que esta compra foi desastrosa porque, até à data, só tem servido para habitação de poucos funcionários, e para isso foram necessárias importantes reparações, e quanto à instalação das oficinas só muito mais tarde ela será posta em execução ou talvez nunca. Acerca de conduta de certos funcionários públicos, continuamos mantendo o que dele dissemos no nosso anterior relatório”. 
No relatório de 1924 também não se escondem algumas críticas à governação de Velez Caroço: 
“O governo da província, com o pretexto de organizar o regulamento para as Caixas de Crédito Agrícola até hoje nada fez em favor da agricultura. A colheita da mancarra, feita pelo gentio, foi neste ano bastante desenvolvida, mas a sua qualidade vai piorando de ano para ano devido à falta de cuidado e insuficiência de meios técnicos com que essa cultura é feita. Por espírito de ganância e por ignorância, toda a mancarra que este ano daqui foi exportada ia misturando com enorme quantidade de terra e outras impurezas, o que produziu um péssimo efeito nos mercados onde foi vendida”.

É neste período que se tomam medidas para que o BNU em Bissau tenha casa própria. Em Maio de 1922 adquirira-se um prédio cujo rés-do-chão estava destinado a escritórios e o primeiro andar à habitação do gerente. Dizia-se que o estado de conservação era mau. Em 1925, de acordo com uma certidão da Repartição de Fazenda do Concelho de Bissau fica-se a saber que no novo bairro da cidade há uma casa em alvenaria e três pequenas dependências isoladas, bem como dois barracões de madeira. Nesse mesmo ano surge o primeiro Anuário da Província da Guiné, devido em três partes: na primeira, faz-se uma síntese do que é a província, as suas vias de comunicação, como se viaja pelo território, o que é a administração e os serviços públicos; na segunda parte, apresenta-se a agricultura e a pecuária, o comércio e as indústrias, a fauna e a flora; na terceira parte aborda-se o clima, faz-se uma súmula da história militar, o ensino e as religiões, indicam-se as circunscrições civis bem como usos e costumes indígenas. Sobre esta última questão, vale a pena mencionar a descrição do anuário acerca das etnias existentes na Guiné.


Pelo que ali se escreve, o tipo de raça dominante é o negro e o negroide e o hamita cruzado. Quase todos praticam a tatuagem, as mulheres nos lábios e os homens no rosto. Devido a esta prática absurda vêm-se mulheres verdadeiramente cativantes prejudicadas pela deformação dos beiços. O Fula usa lavar-se, mas nem todos empregam o sabão, por ser crença entre eles que tal emprego faz diminuir a virilidade. Os Mandingas têm boa índole, são atraídos pelo comércio e pela agricultura. Têm duas castas: a dos ferreiros e a dos sapateiros. A autoridade religiosa dos Mandingas denomina-se almarne (presume tratar-se de uma confusão, a palavra própria é almani), ele é ao mesmo tempo conselheiro político e goza de muito prestígio. É curioso como se transmitem entre eles as heranças: por morte do pai herdam os irmãos, começando pelo mais novo que tenha família. Os filhos e as mulheres fazem parte do legado e neste caso elas ficam sendo pertença do herdeiro. Os Felupes são bem constituídos, sadios e resistentes. Quando novos e solteiros, usam várias contas nas pernas e diversas penas na cabeça. Quanto a trabalhar, não se matam muito, apenas produzem o suficiente para comer e pagar o seu imposto. Os Papéis são muito vivos e espertos. Têm um costume interessante: deformar os dentes, tornando-os pontiagudos. Apreciam o álcool e o vinho de palma. Os Manjacos são considerados como uma divisão dos Papéis. Náuticos por temperamento, são os que mais contingente fornecem para o pessoal de embarcações. Os Banhuns (Brames ou Mancanhas) não creem na alma mas acreditam na transmigração. Alguns deles disfarçam-se pelas horas mortas da noite em hienas e onças para exercerem pequenas vinganças. E referindo-se aos Balantas diz que quando nascem gémeos um é abandonado junto qualquer montículo de bagabaga e lá morre, tomando a mãe conta do outro. A mulher Balanta é, em geral, infiel ao marido, o que não admira, visto este ser normalmente muito mais velho do que ela. Os Beafadas são entusiastas pelos batuques. É a mulher que trabalha. Os Cassangas são considerados uma espécie de Beafadas. Os Nalus quando atingem a idade de 18 anos podem casar e terão tantas mulheres quantas forem as irmãs que tiverem. Os Bijagós são os únicos indígenas que não praticam a circuncisão. São bons nadadores. Alimentam-se de macacos, ratos, jiboias, cães ou outros bichos domésticos. As suas casas, em regra, são caiadas com barro branco, algumas delas têm vários desenhos informes, feitos com barro vermelho e amarelo.


Era neste arremedo de antropologia e etnologia que se apresentava para o grande público o mosaico étnico guineense.

(Continua)
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Notas do editor:

[1] - Poste anterior de 3 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17928: Notas de leitura (1010): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (7) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 8 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17949: Notas de leitura (1012): "A Antepenúltima Caravela", de Emanuel Filipe, inserido na obra “Os Anos da Guerra, 1961/1975, Os portugueses em África, Crónica, Ficção e História”, organização de João de Melo, colaboração de Joaquim Vieira, Círculo de Leitores e Publicações Dom Quixote, 1988 (Abel Santos)